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Infecção Urinária e Cistite

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ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
1 BBPM V – PATOLOGIA – PROFª JULIE 
Infecção Urinária e Cistite 
A infecção do trato urinário (ITU) é a forma mais comum de 
infecção bacteriana e abrange uma variedade de entidades 
clinicas, isto é, pode causar desde bacteriúria assintomática até 
pielonefrite. Podem ser classificadas como simples ou 
complicadas e podem ser adquiridas ou nosocomiais 
(aquisição hospitalar, principalmente pelo uso de sonda 
vesical). 
A imagem abaixo mostra o sistema urinário com rins, ureteres, 
bexiga e uretra. 
 
Quando há entrada de bactérias na uretra (meios externos ou 
interno) e infecção do trato urinário, dependendo do local, há 
um nome diferente: 
→ Bacteriúria assintomática: há uma quantidade significativa 
de bactérias no local mas o paciente não apresenta 
manifestações clínica. Nesses casos, é preciso avaliar se o 
tratamento é viável ou não. 
→ Cistite: infecção de bexiga 
→ Prostatite: infecção de 
próstata 
→ Pielonefrite: infecção renal 
Além dessas classificações, há ainda ITU em: 
Vias Baixas 
→ Uretrite: infecção ou 
inflamação da uretra 
→ Epididimite: inflamação 
do epidídimo 
→ Orquite: inflamação do 
testículo 
→ Prostatite: inflamação 
de próstata 
Vias Altas 
→ Pielonefrite 
Observe a diferença de tamanho entre a uretra masculina e a 
uretra feminina: nos homens a uretra é maior e por isso, as 
mulheres são mais cometidas pelas ITU. Cerca de 80% das 
mulheres vão adquirir ITU por pelo menos um episódio. 
Geralmente, ocorrem por cistite não complicada. 
CAUSAS 
 
As ITUs possuem várias causas: 
1. Obstrução: ocorre obstrução de alguma parte do trato 
urinário, impedindo o fluxo urinário de ser eliminado. 
Quando não aliviada, pode causar hidronefrose, alargando 
pelve e cálice, o que aumenta a pressão no interior dessas 
cavidades e causa refluxo da urina no parênquima renal. 
Isso predispõem infecção renal. 
2. Cálculos: são as litíases. Esses cálculos podem obstruir o 
fluxo, o que favorece e predispõem infecções bacterinas. 
3. Alteração de motilidade: em pacientes gestantes devido a 
vasodilatação da uretra, o fluxo fica mais devagar. Na 
micção, não consegue eliminar toda a urina, tendo uma 
estase da urina. Esse resíduo de urina pode ajudar a 
instalação do processo infeccioso porque inibe os fatores 
antibacterianos locais. 
4. Corpos estranhos: favorecem ou dificultam a eliminação 
da urina. 
5. Bexiga neurogênica: é um distúrbio na função da bexiga. 
Ela passa a ficar mais flácida (relaxada) ou mais hipertônica 
(retraída), gerando incontinência ou continência 
dependendo da pessoa. Isso depende do grau de lesão dos 
neurônios que inervam a bexiga. 
6. Divertículos uretrais: são dilatações na uretra que podem 
causar estase de urina nesses locais e favorecem processo 
de infecção. As bactérias podem se alojarem nesses 
regiões, o que dificulta o fluxo sanguíneo eliminar esses 
microrganismo que acabam por migrar e atingir 
componentes superiores. 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
2 BBPM V – PATOLOGIA – PROFª JULIE 
7. Microrganismos (agentes etiológicos): a maior parte são 
bactérias gram negativas. 
A) Bactérias gram negativas: 
→ Escherichia coli: 85-90% de todas as causas de ITU 
porque é uma bactéria comum do TGI e por isso, chega 
e sobe fácil na uretra 
→ Enterobacter sp: 5% 
→ Klebsiella sp: 5% 
→ Proteus mirabillis: 5% 
→ Pseudomonas 
→ Outros 
B) Gram positivas: mais comuns em ITU complicadas 
→ Staphylococcus saprophyticus: 10% 
→ Streptococcus faecalis 
C) Fungos: também mais comum nas complicadas 
→ Candida albicans 
O lado esquerdo da próxima imagem, mostra os fatores de 
virulência que as bactérias utilizam para a colonização. O lado 
direito mostra fatores do hospedeiro que contribuem para ITU 
como gravidez, tumor, uso de sondas, bexiga neurogênica e 
etc. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
 
1. Complicada: é uma ITU que esta associada a algum tipo de 
anormalidade estrutural ou funcional do trato urinário em 
qualquer nível. Por exemplo, ITU associada a litíase: o 
calculo favorece ainda mais o estabelecimento e piora do 
quadro de infecção. 
Podem levar a infecções complicadas: 
A) Diabetes: leva a um quadro de neuropatia vesical. O 
paciente não elimina completamente a urina, ficando 
um resíduo miccional que favorece a infecção. 
B) Gravidez: não eliminam completamente a urina apesar 
de irem varias vezes ao banheiro, devido a dilatação da 
uretra e “flacidez” da bexiga. 
C) Insuficiência renal: o rim não funciona corretamente e 
por isso, não produz filtrado e urina da quantidade 
adequada para eliminar microrganismos 
D) Obstrução do trato urinário: por cálculo, compressão 
(tumor ou gestação) 
E) Dispositivos: SVD (sonda vesical de demora), duplo-J, 
etc. Apesar de todos os cuidados, facilita infecções 
porque o dispositivo pode gerar traumas, processo 
inflamatório e dificulta a higienização da região. 
F) Anormalidades anatômicas ou funcionais 
G) Transplante renal: transplantados precisam fazer 
tratamento imunossupressor para não ocorrer 
rejeição 
H) Imunossupressão 
I) Microrganismos MDR (multidrogas resistentes): 
quanto maior a resistência, mais difícil o tratamento 
2. Não Complicada: são as mais comuns. Abrange todas que 
não estão associadas a anormalidades. Ocorreu a ITU sem 
outra causa associada. 
3. Recorrente: ITU de repetição. Podem ocorrer por recidiva 
ou reinfecção. 
A) Recidiva: bactérias que reaparecem na urina mas 
trata-se do mesmo microrganismo da ITU anterior 
porque a bactéria não foi eliminada completamente. 
Isso ocorre devido ineficiência do tratamento ou 
resistência bacteriana. 
B) Reinfecção: bactérias presentes na urina são 
diferentes das originalmente isoladas. O paciente é 
tratado da primeira ITU e elimina todos os 
microrganismos e posteriormente, desenvolve outra 
ITU, ou seja, é uma nova infecção. 
4. Agudas: a infecção não demora gerar manifestação ou 
sintoma. Logo é percebida pelo paciente. 
5. Crônica: a infecção é mais prolongada porque demora a se 
resolver e enquanto isso vai evoluindo 
 
CLASSIFICAÇÃO POR APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
1. Baixa: 
A) Bacteriúria assintomática: bacterinas presentes na 
urina que não causam manifestações clinicas 
B) Cistite clássica (não complicada): mais comum 
C) Cistite complicada 
D) Uretrite 
2. Alta: 
A) Pielonefrite não complicada 
B) Pielonefrite complicada 
 
 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
3 BBPM V – PATOLOGIA – PROFª JULIE 
VIAS DA INFECÇÃO URINÁRIA 
São 3 vias que os microrganismos conseguem atingir o trato 
urinário superior (até os rins): 
1. Ascendente ou Urinária: normalmente, são bactérias 
externas ao organismo, provenientes do TGI. Devido a 
proximidade com o reto (mostrada na próxima imagem), 
as mulheres são mais atingidas. Por isso, elas devem ter 
cuidado com a higiene da região. Além disso, a relação 
sexual pode 
favorecer a 
migração de 
bactérias e por isso, 
é importante tentar 
urinar após a 
relação. O principal 
agente é a E.coli. É a 
via mais comum. 
2. Descendente ou Hematogênica: há infecção em algum 
outro órgão, as bactérias alcançam a corrente sanguínea e 
chegam ao sistema renal já que os rins filtram o sangue. os 
principais agentes etiológicos são os Staphylococcus. 
3. Linfática: a conexão linfática entre trato urinário superior 
e inferior e a proximidade com intestino, facilitam infecção 
renal por vias linfáticas. 
 
A imagem ao lado mostra 
que na infecção ascendente 
(parte inferior da imagem) a 
bactéria vem de fonte 
externa, chega na uretra, 
passa para bexiga, ureter e 
atinge os rins. Já na infecção 
hematogênica, a bactéria 
chega pela corrente 
sanguínea e atinge os rins 
quando o sangue é filtrado. 
Essa bactéria pode descer 
para ureter e bexiga. 
 
 
 
IMPORTÂNCIA DA MICÇÃO 
 
A imagem anterior mostra a bexiga, uretra, reto e o canal 
vaginal bem próximos.Os pontinhos pretos representam as 
bactérias que colonizaram a uretra e a bexiga. 
Ao fazer a micção, aumenta a pressão intravesical para 
eliminar a urina armazenada e essa pressão do liquido vai 
limpar essas bactérias que poderiam ascender. A micção faz a 
limpeza dessa região, eliminando bactérias que poderiam 
causar cistite. 
 
MECANISMOS DE DEFESA 
Além desse processo fisiológico de expulsão de urina e das 
bactérias e limpeza do trato urinário, alguns outros fatores do 
hospedeiro auxiliam também na proteção contra 
microrganismos como a E.coli. 
Atuam como mecanismos de defesa: 
→ Lactobacilos: são bactérias que fazem parte da microbiota 
vaginal. Em casos de trauma, os lactobacilos atuam 
restaurando a microbiota. Quando presentes, ocorre 
diminuição do pH local, o que restringe o crescimento de 
algumas bactérias. 
→ Fluxo urinário 
→ Alta ureia: alta concentração de ureia, presença de ácidos 
orgânicos e pH ácido inibem o crescimento bacteriano 
→ Proteína Tamm-Horsfall: essa proteína além de ser 
responsável por umas das proteínas inibitórias na 
formação de cálculo, também se liga as bactérias que 
entram no trato urinário e impede que as bactérias se 
liguem ao trato urinário. 
→ Diluição urinária: quanto mais diluída a urina, significa que 
mais liquido está sendo ingerido e menor a chance de 
formar cálculos. Além disso, aumenta a micção, 
aumentando a limpeza do trato urinário. 
 
CISTITE 
Todas as vezes que os mecanismos de defesa não funcionarem 
e a bactéria(E.coli) colonizar, ocorre: 
→ E.coli adere ao epitélio através das fimbrias P ou pelos do 
tipo 1: fimbrias se ligam aos receptores presentes na 
superfície do epitélio urinário da bexiga denominados 
uroplaquinas (glicoproteínas manosiladas) e isso induz a 
internalização da bactéria no interior do epitélio 
→ A bactéria depois de internalizada, replica 
indiscriminadamente já que ela esta protegida no interior 
da célula. Conforme ela replica, a célula epitelial 
“percebe”, inicia uma série de eventos de sinalização 
celular, alterando sua função. 
→ Uma dessas sinalizações vai induzir a produção de 
quimiocinas e citocinas (IL-6 e IL-8) que atraem polimorfos 
nucleados na região, principalmente neutrófilos. Essas 
células tentam depurar essas bactérias mas algumas ficam 
dentro das células e os polimorfos não conseguem ser tão 
eficientes 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
4 BBPM V – PATOLOGIA – PROFª JULIE 
→ O epitélio “percebe” que há ainda infecção ativa no seu 
interior e por isso, ativa vias de apoptose e exfoliação. As 
células infectadas na superfície entram em apoptose e se 
desligam do epitélio como forma de defesa. Como forma 
corpos apoptóticos e fragmentos celulares, a célula 
consegue liberar a bactéria (que estava no seu interior) 
para ser eliminada junto com a urina. Isso é denominado 
exfoliação 
 
 
FATORES DE RISCO 
Na próxima imagem, há um resumo do que ocorre na cistite. 
 
1. Ocorre contaminação da uretra que pode atingir bexiga 
2. Quando atinge bexiga, ocorre adesão de fimbrias P ou 
pelos do tipo 1 ao epitélio da bexiga 
3. Microrganismo começa a multiplicar depois de endocitado 
4. A célula epitelial começa ativar seu sistema de apoptose e 
produção de quimiocinas e citocinas 
5. Ocorre influxo dos polimorfos nucleares (indução de um 
processo inflamatório) ao mesmo tempo que células 
ativam a exfoliação para eliminar as bactérias 
6. Se isso não for suficiente para conter o processo 
infeccioso, as bactérias podem atingir o ureter e os rins 
levando ao quadro de pielonefrite. Grande problema é 
quando essas bactérias atingem a corrente sanguínea (11), 
causando bacteremia, podendo evoluir para choque 
séptico. 
Com o esquema acima, deve-se considerar os fatores de risco. 
→ Refluxo vesicoureteral: na micção fisiológica, conforme 
aumenta a pressão vesical, a valva entre ureter e bexiga 
fecha devido a posição obliqua no ureter. Com isso, todo o 
liquido na bexiga é eliminado para fora. Quando essa valva 
está insuficiente por incompetência primaria (defeito 
congênito – valva menor ou não contração correta) ou 
secundária (problema no ureter, bexiga ou uretra como 
obstrução, divertículos e inflamação que lesiona a valva) 
isso favorece a volta da urina, ou seja, refluxo 
vesicoureteral. 
→ Sexo: as mulheres são mais suscetíveis devido a uretra 
mais curta, vizinhança de cavidades contaminadas (vagina 
e reto) e traumatismo nas relações sexuais. Homem tem 
formação de liquido prostático que tem atividade 
antibacteriana e por isso, é raro homens jovens 
apresentarem ITU. É mais comum após os 55 anos já que 
após os 50 anos pode ocorrer hiperplasia prostática, o que 
diminui o lúmen da uretra e obstrui o fluxo urinário. 
→ Gravidez: é um fator de risco porque é comum bacteriúria 
assintomática devido a estase urinaria. A estase ocorre 
como consequência das dilatações fisiológicas do ureter e 
da pelve renal e diminuição do peristaltismo. Assim, não 
consegue eliminar toda a urina. 
→ Obstruções urinárias: diminui a eliminação da urina, 
favorecendo a colonização. 
→ Refluxo intrarrenal: quando está ocorrendo filtração, a 
urina chega no ducto coletor e deve passar para o cálice 
menor, cálice maior e para pelve. Se a papila apresenta 
algum defeito estrutural, parte da urina que está sendo 
trazida pelo ducto coletor volta para o parênquima renal. 
Isso acontece nas hidronefrose. 
→ Isquemias renais: as regiões dos rins que estão sofrendo 
isquemia são mais sujeitas a infecções. Quando diminui o 
fluxo sanguíneo em determinada região, ocorre hipoxia e 
dificulta a chegada de leucócitos. Assim, a depuração de 
qualquer microrganismo fica prejudicada, o que facilita a 
ITU. 
→ Imunossupressão e transplantes: aumenta o risco de 
infecção porque não há uma resposta imunológica 
adequada para realizar depuração dos microrganismos. 
→ Dispositivos urológicos: o uso de dispositivos facilita a 
ocorrência de ITU. 
Conforme imagem anterior, esses mecanismos podem facilitar 
a ocorrência de pielonefrite que pode ser aguda ou crônica. A 
pielonefrite pode levar a quadro mais severos. 
 
SINTOMAS DE CISTITE 
Quando a infecção é somente na uretra dificilmente ocorrerão 
sinais e sintomas, eles ocorrem quando os microrganismos já 
chegaram na bexiga. 
Os principais sintomas são demonstrados na próxima figura e 
são eles: 
→ Disuria: dor ou desconforto na micção. 
→ Frequência urinaria aumentada: além da dor, paciente vai 
várias vezes ao banheiro mas faz pouco xixi. 
 
ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 
5 BBPM V – PATOLOGIA – PROFª JULIE 
→ Urgência urinaria: paciente não consegue segurar. Assim 
que sente vontade, precisa ir ao banheiro. 
→ Mudança da cor: pode estar mais escura , mais clara e 
turva. É sinal de que há mais bactérias crescendo. 
→ Presença de sangue: devido processo inflamatório, pode 
ocorrer lesões. 
→ Odor desagradável: é característico da ITU a urina ficar 
com cheiro diferente. 
→ Desconforto supra-pubiano ou dorsal: sensação de 
pressão no abdome inferior, bem próximo de onde fica a 
bexiga. Isso acaba induzindo a frequência e urgência a 
urinar. Paciente refere dor. 
→ Noctúria: quando está com ITU, paciente sente vontade de 
urinar varias vezes durante a noite. 
→ Febre e mal estar: não é muito comum, estão associados a 
casos mais graves. 
Normalmente, estão associados a cistite: disuria, frequência 
aumentada e urgência urinária.

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