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Veganismo na indústria alimentícia: adequação com a produtividade e sustentabilidade Camila Alves dos Santos Ellen Beatriz Santiago da Luz Heloysa Vicente Benites Morgado Paola Barbosa Rodrigues INTRODUÇÃO Ter conhecimento das motivações dos indivíduos que decidem adotar um estilo de vida vegano e analisar o impacto dessas tendências na indústria. O conceito do veganismo é não consumir nenhuma espécie de produto de origem animal, abrangendo categorias de cosméticos, produtos alimentícios, roupas feitas de lã, seda, peles, couro, dentre outras. INTRODUÇÃO Dentro da indústria alimentícia houve aumento nas linhas veganas, como: leites, fast-foods, doces, salgados e etc. Essa pesquisa tem o objetivo de levar informações acerca da produtividade e sustentabilidade das empresas com esse novo modelo de vida, expondo os custos, benefícios e impactos ambientais envolvidos. VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA Os produtos rotulados veganos não são apenas para indivíduos veganos. Um dos motivos para o interesse em produtos veganos está nos benefícios a saúde. A população está se atentando dos malefícios do consumo de carne. A Organização Mundial de Saúde se pronunciou sobre. VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA Muitas indústrias alimentícias como a Nestlé, anunciaram o lançamento de uma linha vegana de hambúrgueres. Empresas de fast-food como o McDonald's e Burguer King, também lançaram hambúrgueres veganos. VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : PRODUTIVIDADE De acordo com o site The Economist em sua vertente “The World in 2019”, 2019 seria o ano do veganismo, prevendo um crescimento jamais visto nos anos anteriores em relação à popularidade e adesão de uma filosofia de vida que rejeita o uso e consumo de produtos de origem animal. VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : PRODUTIVIDADE A WhiteWave Danone adquiriu o leite de soja mais vendido nos Estados Unidos; a Nestlé, com a compra da Sweet Earth, uma empresa de comida vegetariana, permitiu-se entrar no segmento de alimentos saudáveis nos Estados Unidos (Forbes, 2017). Países com as maiores taxas de lançamento de produtos vegetarianos 15% 14% 12% 4% 4% 3% 3% 3% 3% 3% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% P e rc e n tu a l (% ) Países Elaboração própria a partir de dados do MINTEL. ESTADOS UNIDOS NA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS VEGANOS Nos Estados Unidos, o número de pessoas que se declaram veganos subiu 600% nos últimos 3 anos. A explosão na venda de “leites” alternativos, subiu de US$ 1,5 bilhão a US$ 5 bilhões entre 2011 e 2016. O que puxa o crescimento é o leite de coco. Os sorvetes sem leite também são outra novidade. A Ben & Jerry’s, marca comprada pela Unilever, ESTADOS UNIDOS NA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS VEGANOS tem investido em novos sabores sem a proteína. Os EUA já possuem um dos maiores mercado de substitutos da carne animal, que movimenta US$ 700 milhões ao ano. REINO UNIDO NA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS VEGANOS De acordo com The Vegan Society 2019, 600.000 pessoas se declaram veganos, ou seja, 1,16% da população britânica. Em 1991 já triunfava na marca de comida vegetariana de Linda McCartney, posteriormente adquirida pela multinacional Heinz. Por sua vez, os grandes supermercados do país (Tesco, Sainsbury's, Asda e Waitrose), não apenas REINO UNIDO NA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS VEGANOS oferecem uma grande variedade de opções vegetarianas, mas também possuem marcas próprias de produtos à base de plantas (Lantern, 2017). VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Os problemas ambientais que surgem como consequência da produção animal são maiores que os decorrentes na produção vegetal, mesmo quando comparados com produtos de origem animal com menor impacto. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o setor de produção animal é um dos dois ou três responsáveis pelos mais VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE sérios problemas ambientais, em todas as escalas da local à global (FAO/ONU, 2009). Um levantamento do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) mostrou que, para cada R$1 milhão faturado pela pecuária, são gerados R$22 milhões em impactos ambientais. VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Consequências relacionadas a alta demanda de produção animal: Uso excessivo e poluição dos recursos hídricos; Mudanças climáticas; Desmatamento; Ineficiência na produção de alimentos; VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Uso excessivo e poluição dos recursos hídricos: São utilizados entre 10 e 20 mil litros de água para produzir apenas 1 Kg de carne bovina. Um típico e bem-nutrido consumidor de carne demanda indiretamente mais de 3.800 litros de água a cada dia (U.S. Department of State, 2011). VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Uso excessivo e poluição dos recursos hídricos: As granjas industriais geram grande poluição de água devido ao despejo dos dejetos de bilhões de animais em corpos d’água (Pew Commission, 2008). Segundo a ONU, o setor da pecuária é provavelmente a maior fonte setorial de poluição de água (FAO/ONU, 2006). Fonte: IFRN VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Mudanças climáticas A produção de carne e outros produtos de origem animal para alimentação contribuem significativamente com a emissão dos principais gases que vêm causando o aquecimento global, respectivamente 9%, 37% e 65% da emissão total mundial de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. A ONU estima que o setor pecuário é responsável por 14,5% das emissões de VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Mudanças climáticas gases do efeito estufa globais oriundas de atividades humanas (FAO/ONU, 2013). Um estudo da Universidade de Chicago verificou que a dieta americana média, incluindo todas as etapas do processamento dos alimentos, produz anualmente 1,5 toneladas de equivalentes de CO2 a mais do que a dieta sem carne. Fonte: SIRENE VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Desmatamento 75% das terras agricultáveis do planeta são usadas para pastagem e produção de ração para a pecuária. Muitas dessas áreas são resultado de desmatamento de florestas nativas. No Brasil, segundo a ONU, mais de 80% do desmatamento entre 1990 e 2005 foi provocado para consumo de carne. Calcula-se que a cada segundo, uma área de floresta tropical VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Desmatamento equivalente ao tamanho de um campo de futebol é destruída no mundo para produzir 257 hambúrgueres. Consequências do desmatamento: extinção de espécies, desertificação. Causas do desmatamento na Amazônia VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Ineficiência na produção de alimentos Para cada 1 quilograma de carne bovina que é produzido, são requeridos de 5 a 10 quilogramas de alimentos. Em média, um animal consome cerca de 10 mil calorias e produz apenas mil calorias sob a forma de carne. Um estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências dos VEGANISMO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA : SUSTENTABILIDADE Ineficiência na produção de alimentos Estados Unidos mostrou que a mesma área em que se produz 100g de proteínas de fontes vegetais, se usada para a produção de ovos, produziria apenas 60g de proteínas. Uma simples redução de 50% no consumo de carnes aumentaria a quantidade de calorias disponíveis para consumo humano em cerca de 25%. Rendimento da produção em uma mesma área 100 60 50 25 10 4 0 20 40 60 80 100 120 Vegetal Ovos Carne de frango Leite Carne de porco Carne de boi R en d im en to (g ) Elaboração própria a partir de dados da organização Mercy for Animals.Categoria de produção CONCLUSÃO: SEM CARNE COM LUCRO? O ativismo vegano, não é apenas um questãoética e moral. Ele também, pode ser colocado no âmbito produtivo. Produtividade essa que realmente é o interesse das industrias. O mercado substitutivo de carne na Espanha alcançou em 2018, a marca de 40,8 milhões. Já os Estados Unidos alcançou 700 milhões ao ano, tomando o posto mundial de maior mercado. CONCLUSÃO: SEM CARNE COM LUCRO? A consultoria estratégica Lantern mostrou estudos recentes em que o mercado global dos produtos vegetarianos ou veganos atualmente valem 4,63 bilhões dólares, com um crescimento anual de 6%, e espera-se que até 2023, o os substitutos da carne atingem US $ 6,43 bilhões. CONCLUSÃO: SAÚDE No ramo dos fast food: a Burger King, em 2018, realizou a venda de 1 milhão de unidades do Burger Veggie, o que é um aumento de 30% em relação ao ano de 2017. Além, que no ramo generalizado das comidas veganas: nos EUA, até junho de 2018, cresceram 10 vezes mais do que o mercado total de alimentos. CONCLUSÃO: SAÚDE A saúde é um fator influenciador no consumo alimentício da população brasileira. Levando ela a escolher produtos mais saudáveis, aumentando a demanda dos produtos veganos, que também é um atrativo para aqueles que não são do movimento vegano. Isso porque o mercado ligado à saúde e ao bem-estar aumentou 98%, entre 2009 e 2014, segundo um pesquisa feita pela Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). CONCLUSÃO: SAÚDE Uma pesquisa de 2018 do Instituto Nacional Acadêmico de Ciência dos Estados Unidos mostrou que se os americanos adotassem a dieta saudável recomendada o país poderia economizar US $ 180 bilhões em custos com saúde e, se dieta adotada fosse vegana ou vegetariana, esse número seria de US $ 250 bilhões. Além que, no quesito saúde também entram os consumidores que são intolerantes a lactose, que segundo a revista Exame, representa cerca de 70% da população adulta brasileira, e 40% da população geral. CONCLUSÃO: SUSTENTABILIDADE Outro quesito do veganismo é a sustentabilidade, que é uma preocupação crescente entre todos, influenciando a indústria a mudar seus métodos para uma produção favorável ao meio ambiente. Dados do Greenpeace mostram que se a produção e o consumo de produtos animais fosse reduzido em 50%, haveria a diminuição de 64% dos gases do efeito estufa até 2050, e que a pecuária causa a diminuição da biodiversidade, portanto, uma dieta baseada em vegetais poderia reduzir o risco de extinção dos animais em 20% e 40%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMILLAS. Veganismo y vegetarianismo en España: motivaciones e impacto en la industria. Disponível em: https://repositorio.comillas.edu/xmlui/bitstream/handle/11531/32739/TFG- BennasserVerger%2cMagdalena.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 19 abr. 2020. EDUCACLIMA. Panorama das emissões de gases de efeito estufa e ações de mitigação no Brasil (2018). Disponível em: http://educaclima.mma.gov.br/panorama-das-emissoes-de-gases-de-efeito-estufa- e-acoes-de-mitigacao-no-brasil/. Acesso em: 20 abr. 2020. EL PAÍS. Por que é uma má notícia que a indústria se aproveite do ‘boom’ vegano?. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/24/ciencia/1524564407_811902.html. Acesso em: 19 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESTADÃO. Veganismo reúne saúde, proteção ambiental e cuidado com os animais. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/comida-de- verdade/tendencia-mundial-veganismo-reune-saude-protecao-ambiental-e- cuidado-com-os-animais/. Acesso em: 20 abr. 2020. FORBES. Nestlé compra Sweet Earth para reforzar su apuesta vegetariana. Disponível em: https://www.forbes.com.mx/nestle-compra-sweet-earth-apuesta- alimentos-vegetarianos/. Acesso em: 19 abr. 2020. INCA. OMS classifica carnes processadas como cancerígenas. Disponível em: https://www.inca.gov.br/noticias/oms-classifica-carnes-processadas-como- cancerigenas. Acesso em: 19 abr. 2020. ISTO É. Sem carne, com lucro. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/sem-carne-com-lucro/. Acesso em: 19 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTÍNEZ, Carlota Arús. VEGANISMO Y SOBERANÍA ALIMENTARIA: UNA ALTERNATIVA AL SISTEMA DE CONSUMO Y PRODUCCIÓN ACTUAL DE CARNE. GeoGraphos: Revista Digital para Estudiantes de Geografía y Ciencias Sociales, Madrid, v. 11, n. 123, p. 26-54, fev./2020. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7268498. Acesso em: 20 abr. 2020. MERCY FOR ANIMALS. 5 motivos para se tornar vegano também pelo meio ambiente. Disponível em: https://mercyforanimals.org.br/investigacao-animals- australia-exportacao. Acesso em: 20 abr. 2020. NEXO. Como o estilo de vida vegano virou tendência no mercado. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/11/Como-o-estilo-de-vida- vegano-virou-tend%C3%AAncia-de-mercado. Acesso em: 19 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA. Meio Ambiente. Disponível em: https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/meio-ambiente. Acesso em: 20 abr. 2020. SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA. Consumir produtos de origem animal contribui para o aquecimento global. Disponível em: https://www.svb.org.br/home/205-vegetarianismo/saude/artigos/198-consumir- produtos-de-origem-animal-contribui-para-o-aquecimento-global. Acesso em: 20 abr. 2020. SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA. Vegetarianismo e Preservação do Meio Ambiente. Disponível em: https://www.svb.org.br/home/205- vegetarianismo/saude/artigos/17-vegetarianismo-e-conserva-ambiental. Acesso em: 20 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VEGAN BUSINESS. O mercado vegano está só começando . Disponível em: https://veganbusiness.com.br/o-mercado-vegano-esta-so-comecando/. Acesso em: 19 abr. 2020. VISTA-SE. Forbes: 70% da população mundial está deixando a carne e número de veganos nos EUA cresceu 600%. Disponível em: https://www.vista- se.com.br/forbes-70-da-populacao-mundial-esta-deixando-a-carne-e-numero-de- veganos-nos-eua-cresceu-600/. Acesso em: 19 abr. 2020.