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HEMOSTASIA A hemostasia é um processo adaptativo que controla a fluidez do sangue dentro do sistema vascular. Ela depende de interações complexas entre plaquetas, fatores de coagulação, fatores fibrinolíticos e vasos sanguíneos, sendo dividida em hemostasia primária, secundária e terciária, embora ocorram de forma simultânea e interdependente. HEMOSTASIA PRIMÁRIA Diante de uma lesão vascular ocorre a formação de um tampão hemostático primário que tem por objetivo interromper ou limitar o sangramento. MECANISMOS: 1 - VASOCONSTRIÇÃO O vaso lesionado sofre vasoconstrição, limitando o aporte de sangue para o local da lesão. 2 - ADESÃO PLAQUETÁRIA Inicia-se quando as plaquetas se aderem ao endotélio vascular pelo colágeno (existente na parede dos vasos) e pelo fator de Von Willebrand e colágeno. 3 - ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA Também mediado pelo fator de Von Willebrand, a ativação plaquetária muda a forma das plaquetas, liberando conteúdo dos seus grânulos (fibrinogênio, ↑ Ca2+, seratonina, tromboxinas, trombostenina e adenosina) no plasma sanguíneo. 4 - AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA As plaquetas se agregam umas às outras, formando o chamado “plug plaquetário”. No endotélio não lesionado, ocorre a liberação de Prostaciclina I2, o que inibe a agregação plaquetária. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões múltiplas e difusas (traumas e cirurgias) • Sangramento discretos, imediato e prolongado (nos casos de punção venosa ou arterial) • Hemorragia de pele e mucosas (melena, hematúria e epistaxe) TESTES LABORATORIAIS: • Contagem de plaquetas (trombocitopenia) • TSMO (tempo de sangramento de mucosa oral, < 5min) • Fator de Von Willebrand (FvW). É usado quando há suspeita no distúrbio da hemostasia primária com contagem de plaquetas normal • Punção de MO. Usada quando em trombocitopenia, bicitopenia ou pancitopenia sem origem aparente. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Sua principal função é evitar o ressangramento, é uma via dependente da ação dos fatores da cascata de coagulação, culminando a formação da rede de fibrina (coágulo vermelho). A cascata de coagulação é um processo complexo no qual vários fatores de coagulação e substâncias atuam para obter uma tampa que fecha uma ferida em um vaso sanguíneo. Possui duas vias: intrínseca e a extrínseca, ambas vias têm grande importância e acabam se juntando em uma via comum para a formação do coágulo de fibrina. INTRÍNSECA (ATIVAÇÃO POR CONTATO) Exposição do plasma (tromboplastina plasmática) à substâncias estranhas. Ocorre o contato do sangue com o colágeno. Ativação plaquetária. EXTRÍNSECA (LESÃO TECIDUAL) Liberação da tromboplastina tecidual (fator tecidual) do tecido lesado a partir da lesão vascular. CLÍNICA COMPLEMENTAR AO DIAGNÓSTICO II LABORATÓRIO VIA COMUM (REAÇÃO EM CASCATA) Reação em cascata para a formação de fibrina estável. A fibrina é formada a partir da conversão do fibrinogênio pela trombina (atua na estabilização do coágulo). COFATORES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO: VITAMINA K Necessária principalmente para o mecanismo de coagulação sanguínea, atuando no estancamento do sangue pela síntese de protrombina (proteína que converte o fibrinogênio em fibrina). CÁLCIO Utilizado como íon catalisador pela trombina na conversão do fibrinogênio para fibrina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Sufusões (> 3cm) • Hematomas • Hemorragia em tecido SC, músculos e articulações • Sangramento tardio e localizado • Sangramento cavitário (tórax e abdome) TESTES LABORATORIAIS • Tempo de protrombina (TP), de 8-12s • Tempo de tromboplastina parcial ativida (TTPa), 16-25s • Tempo de coagulação ativada (TCa) com kit • Tempo de coagulação (TC), 3-13 min • Dosagem de fatores específicos (VII, VIII, IX e fibrinogênio I) HEMOSTASIA TERCIÁRIA Processo que acontece pela atuação da fibrinólise na qual um coágulo de fibrina (produto da coagulação do sangue) é destruído. A fibrina é degradada pela plasmina (proteína que atua na degradação de coágulos de fibrina) levando à produção de fragmentos circulantes (plasminogênio) que são destruídas por outras proteinases ou pelos rins ou fígado. É um processo importante que está relacionado a ativação de coagulação, constitui a quebra da fibrina em fragmentos solúveis para a recanalização do vaso e na reconstituição do vaso. Os produtos da degradação da fibrina (PDFs) são removidos por macrófagos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Ocorre pelo estímulo excessivo da liberação de substâncias ativadoras da coagulação. • Coagulações intravascular disseminada (CID) • Trombose • Áreas de hipóxia em rins, coração, fígado, pulmões e membros TESTES LABORATORIAIS: • Produto de degradação de fibrina (PDFs), em excesso inibem a agregação plaquetária. Esse teste é feito apenas no exterior e demora 30 dias para a emissão do resultado • Fibrinogênio DISTÚRBIOS HEREDITÁRIOS DA COAGULAÇÃO HEMOSTASIA PRIMÁRIA: DOENÇA DE VON WILLEBRAND Doença de von Willebrand é uma doença hemorrágica, hereditária causada por uma diminuição ou uma disfunção da proteína chamada de fator de von Willebrand (FvW). Deficiência qualitativa ou quantitativa do FvW. Não é uma doença ligada ao sexo, geralmente o animal possui histórico de sangramento materno. É mais visível em cães das raças Doberman, Hottweiler e Schnauzer. O fator de von Willebrand é um multímero que circula no plasma sanguíneo em uma concentração aproximada de 10 mg/ml. Ele é sintetizado por células endoteliais e megacariócitos. Tem duas funções principais: • Mediar a adesão das plaquetas ao subendotélio lesado: funciona como uma ponte entre receptores da plaqueta (glicoproteína Ib e glicoproteína IIb/IIIa) e o subendotélio lesado. Para que ocorra a adesão às plaquetas é necessario a presença de grandes multímeros do FvW • Manter os níveis plasmáticos do fator VIII (uma proteína procoagulante). O FvW liga-se a fator VIII retardando a sua degradação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Sangramento de mucosa • Raras petéquias e equimoses • Identificação no pós-cirúrgico ou traumas • Perda dentária, estro e hipotireoidismo • Mortalidade perinatal e aborto TESTES LABORATORIAIS • TP: normal • TTPA: normal • TSMO: prolongado ↑ • Contagem de FvW: deficiente ou normal HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: DEFICIÊNCIA CONGÊNITA DE FATOR DE COAGULAÇÃO HEMOFILIA É a deficiência de um dos fatores de coagulação do sangue, o que acarreta frequentes hemorragias. HEMOFILIA (A) A hemofilia A canina compreende a deficiência de FVIII da coagulação sanguínea. A doença é decorrente de alterações nos genes codificantes do FVIII que se localizam no cromossomo X. Assim, sua ocorrência em cães machos é quase exclusiva. O FVIIIa é uma peça chave da via intrínseca da coagulação, pois forma um complexo com o FIXa, aumentando a taxa de ativação do FX e, consequentemente, a produção de trombina (FIIa). Quando a deficiência de FVIII é severa, pouca trombina é produzida, e o coágulo não é formado adequadamente, o que propicia o sangramento excessivo. Logo após sua produção e secreção, o FVIII interage com o FvW que atua como seu carreador e aumenta o seu tempo de meia vida no plasma de 6-8 horas para 12-15 horas. Os domínios A3, C1 e C2 da cadeia leve do FVIII são responsáveis por realizar a ligação deste ao FvW, portanto, mutações nesses domínios podem afetar a capacidade de ligação entre as duas proteínas, o que diminui a atividade funcional do FVIII no plasma por reduzir seu tempo de meia- vida e, consequentemente, sua concentração plasmática. A maioria dos casos de hemofilia canina A são hereditários, mas há uma pequena porcentagem de casos em que a hemofilia A é adquirida. A hemofilia A adquirida é causada pelo desenvolvimento de autoanticorpos contra o FVIII do próprioanimal, o que acarreta uma deficiência de fator. A hemofilia A adquirida é bastante rara e, por ter uma fisiopatologia, apresentação clínica, diagnóstico e tratamento diferentes das formas hereditárias. Em cães, a hemofilia A já foi descrita em quase todo tipo de raça pura, sendo mais frequente em raças de médio e grande porte, como Akita, Cocker spaniel, Sharpei e Poodle. Apesar de amplamente disseminada, a propagação mundial deve-se aos Pastores Alemães, cuja incidência pode ser traçada por muitas e muitas gerações até um único macho originador, fazendo deles a raça mais comumente, porém não mais gravemente, afetada pela doença. https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemorragia https://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_de_von_Willebrand https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_de_von_Willebrand https://pt.wikipedia.org/wiki/Plaquetas HEMOFILIA (B) É a deficiência parcial ou total do fator IX de coagulação do sangue. É uma doença que também obedece ao padrão de herança recessiva ligada ao X. Assim como na hemofilia A, a B é transmitida por fêmeas fenotipicamente normais, mas portadoras do gene. Comum em cães das raças Cocker, Sheepdog e São Bernardo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PARA A/B • Hematomas • Hemartrose • Sangramento pelo TGI • Sangramento localizado TESTES LABORATORIAIS PARA A/B • TP: normal • TTPA: prolongado ↑ • TSMO: normal • Contagem de plaquetas: normal DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS DA COAGULAÇÃO HEMOSTASIA PRIMÁRIA: TROMBOCITOPENIA Os animais com trombocitopenia, isto é, diminuição no número de plaquetas, não apresentam hemorragia espontânea até que a contagem seja menor ou igual a 10.000 a 50.000 células/µL. A trombocitopenia ocorre por distúrbios na produção, na distribuição ou na destruição de plaquetas. A destruição de plaquetas pode ser aumentada por distúrbios imunológicos ou ainda doenças não imunológicas. Assim como esses distúrbios, problemas na distribuição de plaquetas ou decorrentes de uma transfusão podem ocasionar trombocitopenia. A causa para a diminuição do número de plaquetas pode estar relacionada à produção anormal de plaquetas, que normalmente vem acompanhada de outra citopenia como anemia e/ou neutropenia, e são causadas por etiologias auto-imume ou infecciosa (erliquiose, FelV, FIV), por fármacos (AINS, AAS, ibuprofeno, indometacina, penicilinas e fenilbutazona) ou intoxicações e reações pós-vacina em cães após a vacina contra cinomose e parvovirose, e em gatos após a vacina contra vírus da panleucopenia. Outra causa de trombocitopenia é a remoção acelerada de plaquetas, pela trombocitopenia imunomediada primária, que tem predisposição racial, acomete mais cães das raças Cocker, Old English Sheepdog, Pastor Alemão e Poodle e está associada com a presença de anticorpos anti- plaquetários, que causam destruição acelerada de plaquetas pelos macrófagos do sistema mononuclear fagocitário. A trombocitopenia imunomediada secundária, que é a causa mais comum de trombocitopenia em cães, está associada a condições de base, dentre as quais doenças auto-imunes sistêmicas como o lúpus eritematoso sitêmico, a anemia hemolítica imunomediada, a artrite reumatóide e o pênfigo; neoplasias hematógicas ou metastáticas; doenças infecciosas (erliquiose, FelV, FIV); infecções por protozoários (leishimaniose e babesiose); dirofilariose e histoplasmose. A administração intravenosa de heparina pode ocasionar trombocitopenia discreta em alguns equinos, dose excessiva de heparina pode resultar em trombocitopenia grave, principalmente em gatos. E por fim a trombocitopenia pode ser causada também pelo sequestro de plaquetas pelo baço. O baço pode armazenar cerca de 75% das plaquetas circulantes, e em condições de esplenomegalia, pode ocorrer trombocitopenia transitória, assim como em casos de estresse. A endotoxemia pode causar acúmulo de plaquetas no baço. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: HEPATOPATIAS CRÔNICAS E INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA É pela deficiência de fatores de coagulação (congênito ou adquirido), podendo ser: II, VII, IX e X e proteínas C e S. Os fatores VII, IX e X são dependentes de vitamina K. A deficiência de vitamina K gera distúrbios na coagulação, causada, geralmente por intoxicações por rodenticidas dicumarínicos ou picada de aranha marrom. Em testes laboratoriais: • O TP/TTPA poderão estar prolongados ou normais, pois eles são dependentes da produção e capacidade hepática MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas acontecem 5h ou até 3 dias após a ingestão (dependente da dose). • Colapso e intolerância ao exercício • Dispnéia e tosse • Distensão abdominal • Claudicação • Hemorragias externas ou intracavitárias • Dor torácica • Hematúria e hematoemese • Anemia e hipoproteinemia • Sinais neurológicos e morte por sangramento no SNC TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR RODENTICIDAS • Até 2h pós ingestão: induzir êmese • Poucas após ingestão: carvão ativado Em período prolongado: • Sangue total fresco ou congelado (PFC) • Vitamina K SC: dose inicial 5mg/kg e depois de 24h 2.5-5mg/Kg a cada 8-12h • Refeições gordurosas • Monitoras coagulograma (8h, 24h e 48h) HEMOSTASIA TERCIÁRIA: COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CID) É uma síndrome caracterizada pela ativação sistêmica da coagulação sanguínea, com ativação e consumo dos fatores de coagulação, e consequente trombose de pequenos e médios vasos, podendo ocasionar disfunção orgânica e sangramentos. A sua etiologiaInfecções, neoplasias sólidas e hematológicas, doenças obstétricas, traumas, doenças hepáticas Ativação da coagulação > trombose microcirculatória > consumo ecagerado de plaquetas e fatores > hemorragia > estímulo hipercoagulação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Petéquias, equimoses, sufusão e hematoma • Sangramento espontâneo e profuso • Hematúria • Hemorragia no TGI • Sinais de anemia • Sinais decorrentes de trombose de órgãos • Sinais decorrentes de causa primária TESTES LABORATORIAIS • TP (↑) • TTPA (↑) • Contagem de plaquetas (↓) • Fibrinogênio (↓) • PDFs (↑) • Tempo de sangramento (↑) ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNO-MEDIADA (AHIM) A AHIM é a causa mais comum dentre as anemias hemolíticas e a doença imuno-mediada de maior prevalência em cães. Comum na raça Cocker Spaniel Americano, Old English Sheepdog, Doberman, Pinscher miniatura, Collie e Setter Irlandês com idade média de 6-13 anos. A AHIM é caracterizada pela destruição direta ou fagocitose de hemácias opsonizadas por imunoglobulinas IgG ou IgM e/ou complemento. Ela pode ser classificada em primária e secundária. Na primária, os anticorpos são produzidos, liberados e direcionados as hemácias normais. Na secundária, as hemácias são antigenicamente alteradas por ação de drogas, neoplasias ou doenças infecciosas As complicações mais comumente afetadas pela AHIM é o tromboembolismo e CID. O diagnóstico baseia-se principalmente em achados laboratoriais como a presença de anemia, hemoglobinúria, bilirrubinúria, reticulocitose, auto- aglutinação, esferócitos e teste de Coombs positivo. Realizar teste de aglutinação, verificando-se a positividade, com a presença de aglutinação das hemácias, diagnosticando-se, dessa forma, AHIM no cão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Fraqueza, letargia e intolerância ao exercício • Palidez e icterícia • Dispnéia • Taquicardia • Febre • Hepato e esplenomegalia • Hemoglobinúria e bilirrubinúria ACHADOS LABORATORIAIS • Anemia moderada à intensa (macrocítica e hipocrômica), porém regenerativa • Neutrofilia e linfopenia • Trombocitopenia • ↑ TP/TTPA • ↓ AAT (atividade de anti-trombina) • ↑ PDF/Dímeros D • Hipofibrinogenemia • CID • ↑ ALT/AST • Hipoalbuminemia AVALIAÇÃO HEPÁTICA O fígadoé composto estruturalmente de hepatócitos, um sistema de ductos biliares e um rico suprimento sanguíneo, tanto venoso quanto arterial. Por ser um órgão de muitas e diversas funções metabólicas, qualquer avaliação do seu estado funcional será dependente da sua habilidade em executar uma função metabólica específica. Por isso muitos testes foram planejados para a detecção das alterações da função hepática. ENZIMAS PARA LESÃO HEPÁTICA: ALANINA AMINOTRANSFERASE (ALT) A ALT (GPT/TGP) catalisa a transaminação reversível de alanina e 2-cetoglutarato em piruvato e glutamato. Tem como cofator o piridoxal-fosfato. É encontrada em grande concentração no fígado e, em menor grau, no rim e nos músculos, tendo localização citoplasmática. A ALT é um bom indicador de hepatopatias agudas em cães, gatos, coelhos, ratos e primatas, principalmente em doenças hepato-celulares, necrose hepática, obstrução biliar, intoxicações e infecções parasitárias. Pouco uso em grandes animais. Em processos crônicos seu valor está diminuído. Também pode estar aumentada em casos severos de dano muscular. Gestação, nutrição inadequada e falha renal podem levar a uma atividade da ALT diminuída pela deficiência desta vitamina. Cães e ratos tratados com cefalosporina também podem apresentar diminuição da atividade desta enzima. O aumento da ALT está relacionado com o número de células envolvidas, ou seja, com a extensão, e não com a gravidade da lesão. Diversas drogas podem induzir um incremento da atividade da ALT. Em pequenos animais são relevantes para o clínico os seguintes princípios ativos: acetaminofeno, barbitúricos, glicocorticóides, cetoconazol, mebendazol, fenobarbital, fenilbutazona, primidona e tetraciclina. Substâncias químicas (fenóis, alcatrão e outros), plantas hepatotóxicas e aflatoxina podem causar o mesmo efeito. Outras causas possíveis de aumento da ALT são shunts portossistêmicos, lipidose hepática, pancreatite aguda (aumento moderado), hepatites tóxicas ou infecciosas (leptospirose, peritonite infecciosa felina, e outras), hipóxia e febre (pequena variação). ASPARTATO AMINOTRANSFERASE (AST) A AST (GOT/TGO) catalisa a transaminação reversível de aspartato e 2-cetoglutarato em oxalacetato e glutamato. Tem como cofator o piridoxal-fosfato. Existe em muitos tecidos como duas isoformas, no citosol e na mitocôndria, sendo mais abundante no fígado, nos eritrócitos e nos músculos esquelético e cardíaco. Seu uso é como indicador de danos nesses tecidos. Em ruminantes e equinos a AST é um bom indicador do funcionamento hepático. AST pode ser usada para avaliar lesão hepática em pequenos animais da mesma forma que a ALT, porém com uma especificidade muito menor. Aumento de AST são observados em hepatite infecciosa e tóxica, cirrose, obstrução biliar e fígado gorduroso. Seu nível também está aumentado quando ocorre hemólise, deficiência de selênio/vitamina E e no exercício físico intenso. Em lesões musculares, convêm conferir também a atividade de CK. A AST é usada para avaliar condicionamento físico em animais de esportes. ENZIMAS PARA COLESTASE: FOSFATASE ALCALINA (FA/ALP) Existem várias isoenzimas de FA em praticamente todos os tecidos, estando localizada na membrana celular. Tem maior presença nas células do epitélio intestinal, osso, fígado, túbulos renais e placenta. A concentração sérica de FA é 2 a 3 vezes maior em animais jovens do que em adultos. Em gestantes, o aumento pode ser de 300% do normal, devido a sua presença na placenta. A isoforma hepática da FA é a que predomina no plasma, tendo maior importância em doença hepatobiliar. Assim, na colestase ocorre aumento da concentração de FA, de forma que quanto maior a atividade da FA, maior o grau de obstrução biliar. Os felinos possuem uma menor quantidade hepatocelular de fosfatase alcalina, e é rapidamente eliminada pelos rins. Além disso, nessa espécie, nem toda hepatopatia significativa causa um aumento significativo da enzima. Em cães, a hepatopatia que causa aumento da fosfatase alcalina, cursa com colestase. A obstrução biliar extra-hepática, assim como a indução por corticosteróides, pode aumentá- la em até 10 vezes. Não utilizado em grandes animais. Também pode estar aumentada em casos de osteomalácia, hiperparatireoidismo, tumor ósseo, cicatrização de fraturas, deficiência de vitamina D, raquitismo, hiperadrenocorticismo, gestação e retenção de placenta. GAMA-GLUTAMIL TRANSFERASE (GGT) Esta enzima também é conhecida como gama- glutamil transpeptidase. A GGT do plasma é de origem hepática, sendo indicativa de colestases e proliferação de dutos biliares em todas as espécies. Em felinos, mas não em cães, pode ser utilizada no lugar da fosfatase alcalina, com maior sensibilidade e especificidade para o fígado. Por isso é mais utilizada em gatos do que em cães. Em cães pode ser induzida pelo tratamento com prednisolona, sem causar colestase. Em filhotes de cão, a GGT pode atingir valores de até 25 vezes o valor normal para cães adultos. O nível de GGT é muito baixo em cães e gatos, comparado com os níveis em ruminantes e equinos. ENZIMAS PARA FUNÇÃO HEPÁTICA: BILIRRUBINAS A maior parte da bilirrubina no plasma deriva da degradação dos eritrócitos velhos pelo sistema retículo-endotelial, especialmente no baço. A bilirrubina restante provém da degradação da mioglobina, dos citocromos e de eritrócitos imaturos na medula óssea. A hemoglobina liberada dos eritrócitos se divide em porção globina e grupo heme. Após a extração da molécula de ferro, que fica armazenado ou é reutilizado, o grupo heme é convertido em bilirrubina. A bilirrubina assim formada é chamada de bilirrubina não-conjugada, que é transportada até o fígado ligado à albumina plasmática. Esta forma também é conhecida como bilirrubina livre ou indireta. Esta bilirrubina não é solúvel em água. Sendo lipossolúvel, não é filtrada pelos glomérulos renais, e não é excretada pela urina. A bilirrubina livre pode não estar ligada à albumina em três situações distintas: • Quando os níveis de albumina são extremamente baixos • Quando existe uma alta concorrência pelos lugares de união da albumina, por exemplo com tiroxina, salicilatos, sulfonamidas, digoxina, cortisol e diazepam • Quando o nível de bilirrubina livre é extremamente alto (> 20 mg/dl) No fígado, a bilirrubina é desligada da albumina e conjugada com o ácido glicurônico para formar bilirrubina conjugada. Esta é solúvel em água e secretada ativamente pelos canalículos biliares menores e posteriormente excretada pela bile. No plasma, se observam pequenas quantidades de bilirrubina conjugada, sendo que a maior parte da bilirrubina plasmática é livre. A bilirrubina conjugada não pode ser reabsorvida no intestino, mas as enzimas bacterianas presentes no íleo e cólon convertem a bilirrubina em urobilinogênio fecal (estercobilinogênio), que é reabsorvido em torno de 10 a 15% pela circulação portal até o fígado. A maioria deste urobilinogênio é re-excretada pela bile e uma parte pode ser excretada pela urina. O urobilinogênio não reabsorvido no intestino é oxidado a estercobilina, pigmento responsável pela cor marrom das fezes. Aumento da bilirrubina não-conjugada: O aumento dos níveis plasmáticos de bilirrubina pode ser devido ao aumento da bilirrubina livre na hemólise aguda grave, em absorção de um grande hematoma, em hemorragia interna massiva ou na transfusão de eritrócitos armazenados inadequadamente Aumento da bilirrubina conjugada: Perda da funcionalidade hepato-celular devido a doença infecciosa, dano tóxico ou obstrução do trato biliar. Aumento da bilirrubina não-conjugada e conjugada: Perda da funcionalidade hepato-celular, obstrução do fluxo biliar ou após uma hemólise intravascular agudagrave. Diminuição da bilirrubina não-conjugada: Observados em doenças crônicas, principalmente as que cursam com diminuição da formação dos eritrócitos, causando anemia. Neste caso, devido ao número reduzido de eritrócitos, o sistema retículo- endotelial reduz a fagocitose dos eritrócitos, o que diminui os níveis de bilirrubina no plasma. Portanto, a hipobilirrubinemia é devido a anemias hipoproliferativas atribuídas a uma infecção ou inflamação crônica, neoplasia maligna ou na última fase da enfermidade renal. BILIRRUBINA E ICTERÍCIA A icterícia caracteriza-se pelo acúmulo de bilirrubina no plasma e nos tecidos e consequentemente coloração amarelada da esclera, pele e mucosas. Existem diferentes tipos de icterícia, com causas numerosas, e são divididas em: icterícias pré- hepáticas, hepáticas e pós-hepáticas. Icterícia pré-hepática: Ocorre por uma destruição excessiva de eritrócitos, resultando num aumento do complexo bilirrubina-albumina no sangue, excedendo a capacidade excretora do fígado. Frequente no cão, geralmente, aparece em consequência de uma doença parasitária, a babesiose, também chamada piroplasmose. O mesmo efeito pode ser causado por outros agentes: bactérias, anticorpos produzidos pelas transfusões de sangue (sangue incompatível) ou durante a gravidez (a incompatibilidade entre o sangue do feto e o da mãe, ou também, em algumas doenças auto-imunes. Icterícia hepática: É o tipo em que há lesão da célula hepática e também certo grau de obstrução dos canalículos biliares. Icterícia pós-hepática: Caracteriza-se por uma obstrução pós-hepática, impedindo o fluxo normal da bile. Retida em qualquer local nas vias biliares, grande parte dela é reabsorvida na corrente sanguínea. Parte desse fluído sofre desidratação sendo precipitado no tecido em forma de pigmento biliar. A obstrução pode ser causada (1) pelo bloqueio dos canalículos biliares por hepatócitos tumefatos, (2) obstrução dos ductos por fascíolas, cestóides fimbriados (thysanosoma actinioides), ou ascarídeos, (3) pela compressão dos ductos intra-hepáticos pelo tecido fibroso da cirrose biliar, (4) por colangite, em que ocorre tumefação das paredes dos ductos, (5) cálculos biliares, (6) pela pressão em qualquer parte do sistema ductal por neoplasias, granulomas, ou abscessos, ou (7) pela pressão do edema inflamatório sobre o orifício inclinado do ducto biliar em seu ponto de entrada no duodeno, na papila duodenal. ÁCIDOS BILIARES Os ácidos biliares (taurocólico e glicocólico) são sintetizados pelo fígado a partir de colesterol e mediante conjugação (ácido cólico com taurina e glicina), sendo excretados junto com a bile na forma de sais de sódio. Durante a digestão, eles atuam como agentes emulsificantes favorecendo a absorção da gordura. Por efeito das bactérias intestinais, os ácidos biliares são desconjugados, ficando livres para serem reabsorvidos pelo intestino, direcionandose via circulação portal para o fígado para serem reciclados. Uma pequena parte desses ácidos alcança a circulação periférica, sendo eles os que são medidos. Normalmente ocorre um leve aumento dos ácidos biliares após uma refeição. A medição de ácidos biliares no soro pode servir como teste sensível de avaliação de disfunção hepática, pois o fígado com disfunção não consegue captar os ácidos reabsorvidos e a sua concentração aumenta no plasma. Uma obstrução hepática ou biliar também é causa de aumento dos ácidos biliares. Um baixo valor de ácidos biliares pode indicar uma obstrução intestinal. Considera-se disfunção hepática quando a concentração de ácidos biliares em jejum ou pós- prandial é >25 µmol/L (cão) e >20 µmol/L (gato). PROTEÍNAS TOTAIS (PT) As principais proteínas plasmáticas são a albumina, as globulinas e o fibrinogênio. Elas estão envolvidas em múltiplas funções: • Manutenção da pressão osmótica e da viscosidade do sangue • Transporte de nutrientes, metabólitos, hormônios e produtos de excreção • Regulação do pH sanguíneo • Participação na coagulação sanguínea As proteínas sanguíneas são sintetizadas principalmente pelo fígado, sendo que a taxa de síntese está diretamente relacionada com o estado nutricional do animal, especialmente com os níveis de proteína e de vitamina A, e com a funcionalidade hepática. Aumento de PT: • Desidratação por hemoconcentração • Animais senis comparado aos jovens pela maior eficiência metabólica da proteína Diminuição de PT: • Falhas hepáticas • Transtornos intestinais e renais • Hemorragia • Deficiência na alimentação (inanição e dietas com baixo nível proteico) • Queda fisiológica após parto ALBUMINA A albumina é a proteína mais abundante no plasma, perfazendo cerca de 50% do total de proteínas. É sintetizada no fígado e contribui em 80% da osmolaridade do plasma sanguíneo, constituindo também uma importante reserva protéica, bem como de transporte. Hiperalbuminemia: • Desidratação Hipoalbunemia: • Dano hepático ou déficit alimentar • Perda de albumina em parasitismo • Síndroma de má-absorção • Catabolismo de albumina aumentado • Hemorragias COLESTEROL O colesterol nos animais pode ser tanto de origem exógena, proveniente dos alimentos, como endógena, sendo sintetizado, a partir do acetil-CoA, no fígado, nas gônadas, no intestino, na glândula adrenal e na pele. A biossíntese de colesterol no organismo é inibida com a ingestão de colesterol exógeno. O colesterol circula no plasma ligado às lipoproteínas (HDL, LDL e VLDL). Hipercolerestonemia: • Hipotireoidismo e DM • Obstruções biliares • Pancreatite • Dietas ricas em CHO e gordura • Gestação e lactação Hipocolerestonemia: • Défict de CHO e gordura • Lesão hepato-biliar • Hipertireoidismo • Durante o parto GLICOSE Entre vários metabólitos usados como combustível para a oxidação respiratória, a glicose é considerada o mais importante, sendo vital para funções tais como o metabolismo do cérebro e na lactação. Hiperglicemia: • Estresse crônico • DM Hipoglicemia: • Idade avançada • IHC AMÔNIA A amônia é produzida por praticamente todas as células do organismo, mas principalmente pelas bactérias do trato gastrointestinal, como resultado da degradação de compostos nitrogenados. A amônia é uma substância tóxica que afeta principalmente o sistema nervoso central. Hiperamonemia: • Inadequada função hepática • Shunt porto-sistêmico • Infecção • Dieta hiperproteica • Desequilíbrio ácido-básico (IR) • Obstrução do TGI URÉIA A uréia é sintetizada no fígado a partir da amônia proveniente do catabolismo dos aminoácidos e da reciclagem de amônia do rúmen. Os níveis de uréia são analisados em relação ao nível de proteína na dieta e ao funcionamento renal. Aumento de uréia: • Excesso de proteínas ou de alimentos de fontes de nitrogênio não-proteíco (uréia) • Deficiência de energia • Jejum prolongado por aumento da proteólise FATORES DE COAGULAÇÃO O fígado é responsável pela produção de grande parte dos fatores de coagulação, dentre eles a fibrina, também produz substâncias anticoagulantes como a antitronbina. Diminuição dos fatores de coagulação: • Distúrbios na hemostasia por IH • Distúrbios na concentração de fibrinogênio por IH IMUNOHEMATOLOGIA ANTICORPO Moléculas de glicoproteínas (imunoglobulinas) que atuam no sistema imunológico. Estão no soro sanguíneo e são usadas na defesa do organismo contra antígenos (microrganismos invasores e substâncias e corpos estranhos). ANTÍGENO Antígeno é toda substância que ao entrar em um organismo é capaz de se ligar a anticorpos ou a receptor de célula B e, geralmente, inicia uma resposta imune, ativando seus linfócitos que por sua vez se multiplicam e mandam sinais (citocinas) que ativamoutras respostas imunes adequadas ao invasor. A parte do antígeno que se encaixa no anticorpo se chama epítopo. AUTOANTICORPO Um autoanticorpo é um anticorpo produzido pelo sistema imune que atua contra uma ou mais proteínas do próprio indivíduo que o produziu. Os autoanticorpos têm as mesmas propriedades bioquímicas e físico-químicas dos outros anticorpos. A grande diferença está em suas propriedades imunológicas, ou seja, os autoanticorpos estão relacionados com as doenças auto-imunes (lúpus e AHIM). ALOANTICORPO Anticorpos produzidos que reagem com antígenos da mesma espécie pertencente a indivíduos geneticamente diferentes, como em gestações reações transfusionais em felinos (já nascem com o aloanticorpo). Eles estão presentes antes da exposição do animal a outro tipo sanguíneo. A síntese destes anticorpos se dá pela exposição a organismos como plantas, bactérias, protozoários e helmintos, que possuem moléculas similares ou idênticas aos antígenos encontrados na superfície dos eritrócitos e por isso podem levar a uma reação cruzada. TIPAGEM SANGUÍNEA NOS ANIMAIS: FELINOS O grupo sanguíneo dos felinos é chamado de sistema AB, do qual possui três tipos: A, B e AB. (A > B > AB). Estima-se que 96% dos gatos são tipo A, 3% tipo B e 1% tipo AB. Os felinos apresentam anticorpos de ocorrência natural (aloanticorpos) contra o antígeno do tipo sanguíneo que não possuem e o teste de compatibilidade, por isso a tipagem sanguínea é essencial. Apenas o felino tipo AB não possui anticorpos de ocorrência natural, portanto pode receber sangue de todos os tipos, mas preferencialmente de tipo A ou AB, do sistema e é conhecido como receptor universal entre os felinos (mas preferir doador A/AB). Pelo tipo A ser o mais prevalente facilita as transfusões sanguíneas. É um tipo ainda com baixa titulação de anticorpos ANTI-B. Melhor doador. O tipo B é o mais antigênico. Tem muitos aloanticorpos ANTI-A, causando muitas reações transfusionais. É um tipo comum em raças de gatos puras, como Devon rex, British shorthair, Exotic shorthair, Turkish van e angora. TRANFUSÃO DE A X B A transfusão de sangue tipo A em um gato tipo B resulta em uma rápida destruição do sangue do doador (meia-vida de 1,3 horas), é uma reação aguda com severos sinais clínicos (hipotensão, defecção, vômitos, hemoglobinemia, depressão neurológica) e até a morte. TRANSFUSÃO DE B X A A transfusão de sangue tipo B em um gato tipo A produz sinais clínicos leves, a meia-vida dos eritrócitos transfundidos é de 2,1 dias. No futuro, pode resultar no aumento da titulação de anticorpos ANTI-B, ocasionando reação transfusional aguda severa. ISOERITRÓLISE NEONATAL FELINA Ocorre na amamentação de filhotes A/AB, nascidos de fêmea B. A reação de incompatibilidade é feita pelo aloanticorpos A da fêmea transferidos pelo colostro ou leite, destruindo os eritrócitos tipo A/AB, levando à morte https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_imune https://pt.wikipedia.org/wiki/Linf%C3%B3cito https://pt.wikipedia.org/wiki/Citocina https://pt.wikipedia.org/wiki/Anticorpo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_imune https://pt.wikipedia.org/wiki/Bioqu%C3%ADmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as_auto-imunes https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as_auto-imunes CANINOS Os tipos sanguíneos dos cães são designados pela sigla DEA (dog erythrocyte antigen). O cão apresenta 5 grupos sanguíneos compostos por 7 determinantes antigênicos. DEA 1 (1.1, 1.2 e 1.3), DEA 3 (...), DEA 4 (...), DEA 5 (...) e DEA 7 (...). DEA 1 A maioria dos cães é positivo para DEA 1 (1.1). DEA 1.1 é referido como tendo a maior relevância clínica por sua antigenicidade forte, e é considerado o mais forte entre todos antígenos. Portanto, a tipagem sanguínea de ambos, doadores e destinatários, para este antígeno é altamente recomendado. A importância deste grupo está no fato de que anticorpos naturais contra ele não foram documentados, não ocorrendo reações nas primeiras transfusões. Porém, uma vez sensibilizados em transfusões prévias, os pacientes podem desenvolver reações transfusionais hemolíticas graves se receberem o mesmo tipo sanguíneo em uma transfusão seguinte. A tipagem sanguínea é sempre recomendada em cães, assim em casos de emergência transfusional canina é preconizado o uso de bolsas de doadores DEA 1.1 negativo, por ser o grupo sanguíneo mais seguro Historicamente, são apresentados diferentes alelos no DEA 1, sendo DEA 1.1, DEA 1.2 e DEA 1.3. A ausência dos três antígenos mencionados acima indica um cão DEA 1 negativo. Um cão pode ser classificado como DEA 1 negativo (DEA 1-) ou DEA 1 positivo (DEA 1+) com expressão de antígeno fraco a forte. O teste de reação cruzada pode ser usado quando a tipagem sanguínea não é avaliada ou não está disponível. Um resultado compatível não significa que o doador e o receptor possuem o mesmo tipo sanguíneo, mas que não foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as hemácias do doador, prevenindo apenas a ocorrência de reação transfusional hemolítica aguda e não as demais reações imunológicas. O teste de compatibilidade sempre deve ser realizado antes da transfusão. DEA 3, 5 E 7 Os grupos DEA 3 e 5 apresentam baixa incidência na população canina (cães da raça Greyhound apresentam prevalência de 23% para DEA-3). O fator DEA 7 não é um antígeno integral de membrana eritrocitária. Acredita-se que seja secretado no plasma e adsorvido sobre a superfície das hemácias. Estudos indicam que estes grupos podem provocar reações transfusionais tardias, caracterizadas pelo sequestro e destruição das hemácias no baço em um período de 72 horas. O hematócrito volta ao valor pré- transfusional em 3 a 5 dias. Sendo assim, os cães positivos para estes grupos não devem ser usados como doadores de sangue, exceto para cães do mesmo tipo sanguíneo. DEA 4 A prevalência de DEA 4 é bastante alta na população canina (98%). A importância deste grupo esta no fato de que anticorpos naturais anti-DEA 4 raramente ocorrem e, além disso, os cães DEA 4 negativos sensibilizados não apresentam hemólise intra ou extravascular, após terem sido transfundidos com sangue DEA 4 positivo, ou seja, os cães negativos para todos os outros grupos e positivos somente para o DEA 4 são considerados “doadores universais”. Sendo assim, os cães que só apresentam reações positivas para o grupo DEA 4 são os melhores doadores de sangue. EQUINOS Grupo A, C, D, K, P, Q e U com vários subgrupos com mais de 400 mil possibilidades diferentes. Os antígenos Aa e Qq são potencialmente antigênicos e o doador deve ser negativo para estes e não ter anticorpos contra os mesmo. Não se faz tipagem sanguínea porque a chance de reações transfusionais é baixa. RUMINANTES Não há descrição de aloanticorpos naturais e por isso a primeira transfusão tem muito menor risco de reações hemolíticas agudas. Cuidados em até 7 dias para demais transfusões. • Bovinos: A, B, C, F, J, L, M, S e Z • Ovinos: A, B, C, D, M, R e X • Caprinos: A, B, C, M e J SUÍNOS 16 grupos (A-L) com eventuais reações relacionadas ao fator A. TESTE DE COMPATIBILIDADE SANGUÍNEA (PROVA CRUZADA) A tipagem sanguínea é eficaz na identificação dos antígenos presentes nas hemácias do paciente, porém não detecta os anticorpos presentes entre o paciente e o doador, o que será determinado pelo teste de compatibilidade. Um resultado compatível não significa necessariamente que o doador e o receptor possuem o mesmo tipo sanguíneo, mas indica que não foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as hemácias do doador, e não detecta anticorpos contra plaquetas e leucócitos, previnindo apenas a ocorrência de reação transfusional hemolítica aguda e não as demais reações imunológicas.O teste de compatibilidade deve ser realizado antes da transfusão, mesmo que tenha sido feita a tipagem sanguínea A compatibilidade entre o sangue de dois indivíduos é determinada através a chamada "Prova Cruzada". O sangue do doador é testado contra o sangue do receptor, para verificar a ocorrência de aglutinação das hemácias (formação de grumos - aglutinação), indicativa de incompatibilidade. A prova cruzada é realizada em duas etapas: prova maior e prova menor. ETAPA 1 - PROVA MAIOR Consiste em misturar as hemácias do doador com o soro do receptor. Detecta a presença de anticorpos do receptor contra antígenos eritrocitários do doador. É mais utilizado quando é preciso transfundir sangue total ou concentrado de hemácias. Realizar em três temperaturas diferentes: ambiente (anti-DEA 3, 4, 5 e 6), 4°C: (anti-DEA 7) e 37°C: (anti- DEA 1.1 e 1.2). O resultado positivo é dado a partir da observação de grumos (macroscopicamente) e a aglutinação dos eritrócitos (microscopicamente). Esta etapa é considerada a mais importante. ETAPA 2 - PROVA MENOR Uma hemácias do receptor com o soro do doador e, do mesmo modo, pesquisa-se a formação de grumos de hemácias. Detecta presença de anticorpos do doador contra antígenos eritrocitários do receptor. É mais utilizado em casos de transfusão de sangue total ou quando é preciso transfundir grandes volumes de plasma, concentrado de plaquetas ou sangue total. A ausência de grumos nas duas etapas da prova cruzada significa que a transfusão pode ser realizada. PERFIL DOS DOADORES: FELINO O doador felino ideal deve ter idade entre 2 a 8 anos, aproximadamente, pesar acima de 4,5 kg (tamanho proporcional). Machos são mais procurados por serem maiores. O felino não pode ser obeso pelo alto índice de triglicerídeos e colesterol no sangue (a lipedemia destrói as hemácias). Coletar em jejum para diminuição da lipedemia. O animal deve ser vacinado anualmente contra doenças infecciosas importantes na região, como FIV e FeLV, e devem ser negativos para PIF. É necessário realizar exames de triagem, como hemograma, plaquetas, perfil renal e hepático e glicemia. Além de pesquisa direta para Babesia sp, Mycoplasma spp, Borelia, Dirofilariose e Anaplasma platys. A maior parte dos gatos geralmente é sedada ou anestesiada para a doação de sangue, portanto o comportamento do doador não é tão importante neste caso, mas ainda assim um temperamento dócil facilita o trabalho. Sedação com Quetamina - 5mg/Kg e Midazolan - 0,5/mgKg SC. A coleta é realizada em “sistema aberto” ou em “sistema fechado” direto na bolsa de neonato humano (100ml), mas retira-se do gato até 70ml. A coleta é feita pela veia jugular. O intervalo de coleta de sangue no felino é de 3-4 meses e o máximo a ser doado é de 11-13ml/kg. CANINO O doador canino ideal deve ter idade entre 2 a 8 anos, aproximadamente, pesar acima de 28 kg (cães menores podem doar um volume menor), ter temperamento dócil e ser vacinado anualmente contra doenças infecciosas importantes na região, como raiva, cinomose, hepatite infecciosa, leptospirose, parvovirose e coronavirose. Não pode ter passado por cirurgias. Coletar exames prévios, como hemograma, plaquetas, perfil renal e hepático e glicemia. A coleta é feita pela jugular e sempre em “sistema fechado”A maior parte dos cães não requer sedação ou anestesia, alimentar após coleta. O intervalo de doação é de 2-3 meses e o máximo a ser doado é de 16-18ml/kg para uma bolsa de 450 ml. QUANTO AO MANEJO DOS ANIMAIS DOADORES: Alguns cuidados devem ser tomados durante o procedimento, como procurar fazer a coleta quando o animal estiver em jejum de 12h (a lipemia pode aumentar a formação de rouleaux complicando o teste de compatibilidade e também pode causar ativação plaquetária), realizar assepsia adequada antes do procedimento e pressão no local da venipunção após a doação durante 2 a 5 min para acelerar o processo de coagulação, observar o animal após a doação por 15 a 30 minutos (fraqueza, mucosas pálidas, pulso fraco e outros sinais de hipotensão), realizar soroterapia, se necessária, com solução salina ou soluções cristalóides similares para reposição do volume doado, dividindo as doses para não causar hemodiluição imediata. Procurar fazer com que o animal receba ração industrializada e água após a doação e recomendar ao proprietário que evite exercícios físicos intensos com o animal por alguns dias. QUANTO À DOAÇÃO A veia jugular é o vaso sangüíneo de eleição para a coleta do sangue e o animal geralmente é colocado em decúbito lateral. Antes da doação aconselha-se palpar a veia e em seguida realizar a assepsia do local. Durante a doação, o bem-estar do doador deve ser constantemente monitorado (coloração das mucosas, pulso, frequência respiratória). O comportamento também é um importante indicador de potenciais problemas que possam ocorrer durante o procedimento. A bolsa de sangue deve ser frequentemente e cuidadosamente homogeneizada durante a doação para evitar a formação de coágulos e possibilitar a continuidade do procedimento. A doação dura em torno de 3 a 10 minutos com vácuo e 5 a 15 sem vácuo em cães, e aproximadamente de 3 a 5 minutos sem a utilização de vácuo em felinos. A hipotensão é um problema frequentemente observado em gatos, portanto deve-se ter mais cuidado durante a coleta de sangue nesta espécie. SANGUE TOTAL E SUBPRODUTOS: Os subprodutos do sangue incluem seus componentes e derivados. Os componentes sanguíneos são seus subprodutos obtidos através de centrifugação, ou, menos comumente, através de aférese (equipamentos especializados que permitem a separação de apenas um componente do sangue do doador, devolvendo-lhe o restante). O uso dos componentes sanguíneos permite que mais de um paciente possa se beneficiar de apenas um doador e reduz os riscos de uma reação transfusional contra os outros componentes desnecessários, pois muitas vezes o paciente que requer uma transfusão precisa de apenas um componente sanguíneo específico. Os principais componentes sanguíneos são: (1) concentrado de eritrócitos, (2) plasma (e seus subtipos), (3) concentrado de plaquetas e (4) crioprecipitado. Ambos, sangue total e seus componentes podem ser utilizados logo após a coleta (produtos frescos) ou após o armazenamento (produtos armazenados/estocados). SANGUE TOTAL O sangue total pode ser fresco (quando utilizado logo após a transfusão) ou armazenado sob refrigeração (1-6 oC). A principal indicação é hemorragia aguda (anemia com hipovolemia). O volume a ser transfundido depende do volume de sangue perdido e na estimativa de perdas futuras. Em geral, entre 10 e 22 mL/kg, e o volume diário não deve exceder este valor, a menos que a perda seja muito severa. Solução salina hipertônica (7,5%), 4-5 mL/kg i.v. por 10 minutos deve ser considerada em casos de choque hemorrágico. A transfusão de sangue total pode ser feita para corrigir anemias consequentes de outras causas, mas o concentrado de eritrócitos é preferível nestes casos. Quanto transfundir: CONCENTRADO DE ERITRÓCITOS A centrifugação do sangue total é o método indicado para obtenção deste produto e sua armazenagem deve ser feita sob refrigeração (1- 6oC). As principais indicações são anemia sem hipovolemia e anemia hemorrágica aguda com administração conjunta de plasma. PLASMA Este produto deve ser separado por centrifugação em até de 6 a 8 horas após a doação. Se o armazenamento é interrompido por mais de 30 minutos, deve-se utilizar dentro de 24 horas. O armazenamento deste produto depende do tipo de plasma, que pode ser líquido fresco (utilizado logo após sua obtenção), líquido refrigerado (1 a 6oC por 3 meses), fresco congelado (PFC: -30a 18oC por 1 ano). Quando o produto foi separado acima de 6 horas após a doação e então congelado, ou quando o PFC expira sua validade de 1 ano, ele é chamado de plasma congelado (PC: -30 a 18oC por 5 anos). Não é recomendada a estocagem de sangue felino (ou de outra espécie animal) que tenha sido coletado através de seringa, devido à contaminação bacteriana. As principais indicações são: pressão oncótica plasmática reduzida (efusão pleural severa, edema pulmonar), pacientes sob anestesia em que exista risco de hipotensão ou alteração da ligação da droga com as proteínas, hemorragia devido à intoxicação por antagonistas da vitamina K, deficiência de vitamina K e hemofilia B. O armazenamento do plasma prejudica a manutenção de níveis adequados do fator VIII e do fator de von Willebrand. Todo plasma deve ser reaquecido somente antes da tranfusão, utilizando um banho-maria entre 30 e 37oC por 20 a 30 minutos. PLASMA RICO EM PLAQUETAS E CONCENTRADO DE PLAQUETAS Estes compostos fazem parte dos chamados produtos plaquetários. O seu armazenamento é diferenciado dos produtos anteriormente descritos, pois deve passar por repouso por 1 hora seguido de agitação constante a temperatura ambiente (20 a 24oC) por 3 a 5 dias (já existem bolsas que permitem o armazenamento por até 7 dias em humanos). As principais indicações são: hemorragia por trombocitopenia e trombocitopatia. São eficazes em trombocitopenias causadas por redução da produção (leucemias, anemia aplásica). Menos eficazes nas causadas por aumento do consumo (coagulação intravascular disseminada), sequestro (esplenomegalia) e destruição (trombocitopenia imunomediada). REAÇÕES TRANSFUSIONAIS As reações transfusionais podem ser classificadas como imunológicas e não imunológicas e como agudas e tardias. As principais reações imunológicas e não-imunológicas estão listadas nas Tabelas 6 e 7. A ocorrência das reações transfusionais varia de 3 a 8% em cães e gatos, mas este índice tende a diminuir com o aumento do conhecimento e consequentes melhorias na medicina transfusional veterinária. REAÇÕES IMUNOLÓGICAS: INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA (ERITROCITÁRIA) Neste caso, hipertermia é comum, mas a urticária e o angioedema não. Insuficiência renal aguda e coagulação intravascular disseminada (CID) são sequelas incomuns. A severidade da reação está diretamente relacionada com o número de eritrócitos destruídos. A reação hemolítica severa aguda em gatos é mediada por IgM e lembra uma reação anafilática, em cães é mediada por IgG. Na reação hemolítica tardia não há sinais clínicos agudos, mas o hematócrito reduz rapidamente em 3-5 dias após a transfusão (deveria durar 4 a 6 semanas). O tratamento pré-transfusional com antihistamínicos e corticosteróides não irão prevenir este tipo de reação. REAÇÕES À PROTEÍNAS PLASMÁTICAS As reações imunológicas á proteínas plasmáticas (geralmente gamaglobulinas) são de natureza alérgica (mediadas por IgE) e resultam em urticária e angioedema, ou, raramente, anafilaxia. Podem ocorrer sinais como prurido, salivação, vômitos, diarréia e dispnéia (pela broncoconstrição), mas a hipertermia não é comum. O principal sinal da anafilaxia é a hipotensão, caracterizada por fraqueza, pulso fraco e palidez das mucosas. Nas reações alérgicas, existe perda de fluído e albumina da circulação, o que anula em parte o objetivo da transfusão. Em casos de reações severas, ascite, efusão pleural e edema pulmonar podem ocorrer. As reações alérgicas, em geral, ocorrem em 1 a 15 min, mas podem ocorrer durante a transfusão, mesmo que não tenha ocorrido reação alguma com uma dose-teste. O risco desse tipo de reação aumenta com a taxa de transfusão, possivelmente porque algumas são anafilactóides. Cães e gatos, ao contrário de humanos, podem ser receber mais de uma transfusão de um mesmo doador, e isso pode aumentar o risco destas reações. Nos casos de animais que necessitem mais de uma transfusão, o uso de um novo doador para cada transfusão e o pré- tratamento com antihistamínicos, com ou sem corticosteróides, podem ser considerados, especialmente se há histórico de reações alérgicas. O tratamento pré-transfusional com antihistamínicos e corticosteróides deve ser utilizado se uma velocidade alta de transfusão é necessária, entretanto isto não garante que a reação não irá ocorrer. Se o paciente tem histórico de reação alérgica severa e requer concentrado de eritrócitos, os eritrócitos podem ser lavados com solução salina antes da transfusão. REAÇÕES A LEUCÓCITOS E PLAQUETAS Reações febris não-hemolíticas que ocorrem em cães e gatos após transfusões de sangue total ou de produtos plaquetários são presumivelmente devido à resposta imune do receptor a antígenos leucocitários do doador ou a substâncias bioativas. Hipertermia (algumas vezes acompanhada de tremores e vômitos) pode ocorrer durante a transfusão ou dentro de algumas horas após e pode levar até 12 horas se resolver. O tratamento pré-transfusional com antihistamínicos não previnem este tipo de reação. O pré-tratamento com corticosteróides (como a dexametasona) ou antiinflamatórios não-esteroidais (paracetamol somente em cães) 1 hora antes da transfusão pode auxiliar na prevenção de reações febris. A rotação de doadores também pode reduzir o risco destas reações. O uso de filtros leucocitários é uma opção, mas em vista do seu alto preço torna-se inviável na rotina veterinária, além disso, todos os métodos de remoção de leucócitos resultam em alguma perda de eritrócitos e plaquetas. Trombocitopenia pós-transfusional pode ocorrer raramente em humanos e cães dentro de 1 a 2 semanas e dura até 2 meses. Nestes casos, a resposta imune é generalizada e os anticorpos do receptor atacam as próprias plaquetas, uma terapia imunossupressiva com prednisolona pode acelerar a recuperação. LÍQUIDOS CAVITÁRIOS LÍQUIDOS NO ORGANISMO O volume líquido corpóreo é dividido entre o volume de líquido intracelular (LIC) e volume de líquido extracelular (LEC), o LEC ainda é constituído de outros dois compartimentos: líquido intersticial (extravascular) e plasma (intravascular), ambos separados pelas paredes dos vasos sanguíneos. Os vasos linfáticos movimentam a linfa. A linfa é controlada pelas relações entre a pressão hidrostática e oncótica. Essas duas pressões regulam o equilíbrio de fluído em todo o organismo. Fisiologicamente, existe uma pequena quantidade de fluído presente nas cavidades. Esse líquido fornece a lubrificação necessária para a movimentação e fricção da superfície dos órgãos. O acúmulo anormal desses líquidos chama-se efusões. EFUSÕES Efusões são acúmulos de líquidos, além do normal, nas cavidades peritoneal, pericárdica e/ou pleural. Essa alteração ocorre pelo desequilíbrio entre os fluídos do sistema vascular, linfático e tecido conjuntivo. CAUSAS: 1 - PRESSÃO HIDROSTÁTICA O aumento da pressão hidrostática capilar que ocorre por obstrução venosa ou compressão vascular. A obstrução venosa é, geralmente, por ICC ou estase portal, causando inflamação extensa ou obstrução dos vasos. A compressão vascular é causada por tumores ou nódulos, aumentando, assim a resistência pulmonar. 2 - PRESSÃO ONCÓTICA A diminuição da pressão oncótica capilar está relacionada a baixas concentrações proteicas, principalmente de albumina. Causas: distúrbios hepáticos (cirrose), proteinúria excessiva por nefropatias, falha nutricional, diarreia e parasitismo. 3 - PERMEABILIDADE VASCULAR O aumento da permeabilidade capilar provoca o acúmulo de plasma juntamente com o aumento de líquidotissular do TC e diminuindo a capacidade de atração de líquidos. Causas: processos inflamatórios (PIF e pancreatite), reações alérgicas, toxinas, queimaduras e neoplasias. 4 - OBSTRUÇÃO LINFÁTICA A obstrução linfática impede o retorno dos líquidos. Acumula-se líquidos e proteínas, aumentando a pressão hidrostática. Causas: Linfadenite e hiperplasia linfoide, tumores e/ou metástases, abscessos, erros cirúrgicos e obesidade. CLASSIFICAÇÃO: As efusões são classificadas de acordo com as características do líquido presente na cavidade, por sua transparência, densidade, quantidade de proteína, quantia e predominância celular. TRANSUDATO: TRANSUDATO SIMPLES É um líquido que tem coloração amarelo quase transparente, baixa densidade (<1,020), mínima concentração de proteína (abaixo de 3,0 g/dL), não coagula e possui pouca ou nenhuma celularidade (menos de 1.000 células nucleadas), sendo que as células presentes geralmente são linfócitos ou células mesotenliais. Geralmente ocorre o aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica por IHC, nefropatia, eneteropatia e deficiência nutricional. TRANSUDATO MODIFICADO O transudato modificado é mais viscoso que o transudato puro, a coloração varia do âmbar ao branco e ao vermelho, o aspecto é de discretamente turvo a turvo, tem alto teor de proteína, geralmente têm entre 2,5 e 7,5 g/dL, a densidade ≥ 1,020, a contagem total de células fica entre 1.000 e 7.000 células nucleadas, normalmente encontra-se poucos linfócitos, eritrócitos variáveis e presença de células mesoteliais reativas. Geralmente ocorre o aumento da pressão hidrostática e obstrução linfática por cardiopatias, hepatopatias, neoplasias e torções de órgãos. EXSUDATO: SÉPTICO Reação inflamatória com presença de microrganismos. Tem aspecto turvo, coloração rosa, âmbar a avermelhado, Concentração de proteínas >3,0 g/dL, Densidade > 1,020, contagem celular de células nucleadas > 7.000. No exame citológico há predomínio de neutrófilos, macrófagos e células mesoteliais reativas, bactérias podem estar presentes. Comum na peritonite, reticulite e por trauma. ASSÉPTICO Reação inflamatória sem presença de microrganismos. Tem aspecto turvo, coloração rosa, âmbar a avermelhado, Concentração de proteínas >3,0 g/dL, Densidade > 1,020, contagem celular de células nucleadas > 7.000. Comum na PIF. TIPOS: EFUSÃO NEOPLÁSICA A efusão neoplásica ocorre principalmente devido à deposição das células tumorais nos vasos linfáticos, causando uma obstrução da linfa e extravasamento para as cavidades corpóreas. Os tipos neoplásicos mais comuns nas efusões são o linfossarcoma e o carcinoma. EFUSÃO UROPERITÔNIO Vazamento de urina para a cavidade peritoneal por ruptura de bexiga. O fluído é geralmente asséptico, mas pode ser séptico em casos de infecção no TU. Na suspeita, mensurar a concentração de uréia e creatinina do fluído abdominal e do sangue. No quadro de uroperitônio a creatinina estará em níveis mais elevados no fluído abdominal. EFUSÃO QUILOSA Em casos de ruptura do vaso linfático torácico, ocorre o acúmulo de fluido linfático em um ou ambos os espaços pleurais. É composta por quilomícrons, lipoproteínas ricas em triglicérides que são absorvidas pelo intestino após a ingestão de alimentos ricos em lipídeos. Causas: linfangiectasia intestinal. Em suspeita, dosar triglicerídeos da efusão e do sangue, em caso de ruptura os triglicerídeos da efusão estarão maior que do sangue. EFUSÃO BILIOSA Ocorre pela ruptura ou lesão da vesícula biliar. É um exsudato asséptico que ocasiona uma efusão com uma taxa protéica menor que 2,5g/dL. É de coloração esverdeada a amarelo-laranjado. Solicitar concentração de bilirrubina sanguínea e do fluído abdominal. A efusão biliosa apresenta bilirrubina 2x mais no fluído que no sangue. EFUSÃO HEMORRÁGICA As efusões hemorrágicas ocorrem em variados distúrbios como defeito de hemostasia, trauma, dirofilariose e neoplasias. A diferenciação entre efusão hemorrágica e contaminação sanguínea iatrogênica é de grande importância. Para diferenciar a localização do sangue analisar hematócrito e contagem de células do sangue e da efusão. Em hemorragias antigas não há a presença de plaquetas, podendo apresentar cristais de hematoidina e eritrofagocitose. Em contaminação por sangue por erro de coleta há a presença de plaquetas. PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF) A PIF é uma infecção viral que parasita monócitos e macrófagos migrando para outros órgãos pelo sangue. A PIF efusiva tem como sintomas a febre, perda de peso, anorexia e apatia, acompanhados de uma gradual distensão abdominal, com um fluido ascítico amarelo e viscoso. Está presente grande quantidade proteica (imunoglobulinas e albumina) no fluído. ANÁLISE: FÍSICA A análise física consiste em avaliar características como cor, odor, aspecto, densidade e coagulação. CITOLÓGICA A contagem total de células nucleadas (CTCN) pode ser obtida pelo método de contagem de células pela câmara de Neubauer (contar eritrócitos e células nucleadas). A amostra deve ser coletada com EDTA. QUÍMICO CULTURA MICROBIANA A cultura microbiana de efusão e o TSA são realizados se a citologia e o pH do líquido sugerirem causa inflamatória ou infecciosa. Pode se realizar esfregaços do sedimento do líquido após centrifugação e realizar colorações de zieh- Neelsen e gram. CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS EFUSÕES FORMAS DE COLETA: Todo tipo de fluido é colhido em um tubo com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para exame citológico, determinação de proteínas e contagem de células nucleadas totais, e outra amostra coletada em tubo seco para realização de exames bioquímicos como (por exemplo, bilirrubina, creatinina) e caso seja necessário cultura, o fluido é coletado em meio de transporte para cultivo. PARACENTESE A indicação de coleta é quando houver volume excessivo ou para determinar sua natureza. Antecedendo a coleta deve ser realizada a tricotomia e antissepsia. Para realização do procedimento o animal. O local de punção é na linha média ventral do abdômen, 1 a 2 cm caudal do umbigo, a bexiga deve ser esvaziada antes do procedimento para evitar cistocentese acidental. PERICARDIOCENTESE O excesso de líquido do saco pericárdico deve ser retirado. O animal é posicionado em decúbito lateral e a sedação é necessária muitas vezes para evitar acidentes. Após tricotomia e antissepsia, faz-se a inserção com cateter adequado ao tamanho do animal, o local é entre o quarto e quinto espaços intercostais na junção costocondral, e a pressão negativa deve ser mantida. O monitoramento por eletrocardiograma (ECG) é recomendado durante a pericardiocentese, uma vez que o contato da agulha durante a coleta pode ocasionar arritmia. TORACOCENTESE O animal é contido em decúbito esternal ou em estação. A anestesia somente é feita para retirada de grande quantidade de fluido, não sendo necessária para pequena quantidade de amostra. Procede-se a tricotomia e antissepsia. A região mais indicada é entre o quinto e sétimo espaço intercostal, próxima a superfície cranial da costela. AVALIAÇÃO PANCREÁTICA PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula mista, com porção endócrina e exócrina. O pâncreas no cão e gato são anatomicamente parecidos, diferenciando-se apenas na comunicação do ducto pancreático. Enquanto que no cão há um ducto biliar e pancreático que desembocam no duodeno, no gato, há a junção desses ductos desembocando também no duodeno. Essa junção anatômica dos ductos é a responsável pelo refluxo biliar e de conteúdoluminal para os ductos pancreáticos, estando presente frequentes doenças inflamatórias no pâncreas, essa condição é chamada de Tríade Felina. PÂNCREAS ENDÓCRINO O pâncreas endócrino é formado pelas ilhotas de Langerhans, cada ilhota é formada por quatro tipos de células: alfa, beta, delta e PP. Na ilhota, as células beta ficam aglomeradas na região central, enquanto que as células alfa ocupam a margem externa. Células do pâncreas endócrino: • α: produtoras de glucagon, são menos frequentes (20-25%) • β: produtora de insulina, são as células mais numerosas (60-79%) A principal função do pâncreas endócrino é secretar insulina e glucagon, esses hormônios agem diretamente no metabolismo intermediário de carboidratos, proteínas e lipídeos. São hormônios antagônicos. A insulina e o glucagon cumprem ações agindo, principalmente, sobre o fígado, músculo estriado esquelético e tecido adiposo, sendo liberados em resposta ao influxo de nutrientes. SINTOMAS PARA DISFUNÇÃO NO PÂNCREAS ENDÓCRINO • Emagrecimento progressivo • PU/PD • Polifagia • Fraqueza, convulsão, confusão mental, ataxia e tremores DOENÇAS As doenças no pâncreas endócrino são caracterizadas pela alteração na concentração de glicose em hiper ou hipoglicemia. A hiperglicemia pode ser por DM, pós-esforço, glicocorticóides (estresse em gatos) e pancreatite aguda. A hipoglicemia está relacionada a hepatopatia severa, sepse, hiperinsulinemismo (insulinoma ou superdosagem) e inanição. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE SÉRICA Medir a glicose sérica em fitas de glicosímetro portátil. O sangue deve ser colhido com jejum prévio de 12h, com fluoreto de potássio (tubo de tampa cinza). FRUTOSAMINA Proteína glicada estável gerada por hiperglicemia com mais de 3 dias de duração que indica o monitoramento de 1-3 semanas da taxa glicêmica. Pode ocorrer interferências por hipoalbunemia. • (↑): os níveis elevados de frutosamina indicam hiperglicemia crônica nos últimos 7 a 9 dias. DM descontrolada. • (↓): indica hipoglicemia HEMOGLOBINA GLICADA É a hemoglobina estável gerada em hiperglicemia. É indicada para monitorização da taxa glicêmica de até 60 dias no cão e de até 40 dias no gato. Coletar as amostras em tubos com EDTA (verde) ou heparina (roxo). Pode ocorrer interferências em anemia e IR. Valores de normalidade: • 6 - 32 U/ml CONCENTRAÇÃO DE INSULINA SÉRICA Jejum de 12h. • Insulina ↑ (isulinoma) • Insulina ↓ (DM) PÂNCREAS EXÓCRINO A mais importante função do pâncreas exócrino é a síntese e secreção de enzimas digestivas e zigômeros pelas células acinares que são essenciais na degradação das proteínas (tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidases), gorduras (lipase) e carboidratos (amilase) presentes na dieta e, ainda, pela secreção de água e íons, principalmente bicarbonato. SINTOMAS PARA DIFUNÇÃO NO PÂNCREAS EXÓCRINO • Emagrecimento progressivo mesmo com boa alimentação • Fezes pastosas e mais claras que o normal • Êmese e diarréia • Dor abdominal • Febre DOENÇAS: PANCREATITE A ativação do tripsinogênio em tripsina dentro das células pancreáticas acinares é o evento que inicia o desenvolvimento da pancreatite. PANCREATITE AGUDA É caracterizada por início agudo, sendo que os episódios podem recidivar. É dividida em pancreatite aguda leve e intensa. A pancreatite leve é autolimitante, sem comprometimento vascular nem insuficiência ou complicações multissistêmicas e de recuperação descomplicada. A pancreatite intensa é progressiva, com comprometimento vascular, complicações intensas e insuficiência multisistêmica. Achados laboratoriais: PANCREATITE CRÔNICA Pode ser contínua e latente ou recorrente e episódica, podendo ser leve ou intensa. É comum o cão manifestar apetite caprichoso, transtornos digestivos brandos, vômitos esporádicos, diarréia esporádica e perda de peso. Achados laboratoriais: INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA (IPE) A IPE ocorre quando há perda progressiva do tecido acinar, a partir de atrofia ou destruição inflamatória, resultando em secreção insuficiente de enzimas digestivas e sinais clínicos de má digestão e má absorção. Dentre as causas mais comuns da IPE está atrofia acinar pancreática (AAP) por pancreatite lindocítica imunomediada hereditária, seguida menos comumente pela pancreatite crônica, obstrução do ducto pancreático e, raramente, por neoplasias. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: IMUNOREATIVIDADE À TRIPSINA SÉRICA (TLI) • TLI ↑ = pancreatite. Ter como referência o aumento de 2,5x da amilase e lipase também. • TLI ↓ = IPE SPEC PARA LIPASE PANCREÁTICA Teste rápido por ELISE em imunoreatividade específica com células acinares pancreáticas, podendo ser canino (cPL) ou felino (fPL). A sensibilidade do SPEC canino é maior que o felino. Cão: • 201 - 399 (inflamação suspeite) • > 400 (pancreatite ativa) Gato: • 3,6 - 5,3 (inflamação suspeita) • > 5,4 (pancreatite ativa) OUTROS TESTES PARA IPE: COPROFUNCIONAL É a pesquisa proteína, gordura e amido fecal. A pesquisa de proteína fecal (tripsina) é feita em teste de digestão do filme RX. • Digestão do filme RX = (+) para tripsina • Não-digestão do filme RX = IPE A pesquisa de gordura fecal é feita pela Sudam III pela prova de absorção de gordura não-digerida. • Plasma lipidêmico = digestão normal, apresnetando 10 ou mais gotas de cor laranja • Plasma não-lipidêmico = IPE A pesquisa de amido fecal é feita pela enzima ativa de amilase (hidrólise de amido e dlicogênio) em solução de Lugol em microscópio. Não é específico porque depende da quantidade de amido na dieta. • Amido digerido = digestão normal • Amido não-digerido = grânulos pretos em amido fecal no microscópio HEMATOLOGIA DE AVES E RÉPTEIS FASE PRÉ-ANALÍTICA Essa etapa inclui a solicitação (todas as informações do paciente), preparo do paciente, coleta adequada, preservação (do paciente e da amostra), transporte da amostra e do acondicionamento e do preparo para a realização do exame. Para animais silvestres é essencial a utilização de agulha e seringa para punção venosa. A agulha utilizada geralmente é a de insulina com uma cometa de até 1ml. As coletas são feitas em tubos neonatos/pediátricos humanos que tem capacitade de 0,25-0,5ml. TIPOS DE TUDO DE COLETA: 1 - ANTICOAGULANETE EDTA É o tubo de tampa roxa (ácido etileno diaminotetracético). Não utilizar em répteis, anfíbios e peixes. Esse tudo preserva plaquetas, hemácias e leucócitos. 2 - ANTICOAGULANTE CITRATO DE SÓDIO É o tubo de tampa azul. É usada especificadamente em avestruzes e emus pela fragilidade da espécie nos eritrócito. 3 - ANTICOAGULANTE HEPARINA LÍTICA É o tubo de tampa verde. Usado para répteis. A leitura deve ser feita em até 6h pois, após esse horário, é promovida a coloração imprópria das células, por isso, fazer uma amostra de esfregaço para confirmação. É utilizado em análises bioquímicas de urgência. Não utilizar em provas de coagulação, testes moleculares e gasometria. 4 - SEM ANTICOAGULANTE É o tubo de tampa vermelha. Tudo para bioquímico e amostragem de soro. Utilizado em todas as espécies. VIAS DE PUNÇÃO: AVES É importante tampar a visão para gerar menos estresse. Punção em jugular direita. SERPENTES Punção de artéria ou veia caudal, veija jugular ou coccígea caudal. Cardiocentese em cobras com >1kg com utilização do holter e anestesia. LAGARTOS Punção em veia jugular, veia cava posterior, coccígenea ventral e abdominal ventral. QUELÔNIOS Punção em veia jugular ou subcarapacial. É normal a punção de sangue com linfa.CROCODILOS E JACARÉS Punção em veia coccígena ventral, seop retro occiptal e, também, por cardiocentese. HEMATOLOGIA: SÉRIE VERMELHA: ERITRÓCITOS Os eritrócitos dos animais silvestres são nucleados. São células ovaladas, grandes, nucleados mesmo na forma adulta, maior quantidade de citoplasma. O VCM é alto e o CHCM é baixo pela forma da célula, logo, a concentração de hemoglobina é baixa pelo grande tamanho da célula. O número de eritrócitos e a concentração de hemoglobina é influenciada pela idade, sexo e variações hormonais. Tem a mesma função que nos mamíferos, carreia a hemoglobina, O2 e CO2 dentro da célula. A hematopoese nos silvestres têm sítios de produção diferentes. Nos peixes e anfíbios ocorre nos rins, fígado e baço. Nos répteis ocorre primeiramente na MO e baço e, secundariamente, no baço e fígado. Nas aves ocorre na MO e baço, enquanto que a linfopoiese ocorre no timo e burca de Fabricius. A eritropoiese nas aves é feita pelo baço. A recuperação dos eritrócitos leva de 3-7 dias, enquanto que a sobrevida dos eritrócitos é de 28-45 dias. TROMBÓCITOS São células que se assemelham funcionalmente às plaquetas dos mamíferos. São células pequenas, menores que os eritrócitos e de forma redonda a oval. SÉRIE BRANCA: HETERÓFILOS São células que se assemelham aos neutrófilos segmentados nos mamíferos. São altamente fagocíticas, de atividade bactericida e essencial na resposta inflamatória aguda. EOSINÓFILO O tamanho se assemelha aos heterofilos. Possuem núcleo lobulado e a coloração tende a ser mais escura que no núcleo dos heterofilos. BASÓFILO São menores que os heterofilos e possuem um citoplasma incolor, carregado de grânulos fortemente basófilo e metacromáticos. LINFÓCITOS A sua forma se assemelha ao dos mamíferos. Elevada relação N:C. O núcleo é redondo, de posiçã central, sendo envolvido por uma pequena quantidade de citoplasma basófilo. MONÓCITOS São maiores que os leucócitos do sangue periférico. Sua forma varia de redonda a amebóide e possuem um núcleo redondo, oval ou lobulado. ANEMIAS E POLICEMIAS É classificado a partir da contagem de hematócritos, hemoglobina e eritrócitos totais. Qualquer valor abaixo da referência é considerado anemia, assim como, qualquer valor acima, é considerado policetemia. Causas de anemias: • Dieta e nutrição (deficiência de cobre, ferro e vitamina B12) • Infecções e inflamações • Hormônios circulantes em fase reprodutiva • Excesso de cortisol • Perda sanguínea por trauma e hemorragia • Processos imunomediados por intoxicação e hemoparasitas • Deficiência de produção por alterações renais e medulares CONTAGEM DE ERITRÓCITOS É feito manualmente pela câmara de Neubauer com diluição de sangue em solução de Natt Herrick 1:50. HEMATÓCRITO (VOLUME GLOBULAR) É o volume da massa eritróide de uma amostra de sangue dada em porcentagem após centrifugação (10 a 15.000 rpm). Aves não apresentam icterícia. É usada os carotenóides como mensuração. VCM Ht x 10 / n° de eritrócitos CHCM Hb x 100 / hematócrito CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS ERITRÓCITOS A classificação dos termos é relativa pois não há como aumentar a capacidade eritrocitária. • VCM: normo, macro e microcítca • CHCM: normo e hipocrômico CONTAGEM DE RETICULÓCITOS Assim como nos mamíferos, é o melhor indicativo da atividade regenerativa da eritropoiese medular. É observado policromasia nos eritrócitos quando em regeneração. Os reticulócitos contados são aqueles agregados. Indícios de regeneração: • Policromasia • Anisocitose • Eritroblastos/metarrubrícitos Reticulócitos obtidos (%) x Ht do animal x 100 / ht normal da espécie PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TOTAIS (PPT) É contagem entre eritrócitos, hemoglobina, hematócrito e volemia. Essa contagem auxilia no diagnóstico de desidratação pela policitemia relativa. AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA • Corpúsculo de Heinz. É a oxidação do eritrócito, geralmente por intoxicação medicamentosa. • AHIM. Ocorre a presença de hemoaglutinação. Comum em psitacídeos. • Anisocitose, é a diferença de tamanho entre as células • Binucleação por mitose • Eritroplastídeos, são células sem núcleo que sugerem a regeneração de anemias HEMOPARASITOSES • Plasmódium • Microfilária • Bactérias • Haemoproteus • Hemogregarinas (Hepatozoon spp.) • Haemoproteus spp. • Leukocytozoon spp. (atinge os leucócitos) • Trypanossoma spp. LEUCOGRAMA HETERÓFILOS Heterofilia: • Aumento discreto no verão • Inflamação • Bacteremias Heteropenia: • Pouco descrito Heterófilos tóxicos: • Bacteremia • Doenças sistêmicas severas EOSINÓFILOS Eosinofilia: • Parasitemia • Estação reprodutiva • Hibernação (inverno) Eosinopenia: • Sem significância BASÓFILO Basofilia: • Reação de hipersensibilidade • Inflamação aguda Basopenia: • Sem significância LINFÓCITOS Nos répteis está muito mais presente os linfócitos (15- 90%) do que os heterofilos. Linfocitose: • Inflamação e infecção parasitária ou viral • Cicatrização Linfopenia: • Infecções virais • Ação de anestésico MONÓCITO Monocitose: • Estímulo antigênico • Necrose, inflamação e isquêmia • Doenças infecciosas AZURÓFILO Está presente apenas em répteis (serpentes e quelônios). Não é conhecido todas as suas funções completamente, mas é similar aos monócitos. Possui capacidade fagocítica e na produção de defensinas e substâncias contra bactérias. CITOLOGIA POR QUE REALIZAR O EXAME CITOLÓGICO? É um exame de (1) baixo custo e de resultado com curto tempo (2-3 dias), é (2) pouco invasivo e na maioria das vezes sem sedação, (3) pode ser repetida sem qualquer dano ao paciente, (4) o diagnóstico é na maioria das vezes conclusivos, é possível (5) diferenciar inflamação, neoplasia e processos degenerativos, (6) pode ser coletado em transoperatório e (7) oferece material para outros exames. Indicações: • Formações cutâneas • Órgãos internos • Lesões ósseas • Lesões em mucosa oral, nasal ou vaginal • Materiais líquidos com efusões, líquor e valado vesical ou traqueal LIMITAÇÕES DO EXAME CITOLÓGICO Na (1) diferenciação de algumas neoplasias, (2) risco de puncionar materiais císticos com risco de inflamação e hemorragia, (3) materiais não- representativos, (4) coleta inadequada e (5) preparo incorreto da lâmina. TÉCNICAS DE COLETA: 1 - PUNÇÃO ASPIRATIVA DE AGULHA FINA (PAAF) 1) Delimitar e fixar a área a ser puncionada manualmente e fazer anti-sepsia 2) Puncionar a área delimitada, com uma agulha hipodérmica de 25x7 ou 30x7 e uma seringa descartável acoplada a um manete 3) Introduz-se a agulha no tecido de interesse, aspirando-se lentamente o êmbolo. Enquanto uma pressão negativa é aplicada na seringa deve-se mover a seringa para frente e para traz e em direções diferentes (formando um leque). Este procedimento deve ser repetido por no mínimo 3 a 4 vezes em diferentes ângulos dentro da lesão em questão. Uma mínima quantidade de material na agulha é adequada e, geralmente, é o suficiente para a interpretação citológica. Em termos práticos, devemos parar os movimentos quando observamos o material “sujar” o canhão da agulha 4) Antes de a agulha ser removida da massa, libera- se o êmbolo lentamente e, então, retire da massa. Agora, se desconecta a agulha. É repuxado o êmbolo, novamente acoplada à seringa e à agulha para então ser despejado o material em lâminas de vidro. Uma pequena gota depositada em região próxima a extremidade da lâmina é o suficiente. Deve-se fazer no mínimo, três lâminas por punção
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