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2018 Estética E artE Profª. Brigitte Grossmann Cairus Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Profª. Brigitte Grossmann Cairus Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. C136e Cairus, Brigitte Grossmann Estética e arte. / Brigitte Grossmann Cairus – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 239 p.; il. ISBN 978-85-515-0196-2 1.Arte – Brasil. 2.Estética – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 701.17 III aprEsEntação Caro acadêmico! Como podemos refletir sobre as emoções produzidas pelos objetos que admiramos? Por que será que a arte sempre existiu durante a história da humanidade, e quais foram as principais influências estéticas no ocidente? Ao longo desta disciplina, compreenderemos que a arte reside, basicamente, na habilidade humana de abstrair o pensamento e interpretar o mundo em sua volta de maneira criativa e simbólica. Na primeira unidade deste livro, você será capaz de definir a estética da arte como uma disciplina da filosofia que estuda todas as manifestações artísticas. Compreenderá também como, em termos de conceitualização da música, há várias abordagens possíveis, dentre elas a abordagem mais conservadora, a estruturalista e a fenomenológica. Compreenderá como a essência do que é considerado belo, feio e sublime foi definida pelos filósofos de várias maneiras e se tornou a principal preocupação dos esteticistas. Ao mesmo tempo, entenderá como a história da arte tem sido, em termos conceituais, até a contemporaneidade, um conflito entre a forma e a matéria. De um modo geral, as artes do mundo ocidental foram influenciadas principalmente pela arte dos gregos. Assim, na segunda unidade deste livro, você conhecerá as origens históricas da estética clássica ocidental e, mais precisamente, a origem do classicismo na arte e na arquitetura grega e romana. Compreenderemos como a apreciação pelo tratamento ideal do corpo, tanto entre os gregos como romanos, inspirou os pintores renascentistas na Europa a retratarem os nus clássicos, como a herança clássica foi novamente reacendida durante o Neoclassicismo e como esta permanece velada até os dias de hoje, na contemporaneidade. Por fim, estudaremos, ao fim da segunda unidade, um pouco acerca da natureza histórica e estética da música clássica, que designou uma idade de ouro da música entre os séculos dezessete e dezenove. Na terceira unidade, você estará apto para compreender, com o advento da modernidade, a trajetória filosófica da estética artística no ocidente e as concepções estéticas e seus impactos na história da arte a partir do pensamento dos filósofos e intelectuais modernos e contemporâneos, como Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Johann Christoph Friedrich von Schiller, Friedrich Wilhelm Nietzsche, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty, Hans-Georg Gadamer e Gilles Deleuze. Bons estudos e ótimas descobertas! Professora Brigitte Grossmann Cairus IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA ......................... 1 TÓPICO 1 – CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA....................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 A NATUREZA DA ARTE: DEFINIÇÕES, CONCEITOS E TEORIAS ....................................... 6 2.1 O CONCEITO CLÁSSICO DA ARTE ........................................................................................... 8 2.2 O CONCEITO DAS BELAS ARTES .............................................................................................. 10 2.3 ARTE COMO IMITAÇÃO .............................................................................................................. 12 2.4 A IDEIA DE MIMESES DE PLATÃO ............................................................................................ 14 2.5 ARTE COMO FORMA E CRIAÇÃO ............................................................................................. 17 2.6 CLIVE BELL E A ABSTRAÇÃO DE VANGUARDA ................................................................. 18 2.7 ARTE COMO EXPRESSÃO ............................................................................................................ 19 2.8 ARTE COMO ABSTRAÇÃO OU IDEIA ...................................................................................... 20 2.9 ARTE COMO “SEMELHANÇA FAMILIAR” ........................................................................... 21 2.10 A TEORIA INSTITUCIONAL DA ARTE ................................................................................... 21 2.11 TEORIAS ESTÉTICAS DA ARTE ............................................................................................... 22 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25 TÓPICO 2 – ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA .................................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 CARACTERÍSTICAS DA ARTE ....................................................................................................... 28 2.1 A INCERTEZA DA ARTE .............................................................................................................. 28 3 DEFINIÇÃO DE ESTÉTICA ............................................................................................................... 28 3.1 DEFINIÇÃO DE ARTE NA ESTÉTICA ........................................................................................ 29 3.2 ARTE, ESTÉTICA, ÉTICA E FILOSOFIA ..................................................................................... 30 3.3 ANÁLISE ESTÉTICA DAS OBRAS DE ARTE ............................................................................. 32 4 A ESTÉTICA NA MÚSICA ................................................................................................................. 33 4.1 O CONCEITO DAMÚSICA .......................................................................................................... 34 4.2 A ONTOLOGIA DA MÚSICA ....................................................................................................... 36 4.3 FORMA E PERCEPÇÃO NA ESTÉTICA MUSICAL ................................................................. 37 4.4 SIGNIFICADO DA MÚSICA ......................................................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 – O BELO, O FEIO E O SUBLIME NA ESTÉTICA ....................................................... 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41 2 A BELEZA NA ESTÉTICA .................................................................................................................. 42 2.1 DEFINIÇÃO DA BELEZA NA ARTE ........................................................................................... 44 2.2 TEORIAS DA BELEZA ................................................................................................................... 47 3 O FEIO E O SUBLIME ......................................................................................................................... 54 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68 sumário VIII UNIDADE 2 – RAIZES HISTÓRICAS DA ESTÉTICA CLÁSSICA OCIDENTAL: GRÉCIA E ROMA ANTIGAS ..................................................................................................... 69 TÓPICO 1 – ORIGENS DO CLASSICISMO ..................................................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 2 O QUE É O CLASSICISMO? O QUE É O NEOCLASSICISMO? ............................................... 73 2.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTILO CLÁSSICO ............................................................................ 75 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84 TÓPICO 2 – O CLASSICISMO NA ARTE E NA ARQUITETURA GREGA ............................... 85 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85 2 O ESTILO ARCAICO GREGO .......................................................................................................... 89 3 O ESTILO CLÁSSICO E A ESTÉTICA DA ARTE GREGA ......................................................... 94 4 A NARRATIVA NA ARTE GREGA .................................................................................................. 99 5 REPRODUÇÕES MODERNAS E CONTEMPORÂNEAS .........................................................102 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................106 TÓPICO 3 – O CLASSICISMO NA ARTE E ARQUITETURA ROMANA ................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 O CLASSICISMO ROMANO NO REINADO DE AUGUSTO .................................................109 3 O COLAPSO ROMANO E O RENASCIMENTO DA ESTÉTICA CLÁSSICA NO SÉCULO XIV NA EUROPA ..............................................................................................................123 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 TÓPICO 4 – A ESTÉTICA DA MÚSICA CLÁSSICA .....................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 FORMA MUSICAL ............................................................................................................................130 3 MÚSICA COMO ARTE ABSTRATA ..............................................................................................131 4 FORMALISMO MUSICAL ...............................................................................................................132 5 BELEZA, PRAZER SUBLIME E SENSUAL NA MÚSICA ..........................................................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................141 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142 UNIDADE 3 – ESTÉTICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA ................................................143 TÓPICO 1 – ESTÉTICA E MODERNIDADE: KANT, HEGEL E SCHILLER ............................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 IMMANUEL KANT E O JULGAMENTO ESTÉTICO ................................................................148 2.1 KANT E A ESTÉTICA NA MÚSICA ..........................................................................................158 3 GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL E O VALOR DA ARTE ...........................................159 4 FRIEDRICH SCHILLER E A EDUCAÇÃO ESTÉTICA ..............................................................164 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................172 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174 IX TÓPICO 2 – ESTÉTICA E O PENSAMENTO PÓS-MODERNO: NIETZSCHE, HEIDEGGER E MERLEAU-PONTY ....................................................................................................175 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175 2 NIETZSCHE E O ARTISTA ..............................................................................................................176 2.1 DIONISÍACO E APOLÍNEO ........................................................................................................177 2.2 O DESEJO DE PODER ..................................................................................................................181 3 OS TRÊS PILARES DA ESTÉTICA DE HEIDEGGER ...............................................................187 4 MERLEAU-PONTY E A HISTORICIDADEDA ARTE .............................................................194 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................206 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................209 TÓPICO 3 – ESTÉTICA E A CONTEMPORANEIDADE: GADAMER E DELEUZE ..............211 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................211 2 GADAMER E A SUBSTÂNCIA DA SUBJETIVIDADE ESTÉTICA ........................................212 2.1 A EXPERIÊNCIA DA ARTE NA CONTEMPORANEIDADE ................................................217 2.2 JOGO E ARTE .................................................................................................................................218 2.3 O FESTIVAL ....................................................................................................................................220 2.4 O SÍMBOLO ....................................................................................................................................222 3 GILLES DELEUZE E O DOMÍNIO TRANSCENDENTAL DA SENSIBILIDADE ...............223 3.1 DELEUZE E AS ARTES .................................................................................................................224 3.2 PERCEPTOS E AFECTOS .............................................................................................................226 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................227 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................229 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................231 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................233 X 1 UNIDADE 1 ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • compreender o conceito de arte, de estética e a relação no contexto social, histórico e cultural; • compreender a estética na música; • aprender as especificidades conceituais acerca do belo, do feio e do sublime na arte. Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará autoatividades que o ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos. TÓPICO 1 – CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA TÓPICO 2 – ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA TÓPICO 3 – O BELO, O FEIO E O SUBLIME NA ESTÉTICA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 1 INTRODUÇÃO A palavra arte vem do latim ars, que significa o “ato de fazer”. A arte, para os gregos, significava o domínio, para o ser humano, de uma ou mais técnicas. Temos o costume de usar a palavra arte para a ideia de saber fazer algo bem feito, por exemplo, a arte da guerra, a arte da política, a arte de cozinhar etc. Assim, a arte, quando empregada no domínio das artes visuais, do teatro, dança e da música, em sua definição primeira, incorpora o domínio técnico e a habilidade de fazer a obra que será admirada, seja ela uma canção, uma escultura, uma poesia, uma coreografia ou uma pintura. Entretanto, a definição é apenas a “ponta do iceberg”, pois o termo arte engloba vários conceitos e interpretações diferentes. Historicamente, de início, a arte teve uma função ritual e mágico-religiosa, que foi sofrendo alterações com o passar do tempo. Na civilização ocidental, por exemplo, a arte teve uma função religiosa até o período da Idade Média. Com o Renascimento italiano, em finais do século XV, começa a haver a distinção entre a razão e a fé, e a arte começa a ter uma função mais estética do que religiosa. No período, o artesanato também passa a ser distinto das belas artes. O artesão é aquele que se dedica à produção de obras múltiplas, ao passo que o artista é quem cria obras únicas. Já a classificação utilizada na Grécia antiga incluía seis ramos dentro da própria arte: a arquitetura, a dança, a escultura, a música, a pintura e a poesia (literatura). Mais recentemente, houve a inclusão do cinema como sendo a sétima arte e a fotografia como a nona. Seja como for, a definição do termo “arte” varia conforme a época e a cultura, e é um reflexo da maneira criativa como o ser humano vive, pensa, sente e acredita em determinada época. A estética é uma ciência que irá decifrar todas as mudanças conceituais e teóricas da arte ao longo do tempo, bem como analisar a relação existente entre a arte e o homem. Jacqueline Branco Realce UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 4 Entretanto, o que será que determina o fazer artístico? Trata-se de uma dinâmica intensa, que envolve três importantes elementos intrinsicamente ligados ao artista: sua personalidade, o contexto histórico-cultural e as influências recebidas pelo meio ambiente em que vive. Para Gallo (1997), o próprio artista determina a funcionalidade de sua obra. Vejamos agora algumas definições de artistas e intelectuais famosos a respeito da arte, segundo Herman (2014), para tentarmos abarcar um pouco da complexidade do universo conceitual. Ao final de cada citação, você encontrará o nome do artista, o período em que ele viveu e a fonte da citação. • Arte como imitação ou criação: - “O artesão sabe o que ele quer fazer antes mesmo de começar, mas a confecção de uma obra de arte é um negócio estranho e arriscado, no qual o fabricante nunca sabe exatamente o que ele está fazendo até que ele faça”. R. G. Collingwood (1889-1943), filósofo inglês, The Principles of Art (1938). - “A arte ou é plagiária, ou é revolucionária”. Paul Gauguin (1848-1903), artista francês nascido no Peru, citado em Huneker, The Pathos of Distance (1913). • Arte cria beleza ou harmonia: - “Preenchendo um espaço de uma maneira bonita. Isso é o que a arte significa para mim”. Georgia O'Keeffe (1887-1986), pintora americana, em Art News, dezembro de 1977. - “A arte é harmonia”. Georges Seurat (1859-1891), pintor francês, carta para Maurice Beaubourg (1890). • Arte como algo que revela a verdade essencial ou escondida: - “A arte não reproduz o visível, em vez disso, torna (algo invisível em) visível”. Paul Klee (1879-1940), pintor suíço, The Inward Vision (1959). - “Todos sabemos que a arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade”. Pablo Picasso (1881-1973), pintor espanhol, citado em Picasso on Art, de Dore Ashton (1972). • Arte como um pensamento expressado através da forma (ou não): - “As ideias sozinhas podem ser obras de arte. Todas as ideias não precisam ser concretizadas. Uma obra de arte pode ser entendida como uma ponte entre a mente do artista para o espectador. Mas talvez a obra de arte nunca possa chegar ao espectador, ou talvez nunca saia da mente do artista”. Sol LeWitt (1928-2007), artista americano, "Sentenças na arte conceitual", em Arte e Significado, editado por Stephen David Ross (1994). TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 5 • Arte como uma fonte de calma em um mundo caótico: - “A arte tem algo a ver com a conquista da quietude no meio do caos”. Saul Bellow (1915-2005), romancista americano, em George Plimpton, Writers at Work, terceira série (1967). • Arte como fenômeno político: - “ Não acho que a arte seja elitista ou misteriosa. Não creio que ninguém possa separar a arte da política. A intenção de separar a arte da política é em si mesma uma intenção muito política”. Ai Weiwei (1957-), artista chinês, "Shame on Me", em Der Spiegel, 21 de novembro de 2011. • Arte como autoexpressão ou autobiografia: - “O que é arte? A arte cresce fora da tristeza e alegria, mas principalmente,do sofrimento. Nasce da vida das pessoas”. Edvard Munch (1863-1944), artista norueguês, em Edvard Munch: The Man and His Art, de Ragna Stang (1977). - “Toda a arte é autobiográfica; a pérola é a autobiografia da ostra”. Federico Fellini (1920-1993), diretor de cinema italiano, no Atlantic Monthly, dezembro de 1965. • Arte como comunicação de sentimentos: - “Evocar em si mesmo um sentimento que experimentou, e então, por meio de movimentos, linhas, cores, sons ou formas expressas em palavras, para transmitir esse sentimento - esta é a atividade da arte”. Leon Tolstoi (1828- 1910), autor russo, em O que é arte? (1890). • Arte como vício: - “A arte é uma droga formadora de hábitos”. Marcel Duchamp (1887-1968), artista norte-americano de origem francesa, citado em Richter, Dada: arte e antiarte (1964). • Arte como uma tentativa de se obter a imortalidade: - “A arte é uma revolta, um protesto contra a extinção”. André Malraux (1901- 1976), romancista, ensaísta e crítico de arte francês, Les Voix du silence (1951). • Arte como aquilo que é exibido em um museu ou galeria: - “[Em 1917, Marcel Duchamp, usando o pseudônimo R. Mutt, submeteu um urinol comprado na loja, que intitulou “Fonte”, para uma exposição de arte]. Se o Sr. Mutt, com suas próprias mãos, fez o tal urinol ou não, isso pouco importa. Ele fez a escolha. Ele tomou um objeto comum, do nosso cotidiano, colocou-o (em UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 6 um museu) de modo que seu significado útil desapareceu sob um novo título e ponto de vista (e) criou um novo pensamento para o objeto”. Marcel Duchamp, Beatrice Wood e Henri-Pierre Roché, The Blind Man, 2ª edição (maio de 1917). - “Se uma declaração geral pode ser feita sobre a arte dos nossos tempos, é que, por um lado, o antigo critério do que uma obra de arte deveria ser foi descartado em favor de uma abordagem dinâmica na qual tudo é possível”. Peter Selz (1919), historiador de arte americano de origem alemã, Art in Our Times (1981). A arte, como vimos a partir das definições anteriores, é um tema complexo, que merece ser adensado em suas teorias, definições e concepções históricas. Vamos agora explorar um pouco mais o tema nos estudos desta unidade. 2 A NATUREZA DA ARTE: DEFINIÇÕES, CONCEITOS E TEORIAS “Realmente não existe a arte como tal. Há apenas artistas”. (Gombrich, 1984, p. 4) A observação de Gombrich sugere que a arte não existe por si própria, mas é algo que os artistas fazem. Os vários exemplos utilizados para ilustrar determinada opinião – a cerâmica, a arquitetura, a pintura, as instalações contemporâneas, a arte performática, a fotomontagem e escultura – têm um status estético. Em outras palavras, o rótulo "arte" conecta objetos, práticas e processos muito diferentes. Reconhecendo a diversidade, várias categorias foram feitas dentro de definições de arte visual. Assim, podemos propor um conjunto geral de diretrizes para entender como a arte é definida. As belas artes têm sido tradicionalmente utilizadas para distinguir as artes promovidas pela academia, incluindo a pintura, o desenho, a escultura, o artesanato. Este último normalmente se refere aos trabalhos criados para uma função, como cerâmica, joalheria, têxtil, bordado e vidro, designados como artes decorativas. A distinção não se aplica tão fortemente na arte contemporânea, a qual apresenta uma variedade de materiais que são utilizados, incluindo, por exemplo, a cerâmica na obra de Grayson Perry (1960) e os bordados nas ilustrações de Izziyana Suhaini (1986). Jacqueline Branco Realce TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 7 FIGURA 1 – AS CERÂMICAS DE GRAYSON PERRY – ARTE EM CERÂMICA FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.compin/29266367 5762438130/>. Acesso em: 25 jul. 2017. As formas e o conteúdo de Perry são sempre incongruentes: as cerâmicas clássicas carregam memórias de sua triste infância, frisos de carros-naufrágios, celulares, supermodelos, bem como cenas mais escuras e literárias, geralmente com referências autobiográficas. FIGURA 2 – AS ILUSTRAÇÕES BORDADAS DE IZZIYANA SUHAINI FONTE: Disponível em: <http://blog.oysho.com/en/izziyana-suhaimi- embroidered-illustrations/>. Acesso em: 25 jul. 2017. Izziyana Suhaina argumentava que o trabalho dela explorava as evidências da mão e do tempo. Era um ato quieto e silencioso, e cada ponto representava um momento do passado. A construção de pontos se tornava então uma representação do tempo e o trabalho final era como uma manifestação física do tempo – um objeto de tempo. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 8 Cada ponto também era uma gravação dos pensamentos e emoções do criador. A artista apreciava a dualidade do bordado em seus movimentos de esfaquear, cortar, cobrir, construir, reparar, desmontar. Cada ponto feito parecia revelar e conter uma história ao mesmo tempo. Há, no entanto, ainda uma diferenciação entre os objetos feitos com uma função específica em mente (as preocupações técnicas e relacionadas ao design são primordiais) e aqueles que são feitos principalmente para exibição em museus ou galerias de arte. Uma definição mais ampla de arte engloba as atividades que produzem obras com valor estético, incluindo a realização de filmes, performance e arquitetura. Por exemplo, a arquitetura sempre teve uma conexão estreita com a pintura, com o desenho e com a escultura. Exemplos são o renascimento clássico, que ocorreu no século XVIII e no início do século XIX, e a estética da Bauhaus da década de 1930, que integrou belas artes com design, artesanato e arquitetura. As definições contemporâneas da arte não são tão específicas como as ideias que costumavam ser das belas artes, particularmente restritivas sobre a natureza do valor estético. As definições contemporâneas estão associadas à teoria institucional da arte, provavelmente a definição mais amplamente utilizada de arte hoje. Esta reconhece que a arte pode ser um termo designado pelo artista e pelas instituições do mundo da arte, e não por qualquer processo externo de validação. Por um lado, fornece um quadro expansivo para a compreensão de diversas práticas artísticas, porém, por outro lado, é tão ampla que pode, por vezes, tornar-se sem um sentido definido. No entanto, independentemente da categorização, todas as definições de arte são mediadas através da cultura, história e linguagem. Para entendermos os diferentes conceitos de arte, precisamos olhar para a sua origem social e cultural. 2.1 O CONCEITO CLÁSSICO DA ARTE Em um contexto ocidental, a arte é entendida como uma atividade prática e com base no artesanato, que tem a história mais longa. Por exemplo, dentro da cultura grega antiga, não havia nenhuma palavra ou conceito que se aproximasse da nossa compreensão de "arte" ou "artista". No entanto, a palavra grega 'techne' designou uma habilidade ou arte, e a palavra 'technites' significa um artista que criou objetos para fins e ocasiões particulares (SORBOM, 2002). Da mesma forma, no mundo clássico, exemplos de arte, como estátuas e mosaicos, tinham papéis práticos, públicos e cerimoniais. Vejamos o exemplo de uma escultura clássica de Zeus, que é uma cópia de uma escultura original grega do século V a.C., que teria sido julgada de acordo com o padrão técnico demonstrado e na medida em que cumprisse os papéis sociais e cívicos esperados. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 9 FIGURA 3 – A FORÇA DO CONCEITO CLÁSSICO NA ATUALIDADE: CÓPIAS RECENTES DE ESCULTURAS GREGAS ANTIGAS FONTE: Disponível em: <http://skylightstudiosinc.com/s/bronze-sculpture- reproductions/>. Acesso em: 25 jul. 2017. O mais importante foi a crença de que a forma humana deveria ser representada em seu sentido vital como sendo a união do corpo e da alma (SORBOM, 2002). A ideia de que uma escultura ou mosaico deveria ser julgada por critérios independentemente de tais fins era estranha ao conceito clássico de arte. Dentro de uma tradição ocidentalde arte, originária da prática grega e romana, as categorias de arte e artesanato se tornaram familiares em contextos específicos, com relação à cultura e públicos particulares. Em toda a Europa e América do Norte, por exemplo, os pressupostos culturais sobre o que a arte deveria ser estavam intimamente ligados às origens e ao desenvolvimento do tema acadêmico da própria história da arte, sendo fundamentais as instituições sociais, como academias e museus, que foram estabelecidos a partir do final do século XVI em diante. Coletivamente, determinados interesses estabeleceram definições normativas da arte, ou seja, ideias sobre como a arte deve se apresentar e a sua função, cujas variações do conceito continuam até hoje. Outro ponto importante é que rotular algo como arte implica em algum tipo de julgamento avaliativo sobre a imagem, objeto ou processo. Reconhece a especificidade de uma variedade de práticas dentro de uma categoria mais ampla ou tradição com reivindicações particulares ao valor estético e/ou social. Contudo, é importante entender que o significado e as atribuições da arte são particulares para diferentes contextos, sociedades e períodos. Seja qual for a prevalência no tempo de objetos e práticas com propósitos estéticos, ideias e definições da arte estão sempre sujeitas ao seu tempo histórico, e se relacionam com os pressupostos sociais e culturais das sociedades e ambientes que as formam. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 10 2.2 O CONCEITO DAS BELAS ARTES O conceito das belas artes ou artes plásticas, influenciado pelo conceito clássico da arte, surgiu no século XVIII e permaneceu forte até o movimento moderno, mas podemos dizer que ainda é utilizado, em certa medida, na contemporaneidade. O conceito pressupunha que a pintura, a escultura, o desenho e a arquitetura eram manifestações superiores às artes aplicadas, praticadas por trabalhadores. A categorização baseada na academia das belas artes e o consenso que a sustentou durante vários séculos demonstram como os interesses eram duradouros e hegemônicos. Contudo, a partir do final do século XIX, muitos artistas de vanguarda começaram a fazer trabalhos que questionavam tanto a temática convencional quanto o primado das categorias distintas (pinturas de história e retratos, por exemplo), ou a tradição de representação que significavam. O trabalho dos artistas Paul Cézanne (1839-1906), Pablo Picasso (1881- 1973) e Georges Braque (1882-1963) demonstrou a importância da vida selvagem como gênero para o nascimento do modernismo (BRYSON, 1990). Da mesma forma, o desenvolvimento da colagem de Braque e Picasso e a inclusão nesta de objetos cotidianos, como folhetos e ingressos, exploraram a realidade da superfície plana, em vez de ocultá-la através do ilusionismo, que tinha sido uma característica tão dominante da pintura e da escultura, patrocinada pela Academia de Belas Artes. FIGURA 4 –“GARRAFA DE VINHO MARC, VIDRO, VIOLÃO E JORNAL” – COLAGEM DE PABLO PICASSO, FEITA EM 1913 FONTE: Disponível em: <https://br.pinterest.com/explore/picasso- collage/?lp=true>. Acesso em: 25 jul. 2017. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 11 As ideias baseadas na academia geralmente marginalizavam práticas de arte não ocidentais, que refletiam diferentes ideias sobre estética, cultura e significado. O comércio, colonização e imperialismo no exterior estimularam o interesse em máscaras tribais, esculturas, tecidos e objetos, que representavam fetiche de regiões como África, Ásia, Índia e Península Ibérica. Os objetos e as culturas nativas contribuíram para grandes coleções etnográficas em toda a Europa, estimulando o interesse generalizado por arte e artesanato não ocidentais. Na vanguarda modernista, vários artistas, como Braque, André Derain (1880-1954), Ernst Kirchner (1880-1938), Henri Matisse (1869-1954), Picasso e Maurice de Vlaminck (1876-1958) popularizaram o culto do primitivismo. FIGURA 5 – “CABEÇA DE MULHER”, DE PABLO PICASSO, FEITA EM 1907 – A INFLUÊNCIA DAS MÁSCARAS AFRICANAS NA PINTURA GEOMÉTRICA DE PICASSO FONTE: Disponível em: <https://pixel77.com/influence-art-history-cubism/>. Acesso em: 25 jul. 2017. Embora tais interesses frequentemente refletissem estereótipos romantizados sobre o que a arte e a cultura primitiva realmente significavam, também havia o reconhecimento das dimensões sociais e políticas (LEIGHTEN, 1990). O legado de convenções baseadas na academia de arte é tal que ainda há uma tendência de alguns por classificarem obras de arte – pintura, desenho e escultura – como intrinsecamente superiores às práticas contemporâneas de instalação, performance ou arte conceitual. Para entender tais categorizações e exclusões, é útil considerar as teorias estéticas, que têm sido historicamente influentes na formação de valores e premissas sobre o significado da arte. Vamos agora aprofundar nossos conhecimentos acerca das teorias e concepções da arte, que se deram sobretudo a partir do Renascimento até a contemporaneidade. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 12 2.3 ARTE COMO IMITAÇÃO Para iniciar nossos estudos sobre a temática, vamos observar as obras intituladas Adão e Eva, de 1526, do artista Lucas Cranach I (1472-1553) e o retrato da Sra. Fiske Warren e sua filha Rachel, de 1903, do artista John Singer Sargent (1856-1925): FIGURA 6 – PINTURA DE CRANACH (ADÃO E EVA, 1526) FIGURA 7 – SINGER (SRA. FISKE WARREN E SUA FILHA RACHEL, 1903) FONTE: Disponível em: <https:// commons.wikimedia.org/wiki/File:Lucas_ Cranach_the_Elder-Adam_and_Eve_1533. jpg>. Acesso em: 25 jul. 2017. FONTE: Disponível em: <http://jssgallery.org/ Paintings/Mrs_Fiske_Warren_and_Her_Daughter. htm>. Acesso em: 25 jul. 2017. Existem grandes diferenças entre as duas pinturas em termos de tema, data, gênero, origem, materiais e significados. Apesar de terem quase 400 anos de diferença, Cranach tenta transmitir o simbolismo de uma história bíblica (a Tentação de Adão) e Sargent procura capturar, como em uma fotografia, a semelhança da Sra Fiske e de sua filha Rachel. Ambas as pinturas trabalham com base na semelhança, tanto as circunstâncias de um evento imaginado quanto as características de um indivíduo em particular. A teoria da imitação (ou mimeses) situa a arte como um espelho para a natureza e o mundo que nos rodeia. Dentro da história da pintura ocidental, o princípio da imitação foi associado à invenção e à adoção generalizada do ponto de vista único, uma inovação que, literal e simbolicamente, sublinhou o primado do ponto de vista do artista. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 13 Foi um grande avanço que ajudou em ilusões cada vez mais convincentes das noções de profundidade e espaço em uma superfície plana. Por exemplo, uma pintura naturalista, como a Santíssima Trindade de Masaccio, pintada em 1427, em Santa Maria Novella, na Florença, tornou-se, em efeito de teorias e histórias da arte, um marco importante na história da arte, que pelo uso da perspectiva e realismo, parte para uma nova dimensão espacial. FIGURA 8 – SANTÍSSIMA TRINDADE DE MASACCIO (1427). SANTA MARIA NOVELLA, FLORENÇA FONTE: Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Holy_Trinity_ (Masaccio)>. Acesso em: 25 jul. 2017. Determinado exemplo foi emblemático nas tentativas de capturar a forma como as coisas pareciam aos olhos, ou como se acreditava que fossem na realidade. O sucesso de uma obra de arte tornou-se, em grande parte, dependente da extensão e facilidade com que os espectadores fossem seduzidos a suspender a descrença, esquecendo que, de fato, estavam olhando para uma superfície plana e bidimensional. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 14 2.4 A IDEIA DE MIMESES DE PLATÃO A ideia de arte como imitação pode ser rastreada até o décimo livro “A República”, de Platão, de 340 a.C. (SHEPPARD, 1987). Em seus escritos, Platão depreciou a pintura, compreendida por ele comouma mera mimese ou imitação, como tendo um uso limitado. Uma pintura de uma mesa não era a forma ideal da mesa (a ideia perfeita de uma mesa que existia na imaginação divina), nem a mesa feita em uma oficina de carpinteiro. De acordo com Platão, uma pintura de uma mesa era apenas uma cópia e tinha um valor prático limitado, uma vez que não poderia ser usado para realmente fazer ou projetar uma mesa real (LYCOS, 1987). Embora, em outros lugares, Platão apoie mais a arte esquemática (HYMAN, 1989), seus comentários aqui sugerem que a prática da pintura imitativa e ilusionista é paralela a uma atividade fraudulenta. A abordagem de Platão em relação à arte foi moldada pelo mundo clássico e pelos valores de sua época. O princípio da imitação faz mais sentido quando consideramos a crença, proeminente desde o Renascimento, de que os artistas devem tentar uma representação mais precisa do assunto possível. Crenças desse tipo moldaram muito o cânone ocidental de arte – aqueles exemplos julgados pelas academias de arte como modelos ideais. Na verdade, levaram quase 400 anos, após o nascimento de Leonardo da Vinci (1452-1519), para um desafio de vanguarda sobre a crença dominante de que a arte era fundamentalmente imitativa. Entretanto, a ideia de que a arte deve ser imitativa das coisas no mundo continua a ser generalizada e determinado conceito ainda é bastante presente, em alguns casos, aos aspectos da prática contemporânea. Apesar de todo o avanço tecnológico imagético, as pinturas hiper-realistas, feitas com lápis ou por um pincel ainda constam, na atualidade, como uma forte modalidade apreciada por muitos. FIGURA 9 – EXEMPLO DE PINTURA HIPER-REALISTA FONTE: Disponível em: <http://www.top13.net/hyperrealistic-paintings- renaissance-emanuele-dascanio/>. Acesso em: 25 jul. 2017. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 15 DICAS Você sabe o que é arte hiper-realista? O hiper-realismo é um gênero de pintura e escultura que se assemelha a uma fotografia de alta resolução. O hiper-realismo é considerado um avanço do fotorrealismo pelos métodos utilizados para serem criadas as pinturas ou esculturas. O termo é aplicado principalmente a um movimento artístico independente e estilo de arte nos Estados Unidos e na Europa, que se desenvolveu desde o início da década de 1970.c A imitação não é uma condição necessária, nem suficiente da arte. Certamente, não explica o status artístico da música, arquitetura, ficção imaginativa ou poesia. Também não explica a abstração – arte que não tem nenhuma semelhança óbvia com o mundo que nos rodeia ou com instalações tridimensionais. Considere, por exemplo, uma das quatro versões do quadrado preto de Kasimir Malevich (1878-1935), c.1929. FIGURA 10 – O QUADRADO NEGRO DE MALEVICH (1929) FONTE: Disponível em: <http://www.independent.co.uk/artsentertainment /art/features/kasimir-malevichs-black-square-what-does-it-say-to-you- 9608316.html>. Acesso em: 25 jul. 2017. Embora a imagem tenha sido interpretada de várias maneiras, o naturalismo não está entre seus elementos de representação. A teoria da mimese também é inútil ao explorar a arte, que segue diferentes pressupostos sobre significado e valor. Potencialmente, determinada teoria marginaliza tradições de criação de imagens iconoclastas dentro da arte islâmica, por exemplo, demonstrando que as considerações transcendentes da unidade divina são primordiais e dispensam, muitas vezes, o uso de imagens realistas ou naturalistas. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 16 Devido à restrição moral em utilizar imagens naturalistas, a arte islâmica desenvolveu um alto padrão estético ligado às formas geométricas, presentes muitas vezes na arquitetura em forma de mosaicos, por exemplo. FIGURA 11 – ARTE ICONOCLASTA E GEOMÉTRICA ISLÂMICA – MOSAICOS FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/ pin/489062840754588512/>. Acesso em: 25 jul. 2017. Observemos também a arte da Ásia e da China, que apresenta a centralidade de um estado meditativo como o fundamento da expressividade artística. Por exemplo, a arte, após a Dinastia Han (206 AC-220 DC), foi entendida como uma expressão do tao, significando literalmente o caminho, que derivou do Taoísmo, uma religião indígena da China (CLUNAS, 1997). O Taoísmo ofereceu a salvação pessoal e a perspectiva de imortalidade, crenças que foram transmitidas através de várias práticas cerimoniais, rituais e alquímicas. Ao contrário da tradição cultural de imitação grega e romana, a arte produzida na China, naquele momento, estava preocupada com o alinhamento da personalidade do criador com o tao – o universo e a ordem natural. A ênfase na imitação também exclui uma ampla gama de objetos e práticas que caracterizaram a arte de vanguarda mais recente. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 17 FIGURA 12 – ARTE TAOÍSTA CHINESA – PINTURA EM NANQUIM QUE TRANSMITE UM ESTADO MEDITATIVO FONTE: Disponível em: <http://art.thewalters.org/detail/17331/a-taoist- immortal/>. Acesso em: 25 jul. 2017. Ainda, a ideia de que a arte e a fotografia imitativas são espelhos imparciais do mundo externo, é difícil de justificar - todos percebemos e experimentamos o mundo de maneira diferente. Em última análise, qualquer representação é uma interpretação que não será neutra, mas subjetiva (FOSTER, 1985). É importante nos questionarmos. Mesmo quando somos apresentados com uma imagem naturalista, é realmente o efeito ilusionista que consideramos ser o último ponto de interesse ou valor? Embora possamos aplaudir o pintor, ou a técnica naturalista do fotógrafo, a imitação é realmente tudo o que procuramos na arte? 2.5 ARTE COMO FORMA E CRIAÇÃO Um jornalista britânico e crítico de arte, Clive Bell (1881-1964), delineou ideias sobre estética formalista em seu tratado intitulado Arte (1914). Em linhas gerais, as abordagens formalistas da arte enfatizam a aparência e composição do trabalho de arte (sua forma), ao invés da narrativa ou conteúdo. Aqui, discutindo "obras de arte", Bell faz a pergunta: "qual qualidade é compartilhada por todos os objetos que provocam nossas emoções estéticas?" (BELL, 1949, p. 8). O autor afirmou que nossa resposta a certos tipos de arte decorreu da impressão feita pelas propriedades de suas linhas, cores, formas e tons. Ele afirmou que a resposta estética era intuitiva e involuntária, ou seja, que não temos controle sobre como nos sentimos diante de, por exemplo, uma tela de Cézanne ou uma tapeçaria persa. Representada de forma particular, uma configuração de linhas, formas e cores fornece ao espectador a experiência de maneira significativa que Bell julgou ser a referência de todas as melhores obras de arte. Da mesma forma, todos os exemplos têm em comum determinada qualidade significativa. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 18 A teoria de Bell parece circular e autojustificativa. Uma vez que também não define claramente "forma" ou "significância", é impossível avaliar com mais clareza quais os critérios que ele realmente prevê. Sugere-se que o espectador saiba quando experimentou uma resposta tão atraente a um objeto, mesmo que não consiga explicar claramente o motivo. A teoria de Bell também era essencialista – afirmou que a grande arte compartilhava, ou tinha em comum, qualidades visuais essenciais e consistentes que permitiam o reconhecimento como tal. É importante ressaltar que, para a era eduardiana, que corresponde ao período entre 1901 e 1910, no Reino Unido, Bell julgou 12 teorias de arte e histórias de arte, com atributos para serem aplicáveis tanto às obras de arte, quanto para exemplos de design, artesanato ou arquitetura, com status parecidos (EDWARDS, 1999). A ideia de uma forma significativa, mesmo que deliberadamente vaga, mostrou-se atraente para uma nova geração, porque parecia explicar o prazer aparentemente simples e sensual, derivado de realmente olhar objetos estéticos, independentemente da finalidade, categorizaçãoou status prévio. Vamos conhecer o que significa era eduardiana? A era eduardiana da história britânica cobre o breve reinado do rei Eduardo VII, de 1901 a 1910 e, às vezes, é estendida em ambas as direções para capturar as tendências de longo prazo da década de 1890 até a Primeira Guerra Mundial. IMPORTANT E 2.6 CLIVE BELL E A ABSTRAÇÃO DE VANGUARDA Embora a teoria de Bell fosse simplista, sublinhou uma mudança de sensibilidade para além dos julgamentos sobre arte, decorrentes de critérios de semelhança ou naturalismo acadêmico, que previamente definiram a pintura tradicional europeia e americana. A crescente prevalência da fotografia, que proporcionou reproduções mecânicas de imagens, sublinhou a importância de identificar as características e atributos que eram exclusivos de outras formas de prática estética (GOULD, 2003). TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 19 FIGURA 13 – A PRESENÇA INOVADORA DA FOTOGRAFIA NA ERA EDUARDIANA NA INGLATERRA FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/CeruleanHMC/ victorian-and-edwardian-womens-society/?lp=true>. Acesso em: 25 jul. 2017. Como o colega e contemporâneo Roger Fry (1886-1934), Bell foi um defensor do trabalho de Cézanne e dos pós-impressionistas, exposições que ele havia apoiado em Londres, em 1910 e 1912 (GAIGER e WOOD 2003). Bell também argumentou que o conteúdo narrativo da arte era, na melhor das hipóteses, irrelevante e, na pior das hipóteses, negava o status estético de um objeto. Recentemente, para alguns de seus contemporâneos eduardianos, ele efetivamente deslegitimou muito do cânone da arte ocidental desde o Renascimento. Determinadas ideias foram importantes porque anteciparam algumas das respostas críticas à abstração de vanguarda, que posteriormente se tornaram generalizadas. 2.7 ARTE COMO EXPRESSÃO “A arte é o remédio da comunidade para a pior doença mental, a corrupção da alma”. (COLLINGWOOD, 1975). De acordo com a teoria da expressão, a arte deve esclarecer e refinar ideias e sentimentos que são compartilhados com o espectador. Entre suas teorias e história da arte, o expoente mais influente foi o historiador e esteticista britânico Robin George Collingwood (1889-1943). Em “The Principles of Art” (1943), Collingwood argumentou que a arte própria se distingue por uma emoção particular e única, não possuída por arte ou Jacqueline Branco Realce UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 20 arte como diversão, que ele descreve como formas menores de arte técnica. Como ele mesmo disse com eloquência, o lugar da arte é contar à audiência "os segredos de seus próprios corações" (COLLINGWOOD, 1975, p. 336). Ao comunicar o pensamento autêntico ou um estado de espírito, a arte permitiu adquirir autoconhecimento e, assim, levar uma vida melhor. Como Graham (1997, p. 32) observa, “é através da construção imaginativa que o artista transforma a emoção vaga e incerta em uma expressão articulada”. A ideia de que a arte deve ter um papel amplamente comunicativo não é nova, mas o que Collingwood parece sugerir é mais ambicioso: a arte deve transmitir verdades fundamentais e uma visão sobre o que significa ser humano no mundo. A teoria é considerada normativa, preocupa-se menos com a definição de arte como tal, do que como a arte deve ser valorizada e compreendida (GRAHAM, 1997). Na medida em que a teoria de Collingwood ignora a semelhança como um critério próprio da arte, compartilha semelhanças com a ideia de Bell, de forma significativa, dentre outras teorias formalistas. 2.8 ARTE COMO ABSTRAÇÃO OU IDEIA Como na teoria de formas ideais de Platão, Collingwood sugere que a realização real do objeto de arte é inerentemente inferior à concepção como forma ideal. Vendo ou encontrando outra forma para as teorias de arte e a história da arte, as formas, ideias e associações de arte são fundamentais para a experiência sensorial que ela oferece. A menos que a arte seja reproduzida e compartilhada com o espectador de alguma forma, ela permanece invisível, conhecida apenas pela mente do artista. Embora existam problemas em relação à teoria da expressão de Collingwood, o que ela reconhece é como a arte visual, como a música, pode e fornece ideias e perspectivas que não são automaticamente as que surgem da mera semelhança ou que são necessariamente redutíveis à forma. Embora um clichê, a ideia de que uma imagem ou objeto possa transmitir mil palavras, pelo menos, reconhece que a arte pode expressar ideias e associações – sensoriais, intelectuais ou experienciais – mais facilmente sentidas do que explicadas. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 21 2.9 ARTE COMO “SEMELHANÇA FAMILIAR” Diante de tal diversidade, alguns filósofos argumentaram que há pouco interesse em procurar um denominador comum na arte, seja uma semelhança ou expressão, o que dará uma definição mais abrangente. Em vez disso, eles usaram a ideia de "semelhança familiar" (WARBURTON, 2004, p. 149-150). Embora os membros de uma família compartilhem algumas características genéticas e físicas de uma geração para outra, haverá semelhança ao invés de semelhança exata. Portanto, o melhor que podemos esperar é que os tipos de arte, como pinturas, filmes ou instalações, terão qualidades particulares em comum, que nos permitirão reconhecê-las como arte. A abordagem oferece a possibilidade de que formas e movimentos, que inovam a arte, possam ser incorporados na "família" existente com base em compartilhar algumas características. Assim, a arte pode ser entendida como um conceito aberto que está sujeito ao desenvolvimento. Um grande problema com o conceito de semelhança familiar é que não faz distinção entre propriedades exibidas e não exibidas. Assim, embora possamos identificar semelhanças estilísticas em exemplos de arte mimética, podem existir outros casos em que outras práticas de arte diferentes e visualmente diferentes têm uma conexão subjacente que não é evidente para o olho (WARBURTON, 2003). 2.10 A TEORIA INSTITUCIONAL DA ARTE A Teoria Institucional da arte, criada por George Dickie (1926), sugere que a arte pode ser aquilo que o artista ou as pessoas ligadas ao mundo da arte dizem que ela é. Exemplos típicos incluem a obra intitulada “A Fonte” de Marcel Duchamp (1887-1968), feita em 1917, ou a obra de Tracey Emin (1963), “Minha Cama”, de 1999. Segundo Noéli Ramme (2011), o ponto de partida da Teoria Institucional da arte não é uma experiência subjetiva ou individual, e não incorpora uma experiência estética. A teoria de Dickie parte de uma dissociação fundamental entre o estético e o artístico, como sugerem os ready-mades como arte, de Duchamp. Assim, o estético teria a ver com uma experiência individual, que não está restrita ao campo da arte, enquanto o artístico, com uma prática social, considerando a arte como uma produção coletiva por pessoas que pertencem a um grupo cultural. Vamos analisar a seguir as obras dos artistas Duchamp e Emin: UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 22 FIGURA 14 – A FONTE DE MARCEL DUCHAMP (1917) FIGURA 15 – MINHA CAMA DE TRACEY EMIN (1999) FONTE: Disponível em: <http://ecoarte. info/ecoarte/2012/11/a-relevancia-da-arte- ciencia-na-contemporaneidade/fonte- urinol-marcel-duchamp-1917/>. Acesso em: 25 jul. 2017. FONTE: Disponível em: <http://www. liverpoolecho.co.uk/whats-on/arts- culture-news/tracey-emin-tate-liverpool- bed-11681245>. Acesso em: 25 jul. 2017. Apesar de ser uma das teorias mais flexíveis e acolhedoras da arte até agora esboçada, ela pode apresentar o risco de ignorar as especificidades e atributos da arte, o que a torna uma atividade humana tão importante e diferenciada. Além disso, precisamos considerar, em que critérios o mundo da arte faz a seleção desses objetos designados como arte? 2.11 TEORIAS ESTÉTICAS DA ARTE Todas as teorias de arte consideradas até agora têm limitações. Ao reconhecê-las, os filósofos analisaram a natureza da própria avaliaçãoestética. Em outras palavras, há algo que a nossa resposta à arte tem em comum com o prazer que tomamos em uma paisagem: a cadência de uma frase ou simplesmente em ouvir o canto dos pássaros? Será que, ao invés de tentarmos definir a arte, devemos simplesmente tentar uma definição de beleza? Se pudermos concordar com isso, talvez possamos basear nossos julgamentos sobre a arte em bases mais seguras? A definição de beleza e o caráter da nossa resposta a ela provaram ser um problema filosófico e estético desafiador, cuja natureza não pode ser totalmente explorada aqui. Em suma, não há acordo sobre o que é a beleza, ou o que pode ser. Como observa Sheppard (1987), um relato satisfatório da experiência estética deve explicar o que a torna tão poderosamente intuitiva e, ao mesmo tempo, explicar por que o oposto, o desprendimento, ou mesmo o desgosto ou o horror, também podem ser atraentes. TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA 23 As teorias e as histórias de arte do filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) alegaram que os julgamentos estéticos são desinteressados, ou seja, respondemos a um objeto simplesmente com base em como nos parece, ao invés de ter alguma necessidade ou uso particular para isso. Embora ele tenha afirmado que os julgamentos estéticos afirmam validade universal, Kant permaneceu vago quanto ao que os critérios particulares de tais julgamentos estéticos poderiam ser, ou como possíveis julgamentos estéticos são possíveis (SHEPPARD, 1987). 24 Neste tópico, você aprendeu que: • Uma definição mais ampla de arte engloba as atividades que produzem obras com valor estético, incluindo a realização de filmes, performance e arquitetura. • As definições contemporâneas da arte não são tão específicas como as ideias que costumavam ser das belas artes, particularmente restritivas sobre a natureza do valor estético. As definições contemporâneas estão associadas à teoria institucional da arte, provavelmente a definição mais amplamente utilizada de arte hoje. • Dentro de uma tradição ocidental de arte, originária da prática grega e romana, as categorias de arte e artesanato se tornaram familiares em contextos específicos, com relação à cultura e públicos particulares. • Em toda a Europa e América do Norte, por exemplo, os pressupostos culturais sobre o que a arte deveria ser estavam intimamente ligados às origens e ao desenvolvimento do tema acadêmico da própria história da arte, sendo fundamentais as instituições sociais, como academias e museus, que foram estabelecidas a partir do final do século XVI em diante. • Ao rotularmos algo como arte, avaliamos o tipo de julgamento sobre a imagem, o objeto ou processo, ou seja, reconhecemos a especificidade de uma variedade de práticas dentro de uma categoria mais ampla ou uma tradição com reivindicações particulares ao valor estético e/ou social. • Seja qual for a prevalência no tempo de objetos e práticas com propósitos estéticos, ideias e definições da arte estão sempre sujeitas ao seu tempo histórico, e se relacionam com os pressupostos sociais e culturais das sociedades e ambientes que as formam. RESUMO DO TÓPICO 1 25 1 No início desta unidade (na Introdução), conhecemos algumas definições de artistas e intelectuais famosos a respeito da arte, e nos demos conta da complexidade do universo conceitual. Dentre as definições, escolha duas com as quais você se identifique mais, e explique o porquê. 2 As teorias da estética têm sido historicamente influentes na formação de valores sobre o significado da arte. Associe as duas colunas, em termos de relação do conceito de arte como: I- Imitação II- Forma e criação III-Expressão IV-Abstração ou ideia ( ) Foi um grande avanço, que ajudou em ilusões cada vez mais convincentes das noções de profundidade e espaço em uma superfície plana. ( ) Essas ideias foram importantes porque anteciparam algumas das respostas críticas à abstração de vanguarda, que posteriormente se tornaram generalizadas. ( ) A arte deve transmitir verdades fundamentais e uma visão sobre o que significa ser humano no mundo. ( ) As formas, ideias e associações de arte são fundamentais para a experiência sensorial que ela oferece. A sequência correta da associação é: a) I-II-III-IV. b) IV-II-III-I. c) III-IV-II-I. d) II-I-III-IV. AUTOATIVIDADE 26 27 TÓPICO 2 ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, estudaremos sobre arte e música, bem como conheceremos a natureza da estética. A arte existe ao longo de toda a história da humanidade e a sua importância reside, basicamente, na habilidade humana de abstrair o pensamento e interpretar o mundo à sua volta de maneira criativa e simbólica. A estética, por sua vez, é importante porque aprofunda a razão pela qual a arte sempre existiu, a necessidade ardente da humanidade através dos tempos para ver o mundo de uma maneira diferente e clara. Já a estética da música compreende a reflexão filosófica sobre a origem, a natureza, o poder, o propósito, a criação, o desempenho, a recepção, o significado e o valor da música. Algumas das suas reflexões abordam questões gerais de estética colocadas em um contexto musical. Por exemplo, qual é o status ontológico da obra de arte na música, ou quais são os fundamentos dos juízos de valor na música? Outros problemas são mais ou menos peculiares à música, faltando um paralelo claro em outras artes. Por exemplo, qual é a natureza do movimento percebido na música? Como o casamento entre música e palavras pode ser melhor compreendido? É importante determinada análise porque, segundo Schafer (1991, p. 67), “ao contrário de outros órgãos dos sentidos, os ouvidos são expostos e vulneráveis. Os olhos podem ser fechados, se quisermos; os ouvidos não, estão sempre abertos. Os olhos podem focalizar e apontar nossa vontade, enquanto os ouvidos captam todos os sons do horizonte acústico, em todas as direções”. Portanto, o estudo da estética, no campo das linguagens artísticas, busca compreender o significado subjetivo da arte. A estética é um ramo da filosofia que lida com noções como a beleza, a feiura e o sublime. A origem da palavra estética é aisthetike em grego, que significa percepção através dos sentidos. Assim, este tópico contribuirá para a realização de uma análise entre arte, música e a estética. Jacqueline Branco Realce UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 28 2 CARACTERÍSTICAS DA ARTE Em linhas gerais, podemos estabelecer que a arte: • É uma expressão de emoções. • É desestruturada e aberta. • Não pode ser facilmente quantificada. • Não pode ser duplicada. • Mexe com as pessoas em um nível emocional. • Provém do intelecto, do coração e da alma. • É um resultado dos talentos inatos de uma pessoa. • Joga com as emoções. 2.1 A INCERTEZA DA ARTE No caso da arte, há a incerteza inerente que é evidente em cada golpe de pincel que um pintor faz em uma tela. É bastante idêntico, em todas as sílabas, que um ator progrida no palco, desde que ele também esteja improvisando. Ninguém sabe como será a peça final até o último detalhe ser colocado. Nenhum crítico pode avaliar o desempenho até que o ato seja completo e uma resposta seja despertada da audiência. 3 DEFINIÇÃO DE ESTÉTICA Iniciamos nossos estudos nos perguntando: o que é estética? A palavra estética foi utilizada, pela primeira vez, no contexto moderno, pelo filósofo Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1831). Ele queria estabelecer uma disciplina da Filosofia que pudesse estudar todas as manifestações artísticas. A estética, segundo Baumgarten, é uma disciplina que reflete acerca das emoções produzidas pelos objetos que são admirados pelos seres humanos. Entretanto, o termo estética, contudo, já havia sido cunhado pelos filósofos na antiguidade através da palavra grega aesthesis, que significa sensibilidade. A estética é, portanto, um dos dois ramos principais da teoria de valor na filosofia. O outro ramo seria a ética,que é um estudo de valores na conduta humana. A estética é um estudo de valor na arte, e estuda o relacionamento da arte com o ser humano. No entanto, podemos definir o campo de forma muito restrita ao considerarmos que a arte inclui a literatura de prosa e poética. Poderíamos argumentar que a literatura sempre tem um componente auditivo. Quando lemos a literatura, os sons e as inflexões das palavras acompanham nossos pensamentos. Poderíamos resolver o problema dizendo que a estética é um estudo de valor nas artes plásticas, visuais, conceituais, auditivas e de performance. Jacqueline Branco Realce Jacqueline Branco Realce TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA 29 3.1 DEFINIÇÃO DE ARTE NA ESTÉTICA Há a dificuldade de responder à pergunta: "o que é arte?" na estética. O termo tem que cobrir uma grande variedade de meios de comunicação, envolvendo as artes plásticas, a pintura a escultura, música, literatura e artes cênicas da dança, da ópera e do teatro. Pode até ser expandido para certos esportes de performance, como patinação no gelo, balé aquático, mergulho e ginástica. Procurar uma definição comum que abranja o grande número de produções de arte, desde os primeiros desenhos de cavernas até o último filme experimental, é uma missão. A definição teria que identificar a “Fonte”, de Marcel Duchamp, que, como vimos anteriormente, é um urinol branco fabricado em série com a assinatura do artista, e a obra intitulada “Pietá”, de Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475-1564), mais conhecido por apenas Michelangelo. FIGURA 16 – PIETÁ DE MICHELANGELO, FEITA EM 1498-1499 FONTE: Disponível em: <http://www.guiageo-europa.com/vaticano/ pieta.htm>. Acesso em: 25 jul. 2017. A definição mais incontroversa e acordada é que a arte é qualquer coisa que é artificial, é tudo o que os humanos fazem, o que não é simplesmente algo que existe na natureza. De modo provocativo, Marshall McLuhan afirmou que a arte é algo que podemos inventar sem sermos punidos. Deve ser óbvio, acima, que não há nada mais controverso quanto a estética, incluindo a própria definição de arte. Vamos agora discutir, brevemente, como a estética se inter-relaciona com os outros ramos principais da filosofia: metafísica, epistemologia, ética e filosofia política. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 30 3.2 ARTE, ESTÉTICA, ÉTICA E FILOSOFIA A relação entre estética e ética é intrigante, pois o artista ou o compositor sempre teve um relacionamento ambíguo com a sociedade. Por um lado, ele pode ser discriminado como artesão ou decorador, por outro, como um herói cultural, por exemplo, dentro das cidades-estados da Itália do Renascimento, ou como ícone nacional, como os compositores e autores da Rússia czarista. Por um lado, ele é chamado para promover os valores éticos reverenciados de uma sociedade e, por outro, temido como um incendiário boêmio que ameaça o núcleo moral de uma cultura. Mais uma vez, os puristas diriam que esperar que as obras reforcem valores éticos ou culturais ou que denigram é um grande erro de categoria. Os valores estéticos não têm nada que ver com os valores morais. Uma vez que, no entanto, a arte não pode ser extraída completamente dos contextos históricos não apenas das sociedades dentro das quais os artistas trabalham, mas também das teorias estéticas clássicas que associam arte com beleza, além das supostas obrigações da comunidade humana para buscar beleza no mundo e no caráter de pessoas. Assim, a filosofia da arte tentou mostrar a relação entre arte e valores morais e políticos. Vamos conhecer o que significa o termo “purismo”. O purismo, referente às artes, foi um movimento que ocorreu entre 1918 e 1925, que influenciou a pintura e a arquitetura francesa. O purismo foi liderado por Amédée Ozenfant e Charles Edouard Jeanneret (Le Corbusier). Ozenfant e Le Corbusier criaram uma variação do movimento cubista e a chamaram de purismo. O movimento demonstra que os objetos são representados como formas elementares desprovidas de detalhes. Os principais conceitos foram apresentados em seu livro “Após o Cubismo”, publicado em 1918. IMPORTANT E Platão reconheceu o valor da arte como um meio para transmitir valores morais e políticos. De fato, a pedagogia da Atenas antiga consistiu principalmente no canto da poesia épica homérica em uníssono pela juventude da cidade-estado. Com o principal meio de educar as sensibilidades, as harmonias psíquicas e as responsabilidades cívicas do indivíduo de grande alma, Platão era a favor de censurar severamente as representações homéricas de heróis e de deuses vingativos, licenciosos, duplicados ou injustos. A ilustração de uma crítica de arte clássica mostra que a arte tem sido historicamente considerada como um meio central de propaganda de valores morais, religiosos, culturais ou políticos e castigada como perigosa para aqueles valores que exigem censura, perseguição ou proibição pela Igreja, pelo Estado ou ambos. TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA 31 Você sabe o que significa poesia épica? A poesia épica, em estudos clássicos, é um gênero da literatura que se refere ao poema narrativo relativamente que mostra afinidades formais com o épico, mas revela uma preocupação com temas e técnicas poéticas que não são, no geral, ou pelo menos, primariamente, características adequadamente épicas. E você sabe o que significa poesia épica homérica? Homérico é um adjetivo que se refere ou pertence ao poeta grego Homero, a suas obras, ou a seu estilo: “poemas homéricos”, “tempos homéricos”, “período homérico”. Homero foi o poeta das epopeias “A Ilíada” e “Odisseia”. Viveu na Grécia entre os séculos IX e VIII a.C. IMPORTANT E A estética freudiana, de Sigmund Freud (1856-1939) e a estética marxista, de Karl Marx (1818-1883), possuem componentes eticamente relevantes. Os intérpretes freudianos da expressão artística veem as obras de arte como resultado de uma luta titânica entre o ego libidinoso, insocial e inculto do artista e o superego legítimo, ético, cultivado e sofisticado. Friedrich Nietzsche (1844- 1900) antecipou a análise freudiana no século XIX. Os críticos de arte marxistas acham que as obras de arte representam sempre os valores da classe dominante e exploradora em uma sociedade. Assim, eles veem artistas contemporâneos que procuram um estilo individualista sem precedentes (um estilo que não só inventa um novo trabalho, mas um gênero de trabalho inteiramente novo) como resultado de uma celebração capitalista burguesa dos direitos individuais, justificando a liberdade das corporações a fim de poderem explorar as classes trabalhadoras. Basta dizer que qualquer artista que busque o reconhecimento do público com relação ao seu trabalho encontrará o trabalho julgado não apenas em seus valores estéticos, mas também pelo seu efeito negativo ou positivo sobre as sensibilidades públicas. A batalha entre os censores e os defensores da liberdade de expressão nunca cessa. Leva-nos à consideração de que muitos teriam acreditado ser a preocupação mais proeminente dos esteticistas. Entretanto, o que torna uma obra de arte uma boa obra de arte? Não faltam críticos de arte tentando orientar nossos planos de fim de semana na galeria, no teatro ou no auditório local nas grandes cidades. Os esteticistas entraram em conflito com a possibilidade de um único padrão estético universal para julgar a miríade de obras e gêneros de arte ao longo dos milênios como arte boa ou ruim. Os pluralistas que rejeitam um único padrão abrangente afirmam que o critério de uma ótima performance de dança é distinto do critério da literatura excelente, e assim por diante. UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 32 O pluralismo é um termo usado na filosofia, que significa "doutrina da multiplicidade", muitas vezes usada em oposição ao monismo ("doutrina da unidade") e dualismo ("doutrina da dualidade"). O termo tem diferentes significados na metafísica,ontologia, epistemologia e lógica. IMPORTANT E Os esteticistas, aqueles que defendem e/ou praticam o esteticismo na filosofia, na arte, tentaram distinguir entre gostos subjetivos (relativos a um grupo ou indivíduo) e apreciação estética das qualidades estéticas do objetivo de fenômeno. Às vezes chamadas de subjetivo universal, as qualidades dependem tanto das projeções subjetivas do público e do leitor como a estrutura objetiva da obra de arte para alcançar a experiência. No entanto, alegadamente há alguma qualidade do objeto que evoca uma resposta humana universal àqueles suficientemente preparados para recebê-la. A suposição de todos os críticos de arte é que sua própria avaliação de uma obra de arte é generalizável para a audiência esteticamente sofisticada. Um esteticista contemporâneo é ousado o suficiente para oferecer um critério para a arte excelente que transcende o tempo, a cultura e os diferentes gêneros da arte. 3.3 ANÁLISE ESTÉTICA DAS OBRAS DE ARTE O minimalismo é um ótimo exemplo, mas os silk screens, do artista Andy Warhol (1928-1987), da “Campbells Soup Can”, podem também se qualificar, porque transmitem a vasta banalidade da cultura comercial com um uso escasso de materiais. Entende-se que, quando uma obra de arte é completa, ela exibe três subcritérios: unidade, complexidade e intensidade. As obras de arte são boas quando transmitem uma profundidade de significado, diversidade ou intensidade com uma economia de meios ou quando uma diversidade de elementos se une em uma unidade formal. Quando um artista chinês pinta um homem velho atravessando a neve com um único golpe de pincel, similar à pintura taoísta anteriormente exposta, a plenitude do significado com a economia dos meios é impressionante. Silk-screen, também conhecido como serigrafia, ou impressão em tela, é um processo de impressão à base de estêncil, na qual a tinta é forçada através de um crivo fino para o substrato abaixo dela. As telas foram feitas originalmente Jacqueline Branco Realce Jacqueline Branco Realce TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA 33 de seda, mas hoje são desenvolvidas em poliéster ou nylon. O silk-screen é muitas vezes utilizado para impressão de itens de produção em massa, como camisetas, cartazes e canecas. FIGURA 17 – CAMPBELL SOUP CANS DE ANDY WARHOL, FEITA EM 1962 FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/explore/ campbell%27s-soup-cans/?lp=true>. Acesso em: 25 jul. 2017. O conceito-chave de Warhol como artista foi a "industrialização" da arte, e ele utilizou o silk-screen como processo de duplicação, ao usar o trabalho de outras pessoas e expandir seu conceito original. O processo do silk-screen combinava com a sensibilidade de Warhol, durante o momento em que ele estava crescendo em popularidade como líder no movimento Pop Art. 4 A ESTÉTICA NA MÚSICA As tentativas de definir o conceito de música geralmente começam, segundo Levinson (2018), com o fato de que a música envolve som, mas também postula coisas como a tradição cultural, a realização de objetivos de um compositor ou a expressão de emoções, como características essenciais da música. Talvez qualquer conceito plausível, no entanto, tenha que envolver a produção de sons pelas pessoas para apreciação estética, amplamente concebida. Ao decidir o que se entende por uma obra musical, outras considerações entram em jogo, como a identificação com uma estrutura sonora definida por um determinado compositor em um contexto histórico-musical particular. Em que sentido podemos dizer que uma peça musical tem significado? Alguns afirmam que ela tem sentido apenas internamente – em sua estrutura, como um arranjo de melodias, harmonias, ritmos e timbres, por exemplo –, UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA 34 enquanto outros afirmam que seu significado reside na comunicação de coisas não essencialmente musicais – como emoções, atitudes ou na natureza mais profunda do mundo. A mais popular das crenças é que a música expressa emoção. Não quer dizer, entretanto, que a emoção expressa em uma obra seja necessariamente experimentada por aqueles envolvidos em sua composição ou performance. Os compositores podem criar uma música pacífica ou furiosa sem estarem nesses estados, e o mesmo vale para o desempenho de tais peças musicais pelos músicos. Ainda, as emoções evocadas nos ouvintes parecem de natureza diferente das que foram experimentadas diretamente: as emoções negativas expressas na música não impedem a apreciação do público e, de fato, geralmente facilitam. Em última análise, a expressividade de um trabalho deve ser vista como algo diretamente relacionado à experiência de ouvi-la. É dito frequentemente que a música tem valor primariamente na medida em que é bela, sendo sua beleza o que dá prazer ao ouvinte. Contudo, a qualidade da expressividade de uma obra, sua profundidade, riqueza e sutileza, por exemplo, também parecem formar uma parte importante de qualquer julgamento de valor que fazemos sobre a peça musical. 4.1 O CONCEITO DA MÚSICA Uma questão fundamental na estética da música é: "o que é música?", entendida como um pedido de definição ou delineação do conceito geral de música. Os teóricos adotaram uma série de abordagens diferentes para a questão, muitas vezes dependendo de seus propósitos para fazê-la. Talvez a única coisa que todos os teóricos concordem seja que a música é essencialmente formada pelo som. A abordagem mais conservadora procura definir música em termos das características, como: melodia, harmonia, ritmo, metro, instrumentos, vozes e produção de sons; mas além de ser inadequada a vários modos de composição contemporânea, como serialismo, minimalismo, música concreta, música computacional e música aleatória, ignora muitas práticas distantes de nós no espaço ou no tempo que reconhecemos como musicais. Uma abordagem mais liberal para definir música - uma estruturalista – emite na fórmula da música como "som organizado"; embora a música assim concebida não precise exibir as características padrão da música mencionadas anteriormente, pois nessa concepção algo é música em virtude de suas propriedades intrínsecas. Em outra abordagem, que pode ser denominada "experiencial" ou "fenomenológica", a música é qualquer som que seja ouvido como música, sendo então incumbido ao teórico dizer o que faz tal audição musical. As implicações TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA 35 salientes da abordagem são, primeiro, que sons naturais e acidentais podem ser música e, segundo, que o status da música é relativo ao ouvinte e à ocasião da escuta. Segundo Schafer (1991, p. 27), “música é a organização de sons (ritmo, melodia, etc.) com a intenção de ser ouvida”. Tentativas foram feitas para definir a música como um tipo de atividade envolvente do som, distinguida por certos traços culturais ou sociológicos, por exemplo, uma função cultural particular, como o acompanhamento de rituais ou o aprimoramento da memória de grupo ou relações sociais particulares, como o aprendizado. De forma alternativa, a música pode ser definida de uma maneira essencialmente histórica como aqueles itens, atividades e práticas que envolvem o som que evoluíram, histórica e reflexivamente, a partir de certos itens, atividades e práticas anteriores. Finalmente, podemos tentar caracterizar a música intencionalmente, do ponto de vista do produtor, apelando para objetivos ou propósitos distintos por parte dos criadores do som. Uma abordagem de longa data concebe a música como sons feitos para expressarem, evocarem ou provocarem emoções ou sentimentos. Outra a concebe como som usado como veículo de pensamento comunicável, mas não linguístico. Entretanto, a abordagem mais comum do tipo propõe simplesmente que a música é feita ou arranjada para apreciação estética. Se alguém está preocupado em definir a música como uma arte, preservar uma medida de objetividade para o status da música, e ainda assim evitar a importação
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