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Distúrbios hemorrágicos e Doença de Von Willebrand (DVW)

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Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
Hemostasia, Coagulação e D. de Von Willebrand 
 
 
➢ Compreender mecanismo da hemostasia e a cascata da coagulação: 
➔ HOMEOSTASIA = prevenção de perda sanguínea. Sempre que um vaso é seccionado/rompido, é provocada hemostasia por 
meio de diversos mecanismos: 
(1) Constrição vascular; 
(2) Formação de tampão plaquetário; 
(3) Formação de coágulo sanguíneo, como resultado da coagulação do sangue; 
(4) Eventual crescimento de tecido fibroso no coágulo para o fechamento permanente no orifício do vaso. 
• Constrição vascular: 
o Imediatamente após corte ou ruptura do vaso sanguíneo, o trauma da própria parede vascular faz com que a 
musculatura lisa dessa parede se contraia; esse mecanismo reduz de forma instantânea o fluxo de sangue pelo 
vaso lesado. 
o A contração resulta de: 
▪ Espasmo miogênico local; 
▪ Fatores autacoides locais dos tecidos traumatizados e das plaquetas; 
▪ Reflexos nervosos. 
✓ Os reflexos nervosos são desencadeados por impulsos nervosos dolorosos ou por outros impulsos 
sensoriais, originados no vaso traumatizado ou nos tecidos vizinhos. 
✓ Entretanto, grau maior de vasoconstrição provavelmente resulta da contração miogênica local dos 
vasos sanguíneos, iniciada pela lesão direta da parede vascular. 
✓ Para os vasos menores, as plaquetas são responsáveis por grande parte da vasoconstrição pela 
liberação da substância vasoconstritora tromboxano A2. 
✓ Quanto maior for a gravidade do trauma ao vaso, maior será o grau do espasmo vascular. 
✓ O espasmo pode durar vários minutos ou mesmo horas, tempo no qual ocorrem os processos de 
formação dos tampões plaquetários e de coagulação do sangue. 
 
• Formação do tampão plaquetário: 
o Se o corte no vaso sanguíneo for muito pequeno (obs: diversas rupturas vasculares muito pequenas se 
desenvolvem em todo o corpo a cada dia) ele é, com frequência, selado pelo tampão plaquetário, em vez de 
por coágulo sanguíneo. 
o Para compreender esse mecanismo, é importante que se entenda a natureza das próprias plaquetas: 
▪ Características Físicas e Químicas das Plaquetas: 
✓ As plaquetas/trombócitos são diminutos discos de 1 a 4 micrômetros de diâmetro. 
✓ São formadas na medula óssea a partir dos megacariócitos, que são células hematopoéticas 
extremamente grandes da medula; os megacariócitos se fragmentam nas diminutas plaquetas na 
medula óssea ou, de modo especial, no momento em que se espremem pelos capilares. 
✓ A concentração normal de plaquetas no sangue fica entre 150.000 e 300.000/μl. 
✓ As plaquetas têm muitas características funcionais de células completas, apesar de não terem núcleos 
e nem poderem se reproduzir. 
✓ No citoplasma das plaquetas, existem: 
 1. Moléculas de actina e miosina: que são proteínas contráteis semelhantes às encontradas nas 
células musculares, além de outra proteína contrátil, a trombostenina, que pode causar 
contração das plaquetas; 
 2. Resíduos do retículo endoplasmático e do complexo de Golgi: que sintetizam várias enzimas 
e especialmente armazenam grande quantidade de íons cálcio; 
 3. Mitocôndrias e sistemas enzimáticos capazes de formar ATP e ADP; 
 4. Sistemas enzimáticos que sintetizam prostaglandinas, ou por hormônios locais que causam 
várias reações vasculares e outras reações teciduais locais; 
 5. A proteína importante chamada: fator estabilizador de fibrina, em relação à coagulação 
sanguínea; 
 6. O fator de crescimento que faz com que as células do endotélio vascular, células da 
musculatura lisa vascular e fibroblastos se multipliquem e cresçam, produzindo crescimento 
celular que, eventualmente, ajuda a reparar as paredes vasculares lesadas. 
HOMEOSTASIA E CASCATA DE COAGULAÇÃO 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
✓ Na superfície da membrana celular das plaquetas existe uma camada de glicoproteínas que impede a 
aderência ao endotélio normal, enquanto favorece a aderência às áreas lesionadas da parede vascular 
especialmente às células endoteliais e, ainda mais, a qualquer colágeno exposto na profundidade da 
parede do vaso. 
✓ Além disso, a membrana plaquetária contém grande quantidade de fosfolipídeos, que ativam 
múltiplos estágios do processo de coagulação do sangue. 
✓ Assim, a plaqueta é estrutura ativa. Ela tem meia-vida no sangue de 8 a 12 dias, de modo que seus 
processos funcionais têm duração de várias semanas; então, as plaquetas são retiradas da circulação 
principalmente por meio dos macrófagos. 
✓ Mais da metade das plaquetas é removida pelos macrófagos no baço, enquanto o sangue passa pelas 
trabéculas que formam malha bastante fina. 
o Mecanismo do Tampão Plaquetário: 
▪ O reparo plaquetário das aberturas vasculares depende de várias funções importantes da própria plaqueta. 
▪ Quando as plaquetas entram em contato com a superfície vascular lesada, especialmente com as fibras de 
colágeno da parede vascular, alteram rapidamente suas características de forma drástica. 
▪ Começam a se dilatar; assumem formas irregulares, com inúmeros pseudópodos que se projetam de suas 
superfícies; suas proteínas contráteis se contraem intensamente, provocando a liberação de grânulos que 
contêm vários fatores ativos; esses fatores ficam pegajosos e aderem ao colágeno dos tecidos e à proteína, 
chamada fator de von Willebrand, que vaza do plasma para o tecido traumatizado; elas secretam grande 
quantidade de ADP; e suas enzimas formam o tromboxano A2. 
▪ O ADP e o tromboxano por sua vez atuam nas plaquetas vizinhas, ativando-as; a superfície grudenta dessas 
plaquetas recém-ativadas faz com que sejam aderidas às plaquetas originalmente ativadas. 
▪ Portanto, no local de qualquer punção da parede de vaso sanguíneo, a parede vascular lesionada ativa 
número sucessivamente maior de plaquetas que atraem cada vez mais plaquetas, formando, assim, o 
tampão plaquetário. 
▪ Inicialmente, esse tampão fica solto, mas é usualmente bem-sucedido ao bloquear a perda de sangue se a 
abertura vascular for pequena. 
▪ A seguir, durante o processo subsequente de coagulação do sangue, são formados filamentos de fibrina. 
▪ Esses filamentos se prendem de forma muito firme às plaquetas, construindo tampão compacto. 
 
• Coagulação sanguíneo no vaso rompido: 
o O coágulo começa a se desenvolver, entre 15 e 20 segundos, se o trauma à parede vascular for grave, e entre 1 
e 2 minutos, se o trauma for pequeno. 
o Substâncias ativadoras produzidas por parede vascular traumatizada, plaquetas e proteínas sanguíneas que se 
aderem à parede vascular traumatizada iniciam o processo de coagulação. Eventos físicos desse processo: 
 
o Fatores de coagulação mais importantes: 
 
o ≅ de 3 a 6 minutos, após a ruptura do vaso, toda a abertura ou a extremidade aberta do vaso é ocupada pelo 
coágulo se a abertura não for muito grande. 
o Após período de 20 minutos a 1 hora, o coágulo se retrai, o que fecha ainda mais o vaso. 
o As plaquetas têm também papel importante nessa retração do coágulo. 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
 
• Organização fibrosa/dissolução do coágulo sanguíneo → assim que o coágulo se forma ele pode seguir 1 entre 2 
cursos: 
o (1) pode ser invadido por fibroblastos, subsequentemente, formando tecido conjuntivo por todo o coágulo; ou 
(2) pode se dissolver. 
o O curso usual para o coágulo formado em pequeno orifício do vaso é a invasão por fibroblastos, começando 
algumas horas após a formação do coágulo (que é promovida, pelo menos em parte, pelo fator de crescimento 
liberado pelas plaquetas). 
o Essa invasão continua até a completa organização do coágulo, em tecido fibroso, no período de ≅ 1 a 2 semanas. 
o De modo inverso, quando quantidade excessiva de sangue vazou para os tecidos e os coágulos teciduais 
ocorreram onde não eram necessários, substâncias especiaisno interior do próprio coágulo são usualmente 
ativadas. Essas substâncias atuam como enzimas para a dissolução do coágulo. 
 
➔ CASCATA DE COAGULAÇÃO: 
• Mais de 50 substâncias importantes que causam ou afetam a coagulação do sangue foram encontradas no sangue e nos 
tecidos: algumas que promovem a coagulação (pro-coagulantes), e outras que inibem a coagulação (anticoagulantes). 
• A coagulação ou a não coagulação do sangue depende do balanço entre esses 2 grupos de substâncias. 
• Na corrente sanguínea normalmente predominam os anticoagulantes, de modo que o sangue não coagula enquanto 
está circulando pelos vasos sanguíneos. 
• Mas, quando o vaso é rompido, procoagulantes da área da lesão tecidual são “ativados” e predominam sobre os 
anticoagulantes, com o consequente desenvolvimento de coágulo. 
• A coagulação ocorre em 3 etapas essenciais: 
o 1) Em resposta à ruptura do vaso ou a problemas relacionados ao próprio sangue, ocorre no sangue complexa 
cascata de reações químicas, com participação de mais de uma dúzia de fatores de coagulação sanguínea. O 
resultado efetivo é a formação do complexo de substâncias ativadas, chamado ativador da protrombina. 
o 2) O ativador da protrombina catalisa a conversão da protrombina em trombina. 
o 3) A trombina atua como uma enzima, convertendo o fibrinogênio em fibras de fibrina, formando emaranhado de 
plaquetas, células sanguíneas e plasma para formar o coágulo. A seguir, o mecanismo pelo qual o coágulo sanguíneo 
se forma, começando com a conversão da protrombina em trombina, e logo após, para os estágios 
desencadeadores do processo de coagulação, pelo qual é formado o ativador da protrombina. 
 
• Conversão de protrombina em trombina: 
o 1. O ativador da protrombina é formado como resultado da ruptura de vaso sanguíneo ou da liberação de 
substâncias especiais no sangue. 
o 2. O ativador da protrombina, em presença de quantidade suficiente de cálcio iônico (Ca++), causa a conversão da 
protrombina em trombina: 
 
o 3. A trombina provoca a polimerização das moléculas de fibrinogênio em fibras de fibrina, em 10 a 15 segundos. 
Assim, o fator limitador da coagulação sanguínea é usualmente a formação do ativador da protrombina e não as 
reações subsequentes além desse ponto, pois essas etapas terminais normalmente ocorrem, com muita rapidez, 
para formar o coágulo. 
o As plaquetas têm também papel importante na conversão da protrombina em trombina, pois grande parte da 
protrombina se fixa, inicialmente, nos receptores de pro trom bina, nas plaquetas já ligadas ao tecido lesado. 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
o Protrombina e Trombina: 
▪ A protrombina é proteína plasmática, uma alfa-2-globulina, com peso molecular de 68.700, presente no 
plasma normal na concentração de ≅ 15 mg/dL. 
▪ Ela é proteína instável que pode se dividir facilmente em compostos menores, um dos quais sendo a 
trombina, com peso molecular de 33.700, quase a metade do peso da protrombina. 
▪ A protrombina é continuamente formada no fígado, e é utilizada de forma também contínua em todo o 
corpo para a coagulação sanguínea. 
▪ Se o fígado deixa de produzir a protrombina, dentro de 1 dia a concentração plasmática de protrombina cai 
a ponto de não ser suficiente para produzir a coagulação normal do sangue. 
▪ A vitamina K é requerida pelo fígado para a ativação normal da protrombina, bem como para a formação 
de alguns outros fatores de coagulação. 
▪ A falta de vitamina K e a presença de doença hepática que impeça a formação normal de protrombina 
podem ↓ o nível de protrombina a valores tão baixos que provoque ↑ da tendência ao sangramento. 
 
• Conversão do fibrinogênio em fibrina → Formação do coágulo: 
o O Fibrinogênio Formado no Fígado é Essencial para a Formação do Coágulo: 
▪ O fibrinogênio é proteína de alto peso molecular (340.000) que ocorre no plasma na concentração de 100 
a 700 mg/dL. 
▪ O fibrinogênio é formado no fígado, e doença hepática pode diminuir a concentração do fibrinogênio 
circulante, bem como a concentração de protrombina. 
▪ Devido a sua grande dimensão molecular, pouca quantidade de fibrinogênio normalmente sai dos vasos 
sanguíneos para os líquidos intersticiais e, como o fibrinogênio é um dos fatores essenciais do processo de 
coagulação, os líquidos intersticiais não coagulam. 
▪ Além disso, quando a permeabilidade dos capilares está patologicamente elevada, o fibrinogênio vaza em 
quantidade suficiente para os líquidos teciduais permitindo a coagulação desses líquidos, da mesma forma 
como o plasma e o sangue total podem coagular. 
o Ação da Trombina sobre o Fibrinogênio para Formar Fibrina: 
▪ A trombina é enzima proteica com fracas capacidades proteolíticas. 
▪ Ela atua sobre o fibrinogênio, removendo quatro peptídeos de baixo peso molecular de cada molécula de 
fibrinogênio, formando molécula de monômero de fibrina, com capacidade automática de se polimerizar 
com outros monômeros de fibrina para formar fibras de fibrina. 
▪ Portanto, muitas moléculas de monômero de fibras se polimerizam em questão de segundos, em longas 
fibras de fibrina que constituem o retículo do coágulo sanguíneo. 
▪ Nos estágios iniciais da polimerização, os monômeros de fibrina são mantidos unidos por fraca ligação de 
hidrogênio não covalente, e as fibras recém-formadas não têm ligações cruzadas entre si; por conseguinte, 
o coágulo resultante é fraco e pode se romper com facilidade. 
▪ Entretanto, nos próximos segundos ocorre outro processo que fortalece enormemente o retículo de fibrina. 
▪ Esse processo envolve a substância chamada fator estabilizador de fibrina, presente em pequena 
quantidade nas globulinas normais do plasma, mas que é liberada também pelas plaquetas retidas no 
coágulo. 
▪ Antes de o fator estabilizador de fibrina ter efeito sobre as fibras de fibrina, ele deve ser ativado. 
▪ A mesma trombina que causa a formação de fibrina também ativa o fator estabilizador da fibrina. 
▪ Essa substância ativada atua como enzima para criar ligações covalentes entre nº crescente de monômeros 
de fibrina, bem como ligações cruzadas entre as fibras adjacentes de fibrina, aumentando muito a força 
tridimensional da malha de fibrina. 
o Coágulo Sanguíneo: 
▪ O coágulo é composto por malha de fibras de fibrinas que cursam em todas as direções e que retêm células 
sanguíneas, plaquetas e plasma. 
▪ As fibras de fibrina também aderem às superfícies lesadas dos vasos sanguíneos; desse modo, o coágulo 
sanguíneo fica aderido a qualquer abertura vascular, impedindo a continuação da perda de sangue. 
o Retração do Coágulo e Expressão de Soro: 
▪ Alguns minutos após a formação do coágulo, ele começa a se contrair e usualmente expele grande parte 
do líquido do coágulo em 20 a 60 minutos. 
▪ O líquido eliminado é chamado soro porque todo o fibrinogênio e a maioria dos outros fatores de 
coagulação foi removida; dessa forma, o soro difere do plasma. 
▪ O soro não pode coagular por não conter esses fatores. 
▪ As plaquetas são necessárias para a retração do coágulo. Assim, falha na retração do coágulo indica que o 
número de plaquetas no sangue circulante deve estar baixo. 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
▪ Micrografias eletrônicas das plaquetas nos coágulos sanguíneos demonstram que elas se prendem às fibras 
de fibrinas de tal modo que, na verdade, elas ligam fibras diferentes. 
▪ As plaquetas retidas no coágulo continuam a liberar substâncias procoagulantes, sendo uma das mais 
importantes o fator estabilizador da fibrina que cria mais ligações cruzadas entre as fibras de fibrina 
adjacentes. 
▪ Também contribuem diretamente para a contração do coágulo pela ativação da trombostenina da actina e 
da miosina plaquetárias, que são proteínas contráteis causadoras de forte contração das espículas 
plaquetárias presas à fibrina. 
▪ Esse efeito também auxiliaa compressão da malha de fibrina até o volume menor. 
▪ A contração é ativada e acelerada por trombina e íons cálcio, liberados dos reservatórios de cálcio nas 
mitocôndrias, no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi das plaquetas. 
▪ Com a retração do coágulo, as bordas da abertura do vaso sanguíneo são tracionadas, contribuindo ainda 
mais para a hemostasia. 
 
• Feedback positivo de formação do coágulo: 
o Assim que o coágulo sanguíneo começa a se formar, ele normalmente se estende, em questão de minutos, para o 
sangue ao seu redor, ou seja, o coágulo, por si só, desencadeia ciclo vicioso ( feedback positivo) para promover mais 
coagulação. 
o Uma das causas mais importantes dessa promoção do coágulo é que a ação proteolítica da trombina permitir que 
ela atue sobre vários dos outros fatores da coagulação além do fibrinogênio. 
o Por exemplo, a trombina tem efeito proteolítico direto sobre a própria protrombina, tendendo a convertê-la em 
mais trombina, e isso atua sobre alguns dos fatores da coagulação responsáveis pela formação do ativador da 
protrombina (esses efeitos incluem a aceleração das ações dos Fatores VIII, IX, X, XI e XII e a agregação plaquetária. 
o Assim que quantidade crítica de trombina é formada, o feedback positivo se desenvolve, causando coagulação 
sanguínea ainda maior e maior formação de trombina; consequentemente, o coágulo sanguíneo continua a crescer 
até que o vazamento de sangue seja interrompido. 
 
• Iniciação da coagulação → formação do ativador da protrombina: 
o Os mecanismos mais complexos que iniciam a coagulação → são desencadeados por: 
▪ (1) Trauma da parede vascular e dos tecidos adjacentes; 
▪ (2) Trauma ao sangue; ou 
▪ (3) Contato do sangue com as células endoteliais lesionadas ou com colágeno e outros elementos 
teciduais por fora do vaso sanguíneo. 
o Cada um desses casos leva à formação do ativador da protrombina, que, por sua vez, provoca a conversão da 
protrombina em trombina e todas as etapas subsequentes da coagulação. 
o Considera-se, em geral, que o ativador da protrombina seja formado por 2 vias, mas na realidade essas 2 vias 
interagem constantemente entre si: 
▪ (1) pela via extrínseca que começa com o trauma da parede vascular e dos tecidos vizinhos; e 
▪ (2) pela via intrínseca que começa no sangue. 
o Tanto na via extrínseca quanto na via intrínseca, uma série de diferentes proteínas plasmáticas, chamadas fatores 
da coagulação sanguínea, tem papel primordial. 
o Em sua maioria, esses fatores são formas inativas de enzimas proteolíticas. Quando convertidas a suas formas 
ativas, suas ações enzimáticas causam as sucessivas reações em cascata do processo da coagulação. 
o Grande parte dos fatores da coagulação é designada por algarismos romanos. Para indicar a forma ativada do fator, 
uma letra minúscula “a” é acrescentada ao algarismo romano, como o Fator VIIIa, para indicar o estado ativado do 
Fator VIII. 
 
o Via Extrínseca para a Iniciação da Coagulação: a via extrínseca para o desencadeamento da formação do ativador 
da protrombina começa com o trauma da parede vascular ou com o trauma dos tecidos extravasculares que 
entram em contato com o sangue. Essa condição leva às seguintes etapas: 
▪ 1. Liberação do fator tecidual: 
✓ O tecido traumatizado libera complexo de diversos fatores, chamado fator tecidual ou tromboplastina 
tecidual. 
✓ Esse fator é composto, de modo especial, por fosfolipídeos das membranas dos tecidos + complexo 
lipoproteico que atua, principalmente, como enzima proteolítica. 
▪ 2. Ativação do Fator X (papel do Fator VII e do fator tecidual): 
✓ O complexo lipoproteico do fator tecidual se combina com o Fator VII e, em presença de íons cálcio, 
atua enzimaticamente sobre o Fator X para formar o Fator X ativado (Xa). 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
▪ 3. Efeito do Fator X ativado (Xa) para formar o ativador da protrombina (o papel do Fator V): 
✓ O Fator X ativado se combina, imediatamente, com os fosfolipídeos teciduais que fazem parte dos 
fatores teciduais, ou com fosfolipídeos adicionais, liberados pelas plaquetas, além de com o Fator V, 
para formar o complexo chamado ativador da protrombina. 
✓ Em alguns segundos, em presença de Ca++, a protrombina divide-se para formar a trombina, e o 
processo de coagulação prossegue. 
✓ De início, o Fator V no complexo ativador da protrombina está inativo, mas assim que o processo de 
coagulação se inicia e a trombina começa a se formar a ação proteolítica da trombina ativa o Fator V. 
✓ Essa ativação passa a ser potente acelerador adicional da ativação da protrombina. 
✓ Consequentemente, no complexo ativador da protrombina final, o Fator X ativado é a verdadeira 
protease causadora da clivagem da protrombina para a formação da trombina: o Fator V ativado 
acelera muito essa atividade de protease, e os fosfolipídeos das plaquetas atuam como veículo que 
acelera ainda mais o processo. 
✓ Obs: o efeito de feedback positivo da trombina, atuando sobre o Fator V, acelera todo o processo depois 
de seu desencadeamento. 
 
 
o Via Intrínseca para a Iniciação da Coagulação: o segundo mecanismo para o desencadeamento da formação do 
ativador da protrombina e, portanto, para o início da coagulação, começa com o trauma ao próprio sangue ou a 
exposição do sangue ao colágeno da parede vascular traumatizada. O processo continua por série de reações em 
cascata: 
▪ 1. O trauma sanguíneo causa: 
✓ Ativação do Fator XII: 
 O trauma ao sangue ou a exposição do sangue ao colágeno da parede vascular altera 2 
importantes fatores da coagulação do sangue: o Fator XII e as plaquetas. 
 Quando o Fator XII é afetado, tal como ao entrar em contato com o colágeno ou com superfície 
molhável, como o vidro, ele assume nova configuração molecular que o converte na enzima 
proteolítica chamada “Fator XII ativado”. 
✓ Liberação dos fosfolipídeos das plaquetas: 
 Simultaneamente, o trauma sanguíneo também lesa as plaquetas, devido à sua aderência ao 
colágeno ou à superfície molhável (ou por outros tipos de lesão), acarretando a liberação de 
fosfolipídeos plaquetários que contêm a lipoproteína chamada fator plaquetário 3 que também 
tem participação nas reações de coagulação subsequentes. 
▪ 2. Ativação do Fator XI: 
✓ 2ª etapa da via intrínseca: o Fator XII ativado atua enzimaticamente sobre o Fator XI ativando-o 
também. 
✓ Essa reação também necessita do cininogênio de alto peso molecular (A APM) e é acelerada pela pré-
calicreína. 
▪ 3. Ativação do Fator IX pelo Fator XI ativado: O Fator XI ativado, então, atua enzimaticamente sobre o 
Fator IX para provocar sua ativação. 
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Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
▪ 4. Ativação do Fator X (o papel do Fator VIII): 
✓ O Fator IX, atuando em conjunto com o Fator VIII ativado e com os fosfolipídeos plaquetários e com 
o Fator III das plaquetas traumatizadas, ativa o Fator X. 
✓ Logo, na falta do Fator VIII ou das plaquetas essa etapa é deficiente. 
✓ O Fator VIII é o fator ausente na pessoa com hemofilia clássica, motivo pelo qual ele é chamado fator 
anti-hemofílico. 
✓ As plaquetas constituem o fator ausente da coagulação na doença hemorrágica chamada 
trombocitopenia. 
▪ 5. Ação do Fator X ativado na formação do ativador da protrombina (o papel do Fator V): 
✓ Essa etapa, na via intrínseca, é a mesma etapa final da via extrínseca. 
✓ Ou seja, o Fator X ativado se combina com o Fator V e com as plaquetas ou com fosfolipídeos teciduais 
para formar o complexo ativador da protrombina, que, por sua vez, desencadeia, em segundos, a 
clivagem da protrombina para formar trombina, iniciando a etapa final do processo da coagulação. 
 
 
o Papel dos Íons Cálcio nas Vias Intrínseca e Extrínseca: 
▪ Exceto pelas 2 primeiras etapas da via intrínseca, os íons cálcio são necessários para a promoção ou para a 
aceleração de todas asreações da coagulação sanguínea. 
▪ Por consequência, na ausência de íons cálcio, a coagulação sanguínea não ocorre por qualquer das vias. 
▪ No corpo vivo, a concentração de íons cálcio raramente cai até níveis significativos que afetem a cinética 
da coagulação sanguínea. 
▪ Entretanto, quando o sangue é removido da pessoa, pode-se evitar sua coagulação pela redução dos níveis 
de íon cálcio, até valores abaixo do limiar para a coagulação pela desionização do cálcio, fazendo-o reagir 
com substâncias, como o íon citrato, ou pela precipitação do cálcio com o uso de substâncias, como o íon 
oxalato. 
o Interação entre as Vias Extrínseca e Intrínseca (Resumo do Desencadeamento da Coagulação Sanguínea): 
▪ Após a ruptura do vaso sanguíneo, a coagulação ocorre de forma simultânea pelas duas vias ao mesmo 
tempo! 
▪ O fator tecidual desencadeia a via extrínseca, enquanto o contato do Fator XII e das plaquetas com o 
colágeno na parede vascular desencadeia a via intrínseca. 
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Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
▪ Diferença importante entre as vias: 
✓ A extrínseca pode ser explosiva; uma vez iniciada, sua velocidade até a formação do coágulo final só é 
limitada pela quantidade de fator tecidual liberado por tecidos traumatizados e quantidades dos 
Fatores X, VII e V no sangue. Com trauma tecidual grave, a coagulação pode ocorrer em 15 segundos. 
✓ A intrínseca prossegue muito mais lentamente, em geral, necessitando de 1 a 6 minutos para causar a 
coagulação. 
 
o Os Anticoagulantes Intravasculares Previnem a Coagulação Sanguínea no Sistema Vascular Normal: 
▪ Fatores da Superfície Endotelial (para prevenção da coagulação no sistema vascular normal): 
✓ Uniformidade (smoothness) da superfície das células endoteliais, impedindo a ativação por contato do 
sistema intrínseco da coagulação; 
✓ A camada do glicocálice do endotélio (glicocálice é mucopolissacarídeo adsorvido às superfícies das células 
endoteliais), que repele os fatores da coagulação e as plaquetas, impedindo assim a ativação da 
coagulação; e 
✓ A proteína ligada à membrana endotelial, trombomodulina, que liga a trombina e essa ligação não 
apenas lentifica o processo de coagulação pela remoção da trombina, mas também o complexo 
trombomodulina-trombina ativa a proteína plasmática, a proteína C, que atua como anticoagulante 
ao inativar os Fatores V e VIII ativados. 
▪ Quando a parede endotelial é lesada, sua uniformidade e sua camada de glicocálicetrombomodulina são 
perdidas, ativando o Fator XII e as plaquetas, iniciando assim a via intrínseca da coagulação. 
▪ Se o Fator XII e as plaquetas entram em contato com o colágeno subendotelial, a ativação é ainda mais 
intensa. 
 
o Ação Antitrombina da Fibrina e da Antitrombina III → entre os mais importantes anticoagulantes presentes no 
sangue, os que mais removem as trombinas do organismo: 
▪ Fibras de fibrina: formadas durante o processo de coagulação; e 
▪ Alfaglobulina/antitrombina III ou cofator antitrombina-heparina. 
▪ Enquanto o coágulo está sendo formado, ≅ 85-90% da trombina formada pela protrombina ficam 
adsorvidos às fibras de fibrina que estão se desenvolvendo. 
▪ Essa adsorção ajuda a impedir a disseminação da trombina para o restante do sangue e previne o 
crescimento excessivo do coágulo. 
▪ A trombina, que não é adsorvida nas fibras de fibrina, logo se combina com a antitrombina III que bloqueia 
ainda mais o efeito da trombina sobre o fibrinogênio, além de também inativar a própria trombina durante 
os próximos 12 a 20 minutos. 
 
o Heparina: 
▪ É outro potente anticoagulante, mas porque a sua concentração no sangue normalmente é baixa, exerce 
efeitos anticoagulantes significativos apenas em condições fisiológicas especiais , mas é muito utilizada 
como agente farmacológico, na prática médica, em concentrações muito mais elevadas para a prevenção 
da coagulação intravascular. 
▪ É polissacarídeo conjugado com forte carga negativa. 
▪ Por si própria, tem pouca ou nenhuma propriedade anticoagulante, mas quando se combina com a 
antitrombina III, a eficácia da antitrombina para a remoção de trombina aumenta por 100 a 1.000 vezes e, 
dessa forma, ela atua como anticoagulante. 
▪ Assim, em presença de heparina em excesso, a remoção da trombina livre do sangue circulante pela 
antitrombina III é quase instantânea. 
▪ O complexo heparina-antitrombina III remove vários outros fatores ativados da coagulação além da 
trombina, elevando ainda mais a eficácia da anticoagulação. Os outros fatores incluem os Fatores XII, XI, X 
e IX ativados. 
▪ É produzida por várias células diferentes do corpo, mas as maiores quantidades são formadas pelos 
mastócitos basofílicos do tecido conjuntivo pericapilar de todo o corpo. Essas células secretam 
continuamente pequena quantidade de heparina que se difunde para o sistema circulatório. 
▪ Os basófilos do sangue, que são funcionalmente quase idênticos aos mastócitos, liberam pequena 
quantidade de heparina no plasma. Os mastócitos são abundantes nos tecidos que circundam os capilares 
dos pulmões, e, em menor grau, os capilares do fígado. 
▪ Grandes quantidades de heparina são necessárias nessas áreas, pois os capilares dos pulmões e do fígado 
recebem muitos coágulos embólicos formados lentamente no sangue venoso; a formação de quantidade 
suficiente de heparina impede o crescimento mais acentuado desses coágulos. (Guyton) 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
 
 
➢ Conhecer as doenças hemorrágicas (coagulopatias) hereditárias: 
• Definição: 
o São doenças hemorrágicas resultantes da deficiência quantitativa e/ou qualitativa de uma ou mais das proteínas 
plasmáticas (fatores) da coagulação. 
o Característica comum: redução da formação de trombina, fator essencial para a coagulação do sangue. 
o Pacientes acometidos podem apresentar sangramentos de gravidade variável, espontâneos ou pós-traumáticos, 
presentes ao nascimento ou diagnosticados ocasionalmente. 
o Apresentam herança genética, quadro clinico e laboratorial distintos entre si. 
 
o Classificação (sob um critério etiológico, podem ser classificadas de acordo com as seguintes deficiências de fator): 
▪ Deficiência de fibrinogênio (fator I), que se subdivide em: Afibrinogenemia, Hipofibrinogenemia e 
Disfibrinogenemia. 
▪ Deficiência de protrombina (fator II); 
▪ Deficiência de fator V; 
▪ Deficiência de fator VII; 
▪ Deficiência de fator VIII - Hemofilia A; 
▪ Deficiência de fator X; 
▪ Deficiência de fator XI; 
▪ Deficiência de fator XII; 
▪ Deficiência do fator estabilizador da fibrina (fator XIII). 
▪ Doença von Willebrand (DVW). 
 
o Para uma orientação terapêutica adequada, é indispensável o diagnóstico diferencial entre elas realizado por meio 
da história clínica e de testes laboratoriais. 
o Dentre elas, as hemofilias e a DVW são as mais comuns. 
o São consideradas coagulopatias raras as deficiências de fatores I, II, V, VII, X e XIII. 
 
• Epidemiologia: 
 
o Por diagnóstico: 
▪ (2016) a região Sudeste concentra 46,21% dos casos de coagulopatias do Brasil, acompanhada pela Região 
Nordeste (22,27%), Sul (18,20%), Centro-Oeste (6,59%) e Norte (6,73%). O Estado de SP concentra 20,13% 
de todas as coagulopatias do Brasil. 
▪ Coagulopatias hereditárias raras (prevalência 1.828/24.228 (7,54%)): deficiências hereditárias dos fatores 
I, II, V, VII, VIII, X, XI e XIII, as deficiências combinadas de fatores V e VIII e deficiência de fatores dependentes 
da vitamina K (II, VII, IX e X). 
o Por sexo: 
▪ 67,41% dos pacientes são do sexo masculino e 32,59% do sexo feminino. 
▪ Hemofilias A e B: 98,39% e 97,34% dos pacientes são do sexo masculino. 
▪ DVW: a maioria dos pacientes (66,27%) é do sexo feminino. 
▪ Nas raras: 50,66% são do sexo feminino; 
▪ Outras coagulopatias e demais transtornos hemorrágicos: a maioria (63,98%) também é do sexo feminino. 
▪ Assim, exceto pelas hemofilias,a maioria é mais prevalente na população de sexo feminino. 
o Por faixa etária: maior prevalência ocorre na faixa etária de 20-29 anos (22,05%). 
 
DOENÇAS HEMORRÁGICAS / COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
• Quadro clínico: 
o Hemofilia A e B: 
▪ As hemorragias podem se apresentar sob diversas formas, que podem ser espontâneas ou precedidas por 
traumas. 
▪ As hemorragias podem ocorrer sob forma de hematúria, epistaxe, melena/hematêmese, ou se 
apresentarem como hematomas, sangramentos retroperitoniais e intra-articulares (hemartroses), que 
constituem um dos aspectos mais característicos das formas graves da doença. 
▪ As hemartroses afetam mais frequentemente as articulações do joelho, tornozelo, cotovelo, ombro e 
coxofemoral. 
▪ Como o sangue permanece fluido dentro das articulações, há possibilidade de formação de cistos 
hemorrágicos e de danificação da membrana sinovial. 
▪ Nos casos de hematúria, o sangramento pode prolongar-se por semanas, mas a avaliação da perda 
sanguínea somente pelo aspecto da urina e bastante precária, uma vez que uma diluição de sangue de 
1/100 pode sugerir impressão macroscópica de sangue total. 
▪ Em geral, as hemorragias desencadeadas por trauma iniciam-se entre 1 a 3h após o trauma, podem 
perdurar por vários dias e, dificilmente, cedem a pressão local, diferentemente das hemorragias resultantes 
de defeito vascular, que são imediatas, cedem em poucas horas e respondem a tratamento local. 
 
o Deficiência do Fator XI (+ deficiencia de fator VIII, DVW, entre outras): 
▪ Apresenta quadro clinico heterogêneo, em geral com episódios hemorrágicos de gravidade moderada, 
estando as hemorragias frequentemente relacionadas a trauma ou a procedimentos cirúrgicos. 
▪ Sangramentos espontâneos podem ocorrer, porém são incomuns. 
▪ Pacientes homozigotos e heterozigotos compostos apresentam deficiência mais grave e quadro clinico mais 
exuberante do que os heterozigotos. 
 
o Raras: 
▪ A sintomatologia clínica varia e as hemorragias podem ser de intensidade leve a grave. 
▪ Os episódios hemorrágicos, embora precoces, são geralmente pós-traumáticos, entretanto, indivíduos 
acometidos podem permanecer assintomáticos por longos períodos. 
▪ As hemorragias mais frequentes são: menorragia, sangramentos gengivais e epistaxes. 
▪ O sangramento de cordão umbilical pode ser uma das primeiras manifestações e deve chamar atenção para 
o diagnóstico da doença. Neste caso, o diagnostico diferencial deve incluir a deficiência de fator XIII, cujo 
sangramento de cordão umbilical é também sinal altamente sugestivo da doença. 
▪ As hipofibrinogenemias (fibrinogênio < 100 mg/dl) geralmente apresentam manifestação clínica quando 
associadas a trauma ou quando a concentração de fibrinogênio é inferior a 50 mg/dl. 
▪ As disfibrinogenemias são caracterizadas pela biossíntese de moléculas com estrutura anômala que 
apresentam função alterada (defeito qualitativo). 
▪ A maioria dos pacientes é assintomática, podendo, entretanto, haver história de hemorragia ou trombose. 
 
o Deficiência de protrombina (fator II): apresenta quadro clinico heterogêneo, com sangramentos de leve a 
moderada intensidade, dependendo do nível funcional do fator. Em geral, os sangramentos ocorrem após trauma, 
mas níveis funcionais menores que 1% estão associados a sangramento espontâneo. 
o Deficiência de fator V (F V): manifestações hemorrágicas em geral moderadas e incluem equimoses, menorragia e 
epistaxes. Hematomas musculares extensos e hemartroses são raros. 
o Deficiência de fator VII (F VII): O quadro clinico é variável e nem sempre tem relação com os níveis de FVII 
circulante. Se tiver apresentação exuberante, caracterizado por menorragia, epistaxes e raramente hematomas e 
hemartroses podem ocorrer quando os níveis de FVII são inferiores a 1.0 U/dl; podem apresentar hemorragia 
intracraniana. 
o Deficiência de fator X (F X): hemorragias de intensidade moderada a grave, de acordo com o nível funcional de F X 
circulante. As manifestações hemorrágicas tendem a ser graves nos pacientes que apresentam FX < 1,0 U/dl e leves 
naqueles com FX > 1,0 U/dl. As hemorragias mais comuns ocorrem nas articulações e mucosas e incluem 
menorragia, sangramento mucoso e mais raramente hemartroses. 
o Deficiência de F XII (moléstia de Hageman), de precalicreína e de cininogênio de alto peso molecular: Estas 
proteínas são denominadas fatores de contato, porque estão envolvidas com a ativação da via intrínseca da 
coagulação. Em geral, evoluem sem sintomas, sendo seu diagnóstico, na maioria das vezes, um achado de 
laboratório. Pode haver trombose. 
o Deficiência de F XIII: os coágulos formados são friáveis e mais susceptíveis a degradação pela plasmina. O 
sangramento no cordão umbilical é o aspecto característico da doença, que ocorre nos primeiros dias de vida. 
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Apresentam hemorragia intracraniana com maior frequência do que aqueles com outras coagulopatias. A 
hemorragia pode apresentar recidiva e, neste caso, é indicado o tratamento de reposição profilático de 
crioprecipitado ou concentrado de fator XIII para todos os indivíduos acometidos. Abortos de repetição e 
dificuldade de cicatrização de feridas são achados associados. 
o Deficiências combinadas (associações: FV e F VIII, FVII e F IX, FVII e F VIII, entre outras): quadro clinico depende da 
magnitude da deficiência de cada um dos fatores. 
 
• Diagnóstico: requer avaliação da história pregressa pessoal e familiar e dos quadros clínicos e laboratoriais. Achados 
laboratoriais das diversas coagulopatias hereditarias: 
 
 
• Conduta terapêutica: tem como principal pilar a reposição dos fatores da coagulação que se encontram deficientes, 
devendo-se respeitar as características biológicas individuais de cada fator: 
 
o As opções de tratamento das coagulopatias tem evoluído rapidamente nos últimos anos, proporcionando maior 
segurança transfusional aos pacientes que necessitam de terapia de reposição. 
o Dentre as opções de tratamento disponíveis no Brasil, ressaltam-se: 
▪ Concentrados de F VIII: obtidos por fracionamento de pool de plasma, com diferentes técnicas, que 
conferem características distintas aos produtos. 
▪ Concentrados de F IX: também obtidos por fracionamento de pool de plasma. 
▪ Concentrado de complexo protrombínico (CCP): contém os fatores II, VII, IX e X e também é obtido por 
fracionamento de pool de plasma. Utilizado no tratamento das deficiências de fatores II, VII e X, nos 
hemofílicos B que não apresentam risco de trombose (insuficiência hepática, trauma, trombofilias, 
coagulopatia de consumo ou quando são necessárias poucas infusões), quando não se dispõe de 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
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concentrado de F IX, ou em pacientes hemofílicos A que desenvolveram inibidores (anticorpos específicos 
contra o F VIII). 
▪ Concentrado de complexo protrombínico ativado (CCPA): semelhante ao complexo anterior, porém os 
fatores II, VII, IX e X estão ativados. Indicado para o tratamento de pacientes com hemofilia A e B com 
inibidores de alto título. 
▪ Plasma fresco congelado (PFC): utilizado no tratamento das coagulopatias menos frequentes, como as 
deficiências de fatores II, V, VII, X e XIII. Deve ser administrado na dose de 15 a 20 ml/kg de peso, e apenas 
em episódios hemorrágicos de pequena monta, pois atinge níveis plasmáticos entre 15 e 20%. Não é 
adequado para o tratamento de hemorragias graves ou intervenções cirúrgicas. 
▪ Crioprecipitado: produto obtido pela centrifugação e pelo congelamento do plasma de um único doador, 
sendo que cada bolsa contem ≅ 80 UI de F VIII. É rico em F VW, fator XIII e fibrinogênio. Cada unidade de 
crioprecipitado tem ≅ 200 a 300 mg de fibrinogênio. É proibida a utilização de crioprecipitadopara terapia 
de reposição em hemofílicos e portadores de DVW, exceto em situação de inexistência de concentrados. 
 
 
 
➢ Conhecer a Doença de Von Willebrand quanto à: 
• Definição: 
o É uma doença hemorrágica, causada por defeitos hereditários na concentração, estrutura ou função do fator von 
Willebrand (FvW). 
o Os pacientes com essa alteração hemostática representam um grupo heterogêneo, já que as expressões fenotípicas 
da doença podem variar em intensidade e oscilar com o tempo, além das mutações do F vW poderem ter efeitos 
complexos. 
• Epidemiologia: 
o É considerada a mais comum das doenças hemorrágicas. 
o A frequência na Suécia chega a 125 casos para 1 milhão de indivíduos, enquanto na Itália a prevalencia é de 0,82%. 
o Prevalência: entre 1 e 3%, mas somente em 10% deles a doença e sintomática. 
• Fisiopatologia: 
o O Fator von Willebrand (FvW) é uma grande glicoproteína multimérica, com várias e importantes atividades 
biológicas dependentes dos seus distintos domínios funcionais: 
▪ a) a Glicoproteina Ib plaquetária (GPIb) interage com o domínio A1 do FVW; 
▪ b) a Integrina αIIβ3, interage com o domínio C1, através da sequência Arg-Gly-Asp; 
▪ c) o colágeno fibrilar interage principalmente com o domínio A3; 
▪ d) aparentemente o colágeno tipo VI liga-se ao domínio A1; e 
▪ e) o FVIII coagulante liga-se a região N-terminal D’D3. 
o Dessa maneira, defeitos no FvW podem causar manifestações hemorrágicas com características típicas de 
anormalidades plaquetárias ou de hemofilia leve a moderadamente grave. 
o No plasma, o FvW e o FVIII coagulante circulam formando um complexo, mantido por ligações não covalentes, que 
é constituído por 99% de FvW e 1% de FVIII coagulante. 
o Gene do FVW: é constituído por 52 éxons e localiza-se no braço curto do cromossoma 12. 
o RNA mensageiro: expresso pelas células endoteliais e megacariócitos, codifica a síntese de um precursor com 2.813 
aminoácidos, que é o pré-pro-FvW. 
o Essa molécula é constituída por um peptídeo sinalizador, um propolipeptídeo/antígeno II do FvW e a subunidade 
madura. 
o Tanto o propolipeptídeo, como a subunidade madura contêm a sequência Arg-Gly-Asp (RGD), que é encontrada 
em muitas proteínas de adesão que interagem com receptores de integrinas. 
o O pre-propolipeptídeo tem 4 tipos de domínios diferentes (A a D), que se repetem de 2 – 5x e que definem domínios 
moleculares estruturalmente importantes.' 
o Na subunidade madura, da região aminoterminal para a região carboxiterminal, estão os 4 importantes sítios de 
ligação, que justificam as atividades funcionais do FvW: ligação ao FVIII coagulante, ligação a GPIb das plaquetas, 
ligação a matriz subendotelial (colágeno) e ligação ao complexo GPIIb e GPIIIa plaquetário. 
o No cromossomo 22 foi identificada uma sequência com 97% de homologia ao gene do FvW. 
o Esse DNA representa uma duplicação parcial, não funcionante, do gene do FvW, contendo os éxons 23 a 34 
(pseudogene). 
o No retículo endoplasmático das células endoteliais e megacariócitos são formadas as subunidades do pro-FvW, que 
se organizam em dímeros, por meio de pontes dissulfídrilicas próximas a região carboxiterminal. 
o No aparelho de Golgi, os dímeros formam os multímeros, por meio de uma ou mais ligações sulfídricas entre os 
domínios D3. Nessa fase, o propeptídeo é clivado da maioria das subunidades. 
DOENÇA DE Von Willebrand (DVW) 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
o O processo de multimerização, que é dependente do propeptídeo e do pH ácido do aparelho de Golgi, resulta numa 
série de oligômeros contendo um nº variável de subunidades: no mínimo 2 a um máximo de 50 a 100. 
o A organização multimérica fornece o potencial para múltiplos locais de contato com as plaquetas e estruturas 
subendoteliais, de modo que os maiores oligômeros, ou de maior peso molecular, são os mais eficazes em 
promover a adesão e a agregação plaquetárias. 
o Na célula endotelial, o FvW sintetizado é continuamente secretado para o plasma ou para o subendotélio, fazendo 
parte da matriz extracelular, ou, então, é estocado nos corpúsculos de Weibel-Palade, quando será liberado por 
ação de estímulos fisiológicos, como trombina, histamina, fibrina e radicais de oxigênio, ou da desmopressina. 
o Nas plaquetas, o FvW está contido nos grânulos, sendo secretado após estimulação pela trombina, ADP, colágeno 
ou outro agente ativador, ligando-se ao complexo GPIIb e GPIIIa das plaquetas ativadas. 
o O FvW presente dentro das células endoteliais e nas plaquetas apresenta peso molecular superior as formas 
presentes no plasma. 
o Esses multímeros do FvW apresentam grande eficácia na interação com as plaquetas, em vasos de pequeno calibre, 
e podem agregar plaquetas normais circulantes. 
o Após sua secreção, o destino dos multímeros do FVW dependerá do seu tamanho, interações com plaquetas e 
outras células, e taxa de depuração da circulação. 
o Sob situação de elevado estresse de cisalhamento, os multímeros com tamanho suficiente para se ligar as plaquetas 
podem ser estendidos e expor a ligação Tyr-Met, no domínio A2, que sofrera clivagem pela metaloprotease 
ADAMTS-13. 
o Através desse processo, a ADAMTS-13 produz remodelação da distribuição inicial dos multímeros secretados no 
sangue, tornando menores os grandes multímeros e produzindo os produtos de clivagem. 
o O FvW é depurado do sangue com meia-vida de 12-20h, independentemente do tamanho do multímero. 
o Dessa maneira, a concentração plasmática do FvW é determinada pelas taxas de secreção e depuração, com a 
distribuição multimérica, refletindo o resultado da organização dos multímeros, depuração da circulação e 
proteolise pela ADAMTS-13. 
o De acordo com mutações genéticas, esses processos serão alterados, resultando na variedade de fenótipos da 
DVW. (TRATADO DE HEMATOLOGIA) 
 
o Classificação atual: 
▪ 3 diferentes tipos (tipos 1, 2 e 3), sendo que o tipo 2 tem quatro diferentes subtipos (2A, 2B, 2M e 2N). 
▪ Os tipos 1 e 3 são defeitos antigênicos ou quantitativos (redução da produção de um FVW normal) e o tipo 
2 é funcional ou qualitativo (síntese de FVW anormal). 
▪ O tipo 1 apresenta um defeito quantitativo parcial é o tipo 3 um defeito quantitativo total (deficiência 
grave). 
 
• Quadro Clínico: 
o Manifestações hemorrágicas típicas: equimoses aos menores traumatismos, epistaxe, gengivorragia e, no sexo 
feminino, menorragia; este último pode ser o único sintoma nas mulheres, iniciando mais comumente na menarca 
e podendo ser incapacitante. Embora a aferição do excesso de volume menstrual (superior a 80ml) não seja fácil, 
alguns autores têm proposto a adoção de questionários e figuras para esta finalidade 
o Crianças: os sintomas mais comuns são equimoses e epistaxe, sendo que a frequência das epistaxes diminui na 
vida adulta. 
o Sangramentos aumentados após trauma e cirurgias, especialmente após extração dentária ou outros 
procedimentos na boca e nariz, podem ocorrer em qualquer idade e podem ser a apresentação inicial. 
o A prevalência de sangramento gastrointestinal aumenta com a idade e reflete o aumento da prevalência de 
angiodisplasia intestinal com o envelhecimento. 
o São raros os sangramentos em tecidos moles, hematomas musculares e hemartroses, embora estes achados 
possam ser encontrados na DVW tipo 3. 
o Outros: gengivorragia, petéquias, hematúria e sangramentos SNC. 
 
• Diagnóstico (baseia-se na presença de 3 condições): 
➔ CLÍNICO: 
o História pessoal de sangramentos cutâneos e mucosos; 
o História familiar de manifestações hemorrágicas; e 
o Exames laboratoriais que demonstrem um defeito quantitativo e/ou qualitativo do FvW. 
o Escores para quantificar a hemorragia → as manifestações hemorrágicas apresentam frequências diferentes 
conforme o tipo de DVW: 
Tutoria | Prob 01: Surpresa desagradável Módulo 2 | P6 
Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
 
*NR: não realizado 
o Na anamnese é importantea avaliação da presença de manifestações hemorrágicas após procedimentos 
invasivos, tais como cirurgias, traumas, procedimentos dentários e sangramento pósparto. 
o Além disso, o tempo de aparecimento do quadro hemorrágico é de importância fundamental, devido à 
possibilidade de DVW adquirida, na maioria das vezes secundária a doenças autoimunes e malignas (principalmente 
linfo ou mieloproliferativas). 
o De acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH), os eventos hemorrágicos que podem 
sugerir a presença da DVW são: 
▪ Epistaxe prolongada sem história de trauma prévio, que não cessa após 20 minutos com compressão local 
ou que leva à anemia ou que requer transfusão sanguínea. Devem-se considerar, ainda, as epistaxes que 
necessitam de intervenção médica ou que recorrem após cauterização. 
▪ Sangramentos cutâneos/equimoses que surgem após traumatismo mínimo ou mesmo sem trauma 
aparente, ou que necessitam de tratamento médico. 
▪ Sangramento prolongado em ferimentos cortantes, com duração ≥ a 15 minutos, que necessitam de 
intervenção médica para cessar ou que recorrem espontaneamente dentro de 7 dias. 
▪ Sangramento oral, como gengivorragia, ou após erupção dentária ou ferimentos cortantes em lábios ou 
língua, que necessitam de tratamento médico ou que recorre nos 7 dias subsequentes. 
▪ Hemorragia gastrointestinal, que requer avaliação médica ou que causa anemia, aguda ou crônica, não 
explicada por lesão local. 
▪ Sangramento prolongado/recorrente após exodontia ou cirurgia, como amigdalectomia e 
adenoidectomia, necessitando de avaliação médica. 
▪ Menorragia não associada a problemas uterinos: este sintoma é mais significativo quando a menorragia 
teve início desde a menarca, ou produz anemia, ou necessita de tratamento médico. 
▪ Sangramento prolongado de outras superfícies cutâneas ou mucosas, que requeira tratamento médico. 
o Uma história familiar positiva compatível com uma herança de caráter dominante da DVW requer que 1 familiar de 
1º grau ou 2 familiares de 2º grau apresentem história evidente de sangramento cutâneo-mucoso ou exames 
laboratoriais compatíveis com DVW. 
o Porém, devido à penetrância incompleta da DVW, o caráter autossômico dominante completo nem sempre é 
encontrado. 
o Por outro lado, na DVW tipo 3 e no subtipo 2N, com padrão de transmissão autossômico recessivo, os pais 
usualmente são assintomáticos. 
 
➔ LABORATORIAL: 
o Devido à sua complexidade, o diagnóstico da DVW frequentemente é difícil e trabalhoso, exigindo paciência e 
persistência do médico e, principalmente, do paciente. 
o Dependendo do sítio funcional que se apresentar alterado, somente alguns testes podem estar anormais, fazendo 
com que a investigação laboratorial exija um conjunto de determinações que avaliem quantitativa e 
funcionalmente o FVW e o FVIII. 
o Esses exames podem ser subdivididos em testes de triagem, testes confirmatórios e testes especiais: 
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Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves 
 
o Os exames com maior utilidade são: o estudo funcional do FVW por meio da sua atividade de co-fator de ristocetina 
(FVW:RCo), o teste imunológico para o FVW (FVW:Ag) e o teste que avalia a função do FVIII (FVIII:C). 
o Considerando-se a variabilidade temporal do FVW e do FVIII, recomenda-se que esses testes sejam repetidos 2 
vezes visando confirmar ou excluir o diagnóstico. 
 
o Cofator Ristocetina: a determinação do FVW:RCo requer o emprego de plasma diluído em diferentes 
concentrações, além de quantidade padronizada de ristocetina e plaquetas. A quantidade de ristocetina deve ser 
elevada em relação ao FVW para propiciar alta estimulação. Uma curva padrão, feita com plasma de referência, 
relaciona a diluição com a amplitude de agregação, permitindo a comparação com os resultados do paciente para 
quantificar a atividade do FVW, ou seja, o FVW:RCo. O FVW:RCo é baixo em todos os tipos de DVW. O teste pode 
ser realizado em plasma que tenha sido congelado e descongelado, e as plaquetas normais podem ser frescas ou 
fixadas com formalina. 
o Antígeno do FvW: O teste ideal para determinação do FVW:Ag é por meio da técnica de ELISA, que emprega 
anticorpos contra a proteína para medir sua quantidade total no plasma. Os níveis de FVW:Ag serão baixos nos 
tipos de DVW quantitativos (tipos 1 e 3) e normais ou limítrofes no tipo qualitativo de DVW (tipo 2). A determinação 
do FVW: Ag NÃO mede a função do FVW, que deve ser realizada por intermédio da determinação do FVW:RCo. 
o Determinação da Relação entre FvW:RCo/FvW:Ag: orienta quanto à presença de uma anormalidade quantitativa 
ou qualitativa (funcional). Quando esta relação é ≥ 0,7, significa que há proporcionalidade entre função e 
quantidade do FvW, sugerindo o diagnóstico de DVW tipo 1. Quando esta relação é < 0,7, existe 
desproporcionalidade entre a quantidade do FVW e a sua função, o que sugere o diagnóstico de DVW tipo 2. 
o Agregação Plaquetária Induzida pela Ristocetina (RIPA): 
▪ A ristocetina é adicionada ao plasma rico em plaquetas do paciente, visando avaliar a afinidade do FvW 
pelas plaquetas. Existem 2 modalidades deste teste. Numa delas, adicionam-se concentrações 
progressivamente maiores de ristocetina, com a finalidade de ser determinada a menor concentração que 
produz agregação plaquetária. 
▪ Na outra, a ristocetina é empregada nas concentrações de 1,2 e 0,6mg/dl: a concentração mais alta sempre 
estimula a agregação plaquetária do plasma normal rico em plaquetas e a menor concentração nunca 
estimula a agregação plaquetária do plasma normal rico em plaquetas. 
▪ O uso da menor concentração tem a finalidade de observar a tendência de resposta exagerada a este 
agregante, que ocorre na DVW subtipo 2B. 
▪ A RIPA é normal ou discretamente reduzida no tipo 1. 
▪ No subtipo 2A a RIPA está diminuída (hipoagregante), ou seja, há necessidade de maiores concentrações 
de ristocetina para induzir a agregação plaquetária. 
▪ Já no subtipo 2B, assim como na pseudo-DVW (ou DVW tipo plaquetário), a RIPA está aumentada, de modo 
que menores concentrações de ristocetina levam à agregação plaquetária (hiperagregação). 
▪ Testes de mistura de plasma/plaquetas são necessários para a distinção entre DVW subtipo 2B e pseudo-
DVW. 
▪ Na DVW subtipo 2B, a adição de plaquetas normais ao plasma de um paciente resulta em RIPA 
hiperagregante, o que não se observa na pseudo-DVW. 
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o Teste de Ligação do FvW ao Colágeno (FVW:CB): reflete também a função do FVW e é bastante utilizado na 
Austrália e parte da Europa, não tendo se difundido muito nos Estados Unidos nem no Brasil. Em princípio, o FvW:CB 
é reduzido em todos os tipos de DVW (defeitos quantitativos e qualitativos). Porém, são descritos casos de DVW 
subtipo 2M com FvW:CB normal, de modo que a disparidade entre os resultados do FvW:RCo e do FvW:CB poderia 
ser utilizada para subtipagem diagnóstica, especialmente quando a análise multimérica não puder ser realizada. 
o Teste de Ligação ao FVIII (FvW:FVIIIB): é determinado por meio do método ELISA, sendo importante para o 
diagnóstico de DVW subtipo 2N, no qual a ligação é praticamente ausente. Pacientes heterozigotos apresentam 
níveis intermediários. Pacientes com tipo 1 e 2 (que não subtipo 2N) apresentam valores normais. 
o Análise Multimérica: a análise da estrutura do FvW, por intermédio de eletroforese em gel, permite a 
demonstração da migração diferencial dos diversos multímeros do fator, que possuem diferentes tamanhos. Esta 
avaliação auxilia a diferenciação entre os diversos tipos/subtipos da doença: 
▪ Tipo 1: todos os multímeros estão presentes, porém em quantidades reduzidas. 
▪ Tipo 2: os grandes multímeros encontram-se ausentes, exceto no subtipo 2M, que apresenta padrão 
multimérico semelhante ao tipo 1. 
▪ Tipo 3: apresenta redução importante ou ausência dos multímeros do FVW. 
▪ Análisemultimérica do FVW em diversos subtipos da doença: 
 
o Outros Testes → O tempo de sangramento (TS) avalia a integridade da função plaquetária e da parede vascular. 
▪ A técnica recomendada é a de Ivy (valor de referência entre 1-9 minutos, em adultos), que mede o tempo 
de cessação do sangramento após uma pequena incisão realizada na face anterior do antebraço. Para tal, 
utiliza-se um dispositivo próprio descartável, que produz uma incisão de comprimento e profundidade 
padronizados. 
▪ O TS pela técnica de Duke, que mede o TS após punção do lóbulo da orelha ou da ponta do dedo da mão 
por agulha, não tem valor clínico e não deve ser utilizado. 
▪ O TS pode estar prolongado em doenças vasculares primárias (ex: vasculites), doenças plaquetárias 
quantitativas (plaquetopenias) e qualitativas, além de condições que interferem na interação entre 
plaquetas e a parede dos vasos (adesão plaquetária), como a DVW. 
▪ O TS pode prolongar-se, ainda, após o uso de AAS e AINHs, devendo-se adiar a realização do exame por, 
pelo menos, 10 dias após o uso destes medicamentos. 
▪ O TS NÃO deve ser usado rotineiramente para o diagnóstico da DVW, pois é pouco sensível e inespecífico. 
▪ O resultado pode ser normal ou prolongado na DVW, uma vez que o TS é dependente do FvW intra-
plaquetário. 
▪ Recentemente, um equipamento conhecido como Platelet Function Analyser (PFA-100) passou a ser 
utilizado como uma alternativa ao TS, na investigação inicial de pacientes com suspeita de doença 
hemorrágica. 
▪ Assim como o TS, o PFA não é específico para DVW e pode se mostrar alterado em outros defeitos da 
hemostasia primária. 
▪ A contagem plaquetária geralmente é normal nos pacientes com DVW, exceto no subtipo 2B, que pode 
apresentar plaquetopenia leve. 
▪ O TTPA pode ser normal ou prolongado, na dependência dos valores do FVIII:C. 
 
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o Achados laboratoriais da DVW, de acordo com o subtipo: 
 
 
• Diagnóstico diferencial → HEMOFILIA: 
o É caracterizada pela deficiência das proteínas: fatores VIII (hemofilia A) e IX (hemofilia B). 
o A hemofilia A que é a mais prevalente (≅ 75%), hemofilia B (25%). 
o Os genes que codificam os fatores VIII e IX estão localizados no cromossomo X, e desta forma a doença afeta quase 
exclusivamente indivíduos do sexo masculino, enquanto a mulher portadora é habitualmente assintomática. 
o A apresentação clínica é semelhante para as duas deficiências: sangramento intra-articular (hemartrose), 
hemorragia muscular, em outros tecidos ou cavidades e SNC. 
o De acordo com os níveis circulantes dos fatores VIII ou IX, se <1%, 1% a 5% ou >5 a 40%, a hemofilia é classificada 
como grave, moderada ou leve, respectivamente. 
o Uma complicação que pode ser decorrente do tratamento da hemofilia é o desenvolvimento de anticorpos 
neutralizantes da função coagulante do FVIII ou FIX. A presença desses anticorpos, conhecidos como inibidores, 
dificulta a indução da hemostasia terapêutica com concentrado de fatores prejudicando o tratamento do paciente. 
A prevalência de inibidores varia entre 1 e 5% nos pacientes com hemofilia B e entre 10 e 30% nos pacientes com 
hemofilia A. Pacientes com hemofilia e inibidor apresentam sangramento mais duradouro e potencialmente de 
maior gravidade, além de requerer o uso de concentrados de fatores do tipo bypassing, que são mais onerosos. 
o A quantificação dos inibidores deve ser realizada em todos os pacientes com diagnóstico de hemofilia, antes e 
depois de procedimentos cirúrgicos e com periodicidade mínima a cada 6 meses caso o paciente esteja em 
tratamento com reposição de concentrado de fator ou pelo menos 1 vez ao ano. 
 
• Conduta terapêutica: 
o O tratamento da DVW tem por objetivo elevar as concentrações plasmáticas da proteína deficiente quando da 
ocorrência de manifestações hemorrágicas ou antes da realização de procedimentos invasivos. 
o Com isso, procura-se corrigir as 2 anormalidades hemostáticas: 
▪ A adesão e a agregação plaquetárias, que necessitam dos multímeros de peso molecular mais elevado. 
▪ Os baixos níveis do FVIII, que requerem o FVW como proteína transportadora. 
o Em geral, o nível do FVIII é o melhor preditor em caso de hemorragias relacionadas a procedimentos cirúrgicos e 
em tecidos moles, enquanto que a normalização do TS é um indicador de tratamento adequado para os 
sangramentos mucosos. 
o As opções terapêuticas incluem o uso de medidas locais, a desmopressina (DDAVP), o emprego de concentrados 
comerciais que contenham FVIII/FVW e as medidas auxiliares: 
▪ Medidas Locais: na DVW, assim como em qualquer doença hemorrágica, a compressão local prolongada 
(5-10 minutos) de lesões menores pode ser útil e ter poder hemostático. A cauterização não é 
recomendada. O selante de fibrina pode ser utilizado em procedimentos cirúrgicos, principalmente na 
cavidade oral. Bochechos com agentes antifibrinolíticos podem ser também utilizados em procedimentos 
odontológicos. 
▪ Desmopressina (1-deamino-8-D-arginina vasopressina ou DDAVP): 
✓ É um análogo sintético da vasopressina (hormônio antidiurético), que produz ↑ das concentrações 
plasmáticas do FVIII e FvW autólogos, geralmente sem provocar importantes efeitos colaterais quando 
empregada em indivíduos normais ou pacientes com hemofilia A leve ou DVW. 
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✓ Por não atuar sobre os receptores V1 da vasopressina, a desmopressina não provoca vasoconstrição, 
hipertensão arterial, contrações uterinas e cólicas abdominais. 
✓ Por ser agonista seletivo dos receptores V2 da vasopressina, a desmopressina tem efeito antidiurético. 
✓ Eleva os níveis do FvW plasmático por meio da indução da secreção do conteúdo dos grânulos de 
estoque da célula endotelial (corpos de Weibel-Palade). 
✓ O mecanismo de incremento do FVIII está relacionado com a função de transporte realizada pelo FvW 
secretado. 
✓ Pode ser administrada por vias subcutânea, intravenosa ou intranasal: 
 A dose recomendada para uso intravenoso: em infusão lenta de 30 minutos, é de 0,3μg/kg, diluída 
em 50-100ml de solução salina. 
 A dose recomendada para uso subcutâneo: é a mesma (0,3μg/kg), porém empregando-se a 
apresentação da desmopressina de alta concentração (15-20mcg/ampola). 
 Para aplicação intranasal: a dose recomendada é de 300μg para adultos e de 150μg para crianças. 
 A utilização das vias subcutânea e intranasal são convenientes para o tratamento de hemorragias 
de gravidade leve a moderada em nível domiciliar, embora não sejam, ainda, disponibilizadas pelo 
Ministério da Saúde. 
✓ Após 30 a 60 minutos da administração (intravenosa, subcutânea ou intranasal), as concentrações 
plasmáticas do FVIII e do FVW aumentam de 3-5x em relação aos valores basais. 
✓ Em geral, o padrão de resposta ao teste da desmopressina é semelhante numa mesma família, o que 
pode servir de orientação quanto ao tipo de resposta que apresentarão outros familiares, sem a 
necessidade de submetê-los ao teste terapêutico. 
✓ Como nem todos os pacientes apresentam resposta à infusão da desmopressina, recomenda-se que 
uma dose-teste desse fármaco seja administrada no momento do diagnóstico ou quando se planeja 
um tratamento eletivo, visando estabelecer o padrão de resposta e prever a eficácia clínica. 
Previamente à infusão da desmopressina e uma hora após, devem ser colhidas amostras de sangue 
para a quantificação do FVIII:C, do FVW:Ag e FVW:RCo, visando mensurar o pico pós-infusão. 
Recentemente, foi preconizada também uma coleta tardia (quarta hora pós-infusão), com a finalidade 
de se avaliar a taxa de depuração do FVW. 
✓ Diante de possíveis dificuldades da realização dos testes antes da infusão e em 1-4h após, recomenda-
se a realização dos mesmos apenas antes de 1h após a infusão. 
✓ A PA e o pulso devem ser aferidos durante a dose-teste de até 2 horas apósa infusão. 
✓ Uma vez que o incremento das concentrações plasmáticas dos fatores tem duração de 8-10h, quando 
necessário, a desmopressina deveria ser administrada a cada 12 e 24h. 
✓ Embora alguns pacientes desenvolvam taquifilaxia, as administrações da desmopressina podem ser 
repetidas de 2-4x, mas o ideal é controlar os níveis plasmáticos do FVIII para adequar as administrações 
subsequentes. 
✓ Efeitos colaterais: são comuns e leves, correspondendo à taquicardia, à cefaléia e ao rubor facial. A 
ocorrência de hiponatremia é rara, desde que seja evitada a ingestão de grandes quantidades de 
líquidos. Porém, podem ocorrer crises convulsivas secundárias à intoxicação hídrica, o que torna 
necessário e importante o controle de peso, particularmente em crianças pequenas que recebem 
tratamentos repetitivos. 
✓ Por isso, a administração em crianças menores de 3 anos deve ser realizada com cautela. Embora não 
existam casos relatados de eventos trombóticos em pacientes com DVW que tenham utilizado 
desmopressina, esta deve ser evitada em pacientes com doença coronariana instável e/ou nos 
indivíduos idosos com doença aterosclerótica, devido a relatos de infarto agudo do miocárdio e 
acidente vascular cerebral em indivíduos com hemofilia e uremia. 
✓ Contraindicação: pacientes com hipertensão e com história de convulsões. É mais efetiva nos 
pacientes com DVW tipo 1. Nos outros subtipos, a resposta é variável. No subtipo 2A há incremento 
do FVIII, sem, contudo, haver alteração do TS. No subtipo 2B e na DVW tipo plaquetário ou 
pseudodoença de vW, ela é contraindicada devido ao risco de ocorrência de plaquetopenia transitória. 
Entretanto, existem relatos de uso de desmopressina em pacientes com subtipo 2B sem a ocorrência 
de sangramentos ou fenômenos vasoclusivos. No subtipo 2M, o padrão de resposta é variável e a 
decisão do emprego da desmopressina dependerá do tipo de resposta à infusão-teste. A 
desmopressina no subtipo 2N resulta em altas concentrações do FVIII, embora o mesmo tenha meia-
vida curta. Os pacientes com tipo 3, em geral, não respondem à desmopressina. 
▪ Tratamento de Reposição com Concentrado de Fator: 
✓ Indicada aos pacientes que NÃO respondem à desmopressina ou quando as concentrações alcançadas 
após o uso dessa droga são inadequadas para a situação em questão. 
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✓ O emprego de concentrados comerciais contendo grandes concentrações de FVIII e de FvW permite a 
obtenção de níveis plasmáticos elevados desses fatores após sua administração. 
✓ Observa-se um incremento mantido do FVIII, maior do que o calculado pelas doses infundidas, em 
decorrência do efeito estabilizador do FvW exógeno sobre o FVIII endógeno. 
✓ Alguns estudos epidemiológicos mostram que esses altos níveis do FVIII apresentam risco para 
trombose venosa profunda no período pós-operatório. 
✓ Em cirurgias, recomenda-se monitorar o FVIII:C a cada 12h, no dia da cirurgia e diariamente a partir do 
primeiro dia de pós-operatório, visando mantê-lo em valores inferiores a 100UI/dL (100%), uma vez 
que o aumento dos níveis plasmáticos do FVIII:C, superior ao calculado e em valores acima do normal, 
pode se associar à ocorrência de eventos tromboembólicos. 
✓ Nos casos de sangramento não controlado, apesar do uso adequado do concentrado de fator, 
especialmente quando também há TS aumentado, pode-se tentar a transfusão de plaquetas, após a 
administração do concentrado de fator. 
✓ Geralmente é necessário em pacientes com DVW tipo 3, que apresentam baixos níveis de FVW 
intraplaquetário. 
✓ Isso enfatiza o importante papel do FVW plaquetário no estabelecimento e na manutenção da 
hemostasia primária. 
 
 
 
 
 
 
➢ 4) Conhecer quais as Normas e diretrizes para tratamento com hemocomponentes e hemoderivados disponibilizadas 
pelo SUS: 
• Plasma fresco congelado (PFC): 
o O plasma é uma fração do sangue composta primariamente de água, com ≅ 7% de proteínas e 2% de carboidratos 
e lipídeos. 
TRATAMENTO - HEMOCOMPETENTES E HEMODERIVADOS 
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o O chamado plasma fresco congelado é preparado a partir do sangue e congelado no período de 8 horas, após a 
coleta. 
o Pode ser armazenado por até um ano em temperaturas iguais ou inferiores a -18°C, sendo, porém, recomendada a 
temperatura ≤ -25°C. 
o O volume de uma unidade de plasma congelado fresco é de 200 a 250 ml. 
o É usado primariamente como terapêutica de substituição de fatores da coagulação em quantidade deficiente no 
paciente. 
o Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 24h, se mantido a temperatura de 2-6°C ou em 4h, se mantido em 
temperatura ambiente. 
o Descongelar em banho-maria, dentro de saco plástico limpo, a 37°C; 
o Após descongelado não deve ser recongelado. O tempo máximo de infusão deve ser de 1h; 
o Bolsas com aspecto leitoso (lipêmico) ou ictérico devem ser descartadas do uso para transfusão; 
o Caso não seja utilizado assim que descongelado, deve-se colocar o horário em que foi descongelado em etiqueta 
presa à bolsa. 
o Indicações: o uso de PFC é restrito e correlacionado à sua propriedade de conter as proteínas da coagulação. O 
componente deve ser usado no tratamento de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente naqueles 
com deficiência de múltiplos fatores. Portanto, as indicações são: 
▪ Deficiência de fatores da coagulação, congênita ou adquirida (quando não se tem produto industrializado); 
▪ Hepatopatias; 
▪ Sangramento intenso com coagulopatia; 
▪ Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD); 
▪ Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT). 
o Contraindicações do uso de PFC como expansor volêmico: em sangramentos sem coagulopatia, para correção de 
testes anormais de coagulação, sem sangramento e em grandes queimaduras e septicemias. Dessa maneira, não 
se justifica a utilização do plasma para se obter volume sanguíneo ou como fonte de proteínas, pois existem outros 
produtos hemoterápicos específicos (industrializados) para estes casos. Não há necessidade de realização de provas 
de compatibilidade antes da transfusão de PFC. O componente deve ser, preferencialmente, ABO compatível. 
o O volume a ser transfundido é de 10 a 20 mL de PFC por kg de peso, aumentando de 20 a 30% os níveis dos fatores 
de coagulação do paciente, chegando a níveis hemostáticos. 
• Hemoderivados: 
o São medicamentos produzidos em escala industrial, obtidos a partir do plasma sanguíneo. 
o Utilizados para doenças como Hemofilia; DVW; Coagulopatias raras; Imunodeficiências primárias. 
o Os tipos mais frequentes de hemoderivados disponíveis no Brasil são: 
▪ Albumina: para pacientes queimados, com cirrose e de UTI. 
▪ Complexo Protombínico: conjunto de proteínas que atua na coagulação sanguínea, indicado para o 
tratamento de alguns casos de hemofilia A e B e de pacientes com sangramento devido à cirrose hepática. 
Também pode ser usado no processo de recuperação de pessoas que utilizam medicamentos 
anticoagulantes e apresentam hemorragias. 
▪ Fator VIII: proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas com hemofilia A. 
▪ Fator IX: proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas com hemofilia B. 
▪ Fator de von Willebrand: proteína de coagulação indicada para o tratamento da DVW. 
▪ Imunoglobulina: hemoderivado de maior consumo no mundo, empregado no tratamento de pessoas com 
AIDS e outras deficiências imunológicas, além de doenças autoimunes e infecciosas. 
 
➔ Referências bibliográficas: 
• GUYTON, A.C. e Hall J.E. – Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. 
• Artigo: O novo modelo da cascata de coagulação baseado nas superfícies celulares e suas implicações - Rev. Bras. Hematol. 
Hemoter. vol.32 no.5 São Paulo 2010 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000500016 
• Manual de Coagulopatias Hereditárias e Plaquetopatias[recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento 
de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_1132_M.pdf 
• Manual de diagnóstico laboratorial das Coagulopatias Hereditárias e Plaquetopatias [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de 
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 
• http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_coagulopatias_hereditarias_plaqueopatias.pdf 
• Manual de hemofilia / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: 
Ministério da Saúde, 2015. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf 
• Manual de diagnóstico e tratamento da doença de von Willebrand / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de 
Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tratamento_willebrand.pdf 
• Perfil das Coagulopatias Hereditárias no Brasil 2016 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/perfil_coagulopatias_hereditarias_2016.pdf 
• Manual de Hemocomponentes: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_uso_hemocomponentes_2ed.pdf 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000500016
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_coagulopatias_hereditarias_plaqueopatias.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_coagulopatias_hereditarias_plaqueopatias.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_1132_M.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_coagulopatias_hereditarias_plaqueopatias.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_coagulopatias_hereditarias_plaqueopatias.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tratamento_willebrand.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tratamento_willebrand.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/perfil_coagulopatias_hereditarias_2016.pdf

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