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Esquizofrenias


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Tutoria | Problema 03 Módulo 1 | P6 
Tutor Clemente Tagliari Filho Natalia Alves 
Esquizofrenia 
➢ DEFINIÇÃO: 
• Transtorno psiquiátrico que tem como características principais alterações na afetividade, comportamento, vontade, 
percepção, insight, linguagem, relações interpessoais, vida escolar, ocupacional, entre outros. (American Psychiatric 
Associacion, 2014) 
• Transtorno grave, heterogêneo, de causa desconhecida, com sintomas psicóticos que prejudicam significativamente o 
funcionamento social. Tem evolução crônica e, na maioria das vezes, apresenta prognóstico sombrio. 
• Distúrbios característicos do pensamento, da percepção e do afeto. 
• A consciência clara e a capacidade intelectual estão normalmente mantidas, embora possa ocorrer deficit cognitivo com 
a evolução do quadro. (MedCurso) 
 
➢ b) EPIDEMIOLOGIA: 
• Prevalência: 0,3-0,7%; há variação por raça/etnia entre países e por origem geográfica para imigrantes e filhos de 
imigrantes. 
• A proporção entre os sexos difere em amostras e populações: por ex, ênfase em sintomas negativos e duração maior do 
transtorno (associada a pior prognóstico) demonstram taxas mais elevadas de incidência nos indivíduos do sexo 
masculino, ao passo que definições que possibilitam a inclusão de mais sintomas de humor e apresentações breves 
(associadas a melhor prognóstico) demonstram riscos equivalentes para ambos os sexos. (DSM-V) 
 
• Tem distribuição universal e atinge principalmente a população jovem. 
• Acomete igualmente os dois sexos, variando, contudo, quanto ao início e curso da doença. 
• No sexo masculino, a doença tem o início mais precoce, entre 10 e 25 anos, enquanto a idade de início nas mulheres 
varia entre 25 e 35 anos. 
• ≅ 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos e o início na infância ou após os 60 anos é extremamente 
raro. 
• Considera-se que a prevalência da doença seja de 1% na população mundial e não parece haver diferença entre classes 
sociais, áreas urbanas ou rurais, países desenvolvidos ou em desenvolvimento. (MedCurso) 
 
➢ FISIOPATOLOGIA / FATORES DE RISCO: 
• Fatores de risco: Uso de maconha; Trauma na infância; Viver no meio urbano; Imigração (1ª geração); Complicações 
obstétricas; Nascimento no inverno (hemisfério norte). 
 
• Apesar de ser considerada uma doença única, esta categoria diagnóstica inclui um grupo de transtornos, provavelmente 
com causas heterogêneas, mas apresentações sintomáticas semelhantes. 
• Abrange pacientes com manifestações clínicas, resposta ao tratamento e curso da doença bastante variados. 
• Nenhum fator etiológico isolado é considerado como causador. 
• O modelo etiológico usado com maior frequência é o modelo de estresse-diátese, segundo o qual o indivíduo que 
desenvolve esquizofrenia teria uma vulnerabilidade biológica específica (diátese), que, ativada pelo estresse, permitiria 
o aparecimento dos sintomas. 
• Os fatores estressores (de risco) podem ser genéticos, biológicos, psicossociais ou ambientais. 
o Fatores genéticos: 
▪ Vários estudos sugerem um componente genético na etiopatogenia deste transtorno. 
▪ Foi observado que a incidência nas famílias é maior que na população em geral, e a concordância entre 
gêmeos monozigóticos é maior que em gêmeos dizigóticos. 
▪ O estudo com filhos adotivos indica que o risco está associado à presença de esquizofrenia nos parentes 
biológicos; o fato de conviver com um esquizofrênico não parece aumentar no adotivo o risco da doença. 
o Fatores neurobiológicos: 
▪ A formulação da hipótese dopamínica postula que a esquizofrenia resulte de uma atividade dopaminérgica 
exacerbada. 
▪ Esta teoria baseia-se no fato de que a ação da maioria dos antipsicóticos está relacionada a sua função 
antagonista nos receptores dopaminérgicos do tipo 2 (D2). 
▪ O ↑ da atividade dopaminérgica causada notadamente por algumas drogas (cocaína e anfetamina) e seu 
consequente efeito de piora ou aparecimento de sintomas psicóticos também contribui para esta hipótese. 
▪ Os tratos dopaminérgicos mesocorticais e mesolímbicos do SNC têm um papel significativo na fisiopatologia 
da esquizofrenia. 
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▪ Teoria: a ação dopaminérgica mostra-se importante nas manifestações sintomáticas da esquizofrenia. 
▪ Apesar disso, outros neurotransmissores têm sido estudados, e estudos indicam que haja uma interação de 
sistemas múltiplos de neurotransmissores na regulação dos sinais e sintomas da esquizofrenia, 
principalmente o sistema serotoninérgico. 
▪ Alterações neuropatológicas e neuroquímicas, principalmente no sistema límbico e nos gânglios da base, têm 
sido pesquisadas quanto à sua possível implicação no desenvolvimento da esquizofrenia. Estudos com 
neuroimagem e eletrofisiologia também têm sido utilizados. 
o Fatores psicossociais: 
▪ Várias teorias têm discutido o papel de fatores psicodinâmicos no desenvolvimento da esquizofrenia. 
▪ Neste aspecto, a dimensão central da psicose estaria relacionada à perda de contato com a realidade. 
▪ Questões familiares, individuais e sociais parecem ser fundamentais no entendimento da dinâmica do 
paciente e de seus conflitos psicológicos e, consequentemente, do significado simbólico de seus sintomas. 
 
➔ Outra divisão de Fatores de risco (ambientais, sociais e genéticos): 
• Pré-natais: infecções maternas e complicações do parto associadas a uma resposta imunológica exarcebada ao estresse 
fetal. 
• Epigenéticos: genes que, associados a um contexto vivencial que favoreça a sua expressão, podem desencadear a 
sintomatologia e o quadro esquizofrênico, podendo explicar a suscetibilidade alta e a alta relação proporcional ao grau 
de parentesco com o paciente afetado. 
• Abuso de substâncias: comuns a 50% dos pacientes (as substâncias mais relacionadas são o álcool e a nicotina, 
especialmente a nicotina, que, por melhorar alguns comprometimentos cognitivos e o parkinsonismo, além de diminuir 
os sintomas positivos, como as alucinações, pode ser considerada uma forma de automedicação). 
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4443 
➔ O risco é ainda maior em indivíduos que começam a fumar Cannabis no início da adolescência, em comparação a 
usuários mais tardios. 
______________________________________________________________________________________________ 
• Genética: 
o Mutações específicas nos receptores alfa-7, DISC, GRM 3, COMT, NRG 1, RGS 4 e G72, e DTNBP1. 
o A distroverbina (neurregulina 1) está relacionada aos sintomas negativos (NATURE). 
• Hipótese dopaminérgica (papel da Dopamina): 
o Observação da eficácia e da potência da maioria dos antipsicóticos antagonistas do receptor D2. 
o A desregulação do sistema mesolímbico de dopamina pode levar a alterações na saliência de 
incentivo (relacionada à motivação para fazer coisas, o desejo de fazer algo). 
o É possível supor que um disparo dopaminérgico caótico em neurônios dopamina-ligantes no corpo estriado de 
pacientes esquizofrênicos atribui saliência de incentivo para estímulos outrora irrelevantes, gerando erros de 
predição da importância de um estímulo e sua relação com a realidade externa, aumentando a gravidade 
de sintomas psicóticos positivos (HEINS, 2010). 
o Estudos de receptores de dopamina com PET-TC documentam ↑ nos receptores D2 de dopamina no núcleo 
caudado de pacientes esquizofrênicos livres de medicamentos, com ↑ da concentração de dopamina na 
amígdala, ↓ da densidade do transportador de dopamina e aumento nos números de receptores de dopamina 
tipo 4 no córtex entorrinal. 
• Outros neurotransmissores: 
o A serotonina pode estar associada aos sintomas positivos e negativos quando encontrada em níveis altos. 
o Uma degeneração neuronal seletiva no sistema de recompensa da norepinefrina poderia explicar a anedonia, 
entretanto os dados bioquímicos e farmacológicos que apoiam essa proposição são inconclusivos. 
o Os pacientes que apresentam perda de neurônios GABAérgicos no hipocampotem perda da sua função 
inibidora, o que poderia levar à hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos. 
o A substância P e a neurotensina, podem alterar os padrões de disparo das catecolaminas e indolaminas. 
o Estudos de necrópsia na esquizofrenia demonstraram que o aumento dos receptores muscarínicos e nicotínicos 
no caudado putame, no hipocampo e em regiões selecionadas do córtex pré-frontal, áreas de regulação dos 
neurotransmissores envolvidos na cognição, podem sugerir participação da acetilcolina e da nicotina no 
processo fisiopatológico do transtorno. 
o Outras substâncias possivelmente envolvidas são o LH, o FSH, a prolactina, o TRH e a apomorfina. 
o Antagonistas de glutamato, como a fenciclidina, podem levar a uma síndrome parecida com a esquizofrenia. 
• Cérebro e neuroimunologia: 
o TC mostra alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo e redução no volume cortical. 
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4443
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o Volumes reduzidos da substância cinzenta cortical foram demonstrados durante os primeiros estágios da 
doença e não progridem. 
o Não se sabe ainda se um processo patológico ativo pode ser responsável por uma possível progressão da doença 
ou não. 
o Há simetria reduzida nos lobos temporal, frontal e occipital iniciada possivelmente durante a vida fetal, 
indicando interrupção na lateralização cerebral durante o neurodesenvolvimento. 
o É possível notar a ↓ do tamanho da amígdala, do hipocampo e do giro para-hipocampal → esse achado 
neuropatológico está de acordo com a observação feita por estudos de imagem por ressonância magnética. 
o O hipocampo não é apenas menor em tamanho na esquizofrenia como também é funcionalmente anormal, 
como indicado por distúrbios na transmissão de glutamato, sendo a desorganização dos neurônios no 
hipocampo também foi observada em secções de tecido cerebral de pacientes com esquizofrenia, em 
comparação a de controles saudáveis. Podem ser vistas anormalidades anatômicas no córtex pré-frontal, com 
déficits funcionais na região pré-frontal demonstrados por imagens do cérebro, sendo que vários sintomas de 
esquizofrenia imitam aqueles encontrados em pessoas com lobotomias pré-frontais ou síndromes do lobo 
frontal. 
o Alguns estudos do tálamo evidenciam diminuição de volume ou perda neuronal, em subnúcleos específicos; o 
núcleo dorsomedial do tálamo pode apresentar um número reduzido de neurônios. Seu número total 
(neurônios, oligodendrócitos e astrócitos) é reduzido em 30-45% em pacientes com esquizofrenia, e não parece 
ser devido aos efeitos de medicamentos antipsicóticos, pois o volume do tálamo é semelhante em tamanho 
quando pacientes em tratamento foram comparados a pacientes que nunca foram expostos a neurolépticos. 
o Os gânglios de base e o cerebelo têm sido de interesse teórico na esquizofrenia pelos movimentos bizarros de 
alguns pacientes; os transtornos do movimento que envolvem os gânglios da base são mais comumente 
associados com psicose. Estudos neuropatológicos dos gânglios da base produziram relatos variáveis e 
inconclusivos a respeito da perda celular e da redução de volume no globo pálido e da substância negra. 
Também se sabe que há aumento no número de receptores D2 no núcleo caudado, no putame e no nucleus 
accumbens. Permanece a questão, entretanto, quanto a se o aumento é secundário à administração de 
medicamentos antipsicóticos ou não. Alguns pesquisadores sugeriram um papel para a serotonina nos 
transtornos psicóticos pela utilidade clínica de agentes antipsicóticos com atividade de antagonismo à 
serotonina como a clozapina e risperidona. 
o Alguns estudos procuram solucionar o mistério dos possíveis efeitos de um vírus neurotóxico ou um transtorno 
autoimune endógeno possa, através de uma infecção viral, causar a diminuição da produção de interleucina-2 
pelas células T, a redução do número e da responsividade dos linfócitos periféricos, a reatividade celular e 
humoral anormal a neurônios e a presença de anticorpos direcionados ao cérebro (anticerebrais), sendo que 
anticorpos cerebrais autoimunes já foram identificados, mas o processo fisiopatológico proposto se encaixa em 
apenas um grupo de indivíduos da doença. 
• Psicologia e esquizofrenia: 
o Foi Freud quem promoveu a esquizofrenia como sendo produto de fixações precoces do desenvolvimento, que 
produzem déficits do ego que contribuem para os sintomas do transtorno, pela desintegração deste que 
remete a tempos onde estava sendo construído ou não existia. 
• Fatores bioquímicos: (Compêndio) 
o Hipótese da dopamina: 
▪ O transtorno resulta do excesso de atividade dopaminérgica. 
▪ A eficácia e a potência da maioria dos antipsicóticos (antagonistas do receptor da dopamina [ARDs]) estão 
correlacionadas a sua capacidade de agir como antagonistas do receptor de dopamina tipo 2 (D2). 
▪ Os agentes que aumentam a atividade dopaminérgica, notadamente a anfetamina, são psicotomiméticos. 
▪ A teoria básica não indica se a hiperatividade dopaminérgica decorre de liberação excessiva de dopamina, 
do excesso de receptores de dopamina, da hipersensibilidade destes à dopamina ou de uma combinação de 
tais mecanismos, tampouco especifica quais tratos dopaminérgicos estão envolvidos, embora os tratos 
mesocortical e mesolímbico sejam implicados com maior frequência. 
▪ Os neurônios dopaminérgicos projetam-se de seus corpos celulares no mesencéfalo para neurônios 
dopaminoceptivos no sistema límbico e no córtex cerebral. 
▪ A liberação excessiva de dopamina foi associada à gravidade de sintomas psicóticos positivos. 
▪ PET-TC: ↑ nos receptores D2 no núcleo caudado de pacientes com esquizofrenia livres de medicamentos. 
▪ Não houve relatos de ↑ [dopamina] na amígdala, ↓ da densidade do transportador de dopamina e ↑ nos 
nº de receptores de dopamina tipo 4 no córtex entorrinal. 
o Serotonina: 
▪ Excesso de serotonina como uma das causas de sintomas tanto positivos como negativos. 
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▪ Atividade antagonista de serotonina da Clozapina e de outros antipsicóticos de 2ª geração + eficácia da 
Clozapina para ↓sintomas positivos em pacientes crônicos. 
o Norepinefrina: 
▪ A anedonia (comprometimento da capacidade para gratificação emocional e a ↓ da capacidade de experimentar prazer) há 
muito tem sido observada como um aspecto proeminente da esquizofrenia e é explicada pela degeneração 
neuronal seletiva no sistema neural de recompensa da norepinefrina, porém os dados ainda são 
inconclusivos. 
o GABA (ácido aminobutírico → aa neurotransmissor inibitório): 
▪ Alguns pacientes têm uma perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo. 
▪ O GABA tem um efeito regulador sobre a atividade da dopamina, e a perda de neurônios GABAérgicos 
inibidores poderia levar à hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos. 
o Neuropeptídeos (ex: substância P e a neurotensina): 
▪ Localizados com os neurotransmissores de catecolamina e indolamina e influenciam na ação destes. 
▪ A alteração nos mecanismos de neuropetídeo poderia facilitar, inibir ou alterar o padrão de disparo desses 
sistemas neuronais. 
o Glutamato: 
▪ A ingestão de fenciclidina (antagonista do glutamato) produz uma síndrome aguda semelhante à 
esquizofrenia. 
▪ A hipótese proposta sobre o glutamato inclui as de hiperatividade, hipoatividade e neurotoxicidade induzidas 
por ele. 
o Acetilcolina e nicotina: 
▪ Há ↑ dos receptores muscarínicos e nicotínicos no caudado-putame, no hipocampo e em regiões 
selecionadas do córtex pré-frontal. 
▪ Esses receptores têm um papel na regulação dos sistemas de neurotransmissores envolvidos na cognição, 
que é comprometida na esquizofrenia. 
 
➢ d) QUADRO CLÍNICO: (polimorfo e heterogêneo) 
o Não há sinal ou sintoma patognomônico, é preciso considerar o nível educacional, a capacidade intelectual e o 
ambiente cultural do paciente, e os sintomas podemmudar com a evolução do quadro. 
o Personalidade pré-mórbida: 
▪ Traços mais característicos: retraimento social e emocional, introversão, tendência ao isolamento e 
comportamento desconfiado e excêntrico. 
▪ São pessoas de poucos amigos, que apresentavam dificuldades na escola e no relacionamento afetivo 
com o sexo oposto. 
▪ Muitas vezes, também não conseguem se adaptar ao trabalho, sendo incapazes de manter vínculo 
empregatício prolongado. 
▪ Em alguns casos, observa-se retrospectivamente características clínicas compatíveis com personalidade 
esquizoide (frieza emocional, preferência por atividades isoladas, introspecção) ou esquizotípica 
(comportamento estranho, crenças excêntricas). 
o Sinais e sintomas: 
▪ Dificilmente tem crítica de que seu estado é patológico e a ausência de insight frequentemente está 
relacionada à má adesão ao tratamento. 
▪ Embora o nível de consciência, a orientação temporoespacial, a memória e a inteligência não estejam 
diretamente afetados, muitas vezes o paciente tem alterações destas funções psíquicas em decorrência 
do quadro psicótico que está vivenciando. 
o Aspecto geral: 
▪ A aparência é, em geral, desleixada, denotando a ausência de cuidados próprios. 
▪ O comportamento pode tornar-se agitado ou violento, frequentemente em resposta à atividade 
alucinatória. Nos quadros de catatonia, o paciente pode apresentar posturas bizarras, mutismo, 
negativismo e obediência automática. 
▪ Outros comportamentos observados incluem estereotipias, maneirismos, tiques e ecopraxia, na qual o 
paciente imita a postura ou atitudes adotadas pelo examinador. 
o Afetividade: 
▪ Os sintomas afetivos mais comuns são embotamento (enfraquecimento) e inapropriação do afeto. 
▪ Perplexidade, ambivalência ou instabilidade afetiva também podem ser observadas. 
o Sensopercepção: 
▪ Quaisquer dos sentidos podem ser afetados por experiências alucinatórias nos pacientes esquizofrênicos. 
▪ As alucinações mais comuns são auditivas, com vozes geralmente ameaçadoras, obscenas ou acusatórias. 
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▪ Duas ou mais vozes podem dialogar entre si ou uma voz pode comentar a vida e as atitudes do paciente. 
▪ Alucinações cenestésicas são percepções alteradas dos órgãos e do esquema corporal, como sentir o 
cérebro encolhendo, o fígado se despedaçando ou perceber que roubaram seus ossos. 
▪ Alucinações visuais, táteis, olfativas e gustativas também podem ocorrer, mas geralmente indicam a 
presença de uma síndrome psicorgânica ou de psicose desencadeada por drogas. 
o Pensamento: 
▪ O delírio é uma das principais alterações do pensamento encontrada em pacientes esquizofrênicos e 
podem ter conteúdos persecutórios, autorreferentes, religiosos ou grandiosos. 
▪ O paciente pode acreditar que seus pensamentos ou comportamento são controlados por uma entidade 
externa, constituindo delírios de influência. 
▪ O pensamento pode apresentar-se desagregado, com vivências de roubo, intrusão, difusão ou bloqueio. 
▪ Outras alterações incluem o afrouxamento dos nexos associativos, incoerência e tangencialidade. 
o Linguagem: 
▪ Neologismos e ecolalia podem ser observados, assim como quadros de mutismo. 
▪ Mussitação: produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada, em tom monocórdico, sem 
significado comunicativo, como se estivesse falando “para si”. 
 
 
 
 
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➢ CLASSIFICAÇÃO/TIPOS: 
• DSM-5 → Classificação que identifica a Esquizofrenia como componente dos Transtornos do Espectro da Esquizofrenia 
e Outros Transtornos Psicóticos, sugerindo a avaliação desta conforme a presença/ausência de cinco sintomas críticos, 
a saber: 
o a) Delírios; 
o b) Alucinações; 
o c) Discurso desorganizado; 
o d) Comportamento grosseiramente desorganizado/catatônico (catatonia: forma de esquizofrenia que apresenta uma 
alternância entre períodos de passividade e de negativismo e períodos de súbita excitação); 
o e) Sintomas negativos (expressão emocional diminuída/avolia (falta de vontade/incapacidade de querer)). 
o É preciso que pelo menos 02 desses sintomas estejam presentes pelo período de um mês, e pelo menos um 
deles deve ser, necessariamente, a, b ou c. 
 
• Subtipos segundo o DSM-5: (tipo/tema central do delírio) 
o Tipo Erotomaníaco: outra pessoa está apaixonada pelo indivíduo. A pessoa em relação à qual há tal convicção 
costuma ter condição superior (ex: alguém famoso ou em cargo superior no trabalho), embora possa ser um 
completo estranho. Tentativas de contato com o objeto do delírio são comuns. 
o Tipo grandioso: o tema central do delírio é a convicção de ter algum grande talento ou conhecimento ou de ter 
feito alguma descoberta importante. Menos comum, a pessoa pode ter o delírio de manter uma relação especial 
com alguém renomado ou de ser uma pessoa famosa (caso em que o indivíduo verdadeiro pode ser visto como 
impostor). Delírios grandiosos podem ter conteúdo religioso. 
o Tipo ciumento: o tema central do delírio é ter um parceiro infiel. Essa crença é injustificada e está baseada em 
inferências incorretas apoiadas por pequenas “evidências” (ex: roupas desalinhadas). A pessoa com o delírio 
costuma confrontar o cônjuge ou o parceiro e tenta intervir na infidelidade imaginada. 
o Tipo persecutório: o tema central do delírio envolve a crença de que o próprio indivíduo está sendo vítima de 
conspiração, enganado, espionado, perseguido, envenenado ou drogado, difamado maliciosamente, assediado 
ou obstruído na busca de objetivos de longo prazo. Pequenas descortesias podem ser exageradas, tornando-se 
foco de um sistema delirante. O indivíduo afetado pode se envolver em tentativas repetidas de conseguir 
satisfação por alguma ação legal ou legislativa. Pessoas com delírios persecutórios costumam ser ressentidas e 
enraivecidas, podendo até recorrer à violência contra aqueles que, em sua opinião, lhe causam danos. 
o Tipo somático: o tema central do delírio envolve funções ou sensações corporais. Podem ocorrer delírios 
somáticos de várias formas. Mais comum é a crença de que a pessoa emite odor desagradável, de existir uma 
infestação de insetos na pele ou sob ela, de haver um parasita interno, de que certas partes do corpo estão 
deformadas ou feias ou de que essas partes não estão funcionando. 
 
→ Subtipos segundo o DSM-5 (tipo/tema centrla do delírio): (Resumidos) 
*- Tipo Erotomaníaco:* outra pessoa está apaixonada pelo indivíduo; 
*- Tipo Grandioso:* convicção de ter algum grande talento/conhecimento/de ter feito alguma descoberta importante; 
*- Tipo Ciumento:* ter um parceiro infiel; 
*- Tipo Persecutório:* crença de que o próprio indivíduo está sendo vítima de conspiração, enganado, espionado, perseguido, 
envenenado ou drogado, difamado maliciosamente, assediado ou obstruído na busca de objetivos de longo prazo. 
*- Tipo Somático:* funções ou sensações corporais. 
 
 
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• Outra classificação diagnóstica baseia-se na diferenciação da esquizofrenia em quadros caracterizados 
predominantemente por sintomas negativos (tipo I) ou sintomas positivos (tipo II): 
o Sintomas negativos: 
▪ Definidos pela perda de funções psíquicas e por um empobrecimento global da vida psíquica e social do 
indivíduo. 
▪ Principais sintomas negativos → Embotamento afetivo: perda da capacidade de sintonizar afetivamente 
com as pessoas, de demonstrar ressonância afetiva no contato interpessoal. 
▪ Corresponde ao que Bleuler chama de autismo; Retração social: o paciente vai se isolando 
progressivamente do convívio social; Empobrecimento da linguagem e do pensamento; Diminuição da 
fluência verbal; Diminuição da vontade e apragmatismo, ou seja, dificuldade ou incapacidade de realizar 
tarefas ou ações que exijam um mínimo de iniciativa e persistência; Autonegligência: falta de higiene e 
cuidado consigo mesmo,desinteresse pela própria aparência etc.; Lentificação psicomotora. 
o Sintomas positivos: 
▪ São definidos por manifestações produtivas do processo esquizofrênico. 
▪ Principais sintomas: alucinações auditivas (mais frequentes), visuais, ou de outros tipos; Ideias delirantes 
paranoides, autorreferentes, de influência, ou de outra natureza; Comportamento bizarro e atos 
impulsivos; Agitação psicomotora; Ideias bizarras, não necessariamente delirantes; Produções linguísticas 
como neologismos. 
▪ As concepções de esquizofrenia antes descritas influenciaram as classificações diagnósticas atuais, como 
a DSM-V, a Associação Americana de Psiquiatria e CID-10. 
 
▪ Estas classificações estão descritas a seguir: 
✓ Tab. 2: Critérios diagnósticos para esquizofrenia (DSM-V): 
 a) Dois ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes com duração significativa, por 
período de pelo menos um mês (ou menos, se tratado com sucesso). Pelo menos deve ter (1), (2) 
ou (3): 
- Delírios; 
- Alucinações; 
- Discurso desorganizado; 
- Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico; 
- Sintomas negativos (expressão emocional diminuída/avolia). 
 b) Disfunção sócio-ocupacional. 
 c) Duração de pelo menos seis meses com sinais prodrômicos ou residuais, incluindo pelo menos 
um mês dos sintomas acima (ou menos, se tratado com sucesso). 
 d) Exclusão de transtorno esquizoafetivo e transtorno do humor. 
 e) Exclusão de uso de substâncias/condição médica geral. 
 
✓ Tab. 3: Critérios diagnósticos para esquizofrenia (CID-10): 
 a) Eco, inserção, irradiação ou roubo do pensamento. 
 b) Delírios de controle, influência ou passividade. 
 c) Vozes que comentam ou discutem entre si. 
 d) Delírios persistentes de outros tipos. 
 e) Alucinações persistentes de qualquer modalidade. 
 f) Interceptações ou bloqueio do pensamento. comportamento catatônico. 
 g) Sintomas negativos (apatia, pobreza do discurso, embotamento). 
 Presença de, no mínimo, um dos sintomas pertencentes ao grupo de (a) a (d), ou dois 
sintomaspertencentes ao grupo de (e) a (h), durante pelo menos um mês. 
 O diagnóstico de esquizofrenia não deve ser feito na presença de sintomas maníacos ou 
depressivos nítidos. 
 A esquizofrenia não deve ser diagnosticada na presença de transtorno mental orgânico ou 
durante estados de intoxicação ou abstinência de drogas. 
 
• Segundo o DSM-V, a presença de delírios e alucinações não é necessária para o diagnóstico de esquizofrenia; o 
transtorno pode ter este diagnóstico quando o paciente apresenta dois dos outros sintomas listados: discurso 
desorganizado, comportamento desorganizado ou sintomas negativos. O critério B requer funcionamento prejudicado 
presente durante a fase ativa da doença. Os sintomas têm que persistir por no mínimo 6 meses, e o diagnóstico de 
transtorno esquizoafetivo e do humor deve ser excluído – Tabela 2. 
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• O CID-10 utiliza nove subtipos de esquizofrenia: paranoide, hebefrênica, catatônica, indiferenciada, depressão 
pós-esquizofrênica, residual, esquizofrenia simples, outra esquizofrenia, esquizofrenia não especificada. O DSM-V 
abandonou a classificação em subtipos de esquizofrenia. A justificativa é a pouca importância na prática médica. 
 
• (Classificação segundo o CID-10): 
o Esquizofrenia paranoide: 
▪ É a forma mais comum e geralmente de início mais tardio do que nas formas hebefrência e catatônica, o 
que pode garantir que o paciente permaneça mais preservado. 
▪ O quadro clínico é caracterizado pela presença de ideias delirantes, de conteúdo principalmente 
persecutório, de grandeza ou místico, acompanhadas de alucinações auditivas e perturbações da 
sensopercepção. 
▪ As vozes alucinatórias costumam ter caráter ameaçador ou de comando e vivências de influência são 
comuns. 
▪ Alterações do afeto, vontade e psicomotricidade não são proeminentes. 
o Esquizofrenia hebefrênica: 
▪ Caracteriza-se pela inadequação e incongruência do afeto, com risos imotivados e maneirismos. 
▪ O delírio é fragmentado e há grave desorganização do pensamento. 
▪ O discurso costuma ser incoerente e podem existir alucinações auditivas. 
▪ O comportamento pode ser pueril e inapropriado. 
▪ O início do quadro nesta forma costuma ser antes dos 25. 
▪ Há uma tendência ao isolamento social e geralmente o prognóstico é desfavorável, devido à intensa 
desestruturação psíquica e à presença de sintomas negativos, particularmente, embotamento afetivo e 
perda da volição. 
o Esquizofrenia catatônica: 
▪ Predomínio de distúrbios da psicomotricidade, com presença de um ou mais dos seguintes sintomas: 
estupor, posturas bizarras, mutismo, rigidez, flexibilidade cérea (tipo de hipertonia muscular com tendência para a 
fixação de atitudes adquiridas passivamente e que pode ser observada em certos doentes mentais), obediência automática, 
negativismo e estereotipias. 
▪ Episódios de agitação violenta e impulsividade podem ser observados. 
▪ Deve ser feito diagnóstico diferencial com doenças infecciosas e intoxicações, inclusive por neurolépticos. 
o Esquizofrenia indiferenciada: categoria utilizada quando o quadro preenche os critérios diagnósticos gerais para 
esquizofrenia, mas não corresponde a nenhum dos subtipos acima, ou ainda, quando apresenta características 
de mais de um deles, sem a clara predominância de nenhum. 
o Esquizofrenia residual: estágio tardio da evolução de muitos casos, que se caracteriza pela presença persistente 
de sintomas negativos, tais como retardo psicomotor, hipoatividade, embotamento afetivo, falta de iniciativa, 
descuido pessoal, isolamento social e pobreza do discurso. 
o Esquizofrenia simples: 
▪ Caracterizado pelo início insidioso e progressivo de conduta estranha e incapacidade para atender às 
exigências da sociedade, com declínio global do desempenho. 
▪ Os aspectos negativos da esquizofrenia residual, como embotamento afetivo e perda da volição, se 
desenvolvem sem ser precedidos por quaisquer sintomas psicóticos manifestos. 
o Depressão pós-esquizofrênica: 
▪ Designa o episódio depressivo que ocorre ao fim de uma crise esquizofrênica. 
▪ Embora sintomas esquizofrênicos produtivos ou negativos ainda estejam presentes, estes não dominam 
o quadro clínico. 
▪ Este tipo de estado depressivo se acompanha de um alto risco de suicídio. 
▪ Se o paciente não apresenta mais nenhum sintoma esquizofrênico, deve-se fazer o diagnóstico de 
episódio depressivo e se os sintomas esquizofrênicos ainda são proeminentes e aparentes, o diagnóstico 
de esquizofrenia deve ser mantido. 
 
➢ MÉTODOS DIAGNÓSTICOS (DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL): 
• O diagnóstico é fenomenológico, a partir da observação e descrição do paciente; são utilizados diversos sistemas 
diagnósticos baseados em descrições clínicas. 
• Envolve o reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados ao prejuízo social ou ocupacional. 
• Não existe, até o momento, nenhum exame complementar que possa identificar o transtorno da esquizofrenia. 
• Os exames complementares só devem ser solicitados para realizar o diagnóstico diferencial com os quadros psicóticos 
associados a outras condições médicas. 
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• A definição precisa, seus sintomas mais fundamentais e característicos, aquilo que lhe é mais peculiar e central, 
é tema de intensas discussões em psicopatologia. 
• Não existem sinais ou sintomas patognomônicos, em vez disso, um grupamento de achados característicos forma o 
diagnóstico. 
 
• Definições de sintomas essenciais na esquizofrenia: 
o Eugen Bleuler (1857-1939) criou o termo esquizofrenia, de modo a indicar a cisão entre pensamento, emoção e 
comportamento dos pacientes com este transtorno. 
o Bleuler classificou os sintomas da esquizofrenia em fundamentais e acessórios; os primeiros seriam 
característicos da doença, enquanto os últimos poderiamocorrer em outros quadros psiquiátricos. Os sintomas 
fundamentais incluem alterações formais do pensamento, no sentido de afrouxamento até dissociação das 
associações; perturbações do afeto; autismo, como tendência a um isolamento psíquico global e ambivalência, 
caracterizando os quatro As de Bleuler: Associação, Afeto, Autismo e Ambivalência. Entre os sintomas 
acessórios, estão as alterações sensoperceptivas, os delírios, os sintomas catatônicos e as alterações da memória 
e da atenção. 
o Kurt Schneider (1887-1967) estabeleceu uma hierarquia de sintomas, de acordo com sua importância, para o 
diagnóstico de esquizofrenia, como observado na Tabela: 
 
o Os sintomas de primeira ordem seriam considerados bastante sugestivos de esquizofrenia, desde que excluídas 
as causas orgânicas. 
o Os sintomas de segunda ordem teriam menor valor diagnóstico. 
o Mas, Schneider salientava que a presença de sintomas de primeira ordem não era obrigatória para o diagnóstico 
de esquizofrenia. 
 
o Diagnóstico diferencial → (resumidos: Transtorno depressivo maior/bipolar com características psicóticas ou 
catatônicas; Transtorno esquizoafetivo; Transtorno esquizofreniforme e transtorno psicótico breve; Transtorno 
delirante; Transtorno da personalidade esquizotípica; Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno dismórfico 
corporal; Transtorno de estresse pós-traumático; Transtorno do espectro autista ou transtornos da 
comunicação; Outros transtornos mentais associados com um episódio psicótico.) 
▪ Transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar com características psicóticas ou catatônicas: 
✓ A distinção entre esquizofrenia e transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar com 
características psicóticas ou catatonia depende da relação temporal entre a perturbação do humor e 
a psicose, bem como da gravidade dos sintomas depressivos ou maníacos. 
✓ Se delírios ou alucinações ocorrem exclusivamente durante um episódio depressivo maior ou maníaco, 
o diagnóstico é transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas. 
▪ Transtorno esquizoafetivo: 
✓ O diagnóstico de transtorno esquizoafetivo exige que um episódio depressivo maior ou maníaco ocorra 
ao mesmo tempo em que ocorrem os sintomas da fase ativa e que os sintomas de humor estejam 
presentes na maior parte do tempo da duração total dos períodos ativos. 
▪ Transtorno esquizofreniforme e transtorno psicótico breve: 
✓ Esses transtornos têm duração menor que a esquizofrenia, conforme especificado no Critério C, que 
exige seis meses de sintomas. 
✓ No transtorno esquizofreniforme, a perturbação está presente durante menos de 6 meses, enquanto 
no transtorno psicótico breve os sintomas estão presentes durante pelo menos um dia, porém em 
tempo inferior a um mês. 
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▪ Transtorno delirante: 
✓ O transtorno delirante pode ser diferenciado da esquizofrenia pela ausência dos demais sintomas 
característicos de esquizofrenia (ex: delírios, alucinações auditivas ou visuais proeminentes, discurso 
desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos). 
▪ Transtorno da personalidade esquizotípica: 
✓ O transtorno da personalidade esquizotípica pode ser diferenciado de esquizofrenia por sintomas 
sublimiares associados a características persistentes de personalidade. 
▪ Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno dismórfico corporal: 
✓ Indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno dismórfico corporal podem 
apresentar insight prejudicado ou ausente, e as preocupações podem atingir proporções delirantes. 
✓ Esses transtornos, porém, são diferentes da esquizofrenia por apresentarem obsessões proeminentes, 
compulsões, preocupações com aparência ou odores do corpo, acumulação compulsiva, 
comportamentos repetitivos com foco no corpo. 
▪ Transtorno de estresse pós-traumático: 
✓ O transtorno de estresse pós-traumático pode incluir flashbacks com uma qualidade alucinatória, e a 
hipervigilância pode atingir proporções paranoides. 
✓ Todavia, há necessidade de um evento traumático e de aspectos sintomáticos característicos relativos 
a revivências ou reações ao evento para que seja feito um diagnóstico. 
▪ Transtorno do espectro autista ou transtornos da comunicação: 
✓ Esses transtornos podem também ter sintomas semelhantes a um episódio psicótico, mas diferem 
pelos respectivos déficits na interação social, com comportamentos repetitivos e restritos e outros 
déficits cognitivos e de comunicação. 
✓ Um indivíduo com transtorno do espectro autista ou transtorno da comunicação deve ter sintomas 
que satisfaçam todos os critérios de esquizofrenia, com alucinações ou delírios proeminentes durante 
pelo menos um mês a fim de ser diagnosticado com esquizofrenia como uma condição comórbida. 
▪ Outros transtornos mentais associados com um episódio psicótico: 
✓ O diagnóstico de esquizofrenia é feito apenas quando o episódio psicótico é persistente, não podendo 
ser atribuído a efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. 
✓ Indivíduos com delirium ou transtorno neurocognitivo maior ou menor podem apresentar sintomas 
psicóticos, mas estes devem ter relação temporal com o início das mudanças cognitivas consistentes 
com esses transtornos. 
✓ Indivíduos com transtorno psicótico induzido por substância/medicamento podem apresentar 
sintomas característicos do Critério A para esquizofrenia, porém o transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento pode ser geralmente diferenciado pela relação cronológica do uso da 
substância com o início e a remissão da psicose na ausência do uso de substância. 
 
➢ CONDUTA TERAPÊUTICA: 
• Não farmacológica + seguimento: 
o Hospitalizar o paciente em locais bem ambientados, confortáveis e acolhedores pode ser benéfico quando 
houver ideação suicida ou homicida e comportamento flagrantemente desorganizado ou inadequado. Visitas 
domiciliares e centros de atenção especializada também são importantes. 
 
• Curso e prognóstico: 
o Sintomas prodrômicos de ansiedade, perplexidade ou depressão, geralmente, precedem o início do quadro e 
podem estar presentes por meses antes de ser feito um diagnóstico definitivo. 
o O início costuma ocorrer entre 20 e 25 anos. 
o Eventos desencadeantes, tais como trauma emocional, uso de drogas e separações podem precipitar episódios 
esquizofrênicos em indivíduos predispostos. 
o Classicamente, o curso da doença consiste de exacerbações e remissões. 
o A cada recaída segue-se uma deterioração adicional do funcionamento básico do paciente. 
o A vulnerabilidade ao estresse é mantida. 
o Ao longo do quadro, os sintomas positivos mais exuberantes (delírios e alucinações) tendem a diminuir de 
intensidade, enquanto os sintomas negativos mais residuais (embotamento afetivo e estranhezas do 
comportamento) podem se tornar mais graves. 
 
 
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• Farmacológica (mecanismo de ação, posologia, efeito adverso): 
o Os antipsicóticos são a base para o tratamento da esquizofrenia, divididos em 2 grupos: os de primeira 
geração e os de segunda geração/Antagonistas de Serotonina e Dopamina (ASDs). 
o Associados a psicoterapias, bom vínculo com o paciente, respeitando sua diversidade, sua individualidade, 
promovem melhora dos sintomas, considerando os aspectos multidisciplinares e multifatoriais do transtorno. 
As abordagens terapêuticas isoladas têm pouco valor! 
o As fases do tratamento na esquizofrenia dividem-se em: Tratamento da psicose aguda e Fase estável ou de 
manutenção. 
o ≅ 60% dos pacientes com esquizofrenia tratados durante 4-6 semanas respondem bem ao tratamento e 40% 
apresentam resistência ao medicamento. 
o Alucinações e delírios são sintomas persistentes que podem não ser suprimidos facilmente. 
o Um dos maiores problemas frente ao tratamento da esquizofrenia é a falta de adesãopor parte do paciente, 
que pode afetar os níveis plasmáticos necessários ao efeito terapêutico destes, seja para mais ou para menos. 
Cerca de 40 a 50% dos pacientes abandonam a medicação em 1 ano ou 2. 
o A adesão pode ser aumentada com o uso de medicamentos de ação prolongada, fazendo manutenção para 
regular os níveis plasmáticos máximos que ainda não são alcançados. 
o A suplementação de medicamentos antipsicóticos com eletroconvulsoterapia potencializa o efeito terapêutico 
de ambos os métodos. 
o O treinamento de habilidades sociais/comportamentais visa reparar os efeitos na personalidade do paciente 
frente ao contato com o outro, visto que muitas vezes apresentam pouco contato visual, retardo incomum das 
reações, expressões faciais estranhas, falta de espontaneidade em situações sociais e percepção incorreta ou 
falta de percepção das emoções das outras pessoas; também é demonstrado que há diminuição da necessidade 
de hospitalização do paciente frente a este tratamento, que pode incluir: 
▪ a) uso de vídeos de outras pessoas e do paciente; 
▪ b) terapia psicodramática e outras dramatizações; c) atividades para serem treinadas em casa, a partir das 
habilidades específicas que estão sendo trabalhadas na terapia. 
o Estimulação magnética transcraniana: age nos córtex temporal (↓ as alucinações auditivas experimentadas 
pelos pacientes) e no córtex pré-frontal (↓ os sintomas depressivos), mas ainda necessita de estudos, embora 
seja uma forma de tratamento promissora dada a sua eficiência. 
o Psicoterapia individual, terapias de grupo, terapia cognitivo-comportamental, arteterapia, treinamento 
cognitivo e terapia vocacional ajudam o paciente a lidar com os aspectos subjetivos da esquizofrenia, como seu 
enfrentamento perante a doença, o modo de ver e enxergar o outro, o elenco de comportamentos sociais que 
façam o indivíduo integrar-se saudavelmente ao seu contexto sociocultural e trazer a possibilidade de uma 
reinserção social mais rápida. 
o Não é incomum aos pacientes de esquizofrenia possuírem outros transtornos associados à patologia. 
o Dentre os transtornos associados, os mais comuns são: Transtorno causado por abuso de 
substâncias; Transtorno de personalidade borderline; Transtorno de caráter depressivo; Transtornos 
esquizoafetivos; Transtornos bipolares; e Outros transtornos associados. 
o É importante que o paciente seja abraçado pela equipe terapêutica, a fim de lhe oferecer conforto e ambiente 
possível para a reestruturação de seus sintomas. 
o Não é incomum pacientes estáveis apresentarem recaídas, especialmente se o transtorno ao qual estão sendo 
tratados é comórbido ou está relacionado a drogas de abuso ou comportamentos sociais autodestrutivos. 
 
2º resumo mais direto: 
• Farmacológico: 
o O tratamento de escolha baseia-se no uso de Antipsicóticos (APs) / neurolépticos, associado a estratégias 
psicossociais. 
o Duas classes principais: os antipsicóticos típicos ou de primeira geração e os atípicos ou de segunda geração. 
o Uma vez que os APs são igualmente eficazes em doses equivalentes, qualquer uma das drogas pode ser utilizada 
inicialmente: 
 
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o APs Típicos: 
▪ Mecanismo de ação: bloqueiam preferencialmente os receptores D2 dopaminérgicos nos sistemas 
mesolímbico, mesocortical, nigroestriatal e túbero-infundibular. 
▪ São eficazes no tratamento de sintomas positivos e podem produzir efeitos colaterais, como sintomas 
parkinsonianos e ↑ da prolactina. 
▪ Estas medicações, hoje, constituem a segunda escolha devido aos efeitos colaterais, embora sejam mais 
baratas e estejam mais disponíveis. 
▪ Entre os APs típicos, encontramos drogas de alta e baixa potência. 
▪ Os APs de alta potência são mais utilizados, apesar da possibilidade de efeitos extrapiramidais. 
▪ Os APs de baixa potência são caracteristicamente mais sedativos e costumam ser escolhidos como primeira 
opção em pacientes que apresentem agitação ou insônia. 
o APs Atípicos: 
▪ Mecanismo de ação: atuam em outros sítios da dopamina e podem ter ação em outras vias 
neurotransmissoras. 
▪ São medicações mais bem toleradas e mais eficazes no tratamento de sintomas negativos, porém de alto 
custo. 
▪ Os antipsicóticos atípicos podem ser indicados nos casos de intolerância aos APs típicos ou nos pacientes 
em que existe uma chance maior de ocorrer sintomas extrapiramidais. 
▪ A clozapina é reservada para os casos em que há resistência a outros APs, não devendo ser utilizada como 
primeira escolha, devido ao risco de complicações hematológicas (agranulocitose). 
o O tratamento do primeiro episódio deve ser iniciado com doses baixas de um neuroléptico de segunda geração, 
com aumento gradual da dose semanalmente. 
o Os APs podem demorar de 3 a 8 semanas para produzir algum efeito. 
o Se não houver resposta satisfatória dos sintomas após este período, deve-se trocar por um neuroléptico de 
outra classe farmacológica. 
o A medicação deve ser mantida por um mínimo de 6 a 12 meses após a remissão dos sintomas. 
o Nos episódios psicóticos agudos, em que há extrema agitação e agressividade, podem ser utilizados 
neurolépticos injetáveis (intramuscular), até que a medicação oral atue eficazmente. 
o Quando o paciente apresenta estabilização da sintomatologia, é indicado manter a menor dose possível da 
medicação, com o mínimo de efeitos colaterais e prevenir recaídas. 
o Nesta fase, é possível utilizar medicações injetáveis de liberação lenta (depot ou de depósito), melhorando a 
adesão ao tratamento. 
o Porém o tratamento da esquizofrenia não deve se limitar à farmacoterapia, sendo fundamental o recurso a 
estratégias multidisciplinares que tratem do paciente em seu meio, dando suporte em questões como trabalho, 
lazer e moradia, e que visem também a dinâmica familiar. A internação deve ser vista como uma medida 
extrema, de curta duração, a que se recorre para proteção (e não exclusão) do paciente, quando outros meios 
tiverem falhado. 
 
➔ Referências bibliográficas: 
• Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
• Atualização terapêutica: manual prático de diagnóstico e tratamento. 23.ed. São Paulo: Artmed, 2014. 
• SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; RUIZ, P. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
• MedCurso 2019 
• http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4443 
• Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para o tratamento de problemas de saúde vinculados a condições esquizofrênicas. 
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4443