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Direito Penal I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico. Tem a função de orientar o legislador ordinário e o aplicador do Direito Penal. ® Há princípios penais, que tem natureza penal, mas não estão na constituição ® Há princípios penais- constitucionais, que advém explicitamente na constituição. ® São dirigidos a TODOS ® Podem ser explícitos ou implícitos. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL Previsto no Art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e também, no art. 1º do Código Penal. ® Trata-se de Cláusula Petrea. O princípio preceitua que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. ® Nullum crimen nulla poena sine lege ® Diz sobre a Exclusividade da Lei para a criação de crimes (e contravenções penais) e as respectivas penas. OBS: esse princípio também abrange as contravenções penais e as medidas de segurança? SIM. Quando a lei diz “crime”, engloba tanto o crime quanto as contravenções, bem como, quando menciona “pena”, também é de forma geral, portanto, engloba as medidas de segurança. Desdobramentos: ® Não há crime sem lei = lei formal, reserva legal (sentido estrito) Somente pode falar sobre Direito Penal uma LEI em sentido FORMAL, ou seja, que tenha passado por todo processo legislativo. OBS: espécies normativas que são consideradas leis em sentido material, mas não em sentido formal não podem falar sobre DP. A exemplo disso temos a medida provisória e lei delegada. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria de Direito Penal – art. 62, §1º alínea b, da CF. ® Não há crime sem lei certa = taxatividade Tem por finalidade conferir eficácia ao princípio da legalidade, vedando a aprovação de leis que contenham tipos penais vagos, com conteúdo impreciso ou indeterminado. É necessário, portanto, que a lei penal tipifique a conduta ilícita de forma taxativa, vale dizer, descrevendo de maneira clara e exata em que consiste o crime. ® Deve haver certeza/ clareza na lei, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal e da sanção penal a ser aplicada. Princípios do Direito Penal Direito Penal I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Mas o princípio da taxatividade não impede a existência de crimes penais abertos ou leis penais em branco. Importante: O Direito Penal não admite analogia in malam partem. ® Não há crime sem lei anterior = princípio da anterioridade. Estabelece que o crime e a pena devem estar definidos em lei PRÉVIA ao fato cuja punição se pretende. Ou seja, a lei deve ser anterior a conduta. A lei somente será aplicada a fatos praticados depois de sua entrada em vigor. ® Daí deriva a sua irretroatividade = princípio da irretroatividade: Art. 5º, XL, da CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA ® É legítima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constitui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do direito. Preconiza que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a prevenção de ataques contra bens jurídicos importantes. Ademais, se outras formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem- se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Indaga-se: o fato pode ser suficientemente reprimido por outros ramos do direito? Se a resposta for sim, não será necessário a atuação do Direito Penal. Subdivide-se em: ¨ Princípio da Fragmentariedade: Dirigido ao legislador (caráter abstrato). Vem da ideia de fragmento, de que o direito penal não deve “proteger o todo”, mas sim uma parte. Há a proteção daqueles bens jurídicos considerados mais importantes dentro da sociedade. ® O direito penal é a ultima etapa de proteção do bem jurídico. ¨ Princípio da Subsidiariedade: Dirigido ao Operador do Direito (caráter concreto), aqui diz que se o problema puder ser solucionado por outra área do direito, afasta-se o DP. Aqui o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiveram sido empregados, sem sucesso, para a proteção do bem jurídico. ® O Direito Penal funciona como um executor reserva. ® O Direito Penal é a Ultima Ratio Direito Penal I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU EXTEORIZAÇÃO DO FATO O Direito Penal somente pode criminalizar condutas que produzam ou possam produzir lesões a bens jurídicos ALHEIOS. Os comportamentos que prejudiquem exclusivamente bens jurídicos próprios devem ser considerados irrelevantes penais. Exemplo: o direito penal não tipificou como crime: condutas de autoflagelação, a autolesão, a tentativa de suicídio, o porte de droga para consumo (termo correto), etc. Em outras palavras, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio. ® Cuidado: algumas bancas como a CESPE considera o princípio da alteridade como sinônimo do principio da lesividade. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE Somente podem ser criminalizadas condutas que provoquem lesão ao bem jurídico ou, ao menos, exponham-no a perigo. Crime de dano Crime de Perigo Crime de dano: são aqueles cuja consumação somente se produz com a efetiva lesão do bem jurídico Exemplo: Crime de homicídio – Art. 121, CP Lesões corporais – Art. 129, CP Dano – Art. 163, CPC Crime de perigo: Aqueles que consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade do dano. a) Crime de perigo abstrato: Presumido ou de simples desobediência, consumam-se com a prática da conduta, automaticamente. ® Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Há a presunção absoluta= juris et de jure. Exemplo: trafico de drogas – Lei 11.343/ 2006, Art. 33, caput. Porte ilegal de arma de fogo – Art. 14 e 16 da Lei 10.826/03 b) Crime de perigo concreto: Consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA ® Expressa no art. 5º, XLVI, CF/88 “XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes...” Repousa no princípio de justiça segundo o qual se deve distribuir a cada individuo o que lhe cabe, de acordo com as circunstâncias especificas de sua conduta. É desenvolvida em três planos: Abstrato Concreto Direito Penal I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 ¨ Individualização legislativa: descrita no tipo penal, onde é estabelecido as sanções adequadas. ¨ Individualização judicial: efetivada pelo magistrado, mediante a aplicação da pena. Cada condenado tem o direito a sua dosimetria. ¨ Individualização administrativa: efetuada na execução da pena. Deve haver o tratamento penitenciário ou sistema alternativo no qual se afigure possível a realização das finalidades da pena. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE ® Ou princípio da Razoabilidade, ou da convivência das liberdades publicas. Este principio diz que deve haver correspondência entre a gravidade do ato ilícito praticado e a resposta estatal a ele ser imposta. ® É um principio implícito. Deve ser PROPORCIONAL, não deve ser uma punição em excesso e nem uma punição deficiente. ® Proibição ao Excesso: Punir uma pessoa com excesso, além do que realmente deveria. Exemplo: configurar como trafico de drogas, conduta de quem está portando droga para consumo pessoal. ® Proibição à proteção deficiente ou então proteção insuficiente de bens jurídicos: Quando há a falta no ordenamento jurídico, deve-se suprir de outra forma. Exemplo:criação da Lei maria da penha. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE Também chamado como princípio da limitação da pena. De acordo com esse princípio, não é todo tipo de pena que é admissível, exemplo, a pena de morte (exceto em guerra declarada). ® Decorre da dignidade da pessoa humana, art. 1º, III, CF/88 Apregoa a inconstitucionalidade da criação de tipos penais ou cominação de penas que violam a integridade física ou moral de alguém. PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE Pode ser chamado de: Responsabilidade pessoal ou instranscendência da pena ¨ art. 5º, XLV, CF/88 “Nenhuma pena (privativas de liberdade, restritivas de direito e multa) passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;” A obrigação de reparar o dano quando é passada a terceiro, trata-se de uma obrigação cível = indenização. A indenização decorrente de uma condenação criminal, pode ser executada pelos sucessores até o limite da herança. ® Todo ilícito penal ao mesmo tempo é um ilícito civil. ® Agora, nem todo ilícito civil é ilícito penal. Direito Penal I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 A PENA não passa da pessoa do condenado, agora, a INDENIZAÇÃO sim. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA Ninguém pode ser punido criminalmente sem que tenha agido com dolo ou culpa. É vedada, portanto, a responsabilidade penal objetiva. O Direito Penal moderno é o Direito Penal da culpa. ® O sujeito só pode ser punido se agir com dolo ou culpa. PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE Não é um princípio expresso e nem mesmo pacífico no direito. Esse princípio diz que o Estado, ante sua promoção de desigualdade social e econômica, também é responsável pela prática de determinados delitos. ® Culpa concorrente do Estado. Nesses casos, os condenados podem ter uma atenuante por força do art. 66 do CP = atenuante inominada. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM O agente não pode ser acusado, processado, condenado, mais de uma vez POR UM MESMO FATO dentro do mesmo ramo do direito. Ou seja, o sujeito não pode ser acusado duas vezes pelo mesmo crime. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Disposto no art. 5º, LVII, da CF: ninguém poderá ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. ® Trânsito em julgado é dizer que naquela sentença não cabe mais recurso. O processo realmente acabou. O STF, quando do julgamento das ADCs 43, 44, e 54, firmou o entendimento de que inicio de cumprimento de pena somente pode se dar com a constatação de que o condenado é culpado e esta constatação somente ocorre quando da condenação não cabe mais qualquer tipo de recurso, ou seja, ocorrer o trânsito em julgado. ® Entretanto existem as prisões cautelares ou provisória. PRINCÍPIO DA ISONOMIA O princípio da isonomia ou da igualdade consiste em: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.
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