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CLARETIANO – REDE DE EDUCAÇÃO VILMA MARQUES OLIVEIRA SOUZA RA 8140044 FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA PORTFÓLIO 2 RELATÓRIO CRÍTICO-REFLEXIVO São Paulo SP 2021 1. INTRODUÇÃO Considerando a teoria piagetiana Emília Ferreiro e Ana Teberosky partiram do pressuposto da teoria piagetiana de que todo conhecimento possui uma origem e, pelo método clínico de Piaget, observaram um grupo de crianças e seu funcionamento do sistema de escrita. Elas queriam entender como as crianças se apropriam da cultura escrita. No Brasil em meados de 1980 causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (FERRARI, M. 2008). Esse trabalho esta relacionado nas propostas pelo referencial teórico da Psicogênese da Língua Escrita, compreendendo como a criança constrói seu percurso de interpretação da escrita por meio dos níveis conceituais linguísticos no processo de alfabetização. Psicogênese da Língua Escrita está relacionada às hipóteses de que os aprendizes podem se desenvolver quando se encontram em contato com o sistema escrito e que as crianças já sabem antes de entrar na escola. 2. OBJETIVOS Conhecer o paradigma dos métodos tradicionais de alfabetização, proposto pelo referencial teórico da Psicogênese da Língua Escrita de Ferreiro e Teberosky. Analisar e compreender amostras de escritas infantis com base na Psicogênese da Língua Escrita (FERREIRO E TEBEROSKY). Diagnosticar e analisar a hipótese de escrita apresentada por uma criança de 4 a 7 anos segundo o referencial teórico da Psicogênese da Língua Escrita (FERREIRO E TEBEROSKY, 1999). Elaborar instrumentos de Sondagem Diagnóstica e de registro e acompanhamento dos avanços da aprendizagem da alfabetização. Elaborar um de plano de aula de alfabetização para o 1º ano do ensino fundamental e aplicar a ação de docente em ambientes de aprendizagem por meio virtual. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA [...] defendem que o professor necessita trilhar um caminho em que seja capaz de compreender como a criança constrói seu percurso de interpretação e apropriação da escrita. Isso exige o domínio de práticas pedagógicas ajustadas às necessidades de aprendizagem dos alfabetizandos e seus contextos. Exige, ainda, a capacidade de organizar sequências didáticas específicas à apropriação do sistema de escrita alfabética, buscando incluir as práticas e usos sociais da nossa língua. (CLARETIANO, Ciclo 1) Com efeito, a alfabetização é um processo de construção de hipóteses sobre o funcionamento do sistema alfabético de escrita. Para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa participar de situações que o desafiem, que coloquem a necessidade da reflexão sobre a língua, que o leve enfim a transformar informações em conhecimento próprio. É utilizando- se de textos reais, tais como listas, poemas, bilhetes, receitas, contos, piadas, entre outros gêneros, que os alunos podem aprender muito sobre a escrita. (GALVÃO E LEAL, 2005, p.14). 4. SONDAGEM DIAGMOSTICA a) Discussão dos vídeos da 1ª etapa Alfaletrar é um projeto que foi elaborado pela professora Magda Soares da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG em 2006 e promoveu ações para alfabetização em todas as escolas da rede municipal de Lagoa Santa MG. A fase icônica antes da alfabetização e tem início quando a criança faz rabiscos circulares (movimentos celulares) e logo tenta imitar a escrita adulta, sem estabelecer ainda nenhuma relação funcional com a escrita. Esta etapa é conhecida como garatuja, indicando transição a caminho da fase pré-silábica, sem saber diferenciar o desenho da escrita. silábico-alfabético: a criança entende que a escrita é representada pelo som da fala, realiza uma leitura termo a termo (não global) e faz combinações de vogais e consoantes em uma mesma palavra, tenta combinar sons. Nível silábico com valor sonoro, ao escrever, a criança faz a relação da letra com seu fonema mais forte (no primeiro caso foram as vogais e no segundo, as duas primeiras sílabas as consoantes e na última sílaba a vogal), ou seja, cada letra utilizada corresponde a um fonema que compõe a sílaba. A consciência fonológica diz da percepção da segmentação da fala e da habilidade de manipular esses segmentos. No processo de alfabetização, a criança vai desenvolvendo essa capacidade na medida em que reconhece as palavras, as sílabas e os fonemas. Escrever para aprender parte 1 apresenta uma situação didática de alfabetização em sala de aula, na qual os alunos da 1ª série precisam escrever a letra de uma música que conhecem de memória. Escrever para aprender parte 2, nesta parte foi mostrado outras três situações didáticas de alfabetização em sala de aula. Na primeira, os alunos da pré-escola precisam fazer uma lista de brincadeiras. Em seguida, uma turma de jovens e adultos elabora uma lista de itens que fazem parte da cesta básica. E, finalmente, uma turma de 4ª série produz um texto informativo sobre bichos que vivem em frutas. b) Análise de todas as amostras de escrita da 2ª etapa Escrita 1 – Antônio Nível 4 Silábico-alfabético O aluno apresenta escrita silábico-alfabética, ou seja, neste nível, o aluno já tem suas hipóteses muito próximas da escrita alfabética, uma vez que ele já consegue fazer a relação entre grafemas e fonemas na maioria das palavras que escreve, embora ainda oscile entre grafar as unidades menores que a sílaba. Escrita 2 – Odirley Nível 1 Icônica e Garatujas O aluno apresenta escrita de garatujas com ideias elementares sobre a escrita, considera que escrever é a mesma coisa que desenhar. Também tem dificuldade em diferenciar letras e números e escreve usando garatujas e pseudoletras. Escrita 3 – Fernando Nível 4 Silábico-alfabético O aluno apresenta escrita silábico-alfabética, ou seja, neste nível, o aluno já tem suas hipóteses muito próximas da escrita alfabética, uma vez que ele já consegue fazer a relação entre grafemas e fonemas na maioria das palavras que escreve, embora ainda oscile entre grafar as unidades menores que a sílaba. Escrita 4 – Pedro Nível 4 - Alfabético O aluno apresenta escrita alfabética, ou seja, apresenta todas as relações entre grafemas e fonemas, em alguns momentos, até com dificuldades ortográficas. A preocupação não está em perceber os sons da fala e grafá-los, mas, sim, escrevê-los de forma convencional (ortograficamente correta). Escrita 5 – Daiana Nível 2 - Pré-Silábico O aluno apresenta escrita pré-silábica, ou seja, acredita que só é possível escrever nomes de objetos porque para ela a escrita serve para nomear as coisas. A criança não faz correspondência entre escrita e pauta sonora nem no eixo da quantidade, pois o número de letras não equivale ao número de sílabas, nem de fonemas, nem no eixo da qualidade, uma vez que as letras escolhidas não correspondem aos fonemas que ela precisaria representar. Escrita 6 Talita Nível 3 Silábico sem valor sonoro O aluno apresenta escrita silábica sem valor sonoro, ou seja, preocupa-se apenas com o aspecto quantitativo, marcando uma letra qualquer para representar cada sílaba da palavra, o que corresponde a um estágio silábico de quantidade. Escrita 7 – Cleonilda Nível 3 = Silábico com valor sonoro O aluno apresenta escrita silábica com valor sonoro, ou seja, na medida em que começa a utilizar, na escrita das sílabas das palavras, letras que possuem uma correspondência com os sons representados, ele está na fase silábica de qualidade.Escrita 8 - Taís: Nível 2 = Silábica sem valor sonoro O aluno apresenta escrita silábica sem valor sonoro, ou seja, preocupa-se apenas com o aspecto quantitativo, marcando uma letra qualquer para representar cada sílaba da palavra, o que corresponde a um estágio silábico de quantidade. Escrita 9 – Ricardo Nível 3 = Silábico com valor sonoro O aluno apresenta escrita silábica com valor sonoro, ou seja, na medida em que começa a utilizar, na escrita das sílabas das palavras, letras que possuem uma correspondência com os sons representados, ele está na fase silábica de qualidade. Escrita 10 – Fábio Nível 2 = Pré-Silábico O aluno apresenta escrita pré-silábica, ou seja, não faz correspondência entre escrita e pauta sonora nem no eixo da quantidade, pois o número de letras não equivale ao número de sílabas, nem de fonemas, nem no eixo da qualidade, uma vez que as letras escolhidas não correspondem aos fonemas que ele precisaria representar. c) Amostra de escrita e análise da sondagem diagnóstica, realizada na 3ª etapa Nome da Criança: Miguel Nogueira Oliveira Data da Sondagem: 28/05/2021 Data de Nascimento (completa): 22/10/2016 Animais Polissílaba: dinossauro Trissílaba: coelho Dissílaba: tigre Monossílaba: cão Frase: O tigre está na floresta. Hipótese de escrita da Criança: Nível 1 Icônica e Garatujas O aluno apresenta escrita de garatujas com ideias elementares sobre a escrita, considera que escrever é a mesma coisa que desenhar. Também tem dificuldade em diferenciar letras e números e escreve usando garatujas e pseudoletras. Análise da amostra de escrita da criança entrevistada: A sondagem foi realizada pessoalmente com o filho da minha prima, com uma folha de sulfite e uma caneta hidrocor preta. Antes de fazer a sondagem passei algumas instruções para a mãe para que ela não interferisse, apenas o motivasse a escrever as palavras. A Mãe já havia feito um convite prévio para o filho realizar essa atividade na data do convite ele aceitou, mas no dia marcado para a sondagem ele não estava motivado. A sondagem foi realizada na parte da tarde, Miguel estava assistindo um desenho na televisão e estava com sono. 1 o. Passo: Eu o cumprimentei e expliquei que eu precisava realizar essa atividade para a faculdade que eu estou fazendo, e que a dinâmica seria rápida. Ele timidamente concordou, mas falou que não sabia escrever, eu disse que não tinha problema que era para ele escrever do jeito que ele sabia. 2 o. Passo: Falei para ele escrever em forma de lista, e ele escreveu uma palavra embaixo da outra, mas ele segurava a caneta como um pincel. 3 o. Passo: Quando eu ditei a palavra "dinossauro" ele comentou novamente que não sabia escrever, e eu o encorajei dizendo que ele poderia escrever do jeito que ele sabia. 4 o. Passo: Pedi pra ele escrever o próprio nome ele disse que sabia escrever, mas não queria escrever o nome que ele queria ver o desenho na TV. 5 o. Passo: Quando terminou, agradeci e disse que ele me ajudou muito com a minha atividade. d) Reflexão da prática pedagógica de Alfabetização, por meio da análise de vídeos da 4ª etapa Primeiro vídeo: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores PROFA, realizado pelo MEC em 2001. Neste vídeo mostra uma situação didática de alfabetização em sala de aula, na qual os alunos da 1ª série precisam escrever a letra de uma música que conhecem de memória. Segundo vídeo: foram mostradas outras três situações didáticas de alfabetização em sala de aula. Na primeira, os alunos da pré-escola precisam fazer uma lista de brincadeiras. Em seguida, uma turma de jovens e adultos elabora uma lista de itens que fazem parte da cesta básica. E, finalmente, uma turma de 4ª série produz um texto informativo sobre bichos que vivem em frutas. Terceiro vídeo: nesta parte, os alunos estão escrevendo uma lista dos contos de assombração, o aluno Diogo descobre que não é silabicamente que se escreve. Em seguida, a atividade de escrita é tematizada em uma reunião com as professoras do grupo de referência, mediada pela professora Telma Weisz. e) Elaboração do plano de aula de Alfabetização da 5ª etapa 1. Título da aula: Sílabas e mais sílabas…Tantas palavras 2. Tempo necessário: 50min 3. Etapa de ensino: Ensino Fundamental (anos iniciais) 4. Ano ou série da etapa de ensino: 1º ano 5. Objetivos da aula e Competências e Habilidades que serão trabalhadas na aula: 5.1. Objetivos da aula: Localizar palavras em uma cantiga de roda e depois refletir sobre a escrita a partir da silabas, ampliar conhecimentos sobre as letras do alfabeto através da analise e escrita. 5.2. Objeto(s) do conhecimento: Construção do sistema alfabético 5.3. Habilidades a serem desenvolvidas: citar as habilidades específicas: (EF01LP08) Relacionar elementos sonoros (sílabas, fonemas, partes de palavras) com sua representação escrita. (EF01LP09) Comparar palavras, identificando semelhanças e diferenças entre sons de sílabas iniciais, mediais e finais. 6. Pratica da linguagem: analise linguística e semiótica 7. Unidades Temáticas: Letras 8. Finalidade da aula: Localizar palavras em uma cantiga de roda e depois refletir sobre a escrita a partir da silabas 9. Detalhamento da Aula Esta é a primeira aula de um conjunto de três planos de aula com foco em analise linguística e semiótica. Recomendamos o uso desse plano em sequencia 10. Recursos/materiais Projetor de slide, Recursos para imprimir ou confeccionar a mão fichas com sílabas e atividades para alunos Espaço para brincar de roda. Materiais para construir painel com letra da música impressa ou à mão. 11. Instrumento Avaliativo: Observação. Dificuldades antecipadas: Como as crianças encontram-se no início do ciclo de alfabetização apresentando níveis de hipóteses de escritas diversificadas como pré-silábicos, silábicos sem valor sonoro ou com valor sonoro, podem apresentar dificuldades para identificar o conjunto de letras do alfabeto, saber nomeá-las e estabelecer relações entre letra e som. Ao contrário, crianças que já compreenderam como funciona o nosso sistema de escrita (hipótese alfabética) podem não encontrar tantos desafios nas propostas, neste caso, cabe ao professor desafiá-los: • Com as sílabas complexas: A sílaba canônica é a mais comum na nossa língua, por isso, a denominamos como simples - sua estrutura é composta por uma consoante e uma vogal - CV. As demais estruturas trazem maiores desafios a quem está aprendendo, por isso denominamos, sílabas complexas. Exemplo: Lápis - LÁ = CV (sílaba simples) e PIS = CVC (sílaba complexa). • Lembre-se que uma boa leitura requer atenção a alguns itens, que obviamente, ajudará as crianças do primeiro ano, em processo de aquisição do SEA, a adquirir uma postura leitora. Para isso, não podemos deixar de chamar a atenção dos aprendizes com relação à: • Respeito à pontuação: Respeitando as vírgulas, os pontos finais, etc. • Entonação de voz: A maneira que pronunciamos as palavras em voz alta tem haver com o seu significado, por exemplo, pronunciar as palavras “amor” e “lixo”. Trazendo para o nosso plano há de se encontrar um tom adequado para pronunciar os versos “rebola, pai, rebola filho” e outro para “de uma queda foi ao chão”. • Ritmo: Relaciona-se com a fluência da leitura que é conquistado com a prática. 12. Referências sobre o assunto: BRASIL. Ministério da Educação. Governo Federal. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2017a. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.p df.Acesso em 13/04/2021. BREDA, Tadeu. Leitura feita pelo aluno,antes de saber ler convencionalmente. Nova Escola. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2486/leitura-feita-pelo-aluno- antes-de-saber-ler-convencionalmente>. Acesso em: 26 maio 2021. Cantigas de roda. Pastoral da Criança. Disponível em: <https://www.pastoraldacrianca.org.br/cantigas-de-roda>. Acesso em: 20 maio 2021. FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999. LERNER, D. Ler e escrever na escola. O real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2007. LOPES, A. Como aprender: coloque ritmo a sua leitura. Disponível em: <http://www.maisaprendizagem.com.br/como-aprender-coloque-ritmo/>. Acesso em: 02 maio 2021. MARTINS, R.M.F. Estrutura Silábica. Glossário Ceale. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/estrutura-silabica>. Acesso em: 02 maio 2021. MASSUCATO, M.; MAYRINK, E.D. A função das listas na alfabetização. Nova Escola. 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Batatais: Claretiano, 2013. p. 125 – 168. Unidade 3: Estratégias Didáticas. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.Acesso%20em%2013/04/2021 http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.Acesso%20em%2013/04/2021 TEMA DA AULA Tempo sugerido: 2 minutos 1º momento: Projete o slide e o leia com ar de mistério. Pergunte às crianças se sabem o significado da palavra desvendar (Resposta: descobrir, revelar). Revele às crianças que na aula de hoje vocês encontrarão palavras e a partir delas irão estudar sons de algumas sílabas de palavras, mas que para isso terão que ser como os investigadores de mistérios: prestar muita atenção nos detalhes! Diga que o primeiro passo será encontrar palavras que estão escondidas em cantigas e que por isso, agora, vocês vão conversar sobre cantigas... 2º momento: Tempo sugerido: 18 minutos Orientações: Pergunte às crianças se já brincaram de roda, quais música usaram, de quais mais gostaram. Proponha a elas construírem uma lista com os nomes das cantigas conhecidas. Caso o repertório / a lembrança das crianças sejam pobres, você pode enriquecê-los com sugestões de cantigas. Caso você precise de algumas dicas, acesse este site da Pastoral da criança que tem uma referência com cerca de trinta letras de cantigas e mais a forma de se brincar. Orientações para construção da lista: Prenda um papel no quadro para que todos possam vê-lo enquanto você escreve. Você será o escriba, um bom modelo escritor. As crianças devem ditar os nomes das cantigas de roda que conhecem. Enquanto você escreve, fale as sílabas em voz alta para que todos escutem. Peça ajuda das crianças em relação às letras. Pergunte, por exemplo, quais letras você precisa para escrever “ciranda”. Observe que crianças com diferentes hipóteses de escrita tenham vez para falar. É possível que aquelas que tenham hipótese alfabética queiram se manifestar a todo momento, mas você precisa garantir que todos tenham espaço para refletir e verbalizar. Problematize dizendo: vou ler o que vocês ditaram “cirada” (sem a letra n). Então questione se está correto. Pergunte o que precisa ser alterado para “cirada” virar “ciranda” (Resposta: N). Ou ainda: O “PE” de peixinho é o mesmo “PE” de um amigo aqui da sala. Alguém sabe de quem? (Resposta: Por exemplo de uma criança chamada Pedro). Verifiquem no painel dos nomes se mais algum amigo tem esta sílaba no nome. Realize algumas problematizações como estas. No entanto, cuide da gestão do tempo para que seja possível a realização da próxima etapa da introdução: brincar. Fixe o painel em sala de aula, em lugar visível e com fácil acesso pelas crianças. A lista com os nomes das cantigas pode incentivá-los a ler, ainda que não façam convencionalmente, colocando em jogo procedimentos de leitura de ajuste. Reserve um tempo em sua rotina para convidá-los a ler. Sugiro que seja aos poucos, mas dando conta que semanalmente, todos tenham tido a oportunidade de ler. Há um texto de grande valor no site da Nova Escola que trata da importância da organização e sistematização da rotina na alfabetização. No momento da leitura incentive-os a apontar o dedinho para onde está recitando. Com este movimento espera-se que o estudante relacione aquilo que está falando com o que está escrito. Diga: Você leu “janelinha”, mas esta palavra começa com “sa”. É isso mesmo que está escrito? Perguntas assim farão refletir a respeito da escrita. Observe que isto ocorrerá mais efetivamente à medida que a criança tiver maior conhecimento em relação ao nosso sistema de escrita. Outra questão fundamental é que uma vez memorizado os nomes das cantigas, eles passarão a ter função de palavras estáveis e a lista comporá o repertório das crianças e as ajudarão em novas escritas. Com as lembranças afloradas e a lista pronta, convide-as a saírem para brincar de roda. A intenção didática neste momento é mobilizá-las a aprender a cantiga de memória. Que tenha na escola um lugar mágico de alegria e aprendizagem. E também que memorizem as cantigas, para que assim, possam desenvolver melhores estratégias de leitura e escrita quando propostas em sala de aula. Uma vez memorizado o conteúdo, podem dedicar-se exclusivamente, à reflexão do sistema de escrita alfabética. 3º momento: DESENVOLVIMENTO Tempo sugerido: 20 minutos Orientações: Imprima ou confeccione cartazes com cinco cantigas de roda. Fixe os cartazes no quadro. Realize a leitura coletivamente. Aponte para o cartaz acompanhando a leitura, mas aponte para os versos e não para as palavras. A intenção neste momento é que as crianças se familiarizem com os textos. Cante com as crianças. Para que as crianças se familiarizem com as cantigas é necessário que você cante várias vezes junto com a turma. Incentive-os a cantar e dançar com você. Torne o momento divertido e mobilizador. Agora separe-as em duplas com o critério da hipótese de escrita. Devem trabalhar juntas crianças que possuam hipóteses próximas para que não se corra o risco de que, aquela que é mais avançada na hipótese de escrita, realize a atividade sozinha. Lembrando que as hipóteses são: pré silábica, silábica sem valor sonoro, silábica com valor sonoro, silábica alfabética e alfabética. Agrupe por exemplo, crianças com hipótese alfabética com aquelas que possuam hipótese silábica alfabética. Ou ainda, alunos com hipótese silábica com valor sonoro com aqueles que têm a hipótese silábica sem valor sonoro. Outro modelo de agrupamento é estudantes com hipótese silábica sem valor sonoro com aqueles com hipótese pré silábica. Chame duas duplas com hipóteses de escritapróximas a frente da sala. Oriente às crianças a lerem as cantigas. Àquelas que não leem convencionalmente farão a leitura de ajuste. Essa estratégia as ajudará a memorizar as letras das músicas. Peça que uma dupla localize uma palavra nos painéis das cantigas. Faça a mesma coisa com a outra dupla, mas com uma palavra diferente. Utilize como critério palavras que você possa problematizar através das intervenções (perguntas para os alunos) partindo das sílabas e suas sonoridades, como por exemplo: irmão e mão / maluco e melão / João e manjericão / Pernambuco e até / Terezinha e Tereza: Mão e irmão: O que tem de interessantes nessas duas palavras? (Resposta: na formação da palavra irmão está mão). Maluco e melão: Nessas duas palavras tem o “m”. Em uma ele está acompanhado pelo “a” e na outra ele veio acompanhado do “e”. E como ficaria se ele estivesse com o “i”, “o”, “u” e “ão”? (Respostas: mi, mo, mu, mão). João e manjericão: Essas palavras combinam de que forma? (Resposta: terminam com o mesmo som ão). Pernambuco e até: Qual palavra é maior? (Resposta: Pernambuco) Como vocês sabem? (Reposta: Pela quantidade de letras) Quantas letras têm? (Resposta: 10 e 3 letras) Quantas sílabas têm? (Resposta: 4 e 2 sílabas) Qual é a primeira sílaba? (Resposta: Per e a) Qual é a última sílaba? (Resposta: Co e té). As crianças colocarão em jogo tudo o que sabem a respeito do nosso sistema de escrita para localizarem as palavras. Por exemplo, para uma dupla a palavra “irmão” e para outra dupla a palavra “mão”. O primeiro passo é identificar a qual cantiga pertence a palavra. Após identificado a cantiga, se necessário, cante novamente com as crianças. Aponte para os versos, se necessário, mas não aponte as palavras. Encoraje as crianças a cantarem e acompanharem com o dedinho embaixo das palavras no painel. Dessa forma poderão tentar ajustar o que falam com o que está escrito, e assim, localizar a palavra. Após localizado as palavras, uma dupla confere a da outra, se de fato são as palavras corretas. Devem dizer se concordam ou não e o porquê. Neste momento o seu papel é de mediar e fazer perguntas que levem os estudantes a explicarem como pensaram, justificarem suas respostas. Por exemplo, coloque o dedinho e leia esta palavra. Como você sabe que está escrito “mão”? (Resposta: Porque tem o “m” ou porque tem o “m” com “ão” e forma “mão”). Crianças com maior compreensão podem já fazer alguma relação entre sons e grafias e portanto não fazerem a estratégia de ajuste, mas sim a leitura convencional. Já para as crianças com hipótese alfabética que tiverem muita facilidade você pode pedir que, após a localização da palavra, realizem a leitura da cantiga em voz alta, com entonação e ritmo. No caso de alguma dupla ter muita dificuldade (de não localizar a palavra, o verso e nem mesmo a cantiga), você pode dar maiores dicas, como por exemplo, indicar que a palavra está no segundo ou terceiro versos. Você também pode dizer: a cantiga é esta, vou cantá-la novamente e quero que vocês se atentem à palavra, nesse momento indique o verso que você está cantando. Assim, você vai reduzir o campo de busca, mas não vai eliminar o desafio. Incentive-os a utilizar os nomes dos amigos como referências para relacionar os sons às grafias. Como por exemplo o “JA” de Janaina é o “JA” de janelinha. Você dará atenção para cada quatro crianças por vez. Enquanto isso, proponha as demais que, individualmente, escolham uma cantiga e ilustrem. A ilustração requer que as crianças compreendam o texto. Diga que você espera riqueza de detalhes no desenho. 4º momento: Fechamento Tempo sugerido: 10 minutos Orientações: Retire os painéis do quadro. Ainda na mesma formação de duplas, explique que você tem um novo desafio: Formar palavras que estão com as suas sílabas embaralhadas. São palavras que têm nas cantigas. Cada dupla receberá um conjunto de sílabas suficientes para formar três palavras. Mais uma vez as crianças colocarão em jogo o que sabem para formar as palavras: Primeiramente terão que decodificar as sílabas. Depois juntá-las na tentativa de formar palavras. Para duplas que tenham crianças com hipótese pré silábica: até, lata, maluco. Para duplas que tenham crianças com hipóteses silábicas (sem e com valor sonoro): Terezinha, coração, mão. Para duplas que tenham crianças com hipóteses de escrita silábica alfabética e alfabética: terceiro, cavalheiros, Pernambuco. Atenção: Você pode substituir as palavras e realizar a atividade em outras circunstâncias, por isso, se a linha de raciocínio que foram selecionadas essas palavras: Até, lata e maluco foram selecionadas para as crianças com hipótese pré silábica por se tratarem de sílabas simples (consoante e vogal) e também por se tratarem de palavras com uma quantidade de letras que, normalmente, são confortáveis para crianças com essa hipótese (de quatro a seis letras). Com exceção da palavra “até” que tem apenas três letras e uma das sílabas tem a sua estrutura apenas com uma vogal - a sua escolha foi proposital para provocar, desafiar ainda mais. Terezinha, coração e mão foram selecionadas para as crianças com hipóteses silábicas (com e sem valor sonoro) por serem palavras com mais de seis letras, terem em sua maioria sílabas simples, porém, uma delas ser complexa. A palavra “mão” a exemplo do grupo anterior tem a intenção didática de provocar, de fazer perceber que as palavras são não apenas compostas, mas também, estruturadas de diferentes formas (apenas com uma sílaba, apenas com três letras, etc). Terceiro, cavalheiros e Pernambuco foram selecionadas para as crianças com hipóteses silábica alfabética e alfabética por serem palavras que possuem um grau maior de complexidade na maioria de suas sílabas. E as crianças deste grupo percebem e se sentem desafiadas com essa complexidade: como já percebem todos os sons querem dar conta de representá-los. Diferentemente dos outros grupos de crianças, que normalmente, colocam uma letra para a sílaba e ficam satisfeitas. Circule pelas duplas e procure problematizar fazendo pensar a respeito do nosso sistema de escrita. Lembre-se que a melhor forma de fazer refletir é com um ponto de interrogação. Então não dê respostas, mas procure mostrar caminhos para que as crianças encontrem o que buscam. Como por exemplo: Para formar “maluco” uma dupla no lugar do “lu” usou “la”. Peça que a dupla coloque o dedinho embaixo da palavra e leia. Que aponte para cada sílaba correspondente. Se ainda assim não perceberem, questione como é que se escreve “Lucas”. Que eles mostrem no painel da sala. Pergunte “Lucas” começa com qual sílaba? (Resposta: Lu). Então pergunte se podemos encontrar o “lu” de Lucas na palavra “maluco”. Caso alguma dupla esteja com muita facilidade, insira sílabas aleatórias, no final do arquivo tem uma tabela com elas, o que dificultará o desafio. Após a formação das palavras incentive-os a ler indicando com o dedinho as sílabas pronunciadas. Após a formação das palavras diga à turma que você fará algumas perguntas para todas as duplas (neste momento o foco estará no desenvolvimento da habilidade de comparar palavras por meio de suas sílabas): Qual é a palavra que tem mais sílabas na sua mesa? (Resposta: cada dupla falará a maior palavra: maluco, Terezinha, Pernambuco). Esta palavra começa com qual sílaba? Peça que três crianças venham ao quadro e escrevam a sílaba inicial uma embaixo da outra (cada criança escreve a sílaba da sua palavra) Quais são as sílabas que estão no meio das palavras? (Resposta: lu, rezi, nambu) Peça que três crianças venham ao quadro e escrevam as sílabas mediais ao lado das escritas pelos amigos (cada criança escreve a (s) sílaba (s) da sua palavra) Qual é a última sílaba das palavras? (Resposta: ma, Te ou Per). Peça que três crianças venham ao quadro e escrevam a sílaba final ao lado das escritas pelos amigos (cada criança escreve a sílaba da sua palavra) Pergunte à turma: Quantas letras têm as palavras maluco (Resposta: 6), Terezinha (Resposta: 9) e Pernambuco (Resposta: 10). Quantas sílabas têm as palavras maluco (Resposta: 3), Terezinha (Resposta: 4) e Pernambuco (Resposta: 4). Qual a menor palavra? (Resposta: maluco). Qual é a maior palavra? (Resposta: Pernambuco porque tem 10 letras). Problematize: Mas Pernambuco tem quatro sílabas como Terezinha, então por que Pernambuco tem 10 letras? (Resposta: Porque as sílabas PER e NAM têm três letras e em Terezinha, apenas o NHA tem três letras). 5. ANÁLISE DO PROJETO DE PRÁTICA, ARTICULANDO TEORIA E PRÁTICA. O processo da teoria e pratica pedagógica desse trabalho proporcionou importantes reflexões e aprendizagem para o processo de formação como profissional, é necessário que os professores se conscientizem para uma formação específica e que possua o domínio de suas práticas pedagógicas para que estejam preparados para o processo de alfabetização. As pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a Psicogênese da Escrita nos levam a uma reflexão de como os estudos são importantes para o desenvolvimento de alfabetização. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da analise dos vídeos conclui-se que alfabetizar é tornar o individuo capaz de escrever e ler, é um processo pelo qual a criança adquire o domínio de código e das habilidades de utiliza-lo para escrever e ler, ou seja, ter o domínio de técnicas para exercer a arte e a ciência da escrita e também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e interpretação e uso da linguagem de uma maneira geral, isso exige o domínio de práticas pedagógicas ajustadas às necessidades de aprendizagem das crianças e seus contextos. Exige, ainda, a capacidade de organizar sequências didáticas especificas a apropriação do sistema de escrita alfabética, buscando incluir as práticas e usos sociais da nossa língua. Os vídeos exemplificam a importância do professor no momento de alfabetização ser um facilitador para que o aluno possa transformar informações em conhecimento próprio para sua autonomia na escrita e leitura.
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