Buscar

Alfabetização e Letramento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A linguagem humana
1- Analise as afirmativas que seguem, colocando V (verdadeira) e F (falsa). Depois
assinale a alternativa CORRETA. ( ) Em se tratando dos conceitos de linguagem e
língua, podemos dizer que toda língua é linguagem, mas nem toda linguagem é língua. (
) A vida em sociedade exige que o homem domine diferentes códigos (linguagens), mas
o professor alfabetizador só deve se preocupar com o ensino da língua. ( ) Ao trabalhar
com seus alunos os significados das emoticons que aparecem no whatsapp, o professor
alfabetizador está utilizando em sala de aula uma linguagem não-verbal. Preenche
corretamente os parênteses a alternativa:
VFV
2- Embora os rabiscos traçados por uma criança no início da alfabetização tenham um
significado individual, podemos afirmar que tais rabiscos
não podem ser considerados uma linguagem.
3- Imagine a seguinte situação hipotética: uma professora do 3º ano do ensino
fundamental propôs aos alunos que lessem um texto e, em seguida, solicitou que eles
apresentassem sinônimos para determinadas palavras que ela destacou do referido
texto. Com essa atividade, a professora trabalhou a língua no nível
semântico.
Alfabetização: Breve histórico
1- Após a revolução industrial, a escola passa a alfabetizar com o propósito de:
preparar os alunos para atuar no mercado de trabalho e, dessa forma, atender aos
anseios do capitalismo.
2- A concepção de leitura nas cartilhas, tão difundidas no Brasil, era:
leitura como decodificação.
3- Após os estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, a concepção de leitura passa a
ser:
interativa, pois pressupõe um movimento dialógico entre leitor, texto autor.
A psicogênese da língua escrita
Inicialmente, vamos pensar sobre o significado da palavra psicogênese?
Esse termo significa origem de todo e qualquer conhecimento. Em se
tratando do campo da aquisição da escrita, psicogênese significa a origem do
conhecimento da leitura e escrita, isto é, de que forma a criança desenvolve
sua competência leitora e escritora, antes mesmo de compreender o sistema
de escrita. Daí o porquê de uma teoria intitulada “Psicogênese da língua
escrita”, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
Apoiada no Construtivismo de Jean Piaget, essa teoria explica como a
criança constrói seu conhecimento da leitura e da escrita, isto é, quais são as
diferentes hipóteses que ela levanta sobre o sistema de escrita mesmo que
ainda não compreenda o sistema alfabético. Inicialmente difundida, nos anos
70, em países de língua espanhola e trazida para o Brasil nos anos 80, a
teoria psicogenética de aquisição da escrita influenciou, fortemente, a prática
pedagógica na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental,
equivocadamente confundida com método de alfabetização.
Não se trata de método, e sim de uma teoria segundo a qual o aprendiz,
à medida que se apropria da escrita, levanta hipóteses sobre essa
modalidade de linguagem com que se depara nos mais diferentes contextos
sociais e com ela estreita contato na escola por meio da ação do professor.
Tais hipóteses, que se apoiam em conhecimentos prévios, assimilações e
generalizações, fornecem ao professor alfabetizador dados importantes
acerca dos níveis linguísticos dos alunos durante o processo de
alfabetização. De posse desses dados, o professor decidirá que atitude tomar
para que o aprendiz reflita sobre seus erros e avance na aprendizagem da
escrita. Neste momento, você deve estar se perguntando: e quais essas
hipóteses? Emília Ferreiro e Ana Teberosky as chamam de: a) hipótese
pré-silábica, b) hipótese silábica, c) hipótese silábico-alfabética, d) hipótese
alfabética. Vamos conhecer cada uma delas?
A) HIPÓTESE PRÉ-SILÁBICA
É a hipótese segundo a qual a produção escrita da criança revela que
ela ainda não tem noção de sílaba, por isso “PRÉ-SILÁBICA. Neste caso, a
criança ainda não concebe a escrita como um código de representação da
fala, isto, não entende que a escrita representa os sons que ela pronuncia ao
falar a palavra. É por essa razão que utiliza, em sua produção escrita,
rabiscos, desenhos, garatujas, letras e outros sinais gráficos, de modo que só
ela mesma entende aquilo que escreveu.
Além disso, a escrita de uma criança na hipótese pré-silábica também
pode revelar característica do objeto representado. Assim, se ela for
convidada a escrever a palavra FORMIGA, ela pode representar esse animal
assim: XM2, com poucos sinais gráficos, uma vez que que se trata de um
animal pequeno; se for convidada e escrever a palavra BOI, pode ser que ela
represente esse animal assim: PX3LTUXTOOOOAVEMOXOAT, com vários
sinais gráficos, pois trata-se de um animal de grande porte. Em outras
palavras, a extensão da escrita depende do tamanho do objeto representado
pela escrita. Veja a seguir um exemplo de escrita de uma criança que se
encontra na hipótese pré-silábica:
TAG: alfabetização, escrita, pré-silábica
B) HIPÓTESE SILÁBICA
Nesta hipótese, a criança já tem noção de sílaba, pois já segmenta a
palavra em duas, três ou quatro “pedaços”, mas imagina que apenas uma
letra é suficiente para representar cada sílaba. Assim, se a criança percebe
que a palavra tem suas sílabas, ela representa tal palavra utilizando em sua
escrita somente duas letras, uma para cada sílaba; se a palavra tem três
sílabas, ela utiliza três letras, e assim por diante. Essa escrita pode ou não ter
valor sonoro convencional, razão pela qual muitos professores subdividem a
hipótese silábica em silábica sem valor sonoro e silábica com valor sonoro.
Na hipótese silábica sem valor sonoro, a criança utiliza uma letra para
cada sílaba, mas a letra que utiliza não mantém nenhuma relação com
nenhum dos sons da sílaba. Imagine que uma criança, ao ser convidada a
escrever a palavra FORMIGA, tenha escrito essa palavra assim: PTX.
Observe que ela utilizou três letras porque percebeu que a palavra em
questão tem três sílabas, mas note que a letra P não representa nenhum dos
sons da sílaba FOR-, assim como a letra T não representa nenhum dos sons
da sílaba MI-, e a letra X não representa nenhum dos sons da sílaba GA. Veja
a seguir um exemplo de escrita de uma criança na hipótese silábica sem valor
sonoro:
TAG: alfabetização, escrita, silábico sem valor sonoro
Já na hipótese silábica com valor sonoro, a criança continua utilizando
uma letra para cada sílaba, mas agora a letra que ela usa representa um dos
sons da sílaba, seja ela o som da vogal ou da consoante. Imagine que ela, ao
ser convidada a escrever a palavra FORMIGA, tenha escrito essa palavra
assim: FMG. Observe que ela utilizou três letras porque percebeu que a
palavra em questão tem três sílabas e note também que a letra F representa
um dos sons da sílaba FOR-, no caso o som [f], assim como a letra M
representa um dos sons da sílaba MI-, no caso, o som [m] e a letra G
representa um dos sons da sílaba GA, no caso, o som [g]. Veja a seguir um
exemplo de escrita de uma criança que se encontra na hipótese silábica com
valor sonoro:
TAG: alfabetização, escrita, silábica com valor sonoro
C) HIPÓTESE SILÁBICO-ALFABÉTICA
Neste estágio de aquisição da escrita, a criança se encontra na transição
entre o nível silábico, que acabamos de estudar, e o próximo nível: o
alfabético. Isso significa que ela representa sílabas completas, com todas as
letras, porque já percebeu todos os sons de tais sílabas, mas representa
outras sílabas com apenas uma letra. Assim, se a criança for convidada a
escrever a palavra TOMATE, ela pode representá-la assim: TOAT. Essa
escrita revela que o ouvido da criança já detectou todos os sons da primeira
sílaba da palavra em questão, por isso representou cada um desses sons
com uma letra. Contudo, note que ela representa a sílaba MA apenas com a
letra A e sílaba TE somente com a letra T.
Na hipótese silábico-alfabética, o aprendiz está muito próximo da escrita
alfabética. Compete ao professor alfabetizador o trabalho de refletir com a
criança sobre o sistema linguístico a partir da observaçãoda escrita alfabética
e da reconstrução do código escrito. Veja a seguir um exemplo de escrita de
uma criança que se encontra na hipótese silábico-alfabética:
TAG: alfabetização, escrita, silábica alfabética
D) HIPÓTESE ALFABÉTICA
Nesta fase, a criança atingiu um nível de consciência fonológica bastante
apurado, pois percebe todos os sons de todas as sílabas, representando-as
por completo. Assim, se a sílaba tem dois sons, a criança a representa
utilizando duas letras; se tem três sons, ela a representa com três leras e
assim por diante. É importante salientar que se trata de uma escrita fonética,
não ortográfica. Assim, se a criança for convidada a escrever a palavra
EXAME, ela pode representá-la assim: “EZAMI”. O desafio que cabe ao
professor agora é tornar essa criança alfabetizada, ou seja, caminhar em
direção à escrita convencional, com correção ortográfica e gramatical. Veja a
seguir um exemplo de escrita de uma criança que se encontra na hipótese
alfabética:
TAG: alfabetização, escrita, alfabética
IMPLICAÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS
Durante sua prática pedagógica, o professor que tome por base o
referencial teórico da Psicogênese da língua escrita precisa levar em
consideração que:
a) a produção escrita dos aprendizes revela erros construtivos, cabendo ao
professor interpretar esses erros, fazer um diagnóstico das hipóteses
linguísticas dos alunos e, de posse do conhecimento dessas hipóteses,
planejar atividades com vistas a promover avanços na aquisição da escrita.
b) os avanços na escrita são diferentes para cada criança, uma vez que as
turmas são heterogêneas, afinal, estamos lidando com pessoas, e cada ser
humano é único e, portanto, tem suas individualidades.
1- Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus estudos sobre a psicogênese da
língua escrita, a criança levanta hipóteses acerca da escrita, passando por diferentes
níveis linguísticos. Acerca desses níveis, julgue os itens que seguem e depois assinale
a alternativa CORRETA.
I. Na hipótese pré-silábica, a criança ainda não estabelece relação entre a letra e seu
aspecto sonoro.
II. Na hipótese silábica, a criança começa a considerar, na escrita, os aspectos sonoros
da fala, podendo registrar uma letra para cada sílaba.
III. Na hipótese alfabética, a criança inicia o processo de distinção entre os fonemas,
podendo usar, às vezes, mais de uma letra para uma mesma sílaba.
IV. Na hipótese silábico-alfabética, como a criança já identifica cada som representado
pelas letras, já pode ser considerada alfabetizada.
Está CORRETO o que se afirma em:
I e II, apenas.
2-Considere a seguinte situação hipotética: uma criança do 2º ano do ensino
fundamental escreveu as palavras ELEFANTE, GIRAFA E VACA assim: ELEFT, JIRF,
VAK. A produção escrita dessa criança revela que ela está na hipótese:
silábico-alfabética.
3-Com relação às características da escrita das crianças que estão no processo de
alfabetização, é correto afirmar que:
A escrita alfabética é fonética.
A sondagem na alfabetização
O QUE É SONDAGEM?
A sondagem é uma ferramenta pedagógica eficaz para o professor
acompanhar o processo de aprendizagem da língua escrita nos anos iniciais
do ensino fundamental, pois ela fornece informações relevantes quanto os
avanços relativos à alfabetização e, de posse dessas informações, o docente
decidirá que caminhos trilhar a fim de que as crianças continuem avançando
de uma fase a outra. Assim, se o professor diagnosticar, por meio da
sondagem, que um aluno está na hipótese pré-silábica, por exemplo, deverá
fazer uma revisão de planejamento de ensino e recorrerá a estratégias que
considerar mais apropriadas para que o aprendiz atinja a hipótese silábica, e
assim por diante.
COMO FAZER A SONDAGEM?
Recomenda-se que o professor faça uma lista de palavras do mesmo
campo semântico, ou seja, palavras que se relacionam quanto ao significado.
A título de exemplo: as palavras guarda-sol, biquíni, conchas e areia
pertencem ao campo semântico de PRAIA; as palavras crisântemo, antúrio,
cravo e rosa pertencem ao campo semântico de FLORES; as palavras
papagaio, cachorro, bode e rã pertencem ao campo semântico de ANIMAIS.
Escolhidas as palavras, o docente deverá ditá-las sem permitir que os alunos
consultem outras fontes escritas.
QUANDO FAZER A SONDAGEM?
Com relação à periodicidade, recomenda-se que a sondagem seja realizada
nos meses de fevereiro, abril, junho, setembro e novembro, mas vale
destacar que, no cotidiano de sua prática pedagógica, o professor observe o
desenvolvimento das crianças no que se refere aos avanços que elas
apresentam em suas produções escritas.
QUE CUIDADOS O PROFESSOR DEVE TER AO REALIZAR A
SONDAGEM?
Sugere-se que o docente, durante a realização da sondagem, fique
atento aos seguintes cuidados:
1. Fornecer aos alunos um papel sem pauta a fim de que se possa verificar o
alinhamento e a direção da escrita;
2. Selecionar uma lista de palavras que pertençam ao mesmo campo
semântico e que façam parte de seu vocabulário utilizado em seu dia-a-dia;
3. Iniciar o ditado por uma palavra polissílaba, seguida por uma trissílaba,
uma dissílaba e uma monossílaba. É importante o professor não alterar essa
ordem, porque, caso os alunos escrevam segundo a hipótese da quantidade
mínima de letras, poderão recusar-se a escrever se começarem pela palavra
monossílaba. Por fim, o professor deve ditar uma frase utilizando uma das
palavras da lista;
Exemplo: Lista de palavras do campo semântico de ANIMAIS:
BORBOLETA
CAVALO
GATO
BOI
Frase: O CAVALO COME CAPIM.
4. Ditar as palavras e a frase normalmente, ou seja, sem silabar;
5. Observar, enquanto os alunos escrevem, suas reações e anotá-las;
6. Oferecer letras móveis aos alunos que, porventura, não queiram escrever,
pois o importante é que todos realizem a atividade.
7. Solicitar, após o término do ditado, que os alunos leiam aquilo que
escreveram, anotando o modo como eles realizam a leitura.
8. Pedir para a criança ler o que escreveu apontando com o dedo, caso o
professor se depare com dificuldade em entender o que ela escreveu.
COMO FAZER O DIAGNÓSTICO?
Terminada a sondagem, o professor deve debruçar-se sobre a produção
escrita dos alunos, analisá-la e, com base em seus conhecimentos acerca da
psicogênese da língua escrita, identificar a hipótese de escrita em que o
aluno está, a saber:
a) Hipótese pré-silábica;
b) Hipótese silábico (sem valor sonoro ou com valor sonoro);
c) Hipótese silábico-alfabética;
d) Hipótese alfabética.
TOMADA DE DECISÃO
De posse do diagnóstico, o professor deverá rever seu planejamento e
realizar os agrupamentos dos alunos com base nas hipóteses mais próximas,
formando duplas com um aluno MENOS COMPETENTE e outro MAIS
COMPETENTE. Nessa direção, NÃO se recomenda a formação de duplas
constituídas por:
a) um aluno MENOS COMPETENTE e outro MENOS COMPETENTE
OU
b) um aluno MENOS COMPETENTE e outro MUITO MAIS COMPETENTE.
Nessa direção, recomenda-se a formação de uma dupla constituída por
um aluno que está na hipótese pré-silábica com um aluno que está hipótese
silábica; um aluno que está na hipótese silábico-alfabética com um aluno que
está na hipótese alfabética. Entretanto, não se recomenda formar uma dupla
com um aluno que está na hipótese pré-silábica com um aluno que está na
hipótese silábico-alfabética, por exemplo.
PORTFÓLIO DE ACOMPANHAMENTO DOS ALUNOS
Para que o professor possa fazer comparações entre os resultados de
uma sondagem e outra, é de extrema importância que ele faça um portfólio
de acompanhamento dos alunos. Recomenda-se que esse portfólio contenha
os seguintes itens:
1. Capa
2. Relatório do professor
3. relatório do coordenador
4. Ficha diagnóstica
5. Anexo das atividades desenvolvidas durante a sondagem
6. Outras informações que o professor e o coordenador julgarem relevantes.
Para finalizar este tópico, vale salientar que, durante sua prática de
alfabetização, o professor deve, a partir do diagnóstico a que chegou após a
sondagem,realizar intervenções com vistas a levar o aluno a refletir sobre
sua produção escrita e, por conseguinte, sobre o funcionamento da língua na
sua modalidade escrita. Para tanto, sugere-se que ele faça perguntas como:
“Por que você escreveu essa palavra dessa forma?”, “Você acha que tem
mais alguma letra nessa sílaba ou nessa palavra?”, “Por que você colocou
essa letra aqui?”, “Por que aqui escreveu essa palavra desse jeito e aqui de
outro”?, “Se nós trocarmos a ordem das letras dessa palavra, ela continua a
mesma palavra?” Enfim, há outras perguntas que o professor poderá fazer
dependendo da manifestação escrita de cada aluno. O importante é provocar
a criança por meio de intervenções para que ela possa pensar sobre aquilo
que escreveu, corrigir seus erros e avançar em suas hipóteses sobre a
escrita.
1- Ao realizar a sondagem, um dos critérios que o professor deve adotar diz respeito ao
número de silabas das palavras. Nesse sentido, a ordem CORRETA das palavras é:
polissílaba, trissílaba, dissílaba, monossílaba.
2-Considerando que, ao realizar uma sondagem, o professor deve escolher palavras
pertencentes ao mesmo campo semântico, assinale a alternativa que apresenta uma
escolha adequada.
Abacaxi, banana, manga, noz.
3- Tendo em vista que, de posse do diagnóstico a chegou após a realização da
sondagem, o professor deve agrupar os alunos de acordo com as hipóteses próximas,
assinale a alternativa segundo a qual o professor fez um agrupamento adequado.
Um aluno na hipótese pré-silábica com um aluno na hipótese silábica.
Fórum
Sônia trabalha há dezenove anos nas séries iniciais do E.F., mas assumiu, pela primeira vez, a
turma do primeiro ano/alfabetização, composta por 29 crianças. A equipe gestora orientou que
os professores realizassem uma sondagem com seus alunos, registrassem em uma tabela,
classificando-os de acordo com suas hipóteses de escrita para, posteriormente, elaborarem
seus planejamentos, com base nos resultados de cada turma. Insegura quanto aos
procedimentos, Sônia conversou com a coordenadora pedagógica, solicitando orientações mais
detalhadas.
Discutiremos aqui sobre quais deveriam ser as orientações da C.P. para a professora quanto a:
- Organização, aplicação e análise da sondagem e,
- A escolha do melhor método de alfabetização para desenvolver com essa turma.
O professor deve fazer a sondagem bimestralmente. Recomenda-se que seja feito uma lista de
palavras do mesmo campo semântico, para a realização o professor deve fornecer um papel sem
pauta para verificar alinhamento e direção na escrita, selecionar palavras que façam parte do dia a
dia do aluno, iniciar ditado de forma decrescente, ex: polissílaba, trissílaba dissílaba, monossílaba, a
fim de não desestimular o aluno com palavras muito grande, ditar essas palavras sem silabar,
observar os alunos enquanto escrevem anotando suas reações, quando houver resistência por parte
do aluno em escrever, pode ser usada letras móveis com papel ou EVA, ao final deve-se solicitar que
os alunos leiam, para que seja observado como eles realizam a leitura.
Com essa sondagem podemos classificar os alunos em hipóteses: pré-silábica, silábica com ou sem
valor sonoro, silábico-alfabética e alfabética Com esses dados podemos agrupar e mesclar a turma
sempre mantendo atualizado o portfólio de acompanhamento dos alunos.
ALFABETIZAÇÃO E SEUS MÉTODOS
Vamos iniciar nossa conversa refletindo sobre o conceito de
alfabetização? Ao pé da letra, a palavra “alfabetização” significa a ação de
alfabetizar, ou seja, a ação de conduzir o sujeito à apropriação do alfabeto
(um conjunto de letras dispostas em ordem estabelecida de modo
convencional) para uso na comunicação escrita. Essa apropriação do sistema
de escrita não significa apenas memorizar as letras do alfabeto, mas
desenvolver uma competência linguística necessária no indivíduo para ler e
interpretar os diferentes textos com os quais de para em seu cotidiano. Val
(2006, p. 19) define alfabetização como
“o processo específico e indispensável de apropriação
do sistema de escrita, a conquista dos princípios
alfabético e ortográfico que possibilitem ao aluno ler e
escrever com autonomia. Noutras palavras,
alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio
do chamado “código” escrito, que se organiza em torno
de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e
ouras convenções) usadas para representá-la, a pauta,
na escrita”.
((VAL, 2006, P. 19))
Nesse sentido, considera-se alfabetizado o indivíduo que detém o
domínio de habilidades linguísticas básicas na modalidade escrita da língua
para a vida em sociedade. Para desenvolver esse domínio nos alunos, o
professor dos anos iniciais precisa recorrer a algum método de alfabetização,
conforme veremos a seguir.
MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
Após a invenção da escrita, o homem sentiu a necessidade de
transmiti-la de geração a geração, o que o levou a buscar algum “método”
que levasse as pessoas a de fato decifrarem aquilo que estava escrito. Na
antiguidade, existia apenas um método: o da cópia de textos consagrados,
conforme pontua Cagliari:
“Na antiguidade, os alunos alfabetizavam-se
aprendendo a ler algo já escrito e depois copiado.
Começavam com palavras e depois passavam para
textos famosos, que eram estudados exaustivamente.
Finalmente, passavam a escrever seus próprios textos.
O trabalho de leitura e cópia era o segredo da
alfabetização”.
((CAGLIARI, 1998, P. 15))
Mas, afinal, o que significa a palavra “método”? De acordo com Correa e
Salch,
“A palavra método tem sua origem no grego méthodos
e diz respeito a caminho para chegar a um objetivo.
Num sentido mais geral, refere-se a modo de agir,
maneira de proceder, meio; em sentido mais
específico, refere-se a planejamento de uma série de
operações que se devem efetivar, prevendo inclusive
erros estáveis, para se chegar a determinado fim”.
((CORREA E SALCH, 2007, P. 10))
Assim, se o objetivo do professor é desenvolver a competência leitora e
escritora do aluno, ou seja, alfabetizá-lo, é comum sua preocupação em como
fazer isso, que método (ou métodos) adotar a fim de desenvolver o processo
de alfabetização de modo eficaz.
Vale ressaltar que os métodos são importantes, mas não existe uma
receita milagrosa para o trabalho de desenvolvimento da competência leitura
e escritora dos alunos. Isso porque cada criança, por seu única, pode não
aprender de forma igual ou semelhante às outras. E por essa razão que não
se deve classificar um método como melhor ou pior do que outro, e sim
adotar o método que funcione bem com essa ou aquela criança. Além disso,
não basta ter conhecimento teórico acerca dos diferentes métodos de
alfabetização, é preciso acompanhar, diariamente, os resultados do trabalho
desenvolvido com os alunos, analisar e, quando necessário, refazer
planejamentos e tomar decisões, como alerta Carvalho:
“Para a professora, seja qual for o método escolhido, o
conhecimento das suas bases teóricas é condição
essencial, importantíssima, mas não suficiente. A boa
aplicação técnica de um método exige prática, tempo e
atenção para observar as reações das crianças,
registrar os resultados, ver o que acontece no dia-a-dia
e procurar soluções para os problemas dos alunos que
não acompanham”.
((CARVALHO, 2008, p. 46))
Os métodos de alfabetização, há muito tempo colocados em prática
nas escolas brasileiras, se dividem em métodos sintéticos e métodos
analíticos(ou globais). Vamos conhecê-los?
TAG: sala de aula, carteiras enfileiradas, alunos fazendo prova
1. MÉTODOS SINTÉTICOS DE ALFABETIZAÇÃO
Os métodos sintéticos de alfabetização consistem em o professor
trabalhar as unidades menores da língua, partindo da parte para o todo, ou
seja, das letras, sílabas até chegar às palavras e textos. Trata-se de métodos
cujo objetivo central é alfabetizar o aluno a partir da decodificação dos sons
que as letras representam, desenvolvendo, assim, sua consciência
fonológica. São considerados métodos sintéticos: soletração, silabação e
métodofônico. Vamos conhecer um pouco de cada um deles?
1.1. MÉTODO DA SOLETRAÇÃO
Soletrar significa dizer os nomes das letras como, por exemplo, EFE,
ELE, EME, ENE, ERRE e daí por diante, depois juntá-las formando sílabas e,
por conseguinte, palavras.
O método da soletração, cujo objetivo central é ensinar a combinação de
letras e sons, parte de unidades menores – as letras – que, quando se
juntam, representam sons – as sílabas – as quais, por sua vez, formam
palavras. Exemplo: C com A, CA; M com E, ME; L com O, LO = CAMELO.
Trata-se de um método que tem como base a associação entre estímulos
visuais e auditivos, pois ao nome da letra associa-se a forma visual. Quanto
às sílabas, estas são aprendidas de cor, e as palavras que com elas são
formadas são descontextualizadas.
1.2. MÉTODO DA SILABAÇÃO
O método da silabação, como o nome já diz, tem como objetivo central
tornar o aluno alfabetizado tendo como foco o trabalho com as sílabas. A
Cartilha da Infância (Thomaz Galhardo, 1939) ilustra bem esse método, pois
depois de mostrar as vogais e os ditongos aos alunos, apresenta-lhes as
sílabas (va-ve-vi-vo-vu), que são embaralhadas nas duas linhas seguintes.
Na sequência, vêm as palavras formadas por três letras (vai, viu, vou)
seguidas de onze palavras contendo as sílabas estudadas ou “memorizadas”.
Por fim, conclui-se cada lição com algumas frases sem ligação entre si,
escritas sem a maiúscula na palavra inicial e sem pontuação: “vovó viu a
ave”, “a ave vive e voa”, “vovô vê o ovo” e outras superficiais como essas.
As lições seguem a seguinte ordem: no início são apresentadas as
vogais, depois os ditongos, seguidos das sílabas constituídas das letras v, p,
b, f, d, t, l, j, m, n. No final da cartilha, são mostradas as ditas “dificuldades
ortográficas” bem como os dígrafos, as sílabas travadas (terminadas por
consoantes) e as letras g, c, z, s, e x.
1.3. MÉTODO FÔNICO
O método fônico de alfabetização consiste em o professor ensinar o
aluno a identificar e produzir os sons representados pelas letras. Neste caso,
ao invés de ensinar utilizando os nomes das letras, pois cairia no método da
soletração, ensina-se pelos sons. Ou seja, não se diz EFE, EME, por
exemplo, e sim [fê], [mê] [lê] e assim por diante.
Atenção! Ouça a música ABC do Sertão, de Luiz Gonzaga, disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=6CSTAaVREtg. Nela, o poeta mostra bem
como se alfabetiza (ou pelo se alfabetizava) na região nordeste do país: pelo
método fônico.
O Método da Abelhinha é fônico, pois ao se trabalhar com a personagem
abelhinha, cujo corpo tem de forma de um a (em letra cursiva), apresenta-se
o som /aaaaaaa/ de forma prolongada para facilitar o reconhecimento da
vogal “A”. O tronco de um índio representa a letra “I” e assim por diante. A
alfabetização se dá, portanto, pela associação entre o desenho do
personagem, a forma da letra e som (fonema).
Outro método que também é fônico é o método da Casinha Feliz, que
consiste em o professor utilizar o jogo, a dramatização, para desenvolver a
aprendizagem do código escrito. O objetivo desse método é associar o
formato da letra a um personagem que represente determinado som da
língua.
Durante muito tempo presentes nas escolas brasileiras, os métodos
sintéticos são considerados os métodos tradicionais de alfabetização. Para
colocá-los em prática, os professores recorriam às conhecidas cartilhas como
material didático indispensável ao processo de aprendizagem da leitura e da
escrita.
TAG: Cartilha, apendizagem, comunicação
TAG: Alfabetização, Aprendizagem, Empirismo
2. MÉTODOS ANALÍTICOS (OU GLOBAIS)
Os métodos analíticos consistem em o professor utilizar as unidades
maiores da língua, partindo do todo para as partes, ou seja, da palavra, da
sentença (frase) ou do texto e analisá-los (decompô-los) em suas partes
constituintes. São métodos analíticos: método da palavração, método da
sentenciação e método do conto.
2.1. MÉTODO DA PALAVRAÇÃO
O método da palavração consiste em o professor utilizar palavras-chave
para ensinar as letras. O objetivo desse método é analisar (decompor) as
partes da palavra, ou seja, as sílabas que, depois de combinadas entre si,
formam novas palavras. Assim, se o professor selecionar a palavra TIJOLO,
ele incialmente desmembrará essa palavra em sílabas e suas famílias
silábicas, a saber:
TIJOLO
Sílabas: TI + JO + LO
Para desmembrar a família silábica, sugere-se embaralhar a ordem. Assim,
as famílias silábicas seriam, por exemplo:
TI - TA - TU - TE - TO
JU - JE - JI - JO - JA
LE - LA - LO - LU - LI
A partir dessa decomposição, formam-se novas palavras com a combinação
das sílabas entre si. Exemplo: juntando-se a sílaba TE da primeira família
com a sílaba LA da terceira família, tem-se a palavra LATE, e assim por
diante.
O método da palavra geradora de Paulo Freire também se classifica como um
método da palavração, mas vale destacar que as palavras que o Patrono da
Educação Brasileira selecionava para gerar outras palavras pertenciam ao
universo vocabular dos aprendizes, no caso, os adultos analfabetos, o que
tornava o processo de ensino-aprendizagem da língua muito mais
significativo.
2.2. MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO
O método da sentenciação consiste em o professor iniciar o ensino da
língua nos anos iniciais a partir de frases sugeridas pelos próprios alunos.
Essas frases são desmembradas em palavras, as palavras em sílabas e
estas, por sua vez, em letras.
2.1. MÉTODO DO CONTO
O método do conto consiste em o professor utilizar pequenas histórias
para ensinar a ler e escrever. Como esse método é colocado em prática? O
educador apresenta aos alunos a história completa, realizando uma espécie
de pré-leitura e, em seguida, passa ao reconhecimento das palavras, depois
das sílabas que formam as palavras e, por fim, a formação de novas palavras
a partir das sílabas que foram desmembradas.
Chegamos ao final deste tópico e imagino que você deva estar se
perguntando: qual é o método mais eficaz para alfabetizar os aprendizes? A
resposta é: conheça bem seus alunos e tome a decisão de que método (ou
métodos) adotar para desenvolver neles uma aprendizagem significativa da
leitura e escrita nos anos iniciais destinados à alfabetização. Se você adotar
um dos métodos estudados nesta aula, mas não obtiver os resultados
almejados, você poderá misturar um método analítico com um sintético, por
exemplo, e acompanhar os resultados. Se forem positivos, estará no caminho
certo.
1- Julgue as afirmativas que seguem a respeito dos métodos tradicionais de
alfabetização e, depois, assinale a alternativa CORRETA.
I. O educador que adota o método sintético insiste em trabalhar atividades que
estabeleçam a correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a letra.
II. O professor que coloca em prática o método sintético propõe aos alunos atividades
cujo objetivo é estabelecer a correspondência a partir de elementos mínimos, em um
processo que consiste em ir do todo para as partes.
III. O professor que adota o método analítico promove atividades com vistas ao
reconhecimento global das palavras ou das frases e, posteriormente, a análise dos
elementos constituintes dessas palavras ou frases.
IV. Soletração e silabação são ações desenvolvidos pelo professor que adota, no
processo de alfabetização, o método sintético.
Estão corretas as afirmativas:
I, III e IV
2-O método da soletração consiste em:
dizer os nomes das letras, depois agrupá-las, formando sílabas que, por sua vez,
formam palavras.
pronunciar o som que cada letra representa e, em seguida, juntá-los, formando sílabas,
palavras e frases.
escolher uma palavra-chave, desmembrar suas sílabas e com elas formar novas
palavras.
selecionar um pequeno texto, desmembrar suas frases e palavras até chegar às sílabas
e letras.
dizer os nomes das letras, depois agrupá-las, formando sílabas que, por sua vez,
formam palavras.
3-Imagine a seguinte situação hipotética: uma professora do 1º ano do ensino
fundamentalalfabetizou seus alunos dizendo os nomes das letras e mostrando os sons
que elas representam. Neste caso, ele colocou em prática:
o método da soletração combinado com o método fónico.
apenas o método da soletração.
o método da palavração.
o método da sentenciação.
o método da soletração combinado com o método fónico.
O QUE É ALFABETIZAÇÃO?
A palavra “alfabetização” vem do verbo “alfabetizar”, que significa a ação
de ensinar e aprender uma modalidade de linguagem fundamental para a
vida em sociedade: a escrita. Nas palavras de Soares (2003, p. 14-15)), o
conceito de alfabetização está relacionado à “aquisição de uma tecnologia – o
sistema de escrita e as técnicas para seu uso”. Neste sentido, um indivíduo
alfabetizado é aquele que sabe decodificar as letras e os sons que elas
representam; tem habilidades motoras para manipular os instrumentos de
escrita como lápis, caneta, teclado etc; consegue ler escrever de acordo com
a regras gramaticais e ortográficas da língua; manipula corretamente os
suportes de escrita como livros, revistas, jornais, entre outros.
O QUE É LETRAMENTO?
O conceito de “letramento” está relacionado ao domínio das funções
sociais da escrita. O que isso significa? Significa que não basta o indivíduo
conhecer as letras que usa na escrita, é preciso entender, na leitura, que elas
traduzem o mundo a sua volta e, na escrita, saber manipulá-las de tal modo
que, juntas, elas formem textos de diferentes gêneros por meio dos quais
atuamos na sociedade. Neste momento, você deve estar se perguntando?
Então, o sujeito letrado é aquele que domina os diferentes gêneros textuais?
A resposta é: SIM. Mas o que são gêneros textuais? Vejamos a seguir:
GÊNEROS TEXTUAIS
Os gêneros são “espécies” de textos com nome, forma e função
socialmente reconhecidos. Vejamos: quando lemos um texto cujas
características são: conta uma história envolvendo personagens animais e
apresenta uma moral da história, seja explícita ou implícita, já o
reconhecemos como uma fábula. A linguagem da fábula é metafórica,
simbólica, pois os personagens acabam representando tipos humanos, uma
vez que agem e se comportam como as pessoas na sociedade. Agora, note:
1. Qual o nome do texto?
Resposta: Fábula.
2. Quais as características formais?
Resposta: é narrativo, pois conta uma história, os personagens são animais,
a linguagem é metafórica e apresenta uma moral da história.
3. Qual a função social?
Resposta: Transmitir um ensinamento.
Portanto, estamos diante de um gênero, no caso, o gênero fábula, que é
diferente do gênero história em quadrinho, da propaganda, do anúncio, da
receita culinária, da placa de trânsito, da lista de compra, da certidão de
nascimento, enfim, diferente de tantos outros gêneros textuais que circulam
na sociedade e dos quais precisamos e deles fazemos uso em nosso
cotidiano. Vale salientar que é por meio dos gêneros textuais que a língua,
tanto oral quanto escrita, se materializa. De acordo com os PCNs de Língua
Portuguesa,
“Os gêneros são determinados historicamente. As
intenções comunicativas, como parte das condições de
produção dos discursos, geram usos sociais que
determinam os gêneros que darão forma aos textos. É
por isso que, quando um texto começa com “era uma
vez”, ninguém duvida de que está diante de um conto,
porque todos conhecem tal gênero. Diante da
expressão “senhoras e senhores”, a expectativa é ouvir
um pronunciamento público ou uma apresentação de
espetáculo, pois sabe-se que nesses gêneros o texto,
inequivocamente, tem essa fórmula inicial. Do mesmo
modo, pode-se reconhecer outros gêneros como
cartas, reportagens, anúncios, poemas, etc”
((BRASIL, 1997, p. 23))
Quando afirmamos que precisamos dos gêneros textuais para
vivermos em sociedade, estamos dizendo que recorremos a um determinado
gênero para atender às nossas necessidades. Assim, se precisamos nos
locomover na cidade, utilizamos, por exemplo, o gênero placa de trânsito; se
precisamos fazer um bolo, utilizamos o gênero receita culinária; se
precisamos fazer alguma solicitação, recorremos ao gênero requerimento, e
assim por diante. É por essa razão que dominar a língua nas suas mais
diferentes manifestações é condição indispensável para atingirmos níveis
mais elevados de letramento. Ou seja, quanto mais gêneros textuais
dominamos, mais letrados nós somos. Isso significa dizer que precisamos
desenvolver habilidades de leitura e escrita de acordo as características de
cada gênero, que envolvem, tanto aspectos formais quanto os objetivos
comunicativos, interlocutores etc.
Com relação aos aspectos formais, não é raro encontramos pessoas que
não têm o domínio dos diferentes níveis de linguagem que devem usar em
cada gênero, por isso cometem muitas inadequações linguísticas: usam, por
exemplo, linguagem coloquial e abreviações próprias do mundo virtual em
gêneros como artigo de opinião, requerimento, entre outros. É o gênero
textual, portanto, que vai determinar o grau de formalidade ou de
informalidade da linguagem que usamos. Nesse sentido, ao escrevermos o
gênero bilhete, em geral, usamos uma linguagem informal, descontraída,
diferente do gênero requerimento, no qual usamos uma linguagem formal.
Neste momento, você deve estar se questionando: então, uma pessoa
pode ser alfabetizada, mas ter um nível de letramento baixo se ela não
souber, na leitura, interpretar os objetivos de cada gênero e, na escrita, não
souber adequar a linguagem de acordo com o gênero, seus objetivos
comunicativos e o interlocutor? A resposta é: SIM.
A sociedade atual exige cada vez mais que as pessoas sejam alfabetizadas e
letradas, contudo “é possível encontrar pessoas que passaram pela escola e
são alfabetizadas, mas não são letradas" (VAL, 2006, p. 23), pois, ainda que
tenham domínio do sistema alfabético, não desenvolveram habilidades de
usos da língua nos diferentes contextos comunicativos. Da mesma forma que
há indivíduos alfabetizados, mas não são letrados, existem analfabetos com
certo nível de letramento, conforme explicita Soares:
“Um adulto pode ser analfabeto e letrado: não sabe ler
nem escrever, mas usa a escrita: pede a alguém que
escreva por ele, dita uma carta, por exemplo (e é
interessante que, quando dita, usa as convenções e
estruturas linguísticas próprias da linguagem escrita,
evidenciando que conhece as peculiaridades da
linguagem escrita) – não sabe escrever, mas conhece
as funções da escrita, usa-as, lançando mão de um
“instrumento” que é o alfabetizado (que funciona como
uma máquina de escrever...); pede a alguém que leia
para ele a carta que recebeu, ou uma notícia de jornal,
ou uma placa na rua, ou a indicação do roteiro de um
ônibus – não sabe ler, mas conhece as funções da
escrita, e usa-a, lançando mão do alfabetizado. É
analfabeto, mas é, de certa forma, letrado, ou tem um
certo nível de letramento”.
((SOARES, 2009, p. 24))
Ilustra bem o que diz a autora o Filme “Central do Brasil”, em que os
analfabetos recorrem à personagem Dora, interpretada pela atriz Fernanda
Montenegro, para escrever cartas cujos destinatários são seus entes queridos
que estão longe. Ela faz o papel de escriba, mas são eles que ditam a carta,
sabem o formato e as características da escrita desse gênero textual, só não
sabem escrevê-la.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PROCESSOS ARTICULADOS
Muitos professores alfabetizadores podem pensar que devem, primeiro,
alfabetizar para, depois, letrar, como se a alfabetização fosse uma espécie de
preparação para o letramento. Faz-se necessário destacar que alfabetização
e letramento são processos diferentes, mas complementares e inseparáveis,
logo o professor não deve escolher entre alfabetizar e letrar, mas alfabetizar
letrando. Para tanto, ele pode escolher um método global de alfabetização
como, por exemplo, um gênero como rótulo, placa de trânsito, trabalhar a
leitura do texto, suas características linguísticas, sua função na sociedade e
explorar as palavras-chave e analisar suas estruturas silábicas, a ortografiaetc. E quando começa o letramento?
O letramento se inicia no momento em que a criança começa a entrar
em contato com as diferentes manifestações escritas na sociedade, como
placas, rótulos, embalagens, cartazes, faixas, letreiros de ônibus, entre
outras, e estende-se pelo resto de suas vidas por meio da crescente
possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua
escrita: leitura e/ou escrita dos gêneros história em quadrinho, conto,
romance, artigo científico, resenha, propaganda etc. Sendo assim, alfabetizar
na perspectiva do letramento é contemplar as mais diferentes manifestações
de escrita com as quais os alunos se deparam mesmo antes de frequentar a
escola e, à medida que o tempo vai passando, vão tomando conhecimento de
tantos outras manifestações escritas. Isso porque, de acordo com o Programa
de Formação de Professores dos Anos iniciais do Ensino
fundamental-Pró-Letramento,
“Os alfabetizandos vivem numa sociedade letrada, em
que a língua escrita está presente de maneira visível e
marcante nas atividades cotidianas, inevitavelmente,
eles terão contato com textos escritos e formularão
hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento, sua
configuração. Excluir essa vivência da sala de aula, por
um lado, pode ter o efeito de reduzir e artificializar o
objeto de aprendizagem que é a escrita, possibilitando
que os alunos desenvolvam concepções inadequadas
a respeito desse objeto. Por outro lado, deixar de
explorar a relação extraescolar dos alunos com a
escrita significa perder oportunidades de conhecer e
desenvolver experiências culturais, ricas e importantes
para a integração social e o exercício da cidadania”.
((BRASIL, 2007, p.13))
TAG: escrita, alfabetização, letramento
Portanto, uma prática pedagógica que leve em consideração, de modo
articulado e simultâneo, a alfabetização e o letramento se mostra bastante
adequada e proveitosa para o desenvolvimento da competência leitora e
escritora dos alunos.
TAG: jornal, educação, sal
1- A respeito da concepção de alfabetização, considere as afirmativas que
seguem e depois assinale a alternativa CORRETA.
I. A alfabetização consiste no aprendizado do sistema de escrita e de sua utilização
como código de comunicação e, portanto, de socialização entre as pessoas.
II. A alfabetização promove o exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento
da sociedade como um todo.
III. Durante o processo de aquisição da língua escrita, basta o aluno adquirir as
habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler para ser considerado
alfabetizado e letrado.
Está correto o que se afirma apenas em: I e II
2- Considerando o processo de alfabetização e letramento, está adequada a prática
pedagógica do professor que,
a princípio, decide alfabetizar; em seguida, letrar, posto que se trata de processos
dissociáveis.
primeiramente, opta por trabalhar o letramento; depois, a alfabetização, uma vez que
um independe do outro.
ao mesmo e de forma articulada, coloca em prática a alfabetização e o letramento,
já que são processos indissociáveis.
à medida que valoriza a inserção do aluno nas práticas sociais de leitura e escrita, deixa
para segundo plano a sistematização do código.
3- Segundo Val (2006, p. 23), "é possível encontrar pessoas que passaram pela escola
e são alfabetizadas, mas não são letradas". Trata-se de indivíduos que:
ainda sejam capazes de codificar e decodificar, só conseguem ler e interpretar textos
verbais.
apesar de terem se apropriado da aprendizagem da leitura, não são capazes de
produzir textos.
não desenvolveram habilidades de usos da língua nos diferentes contextos
comunicativos, embora tenham domínio do sistema alfabético.
embora sejam capazes de ler e compreender textos verbais e não verbais, não estão
inseridos nas práticas sociais de leitura e escrita.
Alfabetização e novas tecnologias
TAG: Tecnologias digitais, infraestrutura tecnologica, NGN
A aprendizagem da língua escrita acompanha o tempo histórico em que se vive.
Houve uma época em que o lápis e o papel eram os únicos recursos disponíveis para se
escrever dentro ou fora da escola. Com o passar do tempo, primeiro surgiram as
máquinas de escrever e depois os computadores. As salas de aula não se apropriaram
desses recursos. Os computadores hoje, invadiram todos os ambientes e fazem parte
da rotina das pessoas que as utilizam socialmente para escrever. Por essa razão, a
escola não pode ignorar esse novo contexto da escrita no processo de alfabetização.
Claro está, entretanto, que a simples presença de novas tecnologias não
garante a aprendizagem das crianças. É preciso que a mediação do professor
propicie desafios e reflexões sobre a leitura e a escrita. Mesmo antes de ler e
escrever convencionalmente, a criança pode interagir com o computador por meio
de atividades voltadas para a alfabetização. Afinal, muitas crianças têm contato
com as letras nos teclados do computador ou dos celulares e podem usá-las para
escrever palavras de acordo com suas hipóteses, mesmo que não seja da forma
convencional.
INSERIR OBJETO (CRIANÇA INTERAGINDO COM O COMPUTADOR)
Como você já viu, na década de 1980, Emília Ferreiro revolucionou as
práticas de alfabetização ao pesquisar o modo como as crianças aprendem e as
fases pelas quais passam, apoiando seu estudo na Epistemologia Genética de
seu orientador Jean Piaget. À época, suas ideias sobre a aquisição da leitura e da
escrita pela criança estavam reunidas principalmente na obra “Psicogênese da
Língua Escrita” que, desde 1985, passou a ser uma referência para os
alfabetizadores. Para a pesquisadora argentina, a alfabetização não é um estado,
mas um processo longo “de início incerto e de final impossível”, ou seja, não é
possível precisar o início dessa aprendizagem nem a sua conclusão, pois as
mudanças tecnológicas no mundo contemporâneo impõem novas aprendizagens
sobre a leitura e a escrita. Para ela, estar alfabetizado no século XXI implica
poder transitar de modo eficiente por entre as novas práticas sociais ligadas à
escrita nos atuais contextos mediados pelas novas tecnologias.
Os professores e os alunos mudaram com a utilização dos novos recursos
de comunicação que foram criados e que trazem à cena novos tipos de textos,
originando novos comportamentos leitores e escritores, que precisam ser
estudados e utilizados também no processo de alfabetização.
No livro “O Ingresso na Escrita e nas Culturas do Escrito”, publicado em
2013, Emília Ferreiro afirma que os recursos tecnológicos não são a salvação
para o déficit da alfabetização, porém com a ajuda deles ocorrem práticas que
auxiliam esse processo e o trazem para um contexto compatível com o
espaço-tempo atual.
Nessa obra, a autora destaca algumas contribuições das tecnologias para
o ensino da leitura e da escrita:
- Elas tornam mais acessíveis às crianças uma grande diversidade de
textos, aspecto esse que é essencial na alfabetização;
- As tecnologias favorecem mais autonomia para o aluno que tem à sua
disposição ferramentas como, por exemplo, corretores ortográficos que apontam
problemas da escrita independentemente das intervenções do professor;
- As tecnologias apresentam-se também como fonte alternativa de
informações, para além dos livros didáticos e dos professores.
Emília Ferreiro não utiliza o termo “letramento”, mas o incorpora ao
processo de alfabetização, vale dizer, trata da alfabetização em um contexto de
letramento. Muitos pesquisadores como Magda Soares e Roxane Rojo separam
os dois termos e chamam as técnicas de codificação e decodificação de
“alfabetização” e a compreensão e os usos sociais da escrita de letramento. Para
Emília Ferreiro, Ana Teberosky e Telma Weisz, entretanto, entender a
aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa técnica e independente do
ingresso à cultura letrada é um equívoco. Uma deve andar sempre ao lado do
outro, pois apesar de serem processos diferentes eles são inseparáveis. É
preciso alfabetizarletrando.
O letramento digital das crianças
A alfabetização é resultante de um longo processo que abrange
maturidade, psicomotricidade, memorização, vivências individuais e coletivas de
letramento, consciência fonológica, estímulos orais e escritos. Diante desse
contexto são construídos os conceitos de letras, sílabas, palavras, textos... Assim,
as atividades oferecidas aos alunos nesse processo precisam ser muito variadas.
Os estímulos podem utilizar não apenas massa de modelar, lápis de cor, giz de
cera, tintas, papéis variados, mas também telas de computador, tablets etc.
Engana-se quem acredita que a tecnologia só oferece jogos para distrair
as crianças. Muitos aplicativos são destinados à alfabetização, estimulando
habilidades cognitivas, motoras, visuais, espaciais e auditivas.
INSERIR OBJETO – CRIANÇA INTERAGINDO COM TABLET/COMPUTADOR
Emília Ferreiro defende que alfabetizar no século XXI inclui todos os
objetos em que circulam textos e imagens. Para ela, “Alfabetização digital” é um
termo que tem sido usado para designar um tipo de aprendizagem da escrita que
envolve signos, gestos e comportamentos necessários para ler e escrever no
computador e em outros dispositivos digitais.
Podemos pensar em uma alfabetização feita com instrumentos digitais
como um tipo de letramento em que se cruzam diferentes sistemas de
representação (letras, sinais gráficos, ícones, cores, sonoridades, imagens fixas e
em movimento) no mesmo suporte. Esses sistemas interferem no gesto de
escrever e no próprio pensamento da criança sobre o funcionamento da escrita.
As pesquisas realizadas por Emília Ferreiro evidenciam que o computador
não interfere na construção do conceito de representação da escrita alfabética,
entretanto a sua utilização influencia a criança em outros aspectos como:
- Na ideia que a criança cria sobre espaçamento e sobre a disposição do
texto na página;
- Nos tamanhos e formas das letras com as quais ela interage;
- No papel dos ícones e símbolos em oposição às letras e números etc.
Para a pesquisadora argentina, o cruzamento entre os signos verbais e
visuais cada vez mais influenciará na aprendizagem da escrita e, por essa razão,
a escrita no computador precisa fazer parte dos saberes e práticas ensinados e
praticados na escola, pois vários gestos da cultura digital as crianças aprendem
também fora da escola por meio de celulares, jogos, brinquedos eletrônicos etc.
As crianças precisam aprender a ligar a máquina, compreender a
composição do teclado, os símbolos que nele aparecem, identificar a função de
cada tecla, além de também saber digitar as letras, operar com a tela, interagir
com os ícones e manusear o mouse. Dessa forma, essa espécie de alfabetização
digital é um dos componentes do letramento digital e ambos devem ser ensinados
pelo alfabetizador, pois a escola não pode mais ignorar esse novo entorno
tecnológico que promove importantes mudanças nas práticas de leitura e de
escrita. Como se vê, essas mudanças tecnológicas trouxeram maiores exigências
ao trabalho do alfabetizador, porque ocorreram alterações nas práticas da leitura
e da escrita no mundo contemporâneo.
Hoje, as situações de leitura e escrita são mais complexas, mas o esforço
cognitivo das crianças para compreenderem o sistema de escrita alfabética que
permite desvendar a relação entre a língua oral e as marcas escritas, isto é, entre
os fonemas e os grafemas, mantém-se. Por essa razão, permanece também a
necessidade de se colocar as crianças desde muito cedo, em contato com a
escrita nos diferentes suportes
Qual a idade para se alfabetizar?
Emília Ferreiro e outros pesquisadores sobre a alfabetização insistem na
ideia de que a criança “não pede permissão ao adulto” para se alfabetizar.
Trata-se de um processo que se inicia muito cedo desde que as oportunidades de
contato com a cultura escrita sejam dadas. Cabe ao professor identificar por meio
de sondagens periódicas se o processo já começou e em que fase se encontra a
criança, já que ela já chega â escola sabendo muita coisa. É preciso o
reconhecimento pelo professor dos saberes que ela já traz para a escola.
O linguista e especialista em alfabetização Luiz Carlos Cagliari defende
que aos 5 anos uma criança está mais do que pronta para ser alfabetizada, basta
o professor desenvolver um trabalho correto de ensino e de aprendizagem na
sala de aula. Nessa idade, ela já conheceu celulares, computadores, tabletes e já
pode ter interagido com diferentes suportes da escrita
“Por razões ideológicas, interesses políticos e econômicos,
somadas, a uma postura tradicionalista de pessoas que
trabalham nos órgãos públicos da educação, ficou
estabelecido que a alfabetização, no Brasil, começaria aos
6 anos [...] Duvidar da capacidade de aprender das
crianças de 5 anos é um grande equívoco”
((CAGLIARI, 2009, p.108))
Outra questão debatida pelo linguista é a discussão sobre em quanto tempo se
alfabetiza. A esse respeito o autor afirma:
“Se a escola eliminar o entulho do período preparatório, se
for clara e objetiva, priorizando a decifração da escrita
como segredo da alfabetização e dedicando uma hora por
dia às atividades específicas, todos os alunos aprenderão
a ler (com mais ou menos dificuldade) em dois ou três
meses de trabalho. Esse é o tempo suficiente para que os
alunos aprendam a decifrar o que está escrito”
((CAGLIARI, 2009, p.111))
Não é possível pensar em escrita como CODIFICAÇÃO, como um código
de barras, mas sim como um sistema de representação em que é preciso
associar fonemas e grafemas. Para que isso ocorra é preciso uma imersão da
criança na cultura escrita por meio da interação com diferentes objetos sociais
como livros, calendários, revistas, gibis, dicionários, jornais, livros de receitas,
livros de histórias infantis, coletâneas de lendas, computadores, tablets, celulares
etc...
Já a partir da Educação Infantil, a criança deve ser introduzida no universo
da cultura escrita. Para poder ter acesso aos diferentes suportes da escrita.
Emília Ferreiro insiste na importância das bibliotecas de sala (“cantinhos de
leitura”) que são imprescindíveis tanto na Educação Infantil quanto nos anos
iniciais do Ensino Fundamental.
DE OLHO NA PRÁTICA 1
ALFABETIZAÇÃO E JOGOS DIGITAIS
Os jogos digitais têm um papel importante no processo de alfabetização,
pois desenvolvem a concentração, o raciocínio lógico além de incentivar a leitura
e a escrita, pois o ato de jogar exige movimentação mental e permite que a
criança explore suas hipóteses sobre a escrita para avançar pelas etapas da
alfabetização por meio da experimentação.
Débora Garofalo em interessante artigo de outubro de 2017 apresenta
algumas ferramentas digitais que ajudam na alfabetização e tornam o ambiente
de aprendizagem lúdico, interativo e envolvente.
Para maior detalhamento pesquise:
1. Aulas animadas desenvolvidas pelo Instituto Paramintas e
reúnem uma serie de jogos relacionados à alfabetização.
Essa plataforma oferece propostas de plano de aula e
propostas pedagógicas nessa área.
2. Ludo primeiros passos – A ferramenta é bem atrativa e
colorida, além de apresentar recursos que auxiliam e
exploram os diferentes níveis de alfabetização ao associar
sons a imagens, aumentando a complexidade de acordo
com o avanço das crianças, chegando a sílabas, palavras
e frases.
3. Escola Games que traz uma série de jogos educativos em
que destacam: a) Forme Palavras; b) Voo Mágico; c)
Alfabeto de Bolhas.
4. Tux Paint que permite que as crianças possam livremente
criar suas histórias de uma forma lúdica;
5. HagáQuê é um software educativo de apoio à
alfabetização que foi desenvolvido pela Unicamp e auxilia
as crianças a criarem histórias em quadrinhos.
6. Livros Digitais – Desenvolvido pelo Instituto Paramintas,
permitindo que as crianças avancem na alfabetização,
criando e compartilhando suas próprias histórias. Esse
programa permite escolher quatro layouts, adicionando
fotos, ilustrações e textos.A autora conclui o artigo mostrando a importância de o professor investir no
planejamento e no contexto em que os ambientes digitais serão utilizados,
considerando sempre a hipótese de escrita em que seus alunos estão propondo
as atividades em duplas produtivas.
INSERIR OBJETO: IMAGEM DE CRIANÇAS JOGANDO
SAIBA MAIS
Para conhecer outras ferramentas interativas que auxiliam na
alfabetização consulte: http://porvir.org.
O portal “Porvir” dá algumas outras dicas de recursos digitais e
plataformas que podem ser aplicadas na alfabetização:
A. Pé de Vento (ambiente digital de aprendizagem com jogos,
músicas, contação de histórias voltado para alunos do
primeiro ano. A plataforma é gratuita e está disponível na
Educopédia).
B. Tartaruga Turbinada (livro digital) que permite que a
criança leia e interaja com a história, mesmo sem estar
completamente alfabetizada. O livro possui acesso gratuito
e está disponível online).
C. Forma palavras (Jogo online que estimula a leitura e a
escrita. O jogo simula o cenário de uma fábrica e solicita
que os jogadores organizem letras até formarem a palavra
indicada pela imagem.
DE OLHO NA PRÁTICA 2
Escolha um dos jogos digitais sugeridos nesta aula e elabore um plano de
aula para crianças em fase inicial de alfabetização.
http://porvir.org/
1-Considerando a alfabetização no contexto das novas tecnologias, assinale a única
alternativa CORRETA.
A presença da tecnologia nas salas de aula atuais garante uma aprendizagem eficiente
da leitura e da escrita.
É preciso que as atividades desenvolvidas em sala de aula propiciem reflexões sobre o
funcionamento da escrita alfabética.
O computador só deve ser utilizado nos anos iniciais, depois de as crianças aprenderem
a ler e escrever convencionalmente.
Estar alfabetizado no século XXI significa poder transitar de modo eficiente por
entre as novas práticas sociais ligadas à escrita, em novos contextos mediados
pela tecnologia.
2- Segundo Emília Ferreiro, "a alfabetização não é um estado, mas um processo muito
longo de início incerto e final impossível". Essa afirmação da pesquisadora argentina
revela que
o processo de alfabetização da criança não deve ocorrer antes dos seis anos de idade.
o processo de alfabetização ocorre assim que a criança ingressa no primeiro ano.
aos 5 anos a criança ainda não está madura para enfrentar a alfabetização.
a criança não pede permissão ao adulto para se alfabetizar. Trata-se de um
processo que se inicia muito cedo, desde que as crianças tenham oportunidades
de contato frequente com a leitura e a escrita.
3- A escrita é um sistema de representação dos fonemas e não um processo de
codificação como um código de barras. Para que a criança se alfabetize, é preciso que
ela associe fonemas a grafemas. Para que isso ocorra, é preciso
uma imersão da criança na cultura escrita, que precisa interagir com diferentes
objetos sociais portadores de escrita: revistas, livros, gibis, jornais, tablets,
celulares, computadores...
que a criança leia e copie textos frequentemente.
que a criança memorize o alfabeto, as sílabas simples complexas e travadas.
que a criança ouça histórias desde a tenra idade.
Práticas de alfabetização e letramento
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: COMO FAZER?
Este tópico tem como objetivo central apresentar algumas sugestões
de atividades com foco no desenvolvimento da competência linguística dos alunos
dos anos iniciais do ensino fundamental. Trata-se de propostas de atividades que
envolvem tanto o conhecimento da língua enquanto código (alfabetização) quanto a
sua função na sociedade (letramento).
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NOS ANOS INICIAIS
Muitos professores podem questionar: é possível trabalhar a leitura e
produção textual com alunos dos anos iniciais, ou seja, alunos que não conhecem,
sequer, o alfabeto? A resposta é: SIM. Para entender essa resposta, é preciso que o
professor compreenda o que significam as palavras texto, ler e produzir.
Texto é um todo formado por partes capaz de dizer algo. Assim, um desenho,
uma palavra, uma frase ou um conjunto delas que, dentro de um contexto, transmite
um significado ou uma ideia pode ser considerado texto.
Ler significa atribuir significados a um texto; construir os sentidos de um texto,
que pode estar materializado em uma linguagem não-verbal, verbal ou híbrida
(verbal e não-verbal ao mesmo tempo). Assim, quando uma criança, mesmo sem
decifrar as letras do alfabeto, aponta para uma lata de refrigerante e diz: “Coca
cola”, está lendo um texto a partir de seu conhecimento de mundo.
Produzir significa realizar, criar, fabricar. Nesse sentido, mesmo que a criança
não domine a tecnologia da escrita, ela recorre à fala para contar um fato, descrever
um passeio, ditar regras de um jogo e/ou brincadeira etc. Fazendo isso, a criança
está produzindo textos orais. Quando ela recorre aos desenhos ou aos gestos para
dizer algo com significado, está produzindo um texto não-verbal. À medida que ela
vai tendo contato com escrita, conhecendo as letras e desenvolvendo habilidades
de desenhá-las, é preciso que seja estimulada pelo professor a produzir textos
escritos.
É importante ressaltar que a criança passa por fases na produção de textos
escritos, razão pela qual o professor deve requerer essas produções de maneira
gradativa no que se refere à dificuldade de execução, ou seja, para chegar a
elaborar um texto individualmente, com forma e conteúdo próprios, a criança
precisa, antes, trabalhar textos coletivamente ou em pequenos grupos, sob a
orientação do professor, com base em modelos de escrita corretos e variados
quanto à forma (placas de trânsito, poesia, contos, música, trava-língua, etc.).
SUGESTÃO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS (OU HÍBRIDOS)
Para desenvolver habilidades de leitura e produção de textos escritos (ou
híbridos) durante o processo de alfabetização, o professor pode trabalhar com
muitos gêneros textuais que circulam na sociedade como, por exemplo, placas de
trânsito. Inicialmente, ele deve mostrar algumas placas de trânsito para as crianças
e discutir com elas os significados de cada placa, considerando formato, cores etc.
Em seguida, deverá mostrar que algumas delas apresentam, também, letras. Pode
tomar como exemplo uma placa na qual está escrita a palavra PARE e fazer as
seguintes perguntas para as crianças:
1. Por que o fundo dessa placa é vermelho?
2. Que letras do alfabeto vocês conseguem identificar aqui?
3. Juntando as letras P + A, temos a sílaba PA; juntando as letras R + E, temos a
sílaba RE; agora juntando essas duas sílabas temos a palavra PARE.
4. Qual a reação de uma pessoa ao ler essa palavra escrita numa placa quando ela
está andando na rua? É possível que muitas respondam:
- Tem que esperar, senão o carro bate.
- Porque acontece acidente.
5. Então, essa palavra serve para quê? É possível que muitas respondam:
- Serve para não deixar acontecer acidente.
6. A partir das respostas das crianças, o professor pode dizer:
- Então, chegamos à conclusão de que a palavra PARE tem uma função na
sociedade: orientar as pessoas a se locomoverem na cidade, certo?
7. O próximo passo é solicitar que as crianças produzam seus próprios textos. O
professor pode, por exemplo, pedir que elas desenhem uma placa e escrevam nela
a palavra SIGA. Para facilitar o desenvolvimento da atividade, o docente pode
perguntar: se a ideia da placa é orientar a pessoa a tomar o rumo, continuar
andando na direção certa, como deve ser o formato da placa? Quadrada?
Retangular? Uma seta? Qual a cor adequada para o fundo da placa? Vermelha ou
verde? Procure no alfabeto as letras que você acha que podem representar a
palavra SIGA. Desenhe essas letras no meio da placa.
À medida que o professor vai observando que as crianças estão dominando a
escrita de textos com uma só palavra, como as placas PARE e SIGA, ele vai
inserindo textos com uma frase como, por exemplo, uma placa escrita VIRE À
DIREITA. O procedimento metodológico deveser o mesmo:
1. Por que o fundo dessa placa é verde?
2. Quantas palavras vocês conseguem identificar aqui?
3. Quantas sílabas vocês conseguem identificar na palavra VIRE? E na palavra À?
E na palavra DIREITA?
4. Qual a reação de uma pessoa ao ler essas palavras escritas numa placa quando
ela está andando na rua?
5. O que pode acontecer com a pessoa se ela virar à esquerda?
6. Então, esse conjunto de palavras serve para quê?
7. O próximo passo é pedir que as crianças produzam um texto com uma frase
como FUMAR É PREJUDICAL À SAUDE, seguindo as mesmas sugestões de
perguntas do item 7 acima.
Observe que, com essas atividades, o professor trabalhou os aspectos
formais dos textos ao explorar seus elementos mínimos – letras, sílabas, palavras –
(alfabetização), quanto a função social desses textos na sociedade (letramento). Em
outras palavras, colocando em prática atividades como essas é que se desenvolve,
em sala de aula, um trabalho que autores como Luiz Carlos Gagliari e Magda
Soares chamam de alfabetizar letrando, pois ao mesmo em que se trabalha a
materialidade do texto (letras, sílabas, palavras, frases), trabalha-se sua função
social. Isso porque todo texto escrito tem uma razão de existir, ou seja, a palavra
escrita está a serviço do homem nas diferentes esferas de circulação de textos.
A partir dessas sugestões, o professor deverá, aos poucos, inserir textos
mais longos como, por exemplo, avisos, anúncios, fábulas e histórias criadas pelas
crianças.
Sugestões:
a. Escolher uma figura, recortar e colar em uma folha. Em
seguida, escrever sobre ela.
b. Escrever sobre um assunto de Ciências e Saúde e montar
um livrinho. O professor promove e coordena uma discussão
sobre o tema. Em seguida, as crianças fazem um texto
coletivo e o transcrevem para o livro, onde fazem as
ilustrações. Ao terminar, cada criança terá o seu livro.
c. Fazer o Jornal da Classe. Cada aluno faz um trabalho que
pode ser produção, cruzadinha, adivinhações, receita,
desenho para ser pintado, desenho para ligar os pontos, etc.
Sob a orientação do professor, eles selecionam os trabalhos
e montam o jornalzinho. Cada aluno transcreve seu trabalho
para a folha de estêncil e assina. O professor também pode
contribuir com alguma atividade. Com o tempo, o jornal
poderá ser feito em nível de ano, período ou escola.
d. Escrever um livro. O professor dobra as folhas de papel
sulfite no meio, formando o livro e grampeia. Cada aluno
escreve uma história e transcreve cada frase em uma
página, faz os desenhos, elabora a capa, escreve o título e
assina.
SUGESTÃO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS ORAIS
Para a leitura e produção de textos orais, o professor pode confeccionar
fichas com cartolina, desenhar ou colar nelas imagens variadas (animais, fita,
cortina, uma planta, sofá etc) e, em sala de aula, com a turma em círculo, colocar
cada ficha com a imagem virada para baixo em cada carteira de cada criança. Em
seguida, falar o comando:
- Pedro, vire sua ficha! Que imagem aparece nela?
A criança vai dizer, por exemplo:
- Um cachorro.
O professor deve dizer:
- Agora comece a contar uma história que envolva esse cachorro.
A criança vai começar a criar uma história e, à medida que ela vai falando, o
professor pode ir escrevendo o que ela diz na lousa. Em determinado momento, o
professor intervém e diz:
- Pedro, pode parar aí!
- João, continua a história de onde o Pedro parou!
João vai continuá-la, e o professor observa se há coerência na continuidade
que o João está dando à história. Caso não haja coerência, o docente deve, com
calma, dizer à criança que aquela informação não faz sentido naquele contexto.
Quando o professor pedir para João parar, solicita que outra criança dê
continuidade à história até que o último aluno do círculo dê para ela um desfecho.
Observe que, com essa atividade, todos os alunos serão autores do texto que
produzirem oralmente. Se o professor agir como escriba dos alunos ao escrever na
lousa a história que eles produziram, deverá dizer:
- Olhem! A história que vocês produziram está aqui na lousa na forma de
escrita.
Isso pode estimular a criança a querer fazer igual ao professor: dizer suas
histórias por meio das letras, o que cria nela a vontade de aprender a desenhar as
letras do alfabeto.
Outra sugestão de produção de texto oral interessante é solicitar que as
crianças montem personagens com material de sucata e, em grupo, produzam uma
história falada.
Para finalizar este tópico, vale salientar que existem inúmeras outras práticas
de leitura e produção de textos tanto verbais (orais e escritos) quanto não-verbais.
Basta o professor refletir sobre a diversidade de gêneros textuais que circulam na
sociedade e planejar suas aulas de modo que a alfabetização e o letramento sejam
processos indissociáveis.
1- Uma prática de alfabetização e letramento que vise ao desenvolvimento da
competência linguística dos alunos no que se refere à habilidade da fala não pode
prescindir de gêneros textuais adequados para esse fim. Nesse sentido, de acordo
com os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997), são
considerados gêneros textuais para o desenvolvimento da linguagem oral:
relatos, convites, anúncios.
entrevistas, recital de poesias, debate.
histórias em quadrinho, cartas, notícias.
calendários, lista de compra, depoimentos.
2- Considere a seguinte situação hipotética: uma professora do 3º ano do ensino
fundamental pretende trabalhar a leitura e produção de textos cujo propósito seja
influenciar o comportamento do leitor, levando-o a fazer algo, a agir. Todos os textos
que seguem são adequados para atender ao objetivo da professora, EXCETO:
VIRE À DIREITA
DÊ DESCARGA DEPOIS DE USAR O BANHEIRO
APAQUE A LUZ AO SAIR
FIQUEI TRISTE COM O RESULTADO DO JOGO
Atividade Avaliativa I
Questão 1: Apenas os itens I, III e IV estão corretos.
Questão 2: São considerados métodos de alfabetização os: sintéticos e os
analíticos.
Questão 3: As duas proposições são falsas.
Questão 4: As duas proposições são verdadeiras e a segunda é a
complementação correta da primeira.
Questão 5: Para Ferreiro e Teberosky (1999), a criança levanta hipóteses sobre a
escrita, passando por estágios que se iniciam na fase pré-silábica e caminham
até a fase alfabética.
Atividade Avaliativa II
Questão 1: Sugestões de leitura:
Tópico 3 - A psicogênese da língua escrita
Tópico 4 - A sondagem na alfabetização
Numa sondagem, a professora solicitou que Joana escrevesse cinco palavras –
BORBOLETA, JACARÉ, SAPO, BOI e RÃ. Joana escreveu da seguinte forma:
NJOAS; ANOJPSTIM; OJNLA; EIJSAONMSOBP e SOJA. Podemos afirmar que:
Joana encontra-se no estágio pré-silábico da hipótese de escrita, pois,
embora utilize letras para escrever, ainda não concebe a escrita como
representação da fala relacionando os sons à escrita. Além disso, sua
escrita está associada às características do objeto utilizando muitas
letras para representar animais grandes e poucas letras para animais
pequenos.
Questão 2: Lucas demonstrou avanços em sua hipóteses de escrita. Na
sondagem dessa semana escreveu: SADUIXI (sanduíche); MAKRAO (macarrão);
CAE (café); OPA (sopa) e XA (chá). Na escrita da frase, Lucas registrou “EU GOT
D MAKRAO” (eu gosto de macarrão). Analisando a escrita de Lucas, é possível
notar que encontra-se na:
Hipótese silábica-alfabética, da escrita.
Questão 3: A mudança qualitativa consiste em que: a) se supera a etapa de uma
correspondência global entre forma escrita e a expressão oral (recorte silábico do
nome); mas, além disso, b) pela primeira vez a criança trabalha claramente com a
hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala.
(FERREIRO; TEBEROSKY, Psicogênese da Língua escrita, 1985, p. 193)
No fragmento acima Ferreiro e Teberosky (1985) estão se referindo a transição
que a criança faz da hipótese silábica com valor sonoro para silábica alfabética
PORQUE
É nessa fase que a criança passa a aceitar que a escrita representapartes
sonoras da fala e não uma correspondência global entre a escrita e a expressão
oral, atribuindo letras de acordo com o tamanho do objeto, por exemplo, como
fazia na hipótese anterior.
A respeito dessas proposições, assinale a alternativa CORRETA.
A primeira proposição é falsa e a segunda é verdadeira, além de
complementar o fragmento do texto de Ferreiro e Teberosky (1985),
presente no enunciado nessa questão.
Questão 4: À respeito da sondagem na alfabetização, assinale a afirmação
correta:
A sondagem é um eficiente instrumento para o professor das séries iniciais,
pois possibilita o acompanhamento das crianças no processo de aquisição da
escrita, além de oferecer informações relevantes para pensar as intervenções
necessárias para garantir seus avanços.
Questão 5: Nessa hipótese a criança já tem noção da sílaba pois já é capaz de
segmentar a palavra em pequenas “partes”, utilizando uma letra para representar
cada sílaba.
A afirmativa se refere a hipótese:
Silábica
Atividade Avaliativa III
Uma questão que atravessou o século XX e ainda persiste, recebendo, ao longo do
tempo, sucessivas pretensas “soluções”, em um movimento, analisado por Mortatti
(2000), de contínua alternância entre “inovadores” e “tradicionais”: um “novo”
método é proposto, em seguida é criticado e negado, substituído por um outro
“novo” que qualifica o anterior de “tradicional”; este outro “novo” é por sua vez
negado e substituído por mais um “novo” que, algumas vezes, é apenas o retorno
de um método que se tornara “tradicional” e renasce como “novo”, e assim
sucessivamente.
(SOARES, Alfabetização: a questão dos métodos, 2018, p.17)
O fragmento evidencia como, ao longo do século, os métodos de alfabetização
foram substituídos, negados, superados ou reconfigurados, com o pretexto de
encontrar a melhor estratégia para alfabetizar.
Assinale a alternativa que representa corretamente todos os métodos de
alfabetização estudados nessa disciplina.
Sintéticos (soletração, silabação e fônico) e Analíticos/global
(palavração, sentenciação e método do conto)
A alfabetização, como processo de aquisição do sistema convencional de uma
escrita alfabética e ortográfica, foi, assim, de certa forma obscurecida pelo
letramento, porque este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela, que,
como consequência, perde sua especificidade.
(SOARES, Letramento e alfabetização: muitas facetas, 2004, p.11)
O fragmento acima, retirado do texto de Magda Soares, discute sobre a questão da
alfabetização e do letramento e de como, em diversas situações, esses conceitos
foram tomados, equivocadamente, como sendo, mais ou menos importantes no
processo de aquisição da leitura e da escrita. Nesse sentido, podemos considerar
que:
Alfabetização e letramento são processos diferentes, mas devem ser
adotados de forma indissociada, em sala de aula.
Correto
Certo! É justamente por se tratarem de processos diferentes, que devem ser
associados durante a alfabetização.
De acordo com Soares (2004), seria um equívoco dissociar alfabetização de
letramento, em especial, diante das concepções atuais psicológicas, linguísticas e
psicolinguísticas da leitura e da escrita
PORQUE
A entrada do aluno, seja ele criança ou adulto, no mundo escrito se dá, ao mesmo
tempo, por esses dois processos: a aquisição do sistema convencional de escrita,
denominado alfabetização; e o desenvolvimento de habilidades para o uso desse
sistema em práticas sociais de leitura e escrita, denominado letramento.
As duas proposições são verdadeiras e a segunda é a complementação correta
da primeira.
Leia as afirmações abaixo, inspiradas no texto de Kleiman (2005) “Preciso ensinar
letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever?” A respeito do conceito de
alfabetização:
I. Alfabetização é uma prática específica que envolve vários saberes como o
conhecimento do sistema alfabético e de suas regras e usos e os recursos
pedagógicos que permitem realizar essa prática;
II. A prática de alfabetização se concretiza pelo ensino sistemático do uso e regras e
de códigos do sistema de funcionamento do alfabético para os iniciantes no assunto
(criança ou adulto);
III. A alfabetização, em qualquer nível, é inseparável do letramento, pois, embora
seja necessária para que alguém seja considerado plenamente letrado, sozinha,
não será suficiente.
Estão corretas, APENAS, as afirmativas:
I, II e III
“Se método é caminho, (...) em direção à criança alfabetizada, e se, para trilhar um
caminho, é necessário conhecer seu curso, seus meandros, as dificuldades que se
interpõem, alfabetizadores(as) dependem do conhecimento dos caminhos da
criança – dos processos cognitivos e linguísticos de desenvolvimento e
aprendizagem da língua escrita – para orientar seus próprios passos e os passos
das crianças (...).”
(SOARES, Alfabetização: a questão dos métodos, 2018, p.352)
Nesse fragmento a autora se refere a questão dos diferentes métodos de
alfabetização e afirma que é necessário “(...) alfabetizar conhecendo e orientando
com segurança o processo de alfabetização, o que se diferencia fundamentalmente
de alfabetizar trilhando caminhos predeterminados por convencionais métodos de
alfabetização” (p.352) Com base nessas considerações, podemos afirma que, para
Soares (2018):
A escolha de um método, seja ele qual for, pressupõe o conhecimento, por
parte do professor, dos processos que envolvem o desenvolvimento e a
aprendizagem da leitura e da escrita. Apenas dessa forma, o professor saberá
qual o melhor caminho a seguir.
Atividade Avaliativa IV
Questão 1: Indicação de leitura dos tópicos: 7 e 8.
Ao desenvolver estratégias para a alfabetização e o letramento de seus alunos, o
professor do século XXI precisa:
Considerar as transformações pelas quais a leitura e a escrita passaram nos
últimos tempos como o avanço e o uso de diversos recursos tecnológicos nas
práticas de leitura e escrita.
Questão 2: Considere as situações abaixo:
A professora Joice e a professora Patrícia atuam com duas turmas do último ano da
Educação Infantil, mas tem concepções diferentes sobre o processo de
alfabetização e letramento das crianças.
Joice acredita que, independente de investir sistematicamente na alfabetização,
deve criar situações constantes para a imersão da criança no mundo da leitura e da
escrita favorecendo a interação com diferentes tipos de textos como bilhetes, gibis,
jornais, revistas, computadores, livros infantis, entre outros.
Patrícia discorda de Joice. Para ela esse tipo de estratégia não contribui em nada
para a alfabetização e letramento das crianças: ou se trabalha sistematicamente
com a alfabetização, utilizando um método específico, na educação infantil, ou não
se propõe nenhuma atividade relacionada a leitura e a escrita nessa fase.
Com base em nossos estudos, qual postura é mais adequada em termos de
alfabetização e letramento?
Apenas a professora Joice agiu corretamente.
Questão 3: A turma da professora Juliana iniciou o primeiro ano da alfabetização
e a maior parte das crianças ainda está na hipótese pré-silábica. Apenas dois
meninos estão na hipótese silábica e uma única menina encontra-se na hipótese
silábica-alfabética. Na segunda semana de aula, a professora propôs que
escrevessem uma carta para o prefeito, solicitando a construção de um espaço
de brincadeiras na escola – um parque com um tanque de areia – como havia na
escola anterior. As crianças foram discutindo e narrando o que a professora
deveria escrever. Os mais competentes em termos de leitura e escrita, auxiliavam
a professora quanto ao uso das letras para escrever algumas palavras e os
demais, davam, oralmente, sugestões de como poderiam organizar a carta.
Diante dessa proposta da professora Juliana, assinale a alternativa correta:
A professora Juliana agiu corretamente. Não é necessário saber escrever
convencionalmente para que sejam sugeridas propostas envolvendo a leitura
e a escrita.
Questão 4: Um dos problemas detectados

Outros materiais