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SOP (Síndrome do Ovário Policístico)

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Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
O sonho de Estella 
1. Compreender o ciclo menstrual e suas possíveis alterações (amenorreia): 
o O ciclo menstrual humano normal pode ser dividido em 
2 segmentos: o ciclo ovariano e o ciclo uterino, de acordo 
com o órgão examinado. 
o O ciclo ovariano pode ser ainda dividido em fases 
folicular e lútea, enquanto o ciclo uterino é dividido em 
fases proliferativa e secretora correspondentes. 
▪ Fase folicular: a retroalimentação hormonal promove o desenvolvimento ordenado de um único folículo dominante, 
que deve estar maduro na metade do ciclo e preparado para a ovulação. A média de duração da fase folicular humana 
varia de 10-14 dias, e a variabilidade nessa duração é responsável pela maioria das alterações na duração total do 
ciclo. 
▪ Fase lútea: O período da ovulação até o início da menstruação dura, em média, 14 dias. 
o Um ciclo menstrual normal dura de 21-35 dias, com média de 2-6 dias de fluxo (início do ciclo) e de 20-60 ml de perda 
sanguínea. Entretanto, estudos em um grande número de mulheres com ciclos menstruais normais apontaram apenas cerca 
de dois terços de pacientes adultas com ciclos durando de 21-35 dias. 
o Os extremos da vida reprodutiva (após a menarca e perimenopausa) são caracterizados por uma porcentagem mais alta de 
ciclos anovulatórios ou ciclos irregulares. 
 
o CICLO UTERINO: Ocorre de maneira ordenada em resposta a produção hormonal cíclica pelos ovários. 
➔ ATO 01 (primeira metade do ciclo): 
1) Menstruação: Saída normal do sangue e do endométrio 
2) Fase proliferativa: Fim da menstruação até a ovulação. O útero reconstrói o endométrio em resposta ao estrogênio 
que está sendo desenvolvido pelos folículos ovarianos para acomodar o possível óvulo fecundado (nidação). 
➔ ATO 02 (segunda metade do ciclo) – Fase secretora: 
▪ Da ovulação até o começo da próxima menstruação 
▪ Os altos níveis de progesterona produzidos pelo corpo lúteo cessam o espessamento do endométrio e faz com que o 
útero comece a se preparar para a fase seguinte. 
▪ O tecido uterino secretará mensageiros químicos, principalmente prostaglandinas pelas células endometriais que 
causam mudanças nas células próximas, que vão ajudar na nidação ou na descamação do endométrio. 
▪ As prostaglandinas PGF2α e PGE2 aumentam na 
segunda metade do ciclo, produzindo a contração 
muscular e tendo o pico na menstruação. Se 
ocorrer a gravidez, essas prostaglandinas são 
inibidas. 
▪ Não havendo a gravidez, o corpo lúteo para de 
produzir estrogênio e progesterona e junto com a 
ação das prostaglandinas, os vasos sanguíneos 
vão se contrais e o tecido endometrial começa a 
se desfazer, provocando a menstruação e início 
de um novo ciclo. 
 
 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
o CICLO OVARIANO: 
➔ ATO 01 (primeira metade do ciclo) - Fase folicular: 
▪ Do começo da menstruação até a ovulação. 
▪ A pituitária ou hipófise produzem o FSH que informa aos ovários para prepararem o óvulo. 
▪ Na metade da fase folicular, mais ou menos quando cessa o sangramento, haverá o crescimento do folículo dominante 
que produz estrogênio, atingindo o pico do hormônio exatamente antes da ovulação. 
▪ Os folículos em crescimento produzem inibina-B, que suprime a secreção de FSH pela hipófise. 
▪ A fase folicular pode durar de 10-22 dias 
 
➔ INTERLÚDIO: Ovulação: 
▪ Acontece por volta da metade do ciclo dividindo o ciclo ovariano em fase folicular e lútea. 
▪ O óvulo será liberado pelo ovário para as trompas de falópio. 
▪ O óvulo pode chegar a em torno de 2-3 cm no seu tamanho máximo, antes da ovulação. 
▪ Quando o estrogênio está no pico máximo, haverá também o aumento abrupto do LH que induz a ovulação. 
▪ Ocorre por volta de 13-15 dias antes da próxima menstruação. 
 
➔ ATO 02 (segunda metade do ciclo) – Fase lútea 
▪ Da ovulação até o começo da próxima menstruação 
▪ O corpo lúteo produz estrogênio e progesterona (este terá seu pico por volta da metade dessa fase) 
▪ As mudanças hormonais dessa fase são as que dão as características da TPM. 
▪ Se o óvulo for fecundado, a progesterona dará o suporte no início da gestação e se não for, o corpo lúteo começa a de 
desfazer (por volta do 9-11 dias após a ovulação) e haverá a queda do estrogênio e progesterona que induz a 
menstruação novamente. 
▪ A fase dura em torno de 14 dias, podendo variar entre 9-16. 
 
 
ALTERAÇÕES NO CICLO MENSTRUAL: (RESUMO) 
O fluxo menstrual é considerado como o início de um novo ciclo (1º dia da menstruação = 1º dia do ciclo). No entanto, já 
no final do ciclo anterior (período pré-menstrual), há elevação do FSH. Isto é explicado pelo fato de haver diminuição nas 
concentrações sanguíneas de estrogênio e progesterona, o que determinaria retrocontrole positivo sobre as gonadotrofinas 
hipofisárias, mormente sobre o FSH. 
Esta diminuição dos esteroides ovarianos resultaria em descamação endometrial e consequente fluxo menstrual. O FSH 
atua nos folículos recrutados, aumentando a concentração de receptores de FSH e LH. 
Aproximadamente no 6-8º dia do ciclo, há elevação lenta do estradiol, havendo retrocontrole negativo sobre o FSH. 
Mesmo com a leve queda nos níveis de FSH, os folículos continuam a se desenvolver, ou seja, o mais sensível ao FSH (o que 
tiver mais receptores) chegará à dominância enquanto os outros sofrerão atresia. O estradiol também aumenta o número de 
receptores para o FSH. 
Na fase ovulatória há dois fenômenos importantíssimos: pico de estradiol (24h antes do pico de LH) e pico de LH (12h 
antes da ovulação). O pico de estradiol determina retrocontrole positivo sobre a liberação de LH e posterior ovulação. Para que 
o pico de estradiol seja eficaz, são necessários dois requisitos: concentração de 200 pg/ml e duração mínima de 24 a 36h. 
O folículo dominante (aquele com maior concentração de receptores) torna-se luteinizado após a ovulação. Entramos na 
fase lútea, onde há desenvolvimento do corpo lúteo e produção de progesterona para manter uma possível gravidez. Caso não 
haja concepção, após ± 14 dias, há regressão do corpo amarelo, diminuição dos esteroides ovarianos e descamação endometrial 
com início da menstruação e outro ciclo menstrual. 
 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
 
Fig. 16: O ciclo menstrual: (A) níveis de gonadotrofinas; (B) níveis de estrogênio e progesterona; (C) 
níveis de inibinas A e B; (D) ciclo ovariano e ciclo endometrial. 
 
Obs: Amenorreia: ausência de fluxo menstrual por pelo menos três meses. 
 
2. Estudar SOP (epidemiologia, etiologia, fatores de risco, quadro clínico e fisiopatologia): 
A síndrome dos ovários policísticos (SOP), anovulação crônica por retrocontrole impróprio, é a endocrinopatia mais 
comum em mulheres na idade reprodutiva (menacme). A SOP influencia desordens no sistema reprodutivo e metabólico e é 
causada por variantes genéticas e ambientais multifatoriais. Caracteriza-se por hiperandrogenismo clínico ou bioquímico (com 
manifestações de acne, hirsutismo e alopecia androgênica), disfunção ovulatória (anovulação ou oligoovulação) que se manifesta 
clinicamente por amenorreia, oligomenorreia ou sangramento uterino anormal, presença de ovários policísticos que podem levar 
a infertilidade. Está associada a reconhecidos fatores de risco cardiovascular como obesidade, resistência à insulina, 
dislipidemias, hipertensão arterial, síndrome metabólica, risco aumentado para intolerância à glicose, diabetes mellitus tipo 2 e 
gestacional em idade mais precoce que o habitual. 
➔ Epidemiologia: 
o Prevalência de 5-10% com critérios NIH (National Institude of Health – USA) e até 18% com os critérios de Rotterdam. 
o Mais frequente na adolescência. 
o Representa de 20-30% dos casos de infertilidade feminina. 
o Estima-se que, no mundo todo, 105 milhões de mulheres entre 15-49 anos de idade (sendo 3 milhões no Brasil e 5 milhões 
americanas) apresentem a SOP, a qual é responsável por 72-82% das causas de hiperandrogenismo 
o O custo econômico para diagnóstico e tratamento dasinúmeras morbidades associadas à SOP é alto. Nos Estados Unidos, 
cerca de quatro bilhões de dólares são gastos anualmente para este fim. 
o A acne é detectada em 23-36% dos pacientes com SOP. 
 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
➔ Etiologia: A etiologia da SOP permanece desconhecida. Novos estudos apontam que a SOP seja consequência 
de uma origem genética multifatorial e poligênica, em virtude do acúmulo de casos bem documentados da síndrome 
dentro de famílias. Especificamente, foi observado um aumento da prevalência de SOP entre mulheres afetadas e suas irmãs 
(de 32 a 66%) e mães (de 24 a 52%). Algumas fontes sugeriram a possibilidade de transmissão autossômica dominante, com 
expressão em indivíduos do sexo feminino e masculino. 
A identificação de genes candidatos relacionados à SOP tem sido o foco de inúmeras pesquisas em virtude dos 
potenciais benefícios para o diagnóstico e tratamento da afecção. Em geral, os genes supostamente envolvidos estão 
relacionados com a síntese de androgênios e à resistência à insulina. No entanto, são necessárias investigações adicionais para 
determinar os papéis destes produtos gênicos na patogênese da SOP. 
Estudos recentes sugerem que as alterações têm início na fase fetal. Os elevados níveis séricos maternos de 
androgênios e/ou insulina influenciam na programação genética, que predispõe ao desenvolvimento da SOP e dos distúrbios 
metabólicos a ela associados. 
 
➔ Fatores de risco: 
o A história familiar é um importante fator de risco, de modo que tem origem oligo ou poligênica, cujo padrão de dominância 
ainda não foi esclarecido. 
o Desequilíbrio dos hormônios na mulher de causa multifatorial. 
o Resistência insulínica: não se consegue compreender se os altos níveis de andrógenos são os que levam à resistência 
insulínica ou se a resistência insulínica leva ao hiperandrogenismo. 
o Obesidade. 
o A morfologia do ovário policístico ou o aumento da secreção hipotalâmica do hormônio liberador de gonadotrofina incita a 
doença. 
o Mulheres com SOP apresentam várias condições de risco para desenvolver o câncer de endométrio, que compreendem 
obesidade, diabetes, hipertensão e história de oligomenorreia com exposição demasiada a estrogênio sem oposição. 
Estudos observaram que essas mulheres apresentam o risco aumentado de desenvolverem o câncer 2,7x a mais do que a 
população de modo geral. 
 
➔ Quadro clínico: a SOP apresenta sinais clínicos como ciclos menstruais irregulares, com períodos de amenorreia ou 
oligomenorréia, "vestígios" do excesso de androgênios, diminuição da fertilidade, hirsutismo, numerosos cistos ovarianos, 
obesidade, acne e alopecia, além da resistência à insulina e outros agravamentos relacionados a riscos cardiovasculares. 
o OVÁRIOS POLICÍSTICOS: Podem apresentar complicações como alto risco de infertilidade, resistência ao hormônio 
insulínico, obesidade central, síndrome metabólica e risco para neoplasias endometriais e síndrome plurimetabólica. Além 
disso, também pode estar associada ao maior risco para desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, doença hepática 
gordurosa não alcoólica, apneia do sono e dislipidemias, além disso, está associado a transtornos de humor. Caracterizam-
se por aumento de volume bilateralmente, com cápsulas espessadas e esbranquiçadas e com múltiplos cistos de localização 
preferencialmente subcapsular e estroma denso e hipertrófico 
o HIPERINSULINEMIA: Causada pela resistência à insulina, estimula a produção ovariana de andrógenos, inibe a produção 
hepática de globulina ligadora de hormônios sexuais, que aumenta os níveis de testosterona livre, e impede a ovulação por 
atuar diretamente no folículo ou aumentar indiretamente os androgênios. Por isso, a importância de intervenções que inibam 
a liberação insulínica e melhora da sensibilidade à insulina, pois essas intervenções auxiliam na diminuição dos níveis de 
andrógenos nas células da teca. 
o OBESIDADE: As mulheres obesas com a síndrome dos ovários policísticos possuem um fardo adicional de resistência à 
insulina, devido à sua adiposidade. 
o ACNE: A acne vulgar é a dermatose mais frequente no Brasil. É decorrente de hiperplasia das glândulas sebáceas 
acompanhada de seborreia, alteração no crescimento e diferenciação folicular, colonização do pilossebáceo pela bactéria 
gram-positiva Propionibacterium acnes e inflamação. Após a colonização bacteriana, pode-se observar pápulas e pústulas. 
A conversão de testosterona em diihidrotestosterona pela enzima 5-α-redutase acarreta maior potencial androgênico no 
estímulo da ceratose folicular e produção de sebo, sendo esse o nutriente utilizado pela bactéria. É mais comumente 
observada na face, pescoço, porção superior do dorso e região peitoral. 
o ACANTOSE NIGRICANS: É uma afecção cutânea que cursa com manchas hiperpigmentadas, espessada 
(hiperqueratinização), aveludada, saliente e às vezes verrucosa localizadas em nuca, axila, virilha e fossa antecubital. A 
proliferação dos queratinócitos é provocada pela hiperinsulinemia e pelo excesso de ligação de insulina sérica aos receptores 
IGF-1 nos tecidos periféricos. 
o ALOPÉCIA ANDROGÊNICA: É caracterizada pelo afinamento do pelo na região sagital do couro cabeludo e os fios tornam-
se ralos nas partes frontal e frontoparietal. Sua incidência aumenta com a idade. 
o FATORES PSICOLÓGICOS: Tem associação com fatores que repercutem negativamente sobre a aparência física, 
feminilidade e fertilidade, manifestando-se em uma fase crítica da vida em que questões como encontrar um parceiro, 
iniciarem a vida sexual, casar e constituir família são primordiais, gerando, portanto, grande ansiedade e desajustes em nível 
psicossocial. As mulheres com SOP têm maiores chances de desenvolver ansiedade, estresse, depressão, transtornos 
afetivos e insatisfação sexual que comprometem sua qualidade de vida. 
o DIFICULDADE PARA ENGRAVIDAR: Ocorre nas mulheres com SOP devido uma anovulação provocada por um defeito no 
desenvolvimento dos folículos, sendo a maioria dos ciclos anovulatórios, que podem causar irregularidade ou falta de 
ovulação. 
 
➔ Fisiopatologia: A SOP parece ser de natureza multigênica, em que uma variedade de genes predisponentes interagem 
com fatores ambientais para produzir a síndrome. A fisiopatologia ainda não é completamente esclarecida. 
Na SOP, haverá menor resposta do hipotálamo ao estrogênio e progesterona produzidos pelo ovário e os neurônios 
secretores de hormônio gonadotrófico (GnRH) serão mais resistentes à inibição regulatória da progesterona, aumentando os 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
pulsos de hormônio luteinizante (LH) em relação à do Hormônio Folículo Estimulante (FSH). Isso ocorre por um defeito 
intrínseco nas células da teca que apresenta menor expressão dos receptores de progesterona locais em 
consequência aos elevados níveis de testosterona, redução da sensibilidade à insulina atribuída a um defeito pós-receptor nas 
vias de sinalização da insulina, excesso de estresse oxidativo, além dos fatores genéticos e ambientais. 
A hiperplasia das células da teca secreta altas concentrações de androgênios na ausência de fatores tróficos, que também 
afetam as células da granulosa que sintetizam maiores concentrações de hormônio antimülleriano (marcador de reserva ovariana 
e que dará hiper-resposta em pacientes com SOP). 
O aumento dos níveis de LH estimula as células da teca a produzirem mais precursores androgênicos, principalmente a 
testosterona. A baixa produção do hormônio folículo-estimulante (FSH) interfere na expressão da aromatase (enzima responsável 
pela conversão de androgênios em estradiol), diminuindo esta conversão e permitindo, assim, que haja aumento substancial dos 
níveis de androgênios. Além disso, com a diminuição dos níveis de FSH, não há estímulo suficiente para que o desenvolvimento 
folicular aconteça normalmente. O folículo não chega ao estágio de maturação completa, estacionando em estágios 
intermediários, o que confere ao ovárioa morfologia policística. Com o impedimento da maturação completa dos folículos, a 
ovulação regular fica prejudicada, levando a ciclos anovulatórios. Esse processo justifica a manifestação clínica de atraso 
menstrual com ciclos longos, oligomenorreia e infertilidade. 
 
3. Conhecer os critérios de diagnóstico e tratamento de SOP (entender como se dá o restabelecimento da ovulação): 
Deve-se ser feito baseado na multiplicidade da combinação de sinais e sintomas, bem como de alterações ultrassonográficas 
e laboratoriais. A SOP é um diagnóstico de exclusão, sendo necessária a avaliação de outras causas de hiperandrogenismo e 
anovulação. 
Os Critérios de Rotterdam são os mais empregados atualmente e, segundo os mesmos, a paciente deve apresentar dois 
dos três seguintes: oligomenorreia e/ou anovulação, hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial e morfologia ultrassonográfica 
de policistose ovariana. Mulheres com os três critérios, apresentam maior risco de doenças cardiometabólicas. 
A oligomenorreia caracteriza-se por ausência de menstruação por, pelo menos, 90 dias ou a ocorrência de menos de nove 
(oito?) ciclos menstruais em um ano. 
O hiperandrogenismo clínico é diagnosticado com base no Índice de Ferriman-Galleway. Avaliam-se nove áreas corporais, 
cada uma podendo pontuar de zero (ausência de pelos) a quatro (crescimento acentuado) pontos. O diagnóstico é dado quando 
o índice é igual ou superior a oito. 
O hiperandrogenismo laboratorial pode ser confirmado com a dosagem da 
testosterona total acima de 90 ng/dL ou pelo cálculo do índice de androgênios livres 
aumentado: 
O valor de testosterona livre não é utilizado, pois há variação entre os tipos de 
ensaios laboratoriais e não há padronização de valores de referência para mulheres. 
Os critérios ultrassonográficos padronizados foram alterados em 2018 segundo as 
recomendações da American Society for Reproductive Medicine (ASRM)/European 
Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE), e são compostos por: presença de 20 ou mais folículos com diâmetro 
médio de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou igual a 10 cm3 (exceto se houver cisto funcional; neste caso, deve-se 
repetir o exame no ciclo seguinte), em um ou ambos ovários. Tal alteração se explica pela melhora na qualidade dos 
equipamentos de ultrassom (US), assim o padrão de normalidade que era de 12 folículos antrais foi ajustado para 20. 
Os sintomas anovulatórios e a morfologia dos ovários policísticos não são suficientes para fazer um diagnóstico em 
adolescentes, pois podem ser evidentes em estágios normais de maturação reprodutiva. Embora obesidade, resistência à 
insulina e hiperinsulinemia sejam achados comuns em adolescentes com hiperandrogenismo, essas características não devem 
ser usadas para diagnosticar SOP entre adolescentes. 
Como o diagnóstico de SOP é de exclusão, é mandatório o diagnóstico diferencial com as seguintes doenças: 
1. Disfunção tireoidiana 
2. Hiperprolactinemia 
3. Tumor produtor de androgênio ou adrenal 
5. Hiperplasia adrenal congênita. 
6. Síndrome de Cushing 
7. Excesso de androgênio induzidos por fármacos 
8. Outras causas de oligomenorreia ou anovulação 
→ Investigação das repercussões metabólicas: 
A SOP é um distúrbio endócrino-metabólico e pode apresentar repercussões em diferentes sistemas. 
Pode precipitar o esgotamento das células betapancreáticas, acarretando a intolerância à glicose e, por fim, DM2. Para a 
avaliação da RI, utiliza-se o índice de produto de acumulação lipídica (LAP). 
Na paciente com SOP, a RI é dada pelo LAP ≥ 34,5. O LAP é calculado por: [circunferência abdominal (cm) – 58] × triglicérides 
(mmol/L). 
Alguns autores consideram a RI quando o escore de HOMA-IR for superior a três, porém há controvérsias quanto à utilização 
deste escore. A RI pode se manifestar clinicamente por acantose nigricans e hiperceratose. 
As mulheres normoglicêmicas devem realizar o teste de tolerância oral a glicose (TOTG) a cada dois anos. Aquelas com 
glicemia de jejum alterada devem realizá-lo anualmente, para rastreio de DM2. A escolha do TOTG deve-se a sua maior 
sensibilidade na detecção de alteração dos níveis glicêmicos quando comparado à glicemia de jejum e à hemoglobina glicada 
nessa população. 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
 
A dislipidemia também é frequente nas pacientes com SOP. O perfil lipídico mais frequente consiste na redução do colesterol 
de alta densidade (HDL) e aumento dos triglicerídeos (TGL), sendo esse o perfil mais aterogênico. 
A síndrome metabólica (SM) deve ser investigada, pois a SOP pode ser considerada a manifestação ginecológica da SM. A 
síndrome está associada a maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O diagnóstico pode ser estabelecido 
quando ocorrem três dos cinco critérios (segundo o Adult Treatment Panel [ATP] III): 
1. Circunferência abdominal > 88 cm 
2. HDL < 50 mg/dL 
3. TGL > 150 mg/dL 
4. Pressão arterial > 135/85 mmHg ou uso de anti-hipertensivos 
5. Glicemia jejum superior a 100 mg/dL. 
 
 
Fluxograma para diagnóstico de SOP e para investigação de fatores de risco cardiovascular 
17αOHP: 17α-hidroxiprogesterona. ACTH: hormônio adrenocorticotrófico. BE: biópsia endometrial. CA: circunferência abdominal. CT: 
colesterol total. DHEA-S: sulfato de dehidroepiandrosterona. FSH: hormônio folículo-estimulante. FOP: falência ovariana prematura. 
HDL-C: colesterol de alta densidade. IAL: índice androgênico livre. IG: intolerância à glicose. IFG: índice de Ferriman e Gallwey. IMC: 
índice de massa corpórea. LDLC: colesterol de baixa densidade. PA: pressão arterial. PRL: prolactina. RI: resistência à insulina. RM: 
ressonância magnética. TC: tomografia computadorizada. TSH: hormônio estimulante da tireoide. TOTG 75g: teste oral de tolerância 
à glicose de 75 gramas. US: ultrassonografia (Ehrman, 2005). 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
➔ Exames 
o USG: Presença de policistos ovarianos 
o Avaliação hormonal 
▪ FSH (baixo ou normal) 
▪ LH (aumentado - relação LH: FSH aumentada) 
▪ TSH 
▪ Prolactina 
▪ Testosterona total: aumentada 
▪ Relação Testosterona total / Globulina Ligadora de Hormônio Sexual (SHBG): aumentada 
▪ Androstenediona: Não deve ser solicitada - aumentada em menos de 20% das mulheres com SOP. 
▪ DHEA: Não deve ser solicitada, pois geralmente está presente em níveis baixos, diurnos e tem alta variabilidade e 
sensibilidade ao estresse. 
▪ SDHEA: Marcador adrenal, recomendado em casos de virilização acentuada; tem pouca ou nula atividade androgênica 
intrínseca; requer conversão para testosterona para exercer efeito; mais elevado em tumores adrenais secretores de 
androgênios; tem concentrações altas e estáveis durante o dia e o ciclo menstrual. 
o TTGO 75g (avaliar intolerância à glicose) 
o Colesterol total/frações e triglicerídeos 
o 17-OH Progesterona matinal, na fase folicular (descartar defeitos enzimáticos suprarrenais e esteroidogênicos; a causa mais 
comum é a deficiência da 21-hidroxilase, com diminuição do cortisol e aumento compensatório de ACTH e androgênios). 
➔ Tratamento: 
O tratamento de SOP é sintomático e direcionado de acordo com a manifestação clínica, desejo de contracepção ou gestação e 
a presença de distúrbios metabólicos associados. As pacientes com SOP devem ser informadas que esta é uma enfermidade 
crônica com tratamento e seguimento por longo prazo. 
O tratamento visa reduzir os sintomas de hiperandrogenismo, regularizar o ciclo menstrual, reduzir anormalidades 
metabólicas, o risco de DM2 e de doença cardiovascular, prevenir a hiperplasia e câncer de endométrio e oferecer contracepção 
para as que não desejam gravidez e indução da ovulação nas que pretendem. 
 O pilar do tratamento deve ser a mudança no estilo de vida (MEV), objetivando perda de peso e prática de atividade física. 
A mudança nos hábitos alimentares é de suma importância e devem-se pautar por uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras, 
carnes magras, peixes e produtos com baixo teorde gordura. 
o Dislipidemia: MEV associado ao uso de estatinas, caso apenas MEV não seja suficiente para que a paciente alcance as 
metas lipídicas. LDL deve ser abaixo de 100 mg/dL e o colesterol não HDL inferior a 130 mg/dL. 
o Metformina: É uma biguanida sensibilizadora à insulina. O mecanismo de ação baseia-se na redução dos níveis plasmáticos 
de insulina, pois ele favorece a utilização da glicose nos tecidos sensíveis a insulina e, além disso, reduz a neoglicogênese. 
Deve ser indicada para todas as pacientes com glicemia de jejum alterada ou TOTG indicando intolerância a glicose. Pode 
ser considerada em pacientes normoglicêmicas, porém com RI evidente e que não responderam a MEV. Melhoram os 
índices do hormônio folículo estimulante (FSH), testosterona total e livre, e da prolactina, além de reduzir a circunferência 
abdominal, o Índice de Massa Corporal (IMC) e diminuir a resistência insulínica na SOP. Dentre os principais benefícios 
estão: aumento da ovulação, aumento da taxa de nascidos vivos, melhora do hiperandrogenismo laboratorial e diminuição 
da insulinemia de jejum. Outro fato é que essa biguanida está associada a aumento da concentração sérica de adiponectina 
e à diminuição dos níveis séricos de leptina, ambos os hormônios relacionados indiretamente com o metabolismo da glicose. 
o Acantose nigricans: Pode ser tratada com associação de metformina e retinóides tópicos. 
o Infertilidade: Antes que se inicie tratamento farmacológico, é necessária a adesão à MEV e a investigação de outras 
possíveis causas de infertilidade ou causas que possam contraindicar o método farmacológico, tais como fatores 
masculinos, uterinos ou tubários. As principais drogas utilizadas na indução da ovulação são as antiestrogênicas, inibidores 
da aromatase e gonadotrofinas, podendo combiná-las. O mais comum é utilizar o citrato de clomifeno entre o 2º e 5º dia 
após o início do fluxo menstrual. Em seguida, realiza-se uma USG transvaginal entre os dias 11-14 do ciclo. Caso haja 
resposta ovariana, orienta-se coito regular, diário ou em dias alternados, a partir do 10º dia do ciclo. Ao clomifeno, pode ser 
associada a metformina visando o aumento das chances de ovulação. A última opção no tratamento da infertilidade consiste 
na fertilização in vitro. 
o Manifestações androgênicas: Sempre iniciar com MEV. Caso não seja suficiente, deve-se iniciar contraceptivos orais 
combinados e reavaliar melhora em 6 meses. Em caso de melhora insatisfatória, deve-se associar antiandrógenos. Em 
casos graves, pode-se associar a espironolactona. 
o Acne: Isotretinoína, contraceptivos combinados na apresentação oral ou vaginal e metformina. 
o Contraceptivos hormonais: Nas mulheres com SOP que não desejam engravidar, o tratamento de primeira linha e o mais 
conveniente é o uso de métodos contraceptivos hormonais, especificamente os Contraceptivos Hormonais Orais 
Combinados (CHOCs), os quais regularizam o ciclo menstrual, melhoram o hirsutismo, podendo ser utilizados como droga 
isolada nos casos de hirsutismo leve (IFG ≤ 15). Os progestágenos contidos no CHOC suprimem o LH e diminuem a 
produção dos androgênios ovarianos. A fração estrogênica da pílula estimula a produção hepática de SHBG, aumentando 
a ligação androgênica sérica e diminuindo as concentrações de androgênios livres circulantes e sua bioatividade. Os CHOCs 
ainda apresentam um efeito antiproliferativo no endométrio. Lembrar que também podem ser utilizados outros métodos 
hormonais, tanto combinados (anel vaginal, adesivo e injetável mensal) quanto só com progestágenos (via oral, injetável 
trimestral, implante subdérmico e dispositivo intrauterino). Os CHOCs contendo progestágenos neutros ou com atividade 
antiandrogênica são o método de escolha no tratamento da SOP em mulheres hirsutas. Os progestágenos que apresentam 
maior ação antiandrogênica são: acetato de ciproterona > acetato de clormadinona > dienogeste > drospirenona > 
nomegestrol; seguidos dos com fraca atividade androgênica: desogestrel, gestodeno e norgestimato; e com efeitos 
androgênicos como: levonorgestrel e acetato de norestiterona. 
Nas pacientes com SOP que não necessitam contracepção e não tem hirsutismo, pode-se utilizar progestágenos para 
regularizar o ciclo e prevenir a hiperplasia e câncer de endométrio. Pode-se utilizar de modo cíclico por 12-14 dias a 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
progesterona micronizada 200-400 mg/dia, didrogesterona 10-20 mg/dia, acetato de medroxiprogesterona 10 mg/dia 
ou acetato de nomegestrol 5 mg/dia. 
o Indução a ovulação: Mulheres não obesas com SOP que desejam gestar, o citrato de clomifeno (CC) é indicado nas doses 
de 50-150 mg do 3º ao 7º dia por 4 ciclos. Os efeitos colaterais mais frequentes são ondas de calor. O CC é um modulador 
parcialmente seletivo de receptor de estrogênio com efeito antiestrogênico, induzindo a mudança na frequência dos pulsos 
do GnRH com aumento do FSH, desenvolvimento folicular e produção de estradiol. A ovulação ocorre em 75-80% e a 
gestação em 35-40% dos casos. 
O letrozol, um inibidor da aromatase, parece ser mais efetivo que o CC para indução da ovulação em mulheres com SOP 
obesas. Os efeitos colaterais mais frequentes são fadiga e ondas de calor. 
O hormônio folículo estimulante recombinante (FSHr) em baixa dose é mais efetivo que o CC para indução da ovulação 
na SOP com chance duas vezes maior de gravidez no primeiro ciclo. 
 
4. Conhecer o diagnóstico diferencial da SOP (critérios de Hoterdam): 
Objetivo anterior 
5. Entender o quadro de hirsutismo, sua classificação e tratamento: 
o HIRSUTISMO: É a proliferação de pelos em distribuição masculina em regiões como o buço, mento, colo, periareolar, ao 
longo da linha Alba no abdome inferior, braços, pernas e costas. É um problema cosmético que em mais de 50% dos casos 
advém do hiperandrogenismo. 
O índice de Ferriman e Gallwey (IFG) modificado é o método padronizado e o mais utilizado para se avaliar a presença e a 
gravidade do hirsutismo. Gradua numa escala de um a quatro em nove áreas do corpo, levando-se em consideração o pelo 
terminal (pelo maior que 0,5 cm, escuro, pigmentado e grosso). 
 
➔ TRATAMENTO DO HISURTISMO: O objetivo principal do tratamento do hirsutismo é reduzir os níveis androgênicos 
para evitar novas conversões de pelos finos não pigmentados em pelos terminais. No entanto, há de se lembrar que os 
tratamentos clínicos não conseguem eliminar o crescimento de pelos normais já presentes. Para o diagnóstico do hirsutismo e 
acompanhamento do tratamento, utilizamos a Escala de Ferriman e Gallwey. Além disso, devemos alertar as pacientes queos 
resultados terapêuticos não são atingidos rapidamente. Pode ser necessário o tratamento por três a seis meses, antes que a 
melhora clínica seja identificada. Por esta razão, os ginecologistas têm que estar familiarizados com os métodos de remoção 
temporária de pelos. 
o Anticoncepcionais Combinados Orais e Progestogênio Oral: Os ACO são eficazes no restabelecimento da regularidade 
menstrual e na redução da produção de androgênios ovarianos. Como efeito adicional,o componente estrogênico dessas 
pílulas eleva os níveis de SHBG e, com seus níveis mais elevados, há maior ligação de testosterona livre que, dessa forma, 
se torna biologicamente indisponível no folículo piloso. Novamente, vale lembrar que o progestogênio deve ter propriedades 
antiandrogênicas. E, neste contexto, merece destaque o acetato de ciproterona. 
o Acetato de Ciproterona: O acetato de ciproterona é um progestogênio sintético derivado da 17-hidroxiprogesterona com 
potentes propriedades antiandrogênicas de ação periférica. O mecanismo de ação primário é a inibição competitiva da 
testosterona e da DHT em níveldos receptores androgênicos. Ele pode ser empregado isoladamente (Androcur) na dose de 
50 a 100 mg/dia. E uma vez obtida a melhora clínica satisfatória, deve-se manter o efeito terapêutico com a menor dose 
possível. Também pode ser administrado na forma de estrogênio e progesteronacombinados (35 mcg de etinilestradiol e 2 
mg de acetato de ciproterona – Diane 35 e Selena). Os efeitos colaterais incluem fadiga, ganho ponderal, diminuição da 
libido, sangramento irregular, náusea e cefaleias. Esses sintomas são menos frequentes quando se acrescenta 
etinilestradiol. 
o Finasterida: É um inibidor específico da atividade da enzima 5 alfa-redutase tipo 2. Este medicamento não impede a 
ovulação nem causa irregularidade menstrual. A maioria dos estudos empregou doses diárias de 5 mg/dia e concluiu que 
este medicamento isoladamente é pouco efetivo no tratamento do hirsutismo. Assim, os ACO associados à finasterida são 
mais eficazes na redução do hirsutismo do que a finasterida isolada. A melhora do hirsutismo na presença de níveis 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
crescentes de testosterona é evidência convincente de que é a ligação da DHT, e não da testosterona, ao receptor 
androgênico, a responsável pelo crescimento de pelos. 
o Espironolactona: É um antagonista específico da aldosterona, com ligação competitiva aos receptores da aldosterona na 
região tubular do rim. Pode ser empregado na dose de 50 a 100 mg, duas vezes ao dia. Consequentemente, é um diurético 
poupador de potássio eficaz, cuja eficácia no tratamento do hirsutismo baseia-se em: 
- Inibição competitiva de DHT em nível do receptor intracelular; 
- Supressão da biossíntese de testosterona por uma diminuição das enzimas CYP; 
- Aumento do catabolismo androgênico, com aumento da conversão periférica de testosterona em estrona; 
- Inibição da atividade da 5-alfa redutase cutânea. 
O efeito colateral mais comum deste medicamento é a irregularidade menstrual. Raramente, há outros efeitos colaterais, 
como mastodínia ou queda de cabelo. Como ela pode aumentar os níveis séricos de potássio, seu emprego não é 
recomendado em pacientes com insuficiência renal ou hipercalemia. 
o Tratamento Cosmético: Com frequência, o hirsutismo é tratado por meios mecânicos, como depilação e técnicas de 
epilação. 
- Depilação: Refere-se à remoção de pelos rente à superfície da pele, não atingindo as porções internas dos folículos 
pilosos. Raspar os pelos é a forma mais comum e não exacerba o hirsutismo, contrariando o mito de que aumentaria a 
densidade dos folículos pilosos. Como opção, os depiladores químicos tópicos também são muito eficazes. Esses produtos 
contêm tioglicolato de cálcio, nas formas de gel, creme, loção, aerossol e roll-on. Esse agente rompe as ligações dissulfeto 
entre as cadeias proteicas, provocando quebra dos pelos, facilitando sua eliminação da superfície da pele. 
- Epilação: Consiste na remoção por extração dos pelos inteiros, incluindo as porções abaixo da pele, como parte do 
bulbo piloso. Inclui como técnicas o uso de pinça, cera, linha, eletrólise, laser e luz intensa pulsada. Algumas fontes 
preconizam as técnicas de epilação, como eletrólise ou laser, somente após um período mínimo de seis meses de tratamento 
clínico. 
 
6. Conhecer os tipos de cistos ovarianos benignos e malignos, identificando suas diferenças: 
→ BENIGNOS: A maioria será assintomática, podendo causar disfunções no ciclo menstrual. A maioria dos diagnósticos será 
através de USG. 
 
1. CISTOS FUNCIONAIS 
o Cistos foliculares: Os cistos funcionais se desenvolvem dos folículos de Graaf. 
o Cistos do corpo lúteo: Se desenvolvem do corpo lúteo. Podem sangrar para o interior da cavidade cística, distendendo 
a cápsula ovariana ou se rompendo no peritônio, causando assim dor e sinais de peritonite. 
A maioria dos cistos funcionais tem < 1,5 cm de diâmetro e poucos excedem 5 cm. Os cistos funcionais em geral regridem 
após dias ou semanas. Os cistos funcionais são incomuns após a menopausa. 
A SOP costuma ser definida como uma síndrome clínica, não pela presença de cistos ovarianos. Mas os ovários 
tipicamente contêm vários cistos foliculares de 2 a 6 mm e, às vezes, grandes cistos contendo células atrésicas. 
 
2. TUMORES BENIGNOS 
o Teratomas císticos benignos: Também chamados de cistos dermoides porque, apesar de derivarem das 3 camadas de 
células germinativas, consistem principalmente em tecido ectodérmico. 
o Fibromas: Esses tumores de crescimento lento em geral têm < 7 cm de diâmetro. 
o Cistadenomas: Esses tumores, na maioria das vezes, são serosos ou mucinosos. 
 
➔ CÂNCER DE OVÁRIO: 
o O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer do colo do útero. 
o Afetam mais mulheres peri ou pós-menopausa. 
o O risco aumenta em casos de histórico de parentes de 1º grau, nuliparidade, idade fértil atrasada, menarca precoce, 
menopausa atrasada e história pessoa de cancer de endométrio, mama ou colón. 
o Grande taxa de fatalidade devido ao avanço da doença quando diagnostica. 
o A quase totalidade das neoplasias ovarianas (95%) é derivada das células epiteliais (que revestem o ovário). O restante 
provém de células germinativas (que formam os óvulos) e células estromais (que produzem a maior parte dos hormônios 
femininos). 
o A avaliação será por imagem (USG, TC ou RNM) e dosagem dos marcadores tumorais, o diagnóstico por analise 
histopatológica e o estadiamento de forma cirúrgica. 
o Muito associado a alterações do gene BRCA 
o O tratamento requer histerectomia, salpingo-ooforectomia bilateral, remoção da maior parte possível do tecido afetado 
(citorredução) e, a menos que o câncer esteja localizado, quimioterapia. 
o O câncer ovariano precoce é em geral assintomático; uma massa anexial, com frequência sólida, irregular, fixa, e pode 
ser descoberta casualmente. Os exames pélvicos e retovaginal normalmente detectam nodularidade difusa. Poucas 
mulheres apresentam forte dor abdominal secundária à torção da massa ovariana. 
o A maioria das mulheres com câncer em estágio avançado apresenta sintomas inespecíficos (p. ex., dispepsia, distensão 
abdominal, saciedade precoce, dor causada por gases, dor nas costas). Posteriormente, geralmente ocorrem dor pélvica, 
anemia, caquexia e distensão abdominal por aumento do ovário ou ascite. 
o Os tumores de células germinativas ou estromais podem apresentar efeitos funcionais (p. ex., hipertireoidismo, 
feminização, virilização). 
o Se existe a suspeita de câncer em estádio inicial, a ultrassonografia é feita em primeiro lugar; os seguintes achados 
sugerem presença de câncer: componente sólido, excrescências superficiais, tamanho > 6 cm, formato irregular e baixa 
resistência vascular detectada por estudos de fluxo transvaginal com Doppler 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/s%C3%ADndrome-do-ov%C3%A1rio-polic%C3%ADstico-sopc
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/les%C3%B5es-ginecol%C3%B3gicas-benignas/tor%C3%A7%C3%A3o-anexial
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
o Se existe a suspeita de câncer em estádio avançado (p. ex., baseada em ascite, distensão abdominal ou 
nodularidade, ou fixação detectada durante o exame físico), TC ou RNM é feita geralmente antes da cirurgia para 
determinar a extensão de câncer. 
o Marcadores tumorais, incluindo a subunidade beta da gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG), LDH, alfa-
fetoproteína, inibina e CA 125, são normalmente medidos em pacientes jovens, com maior risco de tumores não epiteliais 
(p. ex., células germinativas, tumores estromais). Em pacientes na perimenopausa e pós-menopausa, somente o CA 125 
é medido, porque na maioria das vezes os cânceres de ovário nessa faixa etária são tumores epiteliais. O CA 125 está 
elevado em 80% dos cânceres de ovário epiteliais, mas pode estar moderadamente elevado em endometriose, doença 
inflamatória pélvica, gestação, miomas, inflamação do peritônio ou em câncer do ovário não peritoneal. 
o Uma mista sólida e cística massa pélvica em mulheres na pós-menopausa, especialmente se o CA 125 estiver elevado, 
indica câncer de ovário. 
o A biópsia não é recomendada rotineiramente, a menos que a paciente não sejacandidata à intervenção cirúrgica. Nesses 
casos raros, amostras são obtidas por biópsia com agulha para massas ou aspiração de líquido ascítico com agulha. 
o Para massas que aparecem como benignas na ultrassonografia, a análise histológica não é requerida, e a 
ultrassonografia é repetida após 6 semanas. Entre as massas benignas que aparecem, incluem-se teratomas císticos 
benignos (cistos dermoides), cistos foliculares e endometriomas. 
 
 
 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
 
 
7. Entender a relação de SOP com a resistência à insulina, com a síndrome metabólica: 
Em condições normais, a insulina tem papéis no metabolismo basal, como a captação de glicose pelo músculo e adipócitos, 
além de inibir a gliconeogênese hepática e a lipólise. Entretanto, a SOP costuma cursar com RI. Assim, a captação prejudicada 
de glicose sérica e a ausência de inibição da gliconeogênese implicam em aumento da glicemia. Como a lipólise também não é 
mais inibida com eficácia ocorre aumento na circulação de ácidos graxos livres. 
A hiperinsulinemia crônica contribui para a falência das células beta-pancreáticas e, assim, para o desenvolvimento de 
diabetes mellitus tipo 2 (DM2). 
A insulina tem importante papel no aumento da produção de androgênios, pois aumenta a atividade do LH nas células da 
teca e inibe a produção/síntese hepática da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), acarretando maior quantidade de 
testosterona livre – a porção biologicamente ativa. As altas concentrações de androgênios e os níveis elevados de estrogênio 
induzem o padrão anormal da secreção de gonadotrofinas, aumentado os pulsos de LH e diminuindo os de FSH. 
Das hipóteses que relacionam a resistência insulínica a SOP, a mais citada é a fosforilação da serina, sendo seguida pelo 
polimorfismo em genes que estão envolvidos na secreção e ação da insulina (INS, INSR, IRS, PPAR-gama e/ou CAPN10); 
alterações gênicas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-6); defeito nas células-ß pancreáticas e deficiência no metabolismo dos 
esteroides. Todos esses mecanismos, associados a fatores ambientes como obesidade, idade e estilo de vida contribuem para 
o aparecimento da SOP. 
Acredita-se que a RI possa ser justificada por defeitos na transdução do sinal pelo receptor da insulina. Um deles seria a 
fosforilação da serina (o receptor de insulina, além de ser fosforilado em tirosina, também pode ser fosforilado em serina, o que 
atenua a transmissão do sinal através da diminuição da capacidade do receptor em se fosforilar em tirosina após estímulo com 
insulina. Essas fosforilações inibitórias causam feedback negativo na sinalização insulínica e podem provocar resistência à 
insulina) que é um provável mecanismo capaz de explicar as duas principais características da síndrome – RI e 
hiperandrogenismo. 
 Tutoria - Problema 2 Módulo 2 (Natália Alves) 
 Aproximadamente 50% das mulheres com SOP e RI parecem apresentar uma excessiva fosforilação da serina 
e uma diminuição da atividade da tirosina quinase. Esse aumento na fosforilação da serina estaria relacionado com 
um defeito genético com aumento de sua função, o que poderia explicar a excessiva fosforilação da serina pós-ligação da insulina 
nos seus receptores-α. 
Nessa patologia, quando a insulina se liga ao seu receptor (receptor da insulina - IR), a serina é fosforilada nos IR-ß, o que 
inibe a ativação da IRS-1 e IRS-2 e a fosforilação da tirosina. Ao acontecer isso, a transdução de sinais que normalmente 
acontece no citoplasma das células não é ativada, o que por consequência prejudica a ação metabólica da insulina. Entretanto 
a ação mitogênica da mesma não é afetada, o que poderia explicar uma produção exacerbada de androgênios nos ovários, 
levando ao hiperandrogenismo. Não ocorrendo a ativação do IRS-1, a cascata de sinais intracelulares não é desencadeada. 
Dessa forma, não há ativação dos intermediários, que ajudam no transporte do GLUT-4 para a membrana celular (molécula 
responsável pela absorção da glicose pela célula). Esse defeito impede a captação da glicose, resultando na resistência insulínica 
e posteriormente em hiperinsulinemia. 
Essa hipótese, além de desencadear a fosforilação da serina no IR-ß, também leva ao aumento da atividade 17,20-liase da 
P450c17. A enzima 17,20-liase estaria relacionada a função esteroidogênica (hormônios sintetizados pelo córtex da adrenal ou 
secretados pelas gônadas derivados do colesterol), diretamente ligada à via de produção de androgênios. Esse mecanismo 
poderia explicar o excesso de androgênios e consequentemente levar ao hiperandrogenismo. 
Outra alternativa relevante para o aparecimento da RI na SOP é o polimorfismo em genes envolvidos nas vias de sinalização 
da insulina. O gene da insulina (INS) parece ser um forte candidato devido à presença de regiões com repetições em tandem de 
número variável (VNTR). A mutação no locus VNTR desse gene estaria relacionado ao aumento da secreção pancreática de 
insulina. 
Deficiência em outros genes, como o do receptor da insulina (INRS), dos substratos do receptor da insulina (IRS), do PPAR-
γ e o gene CAPN10 foram relacionados ao surgimento da RI, uma vez que alteração neles afetaria a secreção ou ação a insulina. 
Alterações genéticas pró-inflamatórias também têm sido associadas a RI na SOP. 
Alguns estudos sugeriram que a RI seja consequência da obesidade, característica presente em algumas mulheres 
acometidas pela síndrome. Como a obesidade causa a RI ainda não é claro, mas acredita-se que o Fator de necrose tumoral 
(TNF-α) esteja envolvido. Isso porque o TNF-α, que é produzido pelo tecido adiposo parece levar a hiperfosforilação dos resíduos 
da serina (IRS-1) e da enzima P450c17, resultando em uma diminuição da atividade da tirosina nos IR e aumento da atividade 
17,20 liase respectivamente. Como consequência haveria diminuição da sensibilidade insulínica nos tecidos adiposo, hepático e 
muscular. Além disso, o TNF-α pode também ter uma ação inibitória sobre a ação do PPAR-γ, inibindo sua expressão e tendo 
como consequência um aumento da RI. 
A IL-6, outra citocina pró-inflamatória, teria também o seu papel na RI. Essa citocina aumenta a síntese hepática de 
triglicerídeos e ácidos graxos livres, ambos agravantes da RI. 
Defeito nas células-ß pancreáticas tem sido associados como um dos fatores responsáveis por desencadear a RI. Defeito 
nessas células pode ocorrer tanto na ausência ou presença da obesidade e intolerância à glicose em mulheres com SOP. 
Possivelmente esse defeito é devido a uma alteração genética que leve a diminuição na secreção da insulina. 
Mulheres com SOP normalmente demonstram aumento nos níveis de esteróides. Uma das hipóteses é de que o 
aparecimento da RI seja uma consequência do aumento de esteróides. Esse fato é suportado pela ideia de que mulheres que 
apresentam distúrbios adrenais ou recebem testosterona, têm uma diminuição na sensibilidade da insulina. Entretanto alguns 
estudos têm comprovado que a RI seja a responsável pelo excesso desses hormônios, uma vez que estudos demonstram que 
mulheres acometidas por essa síndrome e que foram administradas com antagonistas de GnRH ou com algum composto anti-
androgênico não tiveram alteração na RI ou Hiperinsulinemia. 
Por conseguinte, há exacerbação do efeito periférico dos androgênios sobre os folículos pilosos e sebáceos, justificando a 
clínica do hiperandrogenismo – hirsutismo, acne, pele oleosa e, em casos mais graves, sinais de virilização com clitoromegalia 
e alopecia androgênica. Os hormônios relacionados a esse processo são a testosterona e a di-hidrotestosterona (sintetizada no 
folículo piloso sob ação da 5-alfa-redutase sobre a testosterona).

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