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PROVA DISCURSIVA 1 UNIASSELVI 2021 (3)

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Acadêmico: Everly Lilian Domingues Gervasi (3067035)
Disciplina: Filologia Portuguesa (LET40)
Avaliação: Avaliação Final (Discursiva) - Individual Semipresencial ( Cod.:669094) ( peso.:4,00)
Prova: 29414224
É útil, em sala, utilizar de trechos que demonstrem estados anteriores da língua. Um professor
de língua portuguesa, portanto, pode utilizar esses saberes para realizar reflexões sobre aquilo
que seus alunos trazem. Ao trazer estágios anteriores para a análise, em muito os alunos
ganham. Em especial, o preconceito linguístico diminui. A partir disso, disserte sobre a postura
do professor com relação ao caso no qual o "mim" vem antes de verbo, como "para mim ler",
"para mim fazer", "para mim usar", entre outros, abordando também o que se pode fazer em
caso de algum aluno realizar algum comentário preconceituoso (preconceito linguístico). ( *
Máximo 4000 caracteres )
Construções como “pra mim fazer” ou “pra ti fazer” etc. são extremamente antigas
na língua (o latim tinha uma construção exatamente igual, chamada dativo de
agente), mas passaram a concorrer com variantes como “pra eu fazer” e “pra tu
fazeres” por volta do período clássico do português, quando gramáticas normativas
passaram a prescrever a variante com o infinitivo pessoal (“pra eu fazer”, “pra tu
fazeres”, “pra nós fazermos”) em detrimento da construção com o pronome oblíquo.
Entretanto, como qualquer falante de português brasileiro sabe, construções do tipo
“pra mim fazer” e “pra ti fazer” prova a permanência dessa forma historicamente
presente na língua. Para evitar que o lado perverso do preconceito linguístico se
difunda no ambiente onde ele deveria ser desfeito (a sala de aula), é importante que
o professor – historicamente informado – saiba colocar “os pingos nos is”, como diz
o ditado, e dar explicações esclarecedoras. Tais esclarecimentos poderiam
caminhar nas seguintes direções: Explicar que tanto uma forma quanto outra estão
presentes na língua há séculos, porque são estruturalmente possíveis, isto é, são
lógicas e fazem sentido na língua. Por isso, não se pode julgar alguém como
ignorante porque ele usa uma variante ou outra. Explicar que, na norma culta
brasileira, apenas a variante com o infinitivo pessoal é possível. Por isso, em
contextos onde apenas a norma culta é aceita (contextos formais em geral, língua
escrita, ambiente acadêmico, profissional etc.), o estudante deve preferir essa
variante para que não seja mal interpretado. sentido da palavra. Pronto! O
significado foi negociado.
pode acontecer naturalmente com formas novas que entram na língua, e assim a
língua evolui sob a batuta da historicidade que lhe é inerente. Explicar também que
essa restrição da norma culta brasileira está ficando cada vez mais flexível, já que a
variante com o pronome oblíquo está se expandindo inclusive em contextos formais.
Imaginemos agora outra situação. Imagine que você, na condição de docente, diz
aos seus alunos: “Continuem fazendo a atividade enquanto eu vou na sala da
direção rapidinho”. Então, um estudante cochicha para o outro dizendo: “A
professora de português não sabe falar direito: o certo é ‘vou à sala’, não ‘vou na
sala’”. Você então desiste de ir na sala ou à sala, decide esclarecer a situação. O
uso de em com verbos de movimento é uma permanência latina no português
brasileiro, correspondente ao uso de in + acusativo para expressar um movimento
para dentro de algum lugar. Em latim também existia o uso de ad + acusativo, que
expressava movimento para junto de algum lugar (mas não para dentro dele). Em
português arcaico, esses dois usos permaneceram: em e a com verbos de
movimento. Ocorre que tradicionalmente nossas gramáticas prescritivas foram
baseadas na norma-padrão europeia, que prescrevia o uso da preposição a, e por
isso com frequência, quando um brasileiro diz naturalmente (seguindo as regras do
seu vernáculo) “vou na sala”, por exemplo, alguém se recorda da prescrição da
norma-padrão europeia. Para esclarecer a situação, você, docente, pode
sensibilizar o estudante para o fato de que a maneira como você falou está na
nossa língua há mais de dois milênios e usá-la não significa ignorância ou
estupidez, mas significa agir naturalmente, respeitando as regras do nosso
vernáculo, embora nossa norma padrão ainda recomende a construção com a. Esse
tipo de esclarecimento, desde que não seja repressivo, é importante para minorar o
preconceito linguístico, gerar consciência linguística nos estudantes e aproximar
nossa norma-padrão do nosso vernáculo. vamos resgatar os aspectos históricos do
PB (português brasileiro) de forma a buscar ampliar nossa reflexão sobre como
podemos lidar com a historicidade da língua que o estudante traz para a sala de
aula.
2-Até o momento presente das investigações da Filologia e da Linguística, muitos
foram os que se debruçaram sobre o tronco indo-europeu e sobre os mais variados
fenômenos da linguagem. Depois de dois séculos de estudos, atualmente, pode-se
dizer que o tronco e as ramificações foram compreendidos em aspectos essenciais.
Dessa forma, foi construído um amplo conjunto de conceitos úteis as mais variadas
análises. Compreendeu-se, inclusive, que a língua possui uma história. Disserte
sobre a história externa de uma língua, apontando os itens que, a partir dessa visão,
interferem nas mudanças de uma língua. ( * Máximo 4000 caracteres )
Mais de dois séculos após o início dos estudos comparatistas sobre o tronco
indo-europeu, hoje já temos uma visão muito completa sobre o desenvolvimento
desse tronco, conhecemos em detalhes muitas de suas ramificações e sabemos da
história delas, tanto da sua história interna (a história das suas mudanças
estruturais, independentemente das influências sociais, geográficas etc.) quanto da
sua história externa (a história dos fatores externos à estrutura da língua, as
mudanças sociais, guerras, colonizações, migrações etc. que motivaram a mudança
linguística). A filologia indo-europeia – sem demérito para os estudos dos demais
troncos linguísticos – foi talvez o grande motor que fez avançar a ciência das
línguas naturais. Alguns dos grandes gênios que nos legaram o arcabouço
conceitual da linguística moderna, como Saussure, Meillet e Humboldt, beberam
diretamente dessa fonte. A imagem a seguir traz uma visão geral do tronco
indo-europeu, com todas as suas ramificações e línguas conhecidas, tanto aquelas
ainda em uso quando aquelas já extintas.
Se, por um lado, não podemos falar em filologia sem abordar o desenvolvimento da
filologia indo-europeia, por outro, é necessário reconhecer que nosso foco neste
material não é explorar exaustivamente a história do tronco indo-europeu, mas sim a
história de uma língua específica nesse tronco, a língua portuguesa. Acima de tudo,
nossa preocupação é fazer com que esse conhecimento histórico lhe dê condições
de ser um professor mais completo e consciente acerca da formação da nossa
língua, a fim de formar estudantes aptos a usar diferentes 14 variedades e registros
do português brasileiro, com proficiência e adequação aos diferentes contextos. Isto
posto, passamos ao próximo tópico, que oferecerá um breve panorama da formação
da língua portuguesa.

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