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Medicamentos tóxicos para cães e Gatos Superdosagem, em gatos, sinais: depressão, vômito, hipertermia, distúrbios hemorrágicos, convulsões, coma e morte. 13 Não deve ser usado em animais com distúrbios hematológicos e hemorrágicos, incluindo trombocitopenia e doença de von Willebrand O ácido acetilsalicílico é rapidamente absorvido por via oral, um pouco no estômago e a maior parte nas porções iniciais do intestino delgado, ocorrendo também absorção retal (que, no entanto, é menos confiável) e pela pele. Com absorção oral, alcança concentração plasmática considerável em 30 minutos, com pico máximo em 2 horas, apresentando uma biodisponibilidade de 70%. A biotransformação ocorre em diversos tecidos, principalmente no fígado. A dose tóxica surge a partir de 25 mg/kg no gato e 50 mg/kg no cão. Os sintomas surgem após 5h da ingestão e incluem depressão, vómitos, anorexia, hipertermia e aumento da frequência respiratória. Causa significativo sangramento gastrintestinal em cães. Em gatos, o tempo de metabolização do AAS é prolongado devido à necessidade de conjugação com o ácido glicurônico. Dipirona ou Metimazol Sódico (2,3 Dimetil-1 fenil-5 pirazolona-4 metilamina metanosulfonato sódico), é um derivado pirazolônico com ação analgésica e antipirética. A dipirona produz intoxicação sobre a série de leucócitos, produzindo agranulocitose que, na maioria das vezes, é precedida de febre, mal-estar, faringite e ulcerações na boca. A contagem dos leucócitos cai para níveis muito baixos. Em casos de superdose com a dipirona, observam-se: distúrbios renais transitórios com oligúria e anúria, acompanhados de proteinúria e inflamação do tecido renal Aspirina - Ácido acetilsalicílico Carprofeno É utilizado como anti-inflamatório, analgésico e antipirético em cães, principalmente no tratamento de oesteoartrites. É um AINE preferencialmente seletivo para COX-2, cuja meia-vida é prolongada nos gatos (20 h) em comparação com a dos cães (9 h). Diclofenaco Sódico (Vontaren) e Diclofenaco de Potássio (Cataflan) A toxicidade se deve pela maior sensibilidade dos carnívoros à ação de AINE’s, devido a diferenças na biotransformação, meia vida e dose tóxica desses medicamentos em cães e gatos. Ocorre formação Lesões na mucosa gástrica rapidamente, podendo levar a formação de úlceras agudas e perfuração estomacal. Após a ingestão da medicação o animal apresenta vômitos com sangue vivo ou com sangue escuro, diarréia escura, anorexia, prostração. Ibuprofeno baixa margem de segurança em cães e gatos, porque a meia-vida desse fármaco é longa nessas espécies. Em alguns cães, têm sido relatados vômitos, ulceração gastrintestinal e hemorragia. 48 Pode também afetar a agregação plaquetária e as funções hepática e renal. Gatos são extremamente sensíveis ao ibuprofeno e apresentam sinais clínicos quando expostos a dosagens superiores a 50 mg/kg. Em cães, nas dosagens entre 50 e 125 mg/kg, têm sido relatados sinais gastrintestinais, e, em doses superiores a 250 mg/kg, danos renais. Naproxeno Meia-vida é de 74 h em cães, que são suscetíveis a graves efeitos gastrintestinais, como gastrite ulcerativa na dosagem de 5 mg/kg a cada 24 h durante 7 dias; com doses superiores a 25 mg/kg, pode causar insuficiência renal aguda. Dipirona Tratamento para intoxicação com AINE Descontaminação do trato gastrintestinal, incluindo indução de êmese; Administração de carvão ativado e utilização de catárticos osmóticos ; Muitos dos AINE passam pelo ciclo êntero-hepático, portanto doses repetidas de carvão ativado, em intervalos de 3 a 4 h, podem ser administradas por longos períodos após a ingestão desses medicamentos. Tratamento específico das úlceras : O sucralfato é um protetor direto da mucosa com afinidade 5 vezes maior com o tecido lesado do que com a mucosa normal. Pode ser utilizado isoladamente ou em associação a antagonistas H2, como cimetidina, ranitidina e famotidina, que diminuem a secreção de ácidos gástricos estimulada por histamina e gastrina. O omeprazol e o misoprostol são alternativas à terapia. Estes atuam bloqueando a secreção ácida basal por meio da ligação à bomba de hidrogênio-potássio-ATPase das células parietais das glândulas gástricas, importantes para a formação de ácido clorídrico O uso de diuréticos deve ser evitado, pois pode causar desidratação e subsequente redução da perfusão renal. Pacientes que apresentam sangramento agudo proveniente de ulcerações devem ser tratados com fluidoterapia, e, em alguns casos, são necessárias transfusões sanguíneas e ressecção cirúrgica das lesões gástricas. Os animais devem ser monitorados quanto à possibilidade de perfuração gastrintestinal e desenvolvimento de peritonite. Em gatos, a margem de segurança tem se mostrado grande e as reações de idiossincrasia são raras (o problema está no uso indiscriminado de medicamento por parte dos responsáveis). São lactonas macrocíclicas obtidas da fermentação do actinomiceto Streptomyces avermitilis, portanto, são antibióticos denominados avermectinas. 23-24 São integrantes deste grupo: ivermectina, abamectina, doramectina e eprinomectina A ivermectina é uma mistura de avermectinas obtidas de um actinomiceto, estruturalmente semelhante à milbemicina. As ivermectinas estimulam o ácido gama-aminobutírico (GABA), bloqueando a transmissão interneuronal/motoneuronal dos nematódeos e a transmissão neuromuscular dos artródodes. Em mamíferos, os neurônios GABAérgicos são encontrados apenas no SNC e o fármaco não consegue atravessar a barreira hematencefálica (com exceção de raças Collie , Pastor Shetland, Old English Sheepdog, Pastores-australianos (Blue e Red Heeler)e outras raças de cruzamentos destas). Em virtude de mutação no gene autossômico recessivo, MDR1, que acarreta a produção de P-glicoproteínas defeituosas, as quais falham em impedir a entrada da ivermectina no SNC Quando atravessam a barreira hematencefálica (idiossincrasia tóxica), atua nos canais GABAA-receptor- cloro, aumentando a permeabilidade da membrana aos íons Cl – , resultando em redução da resistência da membrana celular, manifestando sintomatologia do SNC e outras que são: • Ataxia • Tremores • Midríase • Êmese • Salivação • Depressão • Convulsões • Coma • Morte. Animais jovens são mais suscetíveis à intoxicação por avermectinas pela imaturidade da barreira hematencefálica, devendo-se evitar o uso destas em cães e gatos com menos de 2 meses de idade, principalmente a ivermectina. Avermectina Não há antídoto específico para a intoxicação por avermectinas, sendo empregado o tratamento sintomático e de suporte. A terapêutica a ser adotada inclui fluidoterapia e tratamento sintomático. Além disso, doses seriadas de carvão ativado e uma ou duas doses de catárticos salinos podem aumentar a eliminação da ivermectina, excretada principalmente pela via fecal. A indução de êmese é indicada apenas se a contaminação for oral e recente (até três horas depois) e se não existirem contraindicações. A recuperação pode ser demorada, pois o paciente pode ficar por semanas em coma (CARVALHO, 2020) Amitraz O mecanismo de ação principal consiste na interação com α2-adrenorreceptores de modo semelhante aos agonistas xilazina e clonidina, além de secundariamente provocar inibição da enzima monoaminoxidase (MAO), ou seja, é um agonista α2-adrenérgico com fraca ação inibidora da MAO. Perifericamente, o amitraz também estimula receptores α1-adrenérgicos, produzindo vasoconstrição. • Sistema endócrino: hiperglicemia e hipoinsulinemia transitórias, diminuição transitória dos níveis plasmáticos de cortisol. Os tipos de exposição mais frequentemente relatados como causadores dessa intoxicação são: por exposição cutânea, principalmente em altas concentrações por meio de banhos, aspersão ou imersão do produto, fato este potencializado, caso o animal fique exposto ao sol, ou se utilizado em animais com a pele alterada (inflamada ou lesionada), aumentando assim a absorção cutânea do amitraz; ingestão oral por lambedura dos pelos molhados com o produtoou a própria ingestão deste, inclusive em coleiras antiparasitárias. * O amitraz é um composto altamente lipossolúvel, rapidamente absorvido pela pele e mucosas, o que o torna potencialmente perigoso para animais e seres humanos. Os sinais são caracterizados pela estimulação dos receptores α2-adrenérgicos nos seguintes locais: • Sistema nervoso central (SNC): sedação, perda de reflexos, letargia, incoordenação motora, hipotermia, vocalização em gatos e depressão do SNC, que pode ser precedida por fase transitória de excitabilidade e agressividade • Olho: midríase dose-dependente e prolapso de terceira pálpebra • Sistemas cardiovascular e respiratório: hipotensão, bradicardia, alterações eletrocardiográficas (arritmia sinusal pronunciada, bradicardia sinusal, bloqueio sinoatrial (BSA)/parada sinusal (PS), bloqueio atrioventricular (BAV) de primeiro e segundo graus e bradipneia) • Sistemas renal e digestório: poliúria, vômito, sialorreia, impactação intestinal •Descontaminação dérmica: o animal deve ser banhado com água •Descontaminação gastrintestinal: eméticos, laxantes e lavagem gástrica com carvão ativado •Tratamento de suporte: fluidoterapia (não utilizar soluções glicosadas - amitraz estimula a hiperglicemia), acidificação da urina com cloreto de amônio ou vitamina C para aumentar a eliminação do amitraz, aquecimento do animal em caso de hipotermia, controle das bradiarritmias com o uso de atropina, se necessário •Antídotos específicos: antagonistas α2-adrenérgicos, ioimbina ou atipamezol. Podem ocorrer alguns efeitos adversos após a administração dos antagonistas α2- adrenérgicos, como excitação, tremores, vocalização e diarreia. -Ioimbina: dose de 0,1 mg/kg por via intravenosa (IV) ou intramuscular (IM) (cães, gatos) -Atipamezol: dose de 0,1 a 0,2 mg/kg IV ou IM (cães e gatos) CARVALHO, Ítalo Sena. INTOXICAÇÃO IATROGÊNICA POR IVERMECTINA EM UM FELINO DE DOIS MESES DE IDADE – RELATO DE CASO. DOI: 10.18677/EnciBio_2020B30. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.17 n.32; p. 363 2020. JERICÓ, Marcia Marques; KOGIKA, Márcia Mery; ANDRADE NETO, João Pedro de. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
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