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APOSTILA-QUESTÕES-DE-GÊNERO-E-DIVERSIDADE-2

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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GÊNERO E DIVERSIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
http://faculdadefutura.com.br/
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 CONCEITO DE gênero ........................................................................... 5 
1.1 Como nasce o pensamento e o trabalho com a categoria gênero? . 7 
2 Conceitos de Diversidade ....................................................................... 8 
3 Desenvolvimento e sexualidade ........................................................... 10 
4 Sexualidade: infância e adolescência ................................................... 19 
5 Sexualidade e identidade ...................................................................... 27 
6 Parâmetros curriculares e orientação sexual ........................................ 29 
6.1 Corpo- Matriz da sexualidade ......................................................... 33 
6.2 Relações de Gênero....................................................................... 34 
6.3 Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids: ......... 35 
6.4 O trabalho com orientação sexual com espaço específico ............. 36 
7 Sexo biológico e orientação sexual ....................................................... 37 
8 Histórico dos movimentos LGBT ........................................................... 43 
8.1 Violência: Uma linha do tempo ....................................................... 44 
8.2 Rebelião de Stonewall .................................................................... 45 
8.3 Sigla ............................................................................................... 46 
9 Histórico da luta de LGBT no Brasil ...................................................... 47 
9.1 O movimento brasileiro nasce no final dos anos 1970, 
predominantemente formado por homens homossexuais ................................. 48 
9.2 A bibliografia remete o nascimento do movimento homossexual ao 
final da década de 1940 .................................................................................... 49 
9.3 O movimento LGBT no Brasil ......................................................... 51 
9.4 A "primeira onda" do movimento .................................................... 54 
 
 
 
 
9.5 A "segunda onda" do movimento ................................................... 56 
9.6 A luta pela despatologização .......................................................... 57 
9.7 O uso do termo "orientação sexual" ............................................... 59 
9.8 A "terceira onda" do movimento ..................................................... 60 
9.9 A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis) .. 61 
9.10 A partir da ABGLT ....................................................................... 63 
9.11 A incidência política e a visibilidade massiva .............................. 67 
10 Homossexualidade e sociedade ........................................................ 68 
11 TRANSGENERALIDADES ................................................................ 70 
11.1 Pessoas Transexuais .................................................................. 71 
11.2 As Travestis ................................................................................ 74 
DRAG QUEEN/KING, TRANSFORMISTA .............................................. 75 
11.3 A Coragem de ser quem se é ..................................................... 75 
 SIMBOLOS ........................................................................................ 76 
12 TEORIA QUEER ................................................................................ 77 
12.1 o que é a Teoria Queer? ............................................................. 77 
12.2 A Teoria Queer e o Brasil ............................................................ 78 
12.3 A tensão Teoria Queer e Identidades Não binárias .................... 78 
13 Homo, lesbo e transfobia ................................................................... 79 
13.1 Preconceito e homofobia............................................................. 81 
13.2 Dados da violência contra LGTS ................................................. 84 
14 Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos ........................................... 85 
15 Gênero e sexualidade no âmbito do Judiciário .................................. 89 
15.1 Formulação atual dos direitos sexuais e reprodutivos ................ 91 
 
 
 
 
15.2 Perspectiva histórica ................................................................... 94 
15.3 Perspectiva moral, com enfoque na perspectiva católica religiosa
 102 
15.4 Perspectiva do direito ................................................................ 106 
Referências BIBLIOGRAFICAS ................................................................ 116 
 
 
 
 
 
 
1 CONCEITO DE GÊNERO 
Podemos dizer que gênero é o sexo social definido, ou seja, gênero não é 
sinônimo de sexo. Enquanto o sexo é biológico, o gênero é construído 
historicamente, culturalmente e socialmente. Com isto queremos dizer que 
nascemos machos ou fêmeas, mas nós fazemos homens ou mulheres. O núcleo da 
identidade de gênero se constrói em nossa “cabeça”, sobretudo até os 3 anos de 
idade. A criança logo que nasce ganha um nome e começa a ser tratada como 
menino ou menina. A linguagem é poderosa no processo de construção do gênero. 
Incorporamos o gênero masculino ou feminino, através do aprendizado de 
comportamentos, hábitos, formas de pensar, concordantes com padrões definidos 
socialmente como masculinos ou femininos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.escrevergay.files.wordpress.com 
 
 
Alguns ditados populares nos ajudam a perceber como se dá a incorporação 
do gênero: “homem que é homem, não chora”, “menina brinca com boneca, menino 
joga bola”, “menino se veste de azul e menina de rosa”, “lugar de mulher é na 
cozinha”. Introjetamos essas ideias desde nossa primeira infância, de uma forma 
 
 
 
 
imperceptível, e essas atribuições sociais nos são apresentadas como atribuições 
naturais. Ao nos tornarmos adultos e adultas não percebemos que durante toda a 
vida nos ensinaram que a primeira “vocação” da mulher é a maternidade e por isso, 
muitas vezes acreditamos que as mulheres só podem realizar-se tornando-se mães. 
Não levamos em conta o fato de que as mulheres “aprendem” a exercer a 
maternagem (cuidado das crianças), mas não nascem prontas e aptas para serem 
mães. 
As diferenças biológicas entre homens e mulheres, não determinam e não 
explicam as diferentes atribuições dos homens e das mulheres na sociedade. 
Exemplo: “o lugar da mulher é na cozinha”, não porque sua “natureza feminina” a 
faz mais apta para este serviço, mas sim, porque as mulheres são treinadas desde 
meninas para “fazer comidinha”. Ou seja, as diferenças sociais entre os homens e 
as mulheres não são de ordem natural, mas sim de ordem cultural. Não deve se 
negar que as diferenças biológicas entre os dois sexos, mas sim entender que as 
diferenças sociais entre os sexos estão construídas e são elaboradas socialmente 
a partir das diferenças biológicas. 
A divisão sexual do trabalho não se explica naturalmente, ela é expressão de 
uma relação de dominação dos homens sobre as mulheres. Na divisão sexual do 
trabalho, tradicionalmente entendemos que as mulheres estão alocadas na esfera 
da reprodução, devem cuidar dos serviços domésticos e dos filhos em primeiro 
lugar. Se trabalham fora de casa, podem assumir serviços auxiliares, profissões 
tidas como femininas: secretárias, enfermeiras, professoras, assistentes sociais… 
desde que estas atividades não prejudiquem sua primeira missão que é a de cuidar 
do “lar”. Já os homens, estão “situados” na esfera da produção, e desde pequenos 
são treinados para assumir tarefas fora do espaço doméstico, assumir cargos de 
chefia e gerência, “construir o mundo” para além dasquatro paredes que significam 
a casa. Atualmente há um embaralhamento nestas atribuições e muita coisa está 
mudando, porém, a divisão sexual do trabalho permanece. 
 
 
 
 
 
Pensar em termos de relações de gênero, significa desvendar os 
mecanismos sociais que constroem essas desigualdades. Por isso, falar em 
relações de gênero, é falar em relações de poder. Não se trata de ver os homens 
como “machistas” e as mulheres como “vítimas”. Nos referimos aos homens e às 
mulheres enquanto categorias sociais, independentemente de sua boa ou má 
vontade pessoal, os homens encontram-se em situação social privilegiada e as 
mulheres são frequentemente discriminadas. 
O conceito de gênero, estabelecido como um conjunto objetivo de 
referências, estrutura a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a 
vida social. Estas referências estabelecem distribuições de poder. 
 
1.1 Como nasce o pensamento e o trabalho com a categoria gênero? 
Nos anos 70 o movimento de mulheres estava, sobretudo preocupado em 
dar visibilidade às mulheres na história e nos diferentes espaços sociais. Nas 
academias são desenvolvidos os “estudos de mulher”. Os sindicatos, movimentos 
sociais e igrejas criam ou reforçam a existência dos departamentos femininos. As 
mulheres ganham destaque. Os estudiosos em suas pesquisas dedicam um 
capítulo especial para tratar da “questão da mulher” ou o “problema da mulher”. 
 Porém, esse interesse aparece frequentemente como um capítulo à parte, 
que não toca nas questões de fundo, não questiona os espaços de poder e não vê 
a mulher “em relação”. Procura-se compreender a vida das mulheres, sem a 
percepção de que é preciso para isso ter como objeto de estudo as relações sociais 
e os mecanismos que geram subordinação. A mulher é vítima ou heroína. Até então 
o objeto de estudo é a mulher, frequentemente tratada de forma singular, sem levar 
em conta as diferenças de raça, classe ou geração que nos obrigam a compreender 
as mulheres em sua pluralidade e complexidade. 
Nos anos 80 o gênero aparece como categoria interdisciplinar. Vai sendo 
elaborado por antropólogas, historiadoras, psicanalistas, no interior das teorias 
 
 
 
 
feministas. A partir daí as teorias de gênero vão sendo formuladas, 
desnaturalizando as diferenças entre homens e mulheres. A percepção do gênero 
enquanto categoria explicativa das relações entre homens e mulheres, mulheres e 
mulheres, homens e homens, coloca em relevância os estudos feministas. 
Ao falar em categoria, faz referência a um instrumento que nos permite 
explicar a realidade. Exemplificando: a pobreza é um conceito. Classe social é uma 
categoria que permite explicar o empobrecimento. O gênero, na medida em que é 
explicativo dos diferentes lugares sociais das mulheres e dos homens, têm a mesma 
relevância que a categoria classe social. O mesmo poderíamos afirmar sobre “raça 
ou etnia”, que tratará de explicar as opressões raciais. Portanto, qualquer pesquisa 
ou análise social não pode dispensar o uso dessas três categorias fundamentais: 
classe, gênero e raça1. 
2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE 
Para que possamos desempenhar melhor nosso papel de educadores, 
temos que ter uma melhor compreensão de alguns conceitos muito marcantes em 
nossa sociedade, desta forma devemos fazer uma abordagem antropológica dos 
conceitos de: diversidade, desigualdade, etnocentrismo e alteridade. 
Assim sendo, ao longo da história, na qual a colonização se fez presente, a 
escravidão, o autoritarismo e a recusa pelo negro como pessoa biologicamente e 
culturalmente de igual importância na sociedade, contribuíram para o sentido de 
inferioridade do negro brasileiro e a ideologia degenerativa do mestiço; Foram os 
mecanismos de dominação ideológica mais popular já produzido no Mundo sendo 
um exemplo claro dos conceitos do Etnocentrismo na história e que permanecem 
ainda no imaginário social dos tempos atuais, o que dificulta a ascensão social do 
negro, pois este é visto como indolente e incapaz intelectualmente. 
 
1 Texto extraído e adaptado: www.catolicas.org.br 
 
 
 
 
No Brasil existe o “mito da democracia social” que tem como objetivo 
propagar que não existem diferenças raciais no País e que todos aqui vivem de 
forma harmoniosa, sem conflitos. E que existe a igualdade de oportunidades para 
brancos, negros, mestiços, pobres e ricos. A disseminação deste mito permitiu 
esconder as desigualdades que é constatada nas práticas discriminatórias de 
acesso ao emprego, dificuldade de crescimento social da população negra e já 
nessa fase, também as camadas mais pobres que ocupam os piores lugares na 
estrutura social, que frequenta as piores escolas e que recebem remuneração 
inferior à dos Branco e ricos, pelo mesmo trabalho e tendo a mesma qualificação 
profissional. 
No nosso cotidiano escolar traz vários exemplos do mito da democracia 
social. O aspecto da cultura da classe dominante que a escola transmite, pois 
reflete as classes privilegiadas e não a totalidade da população, embora haja, 
contudo no interior da escola e que possibilitam confrontar essa cultura hegemônica, 
desprezada pela diversidades culturais trazidas pelo diversos alunos, assim apesar 
da escola inculcar, introduzir o saber dominante, essa educação social diversificada 
poderia ser mais evidente a cultura popular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.copel.com 
 
 
 
 
Deve-se ter uma proposta educacional voltada par a diversidade, junto às 
variações de culturas; colocando todos nós educadores (de que área que seja), um 
desafio de estar atentos às diferenças econômica (desigualdade social), etnologia 
racial e de buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretar essa 
alteridade mudanças de culturas sem nenhum preconceito. Temos a obrigação não 
só de conhecer os mecanismos e os conceitos da dominação cultural, econômica, 
social e política; ampliando os nossos conhecimentos antropológicos, mais também 
de perceber as diferenças etino culturais sobre essa realidade cruel e desumana. 
A educação escolar é um espaço privilegiado para crianças, jovens e das 
camadas populares terem acesso ao conhecimento científico e cultural em geral. 
Do qual a população pobre e negra é excluída por estarem num meio social 
desfavorecido. A escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural 
e também local mais discriminador. Tanto assim que existem escolas para ricos e 
pobres, de boa e má qualidade, respectivamente. Por isso, trabalhar as diferenças 
é um desafio para o professor. Por ele ser mediador do conhecimento. 
A escola em que ele foi formado e na qual ele trabalha é reprodutora do 
conhecimento da classe dominante, classe esta que determina as regras e 
determina o que deve ser transmitido aos alunos. Mas se o professor for detentor 
de um saber critico, poderá questionar esses valores e saberá utilizar desse 
conhecimento o que ele tem de valor, respeitando as desigualdades, as alteridades 
e as diversidades2. 
3 DESENVOLVIMENTO E SEXUALIDADE 
De acordo com Freud (2006) a sociedade comete um grande erro ao 
entender que a vida sexual não inicia na infância, tendo suas manifestações sexuais 
despertadas apenas quando o ser humano entra na puberdade. Ele cita que vários 
autores excluíram de seus estudos, as manifestações sexuais que podem surgir no 
 
2 Texto extraído e adaptado de: www.coladaweb.com 
 
 
 
 
período da infância e se preocuparam somente com o fator da hereditariedade e 
não com o período infantil na qual originam-se as primeiras manifestações e pulsões 
sexuais. Esta postura determinou a ignorância da sociedade e o descaso para a 
sexualidade como parte do desenvolvimento infantil. Para o autor, as pulsões 
sexuais acontecem ainda no período da infância, como pequenas ereções, 
masturbações e atividades que se assemelham ao atosexual. Caso fossem 
realizados estudos sobre a sexualidade desde a infância do sujeito, as pesquisas 
comprovariam e revelariam a possível existência de pulsões sexuais e como elas 
se compõem no período infantil. 
O autor reconhece que as manifestações sexuais no período infantil, que é 
considerado de zero aos seis anos, se dão como um acontecimento normal da 
pulsão existente 15 no corpo da criança, mas devido à irrelevância que se tem, 
tratam-se os desejos e as pulsões existentes e em constante desenvolvimento nesta 
fase da vida com descaso. Segundo o autor, a criança nasce trazendo consigo 
noções em relação ao desenvolvimento sexual que ocorre por um período de tempo, 
sofrendo omissões de forma gradativa, podendo ser rompidas pelos avanços do 
desenvolvimento sexual ou pelas peculiaridades de cada sujeito. 
Não se sabe ao certo sobre a instabilidade desse desenvolvimento e 
complementa que pode se observar com maior facilidade a vida sexual da criança 
entre os três aos quatro anos de vida. Ele afirma que o período de manifestação 
total ou parcial da sexualidade infantil, que acontece do primeiro ano ao sexto no de 
vida da criança, surge com as pulsões sexuais, como barreiras, com alguns 
entraves que estreitará seu curso e traz para o indivíduo o sentimento de desprezo 
e as exigências da moral e da vergonha. “Nas crianças civilizadas, tem se a 
impressão de que a construção desses diques é obra da educação, e certamente a 
educação tem muito a ver com isso” (FREUD, 2006, p. 167). 
O autor descreve que o meio ambiente exterior ensina para a criança 
determinados limites para interromper o que deseja, pois ela é bloqueada pela 
sociedade para que haja inibição das suas pulsões sexuais por meio da vergonha 
e culpa, e assim, com o uso da moralidade impõe um padrão de comportamento à 
 
 
 
 
criança. Ressalta que é nesse período que a criança desenvolve a moralidade e a 
vergonha, e isso é determinante para o caminho do despertar dos desejos sexuais 
na fase da puberdade. Assim, a sexualidade da criança fica em constante mudança, 
às vezes reprimida e outras sublimada, tornando suas atividades e aprendizagens 
de modo intelectual se concentrando em jogos e amizades, que desta forma, poderá 
fortalecer a sua identidade sexual e suas características sendo elas masculinas ou 
femininas. 
O ato de sugar é uma forma de manifestação sexual desde o nascimento, 
permanecendo assim por toda a vida. O chuchar é a sucção com a boca, excluindo 
então qualquer interesse de nutrição infantil. Quando a criança está saciada, essa 
sensação de satisfação leva ao adormecimento ou até mesmo uma sensação 
semelhante ao orgasmo. O chuchar se caracteriza como sendo parte do 
desenvolvimento sexual e umas das formas de manifestações sexuais que atinge 
as crianças na fase infantil, trazendo por sua vez as delimitações essenciais da 
atividade sexual, compreendendo então que o chuchar funciona como uma forma 
de se sentir prazer. Tal satisfação prazerosa, determina que o mamar nos seios é 
um dos primeiros ensaios da atividade sexual vivenciado e que se renova em outras 
condições da vida do sujeito. 
De acordo com Freud, o autoerotismo é a prática sexual em que a pessoa se 
satisfaz usando o próprio corpo, no caso, a boca é considerada uma zona erógena, 
mas que se associa como um meio para a alimentação. A experiência de mamar 
nos seios vivenciada na fase infantil é a mais essencial das primeiras manifestações 
da sexualidade. Para o autor, a boca e os lábios funcionam como uma zona 
erógena, ou seja, como um mecanismo de prazer sexual e ao estimular essa região 
se tem a satisfação e o prazer com associação à alimentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.dicasdemulher.com.br 
Ao observar o chuchar, pode-se notar peculiaridades indispensáveis de 
manifestação sexual no período infantil, sendo o alvo sexual da criança no domínio 
de uma zona de prazer sexual, como por exemplo, a boca. Uma parte do corpo, a 
mucosa ou a pele, se forem estimulados de certa maneira pode-se provocar 
sensações prazerosas. Tais estímulos tem relação com dadas situações que não 
se sabe a respeito, qual peculiaridade está relacionada ao fator sexual. Essa 
peculiaridade do estímulo é provocada, produz uma relação de sensação que causa 
o desejo sexual, originando-se assim o prazer. 
Ainda de acordo com Freud, a repulsa da criança, ou seja, o recalque afeta 
as zonas de prazer, causando a excitação de outras áreas erógenas, que na fase 
adulta comporta-se precisamente nas genitálias, além de qualquer parte do corpo 
que pode ser excitada com ligações das zonas erógenas. A pulsão sexual se 
constitui em uma zona erógena causando o desejo sexual, por intermédio da 
estimulação da zona do prazer, como por exemplo, a boca que assim foi 
devidamente escolhida pela criança ainda na fase da infância como uma região de 
prazer. As satisfações devem ser vividas do prazer, para que depois a mesma possa 
 
 
 
 
novamente ser vivenciada, mas por sua própria natureza, essas experiências não 
devem ser vivenciadas sem importância alguma. O autor afirma que a causa da 
satisfação na fase oral se baseia na ligação dos lábios como um elemento que traz 
prazer, tanto no momento da alimentação, como também com outras formas da 
manifestação da sexualidade. 
O alvo sexual pode ser formulado de outro meio que vai substituir e extinguir 
a sensação e satisfação pelo prazer, mas que para ser suprimido seria necessário 
colocar um segundo estímulo para a zona erógena e que esta abolição se daria por 
um estímulo externo para provocar e extinguir o prazer. A sexualidade é auto 
erótica, pois se volta para o próprio corpo e se caracteriza como perversa porque 
não tem a finalidade da reprodução. Classifica as zonas erógenas como a fonte do 
prazer e que na fase adulta pode ser utilizada prazerosamente em preliminares, 
sendo as zonas erógenas a boca, a região anal e a genital e o corpo como toda a 
pele. 
Existem diferenças significativas quanto às atitudes indispensáveis que 
levam à satisfação quando se trata da região labial, abrangendo assim o chuchar, 
depois de um certo período, deve-se substituir o sugar por outros atos musculares 
que se encontram em regiões que causam o prazer quando são estimuladas. Ele 
considera três fases existentes da masturbação infantil. A primeira está na 
correlação com o período de amamentação, assim o prazer da criança se dá quando 
o peito é mamado, causando um prazer que pode ir além da satisfação relacionada 
com a alimentação. Na segunda fase, o prazer do aleitamento volta, mesmo com o 
predomínio das zonas erógenas, a criança procura pessoas como objeto sexual, 
com a curiosidade em descobrir o próprio corpo e em ver as genitálias de outras 
pessoas, tendo isso como uma fonte de satisfação e de prazer sexual. A criança 
quando influenciada por sedução, seria capaz de ter experiência prazerosa de 
variadas maneiras e em diversas zonas erógenas do corpo utilizando objetos. A 
terceira fase se relaciona com a masturbação presente na puberdade. 
Apesar da criança dominar as zonas de prazer sexual, ela procura pessoas 
para serem usadas como objetos sexuais, bem como acontece quando o indivíduo 
 
 
 
 
se apaixona pela mãe ou pelo pai. A criança ainda quando pequena, é privada e 
carente de vergonha, mostrando em um período da sua infância, logo nos primeiros 
anos de vida, uma compreensível satisfação na exposição da nudez do corpo, tendo 
o seu foco realçado para as partes sexuais, sendo essa curiosidade manifestada 
um pouco depois na infância, no momento em que a vergonha causada pela 
moralidade da sociedade atinge um certo grau de desenvolvimento. 
A perversão causada pela atuação da sedução tem ampla relevância na vida 
sexual da criança. Comprova-se que o surgimento da pulsão do interesse de ver as 
partes do corpo, se dá como manifestação sexual natural. Talatenção sobre a sua 
genitália, em geral pela masturbação, tem a iniciativa, sem nenhuma ajuda, elevada 
ao interesse pelas partes genitais dos amigos. O onanismo do lactante parece sumir 
em dado período na criança, mas a sua persistência até o período da puberdade 
pode resultar em um desvio que é essencial para o desenvolvimento do indivíduo. 
 Ao ocorrer a primeira florescência na vida sexual da criança, que ocorre 
entre os três e cinco anos de idade, se principia o momento da pulsão sexual ou de 
investigação. Tal atividade corresponde, de maneira sublimada de dominação, e por 
outro lado trabalha com a relação à energia escopolifica, que significa o prazer em 
ver. Esta pulsão é atraída nas crianças de forma inesperada e intensa pelas 
dificuldades sexuais levando-as a investigação da criança para a parte sexual. 
O menino usa da resistência em reconhecer o clitóris feminino como um 
órgão legítimo para que venha substituir o pênis, mas essa resistência se dá de 
maneira preconceituosa pela parte do menino. Já na menina, não ocorre a mesma 
resistência e recusa dos meninos, ela de imediato reconhece o pênis, o que lhe 
causa inveja. O homem toma posse de seu pênis como uma genitália autêntica. 
Essa inveja implica no desejo, também da menina em ser um menino, o que 
traz consequências relevantes sobre sua sexualidade. Até esse momento é tudo 
dentro do esperado. Os desvios ou comportamentos invertidos, segundo a teoria 
psicanalítica freudiana, vem de alguns desdobramentos deste momento como a não 
superação da criança, que pode sim originar o homossexualismo. As crianças 
devido a pulsão do saber, são levadas a realizar uma investigação, que muitas 
 
 
 
 
vezes é fracassada pois é feita na solidão, consequentemente uma investigação 
ineficaz sobre os processos sexuais. 
A vida sexual da criança se caracteriza principalmente por ser auto erótica, 
sendo que seu objeto sexual se localiza no próprio corpo, suas pulsões são 
independentes e ela se esforça para que possa obter o prazer. No decorrer do 
desenvolvimento sexual é organizada a vida sexual normal do adulto, sendo que o 
prazer neste momento é somente para a função de reprodução, formando uma 
organização da vida sexual estável para a obtenção do alvo e objeto sexual de 
outro. 
As fases da organização sexual são atravessadas sem nenhuma dificuldade, 
que são elas a oral ou canibalesca, pois nesta fase o prazer ou atividade sexual não 
se desprendeu da nutrição. Já a outra fase é a sádico-anal, fase em que a divisão 
de sexos já se constituiu, mas não se pode ainda dar a nomeação de masculino ou 
de feminino, mas sim chamando-se de ativo e passivo. Essa organização pode-se 
permanecer pela vida toda. 
A fase de escolha do objeto sexual ocorre em dois momentos distintos. O 
primeiro momento ocorre entre dois e cinco anos de idade, mas é pausada por conta 
do período de latência. O segundo momento relaciona-se com o período da 
puberdade no qual o indivíduo define características definitivas da sua vida sexual. 
As escolhas do objeto sexual ainda no período da infância podem se conservar ou 
passar por renovações na fase da puberdade. Acrescenta que ainda no período da 
infância a criança já faz sua escolha do objeto sexual. 
As excitações sexuais provem de satisfações em correlação com alguns 
processos orgânicos e também pelas estimulações das zonas erógenas de prazer 
e algumas pulsões cuja origem ainda não se sabe. As excitações mecânicas são 
causadas por movimentos de agitação que pode se distinguir em três formas 
atuantes de estimulação: 
 A pele; 
 Aparato sensorial; 
 Áreas como músculos e 
 
 
 
 
 Aparelho articulador. 
O movimento mecânico faz com que a criança sinta prazer em brincadeiras 
como balanço e ser jogada para o alto, essas sensações faz com que a criança 
peça para que esse movimento passivo seja repetido mais vezes e insistentemente. 
Quando adolescentes, o movimento de balançar tem totalmente o efeito contrário 
na fase infantil, assim sobrevém o recalque. No momento da puberdade ocorrem 
algumas mudanças, assim leva a uma configuração já definitiva da vida sexual 
infantil, sendo que nesta fase, as pulsões sexuais que antes eram auto erógenas, 
entram em contato com o objeto sexual buscando o prazer a ser alcançado com o 
alvo sexual. 
 
Fonte:www.uploads.metropoles.com 
Na puberdade, a pulsão sexual tem uma função reprodutora. O que se 
destaca na puberdade é o crescimento das genitálias, aparelho este que é 
altamente complexo e que já está pronto para ser usado, podendo promover a 
formação de um outro indivíduo através da transa. Aparelho este que é acionado 
por meio de estímulos. Todas as zonas erógenas são utilizadas para o prazer 
mediante uma estimulação, e este prazer passa a possuir uma energia, podendo 
 
 
 
 
levar ao ato sexual. O pré prazer é produzido pela pulsão sexual infantil, já o prazer 
final surge com a puberdade. 
Ao descarregar as substâncias sexuais, introduz o fim da excitação sexual, e 
é de costume que o aparelho sexual se livra dessas substâncias durante o período 
noturno, devido alucinações fantasiosas para obtenção de prazer, sendo tal 
alucinação um substituto para o ato sexual. Sem o sêmen, as zonas erógenas não 
são estimuladas e é impossível realizar o ato sexual, pois desta forma não se tem 
prazer porque a excitação não é capaz de produzi-la. A libido é uma energia que 
funciona como substrato da pulsão sexual e de caráter qualitativo, sendo de 
natureza sexual. A energia dessa pulsão é o desejo (libido) na qual seu objetivo é 
de alcançar a satisfação e prazer, relacionando-se ao ego pelo interesse em seu 
objetivo, contrastando com a libido do objeto, a libido do ego pode ser também 
chamada de libido narcisista. 
A diferenciação entre masculino e feminino ocorre na puberdade, mas 
reconhece-se já na infância as diferenciações entre masculino e feminino, assim 
como as inibições desta fase como o sentimento da vergonha, nojo e compaixão, 
mais ocorrentes nas meninas, do que nos meninos, trazendo o recalque sexual. Isto 
ocorre mais nas meninas pela inveja do órgão genital masculino, o pênis, sendo que 
o autoerotismo é o mesmo nos dois sexos, essa coincidência extingue a 
diferenciação sexual no período infantil, deste modo a sexualidade da menina tem 
caráter masculino. 
A libido se caracteriza como de natureza masculina apartando o objeto 
sexual, seja feminino ou masculino. Assim, pode-se ter a noção da origem da 
bissexualidade como causa incontestável, sem este pensamento será difícil 
compreender as manifestações sexuais nos homens e mulheres. A angústia infantil 
surge pela não satisfação da libido, já nos adultos quando o desejo não se satisfaz, 
comportam-se como crianças em suas angústias. O afeto pela pessoa amada no 
período infantil, de certa forma também é responsável pela angústia sentida, 
principalmente quando essa pessoa se ausenta, pois, as crianças sentem a falta 
dela. Um exemplo é ter medo do escuro, pois assim quando se veem nesta situação 
 
 
 
 
de escuridão, não se pode ver a pessoa que tanto amam, mas se acalmam quando 
essa pessoa pega em sua mão. 
As repercussões da escolha objetal infantil têm influência no complexo de 
Édipo e Electra. No complexo de Édipo, o menino sente amor de intensidade alta 
pela mãe e quer ocupar o lugar do pai. Já no complexo de Electra, a menina deseja 
possuir seu pai e sua mãe será sua maior rival nesta luta. É comum os rapazes se 
apaixonarem por mulheres mais velhas na adolescência e a menina por um homem 
mais velho, fazendo uma relação com a figura dos pais. É de grande importância 
esse sentimento de amor pelos pais na infância, mas não é o único a ser vivenciado 
na fase da puberdade, permitindo ao indivíduo que se desenvolva mais de uma 
orientação sexual, criando caminhos diversificados para sua escolha do objeto 
sexual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.michellyribeiro.files.wordpress.com 
4 SEXUALIDADE: INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
Segundo Camargo e Ribeiro (1999), ao indicar a relação da criança com o 
mundo adulto, afirmam que ela não possui voz própria e utiliza a terceira pessoa na 
hora da fala, pois os adultos falam por ela. Um dos argumentos citados para essa 
 
 
 
 
atitude é de que se ordenar a criança a fazer algo ela obedecerá em seguida.As 
autoras relatam sobre as diferentes formas que as crianças eram tratadas ao longo 
dos séculos. Na antiguidade cristã, guiada pelos preceitos religiosos, se um homem 
e uma mulher fizessem sexo antes do casamento, seria uma desobediência às 
ordens de Deus. O casamento tratava-se de um ato de propagação da espécie. 
Em 1500, no Brasil, as crianças dependiam das mães até os sete anos de 
idade e logo em seguida iriam viver com a sociedade trabalhando. Os filhos eram 
subordinados aos pais tratando-os passivamente, e em caso de desobediência 
eram castigados fisicamente por meio de palmadas, galhos de árvores com alfinetes 
na ponta e ainda com queimaduras de vela. Pregava-se que a total obediência era 
a única forma de se livrar da punição. A criança era impedida de participar das 
reuniões de família nas quais os mais velhos passavam ensinamentos aos outros. 
No século XIX com a teoria da evolução, o ser humano se torna um objeto 
de estudo e para realizar investigação de cunho científico foi preciso estudar o 
homem nas suas diversas dimensões, incluindo a infância. As investigações 
realizadas ajudaram na produção de estudos sobre as aprendizagens nas áreas 
como psicologia, pedagogia e biologia, que até hoje servem para auxiliar na 
formação dos educadores e família. Os resultados da pesquisa serviram também 
para obtenção de dados sobre a infância e tornar a infância um campo de estudos, 
mudando o conceito de que a criança fosse apenas um acessório na família. 
Tais conhecimentos ajudaram na implantação de políticas higienistas que 
modificaram a organização familiar e ajudavam na prática escolar das crianças. O 
ponto forte dessa pesquisa política era a sexualidade, pois ao controlar este aspecto 
se controlava a sociedade. Então o conhecimento médico chegou a família, que era 
considerada frágil, fazendo com que a mãe e a escola, que antes tinham apenas o 
papel de cuidar da saúde e educar as crianças, se tornassem responsáveis também 
pelo seu futuro, ou seja, caso a criança venha a fracassar na fase adulta, a 
responsabilidade seria da escola e da mãe. 
As relações existentes no interior da família começaram a ser modeladas e 
controladas no século XIX, para que isso acontecesse seria necessário manter o 
 
 
 
 
convívio íntimo na família e com isso, a mãe era a supervisora, e por meio da 
disciplina mantinha o controle sobre o filho. Mediante isso, uma nova estrutura 
familiar foi criada. Se antes o homem era pai e patrão, a partir de agora ele deveria 
buscar renda para manter os filhos, que eram educados pela mãe, não para serem 
servos como antes, mas sim para servir e amar os pais e a sociedade. 
Por parte dos médicos havia uma preocupação da alta taxa de mortalidade 
infantil, pois consideravam a criança importante na sociedade. Deste modo, criaram 
regras de conservação de saúde, do desenvolvimento físico e intelectual. As regras 
também foram empregadas nas escolas e entre elas a proibição da masturbação e 
não utilizar bebida ou droga, pois eram concebidos como hábitos nocíveis à saúde. 
Essas regras tinham como sustentação uma proposta de educação higienista, ou 
seja, a criança deveria ter hábitos saudáveis para se tornar um adulto perfeito. 
 O colégio não era visto como apenas um lugar de afastamento da família, 
mas sim, como um lugar de manipulação político-econômica pela burguesia. As 
regras severas determinavam que um sistema controlava o sexo. O caso mais 
característico era a proibição da masturbação que até o século XIX era vista como 
conduta isolada sem nenhuma importância, depois passou a ser considerada um 
crime por aquele que a praticava. 
As áreas da educação voltaram a ocupar-se com a infância e a sexualidade 
infantil tentando entender as coisas que circulam na sociedade. O poder adulto até 
hoje tem forte influência na sexualidade da criança só que de forma mascarada. 
Prevalece também, nas escolas, o medo de falar a respeito da sexualidade, pois 
querendo ou não, ela ainda é individualista, mantendo assim, uma divisão por sexo, 
idade e capacidade intelectual e ainda tem o professor como o centro da 
aprendizagem. O poder, de várias formas, manipula as crianças que se sentem 
acuadas com o grande acúmulo da disciplina imposta. 
Para elas, se na idade média, o sexo tinha o papel de fazer a família crescer, 
no começo do século XIX a sexualidade passa a fazer parte da cultura. A religião 
fez com que o sexo fosse considerado pecado da carne. Em São Paulo, por 
exemplo, impunha-se que o apetite sexual excessivo deveria ser controlado. 
 
 
 
 
Um dos processos que levaram à punição da sexualidade foi a liberdade 
sexual para o homem e submissão para as mulheres, fazendo com que apenas a 
maternidade fosse sua função mais significativa. Hoje quando se fala em 
sexualidade, a ideia apenas do ato de reproduzir desapareceu e surgiu o prazer.No 
lugar da proibição do sexo foi projetada a ideia de que o amor e o sexo são livres e 
cada um pode traçar a sua vida sexual. A dominação imposta pelas diferentes 
instituições, sejam elas a igreja, família e a escola servem de fundamentação para 
os professores, pois cada um ensinará da maneira que foi ensinado na infância 
como modelo para ensinar aos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.belicosa.com.br 
O sistema educacional trata a criança como adulto em miniatura e esquece 
que a sexualidade não tem idade para ser trabalhada. Se a criança não for ensinada 
de forma correta ela elabora suas próprias teorias sexuais de acordo com o que ela 
vive em seu cotidiano. A sexualidade está em constante mudança e essas 
mudanças devem ser compreendidas, mesmo sendo abordada como tabu, pois em 
nenhum momento deve-se falar do corpo. A escola, muitas vezes, neutraliza os 
desejos infantis sobre conhecer o seu corpo. 
 
 
 
 
No trabalho educacional, a maioria dos professores não está preparada para 
tratar da sexualidade com seus alunos, pois devem seguir um modelo instituído pela 
escola, ou tem medo de atuar, mesmo sabendo que seu aluno tem necessidade 
sobre o assunto. Além das dificuldades para abordar o tema sexualidade em aula, 
os professores têm medo de represália ao tratar do assunto. Pensar diferente é uma 
ousadia que supera a padronização. É um desafio. 
Não há um caminho correto para que a criança se torne adulto, nem o que 
ela deve seguir para que isso aconteça, o dever da criança é algo que ainda resiste, 
ou seja, a criança deve seguir aquilo que é padronizado pela sociedade, recusando 
assim os modos de manipulação, para que ela tenha uma maior sensibilidade com 
o próximo. É preciso que a família, assim como o sistema de ensino, ajude nesse 
processo de modelização da subjetividade. 
 A educação sexual ainda é polêmica, pois muitos acreditam que a 
abordagem sobre a questão sexual, pode fazer com que a sexualidade da criança 
e do adolescente desperte, já para outros, o ensinamento proporcionará aos jovens 
conhecimentos sobre quão importante a vida sexual é. O estudo da sexualidade na 
escola não fará com que os alunos despertem o apetite sexual mais cedo, e nem 
que aumentem os casos de gravidez ou aborto entre os adolescentes. 
A educação sexual na escola não devia ser polemizada, pois as 
consequências da ausência de informações podem ser sentidas na sociedade 
quando se vê na televisão, jornais e outros meios de comunicação casos de 
adolescentes com doenças sexualmente transmissíveis, ou quando há jovens 
garotas grávidas. Fale-se que a educação sexual deve ser trabalhada levandoem 
conta as relações sociais, respeito, autonomia e tendo como foco principal a 
intimidade. Para entender a sexualidade humana é preciso discuti-la com total 
liberdade sem medo de represálias e de pré-julgamentos. 
A sociedade está em uma época cuja descoberta científica tem ajudado cada 
vez mais com as possibilidades de mobilidades sociais e de relacionamentos. Essas 
descobertas exigem uma consciência mais ampla, ajudando assim o homem e a 
 
 
 
 
mulher para realizarem uma opção mais apropriada, no caso, em todas as escolhas, 
incluindo as sexuais, sem controles sociais. 
É comum encontrar em revistas, testes para analisar a virilidade do homem 
e a feminilidade da mulher, ou artigos que indicam regras para um bom desempenho 
sexual. Ainda são encontrados métodos para se encontrar o parceiro ideal. As 
revistas procuram padronizar a conduta sexual de seus leitores. A presença do 
educador que está disposto a ensinar sobre a intimidade sexual no âmbito escolar 
fará com que os alunos tenham uma visão totalmente diferente da visão vendida 
pelos meios de comunicação. 
 A liberdade sexual ainda não foi conquistada, ao considerar que a tão 
divulgada liberdade sexual é nada mais do que um fato e um dever social. Em 
consequência disso há uma representação nas mídias e nos livros que a maioria 
dos homens e das mulheres, tem certa dificuldade em atingir os seus desejos 
sexuais e com isso, criam satisfações ilusórias. Tanto na vida pública, como na 
intimidade precisam se envolver cada vez mais, considerando as atividades da vida 
pública e o sexo como uma formalidade obrigatória, ou seja, o sexo deve ser tratado 
normalmente sem que haja nenhum tabu. 
Deve-se levar em conta as tendências e os afetos que se realizam apenas 
na conquista de bens materiais, cada vez mais deixa-se de amar as pessoas pelo 
que elas são, mas sim pelo que elas têm a oferecer, transformando o corpo em 
objeto de uso, como os objetos de consumo diário. Com isso, vale refletir sobre um 
adolescente que troca seu corpo por algo que precisa ou por alguma coisa que está 
em alta nos meios de consumo. 
É importante ressaltar que para trabalhar a educação sexual, o conhecimento 
e o desenvolvimento da vida sexual com mais liberdade e espontaneidade, 
aceitando as diferenças de cada um, seja ele o educador ou o adolescente. No 
entanto, são vários os desafios, pois o caminho vai além da grande complexidade 
da vida moderna. A tecnologia hoje oferece ao aluno várias maneiras de 
ensinamento sexual tanto para o homem, como para a mulher que não favorecem 
a real reflexão sobre suas necessidades e vontades. 
 
 
 
 
Para mudar a ideia de que a sexualidade é apenas individualista, deve-se 
deixar claro que a liberdade é igualitária, mas deve-se ter também a oportunidade 
para a questão igualitária, isso é, deve-se tratar de todos os temas que abordam a 
sexualidade, seja a homossexualidade, o machismo e a virgindade entre outros, 
com respeito, mesmo que sejam polêmicos. Com isso, será permitida a participação 
dos alunos fazendo com que eles sintam a liberdade para falar e debater tais temas 
sem medo de pré-julgamentos. Assim os professores poderão responder as suas 
dúvidas. Dessa maneira, serão trabalhadas as relações interpessoais fazendo com 
que os alunos construam uma postura crítica sobre esses temas polêmicos fugindo 
um pouco da normatização imposta pela sociedade. 
Na atualidade não é mais possível que os temas relacionados com a vida 
sexual passem despercebidos pela sociedade. Felizmente, alguns temas começam 
a ser discutidos com os educandos com seriedade em qualquer faixa etária e 
observar sua real importância. 
 
Fonte:www.i0.statig.com.br 
A escola está encarregada de passar aos seus alunos a questão de 
aculturamento como também as formas de comportamento aceitas pela sociedade, 
ela deve ser um espaço para se questionar esses ensinamentos. Ao se enquadrar 
 
 
 
 
nos modelos existentes, os professores apresentam apenas o conhecimento 
técnico científico, enquanto os conhecimentos sociais são apresentados 
brevemente sem nenhum enfoque. Nessa medida, ambos os conhecimentos, 
científico e social, são ensinados como algo sem relevância, sem necessidade de 
mais aprofundamento. Desta forma a instituição escolar se baseia apenas na 
metodologia imposta pela sociedade. 
No campo da educação os papeis são divididos nitidamente, entre o 
professor/aluno, pois um planeja e o outro excuta. O ensino ainda acredita que os 
alunos não têm o poder de crescimento, ou seja, os alunos não devem transferir 
conhecimento sobre determinado assunto ao educador. A educação sexual 
trabalhada com a intenção de abrir diálogo e reflexões sobre vários assuntos não 
apenas para aqueles relacionados à sexualidade. 
 A sexualidade humana é mais do que um ato sexual e a reprodução, ela 
também se compõe de pessoas, de sentimentos e os relacionamentos pessoais. 
Agrega aprendizados, reflexões, planejamentos e tomadas de decisões. Fala-se 
que nos currículos dos cursos de formação de professores deveria ter uma disciplina 
sobre a sexualidade, não apenas um breve estudo sobre as partes do corpo, mas 
sim despertar as possibilidades do corpo e das emoções. 
Um dos grandes desafios da educação é considerar as singularidades e as 
possibilidades que se tem de afetar e ser afetado. A construção do corpo sexuado 
requer a representação de vários aspectos da sociedade. Essa construção é 
transformadora, pois todos estão dispostos a aprender, tanto mestre como aprendiz. 
Para trabalhar a educação sexual, é importante buscar conhecimento daquilo 
que não sabe e com isso gerar novos pensamentos, que então incidirá em 
perguntas. Com isso, o educador pode ser mediador, ajudando o aluno nessas 
questões. Ao término, as autoras indicam que há um tabu em falar da sexualidade 
com as crianças e que desde muito cedo são impedidas de falar. Elas ainda 
levantam que com o ensinamento da educação sexual, as crianças se tranquilizam 
com relação às dúvidas que tem sobre sexualidade e as solucionam e desenvolvem, 
tornando-se pessoas conscientes dos seus valores e direitos. 
 
 
 
 
5 SEXUALIDADE E IDENTIDADE 
Foucault (1984) ao realizar uma entrevista sobre sexo, política e identidade 
afirmou que a sexualidade das pessoas faz parte das ações e atitudes do dia a dia, 
pois é libertadora e possibilita construir novas e diversificadas formas de relações e 
novas formas de amar. 
O autor cita “O que eu gostaria de dizer é que, em minha opinião, o 
movimento homossexual tem mais necessidade hoje de uma arte de viver do que 
de uma ciência ou um conhecimento científico (ou pseudocientífico) do que é a 
sexualidade.” (FOUCAULT, 1984, p. 26). 
 Com isso afirma que os homossexuais hoje em dia ficam bloqueados pela 
busca de informações o que causa conflitos com seus desejos e acabam não 
vivendo seus próprios desejos, não viver a sua sexualidade, pois o sexo pode dar a 
possibilidade de viver uma vida mais diversificada. Ninguém descobre-se gay, o 
indivíduo se constrói ao longo da vida, das suas vivências como tal. Complementa 
que gay é fazer escolhas, assumir-se e construir meios para sua vida, criar assim 
um modo de vida gay. 
 A sexualidade deve ser entendida em outro sentido, as pessoas quando 
vivem sua liberdade sexual, podem perceber que cada uma tem o seu mundo, a 
sua arte, o que torna a sexualidade uma força muito produtiva do ser. A criação de 
uma vida cultural envolve as escolhas sexuais. É necessário que o movimento 
homossexual vá além dos direitos civis. É importante o respeito, e destacar o 
desrespeito aos direitos civis do sujeito homossexual. 
A estabilização dos problemas relacionados à liberação da sexualidade seria 
construir novas maneiras de viver a vida, amizades na comunidade, das relações 
sociais, criação de uma nova cultura construída por intermédio de escolhas sexuais, 
políticas e éticas. Para Foucault,não se deve criar uma cultura própria para os 
homossexuais, mas sim criar uma cultura aberta a todos, mas nem sempre, o que 
se relaciona com os homossexuais irá chamar a atenção do próprio, como por 
 
 
 
 
exemplo: fazer um filme sobre um romance homossexual nem sempre irá chamar a 
atenção dos homossexuais. 
A prática sexual nem sempre tem a ver com a inserção do sadomasoquismo 
na relação. Muitas vezes essas ideias de novas práticas sexuais estão escondidas 
no inconsciente. O sadomasoquismo é uma forma de criar novos prazeres, e nem 
sempre as pessoas que fazem o uso desta prática sexual são agressivas no dia a 
dia, elas buscam apenas um meio para a liberação desta violência utilizando certas 
partes do corpo para causar mais prazer. É a utilização do corpo para o começo de 
uma diversidade de prazer, pois testar novas possiblidades de prazer faz parte da 
cultura. 
A identidade pessoal que as pessoas pensam ser algo regrado, com leis e 
princípios da existência acaba se tornando um problema. Como seres únicos e 
diversificados, cada pessoa constrói sua identidade a partir de uma diferenciação e 
inovação, e é a partir desta construção de identidade que é possível que se encontre 
prazer, não considerando que a identidade seja sempre a mesma, cheia de regras, 
ética e que todos são iguais. 
A resistência é um dos elementos que constitui o poder. Poder este, que 
Foucault relata que é uma relação com outras pessoas, em determinadas situações 
de estratégia. Esse poder tem a função de mudar uma situação e influenciá-la. Não 
se pode retirar a resistência, pois quando não se quer fazer algo, ocorre uma 
resistência ao poder, o que causa uma mudança nas relações. 
O sadomasoquismo lésbico é um meio que as mulheres usam e que permite 
que os modelos de feminilidade sejam liberados, sendo uma forma também de luta 
contra o preconceito com o feminismo. O sadomasoquismo é a erotização do poder, 
pois é um jogo que pode ser revertido, ora alguém domina, ora o que dominava é 
dominado e pode ceder lugar à mudança, diferente do poder social. 
Nos tempos antigos, a amizade se formou em uma relação social essencial, 
mas foi banida de forma preconceituosa da sociedade, pois acreditavam estar 
associada à homossexualidade e, assim, poderia ser uma ameaça à ordem social. 
As instituições trabalhavam para diminuir em uma escala considerável as relações 
 
 
 
 
afetivas entre as pessoas, principalmente nas escolas. Com a criação das escolas 
secundárias levantaram um questionamento de como impedir a amizade e relações 
sexuais entre jovens. 
 A homossexualidade naquela época era um problema social, pois a amizade 
desapareceu, quando havia amizade entre os homens não se observava se 
mantinham relações sexuais entre eles, mas devido ao desaparecimento da 
amizade a pergunta era o que dois homens faziam juntos sozinhos? Com isso 
ocorre a declaração da homossexualidade como problema social. A mudança de 
vida das pessoas não se deve à inovação política, mas aos movimentos que 
transformam a sociedade e até mesmo as pessoas que não pertencem a tais 
movimentos. É muito positivo para a sociedade essas transformações da 
mentalidade das pessoas para que se tornem menos preconceituosas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.c1.staticflickr.com 
6 PARÂMETROS CURRICULARES E ORIENTAÇÃO SEXUAL 
Nos anos de 1970, se intensificou uma discussão sobre o conteúdo da 
sexualidade a ser inserido na escola, devido a alguns movimentos sociais que 
 
 
 
 
mudaram a forma de pensar na época, repensando alguns conteúdos trabalhados 
pela escola. 
Na década de 1980, devido ao aumento da gravidez na adolescência e seu 
crescimento juntamente com o risco de contaminação do HIV (vírus da AIDS) entre 
os adolescentes. Com o tempo, o conservadorismo foi perdendo espaço e os pais 
hoje em dia solicitam que a escola aborde o tema sobre orientação sexual, já que 
as famílias têm uma dificuldade de conversar com seus filhos sobre a sexualidade. 
Mesmo com essa reivindicação, algumas instituições escolares ainda reprimem a 
sexualidade, alegando que a família deve ser a responsável para abordar esse 
tema. 
Os pais, de certa forma, até os mais conservadores realizam a educação 
sexual de seus filhos, fazem recomendações e proibições e muitas vezes o que 
recomendam ou proíbem está relacionado com a sexualidade, permitindo assim que 
a criança construa a sua sexualidade de maneira inadequada. A mídia acaba 
influenciando uma mudança de comportamento e visão, utilizando campanhas e 
imagens que podem levar a fantasias sexuais, muitas vezes de forma errada e pode 
moralizar e reforçar preconceitos. 
 A sexualidade está presente na escola e é praticamente impossível impedir 
que a escola imponha aos seus alunos que a sexualidade não está dentro do 
ambiente escolar. A curiosidade é grande entre os alunos, causa um interesse em 
saber mais sobre sexualidade. Sendo assim, a escola deve desenvolver uma ação 
para sanar as dúvidas e curiosidades dos alunos da instituição. 
Trabalhar somente o conteúdo do currículo na área da ciência e biologia, 
dando ênfase aos órgãos reprodutores, não é capaz de satisfazer as curiosidades 
sobre a sexualidade. Sabe-se que quando o aluno pergunta e não obtém resposta, 
ele acaba se inibindo, perde a capacidade de investigar, tendo interferência no seu 
desenvolvimento da aprendizagem. A escola intervém sobre o assunto da 
sexualidade abordando a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis 
(DSTs), desenvolvendo ações educativas, chamando a atenção dos alunos para 
uma conscientização. 
 
 
 
 
Trabalhar a orientação sexual em sala de aula aumenta o conhecimento 
sobre os direitos sexuais, questões de reprodução como a gravidez e o estupro. A 
inclusão da orientação sexual nas escolas traz para as crianças e adolescentes um 
bem-estar e autoestima na vivência de sua sexualidade. 
A sexualidade se relaciona com o psíquico das pessoas e se manifesta desde 
o nascimento até a morte de cada indivíduo. Sendo assim a sexualidade vai além 
das genitálias, é também uma forma de expressão, pois envolve a antropologia, traz 
a sexualidade como uma forma de expressão cultural e social. Assim, o indivíduo 
constrói sua sexualidade a partir das vivências sociais e suas interações culturais. 
 Apesar de existirem estudos sobre a sexualidade e suas manifestações 
desde o nascimento e no período infantil, ainda há profissionais da educação que 
se recusam a aceitar ou reconhecê-las e alegam que as crianças são puras e 
quando expressam alguma coisa relacionada à sexualidade, se dá pelas influências 
e convivência com os adultos. 
 
 
Fonte:www.educacaopublica.cederj.edu.br 
 As instituições escolares estão conseguindo incluir o tema em discussões 
sobre a sexualidade em seus projetos, utilizando uma linguagem mais próxima dos 
 
 
 
 
jovens na fase em que há uma certa crise de identidade, proporcionando a estes 
adolescentes um caminho para a construção da sua identidade. 
O trabalho da sexualidade na escola não exclui a função da família de tratar 
sobre o assunto, a escola complementa, amplia o conhecimento dos jovens e 
crianças. Vários temas relacionados a sexualidade devem ser discutidos em sala 
de aula, para que o aluno possa criar um ponto de referência, fazendo uma reflexão 
sobre o que se trata a sexualidade. 
Essa proposta de trabalho não é individual para cada aluno, mas em 
eventuais questões individuais e pessoais dos alunos que podem ser atendidas de 
forma especializada por profissionais da educação individualmente. 
As manifestações da sexualidade acontecem desde a fase infantil partindo 
da premissa de conhecer o próprio corpo e o corpo do outro. É importante que a 
escola tenha um posicionamento sobre o que acontece dentro do ambiente escolar 
para que assim seja possível um diálogo para sanar as dúvidas dos alunos desde 
o infantil até os do ensino médio. 
Nãoé dever da escola opinar ou julgar sobre a atuação da família no que diz 
respeito à educação de seu filho. A escola deve se posicionar quanto aos direitos 
da criança e adolescente, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
quando forem violados. Portanto, a abordagem sobre sexualidade no espaço 
escolar deve ser bem explicitada, de forma clara para que assim possibilite uma 
aquisição de conhecimento sempre crescente. O proposto é trabalhar a sexualidade 
como um tema transversal e interdisciplinar, abrangendo todas as áreas do 
conhecimento. 
É importante que os professores estejam preparados para tirar dúvidas 
frequentes dos alunos a respeito da sexualidade, já que suas manifestações são 
ocorridas imprescindivelmente. Muitas vezes, o professor terá de sair um pouco do 
currículo para tratar da sexualidade, pois podem ter casos de tratamento específico. 
 O objetivo de trabalhar com a orientação sexual é favorecer aos alunos um 
caminho para que possam desenvolver e viver sua vida e sexualidade com base na 
 
 
 
 
responsabilidade e prazer. Frente a alguns dos objetivos pode-se destacar o 
respeito à diversidade, tanto relacionado à sexualidade quanto a crenças e valores. 
É importante que até o final do ensino fundamental o aluno tenha o 
conhecimento sobre seu corpo, evitar discriminação e aceitar as diferenças. O 
conteúdo a ser trabalhado em cada aula, deve levar em conta a faixa etária dos 
alunos. 
 Nos Parâmetros Curriculares Nacionais- Orientação Sexual, foram definidos 
três blocos norteadores: Corpo: Matriz da sexualidade; Relações de Gênero; 
Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/AIDS. 
6.1 Corpo- Matriz da sexualidade 
No que diz respeito ao corpo e matriz deve-se compreender a diferenciação 
entre corpo e organismo. O organismo seria tudo aquilo que compete a estrutura 
biológica do ser humano. O conceito de corpo seria a interação com o meio e inclui 
as suas potencialidades e aprendizagens. 
A abordagem do tema deve ir além de conceito de anatomia, pois o corpo é 
carregado de sentimentos e sensações. Diversas disciplinas podem trabalhar 
concepções e ideias sobre sexualidade como a disciplina de história que traz uma 
visão de como a sexualidade era vivida em diversas sociedades, como eram as 
vestimentas e comportamentos adotados pelas pessoas da época. 
Também deve ser trabalhada a questão sobre reprodução e saúde sexual 
mostrando caminhos para a prevenção de doenças e cuidados que devem ser 
tomados para preveni-las. Com isso, ao ser trabalhada a saúde sexual, promove-
se uma conscientização de cada indivíduo sobre prevenção e saúde. Os 
profissionais da educação têm a possibilidade de trabalhar com diversos materiais 
para um melhor entendimento dos alunos. 
 
 
 
 
 
6.2 Relações de Gênero 
O conceito de gênero parte do entendimento de feminino e masculino como 
sendo uma fonte de construção social. 
Mesmo hoje ocorrendo transformações na sociedade, há ainda uma 
discriminação que se relaciona na diferença ente homens e mulheres, na qual a 
mulher não tem as mesmas condições e oportunidades na sociedade que são 
oferecidas aos homens, com isso há o menosprezo à mulher e à desigualdade 
social entre homens e mulheres. 
A proposta de trabalhar com o tema relações de gênero é jogar em questão 
os padrões que a sociedade impõe sobre as pessoas. Flexibilizar padrões da 
sociedade é transformar e permitir que cada pessoa se desenvolva e expresse suas 
emoções e sentimentos, mas sem a transformação que os estereótipos de gênero 
causam, como a repressão nos meninos e meninas, que pelos padrões impostos 
pela sociedade, não vê com bons olhos um menino com características muito 
sensíveis. As peculiaridades de cada indivíduo devem ser vivenciadas e não 
reprimidas. 
Há várias disciplinas que podem trabalhar em sala de aula sobre relações de 
gênero, um exemplo, seria a disciplina de artes que faz uma analogia de expressões 
corporais e padrões, no caso da dança, não é muito bem-visto um menino 
praticando balé. No caso da matemática, por meio de dados e números coletados 
por pesquisas e que se chega a resultados. Esses dados mostram como, por 
exemplo, o avanço da mulher nos dias de hoje comparado ao passado, comprovam 
que a mulher ganhou e ganha cada vez mais espaço em diversas áreas onde o 
homem domina em maior porcentagem. 
 É importante que no contexto da sala de aula, se o professor presenciar 
atitudes discriminatórias por parte dos alunos para com outros colegas, que ele 
intervenha imediatamente, para que possa resolver o conflito e levantar um 
questionamento sobre estereótipos relacionados a sexualidade e gênero. 
 
 
 
 
Com isso, conversas com os alunos sobre intolerância, mostrar a diversidade 
de formas que homens e mulheres podem viver e o quanto essa discriminação 
influencia e afeta a vida de quem é vítima de intolerância sexual. Deve ser explicado 
que cada pessoa tem suas particularidades e que devem ser vividas, e não é porque 
um menino é mais sensível que ele será gay ou no caso da menina que gosta de 
jogar futebol não quer dizer que ela é lésbica. 
 
 
Fonte:www.cdn.serpadres.com 
6.3 Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids: 
Discutindo as doenças sexualmente transmissíveis/Aids, precisa-se 
transmitir uma mensagem às pessoas sobre prevenção dando ênfase à vida e não 
à morte. Promover a saúde com prazer, mostrando várias formas de contato com a 
doença. 
Ao abordar o tema AIDS, deve-se falar sobre os meios de transmissão do 
vírus e a diferenciação entre o doente, portador e o tratamento utilizado. É 
necessário que o professor busque conscientizar e incentivar as prevenções por 
parte dos alunos no ato sexual. É imprescindível também realizar uma discussão 
sobre o obstáculo que faz com que o indivíduo fique impedido de realizar o sexo 
com segurança. 
 
 
 
 
Este trabalho promove nos alunos a exposição de seus medos e angústias 
sobre o tema e seus mitos e cultura, é indispensável o sexo seguro. Deve-se deixar 
claro que mesmo com os avanços da medicina e o desenvolvimento de vários 
medicamentos no combate à doença, ainda não foi descoberto um medicamento 
para a cura da AIDS. 
O autor cita uma pesquisa divulgada sobre a AIDS no mundo e demonstra 
que os jovens são mais suscetíveis a contrair o vírus, pois estão mais expostos ao 
risco de contaminação que é uma das principais causas, o sexo não protegido. 
Por conta das dificuldades dos alunos para lidarem com o tema, é necessário 
que as escolas firmem parcerias com unidades de saúde, para que os próprios 
alunos percam seus medos e busquem ajuda especializada que lhe forneça toda 
uma estrutura em relação à saúde sexual e também terapêutica. 
Com isso, em sala de aula leva-se em conta a vivência dos alunos quando 
eles desejam falar sobre o assunto. A escola não deve trazer nenhum tipo de teste 
para sorologia. 
O tema AIDS também deve ser trabalhado como um tema interdisciplinar, 
pois todas as áreas do conhecimento podem abordar o tema, como por exemplo, a 
língua portuguesa, e o professor pode trabalhar com os alunos vários gêneros 
textuais sobre doenças sexualmente transmissíveis. 
6.4 O trabalho com orientação sexual com espaço específico 
Os trabalhos com orientação sexual podem ser desenvolvidos de forma 
específica, pois os jovens são os mais interessados no assunto a ser tratado. Várias 
temáticas precisam de espaço específico para serem discutidas como, por exemplo, 
a homossexualidade, gravidez, iniciação da vida sexual e outros temas. O espaço 
deve ser exclusivo, pois o professor precisa estar preparado para sanar as dúvidas 
dos alunos e também debater temas que são considerados polêmicos. 
 Este trabalho não precisa ser realizado por um professor específico da área 
de ciências, mas deve ser trabalhado por educadores que exercem outras funções 
 
 
 
 
na escola. Para realizar o trabalho e que tenha uma boaaceitação dos alunos, o 
professor mediador tem de ser uma pessoa próxima dos alunos e de sua confiança. 
 Antes de se iniciar a abordagem com os alunos, é importante que a 
comunidade escolar esteja ciente sobre a forma de como será feita a abordagem 
com os alunos. A família também deve ser avisada, e de preferência, de forma 
direta. É imprescindível deixar claro para a família que o projeto dentro da escola 
não substitui a educação dada pelos pais e mesmo se ainda houver resistência o 
aluno não irá frequentar as aulas sobre o tema. 
As salas devem ser divididas por faixas etárias ou por série, com no máximo 
vinte e cinco alunos por turma, que devem ser mescladas. 
Vários métodos podem ser utilizados para se desenvolver o tema, assim 
como os alunos trazerem sugestões e perguntas de forma anônima e colocá-las em 
uma caixa de sugestões e perguntas que devem ser respondidas. Algumas regras 
devem ser estabelecidas como o respeito às perguntas de todos, a não 
discriminação e outras. 
A avaliação deve ser de forma contínua enquanto prosseguir o projeto e pode 
ser feita até mesmo pelos próprios alunos, para que possam cada vez mais sugerir 
formas de trabalhar o tema para maior desenvolvimento das aulas. Questionários 
poderão ser respondidos para que haja uma melhor avaliação do trabalho 
desenvolvido com a Orientação Sexual. 
7 SEXO BIOLÓGICO E ORIENTAÇÃO SEXUAL 
Picazio (1998) descreve sexualidade como um tema difícil a ser explanado 
pela sociedade, considerado como um atrativo físico e relacionado com o 
desempenho sexual. Assim, a sexualidade é vista como o sexo pelo sexo, mesmo 
tendo várias regras de comportamento e de valores morais, na qual o homem tem 
um papel dominante sobre a mulher e cria uma sociedade machista. 
O autor reflete sobre o não questionamento da sexualidade de cada indivíduo 
a ênfase dada sobre a relação sexual. A sociedade não tem o hábito de encarar a 
 
 
 
 
questão da sexualidade como parte da evolução do desenvolvimento do indivíduo. 
A base da sexualidade se tem na adolescência, que permite a cada um ter novas 
experiências e desejos que antes não se manifestavam. 
A sociedade causa a repressão de pensamentos e faz com que o jovem 
desconverse quando é questionado sobre sua sexualidade, agindo com total 
preconceito em relação ao tema. O jovem, mesmo com dúvidas em relação às 
condutas diferentes na sexualidade, prefere se calar a qualquer conversa que soe 
preconceituosa, acreditando que o mundo ainda não está preparado, pois se afasta 
das minorias, tornando-as responsáveis por atitudes erradas. 
O autor relata que falar de sexualidade causa uma variação de prazer e de 
medo. O prazer surge a partir do momento que se imagina uma área da vida que 
traz felicidade por meio da sexualidade. O medo, por sua vez, surge na ideia de que 
nunca poderá ser encaixado naquilo que o mundo determina como adequado. 
Uma sociedade harmônica é aquela que respeita os diferentes permitindo 
que todos possam viver em igualdade. Um ser humano harmonioso é quem respeita 
os desejos do próximo conseguindo lidar com o que é diferente. A liberdade é 
sempre almejada por todos, mas só é conquistada com coragem de viver em 
harmonia com o que se sente e deseja, respeitando também a liberdade do outro. 
É importante ressaltar que cada ser humano é diferente um do outro, com 
isso não se deve aceitar a diversidade como o caminho a seguir, porém deve-se 
aceitá-la como parte da existência humana. Para entender os aspectos que 
constroem a sexualidade é importante que compreenda as diferentes 
manifestações da sexualidade. 
A sexualidade deve ser dividida em quatro pontos relevantes, que são: o sexo 
biológico, identidade sexual, papel sexual e a orientação do desejo sexual, também 
conhecida como orientação sexual. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.clickideia.com.br 
O sexo biológico é construído pelas características fenotípicas e 
genotípicas do corpo humano. De acordo com a genética, na sexta semana de 
gestação começa a determinar se o feto será masculino ou feminino. Logo após, 
começam a ser formados os órgãos genitais. Mais tarde, após o nascimento, 
surgem as características sexuais secundárias que são determinadas pelos 
hormônios durante a puberdade. Em alguns casos existe uma variação hormonal 
que faz com que algumas mulheres tenham pelos na face e alguns homens tenham 
mamas. Esse excesso de hormônios não tem nada a ver com o comportamento 
sexual ou a orientação de seu desejo. 
O sexo biológico é referência na construção da identidade sexual. A 
diferenciação homem e mulher mostra que tratamento receber-se-á do mundo, de 
acordo com os valores da sociedade, e com esse tratamento recebe-se uma direção 
do que é ser masculino e feminino, pois não nasce homem e mulher e, dessa forma, 
o aprendizado deve surgir no convívio social. 
De acordo com o crescimento, surge a identificação com valores da 
sociedade denominados femininos e masculinos tais como estilos de roupas, ídolos, 
 
 
 
 
profissões entre outros. Porém, a sociedade faz com que se deixe muitas dessas 
escolhas que não estão de acordo com o sexo biológico. 
Na sociedade, ser masculino ou feminino varia de época e cultura. Na 
Escócia, por exemplo, um homem que usa saia se sente tão masculino quanto os 
que não usam. Já no Brasil o homem que usar saia na sociedade é compreendido 
como um homem sem masculinidade. 
Ainda que a identidade sexual se baseia no sexo biológico ela não está 
totalmente presa a ele. Existem pessoas que acreditam ser homem e mulher ao 
mesmo tempo, essas pessoas são denominadas travestis. Ainda existem pessoas 
que tem uma identidade sexual contrária ao seu sexo biológico, essas pessoas são 
as transexuais. 
Para o autor, a identidade sexual está ligada à ideia na qual o indivíduo 
acredita ser, ou seja, no decorrer da vida, ela é desenvolvida por meio da imagem 
física, tal como a pessoa é tratada e como ela se sente. É no sentir que persiste a 
dúvida de como a identidade sexual pode ser construída, já que o sentir é algo 
particular de cada um. 
Os papeis sexuais são definidos como comportamentos masculinos ou 
femininos das pessoas na sociedade. Desde a infância, os elementos da família vão 
atribuindo vários papeis em relação ao que esperam do bom filho e da boa filha. 
Essa concepção é passada em virtude do que se considera adequado ao sexo 
biológico da criança. Tudo que se relaciona a “coisas de homem” ou “tipo de mulher” 
faz parte do papel social e sexual que a pessoa adquire. 
O autor usa o exemplo de uma mulher que não entende de futebol e que com 
isso ela acredita ser uma atitude adequada por ela ser mulher, sendo estimulada a 
não entender do assunto. Claro que, caso ela queira entender de futebol como 
qualquer homem, ela pode ser julgada, pois estará desempenhando um papel 
sexual típico de homem para a cultura ocidental. 
Quem desempenha papeis sexuais diferentes dos habituais, na maioria das 
vezes são denominados homossexuais. Não é porque a pessoa desempenhe 
papeis sexuais fora da cultura que ela será homossexual, a pessoa só é 
 
 
 
 
homossexual quando ela deseja sexualmente outra pessoa do mesmo sexo. Picazio 
afirma o seguinte a respeito: “Não há correspondência entre os papeis sexuais que 
adquirimos e a nossa orientação afetiva sexual”. (PICAZIO, 1998, p. 23). 
O papel sexual varia de acordo com a época e a cultura, o de hoje 
provavelmente não será o mesmo de amanhã, pois a sociedade vem mudando a 
conduta de homem-provedor e mulher-submissa. 
A orientação sexual é o sentimento de atração que se direciona a pessoa 
com quem se quer relacionar amorosa e sexualmente. É ele quem indica que não 
só o homem e a mulher que atrai, como também o seu tipo. A formação da 
orientação do desejo, segundo o autor, é composta pela ligação de diversos fatores 
psicológicos, genéticos e sociais que determinam a orientação dos desejos. 
É importante deixarclaro que a atração pela pessoa amada não é a opção, 
pois opção significa escolha. Deve-se refletir o seguinte: em momento algum na 
vida, o indivíduo para a fim de decidir se gosta de uma pessoa do sexo biológico 
diferente do seu ou uma de sexo igual. Mesmo os que se sentem atraídos por ambos 
os sexos, não é possível controlar o sentimento, pois é algo involuntário. 
Alguns teóricos da ciência acreditam que se existe alguma escolha ela é 
totalmente inconsciente e ocorre antes dos quatro anos de idade. A orientação 
sexual não é algo variável, o que pode acontecer, é a pessoa descobrir a sua 
orientação em idades diferentes. Em alguns casos a orientação só é descoberta na 
maturidade, ou mais tardiamente, dependendo das repressões sociais e das 
obrigações que a pessoa deve cumprir. O indivíduo deve ser ele mesmo não 
importando com os padrões de não aceitação da diversidade, impostos pela 
sociedade. 
Alguns profissionais da área da saúde, como médicos e psicólogos, como 
também religiosos, acreditam na ideia de que a homossexualidade trata-se de uma 
doença, mas logo em seguida essa concepção se perde após o Código 
Internacional de Doenças (CDI) que descarta essa possibilidade, com isso, a ideia 
de “cura gay” foi repudiada desde 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia. 
Doença é não respeitar as diversas formas de orientação e não aceitá-las e tentar 
 
 
 
 
determinar que a pessoa deve ou não amar. A orientação do desejo deve ser levada 
em conta, pois ela mostra o real desejo e a possibilidade da pessoa realizar-se 
afetiva e sexualmente. 
A sexualidade é o entrelaçamento entre aspectos biológicos, identidade 
sexual, papeis sexuais e orientação do desejo. São esses aspectos que vão 
determinar a estrutura, a forma e a ação da sexualidade. É com esses aspectos que 
pode-se perceber as diversas variações, que propiciam diversidades de expressão 
da sexualidade. 
A heterossexualidade é definida, segundo a concepção do autor, como a 
atração afetiva e sexual por pessoas do sexo biológico diferente. Entre os elementos 
que compõem a sexualidade está entre a maioria, porém não é o único existente. 
Referente ao sexo biológico, o heterossexual se vê biologicamente como 
heterossexual, comporta-se como um e deseja a pessoa do sexo biológico diferente. 
 Dentro da heterossexualidade existem variações como, por exemplo, uma 
pessoa que é biologicamente heterossexual, se percebe como tal e se sente atraída 
por alguém do sexo biológico diferente, pois se sente mais à vontade exercendo 
tarefas do sexo biológico diferente. 
A sociedade impõe e julga rigidamente as maneiras de ser heterossexual 
muitas vezes, caso alguém saia do padrão estimulado. Muitas vezes as pessoas 
deixam de agir com a sua espontaneidade para poder agir de acordo com aquilo 
que a sociedade estabelece. 
Talvez por ser um dos comportamentos sexuais da maioria das pessoas e 
haver procriação da espécie, a heterossexualidade é vista como correta pelas 
entidades religiosas, em virtude disso, o autor faz uma crítica dizendo que não se 
age por impulso básico da espécie igual. Contudo a heterossexualidade deve ser 
cada vez mais estudada para que com isso se possa entender os motivos de outros 
desejos sexuais. 
 
 
 
 
8 HISTÓRICO DOS MOVIMENTOS LGBT 
Em 28 de junho de 1969, Stonewall Inn, Greenwich Village, Estados Unidos. 
A história começa nas primeiras horas da manhã, quando gays, lésbicas, travestis 
e drag queens enfrentam policiais e iniciam uma rebelião que lançaria as bases para 
o movimento pelos direitos LGBT nos Estados Unidos e no mundo. O episódio, 
conhecido como Stonewall Riot (Rebelião de Stonewall), teve duração de seis dias 
e foi uma resposta às ações arbitrárias da polícia, que rotineiramente promovia 
batidas e revistas humilhantes em bares gays de Nova Iorque. 
Este episódio é considerado o marco zero do movimento LGBT 
contemporâneo e, por isso, é comemorado mundialmente em 28 de junho, Dia 
Internacional do Orgulho LGBT. Uma data para celebrar vitórias históricas, mas 
também para relembrar que ainda há um longo caminho a ser percorrido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.abrilguiadoestudante.files.wordpress.com 
 
 
 
 
8.1 Violência: Uma linha do tempo 
Os primeiros registros históricos da homossexualidade datam de 1.200 A.C. 
Diversos pesquisadores e historiadores afirmam que a homossexualidade foi aceita 
em diversas civilizações ao longo da história. Apesar disso, em muitos países, gays, 
lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais foram e ainda são constantemente 
violentados, presos, torturados e mortos, sem proteção das leis, que podem ser 
omissas, conter brechas ou até mesmo respaldar a violência contra essa 
comunidade. 
O primeiro código penal contra a homossexualidade data do século XIII e 
pertenceu ao império de Gengis Khan, onde a sodomia era punida com a morte. No 
Ocidente, as primeiras leis anti homossexuais, ambas redigidas sob influência da 
Inquisição, foram publicadas em 1533: o Buggery Act (Inglaterra) e o Código Penal 
de Portugal. A partir disso, leis anti homossexuais se espalharam por diversos 
países do Ocidente que, por sua vez, as impuseram às suas colônias. 
 
Em artigo para a Carta Capital, o professor Diego Bayer afirma que, apesar 
da legislação progressista em alguns países da Europa, a realidade dos LGBTs 
continuava ruim. Tanto que, no século XIX, há um caso emblemático: o do escritor 
inglês Oscar Wilde, condenado a trabalhos forçados e à prisão por se relacionar 
afetivamente com o filho de um importante lorde inglês. 
 
Durante os últimos dois séculos, a violência, institucional ou não, continuou 
perseguindo os LGBTs: no nazismo, eles eram levados aos campos de 
concentração. Dois símbolos do movimento surgem aí: o triângulo rosa invertido, 
utilizado para identificar homens gays, e o triângulo preto invertido, destinado às 
“mulheres antissociais”, grupo que incluía as lésbicas. Teorias médicas e 
psicológicas tratavam a homossexualidade como uma doença mental que podia ser 
curada através de métodos de tortura, como a castração, a terapia de choque, a 
lobotomia e os estupros corretivos. 
 
 
 
 
Fonte: www.politize.com.br 
É importante frisar que essas violências não pertencem ao passado distante: 
até os anos 60, a homossexualidade ainda era ilegal em todos os estados dos EUA, 
com exceção da cidade de Illinois. Em diversos países, comunidades terapêuticas 
particulares continuam a oferecer serviços de “cura gay”. Ainda nesta década, a 
relação homossexual é crime em 73 países. Dessa lista, 13 nações preveem pena 
de morte como penalidade. No Brasil, de acordo com os dados de 2016 do Grupo 
Gay da Bahia (GBB), um LGBT é assassinado a cada 24 horas. 
 
8.2 Rebelião de Stonewall 
A rebelião de Stonewall marcou o início do Gay Rights Movement (em 
tradução livre, movimento pelos direitos gays). Uma das consequências de 
Stonewall foi a criação de dois grupos que desempenharam um papel importante 
na história do movimento LGBT: o Gay Liberation Front (GLF) e o Gay Activists 
Alliance (GAA). 
Um novo tipo de organização gay, inspirados pelo espírito militante dos 
motins que os forjaram, logo inspiraram milhares de gays e lésbicas através de todo 
o país e em última instância de todo o mundo a juntarem-se ao movimento pelos 
direitos civis e humanos para os LGBTs. 
 
 
 
 
 
Não há consenso sobre qual episódio marca o início dos movimentos trans, 
mas a criação do periódico Transvestia: The Journal of the American Society for 
Equality in Dress, em 1952, é considerado por alguns o marco inicial dessa luta nos 
Estados Unidos. Além disso, travestis e transexuais foram figuras-chave da 
Rebelião de Stonewall. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:www.semanaon.com.br 
A segunda onda do feminismo (1960-1980) foi fundamental para a 
articulação lésbica. Dentro do movimento feminista, havia uma tensão frequente 
entre mulheres

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