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FACULDADE FUTURA GÊNERO E DIVERSIDADE VOTUPORANGA – SP http://faculdadefutura.com.br/ SUMÁRIO 1 CONCEITO DE gênero ........................................................................... 5 1.1 Como nasce o pensamento e o trabalho com a categoria gênero? . 7 2 Conceitos de Diversidade ....................................................................... 8 3 Desenvolvimento e sexualidade ........................................................... 10 4 Sexualidade: infância e adolescência ................................................... 19 5 Sexualidade e identidade ...................................................................... 27 6 Parâmetros curriculares e orientação sexual ........................................ 29 6.1 Corpo- Matriz da sexualidade ......................................................... 33 6.2 Relações de Gênero....................................................................... 34 6.3 Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids: ......... 35 6.4 O trabalho com orientação sexual com espaço específico ............. 36 7 Sexo biológico e orientação sexual ....................................................... 37 8 Histórico dos movimentos LGBT ........................................................... 43 8.1 Violência: Uma linha do tempo ....................................................... 44 8.2 Rebelião de Stonewall .................................................................... 45 8.3 Sigla ............................................................................................... 46 9 Histórico da luta de LGBT no Brasil ...................................................... 47 9.1 O movimento brasileiro nasce no final dos anos 1970, predominantemente formado por homens homossexuais ................................. 48 9.2 A bibliografia remete o nascimento do movimento homossexual ao final da década de 1940 .................................................................................... 49 9.3 O movimento LGBT no Brasil ......................................................... 51 9.4 A "primeira onda" do movimento .................................................... 54 9.5 A "segunda onda" do movimento ................................................... 56 9.6 A luta pela despatologização .......................................................... 57 9.7 O uso do termo "orientação sexual" ............................................... 59 9.8 A "terceira onda" do movimento ..................................................... 60 9.9 A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis) .. 61 9.10 A partir da ABGLT ....................................................................... 63 9.11 A incidência política e a visibilidade massiva .............................. 67 10 Homossexualidade e sociedade ........................................................ 68 11 TRANSGENERALIDADES ................................................................ 70 11.1 Pessoas Transexuais .................................................................. 71 11.2 As Travestis ................................................................................ 74 DRAG QUEEN/KING, TRANSFORMISTA .............................................. 75 11.3 A Coragem de ser quem se é ..................................................... 75 SIMBOLOS ........................................................................................ 76 12 TEORIA QUEER ................................................................................ 77 12.1 o que é a Teoria Queer? ............................................................. 77 12.2 A Teoria Queer e o Brasil ............................................................ 78 12.3 A tensão Teoria Queer e Identidades Não binárias .................... 78 13 Homo, lesbo e transfobia ................................................................... 79 13.1 Preconceito e homofobia............................................................. 81 13.2 Dados da violência contra LGTS ................................................. 84 14 Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos ........................................... 85 15 Gênero e sexualidade no âmbito do Judiciário .................................. 89 15.1 Formulação atual dos direitos sexuais e reprodutivos ................ 91 15.2 Perspectiva histórica ................................................................... 94 15.3 Perspectiva moral, com enfoque na perspectiva católica religiosa 102 15.4 Perspectiva do direito ................................................................ 106 Referências BIBLIOGRAFICAS ................................................................ 116 1 CONCEITO DE GÊNERO Podemos dizer que gênero é o sexo social definido, ou seja, gênero não é sinônimo de sexo. Enquanto o sexo é biológico, o gênero é construído historicamente, culturalmente e socialmente. Com isto queremos dizer que nascemos machos ou fêmeas, mas nós fazemos homens ou mulheres. O núcleo da identidade de gênero se constrói em nossa “cabeça”, sobretudo até os 3 anos de idade. A criança logo que nasce ganha um nome e começa a ser tratada como menino ou menina. A linguagem é poderosa no processo de construção do gênero. Incorporamos o gênero masculino ou feminino, através do aprendizado de comportamentos, hábitos, formas de pensar, concordantes com padrões definidos socialmente como masculinos ou femininos. Fonte:www.escrevergay.files.wordpress.com Alguns ditados populares nos ajudam a perceber como se dá a incorporação do gênero: “homem que é homem, não chora”, “menina brinca com boneca, menino joga bola”, “menino se veste de azul e menina de rosa”, “lugar de mulher é na cozinha”. Introjetamos essas ideias desde nossa primeira infância, de uma forma imperceptível, e essas atribuições sociais nos são apresentadas como atribuições naturais. Ao nos tornarmos adultos e adultas não percebemos que durante toda a vida nos ensinaram que a primeira “vocação” da mulher é a maternidade e por isso, muitas vezes acreditamos que as mulheres só podem realizar-se tornando-se mães. Não levamos em conta o fato de que as mulheres “aprendem” a exercer a maternagem (cuidado das crianças), mas não nascem prontas e aptas para serem mães. As diferenças biológicas entre homens e mulheres, não determinam e não explicam as diferentes atribuições dos homens e das mulheres na sociedade. Exemplo: “o lugar da mulher é na cozinha”, não porque sua “natureza feminina” a faz mais apta para este serviço, mas sim, porque as mulheres são treinadas desde meninas para “fazer comidinha”. Ou seja, as diferenças sociais entre os homens e as mulheres não são de ordem natural, mas sim de ordem cultural. Não deve se negar que as diferenças biológicas entre os dois sexos, mas sim entender que as diferenças sociais entre os sexos estão construídas e são elaboradas socialmente a partir das diferenças biológicas. A divisão sexual do trabalho não se explica naturalmente, ela é expressão de uma relação de dominação dos homens sobre as mulheres. Na divisão sexual do trabalho, tradicionalmente entendemos que as mulheres estão alocadas na esfera da reprodução, devem cuidar dos serviços domésticos e dos filhos em primeiro lugar. Se trabalham fora de casa, podem assumir serviços auxiliares, profissões tidas como femininas: secretárias, enfermeiras, professoras, assistentes sociais… desde que estas atividades não prejudiquem sua primeira missão que é a de cuidar do “lar”. Já os homens, estão “situados” na esfera da produção, e desde pequenos são treinados para assumir tarefas fora do espaço doméstico, assumir cargos de chefia e gerência, “construir o mundo” para além dasquatro paredes que significam a casa. Atualmente há um embaralhamento nestas atribuições e muita coisa está mudando, porém, a divisão sexual do trabalho permanece. Pensar em termos de relações de gênero, significa desvendar os mecanismos sociais que constroem essas desigualdades. Por isso, falar em relações de gênero, é falar em relações de poder. Não se trata de ver os homens como “machistas” e as mulheres como “vítimas”. Nos referimos aos homens e às mulheres enquanto categorias sociais, independentemente de sua boa ou má vontade pessoal, os homens encontram-se em situação social privilegiada e as mulheres são frequentemente discriminadas. O conceito de gênero, estabelecido como um conjunto objetivo de referências, estrutura a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a vida social. Estas referências estabelecem distribuições de poder. 1.1 Como nasce o pensamento e o trabalho com a categoria gênero? Nos anos 70 o movimento de mulheres estava, sobretudo preocupado em dar visibilidade às mulheres na história e nos diferentes espaços sociais. Nas academias são desenvolvidos os “estudos de mulher”. Os sindicatos, movimentos sociais e igrejas criam ou reforçam a existência dos departamentos femininos. As mulheres ganham destaque. Os estudiosos em suas pesquisas dedicam um capítulo especial para tratar da “questão da mulher” ou o “problema da mulher”. Porém, esse interesse aparece frequentemente como um capítulo à parte, que não toca nas questões de fundo, não questiona os espaços de poder e não vê a mulher “em relação”. Procura-se compreender a vida das mulheres, sem a percepção de que é preciso para isso ter como objeto de estudo as relações sociais e os mecanismos que geram subordinação. A mulher é vítima ou heroína. Até então o objeto de estudo é a mulher, frequentemente tratada de forma singular, sem levar em conta as diferenças de raça, classe ou geração que nos obrigam a compreender as mulheres em sua pluralidade e complexidade. Nos anos 80 o gênero aparece como categoria interdisciplinar. Vai sendo elaborado por antropólogas, historiadoras, psicanalistas, no interior das teorias feministas. A partir daí as teorias de gênero vão sendo formuladas, desnaturalizando as diferenças entre homens e mulheres. A percepção do gênero enquanto categoria explicativa das relações entre homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens, coloca em relevância os estudos feministas. Ao falar em categoria, faz referência a um instrumento que nos permite explicar a realidade. Exemplificando: a pobreza é um conceito. Classe social é uma categoria que permite explicar o empobrecimento. O gênero, na medida em que é explicativo dos diferentes lugares sociais das mulheres e dos homens, têm a mesma relevância que a categoria classe social. O mesmo poderíamos afirmar sobre “raça ou etnia”, que tratará de explicar as opressões raciais. Portanto, qualquer pesquisa ou análise social não pode dispensar o uso dessas três categorias fundamentais: classe, gênero e raça1. 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE Para que possamos desempenhar melhor nosso papel de educadores, temos que ter uma melhor compreensão de alguns conceitos muito marcantes em nossa sociedade, desta forma devemos fazer uma abordagem antropológica dos conceitos de: diversidade, desigualdade, etnocentrismo e alteridade. Assim sendo, ao longo da história, na qual a colonização se fez presente, a escravidão, o autoritarismo e a recusa pelo negro como pessoa biologicamente e culturalmente de igual importância na sociedade, contribuíram para o sentido de inferioridade do negro brasileiro e a ideologia degenerativa do mestiço; Foram os mecanismos de dominação ideológica mais popular já produzido no Mundo sendo um exemplo claro dos conceitos do Etnocentrismo na história e que permanecem ainda no imaginário social dos tempos atuais, o que dificulta a ascensão social do negro, pois este é visto como indolente e incapaz intelectualmente. 1 Texto extraído e adaptado: www.catolicas.org.br No Brasil existe o “mito da democracia social” que tem como objetivo propagar que não existem diferenças raciais no País e que todos aqui vivem de forma harmoniosa, sem conflitos. E que existe a igualdade de oportunidades para brancos, negros, mestiços, pobres e ricos. A disseminação deste mito permitiu esconder as desigualdades que é constatada nas práticas discriminatórias de acesso ao emprego, dificuldade de crescimento social da população negra e já nessa fase, também as camadas mais pobres que ocupam os piores lugares na estrutura social, que frequenta as piores escolas e que recebem remuneração inferior à dos Branco e ricos, pelo mesmo trabalho e tendo a mesma qualificação profissional. No nosso cotidiano escolar traz vários exemplos do mito da democracia social. O aspecto da cultura da classe dominante que a escola transmite, pois reflete as classes privilegiadas e não a totalidade da população, embora haja, contudo no interior da escola e que possibilitam confrontar essa cultura hegemônica, desprezada pela diversidades culturais trazidas pelo diversos alunos, assim apesar da escola inculcar, introduzir o saber dominante, essa educação social diversificada poderia ser mais evidente a cultura popular. Fonte: www.copel.com Deve-se ter uma proposta educacional voltada par a diversidade, junto às variações de culturas; colocando todos nós educadores (de que área que seja), um desafio de estar atentos às diferenças econômica (desigualdade social), etnologia racial e de buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretar essa alteridade mudanças de culturas sem nenhum preconceito. Temos a obrigação não só de conhecer os mecanismos e os conceitos da dominação cultural, econômica, social e política; ampliando os nossos conhecimentos antropológicos, mais também de perceber as diferenças etino culturais sobre essa realidade cruel e desumana. A educação escolar é um espaço privilegiado para crianças, jovens e das camadas populares terem acesso ao conhecimento científico e cultural em geral. Do qual a população pobre e negra é excluída por estarem num meio social desfavorecido. A escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural e também local mais discriminador. Tanto assim que existem escolas para ricos e pobres, de boa e má qualidade, respectivamente. Por isso, trabalhar as diferenças é um desafio para o professor. Por ele ser mediador do conhecimento. A escola em que ele foi formado e na qual ele trabalha é reprodutora do conhecimento da classe dominante, classe esta que determina as regras e determina o que deve ser transmitido aos alunos. Mas se o professor for detentor de um saber critico, poderá questionar esses valores e saberá utilizar desse conhecimento o que ele tem de valor, respeitando as desigualdades, as alteridades e as diversidades2. 3 DESENVOLVIMENTO E SEXUALIDADE De acordo com Freud (2006) a sociedade comete um grande erro ao entender que a vida sexual não inicia na infância, tendo suas manifestações sexuais despertadas apenas quando o ser humano entra na puberdade. Ele cita que vários autores excluíram de seus estudos, as manifestações sexuais que podem surgir no 2 Texto extraído e adaptado de: www.coladaweb.com período da infância e se preocuparam somente com o fator da hereditariedade e não com o período infantil na qual originam-se as primeiras manifestações e pulsões sexuais. Esta postura determinou a ignorância da sociedade e o descaso para a sexualidade como parte do desenvolvimento infantil. Para o autor, as pulsões sexuais acontecem ainda no período da infância, como pequenas ereções, masturbações e atividades que se assemelham ao atosexual. Caso fossem realizados estudos sobre a sexualidade desde a infância do sujeito, as pesquisas comprovariam e revelariam a possível existência de pulsões sexuais e como elas se compõem no período infantil. O autor reconhece que as manifestações sexuais no período infantil, que é considerado de zero aos seis anos, se dão como um acontecimento normal da pulsão existente 15 no corpo da criança, mas devido à irrelevância que se tem, tratam-se os desejos e as pulsões existentes e em constante desenvolvimento nesta fase da vida com descaso. Segundo o autor, a criança nasce trazendo consigo noções em relação ao desenvolvimento sexual que ocorre por um período de tempo, sofrendo omissões de forma gradativa, podendo ser rompidas pelos avanços do desenvolvimento sexual ou pelas peculiaridades de cada sujeito. Não se sabe ao certo sobre a instabilidade desse desenvolvimento e complementa que pode se observar com maior facilidade a vida sexual da criança entre os três aos quatro anos de vida. Ele afirma que o período de manifestação total ou parcial da sexualidade infantil, que acontece do primeiro ano ao sexto no de vida da criança, surge com as pulsões sexuais, como barreiras, com alguns entraves que estreitará seu curso e traz para o indivíduo o sentimento de desprezo e as exigências da moral e da vergonha. “Nas crianças civilizadas, tem se a impressão de que a construção desses diques é obra da educação, e certamente a educação tem muito a ver com isso” (FREUD, 2006, p. 167). O autor descreve que o meio ambiente exterior ensina para a criança determinados limites para interromper o que deseja, pois ela é bloqueada pela sociedade para que haja inibição das suas pulsões sexuais por meio da vergonha e culpa, e assim, com o uso da moralidade impõe um padrão de comportamento à criança. Ressalta que é nesse período que a criança desenvolve a moralidade e a vergonha, e isso é determinante para o caminho do despertar dos desejos sexuais na fase da puberdade. Assim, a sexualidade da criança fica em constante mudança, às vezes reprimida e outras sublimada, tornando suas atividades e aprendizagens de modo intelectual se concentrando em jogos e amizades, que desta forma, poderá fortalecer a sua identidade sexual e suas características sendo elas masculinas ou femininas. O ato de sugar é uma forma de manifestação sexual desde o nascimento, permanecendo assim por toda a vida. O chuchar é a sucção com a boca, excluindo então qualquer interesse de nutrição infantil. Quando a criança está saciada, essa sensação de satisfação leva ao adormecimento ou até mesmo uma sensação semelhante ao orgasmo. O chuchar se caracteriza como sendo parte do desenvolvimento sexual e umas das formas de manifestações sexuais que atinge as crianças na fase infantil, trazendo por sua vez as delimitações essenciais da atividade sexual, compreendendo então que o chuchar funciona como uma forma de se sentir prazer. Tal satisfação prazerosa, determina que o mamar nos seios é um dos primeiros ensaios da atividade sexual vivenciado e que se renova em outras condições da vida do sujeito. De acordo com Freud, o autoerotismo é a prática sexual em que a pessoa se satisfaz usando o próprio corpo, no caso, a boca é considerada uma zona erógena, mas que se associa como um meio para a alimentação. A experiência de mamar nos seios vivenciada na fase infantil é a mais essencial das primeiras manifestações da sexualidade. Para o autor, a boca e os lábios funcionam como uma zona erógena, ou seja, como um mecanismo de prazer sexual e ao estimular essa região se tem a satisfação e o prazer com associação à alimentação. Fonte: www.dicasdemulher.com.br Ao observar o chuchar, pode-se notar peculiaridades indispensáveis de manifestação sexual no período infantil, sendo o alvo sexual da criança no domínio de uma zona de prazer sexual, como por exemplo, a boca. Uma parte do corpo, a mucosa ou a pele, se forem estimulados de certa maneira pode-se provocar sensações prazerosas. Tais estímulos tem relação com dadas situações que não se sabe a respeito, qual peculiaridade está relacionada ao fator sexual. Essa peculiaridade do estímulo é provocada, produz uma relação de sensação que causa o desejo sexual, originando-se assim o prazer. Ainda de acordo com Freud, a repulsa da criança, ou seja, o recalque afeta as zonas de prazer, causando a excitação de outras áreas erógenas, que na fase adulta comporta-se precisamente nas genitálias, além de qualquer parte do corpo que pode ser excitada com ligações das zonas erógenas. A pulsão sexual se constitui em uma zona erógena causando o desejo sexual, por intermédio da estimulação da zona do prazer, como por exemplo, a boca que assim foi devidamente escolhida pela criança ainda na fase da infância como uma região de prazer. As satisfações devem ser vividas do prazer, para que depois a mesma possa novamente ser vivenciada, mas por sua própria natureza, essas experiências não devem ser vivenciadas sem importância alguma. O autor afirma que a causa da satisfação na fase oral se baseia na ligação dos lábios como um elemento que traz prazer, tanto no momento da alimentação, como também com outras formas da manifestação da sexualidade. O alvo sexual pode ser formulado de outro meio que vai substituir e extinguir a sensação e satisfação pelo prazer, mas que para ser suprimido seria necessário colocar um segundo estímulo para a zona erógena e que esta abolição se daria por um estímulo externo para provocar e extinguir o prazer. A sexualidade é auto erótica, pois se volta para o próprio corpo e se caracteriza como perversa porque não tem a finalidade da reprodução. Classifica as zonas erógenas como a fonte do prazer e que na fase adulta pode ser utilizada prazerosamente em preliminares, sendo as zonas erógenas a boca, a região anal e a genital e o corpo como toda a pele. Existem diferenças significativas quanto às atitudes indispensáveis que levam à satisfação quando se trata da região labial, abrangendo assim o chuchar, depois de um certo período, deve-se substituir o sugar por outros atos musculares que se encontram em regiões que causam o prazer quando são estimuladas. Ele considera três fases existentes da masturbação infantil. A primeira está na correlação com o período de amamentação, assim o prazer da criança se dá quando o peito é mamado, causando um prazer que pode ir além da satisfação relacionada com a alimentação. Na segunda fase, o prazer do aleitamento volta, mesmo com o predomínio das zonas erógenas, a criança procura pessoas como objeto sexual, com a curiosidade em descobrir o próprio corpo e em ver as genitálias de outras pessoas, tendo isso como uma fonte de satisfação e de prazer sexual. A criança quando influenciada por sedução, seria capaz de ter experiência prazerosa de variadas maneiras e em diversas zonas erógenas do corpo utilizando objetos. A terceira fase se relaciona com a masturbação presente na puberdade. Apesar da criança dominar as zonas de prazer sexual, ela procura pessoas para serem usadas como objetos sexuais, bem como acontece quando o indivíduo se apaixona pela mãe ou pelo pai. A criança ainda quando pequena, é privada e carente de vergonha, mostrando em um período da sua infância, logo nos primeiros anos de vida, uma compreensível satisfação na exposição da nudez do corpo, tendo o seu foco realçado para as partes sexuais, sendo essa curiosidade manifestada um pouco depois na infância, no momento em que a vergonha causada pela moralidade da sociedade atinge um certo grau de desenvolvimento. A perversão causada pela atuação da sedução tem ampla relevância na vida sexual da criança. Comprova-se que o surgimento da pulsão do interesse de ver as partes do corpo, se dá como manifestação sexual natural. Talatenção sobre a sua genitália, em geral pela masturbação, tem a iniciativa, sem nenhuma ajuda, elevada ao interesse pelas partes genitais dos amigos. O onanismo do lactante parece sumir em dado período na criança, mas a sua persistência até o período da puberdade pode resultar em um desvio que é essencial para o desenvolvimento do indivíduo. Ao ocorrer a primeira florescência na vida sexual da criança, que ocorre entre os três e cinco anos de idade, se principia o momento da pulsão sexual ou de investigação. Tal atividade corresponde, de maneira sublimada de dominação, e por outro lado trabalha com a relação à energia escopolifica, que significa o prazer em ver. Esta pulsão é atraída nas crianças de forma inesperada e intensa pelas dificuldades sexuais levando-as a investigação da criança para a parte sexual. O menino usa da resistência em reconhecer o clitóris feminino como um órgão legítimo para que venha substituir o pênis, mas essa resistência se dá de maneira preconceituosa pela parte do menino. Já na menina, não ocorre a mesma resistência e recusa dos meninos, ela de imediato reconhece o pênis, o que lhe causa inveja. O homem toma posse de seu pênis como uma genitália autêntica. Essa inveja implica no desejo, também da menina em ser um menino, o que traz consequências relevantes sobre sua sexualidade. Até esse momento é tudo dentro do esperado. Os desvios ou comportamentos invertidos, segundo a teoria psicanalítica freudiana, vem de alguns desdobramentos deste momento como a não superação da criança, que pode sim originar o homossexualismo. As crianças devido a pulsão do saber, são levadas a realizar uma investigação, que muitas vezes é fracassada pois é feita na solidão, consequentemente uma investigação ineficaz sobre os processos sexuais. A vida sexual da criança se caracteriza principalmente por ser auto erótica, sendo que seu objeto sexual se localiza no próprio corpo, suas pulsões são independentes e ela se esforça para que possa obter o prazer. No decorrer do desenvolvimento sexual é organizada a vida sexual normal do adulto, sendo que o prazer neste momento é somente para a função de reprodução, formando uma organização da vida sexual estável para a obtenção do alvo e objeto sexual de outro. As fases da organização sexual são atravessadas sem nenhuma dificuldade, que são elas a oral ou canibalesca, pois nesta fase o prazer ou atividade sexual não se desprendeu da nutrição. Já a outra fase é a sádico-anal, fase em que a divisão de sexos já se constituiu, mas não se pode ainda dar a nomeação de masculino ou de feminino, mas sim chamando-se de ativo e passivo. Essa organização pode-se permanecer pela vida toda. A fase de escolha do objeto sexual ocorre em dois momentos distintos. O primeiro momento ocorre entre dois e cinco anos de idade, mas é pausada por conta do período de latência. O segundo momento relaciona-se com o período da puberdade no qual o indivíduo define características definitivas da sua vida sexual. As escolhas do objeto sexual ainda no período da infância podem se conservar ou passar por renovações na fase da puberdade. Acrescenta que ainda no período da infância a criança já faz sua escolha do objeto sexual. As excitações sexuais provem de satisfações em correlação com alguns processos orgânicos e também pelas estimulações das zonas erógenas de prazer e algumas pulsões cuja origem ainda não se sabe. As excitações mecânicas são causadas por movimentos de agitação que pode se distinguir em três formas atuantes de estimulação: A pele; Aparato sensorial; Áreas como músculos e Aparelho articulador. O movimento mecânico faz com que a criança sinta prazer em brincadeiras como balanço e ser jogada para o alto, essas sensações faz com que a criança peça para que esse movimento passivo seja repetido mais vezes e insistentemente. Quando adolescentes, o movimento de balançar tem totalmente o efeito contrário na fase infantil, assim sobrevém o recalque. No momento da puberdade ocorrem algumas mudanças, assim leva a uma configuração já definitiva da vida sexual infantil, sendo que nesta fase, as pulsões sexuais que antes eram auto erógenas, entram em contato com o objeto sexual buscando o prazer a ser alcançado com o alvo sexual. Fonte:www.uploads.metropoles.com Na puberdade, a pulsão sexual tem uma função reprodutora. O que se destaca na puberdade é o crescimento das genitálias, aparelho este que é altamente complexo e que já está pronto para ser usado, podendo promover a formação de um outro indivíduo através da transa. Aparelho este que é acionado por meio de estímulos. Todas as zonas erógenas são utilizadas para o prazer mediante uma estimulação, e este prazer passa a possuir uma energia, podendo levar ao ato sexual. O pré prazer é produzido pela pulsão sexual infantil, já o prazer final surge com a puberdade. Ao descarregar as substâncias sexuais, introduz o fim da excitação sexual, e é de costume que o aparelho sexual se livra dessas substâncias durante o período noturno, devido alucinações fantasiosas para obtenção de prazer, sendo tal alucinação um substituto para o ato sexual. Sem o sêmen, as zonas erógenas não são estimuladas e é impossível realizar o ato sexual, pois desta forma não se tem prazer porque a excitação não é capaz de produzi-la. A libido é uma energia que funciona como substrato da pulsão sexual e de caráter qualitativo, sendo de natureza sexual. A energia dessa pulsão é o desejo (libido) na qual seu objetivo é de alcançar a satisfação e prazer, relacionando-se ao ego pelo interesse em seu objetivo, contrastando com a libido do objeto, a libido do ego pode ser também chamada de libido narcisista. A diferenciação entre masculino e feminino ocorre na puberdade, mas reconhece-se já na infância as diferenciações entre masculino e feminino, assim como as inibições desta fase como o sentimento da vergonha, nojo e compaixão, mais ocorrentes nas meninas, do que nos meninos, trazendo o recalque sexual. Isto ocorre mais nas meninas pela inveja do órgão genital masculino, o pênis, sendo que o autoerotismo é o mesmo nos dois sexos, essa coincidência extingue a diferenciação sexual no período infantil, deste modo a sexualidade da menina tem caráter masculino. A libido se caracteriza como de natureza masculina apartando o objeto sexual, seja feminino ou masculino. Assim, pode-se ter a noção da origem da bissexualidade como causa incontestável, sem este pensamento será difícil compreender as manifestações sexuais nos homens e mulheres. A angústia infantil surge pela não satisfação da libido, já nos adultos quando o desejo não se satisfaz, comportam-se como crianças em suas angústias. O afeto pela pessoa amada no período infantil, de certa forma também é responsável pela angústia sentida, principalmente quando essa pessoa se ausenta, pois, as crianças sentem a falta dela. Um exemplo é ter medo do escuro, pois assim quando se veem nesta situação de escuridão, não se pode ver a pessoa que tanto amam, mas se acalmam quando essa pessoa pega em sua mão. As repercussões da escolha objetal infantil têm influência no complexo de Édipo e Electra. No complexo de Édipo, o menino sente amor de intensidade alta pela mãe e quer ocupar o lugar do pai. Já no complexo de Electra, a menina deseja possuir seu pai e sua mãe será sua maior rival nesta luta. É comum os rapazes se apaixonarem por mulheres mais velhas na adolescência e a menina por um homem mais velho, fazendo uma relação com a figura dos pais. É de grande importância esse sentimento de amor pelos pais na infância, mas não é o único a ser vivenciado na fase da puberdade, permitindo ao indivíduo que se desenvolva mais de uma orientação sexual, criando caminhos diversificados para sua escolha do objeto sexual. Fonte:www.michellyribeiro.files.wordpress.com 4 SEXUALIDADE: INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Segundo Camargo e Ribeiro (1999), ao indicar a relação da criança com o mundo adulto, afirmam que ela não possui voz própria e utiliza a terceira pessoa na hora da fala, pois os adultos falam por ela. Um dos argumentos citados para essa atitude é de que se ordenar a criança a fazer algo ela obedecerá em seguida.As autoras relatam sobre as diferentes formas que as crianças eram tratadas ao longo dos séculos. Na antiguidade cristã, guiada pelos preceitos religiosos, se um homem e uma mulher fizessem sexo antes do casamento, seria uma desobediência às ordens de Deus. O casamento tratava-se de um ato de propagação da espécie. Em 1500, no Brasil, as crianças dependiam das mães até os sete anos de idade e logo em seguida iriam viver com a sociedade trabalhando. Os filhos eram subordinados aos pais tratando-os passivamente, e em caso de desobediência eram castigados fisicamente por meio de palmadas, galhos de árvores com alfinetes na ponta e ainda com queimaduras de vela. Pregava-se que a total obediência era a única forma de se livrar da punição. A criança era impedida de participar das reuniões de família nas quais os mais velhos passavam ensinamentos aos outros. No século XIX com a teoria da evolução, o ser humano se torna um objeto de estudo e para realizar investigação de cunho científico foi preciso estudar o homem nas suas diversas dimensões, incluindo a infância. As investigações realizadas ajudaram na produção de estudos sobre as aprendizagens nas áreas como psicologia, pedagogia e biologia, que até hoje servem para auxiliar na formação dos educadores e família. Os resultados da pesquisa serviram também para obtenção de dados sobre a infância e tornar a infância um campo de estudos, mudando o conceito de que a criança fosse apenas um acessório na família. Tais conhecimentos ajudaram na implantação de políticas higienistas que modificaram a organização familiar e ajudavam na prática escolar das crianças. O ponto forte dessa pesquisa política era a sexualidade, pois ao controlar este aspecto se controlava a sociedade. Então o conhecimento médico chegou a família, que era considerada frágil, fazendo com que a mãe e a escola, que antes tinham apenas o papel de cuidar da saúde e educar as crianças, se tornassem responsáveis também pelo seu futuro, ou seja, caso a criança venha a fracassar na fase adulta, a responsabilidade seria da escola e da mãe. As relações existentes no interior da família começaram a ser modeladas e controladas no século XIX, para que isso acontecesse seria necessário manter o convívio íntimo na família e com isso, a mãe era a supervisora, e por meio da disciplina mantinha o controle sobre o filho. Mediante isso, uma nova estrutura familiar foi criada. Se antes o homem era pai e patrão, a partir de agora ele deveria buscar renda para manter os filhos, que eram educados pela mãe, não para serem servos como antes, mas sim para servir e amar os pais e a sociedade. Por parte dos médicos havia uma preocupação da alta taxa de mortalidade infantil, pois consideravam a criança importante na sociedade. Deste modo, criaram regras de conservação de saúde, do desenvolvimento físico e intelectual. As regras também foram empregadas nas escolas e entre elas a proibição da masturbação e não utilizar bebida ou droga, pois eram concebidos como hábitos nocíveis à saúde. Essas regras tinham como sustentação uma proposta de educação higienista, ou seja, a criança deveria ter hábitos saudáveis para se tornar um adulto perfeito. O colégio não era visto como apenas um lugar de afastamento da família, mas sim, como um lugar de manipulação político-econômica pela burguesia. As regras severas determinavam que um sistema controlava o sexo. O caso mais característico era a proibição da masturbação que até o século XIX era vista como conduta isolada sem nenhuma importância, depois passou a ser considerada um crime por aquele que a praticava. As áreas da educação voltaram a ocupar-se com a infância e a sexualidade infantil tentando entender as coisas que circulam na sociedade. O poder adulto até hoje tem forte influência na sexualidade da criança só que de forma mascarada. Prevalece também, nas escolas, o medo de falar a respeito da sexualidade, pois querendo ou não, ela ainda é individualista, mantendo assim, uma divisão por sexo, idade e capacidade intelectual e ainda tem o professor como o centro da aprendizagem. O poder, de várias formas, manipula as crianças que se sentem acuadas com o grande acúmulo da disciplina imposta. Para elas, se na idade média, o sexo tinha o papel de fazer a família crescer, no começo do século XIX a sexualidade passa a fazer parte da cultura. A religião fez com que o sexo fosse considerado pecado da carne. Em São Paulo, por exemplo, impunha-se que o apetite sexual excessivo deveria ser controlado. Um dos processos que levaram à punição da sexualidade foi a liberdade sexual para o homem e submissão para as mulheres, fazendo com que apenas a maternidade fosse sua função mais significativa. Hoje quando se fala em sexualidade, a ideia apenas do ato de reproduzir desapareceu e surgiu o prazer.No lugar da proibição do sexo foi projetada a ideia de que o amor e o sexo são livres e cada um pode traçar a sua vida sexual. A dominação imposta pelas diferentes instituições, sejam elas a igreja, família e a escola servem de fundamentação para os professores, pois cada um ensinará da maneira que foi ensinado na infância como modelo para ensinar aos alunos. Fonte:www.belicosa.com.br O sistema educacional trata a criança como adulto em miniatura e esquece que a sexualidade não tem idade para ser trabalhada. Se a criança não for ensinada de forma correta ela elabora suas próprias teorias sexuais de acordo com o que ela vive em seu cotidiano. A sexualidade está em constante mudança e essas mudanças devem ser compreendidas, mesmo sendo abordada como tabu, pois em nenhum momento deve-se falar do corpo. A escola, muitas vezes, neutraliza os desejos infantis sobre conhecer o seu corpo. No trabalho educacional, a maioria dos professores não está preparada para tratar da sexualidade com seus alunos, pois devem seguir um modelo instituído pela escola, ou tem medo de atuar, mesmo sabendo que seu aluno tem necessidade sobre o assunto. Além das dificuldades para abordar o tema sexualidade em aula, os professores têm medo de represália ao tratar do assunto. Pensar diferente é uma ousadia que supera a padronização. É um desafio. Não há um caminho correto para que a criança se torne adulto, nem o que ela deve seguir para que isso aconteça, o dever da criança é algo que ainda resiste, ou seja, a criança deve seguir aquilo que é padronizado pela sociedade, recusando assim os modos de manipulação, para que ela tenha uma maior sensibilidade com o próximo. É preciso que a família, assim como o sistema de ensino, ajude nesse processo de modelização da subjetividade. A educação sexual ainda é polêmica, pois muitos acreditam que a abordagem sobre a questão sexual, pode fazer com que a sexualidade da criança e do adolescente desperte, já para outros, o ensinamento proporcionará aos jovens conhecimentos sobre quão importante a vida sexual é. O estudo da sexualidade na escola não fará com que os alunos despertem o apetite sexual mais cedo, e nem que aumentem os casos de gravidez ou aborto entre os adolescentes. A educação sexual na escola não devia ser polemizada, pois as consequências da ausência de informações podem ser sentidas na sociedade quando se vê na televisão, jornais e outros meios de comunicação casos de adolescentes com doenças sexualmente transmissíveis, ou quando há jovens garotas grávidas. Fale-se que a educação sexual deve ser trabalhada levandoem conta as relações sociais, respeito, autonomia e tendo como foco principal a intimidade. Para entender a sexualidade humana é preciso discuti-la com total liberdade sem medo de represálias e de pré-julgamentos. A sociedade está em uma época cuja descoberta científica tem ajudado cada vez mais com as possibilidades de mobilidades sociais e de relacionamentos. Essas descobertas exigem uma consciência mais ampla, ajudando assim o homem e a mulher para realizarem uma opção mais apropriada, no caso, em todas as escolhas, incluindo as sexuais, sem controles sociais. É comum encontrar em revistas, testes para analisar a virilidade do homem e a feminilidade da mulher, ou artigos que indicam regras para um bom desempenho sexual. Ainda são encontrados métodos para se encontrar o parceiro ideal. As revistas procuram padronizar a conduta sexual de seus leitores. A presença do educador que está disposto a ensinar sobre a intimidade sexual no âmbito escolar fará com que os alunos tenham uma visão totalmente diferente da visão vendida pelos meios de comunicação. A liberdade sexual ainda não foi conquistada, ao considerar que a tão divulgada liberdade sexual é nada mais do que um fato e um dever social. Em consequência disso há uma representação nas mídias e nos livros que a maioria dos homens e das mulheres, tem certa dificuldade em atingir os seus desejos sexuais e com isso, criam satisfações ilusórias. Tanto na vida pública, como na intimidade precisam se envolver cada vez mais, considerando as atividades da vida pública e o sexo como uma formalidade obrigatória, ou seja, o sexo deve ser tratado normalmente sem que haja nenhum tabu. Deve-se levar em conta as tendências e os afetos que se realizam apenas na conquista de bens materiais, cada vez mais deixa-se de amar as pessoas pelo que elas são, mas sim pelo que elas têm a oferecer, transformando o corpo em objeto de uso, como os objetos de consumo diário. Com isso, vale refletir sobre um adolescente que troca seu corpo por algo que precisa ou por alguma coisa que está em alta nos meios de consumo. É importante ressaltar que para trabalhar a educação sexual, o conhecimento e o desenvolvimento da vida sexual com mais liberdade e espontaneidade, aceitando as diferenças de cada um, seja ele o educador ou o adolescente. No entanto, são vários os desafios, pois o caminho vai além da grande complexidade da vida moderna. A tecnologia hoje oferece ao aluno várias maneiras de ensinamento sexual tanto para o homem, como para a mulher que não favorecem a real reflexão sobre suas necessidades e vontades. Para mudar a ideia de que a sexualidade é apenas individualista, deve-se deixar claro que a liberdade é igualitária, mas deve-se ter também a oportunidade para a questão igualitária, isso é, deve-se tratar de todos os temas que abordam a sexualidade, seja a homossexualidade, o machismo e a virgindade entre outros, com respeito, mesmo que sejam polêmicos. Com isso, será permitida a participação dos alunos fazendo com que eles sintam a liberdade para falar e debater tais temas sem medo de pré-julgamentos. Assim os professores poderão responder as suas dúvidas. Dessa maneira, serão trabalhadas as relações interpessoais fazendo com que os alunos construam uma postura crítica sobre esses temas polêmicos fugindo um pouco da normatização imposta pela sociedade. Na atualidade não é mais possível que os temas relacionados com a vida sexual passem despercebidos pela sociedade. Felizmente, alguns temas começam a ser discutidos com os educandos com seriedade em qualquer faixa etária e observar sua real importância. Fonte:www.i0.statig.com.br A escola está encarregada de passar aos seus alunos a questão de aculturamento como também as formas de comportamento aceitas pela sociedade, ela deve ser um espaço para se questionar esses ensinamentos. Ao se enquadrar nos modelos existentes, os professores apresentam apenas o conhecimento técnico científico, enquanto os conhecimentos sociais são apresentados brevemente sem nenhum enfoque. Nessa medida, ambos os conhecimentos, científico e social, são ensinados como algo sem relevância, sem necessidade de mais aprofundamento. Desta forma a instituição escolar se baseia apenas na metodologia imposta pela sociedade. No campo da educação os papeis são divididos nitidamente, entre o professor/aluno, pois um planeja e o outro excuta. O ensino ainda acredita que os alunos não têm o poder de crescimento, ou seja, os alunos não devem transferir conhecimento sobre determinado assunto ao educador. A educação sexual trabalhada com a intenção de abrir diálogo e reflexões sobre vários assuntos não apenas para aqueles relacionados à sexualidade. A sexualidade humana é mais do que um ato sexual e a reprodução, ela também se compõe de pessoas, de sentimentos e os relacionamentos pessoais. Agrega aprendizados, reflexões, planejamentos e tomadas de decisões. Fala-se que nos currículos dos cursos de formação de professores deveria ter uma disciplina sobre a sexualidade, não apenas um breve estudo sobre as partes do corpo, mas sim despertar as possibilidades do corpo e das emoções. Um dos grandes desafios da educação é considerar as singularidades e as possibilidades que se tem de afetar e ser afetado. A construção do corpo sexuado requer a representação de vários aspectos da sociedade. Essa construção é transformadora, pois todos estão dispostos a aprender, tanto mestre como aprendiz. Para trabalhar a educação sexual, é importante buscar conhecimento daquilo que não sabe e com isso gerar novos pensamentos, que então incidirá em perguntas. Com isso, o educador pode ser mediador, ajudando o aluno nessas questões. Ao término, as autoras indicam que há um tabu em falar da sexualidade com as crianças e que desde muito cedo são impedidas de falar. Elas ainda levantam que com o ensinamento da educação sexual, as crianças se tranquilizam com relação às dúvidas que tem sobre sexualidade e as solucionam e desenvolvem, tornando-se pessoas conscientes dos seus valores e direitos. 5 SEXUALIDADE E IDENTIDADE Foucault (1984) ao realizar uma entrevista sobre sexo, política e identidade afirmou que a sexualidade das pessoas faz parte das ações e atitudes do dia a dia, pois é libertadora e possibilita construir novas e diversificadas formas de relações e novas formas de amar. O autor cita “O que eu gostaria de dizer é que, em minha opinião, o movimento homossexual tem mais necessidade hoje de uma arte de viver do que de uma ciência ou um conhecimento científico (ou pseudocientífico) do que é a sexualidade.” (FOUCAULT, 1984, p. 26). Com isso afirma que os homossexuais hoje em dia ficam bloqueados pela busca de informações o que causa conflitos com seus desejos e acabam não vivendo seus próprios desejos, não viver a sua sexualidade, pois o sexo pode dar a possibilidade de viver uma vida mais diversificada. Ninguém descobre-se gay, o indivíduo se constrói ao longo da vida, das suas vivências como tal. Complementa que gay é fazer escolhas, assumir-se e construir meios para sua vida, criar assim um modo de vida gay. A sexualidade deve ser entendida em outro sentido, as pessoas quando vivem sua liberdade sexual, podem perceber que cada uma tem o seu mundo, a sua arte, o que torna a sexualidade uma força muito produtiva do ser. A criação de uma vida cultural envolve as escolhas sexuais. É necessário que o movimento homossexual vá além dos direitos civis. É importante o respeito, e destacar o desrespeito aos direitos civis do sujeito homossexual. A estabilização dos problemas relacionados à liberação da sexualidade seria construir novas maneiras de viver a vida, amizades na comunidade, das relações sociais, criação de uma nova cultura construída por intermédio de escolhas sexuais, políticas e éticas. Para Foucault,não se deve criar uma cultura própria para os homossexuais, mas sim criar uma cultura aberta a todos, mas nem sempre, o que se relaciona com os homossexuais irá chamar a atenção do próprio, como por exemplo: fazer um filme sobre um romance homossexual nem sempre irá chamar a atenção dos homossexuais. A prática sexual nem sempre tem a ver com a inserção do sadomasoquismo na relação. Muitas vezes essas ideias de novas práticas sexuais estão escondidas no inconsciente. O sadomasoquismo é uma forma de criar novos prazeres, e nem sempre as pessoas que fazem o uso desta prática sexual são agressivas no dia a dia, elas buscam apenas um meio para a liberação desta violência utilizando certas partes do corpo para causar mais prazer. É a utilização do corpo para o começo de uma diversidade de prazer, pois testar novas possiblidades de prazer faz parte da cultura. A identidade pessoal que as pessoas pensam ser algo regrado, com leis e princípios da existência acaba se tornando um problema. Como seres únicos e diversificados, cada pessoa constrói sua identidade a partir de uma diferenciação e inovação, e é a partir desta construção de identidade que é possível que se encontre prazer, não considerando que a identidade seja sempre a mesma, cheia de regras, ética e que todos são iguais. A resistência é um dos elementos que constitui o poder. Poder este, que Foucault relata que é uma relação com outras pessoas, em determinadas situações de estratégia. Esse poder tem a função de mudar uma situação e influenciá-la. Não se pode retirar a resistência, pois quando não se quer fazer algo, ocorre uma resistência ao poder, o que causa uma mudança nas relações. O sadomasoquismo lésbico é um meio que as mulheres usam e que permite que os modelos de feminilidade sejam liberados, sendo uma forma também de luta contra o preconceito com o feminismo. O sadomasoquismo é a erotização do poder, pois é um jogo que pode ser revertido, ora alguém domina, ora o que dominava é dominado e pode ceder lugar à mudança, diferente do poder social. Nos tempos antigos, a amizade se formou em uma relação social essencial, mas foi banida de forma preconceituosa da sociedade, pois acreditavam estar associada à homossexualidade e, assim, poderia ser uma ameaça à ordem social. As instituições trabalhavam para diminuir em uma escala considerável as relações afetivas entre as pessoas, principalmente nas escolas. Com a criação das escolas secundárias levantaram um questionamento de como impedir a amizade e relações sexuais entre jovens. A homossexualidade naquela época era um problema social, pois a amizade desapareceu, quando havia amizade entre os homens não se observava se mantinham relações sexuais entre eles, mas devido ao desaparecimento da amizade a pergunta era o que dois homens faziam juntos sozinhos? Com isso ocorre a declaração da homossexualidade como problema social. A mudança de vida das pessoas não se deve à inovação política, mas aos movimentos que transformam a sociedade e até mesmo as pessoas que não pertencem a tais movimentos. É muito positivo para a sociedade essas transformações da mentalidade das pessoas para que se tornem menos preconceituosas. Fonte:www.c1.staticflickr.com 6 PARÂMETROS CURRICULARES E ORIENTAÇÃO SEXUAL Nos anos de 1970, se intensificou uma discussão sobre o conteúdo da sexualidade a ser inserido na escola, devido a alguns movimentos sociais que mudaram a forma de pensar na época, repensando alguns conteúdos trabalhados pela escola. Na década de 1980, devido ao aumento da gravidez na adolescência e seu crescimento juntamente com o risco de contaminação do HIV (vírus da AIDS) entre os adolescentes. Com o tempo, o conservadorismo foi perdendo espaço e os pais hoje em dia solicitam que a escola aborde o tema sobre orientação sexual, já que as famílias têm uma dificuldade de conversar com seus filhos sobre a sexualidade. Mesmo com essa reivindicação, algumas instituições escolares ainda reprimem a sexualidade, alegando que a família deve ser a responsável para abordar esse tema. Os pais, de certa forma, até os mais conservadores realizam a educação sexual de seus filhos, fazem recomendações e proibições e muitas vezes o que recomendam ou proíbem está relacionado com a sexualidade, permitindo assim que a criança construa a sua sexualidade de maneira inadequada. A mídia acaba influenciando uma mudança de comportamento e visão, utilizando campanhas e imagens que podem levar a fantasias sexuais, muitas vezes de forma errada e pode moralizar e reforçar preconceitos. A sexualidade está presente na escola e é praticamente impossível impedir que a escola imponha aos seus alunos que a sexualidade não está dentro do ambiente escolar. A curiosidade é grande entre os alunos, causa um interesse em saber mais sobre sexualidade. Sendo assim, a escola deve desenvolver uma ação para sanar as dúvidas e curiosidades dos alunos da instituição. Trabalhar somente o conteúdo do currículo na área da ciência e biologia, dando ênfase aos órgãos reprodutores, não é capaz de satisfazer as curiosidades sobre a sexualidade. Sabe-se que quando o aluno pergunta e não obtém resposta, ele acaba se inibindo, perde a capacidade de investigar, tendo interferência no seu desenvolvimento da aprendizagem. A escola intervém sobre o assunto da sexualidade abordando a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), desenvolvendo ações educativas, chamando a atenção dos alunos para uma conscientização. Trabalhar a orientação sexual em sala de aula aumenta o conhecimento sobre os direitos sexuais, questões de reprodução como a gravidez e o estupro. A inclusão da orientação sexual nas escolas traz para as crianças e adolescentes um bem-estar e autoestima na vivência de sua sexualidade. A sexualidade se relaciona com o psíquico das pessoas e se manifesta desde o nascimento até a morte de cada indivíduo. Sendo assim a sexualidade vai além das genitálias, é também uma forma de expressão, pois envolve a antropologia, traz a sexualidade como uma forma de expressão cultural e social. Assim, o indivíduo constrói sua sexualidade a partir das vivências sociais e suas interações culturais. Apesar de existirem estudos sobre a sexualidade e suas manifestações desde o nascimento e no período infantil, ainda há profissionais da educação que se recusam a aceitar ou reconhecê-las e alegam que as crianças são puras e quando expressam alguma coisa relacionada à sexualidade, se dá pelas influências e convivência com os adultos. Fonte:www.educacaopublica.cederj.edu.br As instituições escolares estão conseguindo incluir o tema em discussões sobre a sexualidade em seus projetos, utilizando uma linguagem mais próxima dos jovens na fase em que há uma certa crise de identidade, proporcionando a estes adolescentes um caminho para a construção da sua identidade. O trabalho da sexualidade na escola não exclui a função da família de tratar sobre o assunto, a escola complementa, amplia o conhecimento dos jovens e crianças. Vários temas relacionados a sexualidade devem ser discutidos em sala de aula, para que o aluno possa criar um ponto de referência, fazendo uma reflexão sobre o que se trata a sexualidade. Essa proposta de trabalho não é individual para cada aluno, mas em eventuais questões individuais e pessoais dos alunos que podem ser atendidas de forma especializada por profissionais da educação individualmente. As manifestações da sexualidade acontecem desde a fase infantil partindo da premissa de conhecer o próprio corpo e o corpo do outro. É importante que a escola tenha um posicionamento sobre o que acontece dentro do ambiente escolar para que assim seja possível um diálogo para sanar as dúvidas dos alunos desde o infantil até os do ensino médio. Nãoé dever da escola opinar ou julgar sobre a atuação da família no que diz respeito à educação de seu filho. A escola deve se posicionar quanto aos direitos da criança e adolescente, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), quando forem violados. Portanto, a abordagem sobre sexualidade no espaço escolar deve ser bem explicitada, de forma clara para que assim possibilite uma aquisição de conhecimento sempre crescente. O proposto é trabalhar a sexualidade como um tema transversal e interdisciplinar, abrangendo todas as áreas do conhecimento. É importante que os professores estejam preparados para tirar dúvidas frequentes dos alunos a respeito da sexualidade, já que suas manifestações são ocorridas imprescindivelmente. Muitas vezes, o professor terá de sair um pouco do currículo para tratar da sexualidade, pois podem ter casos de tratamento específico. O objetivo de trabalhar com a orientação sexual é favorecer aos alunos um caminho para que possam desenvolver e viver sua vida e sexualidade com base na responsabilidade e prazer. Frente a alguns dos objetivos pode-se destacar o respeito à diversidade, tanto relacionado à sexualidade quanto a crenças e valores. É importante que até o final do ensino fundamental o aluno tenha o conhecimento sobre seu corpo, evitar discriminação e aceitar as diferenças. O conteúdo a ser trabalhado em cada aula, deve levar em conta a faixa etária dos alunos. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais- Orientação Sexual, foram definidos três blocos norteadores: Corpo: Matriz da sexualidade; Relações de Gênero; Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/AIDS. 6.1 Corpo- Matriz da sexualidade No que diz respeito ao corpo e matriz deve-se compreender a diferenciação entre corpo e organismo. O organismo seria tudo aquilo que compete a estrutura biológica do ser humano. O conceito de corpo seria a interação com o meio e inclui as suas potencialidades e aprendizagens. A abordagem do tema deve ir além de conceito de anatomia, pois o corpo é carregado de sentimentos e sensações. Diversas disciplinas podem trabalhar concepções e ideias sobre sexualidade como a disciplina de história que traz uma visão de como a sexualidade era vivida em diversas sociedades, como eram as vestimentas e comportamentos adotados pelas pessoas da época. Também deve ser trabalhada a questão sobre reprodução e saúde sexual mostrando caminhos para a prevenção de doenças e cuidados que devem ser tomados para preveni-las. Com isso, ao ser trabalhada a saúde sexual, promove- se uma conscientização de cada indivíduo sobre prevenção e saúde. Os profissionais da educação têm a possibilidade de trabalhar com diversos materiais para um melhor entendimento dos alunos. 6.2 Relações de Gênero O conceito de gênero parte do entendimento de feminino e masculino como sendo uma fonte de construção social. Mesmo hoje ocorrendo transformações na sociedade, há ainda uma discriminação que se relaciona na diferença ente homens e mulheres, na qual a mulher não tem as mesmas condições e oportunidades na sociedade que são oferecidas aos homens, com isso há o menosprezo à mulher e à desigualdade social entre homens e mulheres. A proposta de trabalhar com o tema relações de gênero é jogar em questão os padrões que a sociedade impõe sobre as pessoas. Flexibilizar padrões da sociedade é transformar e permitir que cada pessoa se desenvolva e expresse suas emoções e sentimentos, mas sem a transformação que os estereótipos de gênero causam, como a repressão nos meninos e meninas, que pelos padrões impostos pela sociedade, não vê com bons olhos um menino com características muito sensíveis. As peculiaridades de cada indivíduo devem ser vivenciadas e não reprimidas. Há várias disciplinas que podem trabalhar em sala de aula sobre relações de gênero, um exemplo, seria a disciplina de artes que faz uma analogia de expressões corporais e padrões, no caso da dança, não é muito bem-visto um menino praticando balé. No caso da matemática, por meio de dados e números coletados por pesquisas e que se chega a resultados. Esses dados mostram como, por exemplo, o avanço da mulher nos dias de hoje comparado ao passado, comprovam que a mulher ganhou e ganha cada vez mais espaço em diversas áreas onde o homem domina em maior porcentagem. É importante que no contexto da sala de aula, se o professor presenciar atitudes discriminatórias por parte dos alunos para com outros colegas, que ele intervenha imediatamente, para que possa resolver o conflito e levantar um questionamento sobre estereótipos relacionados a sexualidade e gênero. Com isso, conversas com os alunos sobre intolerância, mostrar a diversidade de formas que homens e mulheres podem viver e o quanto essa discriminação influencia e afeta a vida de quem é vítima de intolerância sexual. Deve ser explicado que cada pessoa tem suas particularidades e que devem ser vividas, e não é porque um menino é mais sensível que ele será gay ou no caso da menina que gosta de jogar futebol não quer dizer que ela é lésbica. Fonte:www.cdn.serpadres.com 6.3 Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids: Discutindo as doenças sexualmente transmissíveis/Aids, precisa-se transmitir uma mensagem às pessoas sobre prevenção dando ênfase à vida e não à morte. Promover a saúde com prazer, mostrando várias formas de contato com a doença. Ao abordar o tema AIDS, deve-se falar sobre os meios de transmissão do vírus e a diferenciação entre o doente, portador e o tratamento utilizado. É necessário que o professor busque conscientizar e incentivar as prevenções por parte dos alunos no ato sexual. É imprescindível também realizar uma discussão sobre o obstáculo que faz com que o indivíduo fique impedido de realizar o sexo com segurança. Este trabalho promove nos alunos a exposição de seus medos e angústias sobre o tema e seus mitos e cultura, é indispensável o sexo seguro. Deve-se deixar claro que mesmo com os avanços da medicina e o desenvolvimento de vários medicamentos no combate à doença, ainda não foi descoberto um medicamento para a cura da AIDS. O autor cita uma pesquisa divulgada sobre a AIDS no mundo e demonstra que os jovens são mais suscetíveis a contrair o vírus, pois estão mais expostos ao risco de contaminação que é uma das principais causas, o sexo não protegido. Por conta das dificuldades dos alunos para lidarem com o tema, é necessário que as escolas firmem parcerias com unidades de saúde, para que os próprios alunos percam seus medos e busquem ajuda especializada que lhe forneça toda uma estrutura em relação à saúde sexual e também terapêutica. Com isso, em sala de aula leva-se em conta a vivência dos alunos quando eles desejam falar sobre o assunto. A escola não deve trazer nenhum tipo de teste para sorologia. O tema AIDS também deve ser trabalhado como um tema interdisciplinar, pois todas as áreas do conhecimento podem abordar o tema, como por exemplo, a língua portuguesa, e o professor pode trabalhar com os alunos vários gêneros textuais sobre doenças sexualmente transmissíveis. 6.4 O trabalho com orientação sexual com espaço específico Os trabalhos com orientação sexual podem ser desenvolvidos de forma específica, pois os jovens são os mais interessados no assunto a ser tratado. Várias temáticas precisam de espaço específico para serem discutidas como, por exemplo, a homossexualidade, gravidez, iniciação da vida sexual e outros temas. O espaço deve ser exclusivo, pois o professor precisa estar preparado para sanar as dúvidas dos alunos e também debater temas que são considerados polêmicos. Este trabalho não precisa ser realizado por um professor específico da área de ciências, mas deve ser trabalhado por educadores que exercem outras funções na escola. Para realizar o trabalho e que tenha uma boaaceitação dos alunos, o professor mediador tem de ser uma pessoa próxima dos alunos e de sua confiança. Antes de se iniciar a abordagem com os alunos, é importante que a comunidade escolar esteja ciente sobre a forma de como será feita a abordagem com os alunos. A família também deve ser avisada, e de preferência, de forma direta. É imprescindível deixar claro para a família que o projeto dentro da escola não substitui a educação dada pelos pais e mesmo se ainda houver resistência o aluno não irá frequentar as aulas sobre o tema. As salas devem ser divididas por faixas etárias ou por série, com no máximo vinte e cinco alunos por turma, que devem ser mescladas. Vários métodos podem ser utilizados para se desenvolver o tema, assim como os alunos trazerem sugestões e perguntas de forma anônima e colocá-las em uma caixa de sugestões e perguntas que devem ser respondidas. Algumas regras devem ser estabelecidas como o respeito às perguntas de todos, a não discriminação e outras. A avaliação deve ser de forma contínua enquanto prosseguir o projeto e pode ser feita até mesmo pelos próprios alunos, para que possam cada vez mais sugerir formas de trabalhar o tema para maior desenvolvimento das aulas. Questionários poderão ser respondidos para que haja uma melhor avaliação do trabalho desenvolvido com a Orientação Sexual. 7 SEXO BIOLÓGICO E ORIENTAÇÃO SEXUAL Picazio (1998) descreve sexualidade como um tema difícil a ser explanado pela sociedade, considerado como um atrativo físico e relacionado com o desempenho sexual. Assim, a sexualidade é vista como o sexo pelo sexo, mesmo tendo várias regras de comportamento e de valores morais, na qual o homem tem um papel dominante sobre a mulher e cria uma sociedade machista. O autor reflete sobre o não questionamento da sexualidade de cada indivíduo a ênfase dada sobre a relação sexual. A sociedade não tem o hábito de encarar a questão da sexualidade como parte da evolução do desenvolvimento do indivíduo. A base da sexualidade se tem na adolescência, que permite a cada um ter novas experiências e desejos que antes não se manifestavam. A sociedade causa a repressão de pensamentos e faz com que o jovem desconverse quando é questionado sobre sua sexualidade, agindo com total preconceito em relação ao tema. O jovem, mesmo com dúvidas em relação às condutas diferentes na sexualidade, prefere se calar a qualquer conversa que soe preconceituosa, acreditando que o mundo ainda não está preparado, pois se afasta das minorias, tornando-as responsáveis por atitudes erradas. O autor relata que falar de sexualidade causa uma variação de prazer e de medo. O prazer surge a partir do momento que se imagina uma área da vida que traz felicidade por meio da sexualidade. O medo, por sua vez, surge na ideia de que nunca poderá ser encaixado naquilo que o mundo determina como adequado. Uma sociedade harmônica é aquela que respeita os diferentes permitindo que todos possam viver em igualdade. Um ser humano harmonioso é quem respeita os desejos do próximo conseguindo lidar com o que é diferente. A liberdade é sempre almejada por todos, mas só é conquistada com coragem de viver em harmonia com o que se sente e deseja, respeitando também a liberdade do outro. É importante ressaltar que cada ser humano é diferente um do outro, com isso não se deve aceitar a diversidade como o caminho a seguir, porém deve-se aceitá-la como parte da existência humana. Para entender os aspectos que constroem a sexualidade é importante que compreenda as diferentes manifestações da sexualidade. A sexualidade deve ser dividida em quatro pontos relevantes, que são: o sexo biológico, identidade sexual, papel sexual e a orientação do desejo sexual, também conhecida como orientação sexual. Fonte:www.clickideia.com.br O sexo biológico é construído pelas características fenotípicas e genotípicas do corpo humano. De acordo com a genética, na sexta semana de gestação começa a determinar se o feto será masculino ou feminino. Logo após, começam a ser formados os órgãos genitais. Mais tarde, após o nascimento, surgem as características sexuais secundárias que são determinadas pelos hormônios durante a puberdade. Em alguns casos existe uma variação hormonal que faz com que algumas mulheres tenham pelos na face e alguns homens tenham mamas. Esse excesso de hormônios não tem nada a ver com o comportamento sexual ou a orientação de seu desejo. O sexo biológico é referência na construção da identidade sexual. A diferenciação homem e mulher mostra que tratamento receber-se-á do mundo, de acordo com os valores da sociedade, e com esse tratamento recebe-se uma direção do que é ser masculino e feminino, pois não nasce homem e mulher e, dessa forma, o aprendizado deve surgir no convívio social. De acordo com o crescimento, surge a identificação com valores da sociedade denominados femininos e masculinos tais como estilos de roupas, ídolos, profissões entre outros. Porém, a sociedade faz com que se deixe muitas dessas escolhas que não estão de acordo com o sexo biológico. Na sociedade, ser masculino ou feminino varia de época e cultura. Na Escócia, por exemplo, um homem que usa saia se sente tão masculino quanto os que não usam. Já no Brasil o homem que usar saia na sociedade é compreendido como um homem sem masculinidade. Ainda que a identidade sexual se baseia no sexo biológico ela não está totalmente presa a ele. Existem pessoas que acreditam ser homem e mulher ao mesmo tempo, essas pessoas são denominadas travestis. Ainda existem pessoas que tem uma identidade sexual contrária ao seu sexo biológico, essas pessoas são as transexuais. Para o autor, a identidade sexual está ligada à ideia na qual o indivíduo acredita ser, ou seja, no decorrer da vida, ela é desenvolvida por meio da imagem física, tal como a pessoa é tratada e como ela se sente. É no sentir que persiste a dúvida de como a identidade sexual pode ser construída, já que o sentir é algo particular de cada um. Os papeis sexuais são definidos como comportamentos masculinos ou femininos das pessoas na sociedade. Desde a infância, os elementos da família vão atribuindo vários papeis em relação ao que esperam do bom filho e da boa filha. Essa concepção é passada em virtude do que se considera adequado ao sexo biológico da criança. Tudo que se relaciona a “coisas de homem” ou “tipo de mulher” faz parte do papel social e sexual que a pessoa adquire. O autor usa o exemplo de uma mulher que não entende de futebol e que com isso ela acredita ser uma atitude adequada por ela ser mulher, sendo estimulada a não entender do assunto. Claro que, caso ela queira entender de futebol como qualquer homem, ela pode ser julgada, pois estará desempenhando um papel sexual típico de homem para a cultura ocidental. Quem desempenha papeis sexuais diferentes dos habituais, na maioria das vezes são denominados homossexuais. Não é porque a pessoa desempenhe papeis sexuais fora da cultura que ela será homossexual, a pessoa só é homossexual quando ela deseja sexualmente outra pessoa do mesmo sexo. Picazio afirma o seguinte a respeito: “Não há correspondência entre os papeis sexuais que adquirimos e a nossa orientação afetiva sexual”. (PICAZIO, 1998, p. 23). O papel sexual varia de acordo com a época e a cultura, o de hoje provavelmente não será o mesmo de amanhã, pois a sociedade vem mudando a conduta de homem-provedor e mulher-submissa. A orientação sexual é o sentimento de atração que se direciona a pessoa com quem se quer relacionar amorosa e sexualmente. É ele quem indica que não só o homem e a mulher que atrai, como também o seu tipo. A formação da orientação do desejo, segundo o autor, é composta pela ligação de diversos fatores psicológicos, genéticos e sociais que determinam a orientação dos desejos. É importante deixarclaro que a atração pela pessoa amada não é a opção, pois opção significa escolha. Deve-se refletir o seguinte: em momento algum na vida, o indivíduo para a fim de decidir se gosta de uma pessoa do sexo biológico diferente do seu ou uma de sexo igual. Mesmo os que se sentem atraídos por ambos os sexos, não é possível controlar o sentimento, pois é algo involuntário. Alguns teóricos da ciência acreditam que se existe alguma escolha ela é totalmente inconsciente e ocorre antes dos quatro anos de idade. A orientação sexual não é algo variável, o que pode acontecer, é a pessoa descobrir a sua orientação em idades diferentes. Em alguns casos a orientação só é descoberta na maturidade, ou mais tardiamente, dependendo das repressões sociais e das obrigações que a pessoa deve cumprir. O indivíduo deve ser ele mesmo não importando com os padrões de não aceitação da diversidade, impostos pela sociedade. Alguns profissionais da área da saúde, como médicos e psicólogos, como também religiosos, acreditam na ideia de que a homossexualidade trata-se de uma doença, mas logo em seguida essa concepção se perde após o Código Internacional de Doenças (CDI) que descarta essa possibilidade, com isso, a ideia de “cura gay” foi repudiada desde 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia. Doença é não respeitar as diversas formas de orientação e não aceitá-las e tentar determinar que a pessoa deve ou não amar. A orientação do desejo deve ser levada em conta, pois ela mostra o real desejo e a possibilidade da pessoa realizar-se afetiva e sexualmente. A sexualidade é o entrelaçamento entre aspectos biológicos, identidade sexual, papeis sexuais e orientação do desejo. São esses aspectos que vão determinar a estrutura, a forma e a ação da sexualidade. É com esses aspectos que pode-se perceber as diversas variações, que propiciam diversidades de expressão da sexualidade. A heterossexualidade é definida, segundo a concepção do autor, como a atração afetiva e sexual por pessoas do sexo biológico diferente. Entre os elementos que compõem a sexualidade está entre a maioria, porém não é o único existente. Referente ao sexo biológico, o heterossexual se vê biologicamente como heterossexual, comporta-se como um e deseja a pessoa do sexo biológico diferente. Dentro da heterossexualidade existem variações como, por exemplo, uma pessoa que é biologicamente heterossexual, se percebe como tal e se sente atraída por alguém do sexo biológico diferente, pois se sente mais à vontade exercendo tarefas do sexo biológico diferente. A sociedade impõe e julga rigidamente as maneiras de ser heterossexual muitas vezes, caso alguém saia do padrão estimulado. Muitas vezes as pessoas deixam de agir com a sua espontaneidade para poder agir de acordo com aquilo que a sociedade estabelece. Talvez por ser um dos comportamentos sexuais da maioria das pessoas e haver procriação da espécie, a heterossexualidade é vista como correta pelas entidades religiosas, em virtude disso, o autor faz uma crítica dizendo que não se age por impulso básico da espécie igual. Contudo a heterossexualidade deve ser cada vez mais estudada para que com isso se possa entender os motivos de outros desejos sexuais. 8 HISTÓRICO DOS MOVIMENTOS LGBT Em 28 de junho de 1969, Stonewall Inn, Greenwich Village, Estados Unidos. A história começa nas primeiras horas da manhã, quando gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentam policiais e iniciam uma rebelião que lançaria as bases para o movimento pelos direitos LGBT nos Estados Unidos e no mundo. O episódio, conhecido como Stonewall Riot (Rebelião de Stonewall), teve duração de seis dias e foi uma resposta às ações arbitrárias da polícia, que rotineiramente promovia batidas e revistas humilhantes em bares gays de Nova Iorque. Este episódio é considerado o marco zero do movimento LGBT contemporâneo e, por isso, é comemorado mundialmente em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT. Uma data para celebrar vitórias históricas, mas também para relembrar que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Fonte: www.abrilguiadoestudante.files.wordpress.com 8.1 Violência: Uma linha do tempo Os primeiros registros históricos da homossexualidade datam de 1.200 A.C. Diversos pesquisadores e historiadores afirmam que a homossexualidade foi aceita em diversas civilizações ao longo da história. Apesar disso, em muitos países, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais foram e ainda são constantemente violentados, presos, torturados e mortos, sem proteção das leis, que podem ser omissas, conter brechas ou até mesmo respaldar a violência contra essa comunidade. O primeiro código penal contra a homossexualidade data do século XIII e pertenceu ao império de Gengis Khan, onde a sodomia era punida com a morte. No Ocidente, as primeiras leis anti homossexuais, ambas redigidas sob influência da Inquisição, foram publicadas em 1533: o Buggery Act (Inglaterra) e o Código Penal de Portugal. A partir disso, leis anti homossexuais se espalharam por diversos países do Ocidente que, por sua vez, as impuseram às suas colônias. Em artigo para a Carta Capital, o professor Diego Bayer afirma que, apesar da legislação progressista em alguns países da Europa, a realidade dos LGBTs continuava ruim. Tanto que, no século XIX, há um caso emblemático: o do escritor inglês Oscar Wilde, condenado a trabalhos forçados e à prisão por se relacionar afetivamente com o filho de um importante lorde inglês. Durante os últimos dois séculos, a violência, institucional ou não, continuou perseguindo os LGBTs: no nazismo, eles eram levados aos campos de concentração. Dois símbolos do movimento surgem aí: o triângulo rosa invertido, utilizado para identificar homens gays, e o triângulo preto invertido, destinado às “mulheres antissociais”, grupo que incluía as lésbicas. Teorias médicas e psicológicas tratavam a homossexualidade como uma doença mental que podia ser curada através de métodos de tortura, como a castração, a terapia de choque, a lobotomia e os estupros corretivos. Fonte: www.politize.com.br É importante frisar que essas violências não pertencem ao passado distante: até os anos 60, a homossexualidade ainda era ilegal em todos os estados dos EUA, com exceção da cidade de Illinois. Em diversos países, comunidades terapêuticas particulares continuam a oferecer serviços de “cura gay”. Ainda nesta década, a relação homossexual é crime em 73 países. Dessa lista, 13 nações preveem pena de morte como penalidade. No Brasil, de acordo com os dados de 2016 do Grupo Gay da Bahia (GBB), um LGBT é assassinado a cada 24 horas. 8.2 Rebelião de Stonewall A rebelião de Stonewall marcou o início do Gay Rights Movement (em tradução livre, movimento pelos direitos gays). Uma das consequências de Stonewall foi a criação de dois grupos que desempenharam um papel importante na história do movimento LGBT: o Gay Liberation Front (GLF) e o Gay Activists Alliance (GAA). Um novo tipo de organização gay, inspirados pelo espírito militante dos motins que os forjaram, logo inspiraram milhares de gays e lésbicas através de todo o país e em última instância de todo o mundo a juntarem-se ao movimento pelos direitos civis e humanos para os LGBTs. Não há consenso sobre qual episódio marca o início dos movimentos trans, mas a criação do periódico Transvestia: The Journal of the American Society for Equality in Dress, em 1952, é considerado por alguns o marco inicial dessa luta nos Estados Unidos. Além disso, travestis e transexuais foram figuras-chave da Rebelião de Stonewall. Fonte:www.semanaon.com.br A segunda onda do feminismo (1960-1980) foi fundamental para a articulação lésbica. Dentro do movimento feminista, havia uma tensão frequente entre mulheres
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