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AVALIACAO-PSICOLOGICA-NA-ATUALIDADE-E-ELABORAÇAO-DE-DOCUMENTOS-PSICOLÓGICOS-1

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AVALIAÇÃO PSICOLOGICA NA ATIVIDADE E 
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS 
AVALIACAO PSICOLOGICA NA ATUALIDADE E 
ELABORAÇAO DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS 
 
 
2 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................2 
Introdução................................................................................................................................4 
Breve processo histórico sobre o surgimento dos laudos psicológicos e suas 
necessidades de regulamentação.....................................................................................6 
Características básicas dos documentos psicológicos .......................................... 13 
Princípios Norteadores na Elaboração de Documentos.......................................... 15 
Princípios Técnicos da Linguagem Escrita ................................................................. 15 
Princípios Éticos ................................................................................................................. 16 
Princípios Técnicos............................................................................................................ 17 
Conceito / Finalidade / Estrutura .................................................................................... 18 
Modalidades de Documentos .......................................................................................... 27 
Tipos de documentos psicológicos .............................................................................. 27 
Atestado psicológico ......................................................................................................... 28 
Relatório/ laudo psicológico ............................................................................................ 29 
Declaração ............................................................................................................................ 33 
Parecer psicológico ........................................................................................................... 34 
O informe psicológico e seus diferentes tipos........................................................... 36 
Validade dos Conteúdos dos Documentos ................................................................. 39 
Guarda dos Documentos e Condições de Guarda .................................................... 40 
Diretrizes para o ensino De avaliação psicológica.................................................... 40 
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 46 
 
 
 
4 
 
Introdução 
A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de 
coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos 
psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, 
utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas - métodos, técnicas e 
instrumentos. Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os 
condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de 
servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na 
modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda 
até a conclusão do processo de avaliação psicológica. 
Ao longo de sua prática, o psicólogo tem sido solicitado em vários contextos a 
elaborar documentos psicológicos, que se dividem em: declaração, atestado, 
relatório/ laudo e parecer psicológicos. O presente tem como objetivo investigar 
sobre os documentos psicológicos e os problemas em torno de sua elaboração. 
Entretanto, essa tarefa costuma ser a mais evitada pelo psicólogo, pois boa parte 
dos informes elaborados tem sido criticada por sua precária validade. Em resposta a 
isso, a categoria mobilizou-se em torno dos problemas advindos da escrita e as 
constantes falhas técnicas, incoerências e imprecisões, instituindo o Manual de 
Elaboração de Documentos Produzidos por Psicólogos decorrentes de Avaliação 
Psicológica. Entretanto, apesar do Manual contribuir para que o psicólogo não 
incorra em falhas básicas, o mesmo não é suficiente para impedir os erros. Portanto, 
é necessário desconstruir o caráter ilusório atribuído à Psicologia, como se esta 
oferecesse instrumentos para a compreensão integral ou mágica do sujeito. 
 
 
5 
Ao longo de sua prática o psicólogo tem sido solicitado em vários contextos a 
elaborar algum tipo de documento psicológico. Entretanto, a literatura especializada 
fornece dados que possibilitam compreender que essa é a tarefa que costuma ser 
mais evitada por esse profissional, pois compromete muito quem a exerce. A 
dificuldade está no fato de ser necessário muito conhecimento, experiência clínica e 
dedicação; fazendo com que o profissional inseguro a evite. Isso se justifica porque 
boa parte dos informes elaborados tem sido criticada por sua precária validade e 
desprezada como algo obsoleto (ARZENO, 1995). 
No que se refere especificamente aos laudos psicológicos, observou-se que 
inúmeras são as denúncias que têm chegado ao Conselho Federal de Psicologia 
(CFP) contra psicólogos que os elaboram de forma duvidosa, e sem nenhum tipo de 
validade verificável. Entretanto, o laudo psicológico, resultante do processo de 
avaliação psicológica diagnóstica ou de um processo terapêutico, retrata o cerne da 
atividade do psicólogo e por isso essa atividade não pode deixar de ser exercida. 
Diante disso, a presente pesquisa se justifica por sua relevância em divulgar 
orientações sobre como elaborar documentos psicológicos de forma correta e por 
discutir especificamente sobre os laudos psicológicos e os processos ideológicos 
que permeiam a sua construção. 
Assim, o presente discorrerá sobre os documentos psicológicos, detendo-se 
especificamente nos laudos psicológicos, onde será feita uma discussão sobre os 
problemas em torno de sua elaboração. 
Inicialmente é apresentada a metodologia do artigo, que consiste numa 
revisão bibliográfica sobre o assunto supracitado. A introdução está dividida em três 
tópicos: 
 
 
6 
 O primeiro apresenta brevemente as principais características dos 
documentos psicológicos. 
 O tópico de número dois discorre sobre os tipos de documentos psicológicos 
e apresenta as peculiaridades de cada um; 
 Seguido pelo terceiro tópico, que apresenta as tipologias de informes 
psicológicos, sendo recortados os seis tipos mais comuns, que terão 
finalidades diferentes, a depender da demanda. 
Posteriormente, nos resultados e discussões, aborda-se o breve processo 
histórico sobre o surgimento dos laudos psicológicose as necessidades. Consiste 
numa revisão de literatura sobre a temática da elaboração de documentos 
psicológicos e os problemas em torno de sua elaboração. Foram usados os 
seguintes descritores: documentos psicológicos, informe psicológico e laudos 
psicológicos. 
 
 
Breve processo histórico sobre o surgimento dos laudos 
psicológicos e suas necessidades de regulamentação 
Para Shine (2009) o laudo psicológico é um documento no qual as 
contradições dos pedidos e dos desejos se fazem presentes na escritura que visa 
“congelar” uma dinâmica e propor saídas pragmáticas e juridicamente válidas. Ou 
seja, é o meio de apresentação do trabalho pericial e dever ser entendido como uma 
comunicação técnico-científica de natureza oficial e que tem como destinatário o 
juízo que solicitou a perícia. Além disso, o laudo em sua forma escrita possui um 
 
 
7 
valor intrínseco e extrínseco a pesquisa como fonte de estudo pelo qual é possível 
fazer a conjugação dos conhecimentos de uma disciplina do saber, que é a 
Psicologia; comunicada a leigos, porém doutores em outra área do conhecimento 
humano: os operadores do Direito. 
Dessa forma, o psicólogo, assumindo a demanda judicial de realizar perícia 
psicológica, torna-se um auxiliar da justiça. Para elaborar um laudo, o psicólogo 
precisa estar inscrito no seu respectivo Conselho Regional de Psicologia. Isso 
significa que, teoricamente, todos os psicólogos estão aptos para exercer essa 
atividade pericial. Entretanto, se teoricamente todo graduado em Psicologia é 
especialista nessa ciência e profissão e pode ser perito, também é verdade que os 
profissionais se especializam e que certas áreas podem estar totalmente fora desse 
campo (SHINE, 2009). 
O psicólogo mais recomendado para essa atividade é o psicólogo judiciário. 
Esse especialista deve passar em concurso público e assumir suas funções nos 
diversos locais de competente. Porém, no que se refere à criação dessa modalidade 
de especialidade, ainda não há nenhuma exigência formal extra para que qualquer 
psicólogo devidamente inscrito no CRP possa atuar como perito, especialista em 
sua área de atuação, e nomeado para tal mister na justiça. Caso o perito careça de 
conhecimento técnico ou científico o mesmo poderá ser substituído (SHINE, 2009). 
Para chegar ao momento atual, os laudos psicológicos passaram por um 
processo histórico. Diante disso, o presente tópico do trabalho discorrerá de forma 
breve sobre como foi o surgimento dos Laudos Psicológicos em território brasileiro, 
levando em consideração Sather (2008), ao afirma que para estudar os textos 
psicológicos é preciso levar-se em conta o momento histórico que os originaram. 
 
 
8 
Posteriormente será explanado sobre alguns dos problemas que permeiam a sua 
elaboração. 
Desde que o primeiro curso de graduação em psicologia foi oficializado no 
Brasil, estão presentes reflexões e revisões acerca da formação do psicólogo. 
Sendo assim, pode-se considerar a inquietação com a preparação do profissional e 
a necessidade de melhora na área como questões analisadas há algum tempo. 
Segundo Noronha e outros autores (2010) a formação profissional deve ser 
eficiente para garantir uma preparação adequada aos futuros psicólogos, pois se 
espera que os testes sejam utilizados por profissionais capacitados a aplicá-lo e 
interpretá-lo de forma adequada, já que a maioria das críticas aos testes, além de 
suas características intrínsecas, se referem, também, ao uso inadequado dos 
resultados por profissionais não qualificados. 
Dessa forma, o percurso da Psicologia no Brasil atravessa primeiramente o 
ensino nos cursos de medicina. No começo dos anos quarenta, quando a formação 
psicanalítica no Rio de Janeiro e em São Paulo principiou-se restritamente aos 
médicos. Com o surgimento da industrialização o trabalho psicológico foi fortemente 
requisitado na demanda de tornar mais técnica a seleção de pessoal, seja na 
adequação do homem à função ou na formação de lideranças para as empresas. 
Pouco depois do início desse tipo de trabalho, a Psicologia foi regulamentada 
como profissão no Brasil em 1962, e com ela se iniciam, também, as exigências do 
laudo psicológico para admissões, promoções e deslocamento de pessoal nas 
empresas brasileiras (SATHER, 2008). 
Esse processo teve ampla e rápida expansão nas escolas, onde os 
psicólogos foram sendo incorporado, também, com a função de avaliar crianças, 
 
 
9 
montar classes e fazer encaminhamentos, por meio de laudos, para escolas 
especializadas, que pudessem corroborar para a devida assistência a crianças com 
problemas de aprendizagem ou desenvolvimento (SATHER, 2008); processo que 
contribuiu para a rotulação dos psicólogos como “máquinas de fazer laudos” 
(BARRETO; SILVA, 2011). 
A partir de 1994, o laudo foi reconhecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 
como atestado que justifica a permissão de licença de saúde ou afastamento junto à 
previdência social. Após a instituição da regulamentação das condições para a 
concessão de atestados psicológicos com o propósito de anuir à licença saúde – 
realizada nesse mesmo ano – em 1996, dois anos depois, o CFP regulamenta a 
concessão de atestados para tratamento de saúde por problemas psicológicos- 
Resolução CFP n° 015/96 (SATHER, 2008). 
Segundo Sather (2008) como fruto de uma mobilização da categoria sobre os 
problemas advindos da escrita profissional e as constantes falhas técnicas, 
incoerências e imprecisões que sempre a permearam, comprometendo o 
entendimento e a eficácia dos laudos, foi instituído o Manual de Elaboração de 
Documentos Produzidos por Psicólogos decorrentes de Avaliações Psicológicas , no 
ano de 2001. O objetivo foi criar um instrumento que responda as dúvidas mais 
comuns dos profissionais da área e evite erros frequentes cometidos por eles. 
Para Shine (2009) essa primeira iniciativa do CFP de normatizar os 
documentos elaborados a partir de avaliações psicológicas com a Resolução n° 
30/2001, foi revisada posteriormente pela Resolução n° 17/2002 e finalmente, em 
2003, chegou-se à Resolução n° 007/2003, que está em vigor até o presente 
momento e revoga as duas anteriores. A autora questiona sobre a rapidez com que 
 
 
10 
as versões se sucederam, processo que na opinião dela é o reflexo da grande 
dificuldade em se chegar a um consenso satisfatório nessa área. 
Sather (2008) corroborando com a autora Shine (2009), afirma que 
aparentemente as promulgações foram feitas emergencialmente, já que foram 
publicadas três resoluções uma após a outra, sinalizando o anseio de resolver 
problemas, mesmo que com a perpetração de erros e correções. Assim, é 
questionável por que após tantos anos só nesse momento ser normatizada uma 
atividade tão corriqueira como essa, uma vez que as atribuições legais datam de 
1971. 
Reflete-se que o Manual não serve apenas para a orientação de profissionais, 
mas, sobretudo, ao entrar em vigência, serve como argumento normativo para 
penalidade daqueles que o não cumprirem. Entretanto, ao vigorar, o Manual serve 
como argumento normativo para a punição daqueles que não o cumprem, mesmo 
sendo autorizados a elaborarem laudos, pois, agora, frente a esse instrumento, não 
estão (ou podem não estar) qualificados a fazê-lo. O que, na aparência, protege a 
categoria pode, então, inversamente, puni-la (SATHER, 2008). 
Dessa forma, na justificativa do CFP para elaboração do referido Manual, 
considera-se que o psicólogo tem sido solicitado a apresentar informações 
documentais no exercício profissional, destacando a necessidade de referências 
para subsidiar a elaboração qualificada de documentos decorrentes de uma 
avaliação psicológica. Tal demanda levou ainda em conta a frequência com que 
representações éticas surgem a partir de queixas que questionam a qualidade dos 
documentos escritos (SHINE, 2009). 
 
 
11 
É dever das instituições de ensino superior possibilitaraos estudantes o 
desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para a realização da 
avaliação psicológica. No Brasil a formação dos profissionais nos cursos de 
graduação em Psicologia tem se mostrado insuficiente na aplicação e avaliação de 
testes, sem o uso de uma análise crítica e mais apurada (NORONHA ET AL., 2010). 
Além disso, a linguagem psicológica está impregnada da construção de 
sujeitos e controle das populações, o que torna os laudos psicológicos um 
instrumento de poder que além de classificar os sujeitos psicológicos promovem o 
discurso sobre a própria profissão no âmbito de suas técnicas, funções, métodos, 
verdades etc.; os laudos psicológicos são uma forma de poder que podem implicar 
em práticas de dominação e controle. Dessa forma, estudar um texto qualquer tendo 
em vista sua emergência e sobrevida deve remeter não só a examinar sua coerência 
interna e coesão textual, mas também os mecanismos políticos que os estão 
contextualizando (SATHER, 2008). 
Shine (2009) observa que o grande desafio colocado é apresentar uma 
linguagem precisa, principalmente quando se refere os dados de natureza subjetiva. 
Na opinião dela, é muito mais fácil “falar” do que “fazer”, principalmente porque não 
existe um momento específico de treino na própria formação do psicólogo. Na 
opinião dela, seria necessária uma disciplina de especialização em Psicologia 
Jurídica nas grades do curso de Psicologia no Brasil. Todavia, sabe-se que esse é 
um processo difícil, tendo em vista que a ênfase na formação generalista do 
psicólogo em território brasileiro ser contrária a inserção de disciplinas de 
especialização. 
Padilha, Noronha e Fagan (2007) sugerem que é necessário que os 
psicólogos realizem cursos de atualização e se insiram em programas de pós-
 
 
12 
graduação para aprimorar o conhecimento necessário para a construção e o uso dos 
instrumentos de avaliação. 
Além disso, a discussão dos problemas éticos que ocorre na disciplina de 
ética profissional não dá conta das nuances e especificidades de uma atuação 
particular. No que se refere à Resolução do CFP de n° 007/2003, sem dúvida 
alguma é uma contribuição válida para os psicólogos que elaboram documentos 
decorrentes de uma avaliação psicológica, uma vez que permite uma distinção entre 
os diversos tipos de documentos, dando uma diretriz mínima para a sua construção 
(SHINE, 2009). 
Entretanto, apesar do Manual contribuir para que o psicólogo não incorra em 
falhas básicas, ele não é suficiente para impedir erros do psicólogo em uma área em 
que é desconhecida a relação dinâmica das forças institucionais em jogo. Então, 
para alcançar esse objetivo a normatização do Manual não tem e nem teria como 
dar conta do conhecimento de uma atuação em uma especialidade como a 
Psicologia Jurídica. 
Dessa forma, fica claro que a formação do psicólogo ainda não se voltou para 
um melhor treino para a apresentação de dados obtidos no processo de avaliação 
psicológica. Isso se justifica porque durante a formação dos graduandos em 
Psicologia, é comum que o ensino e o tratamento em Psicodiagnóstico são 
finalizados no exato momento de se redigir um relatório psicológico; implicitamente 
dizendo que após se recolher os dados necessários, de qual forma for, bem como os 
resultados, não fosse tão importante o processo de transmiti-los (SHINE, 2009. 
Portanto, é necessário desconstruir esse caráter ilusório que muitas vezes é 
atribuído à ciência psicológica, como se ela oferecesse instrumentos para a 
 
 
13 
compreensão integral ou quase mágica do sujeito. Isso se justifica porque a 
realidade demonstra que a Psicologia, independentemente da linha teórica 
empregada, dispõe apenas de técnicas que possibilitam interpretações possíveis a 
respeito do comportamento humano (FERNANDES, 2011). 
Características básicas dos documentos psicológicos 
De acordo com Reppold e Serafini (2010) um grande problema quanto à 
elaboração dos documentos psicológicos se dá pelo fato de que o ensino da 
avaliação psicológica e de suas técnicas, se utilizam de referenciais teóricos e 
científicos muitos deles já ultrapassados, ou seja, bibliografia retrograda e não 
oficial, resumos e apostilas elaborados por professores, que não acompanham a 
produção atual da área. O resultado disso é o despreparo dos futuros profissionais 
em relação ao domínio de técnicas de avaliação validadas e as diversas 
competências que estão na matriz do que as Diretrizes Curriculares elucidam como 
condições mínimas para atuação de um psicólogo. 
O CFP, no ano de 2003, ao estabelecer a Resolução nº 007/2003, institui o 
Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo 
decorrentes de avaliação psicológica. De acordo com a presente resolução, os 
documentos psicológicos são documentos oriundos de um processo de avaliação 
psicológica e por isso possuem um valor técnico-jurídico, assumindo um caráter de 
comunicação oficial, sendo sustentados por princípios científicos e formalizações. 
Ao elaborar um documento psicológico, atividade exclusiva do profissional de 
Psicologia, este deve principalmente observar as normas contidas no Código de 
Ética Profissional do Psicólogo, o Manual de Elaboração de Documentos 
Decorrentes de Avaliações Psicológicas, e utilizar-se dos instrumentais técnicos 
 
 
14 
disponíveis, como os métodos e as técnicas psicológicas, para a coleta de dados a 
respeito de um indivíduo ou grupo, podendo, também, fazer uso de outros materiais 
e documentos produzidos anteriormente e pertinentes à avaliação em questão 
(CONSELHO..., 2003). 
No que se refere à estrutura gramatical dos documentos, o psicólogo precisa 
considerar ainda três princípios fundamentais: clareza, concisão e harmonia. A 
clareza é uma ordenação que possibilita a compreensão do leitor em uma redação 
bem estruturada e definida, expressando absolutamente o que se quer comunicar. 
Já a concisão implica numa linguagem precisa e profissional, evitando significações 
da linguagem popular ou uma redação prolixa. E a harmonia possibilita a correlação 
adequada das frases, evitando cacofonias (CONSELHO..., 2003). 
A presente resolução orienta que a validade dos documentos psicológicos 
deve considerar a legislação vigente nos casos já definidos. Caso não haja definição 
legal, o psicólogo, utilizando-se de fundamentos, deverá indicar o prazo de validade, 
observando as características avaliadas, as informações obtidas e os objetivos da 
avaliação. Se o psicólogo não julgar possível o estabelecimento de um prazo, 
deverá informar o caráter situacional e temporal dos dados de uma avaliação 
psicológica (CONSELHO..., 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Princípios Norteadores na Elaboração de Documentos 
O psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá adotar como 
princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos, 
técnicos e científicos da profissão. 
 
Princípios Técnicos da Linguagem Escrita 
O documento deve, na linguagem escrita, apresentar uma redação bem 
estruturada e definida, expressando o que se quer comunicar. Deve ter uma 
ordenação que possibilite a compreensão por quem o lê, o que é fornecido pela 
estrutura, composição de parágrafos ou frases, além da correção gramatical. 
O emprego de frases e termos deve ser compatível com as expressões 
próprias da linguagem profissional, garantindo a precisão da comunicação, evitando 
a diversidade de significações da linguagem popular, considerando a quem o 
documento será destinado. 
A comunicação deve ainda apresentar como qualidades: a clareza, a 
concisão e a harmonia. A clareza se traduz, na estrutura frasal, pela sequência ou 
ordenamento adequado dos conteúdos, pela explicitação da natureza e função de 
cada parte na construção do todo. A concisão se verifica no emprego da linguagem 
adequada, da palavra exata e necessária. Essa "economia verbal" requer do 
psicólogoa atenção para o equilíbrio que evite uma redação lacônica ou o exagero 
de uma redação prolixa. Finalmente, a harmonia se traduz na correlação adequada 
das frases, no aspecto sonoro e na ausência de cacofonias. 
 
 
16 
 
Princípios Éticos 
Na elaboração de DOCUMENTO, o psicólogo baseará suas informações na 
observância dos princípios e dispositivos do Código de Ética Profissional do 
Psicólogo. Enfatizamos aqui os cuidados em relação aos deveres do psicólogo nas 
suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a 
justiça e ao alcance das informações - identificando riscos e compromissos em 
relação à utilização das informações presentes nos documentos em sua dimensão 
de relações de poder. 
Torna-se imperativo a recusa, sob toda e qualquer condição, do uso dos 
instrumentos, técnicas psicológicas e da experiência profissional da Psicologia na 
sustentação de modelos institucionais e ideológicos de perpetuação da segregação 
aos diferentes modos de subjetivação. Sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma 
intervenção sobre a própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que 
aponte para a reformulação dos condicionantes que provoquem o sofrimento 
psíquico, a violação dos direitos humanos e a manutenção das estruturas de poder 
que sustentam condições de dominação e segregação. 
Deve-se realizar uma prestação de serviço responsável pela execução de um 
trabalho de qualidade cujos princípios éticos sustentam o compromisso social da 
Psicologia. Dessa forma, a demanda, tal como é formulada, deve ser compreendida 
como efeito de uma situação de grande complexidade. 
 
 
 
 
17 
Princípios Técnicos 
O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste 
procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, 
sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no 
processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza 
dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. 
Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear 
exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, 
dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como 
métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações 
de informações a respeito da pessoa ou grupo atendidos, bem como sobre outros 
materiais e grupo atendidos e sobre outros materiais e documentos produzidos 
anteriormente e pertinentes à matéria em questão. Esses instrumentais técnicos 
devem obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de uso, devendo 
ser adequados ao que se propõem a investigar. 
A linguagem nos documentos deve ser precisa, clara, inteligível e concisa, ou 
seja, deve-se restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, 
recusando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade 
do documento específico. 
Deve-se rubricar as laudas, desde a primeira até a penúltima, considerando 
que a última estará assinada, em toda e qualquer modalidade de documento. 
 
 
 
 
18 
Conceito / Finalidade / Estrutura 
1 - Declaração 
1.1. Conceito e finalidade da declaração 
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações 
objetivas relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar: 
a. Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando 
necessário; 
b. Acompanhamento psicológico do atendido; 
c. Informações sobre as condições do atendimento (tempo de 
acompanhamento, dias ou horários). 
Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou 
estados psicológicos. 
1.2. Estrutura da declaração 
a) Ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento o 
carimbo, em que conste nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de sua 
inscrição profissional ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição"). 
b) A declaração deve expor: 
- Registro do nome e sobrenome do solicitante; 
- Finalidade do documento (por exemplo, para fins de comprovação); 
- Registro de informações solicitadas em relação ao atendimento (por exemplo: se 
faz acompanhamento psicológico, em quais dias, qual horário); 
-Registro do local e data da expedição da declaração; 
 
 
19 
- Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com 
as mesmas informações. 
Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo. 
 
2 - Atestado Psicológico 
2.1. Conceito e finalidade do atestado 
É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada 
situação ou estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições 
psicológicas de quem, por requerimento, o solicita, com fins de: 
a. Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; 
b. Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização 
de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético 
que subscreve esta Resolução; 
c. Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na 
afirmação atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução 
CFP Nº 015/96. 
2.2. Estrutura do atestado 
A formulação do atestado deve restringir-se à informação solicitada pelo 
requerente, contendo expressamente o fato constatado. Embora seja um 
documento simples, deve cumprir algumas formalidades: 
a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento o 
carimbo, em que conste o nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de sua 
inscrição profissional ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição"). 
 
 
20 
b) O atestado deve expor: 
- Registro do nome e sobrenome do cliente; 
- Finalidade do documento; 
- Registro da informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que 
justifiquem o atendimento, afastamento ou falta - podendo ser registrado sob o 
indicativo do código da Classificação Internacional de Doenças em vigor; 
- Registro do local e data da expedição do atestado; 
- Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com 
as mesmas informações; 
- Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo. 
Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou seja, separados 
apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos de 
adulterações. No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos, o 
psicólogo deverá preencher esses espaços com traços. 
O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, alínea b, deverá 
guardar relatório correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado, 
nos arquivos profissionais do psicólogo, pelo prazo estipulado nesta resolução, item 
V. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3 - Relatório Psicológico 
3.1. Conceito e finalidade do relatório ou laudo psicológico 
O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de 
situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, 
políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo 
DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um 
instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, 
exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico-
filosófico e científico adotado pelo psicólogo. 
A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e 
conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o 
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, 
orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, 
solicitação de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as 
informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição. 
3.2. Estrutura 
O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor científicos, devendo 
conter narrativa detalhadae didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-
se acessível e compreensível ao destinatário. Os termos técnicos devem, portanto, 
estar acompanhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos fundamentos 
teórico-filosóficos que os sustentam. 
 
 
22 
O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, 
descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. 
1. Identificação 
2. Descrição da demanda(essa expressão estava em laudo) 
3. Procedimento 
4. Análise 
5. Conclusão 
3.2.1. Identificação 
É a parte superior do primeiro tópico do documento com a finalidade de 
identificar: 
O autor/relator - quem elabora; 
O interessado - quem solicita; 
O assunto/finalidade - qual a razão/finalidade. 
No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s) nome(s) do(s) 
psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no 
Conselho Regional. 
No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o nome do autor do 
pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente). 
No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará a razão, o motivo do pedido 
(se para acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para 
acompanhamento ou outras razões pertinentes a uma avaliação psicológica). 
 
 
 
 
23 
 
3.2.2. Descrição da demanda 
Esta parte é destinada à narração das informações referentes à problemática 
apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do 
documento. Nesta parte, deve-se apresentar a análise que se faz da demanda de 
forma a justificar o procedimento adotado. 
3.2.3. Procedimento 
A descrição do procedimento apresentará os recursos e instrumentos 
técnicos utilizados para coletar as informações (número de encontros, pessoas 
ouvidas etc) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento 
adotado deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está sendo 
demandado. 
3.2.4. Análise 
É a parte do documento na qual o psicólogo faz uma exposição descritiva de 
forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das situações vividas 
relacionados à demanda em sua complexidade. Como apresentado nos princípios 
técnicos, "O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos 
deste procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações 
históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos 
constitutivos no processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve 
considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de 
estudo". 
 
 
24 
Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o 
instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos e as questões relativas ao 
sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para o 
esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Código de Ética Profissional 
do Psicólogo. 
O psicólogo, ainda nesta parte, não deve fazer afirmações sem sustentação 
em fatos e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se 
referir a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata. 
3.2.4. Conclusão 
Na conclusão do documento, o psicólogo vai expor o resultado e/ou 
considerações a respeito de sua investigação a partir das referências que 
subsidiaram o trabalho. As considerações geradas pelo processo de avaliação 
psicológica devem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua 
complexidade e do processo de avaliação psicológica como um todo. 
Vale ressaltar a importância de sugestões e projetos de trabalho que 
contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante todo o processo. 
Após a narração conclusiva, o documento é encerrado, com indicação do 
local, data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no 
CRP. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
4 - Parecer 
4.1. Conceito e finalidade do parecer 
Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal 
do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. 
O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo 
do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma 
"questão-problema", visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, 
sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde 
competência no assunto. 
4.2. Estrutura 
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, 
destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos 
apontados e com fundamento em referencial teórico-científico. 
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e 
convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não houver 
dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se 
utilizar a expressão "sem elementos de convicção". Se o quesito estiver mal 
formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem elementos" ou "aguarda evolução". 
O parecer é composto de 4 (quatro) itens: 
1. Identificação 
2. Exposição de motivos 
3. Análise 
 
 
26 
4. Conclusão 
4.2.1. Identificação 
Consiste em identificar o nome do parecerista e sua titulação, o nome do 
autor da solicitação e sua titulação. 
4.2.2. Exposição de Motivos 
Destina-se à transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos ou à 
apresentação das dúvidas levantadas pelo solicitante. Deve-se apresentar a 
questão em tese, não sendo necessária, portanto, a descrição detalhada dos 
procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos. 
4.2.3. Análise 
A discussão do PARECER PSICOLÓGICO se constitui na análise minuciosa 
da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos necessários 
existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológica. 
Nesta parte, deve respeitar as normas de referências de trabalhos científicos para 
suas citações e informações. 
4.2.4. Conclusão 
Na parte final, o psicólogo apresentará seu posicionamento, respondendo à 
questão levantada. Em seguida, informa o local e data em que foi elaborado e 
assina o documento. 
 
 
 
 
 
27 
 
Modalidades de Documentos 
1. Declaração * 
2. Atestado psicológico 
3. Relatório / laudo psicológico 
4. Parecer 
* A Declaração e o Parecer psicológico não são documentos decorrentes 
da avaliação Psicológica, embora muitas vezes apareçam desta forma. 
Por isso consideramos importante constarem deste manual afim de que 
sejam diferenciados. 
 
Tipos de documentos psicológicos 
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de número 
007/2003, existem os seguintes tipos de documentos psicológicos: Atestado 
Psicológico, Relatório/Laudo Psicológico, Declaração e Parecer Psicológico. A 
resolução ainda esclarece que a Declaração e o Parecer Psicológico não são 
documentos decorrentes de avaliação psicológica. Todavia, devido ao fato de ambos 
aparecerem como se o fossem, são incluídos no referido Manual. Explicita-se a 
seguir sobre as quatro tipologias de documentos: 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Atestado psicológico 
Consiste num documento elaborado pelo profissional da Psicologia que 
certifica uma determinada situação ou estado psicológico, visando afirmar sobre as 
condições psicológicas de que, por requerimento, o solicita com os fins de: justificar 
faltas e/ou impedimentos do solicitante; justificar estar apto ou não para atividades 
específicas, após realização de um processo de avaliação psicológica, enquadrada 
dentro do rigor técnico e ético que subscreve a referida resolução e solicitar 
afastamento e/ ou dispensa do solicitante, subsidiado na afirmação atestada do fato, 
em acordo com o disposto na Resolução CFP n° 015/96. Também, é importante 
deixar claro que a elaboração desse tipo de informe psicológico deve restringir-se à 
informação solicitada pelo requerente, contendoexpressamente o fato constatado 
(CONSELHO..., 2003). 
Em relação à estrutura do atestado, sua formação deve se restringir à 
informação que o requerente solicite, contendo exatamente o fato constatado, e 
ainda que seja um documento de caráter simples, deve obedecer algumas 
determinações, tais como ser exprimido em papel timbrado ou apresentar o carimbo 
na subscrição do documento, onde deve constar o nome e sobrenome do psicólogo, 
juntamente com sua inscrição profissional (“Nome do psicólogo / Nº da inscrição”). 
O atestado deve conter, ainda: o registro do nome e sobrenome do cliente, 
como também a finalidade do documento explicitada; o registro da informação do 
sintoma, situação ou condições psicológicas que venham justificar o atendimento, 
afastamento ou falta, podendo estar sujeito a ser registrado sob indicativo do código 
da classificação internacional de doenças em vigor; o registro da data e local da 
 
 
29 
expedição do atestado; também o registro do nome completo do psicólogo bem 
como sua inscrição no CRP e/ou o carimbo com as mesmas informações; e por 
último a assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo 
(CONSELHO..., 2003). 
Assim, os registros devem estar separados apenas pela pontuação, sem 
parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulterações. Na necessidade de usar 
parágrafos, o psicólogo deverá fazer o preenchimento dos espaços com traços. O 
atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1Alínea b, da resolução citada, 
deverá guardar relatório correspondente ao processo de avaliação psicológica 
realizado, nos arquivos profissionais do psicólogo, pelo prazo estipulado nessa 
resolução, no item V (CONSELHO..., 2003). 
 
Relatório/ laudo psicológico 
Para Shine (2009) o relatório ou laudo psicológico é um documento técnico e 
científico na área da Psicologia que precisa preencher determinados requisitos. Isso 
porque o laudo é uma representação descritiva acerca de situações e/ ou condições 
psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, 
pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Sem deixar de citar que o termo 
laudo está diretamente ligado ao trabalho pericial, apresentando assim uma 
conotação específica dentro do Direito, onde é considerado como uma peça escrita 
e fundamentada que permite aos peritos exporem suas observações e estudos feitos 
por eles, registrando as conclusões da perícia. 
Vendramin (2014) acrescenta que ao solicitar a elaboração de um laudo 
psicológico o magistrado equipara à ação do psicólogo perito com a de um inspetor 
 
 
30 
policial, cujo objetivo é investigar e formular prova. Então, o laudo é um instrumento 
utilizado pela Psicologia Jurídica e apto a transmitir as conclusões resultantes de 
uma avaliação psicológica, possuindo como parâmetro basilar todos os 
conhecimentos oriundos da Psicologia Clínica tradicional aplicada ao contexto 
forense e, quando elaborado respeitando as orientações do Conselho Nacional de 
Psicologia, pode ser considerado um instrumento apto a servir como base probatória 
em determinado processo legal. 
Então, o relatório ou laudo psicológico como todo documento, deve ser 
subsidiado em dados obtidos e analisados, à luz de um instrumental técnico, como 
por exemplo: entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame 
psíquico e intervenção verbal, consubstanciando em referencial técnico-filosófico e 
científico adotado pelo psicólogo (CONSELHO..., 2003). 
A finalidade desse documento será a de apresentar os procedimentos e 
conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, relatando a respeito do 
encaminhamento, das intervenções, do diagnóstico, do prognóstico e evolução do 
caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico e, caso haja necessidade, 
solicitação de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer apenas as 
informações estritamente necessárias, relacionadas à demanda, solicitação ou 
petição (CONSELHO..., 2003). 
Então, o laudo psicológico é um instrumento usado como forma sistemática 
de comunicar os resultados de um processo avaliativo, sendo de grande utilidade 
para atender a demanda de profissionais nas mais diversas áreas, envolvendo a 
tomada de decisão ou encaminhamentos (SILVA; ALCHIERI, 2011). 
 
 
31 
Por ser uma peça de natureza e valor científicos, o laudo psicológico precisa 
conter narrativa detalhada e didática, apresentando clareza, precisão e harmonia, 
tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Para que isso seja possível, 
os termos técnicos precisam estar acompanhados de explicações e/ou conceituação 
retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam (CONSELHO..., 
2003). Além disso, o laudo psicológico apresenta em sua estruturação cinco itens 
obrigatórios: 
• I. Identificação: Parte superior do primeiro tópico do documento com a finalidade de 
identificar: o autor/relator – quem elabora; o interessado – quem solicita; o 
assunto/finalidade – qual a razão/finalidade (CONSELHO..., 2003). Enfatizando 
ainda que: 
No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s) nome(s) do(s) 
psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no 
Conselho Regional. 
No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o nome do autor do 
pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente). 
No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará a razão, o motivo do pedido 
(se para acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para 
acompanhamento ou outras razões pertinentes a uma avaliação psicológica) 
(CONSELHO..., 2003, p. 8). 
• II. Descrição da demanda: Parte destinada à narração das informações referentes 
à problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o 
pedido do documento. Também se deve apresentar a análise que se faz da 
demanda de forma a justificar o procedimento adotado (CONSELHO..., 2003). 
 
 
32 
• III. Procedimento: A descrição dele apresentará os recursos e instrumentos 
técnicos utilizados para coletar as informações (número de encontros, pessoas 
ouvidas etc.) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento 
adotado deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está sendo 
demandado (CONSELHO..., 2003). 
• IV. Análise: Parte do documento na qual é feita uma exposição descritiva de forma 
metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das situações vividas relacionados à 
demanda em sua complexidade. Além disso: 
Como apresentado nos princípios técnicos, “O processo de avaliação 
psicológica deve considerar que os objetos deste procedimento (as questões de 
ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, 
sendo, as mesmas, elementos constitutivos no processo de subjetivação. 
O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e 
não cristalizada do seu objeto de estudo”. 
Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o 
instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos e as questões relativas ao 
sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para o 
esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Código de Ética Profissional 
do Psicólogo (CONSELHO..., 2003, p. 9). 
Para finalizar esse item, o psicólogo não deve fazer afirmações sem 
sustentação em fatos e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, principalmente 
quando se referir a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e 
exata (CONSELHO..., 2003). 
 
 
33 
• V. Conclusão: Nela, o psicólogo vai expor o resultado e/ou considerações sobre a 
sua investigação a partir das referências que subsidiaram o trabalho. As 
considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica devem transmitir ao 
solicitante a análise da demanda em sua complexidade e do processo de avaliação 
psicológica como umtodo (CONSELHO..., 2003). 
O presente manual ainda ressalta a importância de sugestões e projetos de 
trabalho que contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante todo o 
processo. Depois da narração conclusiva, o documento é encerrado, com indicação 
do local, data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no 
CRP (CFP, 2003). 
Portanto, o laudo uma vez escrito, constitui-se num ótimo objeto de pesquisa. 
Isso se justifica porque ele é algo relativamente identificável e sua leitura permite 
determinar os elementos essenciais de um caso, ou seja, as informações básicas; 
devendo ser de fácil leitura (SHINE, 2009). 
Declaração 
Consiste num documento que objetiva informar a ocorrência de fatos ou 
situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico, visando declarar três 
questões: 
1) Comparecimentos do atendido e/ ou do seu acompanhante, quando necessário; 
2) Acompanhamento psicológico do atendido e, finalmente, fornecer 
3) Informações sobre as condições do atendimento, o que inclui o tempo de 
acompanhamento, os dias e os horários. Além disso, esse documento não deve 
 
 
34 
apresentar o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos 
(CONSELHO..., 2003). 
No que tange a estruturação, a declaração deve ser redigida em papel 
timbrado, semelhantemente ao atestado psicológico, apresentar na subscrição do 
documento o carimbo, onde deve haver o nome e sobrenome do psicólogo, somado 
a sua inscrição profissional (“Nome do psicólogo / Nº da inscrição”). A declaração 
deve apresentar o registro do nome e sobrenome do solicitante, igualmente a 
finalidade do documento, (por exemplo, para fins de comprovação); também deve 
conter o registro de informações requeridas em relação ao atendimento (por 
exemplo: se faz acompanhamento psicológico, em quais dias, em qual horário); 
juntamente com o registro da data e local da expedição e o registro do nome 
completo do psicólogo, sua inscrição no CRP ou o carimbo com as mesmas 
informações; e por último, deve ter a assinatura do psicólogo sobre sua identificação 
do carimbo (CONSELHO..., 2003). 
Parecer psicológico 
É um documento fundamentado e resumido a respeito de uma questão focal 
do campo da Psicologia, cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. Sua 
finalidade é apresentar uma resposta esclarecedora, no campo do conhecimento 
psicológico, por meio de uma avaliação especializada, de uma “questão-problema”, 
com o objetivo de esclarecer dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, 
dessa forma, uma resposta a uma consulta, exigindo daquele que responde 
competência no assunto (CONSELHO..., 2003). Em relação à estrutura: 
 
 
35 
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, 
destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos 
apontados e com fundamento em referencial teórico-científico. 
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e 
convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não houver 
dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se 
utilizar a expressão “sem elementos de convicção”. Se o quesito estiver mal 
formulado, pode-se afirmar “prejudicado”, “sem elementos” ou “aguarda evolução”. 
(CONSELHO..., 2003, p. 9-10). 
Dessa forma, o parecer apresenta em sua estruturação quatro itens importantes: 
1) A identificação , onde deve ser identificado o nome do parecerista e sua 
titulação, bem como o nome do autor da solicitação e sua titulação; 
2) A exposição de motivos , que deve destinar-se a transcrição do propósito da 
consulta e dos quesitos ou à apresentação das indagações levantadas pelo 
solicitante, devendo se expor a questão em tese, sem ser necessário detalhar 
os procedimentos usados; 
3) A análise , onde a discussão desse tipo de documento se constitui na análise 
meticulosa da questão explanada, esgrimida com base nos alicerces 
necessários, seja no âmbito ético, técnico ou no próprio corpo conceitual da 
psicologia; assim, é indispensável pautar-se nas normas de referências de 
trabalhos científicos para o embasamento de suas citações e informações; e 
finalmente, 
4) A Conclusão , onde o psicólogo explicitará seu posicionamento, respondendo 
à questão levantada e em seguida, informar o local e data em que foi 
elaborado para assim assinar o documento (CONSELHO..., 2003). 
 
 
36 
 
O informe psicológico e seus diferentes tipos 
 
De acordo com Arzeno (1995), o informe psicológico é um resumo das 
conclusões diagnósticas e prognósticas do caso estudado e inclui muitas vezes as 
recomendações terapêuticas adequadas ao mesmo. O informe deve constar em 
cada conjunto de documentos elaborados pelo psicólogo, tanto no trabalho 
institucional ou particular. Além disso, a linguagem do informe dever ser breve e 
simples, de forma que seja compreensível a todos; onde sua escrita ocorre diante da 
solicitação de alguém. O documento poderá ser desde uma breve síntese a um 
trabalho mais elaborado. 
Dentre os tipos de informe destacam-se seis: 
1) A um colega: Apresenta uma linguagem técnica e faz referência concreta ao 
material de teste do qual foi extraída esta ou aquela conclusão; fazendo uma 
descrição minuciosa da estrutura básica da personalidade, das suas ansiedades 
mais primitivas, de suas defesas mais regressivas e das mais maduras (ARZENO, 
1995); podendo fazer uso, dentre outras ferramentas, das técnicas projetivas 
(VERTHELYI, 2009). 
2) A um professor: O informe deve ser breve, referindo-se exclusivamente ao que o 
professor precisa saber, expresso em linguagem cotidiana, devendo ainda ser 
tomadas precauções para que não transpareçam intimidades do caso que não se 
refiram ao campo pedagógico (ARZENO, 1995). 
3) A um advogado: Inicialmente deve-se tomar cuidado com os termos utilizados e 
com as informações que serão oferecidas. Normalmente esse tipo de informe se 
refere a algum tipo de perícia que terá peso numa sentença, processo que o torna 
 
 
37 
um trabalho difícil, especialmente no campo penal. Além da desconfiança e 
reticência do sujeito a ser estudado, o psicólogo tem sobre si a esperança daquele 
que designou esse profissional; no intuito de encontrar, nesse informe, elementos 
que forneçam uma maior força aos seus argumentos, sejam estes advindos da 
defesa ou da promotoria (ARZENO, 1995). Arzeno (1995) acrescenta que é muito 
difícil que o sujeito acredite na parcialidade desse informe, sendo inclusive comum 
ele lançar sobre o psicólogo um olhar acusador ou então tentar seduzi-lo com uma 
atitude cúmplice. Além disso, esse informe deve ser expresso sem termos 
inequívocos e apresentar afirmações que não deixem margem para que sejam 
usadas conforme convier à causa. Uma vez elaborada a conclusão a respeito da 
dúvida que levou à solicitação da investigação, é conveniente que se justifique essa 
conclusão, utilizando como apoio alguns pontos do material, não se esquecendo de 
sempre comunicar-se em termos claros de uso corriqueiro no âmbito forense. 
 
4) A um empresário: Também se lida nesse tipo de informe com a desconfiança e as 
resistências do indivíduo que aspira a obter um trabalho e vem fazer o 
psicodiagnóstico porque é obrigado a tal. Ao mesmo tempo, também existe a 
pressão do diretor da procura ou pelo proprietário da empresa no sentido de ser 
dado um informe favorável ao candidato que venha melhor “recomendado”. É 
comum que surjam questões que dizem respeito à ética profissional, que sempre 
deve ser mantida pelo psicólogo. Dessa forma, ele deve dizer o necessário de tal 
forma que posa ser interpretado com objetividade e não venha a ser utilizado para 
prejudicar o indivíduo em questão (ARZENO, 1995). 
 
 
 
38 
5) Ao pediatra, neurologista, fonoaudiólogo etc.: Geralmente tais profissionais estão 
interessados em receber informação a respeito da presença ou não de transtornosemocionais que corroborem para certa sintomatologia cuja origem não pode ser 
atribuída à alguma parte anatômica ou fisiológica. Assim, esse informe irá se referir 
somente ao registro ou não de transtornos emocionais, à sua gravidade e à 
conveniência de um tratamento psicológico do sujeito, da sua família etc.; esse 
paciente retornará então ao profissional que o enviou, pois este não é paciente do 
psicólogo (ARZENO, 1995). 
 
5) Aos pais: Apesar de raros, podem ser solicitados informes por esses sujeitos. 
Nesse caso, deve-se primeiramente saber o motivo da solicitação do informe, 
para que a partir disso o psicólogo possa saber a chave da forma como 
deverá fazê-lo. Normalmente decorre do desejo de conservar algo escrito 
para que lhes sirva como um auxílio para a memória sobre tudo o que foi 
falado (ARZENO, 1995). 
 
Ao longo de sua prática o psicólogo tem sido solicitado em vários contextos a 
elaborar algum tipo de documento psicológico, que se divide em: Declaração, 
Atestado Psicológico, Relatório/Laudo Psicológico e Parecer Psicológico. Dentre 
estes, destaca-se o laudo psicológico, que é um instrumento usado como forma 
sistemática de comunicar os resultados de um processo avaliativo, atendendo a 
demanda das mais diversas áreas. 
Além disso, a linguagem psicológica está impregnada da construção de sujeitos 
e controle das populações o que os torna um instrumento de poder que, classifica os 
sujeitos psicológicos e promove o discurso sobre a própria profissão. Já o informe 
 
 
39 
psicológico é um resumo das conclusões diagnósticas e prognósticas do caso 
estudado e inclui muitas vezes as recomendações terapêuticas adequadas ao 
mesmo, devendo constar em cada conjunto de documentos elaborados pelo 
psicólogo. Entretanto, a literatura afirma que essa tarefa costuma ser a mais evitada 
por esse profissional, porque boa parte dos informes elaborados tem sido criticada 
por sua precária validade. 
Em resposta a isso, a mobilização da categoria sobre os problemas advindos da 
escrita profissional e as constantes falhas técnicas, incoerências e imprecisões dos 
laudos foi instituído o Manual de Elaboração de Documentos Produzidos por 
Psicólogos decorrentes de Avaliações Psicológicas. Entretanto, apesar do Manual 
contribuir para que o psicólogo não incorra em falhas básicas, ele não é suficiente 
para impedir erros do psicólogo. Dessa forma, é necessário desconstruir esse 
caráter ilusório que muitas vezes é atribuído à ciência psicológica, como se ela 
oferecesse instrumentos para a compreensão integral ou quase “mágica” do sujeito. 
 
 
Validade dos Conteúdos dos Documentos 
O prazo de validade do conteúdo dos documentos escritos, decorrentes das 
avaliações psicológicas, deverá considerar a legislação vigente nos casos já 
definidos. Não havendo definição legal, o psicólogo, onde for possível, indicará o 
prazo de validade do conteúdo emitido no documento em função das características 
avaliadas, das informações obtidas e dos objetivos da avaliação. 
Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamentos para a 
indicação, devendo apresentá-los sempre que solicitado. 
 
 
40 
Guarda dos Documentos e Condições de Guarda 
Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como 
todo o material que os fundamentou, deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 
5 anos, observando-se a responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da 
instituição em que ocorreu a avaliação psicológica. 
Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por 
determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária a 
manutenção da guarda por maior tempo. 
Em caso de extinção de serviço psicológico, o destino dos documentos 
deverá seguir as orientações definidas no Código de Ética do Psicólogo. 
 
Diretrizes para o ensino De avaliação psicológica 
A avaliação psicológica é um procedimento que está inserido em todas as 
áreas de atuação profissional do psicólogo. Antes de se iniciar qualquer intervenção 
psicológica, é necessário que se faça a análise do funcionamento do(s) indivíduo(s) 
para atender adequadamente suas demandas. Por isso, um dos campos de estudo, 
ensino e atuação da psicologia é a avaliação psicológica, que deve ser realizada 
com base em teorias e estudos científicos. Desse modo, acreditamos que essa área 
deve ser componente curricular obrigatório em qualquer matriz pedagógica dos 
cursos de psicologia. O primeiro contato do estudante de psicologia com a avaliação 
psicológica, geralmente se dá por meio de um conjunto de disciplinas, que recebe 
denominações diferentes, de acordo com a instituição formadora, mas que tem 
basicamente o mesmo objetivo: desenvolver a compreensão sobre técnicas de 
coleta de informações, integração de dados provenientes de diferentes fontes, relato 
 
 
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de resultados e devolução de informações, com vistas ao entendimento de um 
indivíduo ou grupo, proposição de intervenção e/ou tomada de decisão em relação 
às pessoas avaliadas. A avaliação psicológica é considerada uma área de formação 
básica em Psicologia, pois está relacionada a um conjunto de habilidades que todo 
psicólogo deve adquirir ao longo de sua formação, independentemente da área em 
que irá atuar profissionalmente. Por isso mesmo, embora a avaliação psicológica 
tenha um corpo de conhecimentos bastante característicos, ela só faz sentido 
quando associada aos conhecimentos de outras áreas da Psicologia. Especialmente 
importantes são os conhecimentos em psicopatologia, psicologia do 
desenvolvimento, psicologia da personalidade e processos básicos em psicologia. 
Esses e outros conhecimentos mais específicos são o pano de fundo para a 
interpretação do material recolhido por meio das técnicas de avaliação psicológica, 
ou ainda, são o material básico para o desenvolvimento de instrumentos de 
avaliação psicológica. Ademais, as disciplinas de avaliação psicológica também 
cumprem um papel importante na formação acadêmica, que é o de promover o 
desenvolvimento do raciocínio em psicologia. O exercício da atividade de avaliação 
psicológica possibilita que, de uma forma teórico-prática (integrando resultados de 
técnicas e testes com conteúdo de diversas disciplinas, como, por exemplo, 
psicologia do desenvolvimento, psicopatologia, entre outros), o aluno realize uma 
compreensão dinâmica de casos individuais ou de grupos, desenvolvendo a 
capacidade de entendimento do ser humano da forma mais global possível. Assim, o 
ensino de avaliação psicológica não deve se resumir ao ensino de técnicas isoladas 
de outros contextos da psicologia. Ao contrário, deve proporcionar ao estudante 
experiências teórico-práticas que resultem no desenvolvimento de competências 
para uma atuação autônoma e responsável. 
 
 
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Nesse sentido, há que se destacar o papel da ética, que proporciona um 
infindável processo de reflexão sobre as próprias práticas, para que estas revertam 
em benefício do indivíduo avaliado e da sociedade. Este documento apresenta uma 
proposta de diretrizes para o ensino de avaliação psicológica no Brasil. Foram 
respeitadas e indicadas todas as resoluções do Conselho Federal de Psicologia e o 
Código de Ética Profissional do psicólogo. As orientações descritas neste 
documento foram feitas com base em referências bem difundidas e aceitas pela 
comunidade científica da área. Este documento foi escrito como uma proposta de 
conteúdos desejáveis para as disciplinas de avaliação psicológica ao longo do curso. 
Entendemos que não contemplamos todos os temas relacionados à avaliação 
psicológica, pois se trata de uma área dinâmica, em constante atualização, o que 
suscitará revisões da proposta ao longo do tempo. Há conteúdos que ainda não 
foram contemplados neste documento, mas que também fazem parte da área de 
avaliação psicológica e podem ser inseridos nas matrizes curriculares pelas IES, tais 
como conhecimentosavançados em Teoria de Resposta ao Item. 
Esses tópicos não foram incluídos por se entender que não fazem parte de 
competências básicas para formação do psicólogo na graduação, mas sim de 
competências avançadas, que devem ser trabalhadas em estudos de pós-
graduação. Além disso, contextos específicos da avaliação psicológica devem ser 
inseridos nas disciplinas sugeridas, tais como avaliação no contexto jurídico, 
neuropsicológico, entre outros. Sugere-se que sejam discutidas nessas áreas 
diferentes estratégias de avaliação e que os testes psicológicos sejam analisados 
quanto a suas evidências de validade em cada contexto. Acreditamos que o 
conteúdo proposto presentemente pode servir como fonte de discussão para a 
revisão de matrizes curriculares, com a observância de que cada IES deve fazer os 
 
 
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ajustes que forem possíveis, considerando sua realidade. O presente documento 
subdivide-se em quatro partes. Primeiramente são abordadas as competências 
mínimas a serem alcançadas na formação do aluno do curso de psicologia na 
temática de avaliação psicológica. Na sequência, são sugeridas disciplinas e 
conteúdos programáticos alinhados com as competências esperadas. A terceira 
parte se refere à estrutura de ensino, no que tange à infraestrutura necessária, 
métodos de ensino, formação docente e outras orientações importantes. Por fim, a 
última parte traz uma lista de referências bibliográficas que podem ser utilizadas nas 
disciplinas da área. 
Parte 1: competências em avaliação psicológica Espera-se que, ao longo do 
processo de formação do aluno no curso de graduação em Psicologia, o mesmo 
possa desenvolver 27 competências básicas, listadas a seguir. 
1. Conhecer os aspectos históricos da avaliação psicológica em âmbito nacional e 
internacional; 
2. Conhecer a legislação pertinente à avaliação psicológica (Resoluções do CFP, 
Código de Ética Profissional do Psicólogo, histórico do Sistema de Avaliação dos 
Testes Psicológicos- SATEPSI - e as políticas do Conselho Federal de Psicologia 
para a Avaliação Psicológica); 
3. Considerar os aspectos éticos na realização da avaliação psicológica; 
4. Analisar se há condições de espaço físico adequadas para a avaliação e 
estabelecer condições suficientes para tal; 
5. Ser capaz de compreender a Avaliação Psicológica enquanto processo, aliando 
seus conceitos às técnicas de avaliação; 
 
 
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6. Ter conhecimento sobre funções, origem, natureza e uso dos testes na avaliação 
psicológica; 
7. Ter conhecimento sobre o processo de construção de instrumentos psicológicos; 
8. Ter conhecimento sobre validade, precisão, normatização e padronização de 
instrumentos psicológicos; 
9. Escolher e interpretar tabelas normativas dos manuais de testes psicológicos; 
10. Ter capacidade crítica para refletir sobre as consequências sociais da avaliação 
psicológica; 
11. Saber avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, afetiva e comportamental 
em diferentes contextos; 
12. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de testes psicométricos e do 
fenômeno avaliado; 
13. Saber administrar, corrigir, interpretar e redigir os resultados de testes 
psicológicos e outras técnicas de avaliação; 
14. Selecionar instrumentos e técnicas de avaliação de acordo com objetivos, 
público alvo e contexto; 
15. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de testes projetivos e/ou 
expressivos e do fenômeno avaliado; 
16. Saber planejar uma avaliação psicológica de acordo com objetivo, público alvo e 
contexto; 
17. Planejar processos avaliativos e agir de forma coerente com os referenciais 
teóricos adotados; 
 
 
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18. Identificar e conhecer peculiaridades de diferentes contextos de aplicação da 
avaliação psicológica; 
19. Saber estabelecer rapport no momento da avaliação; 
20. Conhecer teorias sobre entrevista psicológica e conduzi-las com propriedade; 
21. Conhecer teorias sobre observação do comportamento e conduzi-las 
adequadamente; 
22. Identificar as possibilidades de uso e limitações de diferentes técnicas de 
avaliação psicológica, analisando-as de forma crítica; 
23. Comparar e integrar informações de diferentes fontes obtidas na avaliação 
psicológica; 
24. Fundamentar teoricamente os resultados decorrentes da avaliação psicológica; 
25. Elaborar laudos e documentos psicológicos, bem como ajustar sua linguagem e 
conteúdo de acordo com destinatário e contexto; 
26. Comunicar resultados decorrentes da avaliação psicológica aos envolvidos no 
processo, por meio de devolutiva verbal; 
27. Realizar encaminhamentos ou sugerir intervenções de acordo com os resultados 
obtidos no processo de avaliação psicológica. 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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