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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: INFOVIA E GLOBALIZAÇÃO NA INFORMÁTICA AUTORIA: ANGELA DOS SANTOS OSHIRO Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Infovia e Globalização na Informática Autoria: Angela dos Santos Oshiro Primeira edição: 2008 Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Todos os lugares do mundo estão passando por transformações de ordem política e econômica nas últimas décadas. O caráter principal dessa mudança é a integração dos mercados em uma abrangente “aldeia global”, a partir de iniciativas de grandes corporações internacionais. É o fenômeno conhecido por “Globalização”. Neste contexto, muitos países aumentam suas barreiras tarifárias para proteger suas produções locais enquanto outros aderem a esse novo comércio e abrem-se ao capital internacional. As Tecnologias da Informação e da Comunicação têm grande participação nessas atividades comerciais, culturais e sociais. Neste curso temos como principal tema a Infovia, que é o conjunto de recursos utilizados para interligar, conectar, processar, controlar, compatibilizar as transmissões de informações e disponibilizar serviços em meio eletrônico, com o objetivo de propiciar a aproximação entre os cidadãos. Nas unidades I, II, III e IV são apresentados os conceitos de Globalização, Infovia e um pouco da história desses dois novos conceitos modernos, incluindo os principais projetos em curso nos consórcios das Redes Metropolitanas de Alta Velocidade. São unidades que tratam basicamente da infraestrutura de Infovia no mundo atual. As unidades V, VI, VII VIII e IX descrevem a Sociedade da Informação, seu histórico, e os principais Objetivos do Programa da Sociedade da Informação no Brasil, a Nova Economia e suas relações de negócio; é feita uma breve descrição da Convergência da Base Tecnológica e seus objetivo e ainda, as consequências da Nova Economia da Sociedade da Informação: os novos mercados, novos negócios e novos desafios. As Unidades XII e XIII apresentam o conceito de Ecologia da Informação e a importância de uma gestão consciente do Conhecimento sugerindo sua aplicação em sistemas como o e- government. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 A partir da Unidade XIV, apresentamos as tecnologias chaves viáveis ao país e como elas poderão trazer um diferencial à Sociedade da Informação – no que se refere à tendências, investimentos, e retorno. Na Unidade XXX é apresentada, de maneira sucinta, a Lei de Incentivo à Informática e como ela tem contribuído para o crescimento das atividades produtivas no setor de informática e microeletrônica, bem como as tendências de investimentos referentes ao tema: Infovia. Ao final de cada bloco de temas, recomendamos a confecção das listas de exercícios na seguinte ordem: Concluída a unidade IX, o aluno estará apto a responder à lista 1 de exercícios. Concluída a unidade XXIV, a lista 2 e ao término do curso, a lista 3. Lembre-se que sua participação no fórum é de extrema importância, tornando o estudo mais interativo, com melhor possibilidade de assimilação e compreensão do conteúdo discutido neste curso. Recomendamos ainda, a importância de esclarecer possíveis dúvidas, com seu tutor, antes de iniciar um novo bloco de estudos (tema). Objetivo O curso de Infovia fornece uma visão sobre os sistemas de Telecomunicações, a Sociedade e suas transformações frente às tecnologias, ampliando a possibilidade de comunicação entre diversos segmentos da sociedade. Atualmente, diante do fenômeno da globalização, comunicação é mais do que troca de informações – envolve a seleção de informações, a transformação de informações em conhecimento, a aplicação prática e a tomada de decisões a partir do conhecimento adquirido e o objetivo social de toda a tecnologia desenvolvida. Acompanhando esse Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 fenômeno mundial de interação, busca-se a convergência entre as tecnologias disponíveis, garantindo a padronização das informações. Trabalhamos neste curso, conteúdos técnicos que compõe a grade de seu curso e recomendamos a participação com temas nos fóruns, bem como as leituras complementares e contato com seu tutor, no intuito de desenvolver o espírito crítico e a maturidade, fatores necessários ao profissional que trabalha com Informações. Ementa Infraestrutura da infovia no mundo atual; a sociedade da informação, seu histórico e as consequências da nova economia da sociedade da informação; ecologia da informação e a importância de uma gestão consciente do conhecimento; tecnologias chaves viáveis ao país. Sobre o Autor A autora é pós-graduada em Análise de Sistemas pela UNIMEP – Piracicaba Certificações CCNA e CISCO e membro da BICSI e SBC, tendo participação ativa e produção de pesquisas nas áreas de Telecomunicações e Informática aplicada à Educação. Mestranda em Educação, com foco em Tecnologias para EAD, é também professora das faculdades Sumaré – SP, e Fundação Ubaldino do Amaral – Sorocaba/SP. Possui diversas publicações sobre os temas – Segurança da Informação, Tecnologias Emergentes em TI, Tecnologias aplicadas à educação, EAD e Realidade Aumentada. Membro do fórum Centaurus sobre segurança em TI e Ecologia da Informação. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 SUMÁRIO UNIDADE 1 ....................................................................................................................................................... 8 Infovia – Conceitos ........................................................................................................................................ 8 UNIDADE 2 ..................................................................................................................................................... 13 Globalização e Infovia.................................................................................................................................. 13 UNIDADE 3 ..................................................................................................................................................... 18 Infovia – Benefícios ..................................................................................................................................... 18 UNIDADE 4 ..................................................................................................................................................... 23 Redes Metropolitanas de Alta Velocidade .................................................................................................... 23 UNIDADE 5 ..................................................................................................................................................... 29 A Sociedade da Informação ......................................................................................................................... 29 UNIDADE 6 ..................................................................................................................................................... 33 Breve Histórico da Sociedade da Informação ............................................................................................... 33 UNIDADE 7 .....................................................................................................................................................39 Conhecimento X Informação ........................................................................................................................ 39 UNIDADE 8 ..................................................................................................................................................... 44 Nova Economia ........................................................................................................................................... 44 UNIDADE 9 ..................................................................................................................................................... 48 Emergência da base tecnológica ................................................................................................................. 48 UNIDADE 10 ................................................................................................................................................... 53 As Novas Fronteiras do Conhecimento ........................................................................................................ 53 UNIDADE 11 ................................................................................................................................................... 58 A importância da Educação na Sociedade da Informação ............................................................................ 58 UNIDADE 12 ................................................................................................................................................... 63 Ecologia da Informação ............................................................................................................................... 63 UNIDADE 13 ................................................................................................................................................... 68 O Governo Eletrônico .................................................................................................................................. 68 UNIDADE 14 ................................................................................................................................................... 75 Tecnologias e Aplicações ............................................................................................................................ 75 UNIDADE 15 ................................................................................................................................................... 78 Comunicação Celular de Terceira Geração .................................................................................................. 78 UNIDADE 16 ................................................................................................................................................... 82 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 Protocolo de Aplicações sem-Fio – Wireless Application Protocol – WAP .................................................... 82 UNIDADE 17 ................................................................................................................................................... 85 Global Positioning Service ........................................................................................................................... 85 UNIDADE 18 ................................................................................................................................................... 88 Conteúdos para Internet .............................................................................................................................. 88 UNIDADE 19 ................................................................................................................................................... 92 Processamento de Linguagem Natural ........................................................................................................ 92 UNIDADE 20 ................................................................................................................................................... 95 Robótica e Processamento de Imagens ....................................................................................................... 95 UNIDADE 21 ................................................................................................................................................... 98 Criptografia .................................................................................................................................................. 98 UNIDADE 22 ................................................................................................................................................. 101 UNIDADE 23 ................................................................................................................................................. 105 UNIDADE 24 ................................................................................................................................................. 107 Telemedicina ............................................................................................................................................. 107 UNIDADE 25 ................................................................................................................................................. 110 Televisão de Alta Definição ........................................................................................................................ 110 UNIDADE 26 ................................................................................................................................................. 113 WiMax ....................................................................................................................................................... 113 UNIDADE 27 ................................................................................................................................................. 116 Mobilidade ................................................................................................................................................. 116 UNIDADE 28 ................................................................................................................................................. 120 Second Life ............................................................................................................................................... 120 UNIDADE 29 ................................................................................................................................................. 122 Tecnologias e Aplicações .......................................................................................................................... 122 UNIDADE 30 ................................................................................................................................................. 124 Política Nacional de Informática ................................................................................................................. 124 GLOSSÁRIO ................................................................................................................................................. 129 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 133 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 UNIDADE 1 Objetivo: Conceituar esse conjunto de recursos de telecomunicações e informáticas ,chamado de Infovia. Infovia – Conceitos Introdução A infraestrutura, que suporta e cria condições de oferecer serviços avançados, que a Sociedade da Informação consome e a Nova Economia demanda, está baseada em milhares de computadores, em milhões de quilômetros de fibra ótica, de cabos telefônicos, cabos submarinos e muitos canaisde satélites. Esse conjunto de recursos de telecomunicações e informática chama-se Infovia ou Super Estrada da Informação. Nesta unidade apresentaremos alguns conceitos e tecnologias básicas, para compreensão da abrangência do curso. Conceitos Infovia é: O nome atribuído para uma nova Estrutura da Informação. Também já foi chamada de Rodovia da Informação ou Superestrada da Informação. Estes termos foram traduzidos do inglês: Information Highway, Superinformation Highway. Na realidade, essa “rodovia” é formada por caminhos fisicamente instalados que proporcionam o tráfego de qualquer tipo de informação e de conteúdo eletrônico em altas velocidades. Esses caminhos físicos são formados por quilômetros de fibras óticas, fios de cobre, cabos coaxiais, cabos de par trançado, frequências em micro-ondas e canais de satélites. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 Enquanto as fibras óticas possuem características que permitem a transmissão dos dados em alta velocidade, do outro lado, quem está conectado usando a velha linha telefônica e seus fios de cobre passam por um “engarrafamento“ no tráfego de dados, recebendo um sinal de baixa qualidade. Os cabos de fibra óptica transportam os dados modulados na frequência da luz e os de modula, na saída, através de um fotodetector. Além de permitir grandes alcances físicos, a fibra ótica oferece a vantagem de permitir a transmissão dos dados a uma velocidade de cerca de 1,7 bilhões de bits por segundo, em cada fibra! Daí a analogia com a estrada. Uma fibra ótica tem capacidade de transportar até 26 mil ligações telefônicas simultaneamente. Outras vantagens da fibra óptica são: ela é isenta de interferências eletromagnéticas, possui baixo nível de ruído e não é passível de contaminação pela radioatividade. “Com capacidade de transmissão até 1 milhão de vezes maior do que o cabo metálico, a fibra ótica é hoje a base das relações de comunicação no mundo. Se mantivéssemos somente o cabo metálico como condutor de informações, em alguns casos seria mais rápido enviar um motoboy para fazer uma entrega do que mandá-la via rede.” – Bodas, Cristina – repórter terra http://www.terra.com.br/reporterterra/fibra/materia1.htm Fibra ótica Cabo Coaxial Rádio Satélite Par Trançado Transmissão da Informação via Feixes de laser Sinais elétricos Ondas eletromagnéticas Ondas eletromagnéticas Sinais elétricos Interferências Nenhuma Campos Chuva, nuvens, Chuvas, Campos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 magnéticos, cabos elétricos, motores espelhos d'água, montanhas, outras ondas de rádio interferência ionosférica, manchas solares magnéticos, cabos elétricos, motores Segurança contra violação dos dados Intrinsecamente segura Interceptação do cabo Captação do sinal Captação do sinal Intercepção do par trançado Qualidade Excelente Pior que a fibra ótica Depende da banda de frequência e das condições atmosféricas Depende da banda de frequência e das condições atmosféricas Pior que cabo coaxial Capacidades disponíveis no Brasil 400.000 Mbps 155 Mbps 622 Mbps 155 Mbps 8 Mbps Fonte: http://www.mundivox.com.br/tabela_vantagens.htm O cabo de fibra óptica permite transmitir dados na velocidade de 1 bilhão de bits por segundo e a uma distância de 4.000 metros sem precisar de repetidores. Os cabos tradicionais, além de muito mais lentos, precisam de um repetidor a cada 1.500 metros para que o sinal não enfraqueça. Além de muito rápido, o cabo de fibra óptica é flexível e resistente. Tem um tempo de vida maior, inclusive em condições físicas muito adversas. Menos sensível às interferências, é adequado à instalação de redes locais de computadores. Difícil de interceptar; garante a Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 segurança de dados confidenciais e, como não produz descargas elétricas, não pode provocar incêndios. Os cabos de fibra óptica são mais caros do que os cabos convencionais. Além disso, para ligá-los, é preciso um equipamento de grande precisão, pois, se não ficarem bem-alinhados, os sinais luminosos que transportam, se perdem. Os cabos de fibra óptica não podem ser dobrados nem submetidos a uma pressão excessiva. Quando isso acontece, seu rendimento diminui muito. Até a popularização da internet, as redes de fibras ópticas eram chamadas de rodovias da comunicação. Hoje são conhecidas como infovias. Por elas circulam todo tipo de informação, de modo praticamente instantâneo, independentemente das distâncias. Usamos redes de fibras ópticas quando assistimos a um filme por televisão a cabo ou temos acesso a redes de computadores. As redes sem - fio utilizam frequências de rádio e também são grande aliadas no processo de comunicação atual. Em geral, de custo mais baixo que as redes por fibra óptica. São mais flexíveis, têm maior possibilidade de receber investimento privado e oferecem um bom desempenho. No caso de redes Wi-Fi, as frequências podem cobrir distâncias por volta de 500 metros, em ambientes abertos e no modelo Infraestrutura. E este é um aspecto a ser levado em consideração, pois o alcance da rede pode ser um fator de risco. Um usuário acessando em um aeroporto, por exemplo, pode ter seu tráfego capturado por um atacante posicionado em um local visualmente distante, mas ainda assim suficiente para captar os sinais transmitidos. Desta forma uma grande desvantagem desta tecnologia é o alto custo da implementação de segurança, além do próprio risco com a privacidade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Case1: Projeto de Infovia – Porto Alegre A ampliação do uso dos espaços públicos, com infraestruturas de serviços, tornou necessário preparar a cidade para a modernização das telecomunicações. A partir desta constatação, a Procempa deu início ao processo de constituição de uma rede de cabos de fibras ópticas com capacidade para transmitir informações, sons e imagens a uma velocidade centenas de vezes maior que a praticada no mercado, capaz de dotar a cidade uma infovia de telecomunicações, fator imprescindível para alavancar novos empreendimentos na cidade. Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2003/ju226pg03.html Case 2 – Infovia Brasília http://www.rnp.br/wrnp2/2000/palestras/remavs/Remav_bsb.pdf Links complementares – http://idgnow.uol.com.br/internet/2007/11/12/idgnoticia.2007-11-12.0225672576/ http://governanca.cgi.br/noticias/debatedor-defende-criacao-de-infovia-publica http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=1962&bd=1&pg=1&lg= http://djmeucci.sites.uol.com.br/fo/fibraopt.htm http://br.youtube.com/watch?v=vWTtbg1uOf8 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 UNIDADE 2 Objetivo: Conceituar globalização e sua importância para a sociedade e seu desenvolvimento social, econômico. Globalização e Infovia De acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), globalização é a “interdependência dos mercados internacionais, sendo consequência natural da liberalização do comércio internacional, combinado com o avanço da tecnologia e com a desregulamentação e/ou flexibilização das normas da economia interna de cada país”. Para o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o termo globalização é impreciso, pois descreve diversos fenômenos em um mesmo conceito; abrangendo desde a convergência das nações em torno de valores ou princípios básicos, como: democracia, direitos humanos, economia de mercado, passando pelos processos de integração regional e da abertura econômica e comercial até o surgimento dos novos paradigmas tecnológicos que têm facilitado todas as formas de comunicação. Independente de qualquer que seja o conceito,a realidade nos mostra que a globalização está no nosso dia a dia e estamos envolvidos nela e por ela. É um caminho sem volta, onde os países mais desenvolvidos saíram na frente. Porém, as nações em desenvolvimento têm uma oportunidade ímpar de encontrar novos mercados ou, sucumbir diante das pressões socioeconômicas oriundas dos mercados internacionais. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 Globalização – Um pouco de história Alguns historiadores registram que a globalização é um fenômeno antigo. Até os meados do século XV havia apenas 5 economias no mundo: Na Europa A da Europa italiana, onde as cidades de Gênova, Milão, Veneza e Florença dominavam o comércio no Mediterrâneo; a da Europa francesa, a partir da região de Flandres, através das cidades de Antuérpia, Bruges e Lile, com negócios voltados para o Mar do Norte; a da Europa alemã, por meio das cidades de Hamburgo e Lübeck, que concentravam suas atividades na região do Mar Báltico, indo da Rússia até a Inglaterra. No sudeste europeu A Turquia dominava a região através do Império Bizantino e sua economia era a dominante na região. Na Ásia China, Indonésia e Malásia compunham a “região da seda”, atendendo as províncias locais e os arquipélagos do Mar da China e a da Índia, com seu imenso mercado de especiarias e tecidos finos, atingia um raio econômico maior, indo do Oceano Índico ao Mar Vermelho, chegando, inclusive aos mercadores árabes. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 No continente africano O norte da África mantinha relações com os portos europeus, enquanto que a parte ao sul, isolada pelas florestas tropicais e pelo deserto do Saara, ficava à mercê de seu próprio comércio. Nas Américas A última economia era formada pelas civilizações pré-colombianas: Asteca, no México e a Inca, no Peru, sendo autosuficiente, pelo cultivo do milho e na confecção de tecidos. Todas essas regiões passaram anos sem estabelecerem relações significativas de negócios, ou a internacionalização do comércio, como é dita nos dias de hoje. Por isso, os historiadores consideram a aproximação das culturas um fenômeno recente de “apenas” cinco séculos. Períodos da Globalização Tabela I – Períodos da Globalização Períodos Fases Caracterização 1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista 1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista Pós-1989 Globalização recente Cibernética-tecnológico-associativa Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 Primeira Fase da Globalização - o expansionismo mercantilista Esta fase foi caracterizada pela intensa procura da rota do caminho às Índias, contribuindo com o desenvolvimento de feitorias europeias na Índia, China e Japão. Para Adam Smith, o pai da Economia, este período foi o que conquistou os maiores feitos. Esta fase também é caracterizada pelo comércio triangular entre a Europa, por meio do fornecimento de produtos manufaturados, a África, através da venda de escravos e a América, com a exportação de produtos coloniais. Um exemplo interessante da globalização dessa época acontece com o açúcar brasileiro. Ele era produzido por escravos nos engenhos e transportado pelos portugueses para os portos holandeses, onde acontecia o refino e a distribuição. Segunda Fase da Globalização - o avanço industrial nas colônias. A transição da primeira para a segunda fase ocorre em virtude de inovações no campo técnico e político. A industrialização ocorreu, inicialmente, na Inglaterra e em seguida na Alemanha, Bélgica, França e Itália, a partir do século XVIII, com a expansão das estradas de ferro, máquina a vapor. Além desses fatores, os transportes marítimos, beneficiados pelo barco a vapor, caracterizaram a entrada no processo mercantil da burguesia industrial e bancária, nos lugares dos administradores mercantis. A ligação dos bancos com as indústrias foi considerada, à época, um fenômeno da política econômica moderna. As nações europeias mais desenvolvidas partiram para as políticas expansionistas, em busca da posse de colônias e da hegemonia, na tentativa de conquistar “o resto do mundo”. Além do barco e do trem a vapor, o telégrafo e o telefone são tecnologias da época que ajudaram a encurtar as distâncias entre os mercados, aproximando os continentes e seus interesses. Com o advento da aviação, o mundo, verdadeiramente, tornou-se menor. Globalização recente: A Cibernética Tecnológica Associativa Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Este período é marcado pelo término da Guerra Fria, a queda do Muro de Berlim, a saída dos soviéticos da Alemanha e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A China, que também havia iniciado seu processo de modernização, a partir da década de 70, passa a autorizar a implantação de indústrias multinacionais – um contrassenso ideológico ao governo comunista do país. Se nas fases passadas os mecanismos de integração foram os barcos à vela, os barcos a vapor, o trem, o telégrafo e o telefone, na fase atual, temos computadores, Internet, satélites e canais submarinos de comunicação. O trabalho braçal de africanos, indígenas e da classe operária deu lugar à robótica e à informática, sujeitando o braço ao cérebro. Os benefícios dessa fase; seja através da educação, da cultura, da saúde, dos transportes, ou até onde a tecnologia alcançou, são vistos em todos os lugares. Os países ricos que dominam as tecnologias de ponta aprofundam as diferenças entre os países mais pobres, criando um verdadeiro fosso tecnológico. A produção de produtos agregados de tecnologia (microeletrônica, computadores, aeroespaciais, equipamento de telecomunicações, máquinas e robôs, equipamentos científicos de precisão, medicina e biologia e químicos orgânicos) encontra-se concentrada nos países desenvolvidos: EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido e França, que detêm mais de 50 % da exportação mundial desses produtos. Há quem creia que o prosseguimento da globalização nos atuais moldes, enfraquecerá as nações, obrigando-as a formarem blocos e mercados supranacionais ou intercontinentais, tais como o MERCOSUL, NAFTA, COMUNIDADE ECONÔMICA EUROPEIA, a COMUNIDADE ECONÔMICA INDEPENDENTE (ex-URSS) e a APEC (Bloco asiático, liderado pelo Japão). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 UNIDADE 3 Objetivo: Abordar alguns dos benefícios proporcionados pela tecnologia na comunicação e buscando um aprimoramento desse processo. Infovia – Benefícios Quando Santos Dumont idealizou sua invenção, pretendia aproximar as pessoas entre os continentes. Tanto acreditava no processo de comunicação entre os homens, que passava horas e horas trabalhando em silêncio, pois pretendia que sua equipe tivesse uma sintonia tal, que se comunicassem além das palavras – pensassem juntos – num processo de inspiração e criatividade. Ele ainda não podia imaginar que o processo de comunicação entre as pessoas sofresse tantas modificações. Que atualmente, pudéssemos nos comunicar facilmente com qualquer parte do mundo sem nem mesmo, sairmos de casa. Nesta Unidade, vamos abordar alguns dos benefícios que as tecnologias de comunicações estão nos proporcionando e, buscando um aprimoramento desse processo, com o mesmo sonho de Dumont: Que um dia todas as pessoas utilizem essas tecnologias com o intuito de realmente se aproximarem. Os benefícios da Infovia A cada dia novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são incorporadas ao cotidiano da sociedade, promovendo transformações em diversas áreas. O uso dessas tecnologias tem agregado valor aos processos produtivos, fomentando melhorias nas condições de trabalho, de produtos, de serviços e até de lazer. Dentre várias áreas, o sistema econômicotem sido um dos mais beneficiados, porque é através dele que surgem novos mercados, negócios, transações comerciais e investimentos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 As atividades produtivas desse sistema, baseadas nas Tecnologias de Informação e de Comunicação, integram a chamada, Nova Economia. Se por um lado, as novas tecnologias trazem significativos benefícios aos mercados já consolidados e segmentados, por outro, coloca em risco a sobrevivência daqueles que não se ajustam aos padrões impostos pela Nova Economia. Mercados e empresas, antes longínquos, hoje são acessíveis por meio das novas tecnologias, viabilizando a expansão de negócios, atividades, venda e compra de produtos e serviços de forma abrangente e globalizada. Sob este enfoque, não existem mais barreiras físicas ou geográficas. Redes modernas, ágeis e avançadas permitem que empresas, organizações e países desfrutem de novas estratégias para seus negócios. Por trás dessas redes circula a mais nova veia de negócios dos dois últimos séculos: A INFORMAÇÃO. Pessoas e empresas precisam estar preparadas adequadamente para lidar com esse novo paradigma, onde os competentes e visionários partem na frente. Obter, processar e difundir informações necessita de uma infraestrutura compatível aos novos tempos e de pessoal especializado e qualificado afeto aos novos desafios. Ao processo de agregar valor à informação, dá-se o nome de conhecimento. E conhecimento, atualmente, tem muito valor. Atenta a todas essas mudanças, a sociedade do século XXI usufrui melhores serviços, seja no dia a dia dentro de casa, seja no lazer, no trabalho, na escola e em qualquer lugar por onde se estendam as novas redes de comunicação. A nova sociedade passa a consumir e devorar o bem que impulsiona empresas e atividades de negócios: a informação. Bombardeados por essa onda de informação por todos os lados, os cidadãos modernos, mesmo sem sentir, integram a chamada Sociedade da Informação. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 Todos os lugares do mundo estão passando por transformações de ordem política e econômica nas últimas décadas. O caráter principal dessa mudança é a integração dos mercados em uma abrangente “aldeia global”, a partir de iniciativas de grandes corporações internacionais. Assim é o fenômeno conhecido por “Globalização”. Alguns países são obrigados a aumentar barreiras tarifárias para proteger suas produções locais da concorrência dos produtos estrangeiros. Outros aderem a esse novo comércio e abrem-se ao capital internacional. As Tecnologias da Informação e da Comunicação têm grande participação nessas atividades comerciais. O alcance mundial da informação e a popularização da Internet auxiliam o desdobramento da globalização, seja nas áreas econômicas, culturais ou sociais. A Nova Economia é fruto da expansão da globalização. Essa nova “Superestrada da Informação” tem por finalidade proporcionar um alto fluxo de transmissão de dados. Os avanços da computação, aliados aos sistemas de telecomunicações e redes devem resultar em um novo redirecionamento tecnológico das atividades da Sociedade da Informação. PACCITTI (2000) enumera algumas novas concepções financeiras advindas do uso da Infovia: Expansão do dinheiro digital (cartão de crédito, cartão de caixa eletrônico e talão de cheque); Utilização da assinatura eletrônica, sistemas de biometria (reconhecimento da escrita, da voz, das impressões digitais ou traços físicos); Novas formas de comunicação digital, mais serviços, mais usuários, menores tarifas, mais empregos (?). Crescimento rápido; Descentralização das atividades, através do uso intenso da videoconferência, do ensino a distância, da convergência do local de trabalho; Livre mercado, pela possibilidade de menor intermediação; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 Novas interfaces (mais amigáveis) nas aplicações, principalmente na Internet; Convergência da televisão, telefone, entretenimento para a Internet, aproveitando-se da largura de banda oferecida pela Infovia; e controle do fluxo da informação pelos países mais ricos. Case: : BENEFÍCIOS DA INFOVIA-MT Redução do tráfego de documentos impressos entre os órgãos do Estado, que serão substituídos por documentos eletrônicos. Isto contribuirá em muito para a redução dos custos com papel e sua tramitação, agilizando o andamento de processos e permitindo um atendimento rápido e de qualidade ao cidadão; Permitir o gerenciamento centralizado de todas as redes locais dos órgãos atendidos pela rede corporativa. Isto se traduz em um melhor aproveitamento dos recursos existentes, facilitando inclusive a ampliação do número de computadores em uso nos órgãos. As redes locais passam a contar, então, com um padrão de qualidade e segurança muito superior ao atual, com os custos de administração reduzidos proporcionados pelo gerenciamento centralizado; Aumentar a utilização de transporte de voz; poderá ser disponibilizada uma rede de telefonia interna, independente da rede pública, em todos os pontos atendidos pela rede corporativa. Os custos de comunicação são drasticamente reduzidos, enquanto a qualidade dos serviços de comunicação aumenta (o equivalente a uma rede telefônica própria, privada); Aumentar a utilização de videoconferência: pessoas que estão em locais distantes participarão de conferências em tempo real, permitindo reuniões entre órgãos e escritórios regionais sem a necessidade de deslocamento físico; na área da educação, possibilitar debates entre estudantes e Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 professores, oferecer aulas com multimídia, atendendo desde as escolas primárias até a universidade, permitir o treinamento à distância (formação profissional); contribuindo para a qualificação da mão de obra, permitindo um melhor aproveitamento dos quadros docentes e minimizando as dificuldades decorrentes das grandes dimensões do nosso Estado; Flexibilidade na escolha dos equipamentos e grande possibilidade de expansão. A rede corporativa do Estado tem, por princípio, o uso de padrões abertos e a interoperabilidade entre eles; esta, aliás, é uma tendência mundial, e no caso do Estado, uma necessidade. Aderindo aos padrões abertos, mantém-se a liberdade de escolha de fornecedores, oferecendo uma saída moderna e eficiente na substituição das antigas tecnologias. Novamente, obtém-se redução de custos e melhoria na qualidade do atendimento aos usuários, possibilitando disponibilizar os dados corporativos a quem necessita deles para a tomada de decisões. Fonte: Governo do Estado de Mato Grosso- http://www.cepromat.mt.gov.br/html. php?codigoPagina=151 http://www.hartz.com.br/pressreleases_detalhe.php?id=51 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 UNIDADE 4 Objetivo: Compreender a importância das redes metropolitanas como veículo de acesso a conteúdos educacionais e de pesquisa. Redes Metropolitanas de Alta Velocidade As Redes Metropolitanas de Alta Velocidade mais a Internet2 são a reunião de instituições colaboradoras que visam melhorar o acesso de estudantes e da população, a conteúdos educacionais e de pesquisa. Em anexos, você irá encontrar indicações sobre temas de pesquisas desenvolvidas por essa rede de colaboradores. Nesta unidade iremos fornecer um panorama geral sobre as pesquisas e projetos em desenvolvimento para ampliação de toda a infraestrutura que compõe a infovia. O Projeto Remav O Projeto de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (REMAV) surgiu a partir da iniciativa do Programa Temático Multiinstitucional de Ciência em Computação (ProTem-CC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1997. As REMAV fazem parte de umconsórcio entre diversas Instituições (educacionais, públicas e de pesquisa), destinadas a “promover, em diversas regiões do país, a criação de infraestrutura e serviços de redes de alta velocidade”. São redes de alto desempenho, interligadas em nível nacional, destinadas a oferecer, dentre outros, os serviços de tecnologia multimídia (vídeoconferência, diagnóstico médico remoto, acesso a bibliotecas virtuais e ensino a distância). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 Cada consórcio é formado por Estabelecimentos de Ensino Superior e instituições parceiras, com a finalidade de viabilizar os projetos que demandam redes de alto desempenho. Tornou-se necessário preparar as cidades, com infraestruturas de serviços, para a modernização das telecomunicações com a constituição de uma rede de cabos de fibras ópticas com capacidade para transmitir informações, sons e imagens a uma velocidade centenas de vezes maior que a praticada no mercado capaz de alavancar novos empreendimentos, visando a ampliação dos serviços públicos. RNP e Internet 2 Liderado pela USP (Universidade de São Paulo), o consórcio da rede paulistana prioriza a telemedicina para, entre outros avanços, possibilitar a troca de imagens resultantes de exames médicos cardiológicos realizados em tempo real. As aplicações de telemedicina deverão incluir o INCOR (Instituto de Coração) do Hospital das Clínicas e a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. As de tele-educação mobilizam esforços da PUC-SP e da NET (Operadora de TV a Cabo). A Internet 2 brasileira iniciou para atender as necessidades das áreas da Medicina e da Educação, atualmente integra diversas áreas de pesquisa acadêmica. As REMAV - Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (que operam a 155 Mbps) foram o ponto de partida para a criação da RNP2 (a Internet 2 no Brasil). Não há uma linha de trabalho única e pré-determinada que oriente as pesquisas das novas possibilidades de aplicações que estão sendo desenvolvidas na Internet 2. Ainda há muito a ser pesquisado sobre a necessidade dos usuários e o potencial das tecnologias para redes de alto desempenho. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 De uma forma geral, não se conhece ainda o limite do que é tecnicamente possível. Entretanto, pode-se dizer que o foco principal da Internet2 reside no desenvolvimento de aplicações avançadas com uso intensivo de tecnologias multimídia em tempo real. Demonstrações dos novos potenciais da Internet2 vêm sendo apresentadas em vários eventos e workshops promovidos com o intuito de sensibilizar não só a comunidade acadêmica, como também diversos setores da indústria e até mesmo o governo. Nos principais países do mundo, as linhas de ação já estão bastante definidas. Nos Estados Unidos, são quatro as principais linhas de pesquisa da Internet 2: 1. Educação à distância, visando gerar uma grande rede de instituições de ensino onde o usuário tem um vasto leque de opções de formação via Internet; 2. Bibliotecas digitais, com intenção de constituir uma grande rede de bibliotecas virtuais, incluindo dados em forma de texto, imagens e sons; 3. Teleimersão, para promover atividades em conjunto ao redor do mundo através da rede; 4. Laboratórios coletivos, para que se possa trabalhar em pesquisa com estruturas complementares de outras instituições, utilizando equipamentos à distância. Os experimentos e desenvolvimentos de aplicações Internet2 requerem uma conectividade e infraestrutura de maiores requisitos. Tipicamente são necessários equipamentos de comunicação e computação de grande capacidade. Atualmente apenas as instituições localizadas em PoPs com este tipo de infraestrutura e banda (GigaPoPs) podem dispor de aplicações Internet2 de forma contínua. Estes requisitos são atendidos basicamente nos PoPs localizados no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. O alcance de novos grupos de pesquisa em outros estados será resultado da implantação e atualização de novas facilidades em outros PoPs da RNP. Além disto, é importante assegurar que as deficiências de conectividade entre cada instituição e o PoP sejam equacionadas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 Quanto à concepção do programa há necessidade de redimensionamento de metas físicas de algumas ações, em especial nas ações de Processadores de Alto Desempenho - PAD. Dada a dinâmica própria da área de Tecnologia de Informação e Comunicação, onde são comuns alterações de cenário decorrentes da troca ou incorporação de novos paradigmas, alguns dos indicadores do programa podem ter se tornado vulneráveis ou obsoletos, havendo necessidade de adequações. Deverá haver ampliação da matriz de fontes de financiamento considerando a abrangência do programa. Os Fundos Setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia poderão contribuir no desenvolvimento das aplicações em Tecnologia da Comunicação e Informação, em especial no âmbito da cooperação Universidade/ Empresa. No que tange à implementação cabe ressaltar que, de uma forma geral, os recursos foram suficientes. Na ação, Processadores de Alto Desempenho – PAD, a dotação orçamentária dificultou a organização e o planejamento de projetos de mais longo prazo. No entanto, a busca de outras fontes de recursos através de convênios auxiliou na execução desta ação. Por se tratar de programa estratégico os recursos foram liberados com fluxo regular e compatível com a programação, o que facilitou a execução das ações em sua implementação - 2001. A manutenção da condição de "Estratégico" do programa Sociedade da Informação – Internet2 - é imprescindível, pois este atingiu a plenitude operacional que permite a consecução dos objetivos propostos e mesmo o alcance de objetivos, indicando novas necessidades. A proximidade do programa junto ao público alvo garante legitimidade às ações e sintonia com as demandas da sociedade. Adicionalmente, o programa em apenas 2 anos revelou-se de fundamental importância para a inserção do Brasil no grupo das nações efetivamente empenhadas na construção da Sociedade da Informação, com claros objetivos econômicos e sociais. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 Projeto é alternativa para "ressaca" nas comunicações A Infovia Municipal de Morungaba é uma evolução do Projeto Multicom 21, que nasceu na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, em 1992, por iniciativa de um grupo de professores da unidade. Este grupo aderiu à ideia do Projeto Bercom (Berlin Communication) de construir um modelo de interconexão entre laboratórios. Inicialmente, seriam conectados o Hospital das Clínicas da Unicamp ao Instituto do Coração (Incor), e a FEEC à Politécnica da USP. O professor Leonardo Mendes, que assumiu a coordenação do Multicom 21 em 1995, lembra que o CNPq financiou outras iniciativas semelhantes no Brasil, como o projeto de redes metropolitanas (que na região ganhou o nome de Remet-Campinas). "Alguns problemas, entretanto, afetaram a continuidade destas iniciativas. A privatização das comunicações no Brasil, por exemplo, levou a mudanças de políticas controladoras, e essas atividades nem sempre receberam a atenção necessária. Outro problema foi a crise de janeiro de 2000, que atingiu todas as empresas de alta tecnologia do mundo, fazendo despencar a quantidade de recursos e a expectativa de uma grande evolução das tecnologias de Internet e de comunicações", afirma o pesquisador. Neste contexto mundial, que considera de "ressaca" do setor de comunicações, Leonardo Mendes viu em Morungaba, cidade que abriu os braços para a experiência, a oportunidade de levar o Multicom 21 a campo. "Existem outras experiências no país, mas não com esta envergadura. Estamos construindoum modelo de infovia municipal em sua totalidade, da infraestrutura de transporte de informações até as aplicações. Queremos um projeto integrador, único, que tenha a participação e financiamento de várias Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 instituições, empresas e também de outros municípios que manifestaram interesse, como Campinas e Guarulhos", explica. A rede experimental de Morungaba vai se conectar à Unicamp, a fim de que pesquisadores do país possam estudar; implantar e testar equipamentos. Empresas já acenaram com doações para utilização e aperfeiçoamento de seus produtos. A proposta é investigar não apenas as aplicações tecnológicas, mas também os aspectos sociais e econômicos, como: o melhor modelo para manter financeiramente o sistema, os negócios que podem ser estabelecidos na rede, a geração de empregos, a distribuição de recursos e de renda. "Queremos mostrar que é possível ir muito além das limitações da comunicação que temos hoje, com uma quantidade de recursos muito menor", finaliza Leonardo Mendes. Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2003/ju226pg03.html Esta Infovia sustenta um sistema de comunicação de dados confiável e econômico, que utiliza a mais avançada tecnologia de acesso digital. É formada por uma rede com 204 km de extensão, sendo 84 km de cabos subterrâneos e 120 km de aéreos. Devido ao anel óptico redundante, o sistema tem disponibilidade permanente: 24 horas por dia, 7 horas por semana. O gerenciamento da rede utiliza a tecnologia ATM/IP/MPLS, referência mundial no campo das telecomunicações e informática. Através da Infovia, é possível o tráfego de circuitos de dados, voz e imagens e acesso Internet. Na montagem desta rede municipal, a Prefeitura de Porto Alegre, criou um sistema de gerenciamento do espaço público, inédito no país, que permite maximizar as operações. Outras redes com estrutura e objetivos semelhantes: http://www.rnp.br/conexao/instituicoes.php http://www.rnp.br/pd/giga/ http://www.rnp.br/pd/planetlab/ Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 UNIDADE 5 Objetivo: Compreender o significado e importância da sociedade da informação A Sociedade da Informação Nos últimos anos a expressão "Sociedade da Informação" tem sido muito utilizada. No entanto, sua origem remonta aos anos sessenta, quando se percebeu que a sociedade caminhava em direção a um novo modelo de organização, no qual o controle e a otimização dos processos industriais eram substituídos pelo processamento e manejo da informação como “chave” econômica. Desde então, foram numerosos os significados atribuídos à "Sociedade da Informação" sem, contudo, ter sido elaborada uma definição aceita em todo o mundo. Sociedade da Informação é um estágio de desenvolvimento social caracterizado pela capacidade de seus membros (cidadãos, empresas e administração pública) de obter e compartilhar qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais adequada. É conveniente, então, demonstrar o sentido que se dá à expressão, no âmbito deste estudo, conforme veremos nesta Unidade. Comportamentos e padrões A Sociedade da Informação está baseada nas tecnologias de informação e comunicação que envolve: a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios eletrônicos, como rádio, televisão, telefone e computadores, entre outros. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 Essas tecnologias não transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas em seus contextos sociais, econômicos e políticos, criando uma nova comunidade local e global. O conceito de Sociedade da Informação surgiu dos trabalhos de Alain Touraine (1969) e Daniel Bell (1973) sobre as influências dos avanços tecnológicos nas relações de poder, identificando a informação como ponto central da sociedade contemporânea. A definição de Sociedade da Informação deve ser considerada tomando diferentes perspectivas: Segundo Gianni Váttimo, esta sociedade pós-moderna ou transparente, é plural, incentiva a participação, reconhece e dignifica as diversidades e dá voz às minorias e os valores passariam a ser construídos a partir desta perspectiva participativa, múltipla ou até mesmo caótica. Para Javier Echeverria, a Sociedade da Informação está inserida num processo pelo qual a noção de espaço e tempo tradicional está em transformação pelo surgimento de um “espaço virtual”, transterritorial, transtemporal, que formará uma telecidade em uma tele-sociedade que se sobreporá mesmo aos Estados clássicos, cirando novas formas de inter-relações humanas e sociais ainda que por vezes ocorram conflitos neste processo de transformação. A Sociedade da Informação é fruto de novos comportamentos e padrões culturais que a revolução tecnológica tem proporcionado, através da disseminação veloz da informação por meios nunca imaginados, trazendo impactos diretos nas atividades socioeconômicas. Inúmeros meios de comunicação interligam países, continentes, povos e nações, proporcionando o intercâmbio de dados e informações de imediato, sem transparecer que existem quilômetros de distância separando as partes interconectadas. A qualidade dos serviços de transmissão e recepção oferecidos cresce a cada instante, trazendo mais benefícios aos usuários desses sistemas e serviços. Essa sociedade já é vista como um novo paradigma técnico e econômico, por ser a alavancadora de mudanças nas estruturas das atividades sociais e econômicas, ditando, sob as dimensões, tanto político quanto econômica, qual região ou área é mais capaz de atrair Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 vultosos investimentos de novos negócios ou empreendimentos. Suas características também são de elevado valor na dimensão social, na medida em que possibilita integrar pessoas e nações, reduzindo a distância entre elas pela difusão de informação. O emprego de tecnologia envolve elevados custos. A partir daí, surge o seguinte questionamento: é possível disseminar informação e tecnologia a pessoas e regiões menos assistidas e desfavorecidas de muitos benefícios? Ao futuro está destinada essa resposta. A Sociedade da Informação é um importante fenômeno que, se bem utilizado, pode estreitar o fosso educacional, cultural e econômico entre diversos segmentos sociais. As novas tecnologias se apresentam como instrumentos capazes de promover a inclusão plena dos menos favorecidos, fornecendo estratégias e estruturas para criar novas práticas de produção, de comercialização e de consumo de produtos e serviços. O fator diferencial da Sociedade da Informação é que cada pessoa e organização não só dispõem de meios próprios para armazenar conhecimento, mas também têm uma capacidade quase ilimitada para acessar a informação gerada pelos demais e potencial para ser um gerador de informação para outros. Embora essa capacidade sempre tenha existido, de forma seletiva e mais ou menos rudimentar, o peculiar da Sociedade da Informação é o caráter geral e ilimitado de acesso à informação. Essa mudança que permite facilidades no acesso à informação é o principal fator que desencadeia uma série de transformações sociais de grande alcance. A disponibilidade de novos meios tecnológicos provoca alterações nas formas de atuar nos processos. E quando várias formas de atuar sofrem modificações, resultam em mudanças inclusive na maneira de ser. Definitivamente, as novidades tecnológicas chegam a transformar os valores, as atitudes e o comportamento e, com isso, a cultura e a própria sociedade. A forma final que a Sociedade da Informação adotará é algo imprevisível nos dias de hoje. Embora em fase inicial de criação de infraestruturas, já é percebida e, ao mesmo tempo, os primeiros efeitos de sua aplicaçãonos processos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 O impacto final nos valores e atitudes, além de ser imprevisível, não será, em absoluto, o reflexo de um mecanismo que deva produzir de forma inevitável um resultado determinado. Muito pelo contrário, a disponibilidade de acesso geral e praticamente ilimitado à informação deve ser considerada como um elemento meramente facilitador, que amplia enormemente as possibilidades de transformação. Apesar dos meios tecnológicos atuais serem conhecidos, ainda é uma incógnita o tipo de sociedade que se quer atingir. Existe, também, uma tarefa fundamental, que é a de decidir o objetivo final, que se encontra fora do âmbito tecnológico e deve ser assumido pela sociedade como um todo. No Brasil, a Sociedade da Informação vem revestida do importante papel de acompanhar os passos das nações mais desenvolvidas que já iniciaram e desenvolvem esse processo de compartilhamento de informações entre todos os segmentos da sociedade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 UNIDADE 6 Objetivo: Conhecer o histórico da sociedade da informação e que este programa inicialmente destinado ao meio acadêmico, foi criado voltado para o desenvolvimento da tecnologia de redes de computação. Breve Histórico da Sociedade da Informação A Sociedade da Informação na América do Norte A Sociedade da Informação (SI) teve origem a partir da década de 90, através do programa High Performance Computing and Communications (HPCC) – Alta Performance de Computação e Comunicações, nos Estados Unidos da América (EUA). Este programa foi voltado para o desenvolvimento da tecnologia de redes de computação, inicialmente destinado ao meio acadêmico. A partir de 1993, o enfoque foi modificado para atender os objetivos da National Information Infraestructure (NII) – Infraestrutura Nacional de Informações, cuja abordagem era atender os objetivos da economia e sociedades americanas. Em 1994, os EUA lançaram como desafio a todos os governos a idéia da Global Information Infraestructure (GII) – Infraestrutura Global de Informações. O Programa de Alta Performance passou a direcionar as atividades da SI sob os seguintes enfoques: Sistemas de Processamento de Alta Performance; Tecnologia Avançada de Software; Rede para Educação e Pesquisa; Infraestrutura Nacional de Informações; e Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 Pesquisa Básica e Recursos Humanos. A Sociedade da Informação na Europa A União Europeia (UE) decidiu que o seu projeto de SI passaria pela informatização da administração pública dos países integrantes, onde a privatização das telecomunicações havia sido o foco principal. Se por um lado os EUA enfatizavam a infraestrutura, isto é a plataforma de telecomunicações e computação como meio mais adequado à oferta de serviços e aplicações, a UE optou por direcionar estes serviços e aplicações sob a ótica da informação, para atender demandas multiculturais e linguísticas. A expressão Sociedade da Informação, como a que conhecemos hoje, é a consolidação das iniciativas voltadas à Infraestrutura e à Economia, destinadas a prover serviços e aplicações em prol da sociedade. A figura 2 exemplifica os estágios de evolução da Sociedade da Informação. Figura 2 - Fonte: SocInfo Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 A Sociedade da Informação no Brasil As iniciativas para o Programa da Sociedade da Informação no Brasil (PSIB) somente tiveram início em 1999, por meio do Grupo de Implantação da Sociedade da Informação, do Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT). O planejamento adotado consistiu em definir três fases distintas: estudos preliminares e lançamento formal do Programa, Proposta do Programa de Sociedade da Informação (Livro Verde) e Plano de Execução (Livro Branco). Os objetivos do PSI no Brasil são: construir uma sociedade justa, observando princípios e metas relativos à preservação da identidade cultural, fundada na riqueza da diversidade; criar a sustentabilidade de um padrão de desenvolvimento, respeitando as diferenças, buscando o equilíbrio regional; e fomentar a participação social, pilar base da democracia política. O PSIB foi estruturado para atuar nas seguintes áreas: Mercado, Trabalho e Oportunidades; Universalização de Serviços para a Cidadania; Educação na Sociedade da Informação; Conteúdos e Identidade Cultural; Governo ao Alcance de Todos; Pesquisa e Desenvolvimento, Tecnologias, chave e aplicações; e Infraestrutura Avançada e Novos Serviços. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 A Revolução da Precisão Consequências Estratégicas do Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação Pierre Fayard Que mudanças as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) provocam na estratégia, esta prosa da existência cujo objeto sempre consistiu em conceber, em organizar e em acionar os meios que concretizam os fins que nos propomos a atingir. Como é comum nos períodos de mutação, é nas sombras que se desenha e se formaliza a novidade. Se a tecnologia introduz fatores de ruptura, a identificação e a integração dos conceitos e dos métodos suscetíveis de tirar proveito disso, qualquer que seja o domínio de aplicação, representam um aspecto essencial que essa contribuição tem por ambição esclarecer. Em que medida a força dos novos meios tecnológicos não retroage sobre os fins a que servem? Redefinindo a natureza das relações entre global e local, a ubiquidade numérica fundada sobre uma conectividade planetária cada vez mais refinada, redesenha a Geografia da utilidade. As TIC provocam um salto quantitativo e qualitativo na precisão do acesso e da mobilização sob medida de fontes espacialmente dispersas. Comunidades de valores reúnem-se, virtualmente, com base em interesses, em gostos, em inclinações ou em hobbies compartilhados. Proporções negligenciáveis localmente, sua concentração global torna-as, contudo, prontas a desenvolver sua paixão e a pesar econômica ou politicamente. Articulada estrategicamente, uma concentração virtual se revela às vezes mais eficaz do que a sua contraparte material, o que não deixa de ser surpreendente! O espaço não representa mais o desacelerador ou o protetor que até agora ele encarnava. O conhecimento disponível no mundo cibernético autoriza uma seletividade crescente nas escolhas fora da limitação das distâncias. A precisão, econômica e informacional, global e em tempo real abre-se para novas formas de organização e de concepção da ação em que as redes constituem a base de uma nova logística onde o virtual e o real sofrem um processo de hibridização, redefinindo as relações entre o local e o global. Como pensar as novas formas da estratégia, de modo pertinente, a fim de tirar proveito da convergência tecnológica que se traduz sob a forma de um "coquetel numérico"? Os efeitos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 ainda fracamente metabolizados desse coquetel nos afastam de uma lógica local de produtos e de estoques pré-definidos para nos conduzir a uma época dominada por uma lógica global de serviços e de fluxo. A interconexão planetária permite dispor dos produtos somente onde e quando eles se mostram necessários. Aí a estratégia se preocupa em organizar e garantir o domínio das condições do fluxo muito mais do que dos próprios estoques. Na era do numérico, a velocidade das transmissões e a sua inteligência se traduzem por ganhos de tempo na apreciação das circunstâncias e da consequente tomada de decisão. Nas redes, a definição final dos produtos e dos serviços passa por uma interatividade informacional, que, não somente caminha para um alto nível de precisão, mas que é também suscetívelde enriquecer as bases de dados dos atores de cada uma das transações. O produto não pré-existe à demanda, ele se constitui em codefinição evolutiva a partir de potenciais disponíveis, que mediações criativas e inteligentes calibram em função da natureza das demandas expressas e afirmadas. As vias e os dispositivos de comunicação conferem vantagens no conhecimento que em geral se traduzem em vantagens temporais e qualitativas. Rapidez e precisão se impõem tendo como pano de fundo o apoio necessário de cartografias globais. (...) Em 1492, Cristovão Colombo não deu as costas às Américas sob o pretexto que eram as Índias que ele procurava atingir! Um projeto mecanicamente amarrado à sua definição tem dificuldades em tirar partido de uma vantagem não programada. Ao contrário, uma vigília ativa sobre os meios e os seus conceitos de uso, alimenta de maneira dinâmica as novas formas de relação dialética com os fins. É o que permitem precisamente as estratégias da rede. A rede é um instrumento ideal para a extração de sinais fracos pertinentes a partir de uma intenção que não repugna ser a reposta em questão. Sua estrutura e o potencial que ela articula tornam-a apta a enfrentar condições imprevistas apoiando-se em uma leveza adaptativa. Até certo ponto, a partir do qual ele perde coerência e dilui-se numa profusão de interesses divergentes. O desconhecido não desintegra a rede, mas a enriquece e a faz crescer. Assim é também a superioridade do cérebro humano sobre a máquina terminada, acabada na sua capacidade e cuja degradação é o destino. Num mundo veloz e incerto Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 aceitar não saber tudo antes de agir aparece como uma condição de sobrevida e inovação. O contrário significa domesticar a surpresa e perder o rumo às suas custas. A rede integra uma parte de incerteza dispondo dos trunfos da malha operacional de suas fontes e de uma natureza não finita. Pierre Fayard é doutor em Ciências da Informação e da Comunicação pela Universidade de Grenoble III (França). É professor na Universidade de Poitiers e professor visitante da Universidade Pompeo Fabra (Barcelona), na Universidade de Caxias do Sul (RS) – fonte – Revista Consciência – 10/03/2001 http://www.nominuto.com/cultura/pierre_levy_tecnologia_para_qual_educacao_/5196/ Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 UNIDADE 7 Objetivo: Compreender o real significado de comunicação e informação e suas possibilidades de utilização para melhorar o nível de relações e saberes. Conhecimento X Informação “A educação hoje não assume apenas o dever de repassar informação, mas tem por obrigação fomentar e resgatar as potencialidades individuais do ser humano, objetivando a construção de um conhecimento coletivo, onde a experiência de um se correlaciona com a vivência de outro1”. Tendo a educação como elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado, vem-se criando diversos projetos e estimulando parcerias que envolvem a informatização do ensino, a capacitação de docentes e a prática do ensino à distância. Nesta unidade, iremos tratar dos elementos básicos que integram a Infovia e a Sociedade da Informação. Conhecimento x Informação A “Sociedade da Informação” – com toda a tecnologia e benefícios que nos traz, também apresenta o seu revés - conforme cita Jorge Larrosa em notas sobre a experiência e o saber de experiência, “Pensar não é somente racionaciar, calcular ou argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo, dar sentido, portanto “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Informação não é experiência. O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo bucando informação – o que mais o preocupa é não ter bastante informação. Cada vez sabe mais, cada vez está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber. O que acontece é que nada lhe aconteçe. Após assistir a uma aula, ler um livro ou feito uma visita, podemos dizer que sabemos coisas que antes não sabíamos. Mas ao mesmo tempo, podemos dizer que sabemos coisas que antes não sabíamos que temos mais informação sobre alguma coisa; mas, ao mesmo tempo, podemos dizer também, que nada nos tocou que com tudo o que aprendemos nada nos sucedeu ou nos aconteceu. Em primeiro lugar pelo excesso de informação. A informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência. Por isso a ênfase contemporânea na informação, em estar informados, e toda a retórica destinada a constituirmos como sujeitos informantes e informados; a informação não faz outra coisa que cancelar nossas possibilidades de experiência. O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez está mais bem informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que consegue é que nada lhe aconteça. A primeira coisa que gostaria de dizer sobre a experiência é que é necessário separá-la da informação. E o que gostaria de dizer sobre o saber de experiência é que é necessário separá-lo de saber coisas, tal como se sabe quando se tem informação sobre as coisas, quando se está informado. É a língua mesma que nos dá essa possibilidade. O sujeito moderno se relaciona com o acontecimento do ponto de vista da ação. Tudo é pretexto para sua atividade. Sempre está a se perguntar sobre o que pode fazer. 1 Genoveva Batista do Nascimento – Mestranda em Educação - Universidade Federal da Paraíba Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 Sempre está desejando fazer algo, produzir algo, regular algo. Independentemente de este desejo estar motivado por uma boa vontade ou uma má vontade, o sujeito moderno está atravessado por um afã de mudar as coisas. E nisso coincidem os engenheiros, os políticos, os industrialistas, os médicos, os arquitetos, os sindicalistas, os jornalistas, os cientistas, os pedagogos e todos aqueles que põem no fazer coisas, a sua existência. Nós somos sujeitos ultrainformados, transbordantes de opiniões e superestimulados, mas também sujeitos cheios de vontade e hiperativos. E por isso, porque sempre estamos querendo o que não é, porque estamos sempre em atividade, porque estamos sempre mobilizados, não podemos parar. E, por não podermos parar, nada nos acontece. A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. As Reformulações na Educação O trabalhador do novo século deve ser alguém capaz de tomar conta de sua própria carreira e de si mesmo. Precisa, também, ter um perfil de competênciaque o mercado de trabalho passou a requerer. Os conhecimentos, as habilidades e as competências que sustentam hoje Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 o desempenho profissional configuram um conjunto de características bastante distintas daquelas que, ao longo de décadas, definiram os perfis profissionais demandados. Nesse sentido, trabalhar significa, cada vez mais, não apenas o domínio técnico associado a uma determinada área de atuação, mas, sobretudo, a capacidade de interagir, ser criativo, trabalhar em equipe, atualizar-se permanentemente e saber gerenciar informações. Dentro dessa perspectiva, a missão de educar para o trabalho e para a cidadania passa a requerer enfoques educacionais sintonizados com tais exigências. Novos paradigmas surgem a todo instante nas várias áreas científicas, que evoluem e se especializam mais e mais para atender o homem moderno. Os avanços tecnológicos tornam as distâncias menores e o trabalho mais leve, desde que o homem saiba administrar seu tempo, para que não se torne escravo do trabalho. Entretanto, o homem precisa acompanhar a corrida desenfreada da globalização. A disputa é injusta, e o tempo parece ficar cada vez mais curto, enquanto a idade avança. E os mais jovens, contemporâneos da modernidade, parecem assimilar com mais facilidade a nova ordem mundial. Não podendo e não devendo esperar. O homem dos novos tempos torna-se o promotor da educação que necessita, pois as armas precisam ser recarregadas a todo instante, nessa luta desleal, onde o saber tem preço de ouro. Escritórios, galpões de fábricas, canteiros de obras, etc., tornam-se salas de aulas de animados grupos ou de solitários estudantes, que não desejam perder o trem da história. Diante de professores, de aparelhos de TV, de computadores, de livros ou de qualquer outro material impresso ou gravado que possa promover a atualização do profissional, a educação se efetiva. Com o tempo insuficiente para o trabalho e para a frequência a uma instituição escolar, o homem moderno recorre aos inúmeros meios de propagação do conhecimento e assim determina como, quando e onde aprender os conteúdos de seu interesse. As instituições que implementam o ensino a distância elaboram cursos nas áreas específicas que o mercado vem exigindo. O aluno trabalhador conta com um tipo de ensino que, apesar Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 de ainda não ser aceito pelo conservadorismo dos paradigmas tradicionais, vem sendo a solução para uma boa parte de a população recuperar o tempo perdido. A maioria dos estudantes de cursos a distância já está no mercado de trabalho e dispõe de autonomia para gerenciar seu tempo e disponibilidade financeira quanto à sua formação continuada. De suas atitudes empreendedoras dependerão as mudanças no comportamento social e profissional de uma dada realidade. Cada indivíduo sabe o que gostaria de ser e de ter, mas nem sempre conhece os meios que possam levá-lo ao sucesso pessoal e profissional. O receio de errar e de não chegar ao seu intento, o faz desistir antes mesmo de tentar, e nos dias atuais, alguns minutos de indecisão podem levar a significativas perdas. O acerto é o oposto do erro, e para acertar ou errar primeiro é preciso tentar. Em educação nenhum investimento é perdido, e o trabalhador brasileiro aos poucos vem percebendo a necessidade de se atualizar, fazendo uso do ensino a distância, evitando assim custos com passagens, com alimentação, com hospedagem, além de não se afastar do convívio familiar. Hoje as novas tecnologias estão incorporadas no dia a dia e não há como dissociá-las do processo educativo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 UNIDADE 8 Objetivo: Entender o conceito”Nova Economia”, que diz respeito a um novo modelo de negócios, baseado nas tecnologias da informação e de comunicação, sob alta velocidade, para transferência de informações Nova Economia Tércio Pacitti, falando sobre o Presente e o Futuro, caracteriza esse período de Nova Economia: Para entrar na Modernidade, é preciso existir aqueles que produzem os Produtores da Modernidade (integrantes de um primeiro grupo de Nações mais desenvolvidas) e aqueles que a consomem, os consumidores da Modernidade (integrantes de um segundo grupo de Nações menos desenvolvidas), consequência da infalível lei econômica da oferta e da procura. (PACITTI, 1998, p. 312) Conceito de Nova Economia O conceito de Nova Economia diz respeito a um novo modelo de negócios, baseado nas tecnologias da informação e de comunicação, sob alta velocidade, para transferência de informações. Novas regras para a competição globalizada estão sendo impostas às empresas e países, como questão de sobrevivência. Os negócios digitais transformaram a informação em uma nova moeda nesta Nova Economia. O beneficiário deste novo paradigma é o cliente, que passa a desfrutar de novos produtos, serviços e oportunidades. Novos negócios baseados em tecnologia surgem a cada instante, promovendo o amadurecimento e a modernização de empresas e organizações. E ao Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 mesmo tempo põem em risco as empresas que não têm condições de competir com a mesma tecnologia ou não encontram espaço nesta nova égide. A Nova Economia vive o momento da globalização – expansão das atividades para mercados distantes – em tempo real, onde a distância mais longa está a um clique do computador mais próximo, pela Internet. As empresas da Nova Economia possuem diferentes estratégias de competição. A produção de seus bens não é focada apenas na produção em escala e sim em toda a cadeia produtiva. A produção passa a ser realizada em locais mais vantajosos, onde haja disponibilidade e capacitação de mão de obra, incentivos fiscais, independentemente de fronteiras geográficas. Para concorrer nesse novo mercado de produtos e serviços baseados nas tecnologias da informação, é preciso ter o domínio de tecnologias-chave e efetuar grandes investimentos em capacitação de pessoal, próprios das economias mais avançadas. O Comércio Eletrônico “O segredo da Nova Economia é inventar modelos de negócios”. (TAPSCOTT, 2000) A Internet é, sem dúvida, o grande ambiente virtual que mais contribuição tem dado à Nova Economia. As empresas encontraram nela um eficiente meio de comunicação com seus clientes, ágil e inovador, mesmo que o fator segurança ainda iniba a viabilização de muitos negócios. Os negócios eletrônicos são transações que envolvem três importantes agentes: os consumidores, as empresas e o governo. As relações entre esses agentes, baseadas em redes eletrônicas, desenvolvem-se em transações comerciais, administrativas e contábeis. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 Os ambientes de Negócios Eletrônicos estão identificados na figura 3. Figura 3 - Fonte: SocInfo 4.2.1 Descrição das relações dos Negócios Eletrônicos: B2B – Business to Business – transação entre empresas. B2C/C2B – Business to Consumer/Consumer to Business – transação entre empresas e consumidores. B2G/G2B – Business to Government/Government to Business – transação entre empresas e governo. C2C – Consumer to Consumer – transação entre consumidores. G2C/C2G – Government to Consumer – transação entre governo e consumidor final. G2G – transação entre governo e governo. 4.2.2 Os 10 princípios da Nova Economia Tabela 2 - Os 10 Princípios da Nova Economia Princípio Valor Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 Importância Não mais o maior, o mais sólido ou o mais pesado significa o mais valioso. Valor hoje significa: informação, serviço e qualidade. Espaço As distâncias desapareceram. O mundo é o seu cliente e seu concorrente. Tempo Está colapsando.
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