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Pediatria V Como são classificados os tipos de vacina e quais as respostas vacinais? (vírus atenuado, conjugada, DNA/RNA…) Vivo-atenuadas. A atenuação é um processo pelo qual a virulência (patogenicidade) do agente infeccioso é reduzida de forma segura, para não causar a doença, mas ao mesmo tempo, é capaz de estimular a resposta imunológica. O agente patogênico é enfraquecido por meio de passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Portanto, quando inoculado num indivíduo, multiplica-se sem causar doença, mas estimulando o sistema imunológico. Contudo, existe um pequeno risco de que o agente atenuado possa reverter para formas infecciosas perigosas. Normalmente, estas vacinas são eficazes apenas com uma dose (com exceção das orais). Exemplos de vacinas virais: febre amarela, sarampo, caxumba, pólio (Sabin), rubéola e varicela zoster (catapora). Vacina bacteriana: BCG (tuberculose). Inativadas ou inertes. 2.1 Inteiras – o agente infeccioso é inativado, por exemplo, com formaldeído e torna-se incapaz de se multiplicar, mas apresenta sua estrutura e seus componentes, preservando a capacidade de estimular o sistema imunológico. Vacinas virais: pólio (Salk), raiva e hepatite A. Vacinas bacterianas: coqueluche, febre tifóide, antraz e cólera. Subunidades ou frações do agente infeccioso Neste tipo de vacina podem ser utilizadas partículas do agente infeccioso fracionadas, toxinas naturais com atividade anulada ou porções capsulares. A vantagem desta vacina é que são seguras, pois não há possibilidade de causar doença, porém são necessárias 3 a 5 doses e reforços para induzir uma resposta imunológica adequada. Vacinas bacterianas: difteria, tétano, meningite (meningocócica) e pneumonia (pneumocócica). Vacina viral: influenza tipo B. Vacinas únicas São aquelas feitas com antígenos de apenas um agente infeccioso, que produz anticorpos protetores somente para aquele agente. Exemplo vacina de reforço contra o tétano pelo Clostridiun tetani quando o indivíduo já vacinado contra esse germe sofre um ferimento de risco para essa doença. Vacinas combinadas São aquelas que duas ou mais vacinas, como difteria e tétano (dupla) e como difteria, tétano e coqueluche (tripla). Vacinas conjugadas São aquelas nas quais os antígenos bacterianos são ligados a carregadores proteicos (polissacarídeos) gerando uma resposta de longa duração dos anticorpos. Por exemplo, as vacinas antipneumocócicas (contra o Haemophilus influenzae tipo B) Vacina recombinante É obtida por engenharia genética, por inserção de um gene que produz uma proteína imunogênica em um microrganismo. Por exemplo, a vacina contra a Hepatite B que contém o antígeno da superfície do vírus da hepatite. Vacina DNA A vacina de DNA é formada a partir de um plasmídeo e a sua expressão contendo genes que codificam um ou mais antígenos imunogênicos de interesse, uma vez que esses plasmídeos recombinantes estiverem dentro da célula hospedeira o gene alvo será transcrito. Vacinas de DNA mostraram serem efetivas para várias doenças causadas por vírus, bactérias, protozoários e também para tumores. Consequentemente, esse tipo de vacina contribui para o controle de doenças infecciosas, parasitárias e na terapia oncogênica em medicina humana e veterinária. Este tipo de vacinação apresenta uma grande vantagem, pois fornece para o organismo hospedeiro a informação genética necessária para que ele fabrique o antígeno com todas as suas características importantes para geração de uma resposta imune. Isto sem os efeitos colaterais que podem ser gerados quando são introduzidos patógenos, ou os problemas proporcionados pela produção das vacinas de subunidades em microrganismos. A captação do DNA plasmidial pelas células após a injeção é ineficiente. Somente uma pequena proporção do material injetado é internalizada pelas células que resulta em sucesso na transfecção, isto é, produção de antígeno pelas células do animal vacinado. Entretanto, duas estratégias têm sido utilizadas para aumentar a potência da vacina: i) liberação física para alcançar altos níveis de antígenos e ii) formulação com micropartículas para células alvo apresentadoras de antígenos (APCs). A administração de uma única dose de plasmídeo pode proporcionar um amplo espectro de resposta imune, incluindo a ativação dos linfócitos T CD8+ e linfócitos T CD4+, os quais secretam citocinas e têm função reguladora na produção de anticorpos. O sucesso da imunização com DNA depende, principalmente, da natureza dos antígenos, da frequência e via de administração, da concentração de DNA administrada, da localização celular do antígeno codificado pelo plasmídeo (secretado, ligado à membrana ou citoplasmático), da idade e saúde do hospedeiro e da espécie dos animais vacinados. As vacinas de DNA, em teoria, representam uma metodologia que se aproxima da infecção natural, alcançando a indução da proteção desejada. A vacina é baseada na tecnologia do DNA recombinante que envolve a transferência de um determinado gene (transgene), que codifica uma proteína (imunógeno), dentro de um vetor de expressão para células eucarióticas. E os passos para esta fabricação são: 1) extração do DNA; 2) purificação do DNA; 3) recombinação gênica; 4) transformação bacteriana; 5) amplificação/ clonagem; 6) triagem; 7) isolamento. O procedimento da elaboração dessa vacina, empregando a tecnologia do DNA recombinante, inicia-se com a extração do DNA de um microrganismo que pode ser um vírus, uma bactéria, um fungo ou um parasita, a fim de obter deles o gene codificador da proteína antigênica. E a extração de um DNA plasmidial de uma bactéria E. coli, bactéria do trato gastrointestinal, o qual servirá como vetor que carregará o gene do patógeno. As vacinas de DNA oferecem uma série de vantagens quando comparadas às vacinas clássicas, em termos econômicos e técnicos. O custo de produção das vacinas gênicas em larga escala é consideravelmente menor ao custo de produção das vacinas compostas de fração subcelular, proteínas recombinantes e peptídeos sintéticos. O controle de qualidade é mais fácil, a comercialização não necessita de uma rede de refrigeração, pois estas vacinas são estáveis à temperatura ambiente e podem ser liofilizadas (preservadas). Estes fatores facilitam o transporte, a distribuição e o estabelecimento de amplos programas de imunizações em regiões de difícil acesso, o que seria interessante para a realidade brasileira e de outros países em desenvolvimento. Calendário Básico de Vacinação. (SBIM) CRIANÇA: Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Básica de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15 vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade Ao nascer: ● BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose única ● Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer 2 meses: ● Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose ● Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a poliomielite) – 1ª dose ● Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose ● Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose 3 meses: ● Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose 4 meses: ● Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose ● Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP)(previne a poliomielite) – 2ª dose ● Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose ● Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose 5 meses: ● Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose 6 meses: ● Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose ● Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne poliomielite) – 3ª dose 9 meses: ● Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela) 12 meses: ● Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose ● Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço ● Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço 15 meses: ● DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço ● Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomielite) – 1º reforço ● Hepatite A – uma dose ● Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose 4 anos: ● DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço ● Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomielite) - 2º reforço ● Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose ● Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29 dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influenza durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe. ADOLESCENTE: A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualizada. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomendadas a adolescentes: Meninas 9 aos 14 anos e Meninos 11 aos 14 anos: ● HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses) 11 aos 14 anos: ● Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço (a depender da situação vacinal anterior) 10 aos 19 anos: ● Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) ● Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal anterior) ● Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos ● Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses (de acordo com a situação vacinal anterior) ● Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a depender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos) ADULTOS: 20 aos 59 anos: ● Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) ● Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal anterior) ● Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos); ● Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos ● Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos) IDOSO: 60 ou mais: ● Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior) ● Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior) ● Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos ● Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a depender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em instituições fechadas. ● Influenza – Uma dose (anual) GESTANTES: ● Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) ● Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) ● dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto). ● Influenza – Uma dose (anual) Diferencie as vacinas do SUS e da rede particular 1. VACINA CONTRA ROTAVÍRUS: A diferença é quantitativa: a vacina disponível na rede pública tem apenas um tipo de rotavírus, contra cinco na versão comercializada (ROTATEQ™), que é mais completa, e protege mais. 2. VACINAS PENTAVALENTE E PÓLIO INJETÁVEL Nesse caso, a diferença não é na quantidade, mas no tipo de componentes. Na versão de células inteiras (oferecida pelo SUS), há um componente da bactéria da coqueluche que provoca reações frequentes e muitas vezes graves. Na versão acelular (INFANRIX™) , oferecida pela rede privada, esse componente é retirado, e raramente ocorrem reações, geralmente leves. Além disso, a versão acelular já tem a vacina contra pólio incluída, isso é, tudo na mesma aplicação. No caso da versão de células inteiras, a vacina contra poliomielite é feita à parte — ou seja, outra injeção. Concluindo: a vacina acelular, além de mais segura, também é mais cômoda. 3. VACINA PNEUMOCÓCICA As vacinas pneumocócicas protegem principalmente contra as formas mais graves de infecções por essas bactérias (septicemia e meningites pneumocócicas). Nesse caso, quanto mais tipos de pneumococos incluídos na vacina, melhor. Aqui a diferença novamente é na quantidade de componentes— e no número de doses. A pneumocócica da rede pública tem apenas 10 tipos de pneumococos, enquanto a da rede privada (PREVENAR-13) tem 13, ou seja, protege mais. Além disso, o SUS só aplica a vacina aos 02, 04 e 12 meses, enquanto a OMS, SBP e SBIm recomendam uma dose adicional aos 06 meses de idade E mais: o SUS só aplica a vacina até os dois anos de idade – e na rede privada não há essa limitação. Outra dica: mesmo quem já tomou a vacina do SUS pode tomar também essa vacina mais completa. E ficar mais protegido. 4. VACINA MENINGOCÓCICA Assim como os vírus das hepatites ou da gripe são designados por letras, os meningococos também o são: A, B, C, etc, dependendo de sua composição, e não pela gravidade da doença que provoquem. Não existe meningite branda, e a vacina contra um tipo não imuniza contra o outro. E, lembrando: mesmo quem já teve meningite não fica imune — só a vacina confere imunidade. Na rede pública está apenas disponível a vacina contra o meningococo tipo C. Mas já existem vacinas contra os tipos A, B , W e Y (MENVEO™, NIMENRIX™, BEXSERO™), todas elas indicadas pela OMS, SBP e SBIm, que estão disponíveis em clínicas privadas. São recomendadas a partir dos três meses de vida, apenas o número de doses varia. Não há limite superior de idade. Novamente, mais é melhor. 5. VACINA CONTRA VARICELA Pra quem acha que catapora é uma doença branda, a maior prova em contrário é que o SUS se preocupa com ela, e são necessárias duas doses para uma imunização plena. O SUS fornece as duas doses de vacina, a primeira aos 15 meses (junto com a vacina triviral) e a segunda somente aos 4 anos de idade. E, nesse meio tempo, muitas crianças desenvolvem a doença, antes da segunda dose. O esquema sugerido pela OMS, SBP e SBIm é diferente, e protege definitivamente desde cedo: a primeira dose aos 12 e a segunda aos 15 meses. Mas você pode iniciar a proteção de seu filho ainda mais cedo, aos nove meses: existe, na rede privada, uma vacina que já imuniza a partir dessa idade. E, lembrando: varicela / catapora é mais frequente na primavera e verão. Quem nunca teve varicela ou nunca foi vacinado pode iniciar sua proteção em qualquer idade. E deve: quanto maior a idade, maior a gravidade da doença. 6. VACINA CONTRA HEPATITE A A vacinadisponível na rede pública é igual à da privada. Mas o SUS só aplica 01 dose da vacina, e a OMS, SBP E SBIm indicam um reforço após 6 meses. E outra coisa: o SUS só iniciou essa vacina em julho de 2014. Vale a pena conferir a carteira de vacinação se seu filho nasceu antes disso. Não há nenhuma evidência que aponte diferença de eficácia entre as vacinas dos setores público e privado. Para uma vacina ser administrada ela passa pela aprovação de diversos órgãos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que se baseia em estudos para garantir sua eficácia. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização, a metodologia científica que envolve os testes clínicos para licenciamento das vacinas gera toda a confiabilidade nos dados para garantir a informação correta acerca da eficácia e segurança do produto em questão. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) promovido pelo Ministério da Saúde do Brasil é considerado um dos melhores do mundo. As vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são as incluídas no Calendário Nacional de Vacinação. São gratuitas e estão disponíveis para todos os bebês e crianças brasileiras. A tarefa de qualquer governo, mesmo dos países mais ricos, não é oferecer gratuitamente todas as vacinas existentes, seja por questões econômicas, de produção e abastecimento ou de efetividade. Os países realizam estudos de custo-efetividade e custo-benefício para identificar quais vacinas representam maior impacto do ponto de vista da Saúde Pública e qual é a parcela da população que mais adoece com risco aumentado de gravidade. Quando indicadas, é preciso garantir o fornecimento contínuo da vacina de modo a alcançar as metas de cobertura vacinal. Como ocorre o desenvolvimento da imunidade intrauterina e extrauterina (até sua maturação). Extrauterina Os recém-nascidos e lactentes jovens apresentam seu sistema imunológico imaturo, o que os torna mais suscetíveis aos agentes infecciosos presentes nesse período. Sabe-se que os neonatos são mais vulneráveis às infecções que as crianças e os adultos. Diferenças observadas na imunidade inata e adaptativa são responsáveis pelo prejuízo das defesas do neonato. Os defeitos da imunidade adaptativa requerem o contato prévio com antígenos, enquanto o sistema inato não necessita de experiência imunológica prévia. A imunidade inata é a primeira linha de defesa contra os patógenos e é composta pela resposta de granulócitos, monócitos, macrófagos, células dendríticas e natural killer. Alguns patógenos responsáveis pelas infecções intraútero, intraparto e pós-parto estimulam a resposta imune fetal e neonatal. O sistema imunológico do recém-nascido apresenta habilidade limitada em montar uma resposta efetiva do ponto de vista quantitativo e qualitativo contra patógenos invasivos, implicando mais suscetibilidade a infecções. Sabe-se que quanto menor o período gestacional, menos desenvolvido será o sistema imunológico ao nascimento, de forma que recém-nascidos prematuros extremos (<28 semanas) apresentam risco 5-10 vezes mais alto de infecção que o recém-nascido a termo. O neonato é altamente dependente da transferência materna passiva de anticorpos no início da vida fetal e neonatal. O desenvolvimento imunológico somente estará completo na infância tardia. O leite materno é um exemplo importante de transferência de imunidade passiva no período pós-natal. Ele possui funções antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunorreguladoras. Contém a IgA secretora, que coloniza o trato gastrintestinal e respiratório do neonato, células ativas (fagócitos, células natural killer e linfócitos), citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10) além de lisozima, lactoferrina, peroxidase e lípides antimicrobianos. Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no saco vitelino desde a quarta semana de gestação, migram para o fígado, principal órgão hematopoiético durante esse período, no qual proliferam sofrendo somente discreta diferenciação. Posteriormente, são encontrados no baço, timo e medula óssea. A imunidade pode ser classificada em inata (inespecífica) ou adquirida (específica), que, por sua vez, é dividida em imunidade humoral e celular. As vacinas atuam estimulando a imunidade específica, que é exercida por meio de anticorpos (imunidade humoral) e de linfócitos com função efetora (imunidade celular). Os anticorpos podem ser séricos, atuando na corrente sanguínea ou secretórios, bloqueando e impedindo a penetração de microrganismos através das mucosas. A defesa contra invasões microbianas inclui o desenvolvimento rápido e antígeno independente da imunidade inata e o desenvolvimento mais lento e específico da imunidade adaptativa. A imunologia do feto e do recém-nascido Imunidade inata A imunidade inata é a primeira linha de defesa na exposição a um agente infeccioso e é ativada independente do contato prévio com antígenos. Ela é composta de barreiras epiteliais (pele e mucosas), citocinas, proteínas do sistema complemento e das células circulantes (fagócitos e células natural killer) A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, possivelmente em consequência à produção inadequada de ácidos-graxos livres e pH alcalino. A quebra da integridade da pele que ocorre nesse período em pacientes hospitalizados pode agir como facilitador da entrada de agentes patogênicos. A produção de IgA secretória está ausente nos primeiros dias de vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas dos tratos respiratório e gastrintestinal a invasões por microrganismos patogênicos. As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e têm como função a opsonização de antígenos e a lise celular a partir de formação do complexo de ataque à membrana. Elas se encontram reduzidas nos recém-nascidos. Durante a gravidez, há pouca transferência materna de proteínas do complemento. Ao nascimento alcançam níveis próximos de 60-90% dos valores do adulto em recém-nascidos a termo e 47-70% em recém-nascidos pré-termo. Níveis semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um ano de idade. As células NK dos recém-nascidos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos. O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose. Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no feto e somente são produzidos em grande número após o nascimento. No recém-nascido estão reduzidos em número e efetividade. Sua concentração aumenta dramaticamente entre 12 e 24 horas após o nascimento. Observa-se nos recém-nascidos prejuízo na quimiotaxia, rolamento, adesão e migração até o sítio de infecção e também redução de sua atividade oxidativa, que é o seu mecanismo de citotoxicidade. Outros mediadores inflamatórios importantes como fibronectina, fatores de coagulação e sistema cinina também se encontram reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis pela reduzida capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração de processo inflamatório, assim como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos. Imunidade adaptativa O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação do sistema adaptativo, já que esses dois componentes estão interligados. A resposta imune adaptativa divide-se em resposta mediada por células e resposta mediada por anticorpos. Os linfócitos são suas células efetoras. Imunidade celular Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a formação do receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de reconhecimento doque lhes é próprio (self). Embora apresente número maior de células T na circulação ao nascimento que os adultos, a maioria são células imaturas e poucas são células de memória, fato explicado pela pequena exposição intraútero a antígenos. A produção das citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A produção de IL-12 que ativa linfócitos T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido. O déficit na resposta Th1 visto no neonato confere prejuízo na função de citotoxicidade. As citocinas criam um contexto imunoinflamatório que gera amplificação de resposta e recrutamento de células capazes de interferir em toda a resposta imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta problemas em toda a imunidade. A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL-10) em resposta a antígenos ocorre, em parte, devido à baixa exposição intraútero, mas também devido à função secretória e inibitória da placenta. Imunidade humoral Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna. Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. A resposta neonatal é atrasada, os anticorpos atingem menores picos séricos e têm curta duração. A produção reduzida de anticorpos pelas células B nesse momento deve-se parcialmente a: anticorpos maternos, imaturidade das células B e imaturidade das células T helper, seu estimulante. Para que ocorra o "switch" de classe, ou seja, que o linfócito B apresente outras classes de imunoglobulinas em sua superfície, é necessária a interação com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito B, ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito B produz uma ou outra classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada. O desenvolvimento completo da microarquitetura do tecido linfóide acontece após o nascimento, de maneira que os centros germinativos se tornam aparentes por volta do quarto mês de vida. É provável que esse processo de desenvolvimento possa limitar a resposta de anticorpos no período neonatal. GALT O sistema imunológico do recém nascido (RN) desenvolve-se de forma extraordinária durante o 1º semestre de vida. Dependendo totalmente da imunidade materna durante a vida fetal o RN torna-se imunocompetente através das interações do aleitamento materno e da instalação da microbiota com o sistema imune associado ao tecido linfóide (Gut Associeted Limphoyd Tissue - GALT) o que permitirá o combate a microrganismos patológicos e a tolerância a antígenos alimentares modulando as reações de hipersensibilidade. Os lactentes que são amamentados continuam recebendo anticorpos através do leite materno. O leite materno contém todos os cinco tipos de anticorpos, incluindo a imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina D (IgD), imunoglobulina E (IgE), IgG e imunoglobulina M (IgM). Isso é chamado de imunidade passiva porque a mãe está "passando" seus anticorpos para seu filho o que ajuda a impedir que o bebê desenvolva doenças e infecções. Durante os próximos meses de vida, os anticorpos transferidos pelo leite materno diminuem, porém, lactentes saudáveis após dois a três meses de idade começam a produzir seus próprios anticorpos pelo sistema imunológico intestinal (GALT). Ao redor dos 6 seis meses de idade, os anticorpos são produzidos em ritmo normal e o recém-nascido apresenta níveis satisfatórios de anticorpos. A Imunologia da mucosa gastrointestinal do sistema imunológico humano inclui a imunidade inata, que tem uma resposta padronizada para todos os agentes nocivos, e a imunidade adaptativa, que reconhecem especificamente cada microrganismo e ter uma resposta específica e memória. Com relação a recém-nascidos, temos também de mencionar a imunidade passivamente adquirida pelo transporte transplacentário da imunoglobulina G no útero e do anticorpo de IgA secretora leite humano após o nascimento. Desde a mucosa intestinal constantemente exposta à estimulação antigênica, a função protetora do intestino requer diferentes fatores para estimular a resposta imune inata e adaptativa ou, em uma rede complexa e bem regulada, dos mecanismos de indução de tolerância que residem no GALT o mais extenso sistema linfóide do corpo humano. A interação entre a microbiota e GALT funciona com um “superórgão” que modula as funções digestivas, imunológicas, metabólicas, endócrinas e o trofismo intestinal. As bactérias da microbiota produzem o combustível do enterócito, os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e as vitaminas envolvidas no trofismo e na diferenciação celular. A microbiota induz maturação da imunidade e protege contra a invasão de bactérias patogênicas regulando a permeabilidade intestinal . Quais os tipos de imunização?. (transporte placentário em imunização passiva) IMUNIDADE PASSIVA Imunidade pode ser adquirida sem que o sistema imune seja estimulado por um antígeno. Isso é feito pela transferência de soro ou gamaglobulinas de um doador imune para um indivíduo não imune. Alternativamente, células imunes de um indivíduo imunizado podem ser usadas para transferir imunidade. Imunidade passiva pode ser adquirida naturalmente ou artificialmente. Imunidade passiva naturalmente adquirida Imunidade é transferida da mãe para o feto através da transferência placentária de IgG ou transferência pelo colostro de IgA. Imunidade passiva artificialmente adquirida Imunidade é frequentemente transferida artificialmente pela injeção com gamaglobulinas de outros indivíduos ou gamaglobulinas de um animal imunizado. A transferência passiva de imunidade com globulinas imunes ou gamaglobulinas é praticada em numerosas situações agudas ou infecções (difteria, tétano, sarampo, phtheria, tetanus, measles, hidrofobia, etc.), envenenamento (insetos, répteis, botulismo), e como uma medida profilática (hipogamaglobulinemia). Nessas situações, gamaglobulinas de origem humana são preferíveis embora anticorpos específicos desenvolvidos em outras espécies são eficientes e são usados em alguns casos (envenenamento, difteria, tétano, gangrena gasosa, botulismo). Enquanto esta forma de imunização tem a vantagem de prover proteção imediata, gamaglobulina heterólogas são eficientes durante apenas por uma curta duração e frequentemente resulta em complicações patológicas (doença do soro) e anafilaxia. Imunoglobulinas homólogas têm o risco de transmitir hepatites e HIV. Transferência passiva de imunidade mediada por célula pode também ser conseguida em certas doenças (cancer, imunodeficiência). Entretanto, é difícil encontrar doador com histocompatibilidade adequada e há risco severo de doença do tipo rejeição enxêrto x hospedeiro. IMUNIDADE ATIVA Esta se refere à imunidade produzida pelo corpo após exposição d antígenos. Imunidade ativa naturalmente adquirida Exposição a diferentes patógenos leva a infecções sub-clínicas ou clínicas que resultam em uma resposta imune protetiva contra esses patógenos. Imunidade ativa artificialmente adquirida Imunização pode ser conseguidaao administrar patógenos vivos ou mortos ou seus componentes. Vacinas usadas para imunização ativa consistem em organismos vivos (atenuados), organismos completos mortos, componentes microbianos ou toxinas secretadas (que tenham sido detoxificadas). Vacinas vivas A primeira vacina viva foi a da varíola bovina introduzida por Edward Jenner como uma vacina para a varíola (ver seção sobre vacina); entretanto, a inoculação usando pus de um paciente com um caso ameno de varíola tem sido usado por cerca de milhões de anos (figure 2). Vacinas vivas são usadas contra várias infecções virais (polio, a vacina do Sabin), sarampo, caxumba, rubéola, varicela, hepatite A, febre amarela, etc.) (figura 3). O único exemplo de vacina bacteriana viva é a da tuberculose (Mycobacterium bovis: Bacilo de Calmette-Guérin - BCG). Enquanto muitos estudos têm mostrado a eficácia da vacina BCG, vários outros estudos põem dúvida nos seus benefícios. Vacinas vivas normalmente produzem infecções não clínicas auto-limitantes e levam a subsequente imunidade, ambas humoral e mediada por células, sendo a última essencial para patógenos intracelulares. Entretanto, elas têm um sério risco de causar doenças verdadeiras em indivíduos imunocomprometidos. Além disso, uma vez que vacinas vivas são frequentemente atenuadas (tornadas menos patogênicas) pela passagem em animal ou por mutação térmica, elas podem reverter às suas formas patogênicas e causar doenças sérias. É por essa razão que a vacina da pólio viva (Sabin), que foi usada por muitos anos, tem sido substituida em muitos países pela vacina inativada (Salk). Vacinas mortas Enquanto vacinas vivas normalmente produzem apenas infecções não clínicas auto-limitantes e subsequente imunidade, elas têm o sério risco de causar doenças verdadeiras em indivíduos imunocomprometidos. Vacinas virais mortas (aquecimento, agentes químicos ou irradiação UV) incluem as da pólio (vacina Salk), influenza, hidrofobia, etc. A maioria das vacinas bacterianas são organismos mortos ( tifo, cólera, peste bubônica, coqueluche, etc.) (figura 4). Outras vacinas bacterianas utilizam os componentes de suas paredes celulares (haemophilus, coqueluche, meningococos, pneumococos, etc.) (figura 5). Algumas vacinas virais (hepatite-B, hidrofobia, etc.) consistem de proteínas antigênicas clonadas em um vetor adequado (ex. fungo). Quando o mecanismo patogênico de um agente envolve uma toxina, uma forma modificada de toxina (toxóide) é usado como uma vacina (ex., difteria, tétano, cólera) (figura 6). Essas subunidades de vacina são desenhadas para reduzir os problemas de toxicidade. Cada tipo de vacina tem suas próprias vantagens e desvantagens . Subunidades de vacinas Algumas vacinas consistem de sub-componentes dos organismos patogênicos, usualmente proteínas ou polissacarídeos. Uma vez que polissacarídeos são relativamente fracos antígenos T-independentes, e produzem respostas apenas do tipo IgM sem memória imunológica, eles fazem respostas mais imunogênicas pela conjugação com proteínas (ex. Hemofilus, meningococos, pneumococos, etc.). Vacinas contra hepatite B e hidrofobia consistem em proteínas antigênicas clonadas em um vetor adequado (ex., fungo). Essas vacinas em subunidades são desenhadas para reduzir problemas de toxicidade e risco de infecção. Quando o mecanismo patogênico de um agente envolve uma toxina, uma modificada forma de toxina (toxóide) é usada como vacina (ex. Difteria, tétano, etc.). Toxóides, embora percam sua toxicidade, eles continuam imunogênicos. Outras vacinas novas Uma variedade de novas abordagens para a imunização ativa estão em fase de investigação e são usadas apenas experimentalmente. Elas incluem anticorpos anti-idiotipos, vacinas ante DNA e peptídios imunodominantes (reconhecidos pelas moléculas de MHC) e podem estar disponíveis no futuro. Anticorpos anti-idiotipo contra anticorpos anti-polissacarídeos produzem respostas imune duradouras com memória imunológica. Genes de peptídios virais clonados em vetores, quando injetados transfectam células hospedeiras e consequentemente produzem uma resposta semelhante àquela produzida contra virus vivos atenuados (ambas resposta mediada por células e humoral). Peptídios imunodominante são simples e fáceis de preparar e, quando incorporados em polímeros de MHC, podem provocar respostas tanto humorais como mediadas por células. Adjuvantes Antígenos mais fracos podem se tornar mais imunogênicos pela adição de outros agentes químicos. Tais agentes químicos são conhecidos como adjuvantes. Existem muitas substâncias biológicas ou químicas que têm sido usadas em condições experimentais. Entretanto, somente o sal de Aluminio (alum) foi aprovado para uso humano e é incorporado na vacina DTP. Além disso, Furthermore, a coqueluche por si só tem efeitos adjuvantes. Adjuvantes usados experimentalmente incluem misturas de óleo e detergentes, com (adjuvante de Freund completo) ou sem certas bactéria (adjuvante de Freund incompleto). As bactérias mais comumente usadas em um adjuvante são Micobactéria (BCG) e Nocardia. Em algumas instâncias frações subcelulares dessas bactérias podem também ser usadas com eficiência como adjuvantes. Formulações adjuvantes nunca incluem polímeros sintéticos e oligonucleotídeos. A maioria dos adjuvantes recohecem receptores tipo TOLL ativando assim fagócitos monunucleares e induzindo citocinas seletivas que podem aumentar respostas Th1 ou Th2, dependendo da natureza do adjuvante. Transferência fisiológica de IgG Papel do FcRn O receptor Fc neonatal é uma molécula relacionada ao complexo de histocompatibilidad classe I (MHC) principal que desempenha um papel central na regulação da homeostase e transporte de IgG através da barreira placentária. A expressão de FcRn em células de sinciciotrofoblasto parece ser decisiva para eficiente mediada por IgG fagocitose, enquanto a expressão em células endoteliais é importante para prolongar a meia-vida de IgG por reciclar IgG internalizado de volta à superfície. A interação entre o domínio Fc de IgG e FcRn é influenciada por mudanças de pH, apresentando alta afinidade em nível de pH ácido <6,5 e baixa afinidade em pH fisiológico. Durante a gravidez, IgG é transferido da mãe para o feto ao nível dos sinciciotrofoblastos através de um processo denominado transcitose (endocitose), que começa com a internalização da IgG materna nos endossomos. Neste nível, o Ph é acidificado e permite que a IgG se ligue ao FcRn presente na superfície interna do endossomo. O complexo é então transportado para a membrana da célula basal do sinciciotrofoblasto, onde o IgG é liberado com a exposição ao pH normal (7,4) e entra na circulação fetal. Ainda não é totalmente compreendido como o IgG materno é transportado através do estroma viloso para as células endoteliais fetais como FcRn não são expressos em células do estroma. Algumas evidências mostram que os receptores Fc tipo II e III são expressos em placentas a termo e podem estar envolvidos na transferência transplacentária de IgG. Resta controverso se o FcRn é expresso ou não nas células endoteliais fetais, mas os receptores Fc II podem ser identificados neste nível e são considerados ligados à passagem de IgG para a circulação fetal. Em humanos, o FcRn também é expresso em células endoteliais e derivadas da medula óssea, desempenhando um papel no prolongamento da meia-vida de IgG e albumina, evitando seu catabolismo. Esta descoberta pode ter um grande impacto na prática clínica: ao modular essa interação IgG-FcRn, pode-se melhorar a farmacocinética de anticorpos terapêuticos, ou inibindo a função FcRn em alguns condições autoimunes, um nível reduzido de anticorpos prejudiciais pode ser alcançado. O que é o Sinan e como ele funciona? O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de VigilânciaEpidemiológica das três esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada, para apoiar o processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória. Este sistema é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. Sua utilização efetiva permitirá a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população; podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica. O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribuirá para a democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. Pode, portanto, tornar-se um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções. O Sinan pode ser operacionalizado no nível administrativo mais periférico, ou seja, nas unidades de saúde, seguindo a orientação de descentralização do SUS. A maioria das notificações é digitada nas Secretarias municipais de saúde. Se o município não dispõe de computadores, os dados são incluídos no sistema nas regionais de Saúde. A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades assistenciais para cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal. Esse instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilãncia epidemiológica das Secretarias Municipais, que devem repassar semanalmente os arquivos em meio magnético para as Secretarias Estaduais de Saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente, de acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano. Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as unidades de saúde precisam preencher o formulário de notificação negativa, que tem os mesmos prazos de entrega. Essa é uma estratégia criada para demonstrar que os profissionais e o sistema de vigilância da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos e evitar a subnotificação. Caso os municípios não alimentem o banco de dados do Sinan, por dois meses consecutivos, são suspensos os recursos do Piso de Assistência Básica - PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997. Além da Ficha Individual de Notificação (FIN), e da Notificação Negativa, o Sistema ainda disponibiliza a Ficha Individual de Investigação (FII), que é um roteiro de investigação, que possibilita a identificação da fonte de infecção, os mecanismos de transmissão da doença e a confirmação ou descarte da suspeita. Ainda são utilizados para a coleta de dados a Planilha de surtos e os Boletins de acompanhamento de casos de Hanseníase e Tuberculose. Quais as doenças mais comuns na infância atualmente e compare os índices dessas doenças com as mais acometidas anteriormente. (Doenças gastrointestinais e respiratórias, também olhar doenças erradicadas) *Diarreia, doenças resp. superior (bronquiolite, bronquite). EPIDEMIOLOGIA COMPARADA DE 15 ANOS Doença Diarreica Nos anos 1960, as condições da vida urbana no Brasil eram muito desfavoráveis, situação agravada pelo intenso processo de migração do campo para as cidades, determinando o rápido e desordenado crescimento de nossas metrópoles e acentuando as más condições habitacionais e a carência de saneamento básico. Consequentemente, a mortalidade infantil era muito elevada, causada principalmente por diarreias, inclusive nas capitais mais ricas do País. As transformações pelas quais o País passou nas décadas seguintes permitiram que tal cenário mudasse radicalmente, tornando as diarreias causa pouco relevante de morbimortalidade na infância. Destacam-se artigos pioneiros, em nosso meio, a respeito do rotavírus. Doenças Imunopreveníveis Nos anos 1960-1970, a doença diarreica não era o único mal que afligia a população infantil no Brasil. As doenças imunopreveníveis eram endêmicas e responsáveis por elevadas taxas de morbimortalidade. O sarampo era considerado a principal causa de óbito entre crianças de um a quatro anos de idade em importantes cidades de diferentes regiões do País. A poliomielite grassava de forma epidêmica, deixando grande número de indivíduos com sequelas motoras, muitas vezes agravadas por manifestações tardias (a síndrome pós-poliomielite) que pioram sobremaneira a qualidade de vida. A criação do bem-sucedido Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, criou condições para uma drástica redução da morbimortalidade por doenças passíveis de prevenção por vacinação, destacando-se a eliminação da poliomielite em 1989 e a ausência de transmissão sustentada do sarampo em praticamente todo o País desde 2001181, além da erradicação da varíola, certificada em 198069,70. II. Doenças Infecciosas com Tendência de Declínio Moderado Tuberculose e Hanseníase A tuberculose (TB) foi contemplada com cerca de 130 publicações na RSP, destacando os principais pontos da sua trajetória no Brasil, nos últimos 50 anos. Por sua vez, a hanseníase foi registrada com cerca de 30 artigos. Em comum, ambas as doenças estão fortemente vinculadas à pobreza e às más condições de vida. Além disso, apresentaram no período um declínio moderado, porém consistente, e sofreram, ainda que com intensidades distintas, o impacto da emergência da aids. Destaque-se que a influência da aids no comportamento da hanseníase foi pouco estudada. Na década de 1980, temos trabalhos analisando a efetividade do esquema de tratamento de curta duração recém-introduzido e sobre o baixo rendimento e riscos à saúde do uso da abreugrafia como estratégia de triagem para a descoberta de casos. A partir da década de 1990, temos estudos mostrando a importância da coinfecção TB/HIV, assim como assinalando o desvio da incidência da TB para faixas etárias mais elevadas.Trajetória das doenças infecciosas no Brasil. Mais recentemente, foram publicados trabalhos analisando o elevado impacto social da TB e estimativas dos custos do seu tratamento, novas abordagens para a sua vigilância e um dos trabalhos pioneiros analisando a efetividade da estratégia de revacinação de adolescentes com BCG. Na última década, a RSP publicou textos de grande atualidade sobre o tema, destacando-se aqueles sobre desafios e perspectivas das estratégias de controle da TB no Brasil, analisando a carga da doença, a tendência e o perfil atual, assim como a situação da droga resistência. Outro aspecto que mereceu ênfase nos últimos anos foi o comportamento da TB em populações vulneráveis, além do destaque especial para a elevada mortalidade e estratégias de vigilância para esse desfecho. Quanto à hanseníase, destacam-se artigos que estimam a carga da doença em diferentes regiões do País, e os que descrevem os principais aspectos de seu comportamento em áreas de elevada endemicidade. Temos dois textos que merecem especial destaque por sua importância histórica: o artigo de Guimarães, que analisa a integração da assistência dos portadores de hanseníase nos hospitais gerais, e o comentário de Rotberg, sobre a teoria etiopatogênica da doença de Hansen. III. Doenças Emergentes e Reemergentes Apesar do destaque recente, a emergência de doenças infecciosas não constitui fenômeno novo. Entre os registros antigos mais citados sobre o assunto, temos a pandemia de peste bubônica, no final da idade média. Alguns fatores conferem a esse tipo de evento grande relevância em saúdepública, como a imprevisibilidade, a possibilidade de forte impacto na demografia pela elevação rápida das taxas de mortalidade, as repercussões na economia das populações atingidas e o potencial de assumir comportamento pandêmico. O aumento nas duas últimas décadas da frequência e da velocidade com que esses eventos têm ocorrido está associado a uma série de fatores, entre eles, a globalização, o aumento do intercâmbio internacional e do uso intensivo de sistemas de transportes aéreos e urbanos de massa, conjugados ao rápido crescimento demográfico e a aceleração do processo de urbanização, que se intensificou recentemente em países em desenvolvimento com grande contingente populacional. A emergência e reemergência de doenças infecciosas no Brasil têm sido frequentemente interpretadas como decorrente da piora das condições de vida do brasileiro, especialmente da infraestrutura urbana das grandes cidades, o que significaria um retrocesso à situação em que o País vivia no início do século XX. Porém, essa interpretação é equivocada, pois esses ciclos de emergência e reemergência constituem características desse grupo de doenças, ainda que a falta de infraestrutura urbana seja um agravante. Doenças Reemergentes Entre as doenças reemergentes de etiologia bacteriana relatadas no Brasil, nos últimos 50 anos, temos a febre purpúrica brasileira que, na década de 1980, atingiu estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Ela mereceu especial destaque à época por acometer menores de 10 anos de idade, com elevada letalidade (cerca de 70,0%), e pelo risco potencial de atingir grandes centros urbanos. Tratava-se de doença até então desconhecida, cujo agente etiológico, o Haemophilus Endemias Rurais Nos anos 1960-1970, as doenças infecciosas destacavam-se sobremaneira na agenda de prioridades em saúde pública; entre elas, as denominadas endemias rurais. Samuel Barnsley Pessoa (1963) em uma de suas obras clássicas, comentou as condições sanitárias da população rural brasileira, assinalando a elevada prevalência de desnutrição e fome crônica, as péssimas condições habitacionais e de higiene e a completa falta de saneamento a que estava exposta. Nessas condições, a zona rural, que na década de 1960 acolhia cerca de 50,0% da população do País, apresentava níveis hiperendêmicos de inúmeras doenças parasitárias, entre as quais se destacavam a esquistossomose mansônica, a doença de Chagas e a malária. Doenças respiratórias (pneumonia) As infecções respiratórias agudas representam uma causa mundialmente importante de morbidade e mortalidade na infância, particularmente nos países em desenvolvimento. As infecções graves do trato respiratório inferior, principalmente as que acometem a faixa etária inferior aos 5 anos de idade, são as maiores determinantes dessa mortalidade. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, na última década, cerca de um terço da mortalidade mundial em crianças (4 a 5 milhões de óbitos anuais) foi causada por infecções respiratórias agudas. O Fundo para as Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que mais de 3 milhões de crianças morrem de pneumonia a cada ano, predominantemente nos países em desenvolvimento. As doenças do trato respiratório inferior são responsáveis por 90% das mortes por doença respiratória, e determinam 10% de mortes por todas as causas em crianças menores de um ano. No Brasil, as pneumopatias agudas são responsáveis por 11% das mortes em crianças com idade inferior a um ano, e por 13% na faixa etária entre um e 4 anos. Dados do DataSUS, apontam a pneumonia como causa mortis de 886 casos de óbitos infantis no Brasil no ano de 2016 Vários sinais e sintomas foram descritos em casos pneumonia são dependentes da idade da criança, da extensão do acometimento e gravidade do quadro. Tosse, febre, respiração rápida (taquipnéia), presença de retrações do tórax (tiragens subcostais), estertores finos (crepitações), dor torácica, hipoxemia e sintomas sistêmicos associados fazem parte deste grupo. Na criança com sinais de infecção respiratória aguda como febre e tosse, a frequência respiratória (FR) deverá sempre ser avaliada. Na ausência de sibilância (Um assobio agudo durante a respiração.), as crianças com taquipneia podem ser diagnosticadas com PAC. Diarréia A diarreia surge quando a perda de água e eletrólitos nas fezes é maior do que a normal, resultando no aumento do volume e da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes. Geralmente é definida com a ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas em um período de 24 horas (em lactentes jovens, considerar a mudança na consistência habitual das fezes) Segundo a Organização Mundial de Saúde, doença diarreica é a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos, embora evitável e tratável. A cada ano, a diarreia mata cerca de 525.000 crianças menores de cinco anos no mundo. Bronquiolite A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma infecção viral aguda do trato respiratório inferior que resulta da obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas. É a infecção do trato respiratório inferior mais comum em crianças pequenas. Possui gravidade variável, sendo mais frequentes as formas leves, e ocorre geralmente durante os primeiros 2 anos de idade, com maior incidência nos menores de 6 meses. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o principal agente etiológico. O VSR é um vírus RNA da família Paramyxoviridae, que causa infecção aguda do trato respiratório em todas as idades. Outros agentes também estão bem determinados, como influenza, rinovírus, parainfluenza (tipos 1 e 3), adenovírus, metapneumovírus, bocavírus humano, entre outros. A fonte de infecção é geralmente um familiar ou colega da creche, com enfermidade respiratória aparentemente benigna. A transmissão ocorre normalmente por contato direto ou próximo a secreções contaminadas, que podem envolver gotículas ou fômites. O período de incubação é de 2 a 8 dias, com média de 4 a 6 dias. O período de disseminação viral é normalmente de 3 a 8 dias, mas pode prolongar-se, especialmente em lactentes mais novos, por até 3 ou 4 semanas. A infecção caracteriza-se fundamentalmente por seu caráter sazonal, predominante no inverno e início da primavera, e com duração de cerca de 4 a 6 meses. O diagnóstico é principalmente clínico, baseado nos sinais e sintomas da doença, não havendo indicação rotineira do uso de testes específicos de detecção viral. Achados clínicos: ● Idade: crianças menores de 2 anos. ● Febre: pode haver febre ou história de febre, mais marcada na fase prodrômica. A ausência não exclui o diagnóstico. Temperaturas elevadas ou manifestações de toxemia requerem avaliação para outras causas. ● Tosse: manifestação comum. Seca, associada à sibilância. É uma das primeiras manifestações de comprometimento pulmonar. ● Taquipneia: sinal importante nas infecções do trato respiratório inferior. ● Tiragem: manifestação comum, pode estar associada à presença de tórax insuflado, o que pode facilitar diagnóstico diferencial com pneumonia. ● Crepitações: crepitações inspiratórias em todos os campos pulmonares são comuns, mas não universais. ● Sibilância: comum, mas não universal. ● Critérios clínicos de gravidade identificados na evolução da BVA: intolerância ou inapetência alimentar, presença de letargia, história pregressa de apneia e sinais de desconforto respiratório, como taquipneia, tiragem grave, gemência e cianose. Doenças Imunopreveníveis As doenças imunopreveníveis eram endêmicas e responsáveis por elevadas taxas de morbimortalidade nos anos 60 e 70. O sarampo era considerado a principal causa de óbito entre crianças de um a quatro anos de idade em importantes cidades de diferentes regiões do País. A poliomielite grassava de forma epidêmica, deixando grande número de indivíduos com sequelas motoras, muitas vezes agravadas por manifestações tardias (a síndromepós-poliomielite) que pioram sobremaneira a qualidade de vida. A criação do bem-sucedido Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, criou condições para uma drástica redução da morbimortalidade por doenças passíveis de prevenção por vacinação, destacando-se a eliminação da poliomielite em 1989 e a ausência de transmissão sustentada do sarampo em praticamente todo o País desde 2001, além da erradicação da varíola, certificada em 1980. Em período recente, quando o sarampo já não apresentava transmissão sustentada em grande parte do País, a RSP registra um surto da doença a partir de caso importado, em área metropolitana do estado de São Paulo. IRA: infecções respiratórias aguda Na faixa etária de seis meses aos três anos, as crianças têm de seis a nove infecções respiratórias agudas por ano, sendo que cerca de 10% delas apresentam mais de dez quadros ao ano. Entre os três e cinco anos, o número de infecções respiratórias cai para três a quatro por ano, e crianças acima dos cinco anos apresentam um a dois quadros por ano, como ocorre nos adultos. Esse é um comportamento fisiológico decorrente do desenvolvimento do sistema imunológico. Entre os fatores de risco que podem aumentar a frequência de infecções virais do aparelho respiratório, podemos citar a utilização de berçários e creches, a presença de irmãos mais velhos e a falta de aleitamento materno. As infecções respiratórias agudas podem ser classificadas segundo sua localização anatômica em: infecções das vias aéreas superiores, que compreendem rinofaringite, faringite e amigdalite, otite média, sinusite e laringite; e infecções das vias aéreas inferiores, tais como bronquite, bronquiolite e as pneumonias. Infecções de Vias Aéreas superiores – IVAS Rinofaringite ou Resfriado comum A rinofaringite tem sua etiologia predominantemente viral, sendo causada por mais de 200 tipos de vírus. Os vírus mais frequentemente implicados são o rinovírus, o coronavírus, o vírus sincicial, o respiratório, o adenovírus, o parainfluenza, a influenza e o enterovírus. Apresenta-se com coriza, espirros e tosse seca, junto ou não com febre de intensidade variável, dor de garganta e diminuição do apetite. Vômito e fezes amolecidas com presença de muco podem acompanhar o quadro. A orofaringe, a mucosa nasal e a membrana timpânica encontram-se hiperemiadas e inflamadas. São infecções benignas, autolimitadas, com duração da febre em torno de três dias e dos sintomas respiratórios ao redor de 10 dias. O tratamento da rinofaringite é essencialmente sintomático. Antitérmicos e analgésicos associados à aplicação de gotas nasais de soro fisiológico são as principais armas terapêuticas. Antibióticos não impedem as complicações bacterianas e não devem ser prescritos. Anti-histamínicos e sedativos da tosse não são recomendados. Os pais devem ser orientados para a possibilidade de acometimento das vias aéreas inferiores, tais como bronquiolite ou pneumonia, e a procurar por atendimento se observarem sintomas como taquineia ou dispneia na evolução do tratamento. A rinofaringite pode evoluir com complicações decorrentes da extensão do processo inflamatório infeccioso às estruturas adjacentes, ou por diminuição do clearence das secreções e consequente crescimento bacteriano. As principais complicações observadas são a otite média aguda e as sinusites. Otite média aguda Clinicamente a otite se apresenta com persistência do quadro febril, na evolução de um quadro de rinofaringite, podendo ser referido dor de ouvido nas crianças maiores e irritabilidade nas crianças menores. Em cerca de 1/3 dos casos, os pacientes não apresentam os sintomas descritos e o diagnóstico baseia-se apenas nos achados da otoscopia. Na otoscopia podem ser observados diminuição da mobilidade da membrana timpânica, perda do brilho, diminuição dos reflexos dos ossículos auditivos, hiperemia, exsudato na membrana e vesículas. Os principais agentes são pneumococo, hemófilo ou moraxella. O tratamento da otite média com antibióticos é controvertido. Acredita-se que a melhora clínica pode estar muito mais relacionada à evolução da infecção viral da via aérea superior do que ao tratamento com os antibióticos, embora seja relatado que até 81% dos pacientes tratados com antibióticos se tornem assintomáticos. Sinusite aguda Os seios maxilares e etmoidais são os mais comumente envolvidos quando a drenagem das secreções está diminuída por infecções das vias aéreas superiores. É importante ressaltar que os seios etmoidais são os únicos que estão desenvolvidos ao nascimento. Os seios maxilares se tornam visíveis aos raios X no sexto mês, e o seio frontal não é visível até os três a nove anos. Nos casos com evolução insidiosa, é referida persistência de rinorreia anterior ou posterior acompanhada de tosse intratável, diuturna, que persiste por mais de dez dias. A febre geralmente de baixa intensidade e a dor com edema periorbital, ao acordar, são sintomas frequentemente presentes. Crianças maiores podem se queixar de dor de cabeça e dor nos seios da face envolvidos. A sinusite aguda pode também evoluir de forma súbita com febre alta, com dor ou inflamação periorbital mais intensa. A etmoidite causa dor retro-orbital; a sinusite maxilar, dor na região do arco zigomático ou na região acima dos molares; e na sinusite frontal, a dor é referida na região das sobrancelhas. Os patógenos que causam sinusite são usualmente o pneumococo, o hemófilo não tipável, a moraxella e o estreptococo beta hemolítico. As sinusites etmoidais podem evoluir com complicações graves, como celulites pré-septal e pós-septal, abscesso subperiostal ou orbital e trombose do seio cavernoso. Essas complicações são associadas com diminuição do movimento ocular, proptose e alteração da acuidade visual. Meningite e abscesso subdural, epidural ou cerebral são também complicações possíveis. Pacientes com sinais de envolvimento do sistema nervoso ou de doença invasiva devem ser hospitalizados. Faringite e amigdalite No caso das amigdalites purulentas, o agente etiológico mais comum é o estreptococo beta hemolítico do grupo A, sendo necessária a utilização de antibiótico para o tratamento. Nas amigdalites purulentas, o quadro clínico típico tem início com dor de garganta intensa acompanhada de febre alta (39/40ºC), de início súbito, e, frequentemente, cefaleia e vômito. Ao exame as amígdalas encontram-se hiperemiadas e hipertrofiadas com presença de secreção purulenta e petéquias no palato mole. Os gânglios da região cervical anterior encontram-se aumentados. A faringite com exsudato e a adenite cervical são pouco frequentes nas crianças menores de três anos, nas quais se observa um quadro clínico mais insidioso, com febre baixa, coriza concomitante e palidez. Nessa faixa etária, a etiologia viral é predominante. Laringite e laringotraqueobronquite (Crupe) A inflamação da laringe se apresenta com os quadros de Crupe (laringotraqueobronquite) e epiglotite. O quadro clínico da laringotraqueobronquite compõe-se de sintomas iniciais de infecção das vias aéreas superiores, especialmente em crianças pequenas, que evoluem com a característica “tosse de cachorro”, rouquidão e estridor laríngeo. O estridor, nos casos leves, só é percebido quando a criança se agita, porém, pode ser audível mesmo em repouso, acompanhado de falta de ar, retrações e cianose nos casos mais graves. A febre é geralmente baixa ou ausente. Na epiglotite os pacientes apresentam um quadro súbito de febre, dispneia, disfagia e salivação abundante, voz abafada, retração inspiratória, cianose e estridor suave. Esse quadro é grave e pode evoluir para parada respiratória. O vírus para influenza é o agente mais frequente, porém outros vírus como o sincicial respiratório, a influenza, o adenovírus e o micoplasma também podem ser responsáveis. Na epiglotite os agentes etiológicos responsáveis são o H. influenza, o S. piogenes e o S. peumoniae. O tratamentodo Crupe viral depende da gravidade do quadro. Nos casos leves, que não apresentam estridor em repouso, são requeridos somente hidratação oral e mínimo manuseio. Os pacientes com estridor em repouso devem ser encaminhados ao hospital a fim de serem monitorados do ponto de vista respiratório e receberem oxigênio e inalação com epinefrina.. Infecções vias aéreas inferiores Doenças do tecido pulmonar Pneumonia infecciosa, penumonite química, pneumonite por aspiração. Pneumonia: inflamação do tecido pulmonar causada por um microorganismo; o trato respiratório não é estéril, então as vezes devido a algum desequilíbrio da microbiota, há uma infecção. Pneumonia é a 1ª causa de mortalidade entre crianças de 0 - 4 anos. Sinais e sintomas: febre, tosse, taquipneia, créptos, retrações, dor abdominal, diminuição dos sons respiratórios. As pneumonias podem ser virais (60%- Rhinovirus), bacteriana (42% Streptococcus pneumoniae) e mistas. Coqueluche Causa bacteriana Sinais e sintomas: tosse seca, muito transmissível.
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