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SP 4 - PEDIATRIA (VACINA E SISTEMA IMUNE)

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OBJETIVO 1 - ENTENDER COMO FUNCIONA O 
CARTÃO DE VACINA E SEUS CRITÉRIOS (MS E 
PARTICULAR); / DEFINIR O FUNCIONAMENTO DO 
CALENDÁRIO VACINAL DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE E SUA IMPORTÂNCIA. 
 
A vacinação de crianças e adolescentes é uma 
estratégia de saúde extremamente importante na 
prevenção de doenças. As recomendações das 
práticas de imunizações devem ser baseadas em 
evidências científicas atualizadas, nas 
características das vacinas, epidemiologia das 
doenças específicas e características do 
hospedeiro. É atribuição do pediatra, nas 
consultas de puericultura, checar o status vacinal 
da criança e do adolescente e recomendar vacinas 
aos mesmos. Os calendários de vacinação para 
esta faixa etária devem ser consultados 
constantemente, uma vez que novas vacinas são 
frequentemente incorporadas, podendo, 
também, ocorrer alteração nas recomendações 
para utilização de vacinas que já fazem parte da 
rotina. 
Com a intenção de melhorar a cobertura vacinal 
brasileira, o Ministério da Saúde promoveu duas 
ampliações no Calendário Vacinal Nacional para 
2020. A primeira diz respeito à febre amarela que, 
apesar de uma dose ser capaz de imunizar o 
indivíduo por toda a vida, quando utilizada em 
crianças muito novas a eficácia pode ser 
comprometida. Por esse motivo houve nova uma 
recomendação de reforço aos quatro anos. 
Outra mudança foi a ampliação da cobertura em 
relação à influenza: adultos entre 55 e 59 anos 
também serão incluídos como grupo-alvo. Os 
grupos prioritários anteriores permanecem 
cobertos. 
Além das ampliações, o Ministério incluiu uma 
nova vacina: a meningocócica ACWY conjugada, 
que substituiu o reforço da meningocócica C para 
os adolescentes de 11 e 12 anos de idade, e 
previne os quatro sorotipos de meningite 
bacteriana: A, C, W e Y. 
Outra novidade a ser introduzida no segundo 
semestre é a vacina pentavalente que reúne em 
uma só dose proteção contra cinco doenças: 
difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus 
influenza tipo B e hepatite B. Atualmente, a 
imunização para essas doenças é oferecida em 
duas vacinas separadas. As crianças serão 
vacinadas aos dois, aos quatro e aos seis meses de 
idade. 
 
Apesar de ambas terem ótima qualidade e 
garantirem a proteção do seu bebê, algumas 
vacinas oferecidas na rede pública são diferentes 
daquelas existentes na rede privada: 
 Vacina rotavírus: na rede pública é 
disponibilizada apenas a monovalente, 
enquanto na rede privada é disponibilizada 
a monovalente e a pentavalente, que 
oferece imunidade contra 5 sorotipos 
diferente de rotavírus e é feita na clínica 
em três doses. 
 Vacina pneumocócica conjugada: na rede 
pública é oferecida a VPC10 que protege 
contra 10 subtipos de pneumococos. Na 
rede privada a oferecida é a VPC10 e a 
VPC13, que protege contra 13 subtipos de 
pneumococos. 
 Meningocócica B: só é oferecida na rede 
privada. 
 Poliomielite oral: oferecida apenas pelo 
SUS. 
 Reforço de Hepatite A: só é oferecida pela 
rede privada. 
 
 
 
https://pebmed.com.br/vacinacao-contra-influenza-e-febre-amarela-tera-mudancas-em-2020/
https://pebmed.com.br/vacinacao-contra-influenza-e-febre-amarela-tera-mudancas-em-2020/
https://pebmed.com.br/nova-vacina-contra-a-meningite-esta-disponivel-no-sus/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AO NASCER 
 
1. BCG: Devido a situação epidemiológica do 
país é recomendável que a vacina BCG seja 
administrada na maternidade. Caso não tenha 
sido administrada na maternidade aplicá-la na 
primeira visita ao serviço de saúde. Crianças 
que não apresentarem cicatriz vacinal após 
receberem a dose da vacina BCG não 
precisam ser revacinadas. A vacina previne 
contra formas graves de tuberculose e seu 
esquema vacinal é de dose única, a partir do 
nascimento, o mais precocemente possível. 
2. HEPATITE B: Deve ser administrada nas 
primeiras 24 horas, preferencialmente, nas 
primeiras 12 horas de vida, ainda na 
maternidade. Em casos de crianças filhas de 
mães HbsAg positivas, é necessária a 
utilização de imunoglobulina humana 
específica (IGHB - 0,5 ml) nas primeiras 12 
horas de vida, além da vacina contra a 
hepatite B, para a prevenção da transmissão 
vertical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 MESES 
 
1. 1ª DOSE DA VACINA PENTAVALENTE (DTP + 
HB + HIB): protege contra difteria, tétano, 
coqueluche, hepatite B, meningite e outras 
infecções causadas pelo Haemophilus 
influenzae tipo b. NÃO deve ser administrada 
antes de 6 semanas de vida, pois poderá 
induzir tolerância imunológica às doses 
adicionais dos componentes da Hib 
2. 1ª DOSE DA VACINA INJETÁVEL DE 
POLIOVÍRUS INATIVADOS (VIP): protege 
contra a poliomielite (paralisia infantil) e, de 
acordo com o Programa Nacional de 
Imunização, a vacina é disponibilizada para 
crianças até menores de 5 anos. 
3. 1ª DOSE DA PNEUMOCÓCICA 10: protege 
contra pneumonia, otite, meningite e outras 
doenças causadas pelo pneumococo. NÃO 
deve ser administrada antes de 6 semanas de 
vida, pois poderá induzir tolerância 
imunológica às doses adicionais. 
https://pebmed.com.br/oms-e-pni-alertam-contra-repeticao-de-vacina-bcg-em-criancas/
https://pebmed.com.br/oms-e-pni-alertam-contra-repeticao-de-vacina-bcg-em-criancas/
4. 1ª DOSE DA VORH (VACINA ORAL DE 
ROTAVÍRUS HUMANO): a vacina rotavírus 
monovalente deverá ser administrada em 
duas doses, a primeira aos 2 meses de idade, 
com os limites de faixa etária de 1 mês e 15 
dias até no máximo 3 meses e 15 dias e a 
segunda dose aos 4 meses de idade, com 
limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 
meses e 29 dias. O intervalo mínimo entre as 
duas doses é de 4 semanas. A vacina rotavírus 
pentavalente (disponível somente na rede 
privada) deverá ser administrada em três 
doses, aos 2, 4 e 6 meses. A primeira dose 
deverá ser administrada no máximo até 3 
meses e 15 dias e a terceira dose deverá ser 
administrada até no máximo 7 meses e 29 
dias. O intervalo mínimo é de quatro semanas 
entre as doses. Nenhuma criança poderá 
receber a segunda dose sem ter recebido a 
primeira. Se a criança regurgitar, cuspir ou 
vomitar após a administração da vacina oral, 
não se deve repetir a dose. 
 
 3 MESES 
 
1. 1ª DOSE DA MENINGOCÓCICA C: protege 
contra doenças invasivas causadas por 
Neisseria meningitidis do sorogrupo C. É 
recomendada para crianças < 5 anos de idade 
(4 anos 11 meses e 29 dias) que tenham 
perdido a oportunidade de se vacinar. 
 
 4 MESES 
 
1. 2ª DOSE DA VACINA PENTAVALENTE (DTP + 
HB + HIB) 
2. 2ª DOSE DA VACINA INJETÁVEL DE 
POLIOVÍRUS INATIVADOS (VIP) 
3. 2ª DOSE DA PNEUMOCÓCICA 10 
4. 2ª DOSE DA VORH (VACINA ORAL DE 
ROTAVÍRUS HUMANO) 
 
 5 MESES 
 
1. 2ª DOSE DA MENINGOCÓCICA C 
 6 MESES 
1. 3ª DOSE DA VACINA PENTAVALENTE (DTP + 
HB + HIB) 
2. 3ª DOSE DA VACINA INJETÁVEL DE 
POLIOVÍRUS INATIVADOS (VIP) 
 
 
 9 MESES 
 
1. DOSE INICIAL DA VACINA DE FEBRE 
AMARELA: A recomendação de vacinação 
contra a febre amarela passou a ser para todo 
Brasil, devendo seguir o esquema de acordo 
com as indicações da faixa etária e situação 
vacinal. Em 2020 passou a ser uma única dose 
válida para toda a vida, seguindo o esquema; 
a) Para crianças menores de 5 anos deve 
administrar a primeira dose aos 9 
meses e uma dose de reforço aos 4 
anos 
b) Para crianças a partir de 5 anos de 
idade que não foram vacinadas ou que 
não tenha comprovante de vacinação 
é preciso aplicar uma dose que será 
valida para a vida toda 
c) Caso a criança tenha recebido apenas 
uma dose da vacina de febre amarela 
antes de completar 5 anos, deverá 
receber uma dose adicional 
independentemente da idade em que 
o indivíduo procure o serviço de 
vacinação à MS: “Pessoas entre 5 a 59 
anos de idade não vacinadas - 
administrar uma dose e considerar 
vacinado”. 
 
 12 MESES 
 
1. REFORÇO DA VACINA PNEUMOCÓCICA 10 
2. REFORÇO DA MENINGOCÓCICAC 
3. PRIMEIRA DOSE DA VACINA TRIPLICE VIRAL: 
O Ministério da Saúde recomenda que a 
primeira dose aos 12 meses seja a vacina 
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). 
PARA CRINAÇAS DE 15 MESES QUE NÃO 
FORAM VACINADAS COM A TETRA AOS 12, 
TOMA APENAS A TRIPLICE AOS 15 MESES 
 
TRIPLICE VIRAL: 
Esta vacina é uma preparação mista liofilizada das 
cepas de vírus atenuados Schwarz de sarampo, RIT 
4385 de caxumba (derivada da cepa Jeryl Lynn) e 
Wistar RA 27/3 de rubéola, separadamente 
obtidas por propagação, em culturas de tecido de 
ovos embrionados de galinha (caxumba e 
sarampo) ou células diplóides humanas MRC5 
(rubéola). É fornecida para administração via 
subcutânea, embora possa ser administrada 
também por via intramuscular. 
É utilizada na prevenção de sarampo, caxumba e 
rubéola, por estimular o organismo a produzir 
defesas contra estes tipos de vírus, e prevenir 
estas doenças no futuro. 
A vacina é contraindicada em indivíduos com 
hipersensibilidade a neomicina ou a qualquer 
outro componente da vacina, e não deve ser 
administrada em indivíduos imunodeficientes e 
nem em gestantes. Além disso, a gravidez deve ser 
evitada por três meses após a vacinação. 
Ela tem como principal advertência a não 
administração, sob nenhuma circunstância, por 
via intravenosa. 
O esquema vacinal da tríplice é a administração de 
0,5mL da vacina reconstituída com a primeira dose 
aos 12 meses E NÃO PODE SER TOMADA ANTES 
DISSO, PORQUE os bebês podem não responder 
suficientemente ao componente de sarampo da 
vacina, devido à possível persistência de 
anticorpos maternos ao sarampo. 
 
 15 MESES 
 
1. 1º REFORÇO DA DTP: Difteria, Tétano e 
Coqueluche 
2. 1º REFORÇO DA VOPb (VACINA ORAL DE 
POLIOVÍRUS VIVOS ATENUADOS) 
3. DOSE ÚNICA DA TETRA VIRAL: Sarampo, 
Caxumba, Rubéola e Varicela. SÓ TOMA A 
TETRA AS CRIANÇAS QUE RECEBERAM A 
TRIPLICE. O PNI não disponibiliza a vacina 
tetraviral para as crianças que não receberam 
a primeira dose da tríplice viral entre 12 e 14 
meses de idade e aquelas acima de 15 meses 
de idade. 
4. DOSE ÚNICA DA HEPATITE A: é aplicada os 15 
meses, mas pode ser aplicada até os 5 anos. 
 
TETRA VIRAL: 
Assim como a vacina da tríplice, a tetra é uma 
vacina liofilizada das cepas de vírus atenuados 
com um componente a mais, o vírus atenuado da 
varicela. 
 Basicamente ela tem as mesmas recomendações, 
advertências e contra indicações da tríplice. 
O esquema vacinal da tetra é em dose única aos 
15 meses, mas pode ser feita até os cinco anos. 
O ministério da saúde chama atenção para um 
ponto importante = Quem não toma a tríplice dos 
12 aos 14 meses, não toma a tetra aos 15, 
precisando ser administrado a tríplice – isso 
porque o PNI não disponibiliza a vacina para essa 
pessoas que não tomaram a tríplice 
 
 4 ANOS 
1. 2º REFORÇO DA DTP 
2. 2º REFORÇO DA VOPb 
3. REFORÇO DA FEBRE AMARELA: se foi 
vacinado aos nove meses 
4. 2ª DOSE DA VARICELA, MAS ESSA É A 
MONOVALENTE (NÃO TEM OS OUTROS 
TRÊS COMPONENTES): Pode ser feita até 
menor de 7 anos de idade. Crianças que 
receberam apenas uma dose da vacina 
varicela e apresentem contato domiciliar 
ou em creche com indivíduo com a doença 
devem antecipar a segunda dose, 
respeitando o intervalo mínimo de um mês 
entre as doses. Durante surtos ou após 
contato íntimo com caso de varicela, é 
possível vacinar crianças 
imunocompetentes de 9 a 12 meses de 
idade, entretanto, as doses administradas 
antes dos 12 meses não devem ser 
consideradas como válidas. 
 
 9 ANOS 
 
1. UMA DOSE DA FEBRE AMARELA: se a criança 
tiver recebido apenas 1 dose antes dos 5 anos. 
2. DUAS DOSES DA HPV: o esquema básico para 
meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 
anos, é de duas doses com 6 meses de 
intervalo entre cada uma. Já o esquema para 
adolescentes e adultos de 9 a 26 anos vivendo 
com HIV/aids é de 3 doses com o intervalo de 
2 meses ente a 1ª e a 2ª dose, e um intervalo 
de 4 meses entre a 2ª e a 3ª à ou seja, um 
intervalo de 6 meses entre a 1ª a 3ª dose. 
 
 ADOLESCENTES (10 A 19 ANOS) 
 
1. 3 DOSES DA HEPATITE B: a depender da 
situação vacinal e se níveis baixos de anti-Hbs 
é preciso refazer ou completar o esquema de 
3 doses. 
2. UMA DOSE DA VACINA FEBRE AMARELA: se 
tiver recebido apenas uma dose antes dos 5 
anos. 
3. DUAS DOSES DA TRÍPLICE VIRAL: a depender 
da situação vacinal é preciso completar o 
esquema. 
4. DUAS DOSES DA HPV 
5. 1 DOSE DA MENINGOCÓCICA ACWY: deve ser 
tomada por todos os adolescentes na faixa 
etária de 11 e 12 anos de idade, com a vacina 
Meningocócica ACWY, independente de dose 
anterior de Meningocócica C ou dose de 
reforço. 
6. DUPLA ADULTO: protege contra difteria e 
tétano. O esquema é de 3 doses a depender 
da situação vacinal e o reforço é realizado a 
cada 10 anos. 
7. dTpa: protege contra difteria, tétano e 
coqueluche 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVO 2 - ABORDAR SOBRE A IMUNIZAÇÃO E 
DESENVOLVIMENTO IMUNE DA CRIANÇA DESDE 
A GESTAÇÃO (VIA PLACENTÁRIA); 
 
RESPOSTA IMUNITÁRIA HUMORAL NORMAL EM 
CRIANÇAS 
Os linfócitos pré-B são inicialmente detectadas no 
fígado fetal humano na oitava semana de gestação 
e na medula óssea a partir da 12ª. Após a 30ª 
semana, essas células são encontradas 
exclusivamente na medula. Células B expressando 
IgM de superfície podem ser detectadas já na 10ª 
semana de gestação, e aquelas expressando 
outras imunoglobulinas são encontradas a partir 
da 15ª semana. 
Os linfócitos B, no início da gestação, expressam 
somente IgM. A coexpressão IgM/IgD surge em 
fases mais tardias da gravidez. Os linfócitos sem 
expressão de IgD podem determinar a tolerização 
a antígenos aos quais o feto é exposto in utero. 
Outra diferença básica entre os repertórios fetal e 
adulto de células B é a preponderância, nos 
primeiros, da expressão de CD5. Ao contrário das 
células B convencionais, as células B CD5+, 
também chamadas células B1, secretam 
anticorpos de diversidade limitada, dirigidos 
contra autoantígenos, e são suscetíveis a 
tolerância a longo prazo. Tem sido sugerido que 
essas células estejam envolvidas na regulação e no 
desenvolvimento do sistema imune por meio de 
redes idiotípicas. 
O repertório para reconhecimento antigênico 
específico, que é regido pela região variável da Ig 
de superfície dos linfócitos B, é limitado nos fetos 
e neonatos. No início da gestação, o número de 
diferentes segmentos genéticos geradores de 
regiões variáveis e da potencial diversidade das Igs 
encontra-se reduzido. O repertório de células B 
aumenta na segunda metade da gestação. Essas 
diferenças funcionais e repertoriais podem 
acarretar em incapacidade do feto e neonato em 
produzir anticorpos específicos contra 
determinados antígenos. 
Existem alterações importantes nas 
concentrações séricas de imunoglobulinas (Igs) 
durante a vida intrauterina e no período neonatal. 
O neonato a termo produz pequena quantidade 
de Igs, porém apresenta altas concentrações de 
IgG resultante do transporte ativo 
transplacentário que se inicia por volta do 3º mês 
de gestação. Ao nascimento, os níveis de IgG são 
mais elevados que os maternos, mas caem 
rapidamente devido ao catabolismo das Igs de 
origem materna e atraso no início da síntese das 
próprias. Como consequência, durante os 
primeiros quatro meses de vida, as crianças 
apresentam uma hipogamaglobulinemia 
(alteração da imunidade caracterizada por baixos 
níveis séricos de anticorpos, podendo se associar 
a amplo espectro de doenças infecciosas e não 
infecciosas) fisiológica que as predispõe a 
infecções bacterianas. Após esse período, os níveis 
elevam-se, atingem 60% dos adultos no 1º ano de 
vida e tornam-se comparáveis aos adultos por 
volta dos 7 anos de idade. A IgM não atravessa a 
placenta, mas é detectável no sangue do cordão 
devido à produção intra-uterina. Após uma 
semana do parto, asíntese de IgM acelera-se e 
esta torna-se a principal Ig do recém-nascido. 
Atinge 50% dos níveis adultos aos seis meses e 
80% aos 12 meses de vida. IgA, IgD e IgE nem 
atravessam a barreira placentária, nem são 
sintetizados em quantidades significativas pelo 
neonato. Suas concentrações no sangue do cordão 
são muito baixas e aumentam lentamente durante 
o 1º ano, atingindo, então, 10% a 25% dos níveis 
adultos. 
 
RESPOSTA IMUNITÁRIA CELULAR NORMAL EM 
CRIANÇAS 
As células T, derivadas de precursores 
hematopoiéticos, começam a colonizar o timo 
fetal a partir da 8ª semana de gestação, onde têm 
início os processos de diferenciação, com a 
expressão de antígenos de superfície (receptores 
de células T ou TCR, CD4 e CD8). Esses receptores 
conferem aos linfócitos a capacidade de 
reconhecimento antigênico específico. Nos 
estágios iniciais do desenvolvimento intratímico, 
os timócitos expressam tanto moléculas CD4 
quanto CD8 em suas superfícies. Posteriormente, 
essas células sofrem uma seleção na qual aquelas 
que respondem fortemente a autoantígenos são 
eliminadas (seleção negativa); já aquelas que 
respondem bem contra antígenos em associação 
ao complexo principal de histocompatibilidade 
(MHC) são mantidos (seleção positiva). Durante o 
processo de seleção positiva são mantidos os 
receptores TCR e CD3 em todos os linfócitos, CD4 
naqueles que reconhecem antígenos ligados ao 
MHC de classe II, e CD8 naqueles que reconhecem 
antígenos ligados ao MHC de classe I28. É mediante 
esse processo de seleção que se determina a 
diversidade do repertório de células T. 
Por volta de 12 semanas, observam-se todos os 
estágios evolutivos de maturação dos timócitos, e, 
na 20ª semana, os subtipos celulares são 
representados em composição semelhante à 
observada no período neonatal. Linfócitos T 
maduros são facilmente identificados no sangue 
do cordão a partir da 20ª semana. Entretanto, a 
diversidade dos TCR nos fetos, principalmente nos 
dois primeiros trimestres de gestação, é menor em 
relação aos indivíduos maduros. Isto acarreta uma 
limitação quantitativa no repertório dos linfócitos 
T e na natureza dos antígenos que possam vir a ser 
por eles reconhecidos. 
Os recém-nascidos a termo apresentam aumento 
na contagem de linfócitos CD4+, tanto em 
números absolutos quanto relativos, quando 
comparados aos adultos. A relação CD4/CD8 
também é superior à dos adultos, chegando a 3:1 
no período neonatal. Entretanto, essas células são 
funcionalmente imaturas. Praticamente todos os 
linfócitos neonatais expressam a molécula CD38, 
um antígeno de superfície marcador de timócitos 
e inexistente em linfócitos maduros. Ao contrário 
dos linfócitos adultos, dos quais 50% a 60% 
expressam o marcador de células de memória 
CD45RO, a quase totalidade dos linfócitos 
neonatais expressa CD45RA, um marcador de 
células não-primadas. A resposta proliferativa ao 
estímulo com mitógenos e aloantígenos é 
semelhante à dos adultos a partir da 20ª semana 
de gestação. Entretanto, a resposta a antígenos de 
memória é reduzida no período neonatal. 
Nos neonatos, as funções regulatórias e 
citotóxicas dos linfócitos T também são 
deficitárias, quando comparadas com as dos 
adultos. A cooperação entre linfócitos T CD4+ e 
linfócitos B para a síntese de imunoglobulinas 
encontra-se em cerca de 50% da produção dos 
adultos. Isto se deve, em parte, a uma diminuição 
na secreção de linfocinas, principalmente IL-4 e 
IFN-γ. A redução na secreção destas duas citocinas 
parece estar relacionada com a menor quantidade 
de células de memória presentes nos neonatos, já 
que essa população celular produz, 
aproximadamente, dez vezes mais IFN-γ do que as 
células não-primadas, e é quase exclusivamente 
responsável pela secreção de IL-4. Outras 
citocinas, como IL-2, TNF-α ou linfotoxina, 
encontram-se em níveis comparáveis ou 
ligeiramente reduzidos em relação aos adultos. 
Enquanto os linfócitos T CD8+ mediam a atividade 
citolítica, antígeno-específica, e restrita ao MHC, 
as células Natural Killer (NK) são responsáveis pela 
citotoxicidade inespecífica, não restrita ao MHC, e 
dirigida contra células infectadas ou células 
tumorais. Ambas participam do processo de 
citotoxicidade anticorpo-dependente mediada 
por células (ADCC). A atividade citolítica das 
células NK é incrementada pela ação de IFN-γ e IL-
2. Essas encontram-se reduzidas numérica e 
funcionalmente durante a vida fetal e ao 
nascimento. Sua atividade citotóxica corresponde 
a 15% a 60% daquela dos adultos, e sua 
capacidade de mediar ADCC é reduzida em 
aproximadamente 50%. A imaturidade do sistema 
NK neonatal normal ocorre na ligação com o 
antígeno, nos processos de lise, bem como no 
repovoamento que se encontram reduzidos. A 
regulação do sistema NK do neonato normal difere 
da do adulto por ser mais dependente de IL-2, e 
menos responsivo a IFN-γ. O número de células NK 
aumenta significativamente nos primeiros meses 
de vida, sugerindo que este seja um mecanismo de 
defesa importante antes do desenvolvimento 
completo da resposta imune específica. 
Os polimorfonucleares neutrófilos (PMN) são as 
primeiras células a chegar a um sítio de infecção 
bacteriana e são as principais células envolvidas 
com a lise desses patógenos. Em conjunto com os 
macrófagos, promovem a primeira linha de defesa 
do organismo, fagocitando partículas estranhas e 
liberando fatores quimiotáticos que atraem outras 
células do sistema imunitário. Entretanto, em 
neonatos a cinética da fagocitose é mais lenta do 
que a dos adultos. Esse é um dos motivos pelos 
quais os recém-nascidos são mais propensos a 
apresentar septicemias e outras infecções 
bacterianas graves do que crianças mais velhas. 
 
 
O sistema imunológico inicia seu desenvolvimento 
ainda no período gestacional. Até pouco tempo, 
acreditava-se que o útero era um ambiente 
praticamente estéril. Mas atualmente, de acordo 
com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, 
colunista da CRESCER, já se sabe que o recém-
nascido possui um microbioma simples (conjunto 
de bactérias, fungos, vírus e outros 
microrganismos que habitam nosso corpo e 
desempenham diferentes funções) ao nascer. 
Além disso, o pequeno também recebe anticorpos 
(células de defesa) da mãe via placenta – o que só 
aumenta a importância da vacinação na gestante. 
“As vacinas, nesse caso, também têm o objetivo de 
imunizar o bebê”, afirma Mantelli. O especialista 
destaca, ainda, que cada vez mais estudos 
mostram que o parto vaginal traz benefícios nesse 
sentido. A explicação é simples. Segundo ele, ao 
passar pelo canal vaginal, o bebê entra em contato 
com os microrganismos da região. Isso é uma 
vantagem, pois o microbioma, tem de ser 
estimulado para funcionar cada vez melhor. O que 
acaba acontecendo, principalmente, à medida que 
o organismo é apresentado a outras bactérias e 
afins. 
Os recém-nascidos e lactentes jovens apresentam 
seu sistema imunológico imaturo, o que os torna 
mais suscetíveis aos agentes infecciosos presentes 
nesse período. Sabe-se que os neonatos são mais 
vulneráveis às infecções que as crianças e os 
adultos. Diferenças observadas na imunidade 
inata e adaptativa são responsáveis pelo prejuízo 
das defesas do neonato. Os defeitos da imunidade 
adaptativa requerem o contato prévio com 
antígenos, enquanto o sistema inato não necessita 
de experiência imunológica prévia. A imunidade 
inata é a primeira linha de defesa contra os 
patógenos e é composta pela resposta de 
granulócitos, monócitos, macrófagos, células 
dendríticas e natural killer. Alguns patógenos 
responsáveis pelas infecções intrautero, 
intraparto e pós-parto estimulam a resposta 
imune fetal e neonatal. 
Durante a vida intrauterina, a placenta protege o 
feto contra a exposição de patógenos exógenos, o 
que resulta no nascimento de um recém-nascido 
imunologicamentevirgem — que possui os 
elementos celulares da imunidade adaptativa, no 
entanto esperando pelo estímulo antigênico para 
o seu desenvolvimento final. Para compensar essa 
deficiência, é crucial a ingestão de colostro rico em 
anticorpos proveniente da mãe para a proteção do 
neonato passivamente durante as primeiras 
semanas de vida pós-parto. Em seguida, o sistema 
imune do neonato necessita maturar, ou seja, 
finalizar seu desenvolvimento para a 
sobrevivência do RN. 
O sistema imunológico do recém-nascido 
apresenta habilidade limitada em montar uma 
resposta efetiva do ponto de vista quantitativo e 
qualitativo contra patógenos invasivos, 
implicando mais suscetibilidade a infecções. Sabe-
se que quanto menor o período gestacional, 
menos desenvolvido será o sistema imunológico 
ao nascimento, de forma que recém-nascidos 
extremamente prematuros (de menos de 28 
semanas) apresentam risco 5 a 10 vezes mais alto 
de infecção que o recém-nascido a termo. 
O neonato é altamente dependente da 
transferência materna passiva de anticorpos no 
início da vida fetal e neonatal. O desenvolvimento 
imunológico somente estará completo na infância 
tardia. O leite materno é um exemplo importante 
de transferência de imunidade passiva no período 
pós-natal. Ele possui funções antimicrobianas, 
anti-inflamatórias e imunorreguladoras. Contém a 
IgA secretora, que coloniza o trato gastrintestinal 
e respiratório do neonato, células ativas 
(fagócitos, células natural killer e linfócitos), 
citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10) além de lisozima, 
lactoferrina, peroxidase e lípides antimicrobianos. 
Durante o aleitamento, o bebê recebe anticorpos 
maternos presentes no leite. Tanto que o leite 
produzido pela mãe logo após o parto (o colostro), 
é considerado a primeira vacina. Uma pesquisa 
realizada em 2018 pela Universidade de Georgia 
(EUA), encontrou no leite materno células 
linfoides inatas (ILC) do tipo 1. As ILC funcionam 
como uma espécie de general entre as células do 
sistema imunológico, porque sinalizam as 
partículas indesejadas que os macrófagos devem 
atacar. Mas a influência da amamentação na 
construção da imunidade não é somente isso. 
“Somado a isso, o contato com os microrganismos 
da pele da mãe, que entram pela boca do bebê, 
também favorece a colonização do microbioma do 
intestino dele”, explica a pediatra e nutróloga Lélia 
Cardamone Gouvêa, do Departamento Científico 
de Aleitamento Materno da Sociedade de 
Pediatria de São Paulo (SPSP). Ela conta ainda que 
as terminações nervosas presentes na aréola 
“interpretam” a saliva do bebê e produzem o leite 
de acordo com as necessidades do pequeno 
naquele momento. 
Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no 
saco vitelino desde a quarta semana de gestação, 
migram para o fígado, principal órgão 
hematopoiético durante esse período, no qual 
proliferam sofrendo somente discreta 
diferenciação. Posteriormente, são encontrados 
no baço, timo e medula óssea. A imunidade pode 
ser classificada em inata (inespecífica) ou 
adquirida (específica), que, por sua vez, é dividida 
em imunidade humoral e celular. As vacinas atuam 
estimulando a imunidade específica, que é 
exercida por meio de anticorpos (imunidade 
humoral) e de linfócitos com função efetora 
(imunidade celular). Os anticorpos podem ser 
séricos, atuando na corrente sanguínea ou 
secretórios, bloqueando e impedindo a 
penetração de microrganismos através das 
mucosas. A defesa contra invasões microbianas 
inclui o desenvolvimento rápido e antígeno 
independente da imunidade inata e o 
desenvolvimento mais lento e específico da 
imunidade adaptativa. 
A imunidade passiva é um método útil para 
conferir rapidamente resistência, sem ter que 
esperar pelo desenvolvimento de uma resposta 
imune. Um exemplo fisiologicamente importante 
de imunidade passiva é a transferência de 
anticorpos maternos através da placenta para o 
feto, o que permite aos recém-nascidos o combate 
a infecções antes de eles próprios desenvolverem 
a habilidade de produzir anticorpos. 
 
 IMUNIDADE INATA 
A imunidade inata é a primeira linha de defesa na 
exposição a um agente infeccioso e é ativada 
independente do contato prévio com antígenos. 
Ela é composta de barreiras epiteliais (pele e 
mucosas), citocinas, proteínas do sistema 
complemento e das células circulantes (fagócitos 
e células natural Killer). 
A pele do recém-nascido não é completamente 
matura e é mais permeável, provavelmente em 
consequência à produção inadequada de ácidos-
graxos livres e pH alcalino. A quebra da integridade 
da pele que ocorre nesse período em pacientes 
hospitalizados pode agir como facilitador da 
entrada de agentes patogênicos. A produção de 
IgA secretória está ausente nos primeiros dias de 
vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas 
dos tratos respiratório e gastrintestinal a invasões 
por microrganismos patogênicos. 
As citocinas são proteínas de baixo peso 
molecular, secretadas em resposta a um antígeno, 
que modulam a intensidade e a duração da 
resposta imune e inflamatória. São produzidas 
pelos fagócitos (macrófagos e neutrófilos), células 
natural killer (NK) e linfócitos T helper. As 
principais citocinas da imunidade inata são 
interferon α, β e γ, fator de necrose tumoral (TNF) 
e interleucinas (1, 6, 10, 12, 15, 18). 
As proteínas do sistema complemento ativam-se 
em cascata e têm como função a opsonização de 
antígenos e a lise celular a partir de formação do 
complexo de ataque à membrana. Elas se 
encontram reduzidas nos recém-nascidos. 
Durante a gravidez, há pouca transferência 
materna de proteínas do complemento. Ao 
nascimento alcançam níveis próximos de 60-90% 
dos valores do adulto em recém-nascidos a termo 
e 47-70% em recém-nascidos pré-termo.4 Níveis 
semelhantes aos dos adultos somente são 
atingidos após um ano de idade. 
A célula NK é um tipo de linfócito que destrói 
células infectadas por vírus, microrganismos 
intracelulares e células neoplásicas com base na 
produção do interferon γ (INF γ). As células NK dos 
recém-nascidos apresentam função reduzida com 
menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam 
equivalentes em números às dos adultos. 
LINFÓCITOS 
Recentemente, foi demonstrado que o potencial 
hematopoiético das populações de células-tronco 
do saco vitelino é limitado comparado com o 
apresentado um pouco depois no 
desenvolvimento pela região aorta-gônada-
mesonefros (AGM). De tal modo, atualmente é 
aceito que as células hematopoiéticas originadas 
da AGM colonizam primariamente o fígado fetal, 
seguida pela colonização do timo e do baço 
(durante o período hepatoesplênico), e finalmente 
a medula óssea (durante o período medular), 
consequentemente dando origem a células das 
linhagens linfoide, eritroide e mieloide. Da 
linhagem linfocítica que se originam as células 
Natural Killer (NK), linfócitos B e T enquanto que a 
linhagem mieloide origina os granulócitos tais 
como neutrófilos, eosinófilos e basófilos. 
A diferenciação dos linfócitos começa durante o 
período hepatoesplênico. Mais tarde, o sistema 
linfoide associado ao tubo digestivo desenvolve-
se, em seguida há a formação dos linfonodos, das 
tonsilas e do baço. Com o início do período 
medular, a medula óssea torna-se um sítio onde 
ocorre tanto a hematopoese quanto a linfopoiese 
e a diferenciação linfocítica. A medula óssea, o 
timo e também sistema linfoide associado ao tubo 
digestivo compreendem os tecidos linfoides 
primários, nos quais ocorrem a diferenciação e 
maturação das células da linhagem linfoide. Dos 
tecidos linfoides primários, linfócitos 
imunocompetentes migram para aos tecidos 
linfoides secundários, local onde as respostas 
imunes a antígenos ocorrem no animal recém-
nascido. Os tecidos linfoides secundários 
compreendem os linfonodos, baço, tecido linfoide 
associado à mucosa (MALT) e tecidolinfoide 
associado à pele (SALT). 
As células mononucleares inflamatórias, 
especialmente mastócitos e macrófagos, são as 
sentinelas do sistema de defesa contra os 
patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas 
produzem fator de necrose tumoral α (TNF α) que 
recruta células do sistema inato (neutrófilos, 
monócitos e células dendríticas) e modula a 
apresentação de antígenos aos linfócitos T. O 
recém-nascido apresenta função reduzida de 
monócitos e macrófagos, com prejuízo na 
fagocitose. 
Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem 
no feto e somente são produzidos em grande 
número após o nascimento. No recém-nascido 
estão reduzidos em número e efetividade. Sua 
concentração aumenta dramaticamente entre 12 
e 24 horas após o nascimento. Observa-se nos 
recém-nascidos prejuízo na quimiotaxia, 
rolamento, adesão e migração até o sítio de 
infecção e também redução de sua atividade 
oxidativa, que é o seu mecanismo de 
citotoxicidade. O recém-nascido está menos 
capacitado a elevar o número de neutrófilos 
circulantes em resposta a um estímulo. Dessa 
forma, acredita-se que a incapacidade em 
mobilizar o pool medular durante um estresse 
associa-se a quadros sépticos nessa idade. 
Outros mediadores inflamatórios importantes 
como fibronectina, fatores da coagulação e 
sistema cinina também se encontram reduzidos ao 
nascimento. Todos esses déficits são parcialmente 
responsáveis pela reduzida capacidade de 
opsonização, reduzida capacidade em lisar 
bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca 
geração de processo inflamatório, assim como 
reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e 
monócitos. 
 
 
 IMUNIDADE ADAPTATIVA 
O déficit na imunidade inata acarreta redução da 
ativação do sistema adaptativo, já que esses dois 
componentes estão interligados. A resposta 
imune adaptativa divide-se em resposta mediada 
por células e resposta mediada por anticorpos. Os 
linfócitos são suas células efetoras. 
 Imunidade celular 
Os precursores das células T são identificados no 
fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas 
ainda não expressam CD3 em sua superfície. 
Migram para o timo, onde completam sua 
proliferação. Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos 
T já se encontram em número semelhante ao do 
adulto. É no timo que ocorre a formação do 
receptor de célula T, conferindo a essas células 
especificidade e capacidade de reconhecimento 
do que lhes é próprio. 
Embora apresente número maior de células T na 
circulação ao nascimento que os adultos, a maioria 
são células imaturas e poucas são células de 
memória, fato explicado pela pequena exposição 
intraútero a antígenos. 
A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T 
com seus subtipos T helper (CD3+ e CD4+) e T 
citotóxicos (CD3+ e CD8+). Os linfócitos T helper 
apresentam ainda dois subtipos, conforme seu 
padrão de produção de citocinas: Th1, que modula 
a imunidade celular, e Th2, que estimula a 
imunidade humoral. 
Enquanto os linfócitos B podem reconhecer 
antígenos diretamente com seus anticorpos, os 
linfócitos T somente reconhecem antígenos que 
lhe são apresentados pelas células apresentadoras 
de antígenos por meio dos antígenos maiores de 
histocompatibilidade de classe I e II. 
As propriedades fundamentais da imunidade 
celular são a produção de citocinas e a atividade 
citotóxica. As citocinas mais importantes da 
imunidade adaptativa são IL-2, 4, 5, 10 e 13 e INF 
γ β e TGF β. 
A produção das citocinas está desviada para o 
perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A 
produção de IL-12 que ativa linfócitos T CD4 para 
o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido. O 
déficit na resposta Th1 visto no neonato confere 
prejuízo na função de citotoxicidade. As citocinas 
criam um contexto imunoinflamatório que gera 
amplificação de resposta e recrutamento de 
células capazes de interferir em toda a resposta 
imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta 
problemas em toda a imunidade. A menor 
produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL-10) em 
resposta a antígenos ocorre, em parte, devido à 
baixa exposição intraútero, mas também devido à 
função secretória e inibitória da placenta. 
 
 Imunidade humoral 
A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, 
os quais, estimulados por antígenos, diferenciam-
se em plasmócitos produtores de anticorpos. Eles 
são reconhecidos por apresentarem em sua 
superfície os marcadores CD19 e CD20. 
Os precursores dos linfócitos B estão no fígado 
com oito semanas, onde já iniciam sua 
diferenciação. Após o nascimento, a maturação 
das células B se verifica na medula óssea. A 
produção de imunoglobulinas fetais já se inicia 
desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico 
com 26 semanas. A partir de então, cai 
drasticamente até o nascimento. Isso ocorre 
devido à baixa exposição intrauterina a antígenos 
e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas 
transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, 
ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de 
imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande 
maioria da IgG de origem materna. 
Após o nascimento, inicia-se a produção própria 
de imunoglobulinas em resposta a antígenos 
alimentares e ambientais. O período 
compreendido entre a queda dos anticorpos 
maternos e a produção sustentada de anticorpos 
próprios é chamado hipogamaglobulinemia 
transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e 
o quinto meses de vida, com resolução completa 
entre dois e cinco anos. 
Estudos em humanos e em animais têm mostrado 
que a efetividade dos anticorpos produzidos pelas 
células B nos recém-nascidos difere da observada 
em adultos. A resposta neonatal é atrasada, os 
anticorpos atingem menores picos séricos e têm 
curta duração. A produção reduzida de anticorpos 
pelas células B nesse momento deve-se 
parcialmente a: anticorpos maternos, imaturidade 
das células B e imaturidade das células T helper, 
seu estimulante. 
Para que ocorra o "switch" de classe, ou seja, que 
o linfócito B apresente outras classes de 
imunoglobulinas em sua superfície, é necessária a 
interação com linfócitos T CD4. Na interação entre 
o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito B, ocorre 
produção de citocinas e, de acordo com o 
predomínio de algumas delas, o linfócito B produz 
uma ou outra classe de imunoglobulina. No 
recém-nascido essa interação está prejudicada. 
O desenvolvimento completo da microarquitetura 
do tecido linfoide acontece após o nascimento, de 
maneira que os centros germinativos se tornam 
aparentes por volta do quarto mês de vida. É 
provável que esse processo de desenvolvimento 
possa limitar a resposta de anticorpos no período 
neonatal. 
 
 
OBJETIVO 3 - DIFERENCIAR OS TIPOS DE 
IMUNIZAÇÃO/VACINA PASSIVA E ATIVA 
(RESPOSTA IMUNOLÓGICA); / ABORDAR AS 
FORMAS DE IMUNIZAÇÃO DISPONÍVEIS 
Imunização é um dos mecanismos de conferir 
proteção específica contra a maioria dos 
microrganismos capazes de causar doença 
(patógenos). Esses mecanismos da imunidade 
dependem da localização do patógeno e também 
do mecanismo de patogênese. Assim, se o 
mecanismo patogênico envolve participação de 
exotoxinas, o único mecanismo imunológico 
eficiente seria a produção de anticorpos 
neutralizantes capazes de inibir a ligação da toxina 
ao seu receptor específico e, a consequente, 
inibição de sua degradação e eliminação pelos 
fagócitos. 
 
 IMUNIDADE PASSIVA 
Imunidade pode ser adquirida sem que o sistema 
imune seja estimulado por um antígeno. Ela pode 
ser obtida de algumas formas, como pela 
transferência de soro ou gamaglobulinas de um 
doador imune para um indivíduo não-imune. 
1- Imunidade passiva naturalmente adquirida: é 
transferida da mãe para o feto através da 
transferência placentária de IgG ou transferência 
pela amamentação de IgA. 
2- Imunidade passiva artificialmente adquirida: é 
frequentemente transferida artificialmentepela 
injeção com gamaglobulinas de outros indivíduos 
ou gamaglobulinas de um animal imunizado. A 
transferência passiva de imunidade com 
globulinas imunes ou gamaglobulinas é praticada 
em numerosas situações agudas ou infecções 
(difteria, tétano, sarampo etc.), envenenamento 
(insetos, répteis, botulismo), e como uma medida 
profilática. 
 
 IMUNIDADE ATIVA 
Esta se refere à imunidade produzida pelo corpo 
após exposição de antígenos. Basicamente, a 
imunização ativa ocorre quando o próprio sistema 
imune do indivíduo, ao entrar em contato com 
uma substância estranha ao organismo, responde 
produzindo anticorpos e células imunes (linfócitos 
T). Esse tipo de imunidade geralmente dura por 
vários anos, às vezes, por toda uma vida, porque a 
, exposição subsequente provoca uma reposta 
imune aumentada capaz de eliminar o patógeno 
ou prevenir a doença. 
 
1- Imunidade ativa naturalmente adquirida: 
Exposição a diferentes patógenos leva a infecções 
subclínicas ou clínicas que resultam em uma 
resposta imune protetiva contra esses patógenos. 
2- Imunidade ativa artificialmente adquirida: 
pode ser conseguida ao administrar patógenos 
vivos ou mortos ou através da administração de 
seus componentes. Vacinas usadas para 
imunização ativa consistem em organismos vivos 
(atenuados), organismos completos mortos, 
componentes microbianos ou toxinas secretadas 
(que tenham sido detoxificadas). 
 
 
 PRODUÇÃO DOS SOROS E VACINAS: 
Os soros mais conhecidos são os antiofídicos, que 
neutralizam os efeitos tóxicos do veneno de 
animais peçonhentos como cobras e aranhas. No 
entanto, há soros para o tratamento de doenças 
como difteria, tétano, botulismo e raiva. Além 
disso, também são produzidos soros que reduzem 
a possibilidade de rejeição de certos órgãos 
transplantados, são chamados anti-timocitários. 
Quando uma pessoa é picada por um animal 
peçonhento, o soro antiofídico é o único 
tratamento eficaz. A vítima deve ser levada ao 
serviço de saúde mais próximo, onde receberá o 
auxílio adequado. Para cada tipo de veneno há um 
soro específico, por isso é importante identificar o 
animal agressor e se possível levá-lo, mesmo 
morto, para facilitar o diagnóstico. 
A produção do soro é feita geralmente através da 
hiperimunização de cavalos. No caso do soro 
antiofídico, é extraído o veneno do animal 
peçonhento e inoculado em um cavalo para que 
seu organismo produza os anticorpos específicos 
para aquela toxina. Esse animal é o mais indicado 
para a atividade devido à facilidade de trato, por 
responderem bem ao estímulo da peçonha e pelo 
seu grande porte, o que favorece a fabricação de 
um grande volume de sangue rico em anticorpos. 
Após a formação dos anticorpos, são retirados em 
torno de 15 litros de sangue do animal. A parte 
líquida do sangue, o plasma, rico em anticorpos 
passa por alguns processos de purificação e testes 
de controle de qualidade, para daí então estar 
pronto para o uso em humanos. As hemácias, que 
formam a parte vermelha do sangue, são 
devolvidas ao animal através de uma técnica de 
reposição para reduzir os efeitos colaterais 
provocados pela sangria. 
O soro para o tratamento de doenças infecciosas 
e para prevenir a rejeição de órgãos também é 
obtido por processo semelhante. A única 
diferença está no tipo de substância injetada no 
animal para induzir a produção de anticorpos, que 
na maioria dos casos é alguma parte da própria 
bactéria ou o vírus inativado. 
 
O processo produtivo de vacinas é composto por 
quatro fases: produção do concentrado vacinal, 
formulação da vacina, processamento final e 
controle de qualidade do produto e análise do 
processo produtivo. 
A produção do concentrado vacinal é 
caracterizada pela origem da vacina. Para as virais, 
o processo consiste na replicagem celular, a partir 
de uma cepa de referência. As vacinas produzidas 
nesta etapa utilizam a tecnologia de cultivo viral 
diretamente em ovos embrionados de galinhas 
livres de organismos patogênicos, como a de febre 
amarela, por exemplo. As vacinas bacterianas são 
produzidas por um processo de fermentação de 
insumos e conjugação de princípios ativos. O 
concentrado vacinal só poderá ser disponibilizado 
para processamento final após a conclusão da 
análise qualitativa, pois esta envolve uma 
sequência de teste físicos, químicos, biológicos e 
microbiológicos que acontecem 
simultaneamente. O concentrado vacinal 
produzido é armazenado em câmaras frias com 
temperatura adequada para a manutenção das 
características do produto. 
Após esta etapa, acontece a formulação. Ao 
concentrado vacinal são adicionados 
componentes que têm a função de estabilizar a 
vacina e diluir a concentração do vírus ou 
polissacarídeo na fração ideal para aplicação no 
ser humano. Como resultado, tem-se a vacina a 
granel. O mesmo procedimento de análise do 
concentrado vacinal é realizado para o produto a 
granel. A diferença está na possibilidade de 
prosseguir o processo produtivo em paralelo com 
o controle de qualidade, porém o uso deste 
produto é condicionado à conclusão da avaliação 
qualitativa. O objetivo desta análise é identificar 
uma possível contaminação do produto e 
acompanhar variações na especificação ao longo 
do processo. 
A partir deste momento, dá início ao 
processamento final. A vacina a granel é 
transferida para um frasco na quantidade 
correspondente ao número de doses equivalentes 
à apresentação distribuída à população. O 
processamento final envolve atividades e recursos 
produtivos de uso compartilhado. Para melhor 
entender esta etapa do processo, o 
processamento final será apresentado em três 
etapas: envase, liofilização, e rotulagem e 
embalagem. 
 
Envase - A primeira etapa do processamento final 
é o envase da vacina, onde é feita a transferência 
da vacina a granel dos tanques de aço inox para os 
frascos de vidros. A envasadora inicia um processo 
em linha de lavagem e esterilização dos frascos. 
Após os frascos receberem a vacina, eles recebem 
o fechamento com uma rolha de borracha butílica. 
Para as vacinas líquidas este fechamento é total e 
os frascos são direcionados via esteira, para uma 
máquina fixadora de tampa de alumínio. As 
vacinas liofilizadas recebem um fechamento 
parcial e os frascos são transportados via bandejas 
para um equipamento chamado liofilizador. 
Liofilização - A vacina líquida é um produto muito 
instável e, com o objetivo de contornar esta 
característica não desejada, um estabilizador é 
adicionado no processo de produção do 
concentrado vacinal ou na formulação. Porém, 
esta opção ainda é ineficiente para alguns 
produtos e, nesses casos, aplica-se uma técnica de 
retirada de umidade da vacina num ambiente à 
baixa temperatura, transformando a vacina 
líquida em uma pastilha de pó. Logo após a 
conclusão do ciclo de liofilização, os frascos são 
fechados totalmente com as rolhas que 
receberam no processo de envase. Ao serem 
retirados do liofilizador, os frascos seguem 
imediatamente para uma máquina de aplicação de 
um selo de alumínio que lacra cada frasco 
individualmente. Estes são armazenados em 
câmara fria separados por lotes, até seguir para a 
rotulagem e embalagem. 
Rotulagem e embalagem - A conclusão do 
processamento final consiste em embalar a 
vacina. Os frascos contendo a vacina liofilizada, a 
vacina líquida ou o diluente para a vacina 
liofilizada recebem rótulos com a identificação do 
produto, número de lote, data de fabricação e 
validade do produto, entre outras informações. Os 
cartuchos são acondicionados em caixa de 
papelão e depois são transferidos para o 
almoxarifado de produtos acabados, porém 
permanecem em área segregada para produtos 
em quarentena até a conclusão do controle de 
qualidade e emissão do certificado de liberação do 
produto. 
 
 TIPOS DE VACINAS: 
O desenvolvimento de uma vacina segue altospadrões de exigência e qualidade em todas as suas 
fases, o que inclui a pesquisa inicial, os testes em 
animais e humanos sob rigoroso protocolo de 
procedimentos éticos, até o processo de avaliação 
de resultados pelas agências reguladoras 
governamentais. Mas nem sempre foi assim, a 
própria criação da vacina é uma completa falta de 
ética e de higiene. 
Foi em 1798 que o termo “vacina” surgiu pela 
primeira vez, graças a uma experiência do médico 
e cientista inglês Edward Jenner. Ele ouviu relatos 
de que trabalhadores da zona rural não pegavam 
varíola, pois já haviam tido a varíola bovina, de 
menor impacto no corpo humano. Ele então 
introduziu os dois vírus em um garoto de oito anos 
e percebeu que o rumor tinha de fato uma base 
científica. A palavra vacina deriva justamente de 
Variolae vaccinae, nome científico dado à varíola 
bovina. 
 
Os objetivos principais das imunizações são 
prevenir o desenvolvimento do quadro clínico no 
indivíduo e, ao se alcançar um nível de imunidade 
elevado em grandes segmentos da população, se 
obter o controle ou mesmo a eliminação de 
determinada virose. As vacinas virais são 
classificadas como vacinas vivas, que contêm vírus 
vivo e atenuado em laboratório, e vacinas mortas, 
que contêm vírus ou suas subunidades submetidas 
a agentes físicos ou químicos que os inativam, isto 
é, eliminam a capacidade de eles se multiplicarem 
no hospedeiro 
1. Vacinas de organismos vivos: Podem ser de 
organismos naturais ou atenuados. Vacinas 
vivas normalmente produzem infecções não 
clínicas auto-limitantes e levam a 
subsequente imunidade, ambas humoral e 
mediada por células, sendo a última essencial 
para patógenos intracelulares. Entretanto, 
elas têm um sério risco de causar doenças 
verdadeiras em indivíduos 
imunocomprometidos. O único exemplo de 
vacina bacteriana viva é a da tuberculose 
(Mycobacterium bovis: Bacilo de Calmette-
Guérin - BCG). 
1.1 Vacinas de organismos vivos atenuados: As 
vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos 
vivos, mas extremamente enfraquecidos. Elas 
podem produzir condições semelhantes às 
provocadas pela doença que previne (como febre, 
por exemplo), mas em pessoas com o sistema 
imunológico competente isso é muito raro e, 
quando ocorre, os sintomas são brandos e de 
curta duração. Já as pessoas com doenças que 
deprimem o sistema imunológico, ou que estão 
em tratamento com drogas que levam à 
imunossupressão, não podem receber esse tipo de 
vacina. O mesmo vale para as gestantes. 
As vacinas vivas, em geral, apresentam menor 
custo de produção, o que possibilita a sua 
utilização em grande escala, como foi o caso das 
vacinações contra a varíola e poliomielite, ambas 
com a finalidade de erradicar estas doenças do 
mundo. Entre as desvantagens das vacinas vivas 
destaca-se a possibilidade de efeitos adversos que 
surgem quando da multiplicação no 
hospedeiro, seja por fatores individuais, seja por 
uma reversão genética da amostra vacinal, 
tornando-a mais virulenta. 
 
2. Vacina de organismo inativado ou morto: São 
as vacinas que possuem organismos mortos 
por agentes químicos ou físicos. Quanto às 
vacinas inativadas, elas nem chegam a 
“imitar” a doença. O que fazem é enganar o 
sistema imune, pois este acredita que o 
agente infeccioso morto, ou uma partícula 
dele, representa perigo real e desencadeia o 
processo de proteção. São vacinas sem risco 
de causar infecção em pessoas 
imunodeprimidas ou em gestante e seu feto. 
As vacinas inativadas oferecem como grande 
vantagem mais segurança, pois não há 
multiplicação do agente no organismo do 
vacinado, porém, tendem a induzir uma 
imunidade menos duradoura e a exigir, com isso, 
a aplicação de mais de uma dose no esquema 
de imunização, bem como a repetição das 
imunizações ao longo dos anos. 
Vantagens: 
• Não permite a multiplicação dos 
organismos; 
• Podem ser usadas em pacientes 
imunodeficientes; 
• Dá imunidade humoral suficiente quando 
dada a dose reforço. 
Desvantagens: 
• Não produzem proteínas que 
normalmente servem para a resposta 
imune; 
• Necessitam de doses de reforço; 
• Não dão imunidade local; 
• Alto custo; 
• Podem haver falhas na inativação. 
 
3. Toxóide-composto tóxico inativado (formol): 
Estas vacinas utilizam-se de toxóide (por 
exemplo, tetânico) para dar imunogenicidade 
a substâncias (Figura 5). Como, normalmente, 
utiliza-se toxóide para os quais a maioria das 
pessoas já é imunizada, há baixos riscos de 
manifestação desta doença. 
 
4. Vacinas de subunidades: Algumas vacinas 
consistem de sub-componentes dos 
organismos patogênicos, usualmente 
proteínas ou polissacarídeos. Uma vez que 
polissacarídeos são relativamente fracos 
antígenos T-independentes, e produzem 
respostas apenas do tipo IgM sem memória 
imunológica, eles fazem respostas mais 
imunogênicas pela conjugação com proteínas 
(ex. Hemofilus, meningococos, pneumococos, 
etc.). Essas vacinas em subunidades são 
desenhadas para reduzir problemas de 
toxicidade e risco de infecção. 
 
5. Vacinas conjugadas: assim como as toxoide, 
são aquelas nas quais os antígenos 
bacterianos são ligados a carregadores 
proteicos (polissacarídeos) gerando uma 
resposta de longa duração dos anticorpos. Por 
exemplo, as vacinas antipneumococos (contra 
o Haemophilus influenzae tipo B). 
 
 
 
 
6. Vacina de DNA: Com a vacina de DNA, a 
pessoa não é injetada com o antígeno, mas 
com a sequência codificadora do antígeno. O 
DNA é incorporado em um plasmídeo e é 
então injetado no músculo como as vacinas 
convencionais. A partir disso, acontece os 
seguintes eventos: 
• O plasmídeo entra nas células. 
• O gene que codifica o antígeno é 
transcrito e traduzido. 
• Fragmentos da proteína são 
degradados em peptídeos. 
• Estes peptídeos são apresentados 
na superfície celular junto com o 
MHC de classe I. 
Vantagens: 
• Os plasmídeos podem ser feitos em 
grande quantidade. 
• O DNA é estável e sua sequência 
pode ser facilmente modificada em 
laboratório. 
• Não há resposta contra o próprio 
DNA. 
• Pode-se produzir vacinas mais 
eficazes, duradouras e seguras. 
• Diminui o número de aplicações 
necessárias. 
• Simula o modo de apresentação de 
antígenos virais, por isso é eficiente 
no tratamento desses. 
• É um poderoso estimulante para 
imunidade celular. 
 
Desvantagens: 
• O plasmídeo pode ser inserido no 
genoma. 
• Não se sabe se o gene irá penetrar 
na célula desejada. 
• Não se sabe quais os possíveis 
efeitos no sistema imune, caso o 
antígeno seja expresso por longo 
período 
 
 
 
A memória, capacidade de aprender com o 
processo e agir de maneira mais rápida e eficaz em 
infecções posteriores são os pontos chaves em 
que se baseia o funcionamento das vacinas e o 
motivo pelo qual elas são consideradas 
ferramentas de sucesso na saúde humana e 
animal. 
A vacinação consiste na imunização ativa de um 
indivíduo, por meio da inoculação de um antígeno 
extraído de um microrganismo patogênico. 
O objetivo é proteger o indivíduo de uma doença 
ou tornar sinais clínicos mais brandos. Os 
antígenos vacinais mimetizam uma infecção 
natural, ativando linfócitos T e/ou B, que são os 
principais atores envolvidos na resposta celular e 
humoral, respectivamente. Em um segundo 
contato com o antígeno, seja ele vacinal ou 
natural, as células de memória conseguem 
identificá-lo rapidamente e agem com grande 
eficácia, impedindo multiplicação exacerbada do 
patógeno e, consequentemente, que ele cause 
sinais clínicos. 
A vacina é composta basicamente de duas partes: 
o (1) antígeno, responsável por estimular a 
resposta imune no organismo e os (2) excipientes, 
que podem ser adjuvantes (substâncias presentes 
com o intuito de potencializar a resposta imune) 
ou ainda conservantes e estabilizantes, 
relacionados com aumento do tempo de 
prateleirae melhora da estabilidade (Baxter, 
2007). Existem ainda inúmeros os tipos de vacinas 
na atualidade. De acordo com o Centers for 
Disease Control and Prevention (CDC), prevalecem 
dois tipos básicos, (1) a viva-atenuada e (2) a 
inativada, ambas se subdividindo em outros tipos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
VACINA VIVA-ATENUADA 
Vacinas vivas atenuada são produzidas a partir da 
modificação de um microrganismo patogênico, via 
atenuação da virulência de um vírus ou bactéria. 
Tradicionalmente, os processos de atenuação se 
baseiam na passagem do microrganismo por 
repetidas culturas, em diferentes condições de 
temperatura, selecionando populações mutantes 
menos virulentas. A sua habilidade de replicação é 
mantida, porém é eliminada a capacidade de gerar 
doença. 
Para ser eficaz e conseguir estimular o sistema 
imune no indivíduo vacinado, o microrganismo 
atenuado precisa se replicar. A dose aplicada é, em 
geral, pequena, e as células de defesa somente 
conseguem identificar a bactéria ou vírus após a 
sua replicação, quando então atingem quantidade 
suficiente para serem detectados (CDC, 2016). 
Portanto, cuidados devem ser tomados em seu 
armazenamento. Qualquer condição inadequada 
que inviabilize o crescimento e replicação do 
microrganismo no indivíduo vacinado pode tornar 
a vacina ineficaz. 
A resposta imune gerada pela vacina viva 
atenuada é diferente quando são comparados 
vírus e bactérias. Em relação aos vírus, pelo fato 
de serem microrganismos intracelulares 
(endógenos), são recrutados linfócitos Tc e 
linfócitos Th1, responsáveis pela resposta imune 
celular específica. Caso o antígeno seja 
encontrado disperso no tecido, linfócitos Th2 
conseguem identifica-lo e desencadear a 
diferenciação de linfócitos B em plasmócitos 
secretores de anticorpos e em linfócitos B de 
memória. A resposta imune estimulada pela 
vacina viral viva-atenuada é a mesma 
desencadeada por uma infecção viral natural. 
No caso de vacinas bacterianas, a resposta imune 
é mediada por linfócitos Th2, que ao se ligarem 
aos linfócitos B, promovem a sua diferenciação 
em plasmócitos secretores de anticorpos, 
desencadeando uma resposta imune humoral. 
Teoricamente, vacinas bacterianas vivas atenuada 
e inativadas deveriam desencadear resposta 
idêntica no organismo, visto que ambas trazem 
antígenos exógenos. Todavia, vacinas bacterianas 
vivas atenuada também são mais eficazes quando 
comparadas às vacinas inativadas. Sabe-se que 
quanto mais similar o antígeno vacinal é do 
microrganismo que causa a doença, melhor é a 
resposta imune desencadeada. 
Recentemente, foi demonstrado que ligantes do 
TLR 8, como RNA, presentes em bactérias vivas 
atenuadas, induzem a produção de IL-12, que 
desencadeia a diferenciação do linfócito Th em 
Th2. O linfócito Th2, por sua vez, é um dos 
responsáveis por promover a diferenciação do 
linfócito B em plasmócito, que libera anticorpos 
específicos. 
Apesar de mais eficazes, uma desvantagem desse 
tipo de vacina é a possibilidade de causar a doença 
para qual foi desenvolvida para proteger. Pode 
ocorrer reversão da virulência do patógeno vacinal 
ou ainda, no caso de indivíduos 
imunocomprometidos, pode ocorrer 
multiplicação exacerbada do microrganismo, 
causando doença. Em todo caso, na maioria das 
vezes quando isso ocorre, os sinais clínicos 
manifestados são mais brandos, sendo relatados 
como reação vacinal adversa. 
VACINA INATIVADA 
Vacinas inativadas são produzidas normalmente a 
partir da inativação (morte) de culturas de vírus e 
bactérias cultivadas em laboratório, seja por calor 
ou por substâncias químicas. Deve-se manter o 
máximo possível a similaridade com o 
microrganismo vivo para manter a antigenicidade. 
O formaldeído é uma das substâncias químicas 
mais comuns a serem utilizadas na inativação, 
conferindo rigidez estrutural. Agentes 
aniquilantes, como óxido de etileno, também são 
bastante utilizados, pois interagem com os ácidos 
nucléicos e não com proteínas de superfície, 
mantendo assim a antigenicidade. 
São várias as tecnologias usadas na produção de 
vacinas inativadas, cada uma com algumas 
características específicas. Vacinas a base de 
proteína possuem característica de aumentar o 
título de anticorpos a cada dose aplicada. As 
vacinas a base de proteína podem ainda ser do 
tipo toxóide, que se trata da toxina inativada; ou 
ainda de subunidade, onde apenas fração do 
microrganismo é adicionada à vacina, e não o 
microrganismo inteiro 
Vacinas puras baseadas em polissacarídeos são 
antígeno T-independente, resultando em uma 
resposta imune fraca. Todavia, com o processo de 
conjugação, formando um antígeno polissacarídeo 
conjugado a uma proteína, a resposta imune passa 
a ser antígeno T-dependente e, 
consequentemente, melhor. 
Antígenos inativados não são capazes de se 
replicar no indivíduo vacinado e, por isso, as 
vacinas desse tipo devem conter uma quantidade 
maior de antígenos quando comparadas com as 
vacinas vivas, para que consigam estimular o 
sistema imune. 
Muitas vezes, é necessária a adição de 
adjuvantes, substâncias que incrementam a 
resposta imune (Gupta et al., 1993). Nesse 
cenário, vírus e bactérias inativadas são 
identificados pelo sistema imune como 
organismos exógenos, estimulando o mesmo tipo 
de resposta imune. São ativados linfócitos Th2, 
que estimulam a diferenciação dos linfócitos B em 
plasmócitos, prevalecendo uma resposta baseada 
em anticorpos. Esse processo leva de cinco a 14 
dias para acontecer. Porém, em exposição 
subsequente, há ativação dos linfócitos B de 
memória, e a resposta imune secundária de 
anticorpos IgG atinge o pico de produção em uma 
a três dias. 
Outra característica das vacinas inativadas é a 
necessidade de mais de uma dose. A primeira 
dose apenas sensibiliza o organismo; enquanto a 
segunda e/ou terceira desenvolvem uma resposta 
imune protetiva. Pelo fato da resposta imune ser 
predominantemente humoral, é necessário alto 
título de anticorpos circulantes para que se 
consiga proteger o indivíduo. Desse modo, torna-
se necessário reforços vacinais periódicos. 
Apesar de apresentarem resposta imune inferior 
às vivas atenuadas, as vacinas inativadas são mais 
seguras. Não há o risco de reversão da virulência, 
mesmo se tratando de indivíduos 
imunocomprometidos. Também, são mais fáceis 
de armazenar e não existe o risco biológico para o 
vacinador. 
 Adjuvantes 
Os adjuvantes foram descobertos em um cenário 
em que se começou a desenvolver alternativas às 
vacinas vivas atenuadas, pois apesar de muito 
eficazes, causavam efeitos colaterais indesejáveis, 
como febre, sinais de inflamação locais e, às vezes, 
a própria doença. Surgiram então as vacinas 
inativadas: muito seguras; porém, quanto mais 
purificado era o antígeno, menor era sua 
imunogenicidade. Viu-se então a necessidade de 
potencializadores da imunidade, hoje 
denominados adjuvantes. Define-se como 
adjuvantes substâncias adicionadas às vacinas que 
potencializam a resposta imune do indivíduo. A 
palavra “adjuvante” é originária do latim adjuvare, 
que significa ajudar. 
Os adjuvantes atuam no aumento da resposta 
imune adaptativa através da modulação ou 
aumento dos sinais envolvidos na ativação da 
imunidade inata. Podem ser classificados de 
acordo com o seu modo de ação, sendo 
basicamente três grupos. São eles os (1) 
adjuvantes de depósito, (2) adjuvantes 
particulados e (3) adjuvantes imune-
estimuladores. Pode ainda haver uma 
combinação entre dois ou mais adjuvantes de 
diferentes classes, buscando uma melhor 
estimulação do sistema imune. 
a. Adjuvantes de depósito 
Os adjuvantes de depósito atuam retardando a 
eliminação dos antígenos. Quando uma vacina 
com antígenos combinados a esse tipo de 
adjuvante é injetada em um indivíduo, há a 
formação de um granuloma rico em macrófagos. 
O antígeno, que está dentro do granuloma,é 
liberado de forma gradativa para o organismo, o 
que propicia um estímulo antigênico prolongado. 
Por isso, antígenos que normalmente seriam 
degradados em poucos dias, conseguem 
permanecer no organismo por semanas. Nesse 
grupo de adjuvantes, estão as emulsões água em 
óleo, pouco usadas devido à atividade irritante 
significativa do óleo mineral nos tecidos e os sais 
de alumínio, como hidróxido de alumínio, fosfato 
de alumínio, sulfato de alumínio e potássio (alum), 
largamente utilizados na produção de vacinas. Os 
sais de alumínio induzem a resposta imune inata e 
a resposta humoral específica, ativando linfócitos 
Th2. Eles podem estar relacionados ao surgimento 
de reações adversas e algumas doenças 
autoimunes, como a miofascite macrofágica em 
humanos. 
b. Adjuvantes particulados 
Os adjuvantes particulados conseguem incorporar 
antígenos e formar partículas que são facilmente 
fagocitadas. Eles melhoram a sinalização dos 
antígenos vacinais, que são identificados, 
fagocitados, processados e apresentados aos 
linfócitos pelas células apresentadoras de 
antígenos. Como exemplo, têm-se os lipossomos, 
usados como adjuvantes nas vacinas contra 
influenza em humanos. 
c. Adjuvantes imunoestimuladores 
Adjuvantes imunoestimuladores agem mediante 
ativação direta do sistema imune inato, por 
estímulo da produção de citocinas. Muitos desses 
adjuvantes incluem PAMPs na formulação, que 
são identificados pelos TLRs, ativando células 
apresentadoras de antígenos. Essas liberam 
citocinas e ativam a resposta imune adaptativa de 
linfócitos Th1 e ou Th2, a depender da substância. 
Como adjuvantes imunoestimuladores, tem-se 
lipopolissacarídeos bacterianos (LPS), muito 
eficazes como adjuvante, porém possuem alta 
toxicidade; algumas bactérias inativadas, como 
Propionibacterium acnes, que conseguem 
estimular resposta Th1 e Th2; e também 
saponinas, as quais passam por processo de 
purificação para minimizar a toxicidade, sem 
alterar a potente atividade adjuvante. 
d. Outros adjuvantes 
Outro adjuvante importante é a emulsão de óleo 
em água, mais potentes que os sais de alumínio. 
Apesar de atualmente ser usada em vacinas por 
todo o mundo, seu mecanismo de ação não está 
totalmente elucidado. Sabe-se que a ativação do 
sistema imune inato não é via TLRs. Sugere-se que 
são as gotículas lipídicas que disparam os sinais de 
ativação desse sistema. Vacinas contra o vírus da 
influenza H5N1 e H1N1 usam esse adjuvante. 
Em geral, a maior dificuldade de desenvolver 
adjuvantes é estimular a imunidade adaptativa, 
chave de uma boa eficácia vacinal, sem provocar 
resposta imune inata exacerbada, ligada ao que 
identificamos como reações adversas. 
 
REAÇÕES ADVERSAS FRENTE A VACINAS 
Vacinas, assim como qualquer fármaco, são 
passíveis de causarem reações adversas. Sabe-se 
que fatores como idade, sexo, raça, status 
imunológico e condições de saúde podem 
influenciar no seu aparecimento. Elas podem ser 
classificadas como reações adversas de toxicidade 
normal e como respostas inadequadas. Ambas, 
por sua vez, podem ser subdividas em reações 
locais e sistêmicas. 
 Reações adversas de toxicidade normal 
As vacinas frequentemente causam reações 
inflamatórias e, por consequência, tem- se seus 
sinais clássicos no local da injeção: dor, inchaço e 
vermelhidão. Costumam surgir aproximadamente 
24 horas após aplicação e podem durar cerca de 
uma semana. Em geral, não deixam sequelas no 
local. 
A depender dos componentes vacinais, as reações 
manifestadas podem ser também sistêmicas, 
cursando com sinais como febre, letargia, dor 
muscular e anorexia. As causas dessas reações 
inespecíficas podem ser exposição às endotoxinas 
do antígeno vacinal, toxicidade do adjuvante e a 
replicação do microrganismo no caso de vacinas 
vivas atenuadas. 
Em geral, essas reações são transitórias e sem 
maiores transtornos, porém, podem ser 
suficientes para causar aborto em gestantes. A 
decisão de imunizar ou não uma paciente gestante 
deve ser baseada nos riscos e benefícios que o 
procedimento traz. O risco da doença para a mãe 
e o feto deve ser levado em conta, sabendo que 
anticorpos podem ser transferidos passivamente 
para o feto via placenta ou colostro, aumentando 
sua proteção. 
Atualmente, a vacinação contra influenza é 
recomendada para mulheres no terço final da 
gestação, pois os benefícios superam os riscos. 
Todavia, vacinas contra sarampo, caxumba, 
rubéola e varíola são contraindicadas na gravidez, 
podendo trazer consequências à manutenção da 
gravidez e à saúde do feto. 
 
 Reações adversas por respostas 
inadequadas 
 
a. Reação de Arthus 
 Consiste em uma reação adversa local, mediada 
por imunocomplexos: uma reação típica de 
hipersensibilidade tipo III. Ocorre quando uma 
vacina é injetada via subcutânea em um indivíduo 
que já possui um alto nível de IgG circulante contra 
os antígenos vacinais ou outros componentes da 
vacina. 
Em seguida, ocorre a formação de 
imunocomplexos, que são depositados entre e ao 
redor das células endoteliais vasculares. Os 
imunocomplexos ativam o sistema complemento, 
resultando na liberação de citocinas, levando a 
degranulação de mastócitos e a atração de 
neutrófilos para o local. O resultado é uma 
inflamação aguda, que se inicia com inchaço e 
vermelhidão local. Eventualmente, evolui para 
hemorragia local e trombose e, se severa, causa 
destruição tecidual local. A reação de Arthus pode 
começar a aparecer em poucas horas ou em até 24 
horas após vacinação. É um quadro que causa dor 
e por isso, incômodo no paciente. Todavia, em 
geral, a resolução se dá após 2 ou 3 dias. 
b. Hipersensibilidade tipo IV 
Trata-se de uma resposta inflamatória local 
crônica, mediada por células, que costuma tardar 
mais de 24 horas a ser produzida após o contato 
com substância estranha. O pico da reação ocorre 
entre 72 e 96 horas. Células apresentadoras de 
antígenos identificam o corpo estranho e o 
apresentam para linfócitos Th1. Esses, por sua vez, 
secretam citocinas que ativam macrófagos e 
atraem para o local monócitos, mais linfócitos T e, 
em alguns casos, basófilos. Com o acúmulo de 
muitas células inflamatórias, tem-se inflamação 
crônica e granulomas no local da injeção. 
Adjuvantes de depósito que contém alumínio ou 
óleo, endotoxinas e antígenos podem levar à 
instalação desse quadro. 
c. Hipersensibilidade tipo I 
Reações de hipersensibilidade tipo I (ou imediata), 
as alergias, são uma resposta imune exacerbada e 
inapropriada frente a antígenos geralmente 
inócuos, denominados alérgenos. Os alérgenos 
são captados pelas células apresentadoras de 
antígenos e apresentados aos linfócitos Th, que se 
diferenciam em Th2 e ativam os linfócitos B, 
estimulando-os a se diferenciarem em 
plasmócitos e secretarem grande quantidade de 
IgE. As IgE, por sua vez, ao identificarem o 
alérgeno, se ligam a mastócitos e estimulam sua 
degranulação e liberação de mediadores 
inflamatórios. 
Têm-se então os sinais típicos das alergias, 
geralmente cutâneos: inchaço, vermelhidão, 
prurido, aumento da secreção de muco. Caso 
ocorra uma degranulação generalizada de 
mastócitos, é produzida uma reação inflamatória 
generalizada (anafilaxia), atingindo 
principalmente sistema respiratório e 
gastrointestinal e causando colapso circulatório, 
podendo levar a morte em pouco tempo. O mais 
comum é a hipersensibilidades contra proteínas 
usadas como estabilizantes, como a gelatina, ou 
que estão presentes nos meios de cultura usados 
para o crescimento de bactéria ou vírus, como a 
proteína do ovo e do soro fetal bovino. Vacinas 
contra influenza e febre amarela são preparadas 
em ovos embrionados. É quase impossível 
purificar o antígeno a um grau que elimine por 
completo proteínas indesejadas do produto final. 
d. Sinais clínicos da doença 
Vacinas vivas atenuadas podem conter virulênciaresidual e então causar alguns sinais clínicos da 
doença para qual o indivíduo foi imunizado. 
Quando isso ocorre, esses sinais pós-vacinais são 
classificados como um tipo de reação adversa à 
vacina. Em geral, são apenas sinais clínicos 
brandos; porém, existem relatos de 
desenvolvimento da doença clínica após 
vacinação. 
 
e. Doença exacerbada induzida por vacina 
Apesar de não haver muita literatura disponível 
sobre doença exacerbada induzida por vacina; 
Gershwin (2018) relata como um tipo de reação 
adversa. Ao se vacinar um indivíduo, é esperado 
que o mesmo não desenvolvesse a doença em um 
subsequente contato com o patógeno, ou que ao 
menos sejam manifestados apenas sinais brandos 
da doença. Porém, apesar de muito raro, a vacina 
pode não apenas falhar na proteção do indivíduo, 
mas causar uma manifestação exacerbada dos 
sinais clínicos, um quadro mais severo do que o 
esperado em um indivíduo não vacinado. Essa 
reação adversa já foi descrita em humanos, que 
foram vacinados contra dengue e desenvolveram 
febre hemorrágica e síndrome do choque. 
 
 
 
 
OBJETIVO 4 - DESCREVER OS PRINCIPAIS RISCOS 
E POSSÍVEIS EFEITOS COLATERAIS DA VACINA; 
 
As vacinas de vírus vivos atenuados ou de 
bactérias vivas atenuadas não devem ser 
administradas nas condições relacionadas abaixo, 
salvo sob orientação médica documentada: 
a) Imunodeficiências congênitas (BCG é um 
exemplo) ou adquiridas; 
b) Neoplasias malignas; 
c) Gestantes (exceto em situação de alto risco 
para algumas doenças, como febre 
amarela, poliomielite, sarampo); 
d) Uso de corticosteroides em altas doses 
(equivalente a 2 mg/kg/dia ou > 20 mg/dia 
de prednisona em crianças), por período 
superior a 15 dias; 
e) Terapia imunossupressora (radioterapia, 
quimioterapia, uso de 
imunossupressores). 
A vacinação deve ser adiada temporariamente nas 
seguintes situações: 
a) Episódios agudos de doenças com febre 
(principalmente para evitar confusão entre 
os eventos adversos de algumas vacinas e 
a evolução clínica da doença); 
 
b) Até 30 dias após o término de 
corticoterapia em dose imunossupressora; 
 
c) Até 90 dias após o uso de outros 
medicamentos ou tratamentos que 
provoquem imunossupressão; 
 
d) Até no mínimo três meses (variação de 
acordo com a vacina de 3-12 meses) após 
transplante de células tronco-
hematopoiéticas (medula óssea) para 
vacinas com micro-organismos não vivos e 
dois anos para vacinas com micro-
organismos vivos; 
 
e) De três a 11 meses após transfusão de 
plasma fresco ou imunoglobulinas, para 
vacinas com vírus vivos, devido à 
possibilidade de neutralização do antígeno 
vacinal por anticorpos presentes nesses 
produtos 
 
 
FALSAS CONTRAINDICAÇÕES 
 Prematuridade 
 Desnutrição 
 Doenças agudas benignas 
 Convalescença de doenças agudas 
 Uso de antibiótico ou antiviral 
 Uso de corticoides tópicos, inalatórios e 
sistêmicos em dias alternados e em doses 
terapêuticas 
 História inespecífica de alergia 
 História de reação local à vacina 
 História de febre após vacina 
 História de alergia a penicilina 
 Antecedente familiar de convulsão, morte 
súbita, efeito adverso à vacinação 
 Hospitalização (exceto VORH E VOP) 
 
 
EVENTOS ADVERSOS 
 Vacinas inativadas → tendem a apresentar 
efeitos locais (sinais flogísticos pela 
presença do alumínio) precoces, 48 a 72h. 
Mas, podem apresentar efeitos sistêmicos 
(encefalopatia, convulsões, anafilaxia e 
síndrome hipotônicahiporresponsiva), 
também precoces. Ex.: DTP. 
 Vacinas atenuadas → tendem a apresentar 
efeitos sistêmicos mais tardios 
(“mimetizam” a doença original de forma 
mais “branda”). Exceção é a vacina contra 
febre amarela, que pode cursar com 
sintomas precoces. 
Os efeitos adversos podem ser agrupados em: 
• Reações iniciais: ocorrem dentro das primeiras 
24 horas. Incluem eritema e edema no local da 
injeção, febre, dor, síncope e, raramente, 
episódios hiperesponsivos ou anafilaxia. 
• Reações tardias: Ocorrem em algumas semanas 
depois da vacinação. Incluem encefalite e 
encefalopatias e, algumas vezes, levam a dano 
cerebral significante. Felizmente, efeitos adversos 
graves são raros atualmente. 
 
 
 
http://lineu.icb.usp.br/~farmacia/ppt/vacinas_20
13.pdf 
 
 
 
OBJETIVO 5 - DISCUTIR OS IMPACTOS DOS 
SURTOS DE SARAMPO PARA A SAÚDE DE 
CRIANÇAS E ADULTOS 
 
O sarampo é uma doença contagiosa com 
disseminação oral, pessoa-pessoa, quando o 
individuo infectado tosse ou espirra cerca de 4 dias 
antes do aparecimento do exantema até 4 dias 
após. 
Não existe tratamento antiviral especifico para a 
doença, sendo assim os indivíduos infectados 
devem receber tratamento de suporte, além de 
prevenção e tratamento de complicações e 
infecções secundárias. O único meio de prevenir a 
doença é através da vacinação com a vacina 
Tríplice Viral que protege contra o sarampo, a 
rubéola e a caxumba e está disponível pelo 
sistema único de saúde (SUS). 
O Ministério da Saúde recomenda que todos os 
indivíduos de 1 a 29 anos de idade recebam as 
duas doses da vacina contra o sarampo, sendo a 
primeira dose aos 12 meses e a segunda dose aos 
15 meses junto com a vacina varicela. Crianças 
mais velhas, adolescentes e adultos não vacinados 
ou sem comprovação das duas doses aplicadas 
devem receber as duas doses da vacina em 
intervalo de pelo menos um mês. O indivíduo 
vacinado é considerado protegido apenas após a 
imunização com as duas doses da vacina tríplice 
viral, pois a eficácia da vacina após a primeira dose 
é de 93%. 
 A vacina contra o sarampo está disponível desde 
1963 quando então, o sarampo era uma doença 
comum entre crianças e causava cerca de 135 
milhões de casos e mais de 6 milhões de mortes 
relacionadas a doença no mundo. 
Além disso, é uma doença de notificação 
compulsória. Assim, na suspeita de sarampo a 
notificação imediata a Vigilância Epidemiológica 
do município e do estado é obrigatória. 
 
Américas livre do sarampo 
Quando endêmico a incidência do sarampo tem 
um padrão temporal típico caracterizado por 
epidemia sazonal anual ou em longos períodos 
cíclicos epidêmicos de 2 a 5 anos. Esses ciclos 
resultam do aumento de indivíduos suscetíveis. 
Em países tropicais esses ciclos variam com as 
estações chuvosas que combinadas com altas 
taxas de natalidade resultam em aumento 
irregular e grande das taxas da doença. Nas 
Américas as intensas campanhas de vacinação e 
medidas de vigilância interromperam a 
transmissão endêmica do vírus. 
A região das Américas foi a primeira do mundo a 
ser declarada livre do sarampo em 2016 por um 
Comitê Internacional de Especialistas (CIE) de 
Documentação e Verificação da Eliminação do 
Sarampo, Rubéola e Síndrome de Rubéola 
Congênita nas Américas. 
Surto atual 
Os últimos casos de sarampo autóctones 
ocorreram no ano de 2000 no Brasil1. Contudo 
entre 2013-2014 foram reportados 681 casos de 
sarampo no estado do Ceará, sendo identificado o 
genótipo viral D8, o mesmo genótipo circulante na 
Europa na época. A cobertura vacinal do estado 
em crianças de 12 meses entre os anos 2000-2013 
era >95%, apesar de não ser homogênea para todo 
o estado. 
O Brasil vinha de uma sequência de zero casos em 
2015, 2016 e 2017 - em 2016, inclusive, ganhou 
um certificado da OMS (Organização Mundial da 
Saúde) de eliminação do sarampo. 
Mas, então, veio 2018: 10.262 casos. 
Inversamente proporcional a este aumento 
acelerado foi a diminuição da cobertura vacinal da 
população. Com base em dados do Programa 
Nacional de Imunizações (PNI), o Unicef aponta 
que, a partir de 2015, caiu a cada ano o percentual 
da população imunizada com a tríplice viral (para 
prevenir o sarampo, a caxumba e rubéola). O 
percentual dos brasileiros vacinados com ela saiu 
de 96% em 2015 para 95,4% em 2016 e 85,2% em 
2017. 
A OMS recomenda, em geral, que imunizações

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