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Aula 13 e 14 de Direito Penal II

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Da aplicação da pena: (dosimetria da pena / individualização 
da pena) 
O princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI CF) é base do 
Estado Democrático de Direito, e abarca 3 momentos distintos e 
complementares (critério trifásico): o legislativo (cominação), o judicial 
(aplicação) e o executório (execução). 
Critério Trifásico - Nelson Hungria (art. 68, do CP) 
É o critério que o juiz utiliza para sair da pena em abstrato do Código 
Penal e chegar na pena em concreto da sentença chama-se critério 
trifásico. (possui 3 fases de dosimetria). 
O juiz precisa passar por 3 fases para transformar a pena em abstrato 
do Código Penal para a pena em concreto da sentença. 
Cálculo da pena: 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; 
em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por 
último, as causas de diminuição e de aumento. 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas 
na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, 
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
Quando falamos em dosimetria da pena, individualização da pena, 
aplicação da pena, devemos partir da premissa de que o sujeito é 
culpado na opinião do magistrado (juiz). O juiz já tem as provas, 
inclusive escritas em sua sentença, de materialidade (existência do 
crime) e autoria. O juiz necessariamente precisa passar por essas três 
fases. 
 
 
 
 
DOSIMETRIA DA PENA 
Data: 05/04/2021 
Passo a passo para fazer a dosimetria penal: 
O juiz começa com a pena no mínimo legal. 
Exemplo: Homicídio doloso (artigo 121 do CP) – pena de 6 a 20 anos 
de reclusão. O mínimo legal desse crime é 6 anos. 
1ª Fase de Dosimetria da pena: 
Pena base no mínimo legal (isso significa que o juiz, depois de analisar 
o artigo 59, não conseguiu achar nada para aumentar a pena). 
Então, se o juiz não conseguiu achar algo na 1ª fase para aumentar a 
pena, ele sai dela no mínimo legal. 
O juiz deve analisar o artigo 59 do Código Penal, assim como cada uma 
das circunstâncias judiciais presentes nele para movimentar a pena base 
para cima (aumentando) ou para baixo (diminuindo). No artigo 59 
existem as circunstâncias judiciais, que são 8 no total. 
Fixação da pena 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de 
pena, se cabível. 
OBS: As 8 circunstâncias judiciais são valoradas pelo juiz. Existem muito 
subjetivismo em alguns casos, em outros não. É subjetivo, o juiz que 
escolhe, de maneira fundamentada. 
Exemplo: Se o criminoso tem maus antecedentes (já foi condenado 
anteriormente, com trânsito em julgado), aumenta-se a pena. 
Para onde o juiz olha para usar os maus antecedentes do criminoso na 
hora de condená-lo? Para as circunstâncias judiciais do artigo 59. 
Quando o criminoso não possui qualquer circunstância judicial, 
antecedente criminal ou outra, ele possui bons antecedentes. 
Quando o criminoso não tem nenhuma condenação definitiva contra ele, 
ele possui bons antecedentes. 
Observação (macete de concurso): Tanto na 1ª fase, quanto na 2ª fase, 
a pena NÃO pode ficar acima do máximo legal e nem abaixo do mínimo 
legal. Exemplo: Se já tiver 6 anos, não tiver nada para aumentar e o juiz 
acha algo para diminuir a pena, não tem como diminuir, pois a pena já 
está no mínimo legal. Então, nesse caso, o juiz está engessado na 1ª e 
na 2ª fase pelo mínimo legal e pelo máximo legal. Há limitação de pena. 
O que é o mínimo legal e o máximo legal? É o que está na lei. 
Na 1ª fase da Dosimetria Penal: 
Pena base + análise das circunstâncias judiciais e o condenado sai ou 
com a mesma pena, pois, a pena não pode ficar abaixo do mínimo e 
nem acima do máximo pois incidiu alguma circunstância judicial. 
Após o juiz analisar o artigo 59, ele descobre uma nova pena ou uma 
pena igual. 
Na 2ª fase da Dosimetria Penal: 
Pena intermediária com circunstância agravante (artigos 61 até 63 do 
CP) e atenuante, (artigos 65 e 66 do CP). A pena NÃO pode ficar acima 
do máximo legal e nem abaixo do mínimo legal. Ou seja, o juiz não pode 
pôr a pena acima do máximo legal ou abaixo do mínimo legal. Há 
limitação de pena. 
Exemplo de circunstância agravante: 
O criminoso que é reincidente tem a pena aumentada pelo juiz, pois a 
reincidência é uma circunstância agravante do artigo 63. 
Exemplo de circunstância atenuante: 
Confissão, quando o réu confessa o crime, o direito penal “premia” o 
condenado, pela honestidade dele, atenuando a pena. Outro exemplo 
encontra-se na prescrição, onde a prescrição cai pela metade, pois o 
criminoso no dia do crime tinha mais de 18 anos e menos de 21 anos 
(menoridade relativa), ou seja, chama-se atenuante da menoridade 
relativa. 
OBS: Primeiro, agrava-se a pena, pois aumenta-se a base de cálculo, 
para depois incidir a atenuante, ou seja, atenua-se a pena. A atenuante 
será maior, pois a pena em que ela está incidindo é maior. 
Quanto a circunstância agravante aumenta a pena? A LEI não menciona. 
O JUIZ escolhe! 
Quanto a circunstância atenuante diminui a pena? A LEI não menciona. 
O JUIZ escolhe! 
Então, não há patamar quantitativo de aumento nem nas circunstâncias 
judiciais (artigo 59 do CP), nem nas circunstâncias agravantes (artigos 
61 até 63 do CP) e atenuantes (artigos 65 e 66 do CP). 
Na 3ª fase da Dosimetria Penal: 
Há causas de aumento (majorante) e causas de diminuição (minorante) 
da pena. Não a limitação de pena, limitação legal. Ou seja, a pena pode 
ir para baixo do mínimo ou para cima do máximo. 
Dica: Como saber que está na 3ª fase? Procurando frações matemáticas 
na legislação. (CP/ CPC) 
No fim da 3ª fase da dosimetria penal, encontra-se a pena em concreto! 
Após encontrar a pena em concreto, com base nela, aplica-se os artigos 
33, 44 e 77 do CP. 
Artigo 33: Regime inicial de cumprimento de pena (se o réu for primário: 
acima de 8 anos fechado, até 8 anos semiaberto, 4 anos para baixo 
aberto). Se o réu for reincidente, sobe um degrau segundo o STJ. Se a 
pena seria no regime aberto, mas ele é reincidente: semiaberto. Se o 
regime seria semiaberto, e ele é reincidente, o regime é fechado. 
Com base na pena em concreto, escolhe-se o regime da pena. 
Artigo 44: Penas restritivas de direito – pena em concreto (prestação 
de serviço a comunidade, entrega de cesta básica, interdição de direitos, 
limitação de final de semana) precisa realizar os requisitos para ver se 
a restritiva é cabível, por exemplo: só cabe restritiva se não houver 
violência ou grave ameaça. Então, precisa-se pegar os requisitos 
cumulativos do artigo 44 para verificar se pode trocar, ou seja, a lei fala 
em substituir uma pena de prisão por uma pena restritiva. 
Artigo 77: SURSIS (Suspenção condicional da pena em concreto) O juiz 
determina a pena de prisão do condenado, mas menciona que ele não 
precisa cumpri-la, desde que você cumpra condições fixadas na 
audiência durante 2 a 4 anos. Caso o condenado cumpra corretamente 
as condições fixadas na audiência durante 2 a 4 anos, e isso não for 
revogado, o juiz extinguirá a pena, sem que o condenado precise 
cumpri-la. 
Segundo o professor, sursis é uma falácia, pois somente a pena com 
teto de dois anos em concreto, admite os sursis. 
Exemplo do artigo 77: único benefício que é admitido para lei maria da 
penha 
Check List da Dosimetria da Pena: 
pena base ➔ pena intermediária ➔ causasde aumento (majorante) e 
causas de diminuição (minorante) da pena ➔ acha-se a pena em 
concreto e com base na pena em concreto, escolhe-se o regime da pena 
➔ passa-se a ter prisão com o regime do art. 33 ➔ verifica-se se pode 
trocar prisão por restritiva (art. 44) ➔ sai do art. 44 porque não cabe e 
vai para o art. 77 tentar o sursis 
OBS: Se não couber nem a pena restritiva, nem o sursis, a pena 
definitiva é uma pena privativa de liberdade, no regime específico do 
art. 33 que o juiz botou na sentença do condenado 
 
Link da aula no Youtube: 
https://www.youtube.com/watch?v=zprW7Tv_8M8&t=2101s 
Link do programa para somar as frações: 
http://www.mazzilli.com.br/pages/programas/pena.html 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=zprW7Tv_8M8&t=2101s
http://www.mazzilli.com.br/pages/programas/pena.html

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