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COZINHA BRASILEIRA U1

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Cozinha Brasileira - Unidade Nº 1 - A Formação da Cozinha Brasileira: Região Norte e Nordeste 
Cozinha Brasileira - Unidade Nº 1 - A Formação da Cozinha Brasileira: Região Norte e Nordeste 
Cozinha Brasileira - Unidade Nº 1 - A Formação da Cozinha Brasileira: Região Norte e Nordeste 
Cozinha Brasileira
Unidade Nº 1 - A Formação da Cozinha Brasileira - Região Norte e Nordeste
Maria Juliana Franceschini Tertulino
Introdução 
Iniciamos nossos estudos sobre uma das culinárias mais conhecidas e apreciadas no mundo todo, a Cozinha Brasileira. Sua tradição vai muito mais além do que os mais populares ingredientes utilizados nos diversos pratos típicos brasileiros, remetendo à nossa origem, história, cultura; nos permitindo reconhecer o percurso das diversas matrizes de nossa identidade nacional, compreendendo-as em aspectos comportamentais, sociais e até mesmo econômicos. Esse conhecimento nos traz informações valiosas sobre nosso passado. Porém, segundo Maciel (2004), durante um bom tempo, os estudos sobre esse tema foram mantidos fora das pautas dos estudiosos. Devemos salientar que muito além de estudarmos a culinária como um todo, devemos entender que o ato de se alimentar vai muito além de um mero suprimento de uma demanda fisiológica de nossos organismos. E é isso que veremos a partir de agora. 
A forma como o alimentar-se está inserido em nossa sociedade, além dos comportamentos sociais e individuais originados culturalmente a partir desse contexto, caracterizam em nossa história enquanto país a identidade social e individual que vamos construindo e adquirindo; daí a necessidade de um estudo combinado entre esses dois aspectos do alimento em nossas vidas. O alimentar-se não deve ser estudado somente pelo ato biológico em si, mas pela história cultural que o ato carrega (Mintz, 2001). 
A cozinha brasileira é reflexo da própria mistura de culturas, povos e etnias que compõe nosso país e, ainda tenhamos passado por momentos de grandes conflituosidades internas provenientes da colonização, percebemos em que nossa cultura gastronômica todos esses componentes têm presença. Tal história de nossa cozinha inicia já com nossos povos originários, que já ocupavam o território nacional antes da intromissão dos portugueses nessas terras. É esta nossa primeira referência culinária no Brasil, que deve ser cada vez mais reconhecida e valorizada. 
Passamos posteriormente para os hábitos e costumes alimentares trazidos pelos europeus. Em suas bagagens trouxeram muito de sua cultura e identidade, o que certamente foi passado ao que hoje entendemos por nossa cozinha e gastronomia, determinando influência significativa até o momento atual. 
A culinária nacional passa também por uma mudança pelo fato da forte imigração que o país sofreu, em que houve inclusão de novos pratos e ingredientes. Destas, a mais significativa advém de um processo que, ainda traumático para essas terras e para os povos envolvidos, conformou-se, para bem e para o mau, como determinante da cultura brasileira. Falamos da escravidão e do tráfico de indivíduos de povos africanos para trabalhar à exaustão nessas terras. Sua cultura e resistência certamente mudaram completamente a nossa alimentação e formou o que hoje conhecemos com a nossa cozinha brasileira. 
O Brasil é dividido em cinco regiões, sendo elas: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. Em cada região vamos observar uma maior influência culinária de diferentes etnias, nacionalidade e especificidades locais de povoação. Além disso, vamos notar que em cada extensão territorial a presença de uma área litorânea, regiões mais serranas e sertanejas, locais banhados por grandes rios e até mesmo a diferença significativa da situação climática que envolve o país, como calor extremo nas regiões norte e nordeste durante o ano todo e o frio intenso nas regiões mais ao sul do país, que influenciam diretamente na produção de alimentos. As peculiaridades que tal diversidade traz às atividades agrícolas permite então que a gastronomia e a culinária brasileiras sejam riquíssima e plurais, constituindo-se como um patrimônio cultural dos brasileiros. 
Podemos dizer que a gastronomia nacional foi embasada por influências socioculturais e raciais, resultando em uma miscigenação em sua culinária, seja no uso de ingredientes, nos métodos de preparo, no uso de utensílios, na forma de cocção e até mesmo na apresentação dos pratos típicos e regionais, cada qual com suas particularidades. A importância do estudo desse tema tão consolidado em nossa cultura, vem sido retomado no Brasil, inclusive trazendo uma abordagem multidisciplinar sobre o assunto, passando por áreas que falam desde a alimentação e seus aspectos nutricionais até a ênfase da gastronomia na relação ao alimento. (Maciel, 2004). 
Nesse momento em que iniciamos a nossa reflexão sobre a cozinha brasileira, qual desses povos você acha que teve maior influência em nossa culinária? Vamos juntos descobrir! 
Caro aluno (a), seja bem vindo e te desejo excelentes estudos! 
 
1. A formação da cozinha brasileira 
A formação de uma cozinha passa por várias aspectos relevantes antes que assim possamos denominá-la, indo muito além do simples ato de comer, passando por formas e culturas estabelecidas sobre modo de se alimentar. O termo cozinha pode ser definido pelo o conjunto de práticas alimentares, sendo composto por: ingredientes e alimentos, técnicas e modos de preparo, hábitos e comportamentos utilizados no modo de se alimentar, histórias, memória, pessoas (Maciel, 2004). 
A cozinha brasileira é formada por diversos tipos de ingredientes e seus pratos culinários vindo das mais variadas e diferentes etnias, com influências marcantes e significativas dos povos indígenas, pela colonização dos europeus e da presença dos africanos, compondo assim a miscigenação de cultura e hábitos, e a formação do paladar dos brasileiros. O livro “A História da Alimentação no Brasil” de Luís da Câmara Cascudo, enfatiza a importância da formação da dieta alimentar dos brasileiros, tratando assim das práticas alimentares dos povos que fundaram o país, sendo de leitura fundamental para estudantes interessados na cultura alimentar nacional. 
Segundo Maciel (2004), o que atualmente consideramos como cozinha brasileira é o resultado da mistura de três grandes povos: índios, brancos e negros. Com esse processo de influências externas, que foram sendo reunidas, adaptadas e modificadas, se torna impossível pensar na nossa culinária sem mencionar essa interlocução entre povos ocorrida no Brasil. Porém, a autora é categórica ao afirmar que não podemos dizer que a nossa cozinha brasileira foi constituída de forma homogênea pelos três povos, pois não se pode negar que os portugueses (brancos) estavam no topo da hierarquia, prevalecendo assim a instauração dos seus alimentos e de seus hábitos alimentares, onde em contrapartida os negros eram trazidos de maneira forçada ao país, sendo impossível a entrada de ingredientes de seus costumes; e os índios foram violentados, excluídos e cada vez mais esquecidos, de maneira que sejam preteridas suas práticas alimentares - ainda estejam inevitavelmente presentes. 
 
Você quer ler? Um clássico da literatura que retrata de forma singular a constituição da história da cozinha brasileira é a obra de Luis da Camara Cascudo. Se você deseja conhecer mais sobre a clássica história da nossa culinária leia o livro: A História da Alimentação No Brasil. 4ª. Ed. São Paulo. Global. 2011. 
 
	1.1. 	A cozinha brasileira e suas transformações 
A culinária brasileira passou por transformações significativas na composição de seu cardápio desde a origem. Os grandes movimentos migratórios (europeus) trouxeram uma abrangente diversidade na forma de se alimentar, com seus ingredientes típicos e costumeiros, na sua forma de preparo, na apresentação dos pratos e seus mais diversos hábitos alimentares, que misturados ao que já havia em território nacional (indígenas), juntamente com o que foi possível absorver da cozinha africana,formam o que hoje conhecemos com a cozinha brasileira. 
Não podemos negar que desde a origem da cozinha brasileira, até o momento da entrada dos imigrantes no Brasil, houve uma grande e significativa mudança em nossa gastronomia, por termos incorporado diferentes hábitos alimentares. Nessas bagagens, os imigrantes não traziam apenas ingredientes típicos de seus países de origem, mas sim os modos de preparo, técnicas culinárias, suas preferências e até mesmo suas restrições. Faziam assim uma mistura entre o que haviam encontrado em novas terras, com aquilo que fazia parte de sua cultura alimentar (Maciel, 2004). 
Um dos pratos mais conhecidos no mundo como tipicamente brasileiro seria nossa famosa feijoada, sendo essa mistura considerado o primeiro prato da história do país, com o cozimento de temperos em água, mais o uso da farinha de mandioca, tendo assim uma miscigenação de hábitos portugueses com o dos povoados indígenas. Faz parte da tradição história o consumo de feijão e farinha pelo Brasil, desde a entrada de bandeirantes no país, sendo o feijão base para mistura de pratos, tais como o uso de alguns ingredientes, entre eles o coco e a carne. (Carneiro, 2005). 
Segundo Carneiro (2005), a alimentação no Brasil era composta basicamente por feijão e milho, devido a seu fácil manuseio e forma de preparo, onde se tem o feijão como alimento base de vários pratos brasileiros, sendo a feijoada o primeiro prato típico do brasileiro que se teve conhecimento à partir do século XX, sendo a técnica de preparo uma mistura das técnicas culinárias dos europeus e povos indígenas. O autor também afirma que passamos por transformações significativas em nossa forma de se alimentar, já que o típico prato brasileiro, o arroz e o feijão, vem tendo uma queda em seu consumo, especialmente no feijão, mesmo o país sendo um grande produto desse tipo de grão, sendo as principais refeições substituídas por alimentos industrializados ou lanches do tipo fast food. 
2. A cozinha regional do norte 
A região norte do país abrange os setes estados: Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins, área que possui um vasto território coberto pela floresta amazônica e banhado por grandes rios, onde parte da população conhecida como ribeirinha mora justamente nestas cercanias banhadas pelas águas. A cozinha da região norte teve sua formação certamente baseada em uma grande influência de povos originários e indígenas, devido a sua ampla ocupação territorial e por terem uma relação muito próxima às florestas, de onde se extraem seus alimentos e ingredientes típicos. Também é possível observar a forte influência na cozinha da região norte a cada imigração sofrida nos seus estados. Por exemplo, no início da colonização de nosso território, portugueses trouxeram técnicas agrícolas e cultivo e 
até mesmo a pecuária. Além de seus modos de cocção utilizados na elaboração de seus pratos e os métodos de conservação dos alimentos por longos períodos, com o uso de conservas de açúcar e de sal, em que tais misturas, certamente, resultaram no descobrimento de receitas como compotas, geleias e até licores feitos com os frutos da região. 
Em um outro momento muito importante, os estados do Amazonas e Pará sofreram uma forte imigração por conta da exploração das madeireiras para extração do látex e assim tiveram mais uma influência gastronômica vinda dos nordestinos que estavam habitando a região. Mas, além desses povos, podemos dar ênfase, nesse momento, à chegada dos libaneses, japoneses e italianos na região, deixando sua marca na cozinha do norte do país. 
Uma das características também observadas na culinária da região norte, além dos alimento regionais, estão os hábitos mantidos pelas pessoas como o uso de utensílios característicos dos povos originários, mantidos até os dias de hoje, entre eles: o uso de pilões de barro, casca de frutas, madeira, casco de animais e peneira feitas com palhas. 
Devido à grande biodiversidade apresentada em seu território, a região norte possui elementos singulares em sua culinária, como o uso de frutos da amazônia, atualmente conhecidos mundialmente. Temos, por exemplo, o açaí da do Pará, onde o fruto é consumido com farinha de mandioca ou tapioca, mas em outros locais se uso para o preparo de sucos e polpas. Também na Amazônia temos o cupuaçu, que é utilizado como base para sorvetes e sucos. O guaraná, fruto nativo da região utilizado na fabricação de refrigerantes e xaropes. O urucum que possui uma semente vermelha usada na fabricação de temperos e corantes. 
Além dos frutos, é evidente o alto consumo de peixes nessa área do Brasil, obviamente devido a sua localização privilegiada em torno de grandes rios. Podemos dizer que o mais consumido é o pirarucu, sendo uma dos maiores peixes de água doce do Brasil, sendo conhecido como “bacalhau da Amazônia”. Outro peixe muito conhecido é o tucunaré que serve de base para várias preparações típicas da região. Outros alimentos excêntricos da região é a folha de jambu sendo uma erva muito utilizada e conhecida por deixar as pessoas que à consomem com a boca dormente, levemente anestesiada. A famosa castanha do pará ou castanha do Brasil é típica dessa região e consumida ao natural, torrada e até em sobremesas. (Ministério do Turismo, 2013). 
 
Figura 1 - Urucum. Fonte: PIXABAY. 
	1.2. 	Principais ingredientes e pratos típicos da região norte 
A mandioca é sem dúvida o principal alimento regional indígena que podemos citar. Deita fortes influências até os dias atuais, na alimentação dos brasileiros e um dos principais da região norte sendo consumida cozida, frita, com farinha e até mesmo na elaboração de diversos pratos típicos da região. Esse alimento foi utilizado pelos europeus que adentravam o Brasil, o que garantia sua sobrevivência na região colonizada, bem como pelos escravos que passariam a ser traficados para o Brasil e os marinheiros responsáveis por essa travessia (Rodrigues, 2017) . Segundo Maciel (2004), muito mais do que qualquer outro tipo de alimento, a farinha de mandioca passou a fazer parte da construção dos hábitos alimentares no Brasil, fazendo-se presente até o momento nos pratos dos brasileiros, como acompanhamento do arroz e feijão e até mesmo da feijoada. Ainda o suco da mandioca é utilizada na região norte para preparar o tucupi, prato típico da região que leva também como ingredientes a alfavaca e a chicória. 
Os peixes, diante das peculiaridades geográficas do norte, são muito apreciados na culinária, sendo os principais e mais consumidos o tambaqui, traíra, piranha, pescada, sardinha do rio, tucunaré e pirarucu, sendo também conhecido como o bacalhau da Amazônia. Outros ingredientes são fortemente utilizados na culinária local, sendo eles: camarão seco, frutas silvestres (açaí, murici, graviola, mangaba, pupunha), castanha do pará, manga, guaraná e abacate. 
3. Preparações da cozinha regional do norte 
As preparações culinárias da região norte, sofrem grande influência da cultura indígena e são utilizados os ingredientes típicos da região para elaboração dos principais pratos consumidos no norte do país, sendo os principais: peixes, raízes, sementes, folhas e frutos. 
As principais preparações típicas da região norte, são: 
· Pato no tucupi: Prato muito tradicional na região amazônica, com ênfase para o estado do Pará, onde o tucupi é um caldo extraído da mandioca brava, tendo o seu método de extração preservado de forma artesanal como eram realizados pelos indígenas. Por isso, é cozida por dias, onde posteriormente são adicionados pedaços de carne de pato para serem cozidas nesse caldo e são servidos com farinha de mandioca, arroz e folhas de jambu. 
· Tacacá: A base do caldo do tucupi, goma da mandioca, com folhas de jambu e camarão é um prato de origem indígena, servido em cuias, um tipo de utensílio muito utilizado na região para consumo de seus produtos. 
· Maniçoba: é conhecido como a feijoada dos paraenses; seus principais ingredientes são as carne de sol, cabeça de porco, mocotó, toucinho, temperadoscom sal, alho, louro, hortelãpimenta e folhas de mandioca; podendo levar dias para ficar pronto devido a lentidão do processo de cocção. 
· Pirarucu de casaca: o prato é composto por pedaços de peixe frito em azeite e servido com alguns acompanhamentos como banana frita, batata refogada, farinha de mandioca com ovos, leite de coco e o arroz branco. 
· Caldeira de tucunaré: herança deixada pelos portugueses, o prato é composto por um cozido de peixes, legumes, cebola, ovos, repolho, pimentões, tomate, salsa e o coentro; muito servido no Amazonas, mais especificamente em Manaus, ainda pode ser servido com pirão. 
· Açaí: diferentemente do consumo do açaí como polpa adocicada, muito consumido na região sudeste e atualmente exportado a nível mundial, no preparo típico essa polpa é consumida salgada, 
em que se mistura junto ao açaí a famosa farinha de mandioca e se usa como o acompanhamento de peixes. 
 
Foto 2: Tigela de Açaí do Brasil 
Você sabia? Você sabia que o açaí é um fruto típico da região norte aonde seus frutos são amplamentes consumidos pelos povoados locais, ganhando cada vez mais espaço na culinária dentro e fora do Brasil? 
3.1. As transformações ocorridas na culinária da região norte 
O ato de se alimentar é muito mais do que algo necessário à sobrevivência humana, mas algo que transpõe a cultura de um povo criando sua origem e identidade, em que o ato de cozinhar extrapola apenas o fato do alimento, mas traz em si dados de um estilo de vida, hábitos e suas tradições (Maciel, 2004). A culinária da região norte possui suas particularidades, não apenas pelos ingredientes típicos utilizados nos mais variados tipos de pratos e preparações, mas sim por todo contexto que envolve as mais diversas técnicas culinárias, uso de utensílios específicos, forma de apresentar os produtos elaborados e até mesmo pela forma de se alimentar. 
É possível afirmar que os hábitos alimentares dos brasileiros vem mudando de forma significativa nos últimos anos, em que classificamos o consumo desses alimentos como a “dieta ocidental”, marcada pelo alto consumo de produtos industrializados e a substituição de refeições completas por sanduíches e preparações servidas em restaurantes tipo fast food. Essa mudança de comportamento pode ser observada até mesmo na região norte do país, área em que os efeitos da globalização cultural não são sentidos como em outras regiões, observando-se uma dificuldade na comercialização desse tipo de produtos, pela escassez de meios de transporte e até mesmo pela tradição e cultura de áreas ribeirinhas e demais povos tradicionais, que não buscam necessariamente o acesso a esse tipo de produto, preferindo seus próprios hábitos já constituídos. 
 
Você quer ver? O filme “Muito além do peso” retrata a mudança alimentar ocorrida na região norte nesses últimos tempos, como o consumo de alimentos industrializados vem transformando a vida dos habitantes da região. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8UGe5GiHCT4 
4. 	A cozinha regional do nordeste 
A região nordeste do país é muito apreciada por turistas do mundo todo, por possuir belíssimas paisagens e com certeza um dos pontos forte da região é a sua gastronomia. O nordeste brasileiro é formado pelos estados: Bahia, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Em sua culinária observamos fortes influências dos povos europeus, indígenas e negros, bem como por uma grande contribuição e a relação direta com as culturas e hábitos oriundos dos holandeses, ingleses e franceses. As diferenças significativas na região nordeste, tanto dentro dos estados que fazem parte da região, quanto aos ingredientes que são utilizados nos seus pratos típicos é grandioso. De um lado uma região banhada pelo litoral, com possibilidade do uso de alguns produtos como peixes, moluscos, crustáceos, camarão, caranguejos, siris e frutos do mar, em contrapartida uma área mais ao sertão, extremamente seca do semiárido da caatinga, com escassez de recursos hídricos e de alimentos, o que muda completamente a questão culinária dessas regiões. Por ser uma região com um vasto território banhado por mares e uma área extensa com características típicas do sertão, os produtos consumidos bem como os hábitos alimentares são diferentes em alguns estados nordestinos. Certamente a culinária nordestina sofre forte influência da cultura indígena, mais especificamente na área banhada pelo litoral que vai desde o Piauí até a Bahia, porém a região mais ao sertão sofreu maiores influências dos povos portugueses e africanos, com o consumo de ingredientes específicos e pratos e preparações regionais. 
Podemos definir que a região nordeste possui uma culinária rica em aromas, cores e sabores, tudo isso devido a misturas que ocorreram na miscigenação de conhecimentos adquiridos dos portugueses, africanos, indígenas e outros imigrantes, produzindo algumas transformações ao longo do tempo por questões políticas, culturais e até religiosas. 
O que vem à sua cabeça ao pensar em um prato tipicamente nordestino? Vamos juntos descobrir quais os principais ingredientes e preparações dessa rica culinária legitimamente brasileira! 
4.1. Principais ingredientes e pratos típicos da região nordeste 
A culinária nordestina possui ingredientes e preparações típicas de sua região e como já mencionado anteriormente, se diferem por estados e até mesmo por áreas, como diferenças significativa entre as estados banhados de litoral e aqueles em áreas secas e áridas do sertão nordestino. A gastronomia nordestina é muito conhecida e apreciada não só no Brasil, mas no mundo todo pelo seu sabor marcante e singular. Os principais ingredientes consumidos pelos nordestinos da região mais voltada ao mar, são: farinha de mandioca, feijão, carne de sol, rapadura, milho, azeite de dendê, frutos do mar e peixes. Já nas áreas do sertão nordestino, os mais importantes ingredientes da culinária são: carne bovina, caprina, leite, manteiga, feijão, batata doce, mandioca, legumes e frutas típicas da região. Certamente um dos ingredientes mais típicos da culinária nordestina é a pimenta, que tem sua presença em uma boa parte dos pratos típicos. Além dessa especiaria, podemos citar outros alimentos utilizados com frequência no cardápio dos nordestinos, como os frutos da região: goiabas, caju, banana, manga, jaca, araçá, mangaba, sapoti, umbu, cajá e graviola. Não podemos deixar de mencionar que do fruto do caju se faz o uso de sua castanha, muito consumida torrada e conhecida como a castanha de caju. 
 Alguns ingredientes trazidos por imigrantes como o coco, que é utilizado em várias preparações e vieram parar nessa região do país pelas mãos dos portugueses. Do coco, se extrai o sumo necessário para a produção de seu leite, ingrediente muito utilizado na cozinha nordestina, como, por exemplo, no prato típico do bobó de camarão. Outro ingrediente comum da região nordeste é o azeite de dendê, sendo muito utilizado na culinária local, especialmente na cozinha baiana, onde teremos um capítulo à parte para tratar, devido a sua importância para a cozinha nordestina. Esse óleo possui cor alaranjada, que ajuda na coloração dos pratos e na formação do aroma e com sabor singular, foi trazido pelos africanos, junto com a pimenta malagueta. O feijão está presente na culinária da região e possui uma variedade de espécies, como o feijão verde, de corda, vermelho e o fradinho que é o mais utilizado. O queijo de coalho é um produto legitimamente sertanejo no nordeste e é elaborado de forma artesanal, facilmente encontrado nos estados do Pernambuco, Paraíba, Ceará e do Rio Grande do Norte. A manteiga de garrafa, um tipo de produto com textura líquida, é muito encontrado em feiras livres da região e faz parte da maior parte dos pratos típicos do nordeste. (Ministério do Turismo, 2013). 
Os principais pratos da culinária do nordeste são; 
· Buchada: receita elaborada a partir das vísceras do bode, sendo posteriormente sua cocção feita dentro do estômago (bucho) do animal,possui um sabor e uma consistência forte. 
· Carne de sol com pirão de coalho: carne de sol elaborada 
com pirão feito a base de queijo de coalho, leite, manteiga de garrafa e farinha de mandioca. 
· Baião de dois: preparação elaborada com feijão verde ou fradinho, misturado ao arroz branco, carne seca ou de sol e queijo coalho, servida juntamente com a típica manteiga de garrafa. 
· Paçoca de carne seca: preparação elaborada à partir do 
uso de farinha de mandioca, carne seca moída e temperada com cebola. 
Geralmente servida com banana e costuma acompanhar o baião de dois. 
 	 
· Cuscuz: prato elaborada com o uso da base do flocos de 
milho e possui diversos tipos de receitas, sendo utilizado a mistura com sardinha, ovos e molho de bacalhau. 
· Tapioca: utiliza-se da goma da mandioca para preparo da massa em formato de disco, que são recheadas com ingredientes doces ou salgados. 
· Acarajé: um típico bolinho feito à base de feijão fradinho 
e frito em azeite de dendê. Recheado com o vatapá, caruru e molho de pimenta. 
· Moqueca: ensopado de peixe com leite de coco, azeite 
de dendê, pimenta e coentro. 
· Caldo de Sururu: sopa à base de mariscos, com leite de 
coco e azeite dendê. 
· Caldo de Mocotó: sopa feita à base da patas do boi, de 
onde se extrai o caldo do mocotó, e o preparo é servido bem quente. 
· Dobradinha: Prato elaborado com o uso de feijão branco 
e bucho de boi. 
· Sarapatel: O preparo desse prato varia conforme a região e seu estado, mas comumente é preparado com o uso de vísceras de porcos, carneiros ou bode, sendo engrossado com o uso de sangue de animais. É servido com farinha e pimenta. 
· Vatapá: nesse caso a receita também sofre variações, sendo elaborado um creme de camarão com pão, farinha de rosca ou fubá, amendoim, castanha de caju, pimenta, leite de coco e azeite dendê. 
· Caruru: é um pirão que nada mais é do que uma farinha 
de mandioca misturada a algum tipo de caldo, onde se mistura quiabo, camarões, temperos verdes e azeite de dendê. 
 
Foto 3 : Acarajé 
Você sabia? Você sabia que o acarajé é frito em azeite de dendê? Esse óleo é típico brasileiro e produzido através do fruto do dendezeiro. 
Síntese 
Nessa primeira unidade de estudos da formação da cozinha brasileira, demos ênfase às regiões norte e nordeste do país. Sendo que podemos destacar alguns pontos relevantes da nossa culinária, como a mistura que a nossa gastronomia possui em relação às fortes influências geradas pelos povos que habitavam o país (indígenas), pelos nossos colonizadores (europeus) e pela forte diáspora de africanos. Influenciando esses fatores também os ingredientes únicos que permitem elaborar as preparações típicas da região norte e nordeste e o uso de utensílios, técnicas culinárias específicas e costumes de cada povo. 
Nesta unidade você teve a oportunidade de compreender: 
· A miscigenação da cozinha brasileira, com influência direta de três grandes povos: europeus, indígenas e africanos; 
· A influência dos indígenas, brancos e negros, com maior ênfase na cultura e nos ingredientes dos brancos, que detinham maior poder devido sua posição econômica e social no Brasil; 
· Um dos principais ingredientes na culinária brasileira é a mandioca, podendo ser consumida cozida ou já processada como farinha, esse alimento foi introduzido na cozinha brasileira através dos povos indígenas; 
· Os alimentos típicos da região norte e nordeste fortalecem a cultura e o modo de viver de seus habitantes. 
 
 	 
Bibliografia 
CARNEIRO. Henrique. Comida e sociedade: significados sociais na história da alimentação. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/historia/article/view/4640>. 
Acesso em: 14 jun. 2019. 
CASCUDO, Luis da Camara. A História da Alimentação No Brasil. 4ª. Ed. São Paulo. 
Global. 2011. 
MACIEL. Maria Eunice. Uma cozinha à brasileira: Cultura; Alimentação; Identidade. Disponivel em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2217>. 
Acesso em: 14 jun 2019. 
MINISTÉRIO DO TURISMO. O Norte do Brasil e a gastronomia: influência indígena e dos rios. Disponível em: <http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/o-norte-dobrasil-e-a-gastronomia-influencia-indigena-e-dos-rios>. Acesso em 14 jun 2019. 
MINISTÉRIO DO TURISMO. A rica gastronomia do nordeste. Disponível em: <http://www.copa2014.gov.br/pt-br/brasilecopa/cultura/nordeste>. Acesso em 14 jun 2019. 
MINTZ, Sidney W. Comida e Antropologia: Uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Volume 16 - n° 47, 2001. 
RODRIGUES, Jaime. “De farinha, bendito seja Deus, estamos por agora muito bem”: uma história da mandioca em perspectiva atlântica. Revista Brasileira de História. vol.37 no.75 São Paulo.May/Aug. 2017. Acesso em 14 jun 2019. 
Referências imagéticas: 
Figura 1: PIXABAY. Fotografia de um ramo de urucum. Disponível em: https://pixabay.com/pt/images/search/urucum/. Acesso em 14 jun 2019. 
Figura 2: PIXABAY. Fotografia de um preparo típico do açaí do Brasil. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/a%C3%A7a%C3%AD-tigela-de-a%C3%A7a%C3%ADa%C3%A7a%C3%AD-brasil-2709077/. Acesso em 14 jun 2019. 
Figura 3: PIXABAY. Fotografia de um preparo típico de acarajé. Disponível em: 
https://pixabay.com/pt/photos/comida-t%C3%ADpica-comida-baianaacaraj%C3%A9-2737065/. Acesso em 14 jun 2019.

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