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Técnicas de contar histórias

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1
Técnicas de contar
UM GUIA PARA DESENVOLVER AS SUAS HABILIDADES E OBTER SUCESSO NA APRESENTAÇÂO DE UMA 
HISTÓRIA
2
Técnicas de contar histórias
3
Coordenação Geral: Vania D'Angelo Dohme
Teoria
Vania D'Angelo Dohme
Histórias:
O urso do final do arco-íris
Boa ação
Vovó sapateadora
O pote de Baiaré
Autoria.:Vania DAngelo Dohme
A caixa de Pandora
O rei Midas
O rei nu
A lenda do Tsuru
Domínio público
O mágico de Oz
Autoria: l. Frank Baum
Os saltimbancos
Autoria: Irmãos Grimm
O aguilhão do rei Kotick
Reproduzido da obra "O livro da Selva" de autoria de Rudyard Kipling com autorização da Editora Melhoramentos lida
Adaptações: Vania D'Angelo Dohme
Projetos
Vania DAngelo Dohme
Walter Dohme
Desenhos
Walter Dohme
Diagramação & Produção
Dohme Propaganda
Revisão
Doris & Roland Kõrber
Maria Lucia Meirelles Reis
Produção de fotos
Antonio Ruiz
Capa
Cledson Soares de Carvalho
Walter Dohme
Fotos
Sergio Tegon
4
Fotolito
SM Fotolito
A todas as pessoas relacionadas abaixo que comigo viveram as grandes emoções do curso "Técnicas de Contar 
Histórias". Elas foram o incentivo e a razão para a realização deste livro. Mais do que isso, muitas delas, 
contribuíram com sugestões e idéias.
A todos o meu agradecimento e carinho.
Adriana Chaves da Silva Adriana Cristina R. Lopes Adriana F, da Rocha Adriana Moreira dos Santos Adriana Regina 
Lopes Nunes Adriana S. P. Gorgozinho Alda de Oliveira Silva Alessandra Gafanovitch Udlis Alfredo Alexandre S. 
Santos Alice Meira dos Santos Aline Aparecida P Eugênio Aline de Lima Santos Altair João Mossi Alzira Pelais dos 
Santos Amanda Batista de O. Santos Amanda F. G. Uehara Amanda Herrera Ana Claudia G. N. Montanari Ana Kazumi 
Shimozato Ana Luisa Fulan Dal Bom Ana Maria Cordeiro Ana Mana Oliveira Pinto Ana Maria Rodrigues Ana Paula 
Belinário Ana Paula Gosta Ana Paula Favaro Ana Paula M. 1). J. Gregório Ana Paula Maria da Silva Anderson Almeida 
Batista Andréa Alves dos Santos Andréa Charan Andréa Guimarães Andréa Rejane C. Silva Andreza de Moraes Carlota 
Angela Ap. O. Nascimento Angela Bassin Silbestyen Angela Maria Candida Angela Raquel Piccolo Anna Paula Alves 
M. Vieira Antonia P. da Silva Monier Antonia Regina Q. de Oliveira Antonio de Pádua Peixoto Anísia Sukadolnik 
Aparecida C. de Oliveira Aparecida Maria da Silva Aparecida Neto Cano Aparecida Silmara de Oliveira
Bárbara Cristine da Silva Diaz Bárbara Dalcanale Meneses Batia Mandelbaun Berenice Ap. R. de Olheira Bernadete de 
Moraes e Silva Camila Artoni Gonçalves Camila Castanho Sant'Ana Carla Damiana Chada Dentini Carla Diament 
Carlos Sereno Carmem Barreira Carmem R. Garcia de Lima Cássia Aparecida Gonçalves Cecília Helena A. Prado Célia 
Cristina Novato Célia Machado Azevedo Célia Regina de Godoy Chaim Nitzky Charles Alexandre de Santana Cícera 
Ferreira Bispo Claudia Afonso Lima Cardoso Claudinete G. de Lira Silva Claudinete Santos Rocha Cláudio Casotti de 
Campos Cleonice Barros Silveira Cleonice de Jesus Santos Cleuza de Rezende Cliciê R. Resende Azevedo Conceição A. 
T. Rozendo Coquelin A. Leal Neto Cristiane Bueno Terzi Cristiane Câmara Soares Silva Cristiane Cociuffo Cristiane 
Demetre P. Bacci Cristine Lins Cynthia Costa Dagoberto R. Golovattei Daniela Aparecida Pereira Daniela H. Arnarim 
Daniela Leal Daniela Tomaz Luz Danielle Cristina Paes Darlene Soares da Rocha Davi Mendes Débora Cristina C.S. 
Venâncio Débora Freund Débora Prado Lopes Débora Ribeiro Amaral Deise Lúcia M. dos Santos Deise Maia Tebaldi 
Pedro Denildes Araújo Grosso Denise B. B. Bissacot Diana Francisca da Silva Dilza Ilza Pereira Silva Djanira Pedroso 
Macedo Duxtei Vinhas Itavo Edcarlos P. do Nascimento Édina Ferreira de Oliveira Edinaura Arcanjo Barcelos Edleusa 
Santos da Purificação Elaine Andrade Rocha Elaine Cristina de Barulos Elaine Cristina Isaac Elaine Guastalla Augusto 
Elaine Rodrigues de Almeida Élcio Aparecido Pires de Assis Eledinalva Simões dos Santos Eliana Pereira Machado 
Eliane Sá da Silva Andrade Elisabete Amaral C. Moura Elisabete Moreira Cavicchio Elisangela B. Baêsso Elisangela da 
Silva Neves Elisangela Medeiros Carneiro Elizabete M. de Mello Szana Elizabeth Ferreira Elizabeth Pedroso E Pereira 
Erica Maiara Biazotto Érika Jeke de Freitas Eunice Pinheiro de Lima Eva S. Zelloskraut Fabiana Barbosa Gonçalves 
Fabiana Fioreti Frigene Fabiana Gomes dos Santos Fábio Roberto M. Santos Fabiola B. Moreira Jacinto Fátima Irene 
Marques Palesi Fernanda Amaral Almeida Fernanda Juvanteny Rocha Francisco Salomão Junior Genilda Doas dos 
Santos Geovana Ribeiro P. Soares Gerson Peixe Gislaine Cristina Candido Graziela Zlotnik Chebaibar Gustavo Pires de 
Oliveira Helayne Peres Cardoso Heloísa G. M. Zulian Heloísa Oléa Granito Helvécio Ribeiro Pinto Indira Baptista da 
Silva Iracema T. de Lima Conceição Irene dos Santos Irene Vidotto Vianna Ireni Pereira da Silva
file:///C:/Users/Coorden??o Pedag?gic/lmeida
5
Irineo Carlos de Almeida Irma Carvalho Palmeira Isabel Maria J. Simões Ivone Alves Babilônia Ivone Bellotti
lvoneth S. Malaquias Izilda P Matsunaga Janete Ap. da Silva Joaquim Ferreira Magalhães José Paulo Comes Filho 
Joselma T. Albuquerque Josiane do Rocio Franco Josiane Leite Bizarri Josiane Patrícia P Paixão Josiane Q. Borrasqui 
Josiney Barbosa Júdice Judete Maria Scaburi Sasse Juliana Albuquerque Melo Juliana Ap. Teixeira da Cinz Juliana 
Cristina Domingues Juliana Neves Fernandes Juliana R. C. M. Chaves Juliana R. Chiavone Jusmari do Carmo Gumiero 
Kamila Góes Papa Kátia Regian Possendoro Keila Moysés Betagna Keli Cristina Fabrício Maria do Carmo Pina Laila 
Nicolau Maria do Carmo Z. Mezzarapa Lenira Maria Borges A. Calio Maria Eduarda Eluf Welsch Lenita de Abreu 
Pessoa Maria Elvira do Nascimento Leonardo de Andrade Vecchi Maria Helena Bueno Gurgel Leonor Fernandes Ramos 
Maria Henrique de Lima Lídia dos Santos Lourenço Maria Isabel Arieta Lídia F. F. de Campos Maria José Gomes de 
Moura Lídia Monteiro P. Santos Maria José Gonçalves Lígia Maria Pin Maria Julita Santos João I.ilian Amélia Corrêa 
Pereira Maria Laudice M. dos Santos Lilian Maria dos Santos Maria Lourdes de L. Almeida Lilian Pereira Maria Lúcia 
Bandeira da Silva Liliane Costa Maria Lúcia Dias de Barros Luanne Aparecida Rotta Maria Lúcia S. F. Arruda Lúbia 
Cristina R.O. Araya Maria Luiza Altoé Lemos Luciana Regina América Maria Luzimar F. Siebra Luciana Rodrigues da 
Costa Maria Núbia de Oliveira Lucilene Ferreira Pontes Maria Rita Barros Lucilene Silva dos Santos Maria Roberta 
Veiga Luisa Helena M. Pires Vila Maria Salma Silveira Santos Magda C. P de C. Lupinacci Maria Tereza Mallol M. 
Cruz Marcelo Ferreira Maria W. M. Vasconcelos Marcia Cordeiro de Barros Mariana Sanchez de Martins Marcia 
D'Angelo Marieta Castelli A. Duarte Marcia Freyberger Marília Silva dos Santos Marcia M. Gomes Pinheiro Marilís 
Maldonado de Moraes Mareia S. Pinto de Oliveira Marilu Cefalli Marcio Anastácio de Lima Marilvia Marcondes Marcio 
Aparecido R. Chaves Marinalva Nogueira Ciarelli Marcos Aurélio A. Valentim Mario de Ulhôa Cintra Maria Aparecida 
A. Tiengo Marisa R. J. Santana Maria Aparecida da Costa Marli Aparecida da Silva Maria Aparecida da Rocha Marli 
Becker dos Santos Maria Aparecida G. de Souza Marli Moysés Bertagna Maria Aparecida R. Camargo Marlne C. 
Barbosa Maria Aparecida S. Albertin Marly C. Figueiredo Maria Aríete Nelo de Oliveira Marose Leila e Silva Maria 
Aux. Amaral de Araújo Marta Muniz Barreto Maria Balbina Soares Maura de Souza Jovino Maria Benavente Tendeiro 
Maurício Duran Pereira Maria Claudia R. Souza Meire Brito Macedo Maria Cristina Merlo Mênfis Cristina Glória Mana 
Cristina Barbosa Reis Milânia Cezar da Cunha Maria Cristina do Vale Vieira Milena Cristini Tabossi Maria Cristina dos 
S. Saluti Milene Sipné Maria da Gloria V. Rodrigues Milton Gonçalves Chagas Maria Daniela C. Gimenez Miriam 
Fagundes da Cruz Maria de Fátima S. Oliveira Míriam PalmaMônica Alves da Silva Silvia Helena Madricardi Mônica 
B. Sterza Nicoletta Silvia Helena Vicente Mônica Edele Von Winckler Silvia Maria Davoli Mônica L. F. Guimarães 
Simoni Francini de Oliveira Neide Antunes Guimarães Simony de Sena Dotto Neide Maria Neto Sirlene R. Duarte 
Correia Neusa Cabra Lima Sonia Ap. de Lima Neusa de Souza Davi Sonia Minematsu Neusa Maria Marques Oliveira 
Suely Ferreira Lima Níobe A.S. Marengo Suzana da Cunha Lima Norma Alcântara A. Almeida Suzana S. Oliveira Odete 
Imaculada Artioli Tania de Mello Gimenes Olívia Volker Rauter Tania Lobato Neves Orlando N. de Lima Tatiana 
Bonfim Moreira Patrícia Bullara Rotundo Tatiana Costa Magro Patrícia Serafim Rodrigues Tatiana Maria Sanches Paula 
Cristina Lopes Tatiana Marques Cintra Priscilla Silva Dias Tatiana Pereira de Souza Rachel Vitor Cury Terezinha S. de 
Souza Regina Célia Cuiselini Terue Sonia Teramoto Regina Sznelwar Touna Anker Renata Cocato Costa Uilma R. 
Duarte Ferreira Renata Rocha Potaszinik Úrsula Aparecida de Paiva Renata Sampaio Simões Valdineuma O. S. 
Nascimento Renato Michelsohn Valdir dos Santos Rita de C. A. Dias Pinheiro Valdirene de Almeida Rita de Cássia 
Floriano Valéria Costa Guedis Silva Rita de Cássia N. Santana Valéria R. B. P. Serra Roberta Marangoni Vanda Sfiranda 
Roberta Queiros Lívia Vanessa Batista Roberta Yumi H. Bertune Vanessa M. D'Albuquerque Ronald Michelsohn 
Vanessa Pereira Damasceno Rosa Cristina de A. Perônico Vanessa Pereira Teixeira Rosana B. Baêsso Brunetti Vany F. 
6
Carnaval Rosana da Silva Vera Ap. Salgueiro Pereira Rosangela C. B. R. Dias Vera Lúcia Conceição Borges Rosaria 
Eliza da Silva Vera Lúcia F. Melo Roseli Aparecida Corrêa Virgínia Maria Silva Rosemeire Pola Viviana Bonfim 
Morena Rosineide J. do Nascimento Viviane Azeredo Noguchi Rozilene Ap. Vitor da Silva Viviane Emi Nakano Rúbia 
Silva Waléria M.C. de Carvalho Ruth de Souza Santos Walker Pedroza Rocha Sara Sales de Souza Walkyria Mendonça 
Mazzoni Selma Maria Santos Farici Wilma Trentin de Moraes Selma Mascarenhas Zenaide Fardini Soares Sérgio 
Fernando Ferraz Perez Ziete Ap. Lopes Sibele Tereran Miquelon Costa Zoica A. Caldeira Silvaria Vasconcelos Martins 
Zuleika Scatena Martins Cintra e em especial ao elenco Ana Lucia Carvalho, Dineli da Costa, Antonio de Pádua Peixoto, 
Edmundo Públio , Dineli da Costa, Flávia Gomes Cardozo, Samanta Dohme, Vanessa Dohme, Walter Dohme e 
wanderson Isaías Caetano.
7
ÍNDICE
8
Prólogo................................................05
Prefácio de Tatiana Belinky..............09
Prefácio de Valdir Cimino. ...............11
Como usar este livro...........................13
Teoria..................................................47
0 valor educacional das histórias......19
Transmissão de valores através das
histórias..............................................22
Estudando uma história..................26
Ficha descritiva (modelo)................33
Ficha descritiva (demonstração)....35
Fazendo a narração..........................37
Tirando maior proveito da voz.......40
Vivendo e suscitando emoções.......45
Recursos auxiliares............................50
Textos............................................... .53
O urso do final do arco-íris...............55
A caixa de Pandora...........................59
O aguilhão do rei................................63
Boa ação.............................................67
Kotick.................................................72
O mágico de Oz................................ 77
O rei Midas.........................................85
O rei nu...............................................88
Os saltimbancos.................................94
A lenda de Tsuru................................98
Vovó sapateadora.............................100
Recursos Auxiliares.......................... 107
Narração com efeitos especiais.......109
Narração interativa............................112
Maquete...............................................114
Bocão...................................................126
Radionovela........................................139
9
10
Técnicas de contar Histórias
Prefácio Um
A advogada Vania Dohme foi durante 12 anos Comissária Nacional de Lobinhos -escoteirinhos de 7 a 11 anos de idade. 
Uma atividade que fez aflorar a sua verdadeira vocação: educadora de crianças para a cidadania. Mesmo porque o 
Escotismo é por definição uma escola de cidadania, que privilegia, na base das suas atividades, a honra, a verdade, a 
solidariedade, a lealdade, a coragem — em suma, a essência do civismo e da ética nas relações humanas...
Mas o que isto tem a ver com a temática deste livro, cujo título é "Técnicas de Contar Histórias"? Tudo a ver. Neste livro, 
Vania ensina - e como ensina bem! - não só a arte milenar de contar histórias, mas de contá-las de maneira a fazê-las 
render o máximo das suas potencialidades. Isto é, sabendo como usar a voz, a expressão, o ritmo, o gesto - em suma, a 
"técnica" propriamente dita. E principalmente, a fazê-lo com amor, tanto pela própria arte, como pelos jovens ouvintes, o 
público (aliás, de qualquer idade), despertando seu interesse, prendendo a atenção e, last but not least, transmitindo 
valores -valores estéticos e éticos -oferecendo cultura e informação, com emoção, a serviço da formação harmoniosa do 
cidadão de amanhã.
Tudo isso com o auxílio fundamental de bons textos populares, folclóricos, literários, de varias origens. Sim, porque o 
livro de Vania traz uma rica seleção de textos, histórias acompanhadas de uma serie de elementos auxiliares, tais como 
dramatizações, adaptações, etc, para teatro de bonecos e marionetes, cineminha, rádio, teatro de sombras, sugestão de 
figurinos e outros recursos, com instruções para a sua realização, desenhos, diagramas e também jogos interativos - uma 
verdadeira riqueza...
Este é, sem dúvida, um livro de inestimável valor e utilidade para contadores de histórias profissionais ou semi-
profissionais (como os voluntários do programa Viva e Deixe Viver) e também "amadores" como pais, avôs, professores, 
educadores (que no fundo todos nós, que vivemos em contato com crianças e jovenzinhos, somos) — e até curiosos e 
interessados em geral.
Melhor do que aprender lendo e estudando este precioso livro, só mesmo assistindo a um dos cursos de capacitação de 
adultos, ministrados por Vania Dohme - mas isto já é outra história. 
Tatiana Belinky
11
Tatiana Belinky nasceu em S. Petersburgo, Rússia, em 1919 e aos dez anos de idade veio a São Paulo com sua família. 
Foi casada durante 50 anos com o já falecido Júlio de Gouveia, médico psiquiatra, terapeuta, educador, produtor e diretor 
de teatro. Em 1948 começou a fazer teatro para crianças, escrevendo e adaptando textos que o marido dirigia. Em 1951, 
com o advento da televisão, o casal passou a apresentar suas peças na TV Tupi - Canal 3, onde permaneceu até 1964. Os 
espetáculos eram apresentados ao vivo, com textos que Tatiana adaptava e traduzia da literatura nacional e estrangeira, 
um acervo estimado hoje em cerca de duas mil histórias.
F de sua autoria a primeira grande série adaptada para a televisão do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, 
com cerca de 360 capítulos.
Tatiana tem cerca de 100 livros publicados desde 1952 por diversas editoras. É tradutora profissional e poliglota, tendo 
ocupado diversos cargos importantes no cenário cultural brasileiro, cronista, articulista e crítica de literatura infantil e 
juvenil dos principais periódicos nacionais e justa merecedora de diversos prêmios de Teatro, Literatura e Televisão.
Tatiana Belinky e seu marido, Júlio de Gouveia, são indubitavelmente os grandes precursores da boa televisão infanto-
juvenil brasileira, que souberam usar este veículo como poucos, mesclando a fantasia e a arte com um propósito 
educacional cônscioe moderno, capaz de gerar efeitos pessoais e sociais positivos e construtivos.
Prefácio Dois
Desde 1997, quando virei um contador de histórias, tenho observado com especial interesse tudo o que está relacionado 
ao universo infantil. A tarefa de contar histórias inicialmente pareceu-me bastante complexa, mas com o tempo percebi 
que é possível aprender mais sobre ela, e torná-la não apenas mais simples como também mais responsável.
E foi justamente esse o aspecto que mais me sensibilizou no trabalho da Vania. Sensível, ela percebeu mais cedo que 
muitos de nós a importância de contar histórias e não economizou esforço para treinar os voluntários da Associação Viva 
e Deixe Viver.
Contar histórias para crianças até que é relativamente fácil. Mas exige do contador um real interesse nesse 
relacionamento. Mais que isso, exige respeito aos limites, às emoções e aos valores dessa criança. É preciso ainda estar 
disposto a ouvir atentamente. No entanto, há um obstáculo que pode tornar-se intransponível para alguns: é preciso voltar 
a ser criança.
Imaginem a importância dessa tarefa quando executada por voluntários, vindos das mais diferentes profissões, não 
remunerados, atuando em hospitais junto à crianças hospitalizadas!
Pois os contadores de histórias da nossa Associação são especializados nisso. Eles passam por um programa de 
treinamento no qual o pensamento de Vania está muito presente. Ela tem sido uma companheira séria que nos ajuda a 
treinar objetivamente os voluntários e buscar sempre a inter-relação entre os diversos públicos, o desenvolvimento de 
talentos, a motivação constante, o estímulo, a responsabilidade. Graças a esse comprometimento, conseguimos formar 
competentes contadores de histórias, que, através do seu bom humor, das leituras e das brincadeiras, reforçam a nossa 
missão: levar entretenimento e informação educacional para dentro dos hospitais.
Na era da globalização, quando o avanço tecnológico afasta mais e mais os indivíduos, recebo com entusiasmo a notícia 
deste livro, que nos remete de forma simples ao conceito inicial: ver o sorriso nos olhos de uma criança.
Valdir Cimino
12
Diretor - Presidente da Associação Viva e Deixe Viver.
A Associação Viva e Deixe Viver é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que conta com o apoio de voluntários para 
realizar sua missão: promover o entretenimento e a informação educacional, visando tomar a internação da criança no 
hospital e a vivência na sua casa de apoio um momento mais leve, agradável e alegre. Atualmente os principais recursos 
da Associação Viva e Deixe Viver são a leitura de obras infantis, as brincadeiras, a criatividade e o bom humor de seus 
voluntários.
www.vivaedeixeviver.org.br
Este livro tem um duplo objetivo. O primeiro é mostrar como as histórias podem ser importantes em um processo 
educacional. O segundo é dar dicas e apresentar projetos para que estas histórias possam ser contadas de uma forma 
atrativa, para que qualquer pessoa possa passar bem a mensagem.
Assim, ele constitui-se de três partes:
* Teoria
* Textos
* Recursos auxiliares: descrição e projetos
A primeira parte - Teoria, procura dar conta do primeiro objetivo: mostrar a importância e a utilidade educativa das 
histórias. Ela discorre sobre os aspectos que podem ser desenvolvidos na criança através das histórias, como a 
imaginação, criatividade e senso crítico, dando especial ênfase àqueles relativos à ética e à questão dos valores.
Aborda a importância de se estudar bem uma história para garantir uma boa performance, dando critérios para a escolha e 
um roteiro para o seu estudo. Enfatiza, em seguida, a importância das adaptações, para permitir que a história leve a 
mensagem desejada e esteja adequada ao recurso auxiliar que será utilizado. Este trabalho é auxiliado por uma ficha 
descritiva que apresenta estes diversos itens de forma ordenada, permitindo que o estudo flua com mais facilidade e que o 
seu arquivamento seja possível para futuras consultas.
Em seguida enfoca as habilidades que o contador deve observar e desenvolver. Como trabalhar a voz quanto à dicção, 
volume, velocidade, tonalidade e vocabulário. A importância da expressão corporal e facial, como trabalhar as imitações, 
elementos externos e como dar o "timing" certo à narração, tirando o máximo proveito das emoções que a história 
contém.
Finalmente, dá dicas de como fazer a narração: disposição do público, domínio das interrupções, etc. e introduz o uso dos 
recursos auxiliares que serão amplamente explorados na terceira parte deste livro.
A segunda parte traz onze histórias, mescladas entre conhecidas e inéditas. É importante observar que todas elas trazem 
uma mensagem educacional, voltada principalmente para valores éticos, e que a adaptação procura ressaltar isto. Assim, 
http://www.vivacdeixeviver.org.br/
13
o leitor poderá, através da sua leitura, observar como se desenvolve um enredo, dando ênfase adequada a fatores que irão 
compor a mensagem que se deseja transmitir.
Outra característica é que cada uma dessas histórias encontra-se relacionada a uma técnica de apresentação específica, 
descrita na terceira parte. O valor desses textos, além do conteúdo em si, é que todos eles estão adaptados a uma técnica 
de apresentação. Assim, o leitor poderá estudar as diferenças entre a adaptação de uma história que será apresentada 
através de fantoches e aquela adaptada para uma apresentação através de maquetes, por exemplo.
Abaixo dos títulos de cada história há referência ao recurso auxiliar para o qual ela foi escrita e a indicação da página 
respectiva em que descrição e projeto se encontram na parte três. É claro que o leitor não necessitará ater-se estritamente 
a isto e apresentar a história somente de acordo com esta indicação. Isto é apenas um auxílio para o estudo da história e 
formas de adaptação.
A terceira parte traz a descrição de onze recursos auxiliares, sendo eles: narração interativa, maquete, bocão, 
radionovela, fantoche, dramatização, velcômetro, teatro de sombras, dobradura, marionete e cineminha. Todos eles estão 
acompanhados do projeto de execução de todas as peças necessárias para uma apresentação.
() projeto de cada recurso auxiliar está adequado à cada uma das histórias contidas na segunda parte. É claro que eles 
poderão ser aplicados genericamente a qualquer história que o leitor desejar, mas a sua correlação a uma história 
específica facilita a compreensão, dando um exemplo do tipo de história apropriada a cada técnica e de como fazer 
adaptações eficientes.
Por exemplo, na história "O mágico de Oz" indicamos que ela é adequada para ser apresentada através de fantoches. 
Assim, na parte de projeto, quando falamos do recurso auxiliar fantoche, indicamos passo a passo como fazer o teatro e 
respectivos bonecos que fazem parte desta história.
É importante ressaltar que as técnicas de confecção são todas simples, dando-se preferência à praticidade e à economia. 
Cada um dos projetos poderá ser sofisticado ao gosto de cada artesão, mas a forma apresentada é suficiente para passar a 
mensagem e encantar as crianças.
Cada um dos recursos é acompanhado de uma ficha técnica em que ele é minuciosamente estudado. Esta ficha dá 
indicações de como fazer as adaptações para esta técnica, para que tipo de enredo ela é adequada, quais as habilidades 
que o operador precisa ter, quais os recursos adicionais que podem ser inseridos, dicas sobre o local e número de pessoas 
ideais para a apresentação. A comparação entre as diversas fichas técnicas e as fichas descritivas de cada história dará um 
excelente panorama ao contador sobre qual recurso escolher para cada história, como fazer as adaptações e os diversos 
preparativos.
As adaptações feitas em cada história não se aplicam exclusivamente a uma técnica, muitas delas poderão ser usadas em 
técnicas semelhantes;por exemplo, a técnica empregada para fazer apresentações através de fantoches é muito parecida 
14
com a técnica das sombras, de forma que o texto escrito para "O mágico de Oz" pode ser apresentado em teatro de 
sombras sem qualquer alteração.
Após ter tomado contato com as recomendações da parte teórica e com cada história e seu projeto, o leitor estará apto a 
fazer as mais variadas combinações entre as histórias da segunda parte e os recursos apresentados na terceira, incluindo 
outras histórias que fazem parte ou venham a fazer parte de seu acervo.
Contar histórias é uma arte, não há dúvida, mas é arte que pode ser desenvolvida. Mesmo por que não há nada que não se 
possa alcançar com dedicação e estudo. Assim, pretendemos que este livro seja muito mais do que um guia, mas uma 
fonte inesgotável de consulta e incentivo para aqueles que acreditam na magia da fantasia e que tem o dom de 
transformá-la em "realidade".
15
16
O valor educacional das histórias
As histórias são excelentes ferramentas de trabalho na tarefa de educar e vários motivos existem para isso:
* as crianças gostam muito
* levam a uma empatia com os alunos
* a variedade de temas é praticamente inesgotável
* pouca exigência de recursos materiais para sua aplicação
* os vários aspectos educacionais que podem ser focados
Por meio dos exemplos contidos nas histórias, as crianças adquirem maior vivência. O contato com os impulsos 
emocionais, as reações e os instintos comuns aos seres humanos e o reconhecimento dos fatos e efeitos causados por 
estes impulsos são exemplos de vicia.
Histórias são bastante úteis para trabalhar os seguintes aspectos internos da criança :
* Caráter: Histórias escolhidas de feitos heróicos, conteúdos que encerram lições de vida, fábulas em que o bem 
prevalece sobre o mal são lições que as crianças absorvem. Por meio das histórias, os meninos defrontam-se com 
situações fictícias e percebem as várias alternativas que elas oferecem, podendo antever as conseqüências que a decisão 
por cada uma delas trará. Com isso adquirem vivência e referências para montar os seus próprios valores.
* Raciocínio: As histórias mais elaboradas, de enredos intrigantes, agitam o raciocínio das crianças, que as acompanham 
mentalmente, interrogando-se como agiriam naquela situação.
* Imaginação: Os meninos ouvem atentos as narrações e com isso acompanham-nas mentalmente. Desta forma 
consegue-se situações verdadeiramente formidáveis! Com elas podemos transitar pelo tempo e o espaço, estando ora na 
pré-história, ora pisando em galáxias estranhas. Podemos "bater um papo" com Hércules, participar de rituais indígenas 
ou conhecer a selva. Nas histórias tudo é possível!
O exercício da imaginação traz grande proveito às crianças, primeiro porque atende a uma necessidade muito grande que 
elas têm de imaginar. As fantasias não são somente um passatempo; elas ajudam na formação da personalidade na 
medida em que possibilitam fazer conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa seria "desta" ou "de outra 
forma".
* Criatividade: Uma vez que a criatividade é diretamente proporcional à quantidade de referências que cada um possui, 
quanto mais "viagens" a imaginação fizer, tanto mais aumentará o "arquivo referencial" e, consequentemente, a 
criatividade.
As histórias aumentam o horizonte dos ouvintes, com elas: eles "conhecem a China", "pisam na Lua", voam através do 
tempo, da pré-história aos dias de hoje, travam conhecimento com fadas, duendes, monstros e heróis.
Estas emoções semeiam a imaginação e estimulam a criatividade.
* Senso Crítico: A cada dia que passa assistimos abismados à falta de senso crítico nos indivíduos. Aumenta a procura 
de elementos massificações, tais como grifes e modismos, tolhendo e até envergonhando o indivíduo de ter as suas 
próprias idéias.
É preciso que as pessoas tenham olhos para ver a realidade da sociedade que as cerca, identificando as atitudes que levam 
à prosperidade, para incentivar estas e reprimir as danosas, e saber manejar as suas opiniões, para que em conjunto com o 
pensamento dos demais, possam ter uma vida útil e feliz.
17
As histórias atuam como ferramentas de grande valia na construção desse senso crítico, porque por meio delas os alunos 
tomam conhecimento de situações alheias ã sua realidade, uma vez que podem "navegar" em diferentes culatras, classes 
sociais, raças e costumes.
A visão de outras realidades fará com que vejam "os dois lados de uma mesma moeda", gerando tomadas de posições e 
construindo uma personalidade ativa.
* Disciplina: É entendida como aceita e praticada espontaneamente pela criança e não como algo imposto 
inquestionavelmente pelo educador.
No momento que trabalhamos com algo que a criança realmente gosta, que sente que foi preparado com carinho para ela, 
as chances de ter uma postura atenta e participativa aumentam muito.
Ela não irá gritar ou fazer algazarra se tiver algo muito mais interessante para fazer: ouvir uma história!
Algo que ela espera ser interessante, porque confia que foi preparado especialmente para ela e para o seu grupo.
A situação fará a criança perceber que existe momento para tudo: brincar, se divertir e também para prestar atenção, e o 
que é melhor: que vale a pena prestar atenção!
Isto contribuirá para o aumento de sua capacidade de concentração e para o desenvolvimento de uma atitude crítica em 
relação ao seu comportamento e ao dos demais, ou seja: levará a uma disciplina consciente e assumida pela própria 
criança.
Transmissão de valores através das histórias
Os valores são fundamentos universais que regem a conduta humana. São elementos essenciais para viver em constante 
evolução, baseada no autoconhecimento em direção a uma vicia construtiva, satisfatória, em harmonia e cooperação com 
os demais.
Fazer uma análise de quais valores desejaríamos passar por meio de um processo educacional demandaria uma maior 
reflexão, mas algumas indagações podem ser feitas:
• Quais os valores que me importam? O que é importante para mim como educador?
• Que tipo de valores eu reconheço como importante nos demais?
• Quais deles eu gostaria de poder ajudar a construir?
• Quais são adequados a uma criança?
• Quais deles eu posso transmitir por meio de um processo educacional, levando em conta os meus recursos materiais e 
humanos?
As respostas não serão iguais de uma pessoa para outra, mas certamente muito semelhantes. De um modo geral, começar 
a preocupar-se com a transmissão de valores é o grande passo, o envolvimento com a matéria será natural e a satisfação 
que o retorno das crianças proporcionará será uma mola propulsora para o constante desenvolvimento no trabalho com 
valores na educação.
Alguns autores dão algumas sugestões que podem servir de base para reflexão e escolha. De qualquer forma a eleição de 
determinado valor não deve ser um processo isolado. Ela deve fazer parte de um planejamento em que se levam em conta 
as características dos alunos, o conjunto de objetivos educacionais e os recursos disponíveis. Na medida do possível, a 
participação dos pais no processo de escolha e o envolvimento na aplicação são altamente desejáveis.
Vejamos alguns valores que podem ser trabalhados com crianças:
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* Alegria: Boa disposição para fazer as coisas. Propensão a ver e mostrar o lado divertido das coisas.
* Amor: Desejar o bem para outras pessoas. Ter apego às suas produções e bens, ao meio em que se vive e às pessoas.
* Compartilhar: Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o legítimo desejo das outras pessoas 
usufruírem igualmente de pertences ou oportunidades.
* Confiabilidade: Ter uma conduta constante e verdadeira, capaz de conquistar crédito de um bom procedimento.
* Cooperação: Capacidade de atuar com outras pessoas de forma consistente e produtiva.
* Coragem: Resolução, perseverança,constância e firmeza perante situações novas ou desafiantes.
* Cortesia: Ser afável, atento e bem-educado.
* Disciplina: Obedecer a ordens preestabelecidas, combinadas e anteriormente aceitas. Capacidade de praticar atos que 
resultem no aprimoramento de si próprio ou de sua comunidade
* Honestidade: Apropriar-se exclusivamente do que lhe pertence. Conhecer os limites de suas propriedades em relação 
às de outras pessoas. Ter atitudes coerentes com o seu pensamento e suas convicções. Compartilhar os seus sentimentos 
de forma verdadeira.
* Igualdade: Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater a preconceitos e tratar todas as pessoas 
da mesma forma.
* Justiça: Capacidade de fazer julgamentos desassociados de seus próprios interesses. Ter sensibilidade e 
disponibilidade para ouvir e entender as razões que levam outra pessoa a determinada conduta. Capacidade de dar a cada 
um o que lhe pertence.
* Lealdade: Amor e fidelidade à verdade. Incapacidade de trair, falsear ou enganar.
* Limpeza: Reconhecer os benefícios da limpeza interna e externa. Ter atitudes para obtê-las.
* Misericórdia: Reconhecimento e compaixão pelas necessidades alheias. Aceitação e compreensão das limitações dos 
demais.
* Paciência: Ter resistência para suportar os reveses. Tranquilidade para esperar. Aceitar as características e limitações 
dos demais. Entender que cada um tem o seu "ritmo" e saber conviver com isso.
* Paz: Capacidade de reconhecer os benefícios da harmonia e trabalhar em prol dela.
* Respeito: Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas opiniões e atitudes.
* Responsabilidade: Estar consciente de suas obrigações e disposto a trabalhar por elas. Estar comprometido com aquilo 
que afirma e com a forma com que se comporta.
* Solicitude: Estar disposto a ajudar e a fazer favores, prestar voluntariamente um serviço ao próximo.
* Tolerância: Respeito e consideração pelas opiniões e atitudes dos demais.
Nota: Não existindo a pretensão de encontrar uma hierarquia para classificação dos valores citados, os mesmos 
encontram-se em ordem alfabética.
As histórias são úteis na transmissão de valores por que dão razão de ser aos comportamentos humanos. Tratam de 
questões abstratas, difíceis de serem compreendidas pelas crianças quando isoladas de um contexto.
A criança é incapaz de raciocinar no abstrato. Assim, virtudes, maus hábitos, defeitos ou esforços louváveis que 
interferem no comportamento social do indivíduo, gerando conseqüências na sua vida, não podem ser entendidos com 
esta clareza pelas crianças. Falta referencial capaz de associar uma questão de comportamento a um fato: Fulano agiu 
assim e deu-se mal... a falta de lealdade de Beltrano fez a verdade vir à tona...
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Se nós adultos, com tanta vivência, muitas vezes nos perdemos na tentativa de associar tendências a fatos, tendo 
dificuldade de prever se determinada atitude levará à melhor situação, o que pensar das crianças com pouca experiência e 
com um mundo todo a descobrir!
A história trará este referencial, transformará o abstrato em concreto.
Toda vez que Pinochio dizia uma mentira, o seu nariz crescia.
A cigarra cantou no verão, mas chorou no inverno.
Na história de Mowgli, o povo-macaco sem lei e disciplina aparentemente só brincava, mas padecia de fome e doenças.
A perseverante e lenta tartaruga venceu a lebre.
A história traz o abstrato ao entendimento das crianças, e com isso municia-as com experiências que aumentarão a sua 
vivência, aumentando suas possibilidades dentro do relacionamento social.
O trabalho com estas figuras que sintetizam uma série de conceitos também proporcionará ao educador um maior 
conhecimento das suas crianças, que, expressando suas opiniões dentro do concreto que é a temática da própria história, 
manifestarão os sentimentos abstratos que povoam o seu íntimo.
Em última análise, as histórias ensinam a criança a crescer e a pensar.
Estudando uma história
1 - A escolha
É preciso muito esforço e dedicação para estudar o mundo a que pertencem nossas crianças.
O excesso de apelos a que a criança está sujeita nos dias de hoje faz com que diversas outras fantasias despontem no seu 
cenário (infelizmente quase nenhuma delas objetivando construir algo positivo no comportamento da criança) e nós não 
podemos ficar indiferentes a essa situação.
Temos de pesquisar, ler literatura especializada, feita para elas, conhecer seus heróis, sejam eles pertencentes aos 
desenhos animados ou histórias em quadrinhos, assistir a filmes, conhecer suas brincadeiras e preferências. É só desta 
forma que saberemos escolher, dentro de um repertório conhecido, qual história se adapta àquele comportamento que 
desejamos (ou precisamos) abordar.
A pesquisa, o teste e o treino farão com que de uma história se chegue a outra e, com alguma habilidade e dedicação, 
estaremos aptos a fazer adaptações à técnica desejada ou mesmo criar nossas próprias histórias.
Quanto ao tema podemos recorrer a diversas fontes:
* história de fadas, que usam a fantasia
* fábulas
* lendas folclóricas
* passagens bíblicas
* fatos históricos
* fatos do cotidiano
* narrativas de aventuras
Para orientar a escolha dos textos úteis é importante saber exatamente os assuntos preferidos relacionados às faixas 
etárias:
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Até 3 anos: Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com características humanas (falam, usam roupa, tem hábitos 
humanos), histórias cujos personagens são crianças.
Entre 3 e 6 anos: Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos inesperados e repetitivos, histórias cujos 
personagens são crianças ou animais.
7 anos: Aventuras no ambiente conhecido (a escola, o bairro, a família, etc), histórias de fadas. fábulas.
8 anos: Histórias que utilizam a fantasia de forma mais elaborada, histórias vinculadas à realidade.
9 anos: Aventuras em ambientes longínquos (selva, oriente, fundo do mar, outros planetas), histórias de fadas com 
enredo mais elaborado, histórias humorísticas, aventuras, narrativas ele viagens, explorações, invenções.
10 a 12 anos: Narrativas de viagens, explorações, invenções, mitos e lendas. 2 - A compreensão aprofundada
Uma vez escolhida a história escrita em um livro, que faça parte de uma gravação, de um filme, um trecho histórico, 
enfim, de nossa fonte de pesquisa, é necessário estudá-la para ter elementos para preparar a narração, fazer adaptações, 
escolher se serão utilizados recursos auxiliares e, sendo este o caso, qual é a melhor técnica.
Às vezes pode acontecer de termos mais de uma fonte de pesquisa, em que cada narrativa apresenta peculiaridades 
próprias, sendo iguais na sua essência mas divergindo em detalhes. Neste caso, poderemos escolher uma das versões ou 
fazer uma média das versões, ressaltando os elementos que preferimos ou que melhor aproveitam a mensagem 
educacional que ela encerra.
Para estudar uma história é preciso, em primeiro lugar, divertir-se com ela, captar a mensagem que nela está implícita e, 
em seguida, após algumas leituras, identificar os seus elementos essenciais.
A ficha que apresentamos no final deste capítulo auxilia o estudo de uma história. O preenchimento de cada tópico 
permitirá uma análise do que ressaltar, quais são os elementos que realmente interferem na sucessão de fatos e quais são 
acessórios.
2a - Estudo dos elementos da história
Os seguintes elementos devem ser destacados pois influem diretamente na trama, na forma da narração, na identificação 
do público a que se destina e na escolha da técnica de apresentação. São eles:
* Enredo
*Personagens principais, secundários e supérfluos e Ambiente (local, época, civilização)
* Cenários (quantas cenas são necessárias para o seu desenvolvimento)
* Mensagem e conteúdo educacional
Estes elementos também indicarão onde estão as dificuldades para a produção de caracterizações e cenáriose quais 
pontos podemos explorar para dar um colorido especial.
2b - O fluxo do enredo
Uma história pode ser compreendida em 4 partes:
* Introdução
* Enredo
* Ponto Culminante
* Desfecho
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* Introdução: É o que situará os ouvintes no tempo e no espaço e apresenta os principais personagens. Deve ser clara, 
sucinta, curta mas suficiente para esclarecer os elementos que comporão a história. Se a versão original não satisfizer 
todos os requisitos, caberá ao narrador complementá-la com alguma pesquisa ou mesmo com a sua imaginação.
No verão, as focas corriam para a ilha de Saint Paul, situada no Pacífico norte, para que as fêmeas dessem cria. A praia 
ficava superpovoada e era o palco ideal para que homens impiedosos e gananciosos caçassem as focas jovens para vender 
suas peles. Neste cenário é que nasce Kotick, a foca branca.
* Enredo: A sucessão de episódios, os conflitos que surgem e a ação dos personagens formam o enredo. É importante 
destacar o que é essencial e o que são detalhes.
O essencial deve ser rigorosamente respeitado, já os detalhes podem variar conforme a criatividade do narrador, a 
situação que se deseja abordar, as facilidades ou limitações da técnica usada ou mesmo o tipo de audiência.
Às vezes encontramos histórias muito boas para as crianças, mas que trazem uma linguagem árida, difícil para a sua 
compreensão. Neste caso, é preciso "captar" o essencial da história, a sucessão de fatos que levará à mensagem, para 
poder transportá-la para uma linguagem que possa ser entendida. Tomemos por exemplo "Kotick": o que é importante?
* A praia era superpovoada.
* Os chefes de família (focas machos) precisavam brigar muito para conseguir um bom lugar.
* O pai de Kotick era um deles.
* As focas jovens (por terem a pele ainda intacta) eram caçadas impiedosamente pelos homens para que estes depois 
vendessem suas peles.
* Kotick não corria perigo por ser branco e os homens terem medo, por acreditar que ele fosse "de outro mundo”.
* As focas ficavam conformadas com esta situação e, mesmo correndo perigo, sempre voltavam para a
mesma praia.
* A preocupação de Kotick com o fato que o leva a conversar com o Leão Marinho e ser aconselhado.
* A sua incansável busca pelos mares.
Já o encontro com o elefante marinho e com a gaivota, o fato de Kotick voltar para a família todos os anos e de estar 
comprometido com um casamento são detalhes e não prejudicam o entendimento da história quando omitidos. A 
descrição do massacre das focas e as peripécias de Kotick no mar recebem a ênfase que o narrador quiser dar, 
valorizando os aspectos que julga mais importantes de acordo com suas próprias características, o tempo que tem para a 
narração e o grau de compreensão de sua platéia.
* Ponto Culminante: Em uma história bem produzida, o ponto culminante surge como uma consequência natural dos 
fatos arrolados de forma ordenada e sucessiva.
Uma história poderá conter vários pontos de emoção. Ainda em "Kotick":
* A foca branca encontrará a praia ideal?
* As demais focas a seguirão ou ele será desacreditado, perdendo todos os seus esforços?
Mas, indubitavelmente, é no momento da luta que está o clímax da questão.
O narrador deverá estudar a intensidade da emoção em cada fato e as estratégias para despertar as sensações desejadas. 
Porém o ponto culminante deverá merecer atenção especial.
* Desfecho: A história, seguindo num crescendo, atingiu o ponto culminante e agora só resta terminá-la!
Uma semana mais tarde, um exército de aproximadamente dez mil focas partiu para atravessar o túnel das vacas 
marinhas, em busca da praia que nenhum homem jamais pisara.
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A conclusão deverá ser simples, preferivelmente sem fazer alusão à moral da história ou às lições que ela encerra. Uma 
boa narração expõe a conclusão: cabe aos ouvintes encontrá-la. Pode-se usar depois da narração uma técnica de debate 
sobre a história, mas isto seria outra atividade.
No estudo da história, deve-se identificar estas quatro fases, a fim de dar o tratamento adequado a cada uma. É útil fazer 
um resumo de cada uma delas por meio do preenchimento dos espaços correspondentes na ficha descritiva de cada 
história. Esta sinopse servirá de base para o treino da narração. Seria ideal que a história estivesse bem preparada, para 
que a ficha fosse dispensável no momento da narração. Se isto, porém, não for possível, o narrador poderá recorrer a este 
resumo para apresentá-la.
2c - Detectando o potencial educacional da história
De acordo com nossa tese, as histórias, além de encantarem e divertirem, são uma importante ferramenta educacional, de 
forma que faz parte do estudo de cada uma delas detectar em que pontos ela contribuirá com o desenvolvimento de seus 
ouvintes.
O preenchimento dos itens correspondentes na ficha descritiva auxiliará nesta tarefa.
Todas as histórias contribuem de uma forma ou de outra para a educação, porém diferenciam-se quanto a intensidade e 
características. Umas desenvolvem a imaginação, outras o senso crítico, por exemplo. O mesmo se dá com a questão dos 
valores. É preciso destacar os aspectos éticos de cada história para poder enfatizá-los na sua adaptação e narração.
Ter bem claro os objetivos educacionais que cada história atinge facilita o planejamento do educador, que dosará as 
diversas histórias ao longo do período que tem disponível, tendo em vista um desenvolvimento em todos os sentidos, de 
forma globalizada.
2d - Determinando o uso de recursos auxiliares
Após estudar bem o enredo da história, seus elementos e a mensagem que ela transmite, ficará claro a que técnica ela se 
adapta melhor.
A narração simples sempre poderá ser usada, porém é útil determinar neste estudo quais as variações poderiam ser feitas 
e avaliar quais as vantagens que este uso poderá trazer.
No capítulo "Projetos" apresentamos fichas técnicas de cada um dos recursos auxiliares enfocados neste livro. Elas dão 
indicações da aplicabilidade da técnica em relação ao número de personagens, ao cenário, às caracterizações das 
histórias, bem como às habilidades necessárias ao educador e às características de local e público. A comparação das 
Fichas Técnicas de Recursos Auxiliares com a Ficha Descritiva de cada história auxiliará a determinação da técnica ou 
das técnicas com que cada história poderá ser apresentada.
No bojo do estudo de uma história fica mais fácil visualizar que tipo de interação se pode ter com as crianças, tem como 
que atividades podem ser aplicadas após a apresentação, valorizando e potencializando os efeitos da história. Estas idéias 
devem ser registradas na ficha descritiva. Isto facilitará a tarefa de desenvolvimento de atividades na oportunidade em 
que a história for aplicada.
3 - A personalização
Muitas vezes é interessante apresentar a história às crianças tal como está escrita nos livros, aproveitando o talento de 
seus escritores e sua maestria em expressá-lo. Mas, na maioria das vezes, o narrador terá necessidade de fazer a sua 
própria adaptação da história, isto porque ela é:
* muito extensa e detalhada, a apresentação ficaria muito longa, maçante, ou, pelo contrário:
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*muito resumida, faltam detalhes, não possui elementos para suscitar a imaginação e sustentar a narração com tempo 
adequado.
Pode acontecer que uma história tenha no seu enredo um excelente potencial para desenvolver determinado aspecto 
educacional ou valor ético, mas este não está claro na versão que temos à mão. À medida em que vamos estudando, isto 
irá aparecer e começa-se a visualizar a importância de reforçá-lo na narração que faremos. Assim, será lícito e desejável 
fazer a adaptação incluindo elementos capazes de enriquecer este aspecto, a fim de torná-lo mais evidente.
As adaptações tornam-se realmente necessárias quando se deseja utilizar determinado recurso auxiliar.
Quando se utilizam personagens (marionetes, fantoches, bonecões,dramatizações), a adaptação deve ser feita 
transformando a história em diálogos. A trama se desenvolve através de uma sucessão de cenas "interpretadas" pelos 
personagens.
Quando se está fazendo a adaptação, deve-se antever como será criada a ambientação. Se for possível utilizar cenário, 
será mais fácil levar os espectadores a imaginar, mas se não for possível, as falas dos personagens deverão descrever o 
ambiente:
João: NOSSA! O feijão que plantei ontem cresceu tanto!
Mãe: Olha lá, João! O pé de feijão é tão alto que perfura as nuvens! E suas folhas são tão fortes que você poderia até se 
apoiar nelas!
A adaptação deverá atentar também para não colocar em cena muitos personagens, para dar tempo para troca de roupas, 
colocação de algum adereço, uso de músicas e efeitos especiais.
O ideal é que toda a história se desenvolva por meio dos personagens, porém o uso de um narrador poderá ajudar. Ele 
fará a introdução, criando a ambientação e apresentando os personagens.
O narrador poderá entrar em cena para solucionar as passagens mais difíceis, que necessitariam de cenário mais 
elaborado ou que seriam muito longas.
As técnicas de maquete, velcômetro, dobraduras e sombras geralmente não são apresentadas com diálogos, mas por meio 
da narração de uma só pessoa.
O adaptador, conhecendo bem os recursos da técnica escolhida, deve valorizar os trechos da história que usarão os seus 
pontos fortes.
É muito interessante arquivar as adaptações feitas, notas, observações, idéias de interações com as crianças e de jogos 
para serem aplicados posteriormente á narração. O uso de um fichário de tamanho grande poderá ser útil para o arquivo 
destes trabalhos: a Ficha Descritiva e uma cópia do original (ou originais quando for o caso de mais de uma fonte) da 
história. Este acervo constituirá, ao longo da vida do educador, um importante instrumento de pesquisa, um verdadeiro 
patrimônio cultural do contador de histórias.
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Narrar uma história recorrendo apenas à memória e aos recursos dramáticos da voz é, sem dúvida, o que mais desafia o 
educador. Por outro lado, é também o que mais fascina tanto o narrador como a platéia.
Contar histórias é uma arte, que poderá ser nata em muitas pessoas. Porém, há um certo nexo em pensar que essa 
qualidade, mesmo não sendo visível em alguns, encontra-se "incubada" em todos aqueles que procuram um trabalho com 
crianças, uma certa predisposição que poderá eclodir mediante treino e estudo.
Algumas dicas vão ajudar:
Conversa informal: É útil, antes da narração propriamente dita, iniciar com um bate-papo informal. Isto evitará 
interrupções e constrangimentos. Por exemplo:
Vou contar uma história sobre uma fazenda. Alguém já esteve em uma?
Isto evitara interrupções do tipo:
Quando eu fui à fazenda do meu tio... Quando eu tomei o trem para..
Esta conversa também identifica se a história poderá ferir alguma sensibilidade. Sendo este o caso, poderá ser suspensa a 
tempo.
Disposição: Os ouvintes deverão sentar-se em círculo. O narrador deverá fazer parte deste círculo, sentando-se junto com 
os ouvintes. No caso de ser um orador que gosta de gesticular e dramatizar, poderá ficar ajoelhado, pois desta forma terá 
mais domínio de seus movimentos, e afastado cerca de meio metro das crianças que estão ao seu lado. E absolutamente 
desaconselhável ficar em pé quando a platéia está sentada no chão ou vice-versa: ficar sentado quando a platéia está em 
pé. Conforme o domínio que o narrador tem de sua platéia, ele poderá permanecer em pé quando os ouvintes estiverem 
sentados em cadeiras.
Local: A escolha do local é fundamental para o sucesso da narrativa. Ele deve ser calmo e permitir que as pessoas fiquem 
bem acomodadas. Não se deve concorrer com outros ruídos ou com outras "atrações", por exemplo: ruídos de trânsito, 
pessoas conversando, pessoas passando. As crianças têm um poder de concentração muito pequeno e qualquer fato tora 
do normal desviará a atenção, ficando difícil para o narrador retomar o fio condutor da história.
Horário: É interessante ser usada após um jogo movimentado, pois a energia estará mais descarregada e a atenção será 
maior.
É conveniente não utilizar o recurso de contar histórias após as refeições e tarde da noite: a atenção poderá ser pequena e 
o sono... inevitável!
Interrupções: É raro ocorrerem interrupções se a história for bem contada, mas se existirem casos...
É conveniente não interromper a narração de forma alguma. Um gesto, um sorriso, no máximo uma palavra deverá 
brecar o ouvinte mais inquieto.
E, para finalizar, um segredo: para uma boa narração é preciso absoluta segurança e naturalidade, e isto só consegue 
quem está perfeitamente entrosado com o assunto, domina a técnica e está convenientemente preparado para contá-la.
Em resumo, apresentamos o seguinte roteiro para as narrações simples:
1 - Fazer a escolha cuidadosa da "sua" história. Procurar aquela que se identifica com seus valores pessoais que incita a 
sua imaginação e que lhe dá prazer em trabalhar.
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2 - Estudar a história, lendo-a atentamente para saber de toda a trama, tendo com clareza na mente o ambiente e o 
esquema geral.
3 - Identificar os quatro elementos: introdução, enredo, ponto culminante e desfecho. Anotar as características dos 
personagens, seus nomes, frases essenciais, lugares e situações que chamem atenção. Fazer anotações breves de coisas 
que poderiam ser esquecidas. A ficha descritiva apresentada no capítulo anterior será útil neste estudo.
4 - Certificar-se de que conhece, ou procurar conhecer, elementos suficientes sobre as situações ou os fatos que compõem 
a história, como: o local onde ela se desenvolve, a época, fatos históricos, aspectos culturais, etc. Adquirir noção exata de 
como será o cenário no qual a história se desenrolará para incluí-lo no relato, possibilitando às crianças imaginarem onde 
a história acontece. Tomar cuidado para não entrar em detalhes demais e cair na monotonia.
5 - Decorar os aspectos principais de cada uma das partes da história (introdução, enredo, ponto culminante e desfecho). 
Embora seja esperado que o narrador tenha desenvoltura para discorrer a narração com suas próprias palavras, decorar a 
frase exata que inicia o relato poderá ajudar e diminuir o natural nervosismo cio começo. Ter absolutamente decorada a 
frase final poderá garantir que um esquecimento não comprometa aquilo que se deseja passar na conclusão.
6 - Contar a história para si mesmo, em voz alta, de preferência diante do espelho. Marcar o tempo gasto, que não deverá 
ultrapassar 10 minutos.
Exercitar a narração procurando utilizar palavras simples, do conhecimento da criança. Treinar a entonação de voz 
adequada, dramática, porém com boa dicção, dar uma voz própria a cada personagem e controlar o tom de voz de modo a 
passar sentimentos de calma, segredo, atenção, emoção, medo, etc. Os gestos também devem ser exercitados, eles 
ajudam muito a dar ênfase na narração, mas deve tomar cuidado para dar a medida exata, de modo a não exagerar e não 
cair no ridículo.
8 - Reler a história no dia em que for contá-la e repassar os pontos principais alguns minutos antes.
9 - Se ela fizer parte de um conjunto de atividades, deverá entrar na programação sempre após um jogo agitado; isto fará 
com que se obtenha maior atenção.
10 - Acomodar bem a audiência e dar pequenas dicas sobre o enredo a fim de que as manifestações ocorram.
11 - Pedir silêncio e dar uma introdução sobre o que se dirá.
12 - Entregar-se à história, sendo fiel ao que foi ensaiado.
13 - Em muitos casos, é bom incentivar uma discussão entre as crianças ou aplicar uma atividade que permita com que 
elas façam alguma reflexão sobre o que foi narrado.
TIRANDO MAIOR PROVEITO DA VOZ
Uma platéia receptiva, uma boa história e muita disposição poderão ser a receita ideal para uma sessão de fantasia.O "contador" senta-se confortavelmente, acomoda as crianças à sua volta, recorda mentalmente a seqüência que usará e 
pronto: começa a narrativa.
Mas será isto suficiente?
Muitas vezes, só estar preparado não adianta, é preciso que a audiência entenda as palavras que serão ditas. O raciocínio 
pode estar perfeito, todos os detalhes vivos, o encadeamento das idéias absolutamente sincronizado, porém pode 
acontecer que, por diversas razões, a audiência não consiga entender o que está sendo dito.
Uma coisa é indiscutível: para se falar em público, mesmo que seja simplesmente contar uma história para um pequeno 
grupo de crianças, não se utiliza a voz da mesma forma que em uma conversa coloquial entre duas ou três pessoas. Deve-
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se ter consciência de que a voz está sendo usada para comunicação com um grupo. Isto faz com que a atenção seja 
diferente, a distância entre as pessoas maior, além do objetivo a ser alcançado ser outro.
Alguns elementos são fundamentais para que a platéia entenda o que está sendo dito e aproveite o conteúdo da 
mensagem.
 Estes elementos estão ligados principalmente à voz e são:
* Dicção
* Volume
* Velocidade
* Tonalidade
* Vocabulário
* Dicção
A dicção é frequentemente culpada quando uma mensagem não é entendida. Se as palavras não forem bem 
pronunciadas, a mensagem é recebida de forma truncada, porque a não-compreensão de uma palavra pode levar à 
incompreensão de toda a frase, e não entender uma frase pode prejudicar o entendimento de toda a história.
O pior é que, se a dicção for ruim, não é só uma palavra que não é entendida, são várias. No final, a comunicação é 
reduzida a uma sucessão de palavras incompreensíveis, apenas porque não se cuidou de falar claramente palavra por 
palavra, ou, para ser mais exato, sílaba por sílaba.
Para ter boa dicção, o primeiro passo é tomar o cuidado de pronunciar de forma clara cada uma das sílabas que compõem 
a palavra, sentindo cada um dos seus sons.
Problemas mais comuns:
R, S e L no final das palavras: devem ser cuidadosamente pronunciados.
Encontro de vogais no meio da palavra: ae, ei, ou, etc. Principalmente o i é muito esquecido quando se encontra no meio 
da palavra: peneira, madeira, ribeirão, etc.
Encontros consonantais: br, dr, pl, gr, tr, etc. Sóbrio, sobrado, dramático, planetário, platinado, grupo, gravura, triturado, 
troféu, etc.
Troca do 1 no final da palavra por u: Brasiu (no lugar de Brasil)
Outra atenção que se deve ter é dar espaço entre uma palavra e outra, procurando não emendar as palavras de uma 
mesma frase. No final das frases, onde há vírgula ou ponto, o espaço deve ser um pouquinho maior.
Muito conhecido é o exercício da rolha, porque contribui de fato com a melhora da dicção. Ele é desenvolvido da 
seguinte maneira:
• Escolher um texto e fazer a sua leitura pausadamente e em voz alta.
• Colocar uma rolha entre a arcada dentária superior e a inferior.
• Ler novamente o mesmo texto, esforçando-se para pronunciar as palavras com clareza.
• Ler novamente o texto sem a rolha e perceber a diferença.
• Se for possível, acompanhar o exercício com um gravador, será mais fácil notar as diferenças.
A rolha provoca dificuldade para pronunciar corretamente as palavras. O exercício faz com que, para vencer esta 
dificuldade, o treinando movimente mais os lábios, a língua e o palato mole. A repetição do exercício acaba tornando 
estes movimentos habituais, consequentemente melhorando a dicção.
O treino ajudará a dar naturalidade no uso correto das palavras, porque uma preocupação exagerada no momento da 
narração atrapalhará o raciocínio e dará um tom artificial, o que de certa forma chega até a ser antipático.
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* Volume
Embora pareça ser uma coisa simples, o principal problema que impede a compreensão de um discurso ou narração é 
quando ele é feito em voz muito baixa. As pessoas simplesmente não escutam...
O narrador deve ter consciência de que ele não está à mesma distância das pessoas do que quando está conversando 
informalmente. Outro fator é que, quando se está próximo, as pessoas complementam a interpretação por meio dos 
movimentos dos lábios e das expressões faciais, o que também fica prejudicado com a distância.
O inverso é muito desagradável: falar alto demais, gritando.
Assim, pessoas que estão falando em público devem ajustar o volume da voz á situação em que se encontram.
Cada ambiente exigirá um volume de voz adequado e isto precisa ser avaliado. Os seguintes fatores devem ser levados 
em conta nesta avaliação:
Distância entre o narrador e sua platéia: Evidentemente, quanto mais longe estiverem os ouvintes, mais alto deve ser o 
volume da voz para a narrativa.
Tamanho da sala : Se o ambiente é grande, ele exigirá um volume maior, mesmo que as pessoas estejam perto do 
narrador. O "pé direito" (altura entre o chão e o teto) influencia muito: se ele for muito alto, a voz se "perderá" e 
necessitará ser um pouquinho mais alta.
Acústica da sala: .O formato da sala e os materiais que a revestem influenciam a propagação da voz.
Ruídos externos; Se houver concorrência com outros ruídos, certamente será necessário fazer um ajuste para 
contrabalançá-los.
Contar uma história ao ar livre, tendo a natureza como palco, é muito agradável, mas deve-se tomar cuidado com o 
volume, uma vez que estamos em um lugar amplo (a voz se dispersa) e, na maioria das vezes, concorremos com ruídos 
externos.
Com a prática, estes fatores são automaticamente avaliados e acaba-se calibrando a voz adequadamente, sem perceber. 
No início, porém, é mais fácil fazer este ajuste com a ajuda de outra pessoa. Basta que esse colaborador se coloque na 
parte mais distante da platéia e verifique como a voz está chegando lá.
Outro cuidado que se deve ter é não diminuir o volume da voz no decorrer da narrativa, um vício comum que precisa ser 
"policiado".
* Velocidade
A velocidade pode ser medida pelo número de palavras que uma pessoa pronuncia em um espaço de tempo determinado.
Cada narrador tem uma velocidade na fala, isto é uma característica individual. Mas deve-se cuidar quando esta 
velocidade influi na compreensão do texto.
A velocidade está muito ligada à boa dicção. Quem estiver com a sua dicção em desenvolvimento, precisa 
obrigatoriamente falar mais devagar, para ajudar na compreensão da sua comunicação.
Variar a velocidade da voz pode auxiliar na interpretação do texto: falar mais rápido pode passar mais emoção, um 
sentimento de urgência, e falar mais devagar é adequado quando se deseja passar um sentimento de paz, harmonia, 
serenidade.
Combinando-se as diversas variações de velocidade e volume, podem-se conseguir efeitos interessantes.
Modular a voz entre o baixo (limitado a um volume que todas as pessoas possam entender) e o alto (sem exageros, é 
claro) e variar a velocidade dá o colorido à narrativa e tira a monotonia. A fala monocórdica, sempre na mesma cadência 
e ritmo é um dos principais fatores de desinteresse, principalmente em se tratando de narrativa de histórias infantis.
* Tonalidade
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Os sons classificam-se em graves e agudos. Cada pessoa tem o seu registro vocal próprio, mas facilmente pode alcançar 
alguns tons abaixo e acima desse registro. Isto será suficiente para conseguir efeitos surpreendentes.
A adoção de certos estereótipos ajudam a compreensão do texto, por exemplo: meninas têm fala aguda, falam "fininho", 
homens corajosos e ursos sempre falam grosso, grave, velhinhas falam levemente agudo e tremido, fadas adocicado e 
bruxas têm voz aguda e estridente.
Os diversos personagens dentro de uma narrativa podem ter característica vocal própria, o que será muito atraente, mas 
também perigoso, pois necessita de atenção do narrador para manter a característica de cada personagem e alterná-la 
rapidamente na mudança de personagens e nos diálogos.
* Vocabulário
Outro fator importante:as pessoas podem não estar entendendo a comunicação simplesmente porque não conhecem o 
sentido das palavras que estão sendo usadas. Principalmente quando estamos falando com crianças.
Também neste caso a não-compreensão de uma palavra prejudicará o entendimento de toda a frase. A incompreensão de 
uma frase pode levar a uma sucessão de incompreensões, que acaba levando ao desinteresse e à desistência em 
acompanhar a narrativa.
O correto é usar palavras simples, das quais se tem a certeza absoluta de que as crianças as entenderão. Jamais usar gírias 
ou palavras vulgares: isto desprestigiará o conto e poderá dispersar a atenção das crianças.
Uma história cheia de fantasia poderá até permitir algumas palavras mais elaboradas, as quais darão um certo charme, um 
ar de "elegância" na narração, além de introduzir um novo vocabulário. Mas estes casos, que não devem ser usados com 
exagero, devem ser acompanhados de um reforço na frase, explicando com outras palavras o que já foi dito. Por 
exemplo: "A pele da bela princesa era alva como a neve. Todas as pessoas admiravam aquela sua pele branquinha... que 
dava muito contraste com os cabelos pretos e olhos muito azuis."
Sem abusar, também se pode usar alguma explicação no meio da narrativa, por exemplo:
"Entre os raios do Sol, as pessoas viram a figura de Pégaso, o maravilhoso cavalo alado. Vocês sabem o que é um cavalo 
alado? Alado quer dizer com asas. Cavalo alado, então, é um cavalo com asas. Imagine como este cavalinho era bonito, 
com grandes asas de um azul clarinho...”
Enfim, a voz é o instrumento principal do narrador, saber usá-la é primordial e isto se consegue, como tudo, com treino e 
dedicação.
Tudo o que falamos com respeito à voz é adequado para qualquer orador, mas este capítulo é destinado especialmente 
àqueles que se dedicam à arte de contar histórias.
Porque contar histórias é mais do que simplesmente falar bem, é ser um pouquinho ator. Contar bem uma história 
significa interpretá-la, e, às vezes, é necessário, além de narrar, interpretar um, dois e até mais personagens.
* Expressão corporal: O bom narrador não se senta e fica falando, impávido. O corpo deve acompanhar o que está 
sendo descrito. Todo corpo fala: a posição do tronco, os braços, as mãos, os dedos, a postura dos ombros, o balanço da 
cabeça, as contrações faciais e a expressão dos olhos.
Os gestos devem estar coerentes com a narração, usados para reforçá-la. Os gestos nunca devem ser usados de forma não 
calculada, sistemática, principalmente quando se está contando uma história. Isto irá confundir a platéia, ainda mais se 
estiver composta de crianças.
Outra coisa que se deve evitar são os gestos exagerados, bruscos. Eles competirão com a própria narração e, se 
ganharem... o conto vai por "água abaixo".
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* Comunicação do semblante: As emoções do nosso interior são transmitidas através da expressão do rosto. Tristeza, 
alegria, surpresa, espanto... A expressão facial poderá falar mais do que muitas palavras.
Para desenvolver esta técnica é preciso treino. Temos que ter consciência de que é necessário exagerar um pouco quando 
se está interpretando. Não se deve ter medo do ridículo. Muitas vezes as pessoas têm o sentimento e por isso acham que 
estão transmitindo, mas isto pode não ser verdade. O narrador pode até estar sinceramente emocionado, mas se a sua 
fisionomia estiver transmitindo pouco, ninguém perceberá e sua tarefa não será bem cumprida. O treino na frente do 
espelho auxiliará bastante.
A observação de como a platéia reage também é um indicativo:
Fiz uma cara de extremo espanto, mas ninguém reagiu desta forma. Será que minha expressão facial está ruim? Ou: Os 
olhos das crianças estavam esbugalhados e elas soltaram até gritinhos ao verem minha expressão de espanto ao 
descrevera entrada naquele castelo...
Outra boa dica é acompanhar a expressão que os atores de televisão e teatro atribuem a cada sentimento que querem 
transmitir. Um olhar, a semi-abertura dos lábios, o que transmitem? Será possível fazer igual?
As pessoas que realmente desejam melhorar sua performance poderão gravar as imagens de suas narrativas para depois ir 
acompanhando. Existe muita diferença entre o que pensamos que estamos transmitindo e o que estamos transmitindo 
realmente.
* Uso do silêncio: Pode parecer até engraçado, mas o silêncio fala, é uma forma de expressão. O narrador deve utilizar 
pausas, pois elas dão uma sensação de suspense e, conseqüentemente, valorizam o que se falará em seguida. Além disso, 
paradas bem estudadas dão tempo para as crianças organizarem suas idéias. Deve-se cuidar para não exagerar, pois se 
uma pausa for muito longa, dará ensejo para alguma brincadeira que poderá dispersar a atenção.
* Fazer imitações: Este é um instrumento muito útil em se tratando de narração de histórias infantis. O monstro fala 
grosso, grave, alto, pausadamente! O seu corpo é truculento, o que se consegue mostrar com as pernas afastadas e 
"arredondadas", com o pescoço esticado movimentando-se em conjunto com a cabeça. A princesinha tem uma voz 
adocicada, seus gestos são comedidos, graciosos, harmoniosos, como em uma postura de ballet clássico. Já uma criança 
fala fininho, sua gesticulação é vivida, agitada, e às vezes quem a representa dá até pulinhos. Outra característica muito 
usada para imitar uma criança é dispersar-se, de repente começar a olhar para outro lado ou interessar-se por outra coisa. 
A imitação de vozes de animais é fácil de se fazer e fica engraçada.
Enfim, a imitação traz a brincadeira e as crianças estão sempre prontas para isso.
Normalmente uma narração utiliza sempre a terceira pessoa e vez ou outra faz menção de como determinado personagem 
falou:
O dragão entrava na caverna escura. Estava úmido e mal cheiroso lá dentro, ele sentia a pedra áspera do chão e seu pé, 
embora revestido de uma pele muito grossa, parecia estar começando a sangrar. Os morcegos voavam sobre a sua cabeça 
e isto estava deixando o pesado dragão com medo. Subitamente ele pára e fala com seus botões:
- Sou um dragão ou um rato? Darei meu super urro e quero ver quem é que vai ficar com medo! 
UUUUUUHHHHHRRRRRRRR!!!!!!!!
Este momento é exato para treinar os dotes de imitação do narrador. Ele usa sua voz normal no decorrer da narração, 
mas, quando menciona a frase falada pelo dragão, seu corpo fica ereto, o pescoço estica-se e a cabeça se inclina, sua voz 
fica grossa, rouca e alta. Ao urrar, deve-se ter certeza de que o barulho será emitido de forma realmente assustadora.
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Quando se usa imitação, deve-se ter o cuidado de mantê-la em todo o conto. Não se pode esquecer a tonalidade e a 
postura empregada para a fada e para a bruxa. Se estes detalhes forem desprezados, as crianças ficarão confusas e o 
processo não será produtivo.
*Elementos externos: Os narradores habilidosos poderão utilizar alguns (poucos) recursos, sem que isto descaracterize 
uma simples narração. Quando falar de um gnomo pode-se usar o seu chapéu típico, pode-se usar a "varinha de condão" 
de uma fada, uma bola de cristal reveladora ou o espelho vermelho onde a Fera via a sua Bela.
Este recurso deve ser usado com cuidado, porque poderá distrair tanto a atenção das crianças que a narrativa será 
prejudicada.
* Timing: Por "timing” entendemos a capacidade de adequar as diversas fases de uma exposição às reações do público, 
ou seja, dar o "tempo certo" em uma narração.
O narrador preparou-se para desenvolver a história da melhor maneira, espera ter êxito e se esforçará para isso. Porém, 
deve ter consciência de que a sua maneira poderá não ser exatamente a melhor para seus ouvintes. As pessoas são 
diferentes e podem sentir as mesmas coisas de outras formas.
Contaram-se uma história para que os outros gostem, podemos dizer que o públicoé o nosso real termômetro de 
avaliação. Para utilizá-lo precisamos nos acostumar à "leitura" de suas reações.
Por exemplo: para criar um clima de suspense, é necessário um determinado timing, pois as pessoas precisam ficar 
ansiosas esperando pelo que virá. Primeiramente serão criadas as emoções, que levarão às indagações, as diversas 
alternativas de respostas gerarão a expectativa, cada pessoa poderá até formular suas próprias preferências sobre o que 
acontecerá, e isto aumentará a excitação, o suspense. Se a narração for muito rápida, não haverá tempo suficiente para 
que esta sucessão de fatos aconteça. Por outro lado, se for muito longo, começará a cansar, e a excitação inicial poderá 
transformar-se em descaso, um sentimento de que "não vale a pena esperar" e a narração inteira estará seriamente 
comprometida.
A melhor maneira de ter o timing certo é observar atentamente a reação de nossos ouvintes. Percebe-se muito bem 
quando estão atentos, interessados e também quando estão cansados. Com o tempo começa-se a perceber as nuances: 
quando o público está ficando interessado e quando começa a se aborrecer. O narrador experiente aproveita bem estes 
estágios, intensifica a retórica para atender e aumentar o interesse que está sentindo ou, no caso contrário, conclui esta 
parte da história (que aparentemente está indo longe demais) passando para outra fase ou, sentindo-se seguro, pode 
recorrer a um efeito especial para reaver o interesse.
É penoso, porém necessário, acelerar a conclusão de uma história quando, embora para o narrador tudo esteja correndo 
bem, como planejado, a platéia denotar claramente que não está mais gostando. Penosa ou não, esta é a melhor coisa para 
fazer: buscar fôlego, caprichar na entonação, dramatizar com a maior ênfase possível e... encerrar! O fracasso foi evitado. 
A análise posterior demonstrará onde está a falha e o fato de não ter fracassado permitirá outras tentativas que, com os 
erros corrigidos, certamente tenderão ao sucesso.
Mas nem sempre as coisas são tão drásticas assim. Com treino, a sensibilidade para a leitura das reações do público 
aumenta, e o narrador passa a adquirir verdadeira simbiose com o público, onde todos passam a ser um único corpo 
harmônico, mergulhado prazerosamente nas profundezas de outros mundos de infinitas dimensões.
Em resumo, quando o narrador usa somente os seus próprios recursos para dar vida a uma história, ele deve estar bem 
preparado. Conhecer a história e estar disposto a interpretá-la realmente com vontade é a única forma de suscitar 
emoções nas crianças. Suas reações certamente vão compensar qualquer esforço.
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Porém se as habilidades não forem suficientes ou ainda estiverem em treinamento e desenvolvimento, existe uma série de 
recursos que permitem às crianças viajarem no maravilhoso mundo da fantasia, reservado, em sua magnitude, 
exclusivamente a elas.
Para nós, adultos, resta a oportunidade, quase um dever, de transportá-las a estas emoções.
Recursos auxiliares
A narração de uma história poderá ter diversas técnicas como suporte, cada qual se constituindo em um novo desafio para 
os educadores no tocante a aperfeiçoar seu conhecimento de aplicação. Alguns exemplos:
* Usar o próprio livro: Se a história for baseada em um livro com boas e fartas ilustrações, este poderá ser apresentado, 
apontando-se as figuras correspondentes ao momento da narrativa. O livro poderá ser utilizado com ajuda de um recurso 
que o exponha melhor. O cineminha que apresentamos em "Projetos" é um exemplo disso. As folhas (originais ou 
cópias) são anexadas umas às outras, formando um ''rolo de filme", que é apresentado às crianças através da "tela" de 
uma caixa de madeira.
* Gravuras: fazer uma seqüência de quadros (cópias ampliadas do próprio livro ou fotografados, sendo nesse caso 
projetados em slides), que serão expostos à medida que a narração evolua.
* figuras sobre o cenário: o cenário será um quadro básico, e as figuras (talvez cada personagem em algumas posições 
diferentes) irão compondo as cenas conforme o desenrolar. As figuras poderão ser presas com tachinhas, ou ser do tipo 
velcômetro (modernização do flanelógrafo, também apresentada em "Projetos").
* fantoches: São muito apreciados pelas crianças e podem ser usadas por mais de um narrador. Outra vantagem é que se 
pode ter o roteiro escrito, o que facilitará a tarefa. Os fantoches também podem ser usados de forma interativa com as 
crianças, elas mesmo manuseando-os, ou mesmo fazendo os bonecos de cartolina com roupas de papel crepom.
* Teatro de sombras: Uma luz projeta figuras em uma superfície opaca. A sombra de bichinhos feita com as mãos 
exerce grande fascínio sobre as crianças e com figuras recortadas não é diferente. Elas são muito fáceis de fazer e a 
apresentação pode conter músicas e efeitos especiais.
* Dobraduras: Outra arte que pode representar tantas figuras quanto nossa imaginação possa alcançar. É verdade que 
não é uma técnica acessível a todos, mas há os que fazem... e o efeito é surpreendente! Proporciona uma boa interação 
com as crianças quando a narrativa acompanha a sucessão de dobraduras feitas por elas.
* Maquete: Também alcança resultado. E é mais simples do que parece: uma floresta de papel crepom, uma casinha de 
papelão e pequenos bonecos de feltro comandados por um contador habilidoso operarão maravilhas.
* Bocões: (tipo ventríloquo): São bonecos grandes que ficam sentadas no colo do narrador. Pode ser só um (uma vovó, 
um duende, etc.), que contará a história. Ou tantos personagens quantos houver na história. As crianças ficam encantadas 
com o efeito e praticamente esquecem-se do narrador, que pode se aproveitar deste efeito de forma hábil.
* Marionetes: São bonecos comandados por fios presos na cabeça, nas mãos e nos pés. A cena desenrola-se no chão e os 
operadores ficam colocados atrás de um pequeno cenário. As histórias com bastante movimento, engraçadas, são as que 
melhor se ajustam a esta técnica. Como os bonecos são esguios, eles se prestam às mais diversas caracterizações e 
podem, inclusive, trocar de roupa conforme a cena.
* Interação com a narração: Poderá ser feita uma canção para ser usada em momentos-chaves: no perigo ou quando 
aparece determinando personagem.
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* Dedoches: São pequenos fantoches utilizados nos dedos. A vantagem é que têm um custo de material muito baixo, o 
que permite ter uma grande variedade deles. Também podem ser feitos e posteriormente apresentados pelas próprias 
crianças. A desvantagem e que não podem ser usados para uma platéia muito grande (cinco ou seis no máximo).
Não há limites para a criatividade. Coisas simples, quando usadas na hora apropriada, enriquecerão a história:
* Inclusão de um objeto real que faz parte do enredo fantasioso da história: em "Pandora", por exemplo, o suspense 
aumenta se no interior do círculo o narrador colocar uma misteriosa caixa.
* Um personagem que toma vida no desfecho da história: todos ficarão excitados se o cacique aparecer com seu 
resplandecente cocar. Ou, se ao final da história, a Emília "em pessoa" surgir para ser entrevistada pelas crianças.
* Pedir para que as crianças fechem os olhos e criar sensações de vento com um ventilador, de odor com spray de 
ambiente, de chuva com borrifos de água.
* Poderão também ser usados gestos, um para cada personagem (é claro que são gestos discretos, para não 
tumultuar). Ao contrário do que parece, este recurso não desvia a atenção: prende-a.
Na seção Projetos, há fichas descritivas que dão maiores detalhes sobre a utilização de diversas técnicas. A análise 
destas fichas associadas às fichas descritivas de cada história auxiliará na escolha da técnica mais adequada.
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O Urso do final do arco-íris
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Recurso Auxiliar sugerido: Narração interativa - pg. 109
Som Sensação Texto
Ronco: Nós vamos fazer uma caminhada por

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