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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: ESTRADAS E AEROPORTOS AULA - 10 DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 2 CONCEITOS BÁSICOS DE PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA 1 - Introdução A pavimentação rodoviária no Brasil já foi objeto de estudos e práticas de construção desde longa data, quando experientes técnicos do então DNER formularam normas e procedimentos que se tornaram, com suas sucessivas atualizações, o estado da arte na Engenharia Rodoviária. A partir dos anos 50, as técnicas de pavimentação tiveram um grande desenvolvimento graças ao intercâmbio entre Brasil e Estados Unidos nessa área. A consequência foi à necessidade de uniformizar e normalizar as especificações de serviço e as técnicas de construção, o que, em função do esforço coletivo de técnicos do DNER, deu origem à primeira edição do Manual de Pavimentação, em 1960. A segunda edição do Manual foi lançada em 1996, incorporando todo o progresso tecnológico acumulado durante o período, incluindo modificações nos materiais, nos equipamentos e nas técnicas usadas e a partir de 2006 o já então DNIT elabora e atualiza, a terceira do Manual. Em obras de engenharia civil como construções de rodovias, aeroportos, ruas, etc, a superestrutura é constituída por um sistema de camadas de espessuras finitas, construída sobre a superfície obtida pelos serviços de terraplanagem com a função principal de fornecer ao usuário segurança e conforto, que devem ser conseguidos sob o ponto de vista da engenharia, isto é, com a máxima qualidade e o mínimo custo. Suas funções principais podem ser assim discriminadas: a) resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; b) melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança; c) Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento; 2 - Aspectos Funcionais do Pavimento Quando o pavimento é solicitado por uma carga de veículo Q, que se desloca com uma velocidade V, recebe uma tensão vertical 𝛔𝟎 (sigma 0 de compressão) e uma tensão horizontal 𝛕𝟎 (tau 0 de cisalhamento), conforme Figura 01. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 3 A variadas camadas componentes da estrutura do pavimento também terão a função de diluir a tensão vertical aplicada na superfície, de tal forma que o sub- leito receba uma parcela bem menor desta tensão superficial (p1). A tensão horizontal aplicada na superfície exige que esta tenha uma coesão mínima Figura 01 – Cargas no Pavimento 3 - Classificação dos Pavimentos: Essencialmente pode-se classificar a estrutura de um pavimento em: 3.1- Pavimentos flexíveis: São aqueles constituídos por camadas que não trabalham à tração. Normalmente são constituídos de revestimento betuminoso delgado sobre camadas puramente granulares. A capacidade de suporte é função das características de distribuição de cargas por um sistema de camadas superpostas, onde as de melhor qualidade encontram-se mais próximas da carga aplicada. Um exemplo de uma seção típica pode ser visto na Figura 02, a seguir. No dimensionamento tradicional são consideradas as características geotécnicas dos materiais a serem usados, e a definição da espessura das várias camadas depende do valor da CBR e do mínimo de solicitação de um eixo padrão (8,2 ton.). DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 4 O ensaio CBR (California Bearing Ratio) ou Índice de Suporte Califórnia foi desenvolvido em 1939 pelo engenheiro O. J. Porter, e posteriormente aprimorado pelo United States Corps of Engineers (USACE), com o objetivo de se integrar no dimensionamento de pavimentos rodoviários, determinando a capacidade de suporte de um solo compactado. Em 1966, introduzido no Brasil pelo engenheiro Murillo Lopes de Souza, por ser um ensaio que melhor se adaptava à realidade brasileira na época, o ensaio de CBR rapidamente disseminou-se pelo país. Atualmente, é regido pela ABNT: NBR 9895/87. Adotado por uma grande parcela, se não todos, projetistas de pisos e pavimentos, órgãos rodoviários, o ensaio de CBR é determinado através da relação entre a pressão necessária para penetrar um pistão cilíndrico padronizado em um corpo de prova de um determinado solo, e a pressão necessária para penetrar o mesmo pistão em uma brita graduada padrão. Ou seja, ao se deparar com um resultado de CBR=10%, entende-se que aquele solo representa 10% da resistência a penetração da brita padronizada. O ensaio também permite a obtenção de outro parâmetro importante relacionado com a durabilidade, que é o índice de expansibilidade do solo, pois em uma etapa do ensaio, o solo é imerso em água por no mínimo 4 dias, possibilitando a análise da expansão da amostra ensaiada. Como parâmetros de projeto, pisos e pavimentos rígidos requerem CBR > 8%, enquanto que os pavimentos flexíveis exigem valores de CBR > 12%. O conceito CBR será melhor detalhado e explanado na disciplina Mecânica dos Solos. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 5 Figura 02 – Seção Transversal Típica de Pavimento Flexível. 3.2 - Pavimentos Rígidos: São constituídos por camadas que trabalham essencialmente à tração. Seu dimensionamento é baseado nas propriedades resistentes de placas de concreto de cimento Portland, as quais são apoiadas em uma camada de transição, a sub-base. A título de curiosidade, o cimento Portland é um aglomerante hidráulico fabricado pela moagem do clínquer, compostos de silicato e cálcio hidráulicos. A denominação "cimento Portland", foi dada em 1824 por Joseph Aspdin, um químico e construtor britânico. No mesmo ano, ele queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto às pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. A determinação da espessura é conseguida a partir da resistência à tração do concreto e são feitas considerações em relação à fadiga, coeficiente de reação do sub-leito e cargas aplicadas. São pouco deformáveis com uma vida útil maior. O dimensionamento do pavimento flexível é comandado pela resistência do sub-leito e DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 6 do pavimento rígido pela resistência do próprio pavimento. Seção característica pode ser visto na Figura 03. Figura 03 – Seção Transversal Típica de Pavimento Rígido. Para a correta construção de pavimentos em concreto, é recomendada a utilização de máquinas específicas que garante rápida e perfeita execução do projeto. As pavimentadoras de concreto são equipamentos que aplicam o material e executam o nivelamento da pista em construção de pavimentos rígidos. Estão aptas também, de maneira opcional, a aplicar as armaduras de aço durante o processo de concretagem. A seguir é apresentado nas Figuras 04 e 05, a execução de parte de uma estrada com pavimento rígido através de uma pavimentadora de concreto. Figura 04 – Exemplo de Execução de Pavimento Rígido DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 7 Figura 05 – Exemplo de Execução de Pavimento Rígido (espessura do pavimento) A Figura 06 apresenta a diferença visual entre os pavimentos flexíveis e os pavimentos rígidos. Figura 06 – Diferença visual entre pavimentos flexíveis e rígidos 3.3 - Pavimentos Semi-rígidos (semi-flexíveis): Situação intermediária entre os pavimentos rígidos e flexíveis. É o caso dasmisturas solo-cimento, solo-cal, solo-betume dentre outras, que apresentam razoável resistência à tração. O pavimento semi-rígido é o tipo de pavimento constituído por revestimento asfáltico e camadas de base ou sub-base em material estabilizado com adição de cimento. Este tipo de pavimento tem uma deformabilidade maior que o rígido e menor que o flexível. O pavimento semi-rígido pode ser do tipo direto quando a DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 8 camada de revestimento asfáltico é executada sobre camada de base cimentada, ou do tipo indireto ou invertido, quando a camada de revestimento é executada sobre camada de base granular e sub-base cimentada. Alguns autores não fazem uso do termo semi-rígido para classificar pavimentos com presença de base cimentada, apresentam unicamente duas classes: rígidos e flexíveis. A Figura 07 apresenta as camadas comuns em um pavimento semi- flexível. Figura 07 – Camadas Comuns em um pavimento semi-flexível. 3.4 – Representação Gráfica entre os tipos de pavimentos A seguir as Figuras 08 e 09 são representações gráficas a título de esclarecimento das diferenças entre os tipos de pavimento e a distribuição de cargas de forças atuantes nos pavimentos rígidos e flexíveis respectivamente. Figura 08 – Diferenças Básicas entre os Pavimentos Rígido e Flexível. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 9 Figura 09 – Representação da distribuição de esforços nas bases dos pavimentos (rígido e flexível) 3.5 - Nomenclatura da seção transversal de um Pavimento A nomenclatura descrita a seguir refere-se às camadas a aos componentes principais que aparecem numa seção típica de pavimentos flexíveis e rígidos. 3.5.1 - Sub-leito: É o terreno de fundação onde será apoiado todo o pavimento. Deve ser considerado e estudado até as profundidades em que atuam significativamente as cargas impostas pelo tráfego (de 60 a 1,50 m de profundidade). Se o CBR do sub-leito for < 2%, ele deve ser substituído por um material melhor, (2%<CBR<20%) até pelo menos 1,0 metro. Se o CBR do material do sub-leito for ≥ 20% , pode ser usado como sub- base. 3.5.2 - Leito: É a superfície do sub-leito (em área) obtida pela terraplanagem ou obra de arte e conformada ao greide e seção transversal. 3.5.3 - Regularização do sub-leito (nivelamento): É a operação destinada a conformar o leito, transversal e longitudinalmente. Poderá ou não existir, dependendo das condições do leito. Compreende cortes ou aterros até 20 cm de espessura. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 10 3.5.4 - Reforço do sub-leito: É a camada de espessura constante transversalmente e variável longitudinalmente, de acordo com o dimensionamento do pavimento, fazendo parte integrante deste e que, por circunstâncias técnicas econômicas, será executada sobre o sub-leito regularizado. Serve para melhorar as qualidades do sub-leito e regularizar a espessura da sub-base. 3.5.5 - Sub-base: Camada complementar à base. Deve ser usada quando não for aconselhável executar a base diretamente sobre o leito regularizado ou sobre o reforço, por circunstâncias técnico-econômicas. Pode ser usado para regularizar a espessura da base. 3.5.6 - Base: Camada destinada a resistir e distribuir ao sub-leito, os esforços oriundos do tráfego e sobre a qual se construirá o revestimento. 3.5.7 - Revestimento: É camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos e destinada econômica e simultaneamente: - a melhorar as condições do rolamento quanto à comodidade e segurança; - a resistir aos esforços horizontais que nele atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Deve ser resistente ao desgaste. Também chamada de capa ou camada de desgaste. 3.5.8 - Acostamento: Parte da plataforma contígua à pista de rolamentos, destinado ao estacionamento de veículos, ao transito em caso de emergência e ao suporte lateral do pavimento. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 11 Nos pavimentos rígidos também são feitas as operações de regularização do sub-leito e reforço, quando necessário. A camada de sub-base tem o objetivo de evitar o bombeamento dos solos do sub-leito. A placa de concreto de cimento tem a função de servir ao mesmo tempo como base e revestimento. 4 - Dimensionamento do Pavimento Neste item será estudado o dimensionamento de pavimentos flexíveis. Será abordado o método de dimensionamento adotado pelo DNER (DNIT) denominado método do Engenheiro Murilo Lopes de Souza. Todo o procedimento de dimensionamento aqui apresentado foi retirado do Manual de Pavimentação do DNER (DNER, 1996), tendo sido modificado apenas a numeração dos itens para adaptação a estas notas de aula. 4.1 – As cargas rodoviárias As cargas dos veículos são transmitidas ao pavimento através das rodas dos pneumáticos. Para efeito de dimensionamento de pavimentos o tráfego de veículos comerciais (caminhões, ônibus) é de fundamental importância. No projeto geométrico são considerados tanto o tráfego de veículos comerciais quanto o tráfego de veículos de passageiros (carro de passeio), constituindo assim o tráfego total. a) Os eixos As rodas dos pneumáticos (simples ou duplas) são acopladas aos eixos, que podem ser classificadas da seguinte forma: Eixos Simples: Um conjunto de duas ou mais rodas, cujos centros estão em um plano transversal vertical ou podem ser incluídos entre dois planos transversais verticais, distantes de 100 cm, que se estendam por toda a largura do veículo. Pode-se ainda definir: EIXO SIMPLES DE RODAS SIMPLES: com duas rodas, uma em cada extremidade (2 pneus); e EIXOS SIMPLES DE RODAS DUPLAS: com quatro rodas, sendo duas em cada extremidade (4 pneus). Eixos Tandem: DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 12 Quando dois ou mais eixos consecutivos, cujos centros estão distantes de 100 cm a 240 cm e ligados a um dispositivo de suspensão que distribui a carga igualmente entre os eixos (balancin). O conjunto de eixos constitui um eixo tandem. Pode-se ainda definir: EIXO TANDEM DUPLO: com dois eixos, com duas rodas em cada extremidade de cada eixo (8 pneus). Nos fabricantes nacionais o espaçamento médio de 1,36 m; EIXO TANDEM TRIPLO: com três eixos, com duas rodas em cada extremidade de cada eixo (12 pneus). A Figura 10 apresentam representações de cada tipo de eixos. Eixo Simples Eixo Tandem Duplo Eixo Tandem Triplo Figura 10 – Exemplos de Eixos. b) Os veículos No Brasil os veículos comerciais devem obedecer a certos limites e as cargas por eixo não podem ser superiores a determinados valores, segundo a legislação em vigor. Quem regulamenta estes limites para as cargas máximas legais é a chamada lei da balança. Esta lei tem o número original 5-105 de 21/09/66 do CNT (Código Nacional de Trânsito), que depois foi alterada por: - Decreto Nº 62.127 de 16/10/68; - Com modificações introduzidas pelo Decreto Nº 98.933 de 07/02/90; - Lei Nº 7.408 de 25/01/85, que fixava uma tolerância máxima de 5%. Código de Trânsito Brasileiro através da Lei No 9.043 de 23/09/97 e da Resolução No 12 de 6/12/98 do CONTRAN regulamentou as seguintes cargas máximas legais no Brasil, de acordo com a Tabela 01. Tabela 01 – Cargas máximas legais no Brasil Eixo Carga Máxima Legal Com Tolerância de 10% Dianteiro simples de roda simples 6t 6,60t DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 13 Simples de roda simples 10t 11,00t Tandem Duplo 17t 18,70t Tandem Triplo 25,5t 28,05t Duplo de Tribus 13,5t 14,85 O dimensionamento do pavimento é feito com base na carga máxima legal. Ainda pose-se encontrar as seguintes limitações:- Peso bruto por eixo isolado: 10 ton. quando o apoio no pavimento se dá em 4 pneus e 5 ton. quando o apoio no pavimento se dá em 2 pneus. - Peso bruto por conjunto de 2 eixos tandem de 17 ton., quando a distância entre dois planos verticais que contenham os centros das rodas estiver compreendida entre 1,20m e 1,40m. - Peso bruto por conjunto de 2 eixos não em tandem de 15 ton., quando a distância entre dois planos verticais que contenham os centros das rodas estiver compreendida entre 1,20m e 1,40m. - Peso bruto total por veículo ou combinação de veículo de 40 ton. Nenhuma combinação poderá ter mais de 2 unidades. Se a distância entre dois planos paralelos contem os centros das rodas de dois eixos adjacentes for inferior a 1,20m, a carga transmitida ao pavimento por esses dois eixos em conjunto não poderá ser superior a 10 ton. Se a distância for superior a 2,40m, cada eixo será considerado como se fosse isolado e poderá transmitir ao pavimento 10 ton de carga. Para o DNER (DNIT), os veículos podem ser classificados em veículos leves e veículos de carga ou comerciais. Veículos leves: CARRO DE PASSEIO, automóveis e utilitários leves (Pick-up), todos com dois eixos e apenas rodas simples com dois pneumáticos por eixo (total de 4 pneus). Dividem-se em duas subclasses: Automóveis e Utilitários (furgões, Kombi e Pick-up). CAMINHÃO LEVE (2C-Leve): inclui caminhonetes e caminhões leves com dois eixos, sendo o dianteiro de rodas simples e o traseiro de rodas duplas, 6 pneus, (tipo 608, F 4000, etc.), além de veículos de camping leves; DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 14 Veículos de carga ou comerciais: ÔNIBUS, para transporte de passageiros, compreendendo: - Ônibus Urbano e Ônibus de Viagem (similar ao Caminhão leve), com dois eixos: o dianteiro de rodas simples e o traseiro de rodas duplas (6 pneus); - Tribus: ônibus com três eixos, com eixo dianteiro de rodas simples e traseiro especial, compreendendo conjunto de um eixo de rodas duplas e outro de rodas simples (8 pneus). CAMINHÃO DE DOIS EIXOS, EM UMA SÓ UNIDADE (2C-Pesado): esta categoria inclui os caminhões basculantes, de carroceria, baú e tanque, veículos de camping e de recreação, veículos moradia, etc, tendo dois eixos com rodas simples no dianteiro e rodas duplas na traseira (6 pneus); CAMINHÃO DE TRÊS EIXOS, EM UMA SÓ UNIDADE (3C): todos os veículos que, em um mesmo chassi, tenham três eixos. Esta categoria inclui caminhões betoneira, caminhões basculantes pesados, caminhões de carroceria e baús longos, etc, tendo três eixos: dianteiro de rodas simples e traseiros (tandem duplo ou não) de rodas duplas (10 pneus); CAMINHÃO DE QUATRO EIXOS, EM UMA SÓ UNIDADE (4C): todos os veículos que, em um mesmo chassi, tenham quatro eixos (geralmente basculantes de minérios): eixo dianteiro de rodas simples e traseiro (tandem) de rodas duplas (14 pneus). Raro. Caminhões com semi-reboques (carretas): CAMINHÃO COM SEMI-REBOQUE COM TRÊS EIXOS (2S1): veículos com três eixos, formados por duas unidades, sendo que uma das quais é um cavalo motor (com dois eixos) e o reboque com eixo (10 pneus). CAMINHÃO COM SEMI-REBOQUE, COM QUATRO EIXOS (2S2): veículos com quatro eixos, consistindo de duas unidades, uma das quais é um cavalo motor (com dois eixos) e o reboque com 2 eixos (tandem duplo), com 14 pneus; CAMINHÃO COM SEMI-REBOQUE, COM CINCO EIXOS (2S3): veículos com cinco eixos, constituídos por duas unidades, uma das quais é um cavalo motor (com dois eixos), e o reboque com 3 eixos (tandem triplo), com 18 pneus; DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 15 CAMINHÃO COM SEMI-REBOQUE, COM CINCO EIXOS (3S2): veículos com cinco eixos, constituídos por duas unidades, uma das quais é um cavalo motor (com três eixos, sendo o traseiro duplo), e o reboque com 2 eixos (tandem duplo), com 18 pneus; CAMINHÃO COM SEMI-REBOQUE, COM SEIS EIXOS (3S3): veículos com seis eixos, constituídos de duas unidades, uma das quais é um cavalo motor (com três eixos, sendo o traseiro tandem duplo), e o reboque com 3 eixos (tandem triplo), com 22 pneus; Caminhões com reboques (“Romeu e Julieta” ou “TREMINHÃO”): CAMINHÃO TRACIONANDO UNIDADES MÚLTIPLAS, COM CINCO EIXOS OU MENOS (2C2/2C3/3C2): veículos com cinco eixos ou menos, constituídos por duas unidades, uma das quais é a unidade motora, com várias configurações; CAMINHÃO TRACIONANDO UNIDADES MÚLTIPLAS, COM SEIS EIXOS (3C3): veículos de seis eixos, constituídos por duas unidades, uma das quais é a motora, em várias configurações; CAMINHÃO TRACIONANDO UNIDADES MÚLTIPLAS, COM SETE EIXOS OU MAIS (3C4): veículos com sete ou mais eixos, constituídos por duas unidades ou mais, uma das quais é a motora; Caminhões especiais: BITREM (3S2S2): unidade tratora e 2 semi-reboques, com 4 conjuntos de eixos (7 eixos individuais); TRITREM (3S2S2S2): unidade tratora e 3 semi-reboques, com 5 conjuntos de eixos (9 eixos individuais); RODO-TREM (3S2C4): unidade tratora e 1 semi-reboque, e um reboque, com total de 5 conjuntos de eixos (9 eixos individuais). CAMINHÕES COM SEMI-REBOQUE DE VÁRIOS EIXOS - para grandes cargas; SEMI-REBOQUE 3 S 1 - Raro. Outros: MOTOCICLETAS, TRICICLOS, BICICLETAS, CARROÇAS, ETC. A Tabela 02 apresenta resumidamente a carga legal por configuração de veículo definida pelo DNER. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 16 Tabela 02 – Tipos de Veículos e Carga Máxima Legal DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 17 c) Área de contato entre pneumático e pavimento Quando os pneus são novos a área de contado é elíptica, tornando-se velhos a área toma o formato retangular. Pode ser expressa da seguinte forma: 𝐴 = 𝑃 𝑘 × 𝑝 Sendo: A – área de contato; P – carga atuando sobre o pneumático; p – pressão de enchimento do pneumático; k – fator de leva em consideração a rigidez do pneu (1 a 1,3). d) O tráfego rodoviário No estudo do tráfego rodoviário são comuns as seguintes definições: - Volume de tráfego: Número de veículos que passa em um ponto da rodovia, em determinado intervalo de tempo: hora, dia, mês, ano; - Volume médio diário (Vm ou VMD): Número de veículos que circulam em uma estrada durante um ano, dividido pelo número de dias do ano; - Volume diário de tráfego; - Capacidade de tráfego de uma faixa: Número máximo de veículos de passageiros que podem passar por hora na faixa de tráfego. Para o dimensionamento do pavimento os dois primeiro são mais importantes. e) Determinação do Período P de projeto: É o período de projeto para o qual se dimensiona um pavimento. Usualmente é adotado como 10 anos, mas pode assumir valores que vão de 5 a 20 anos. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 18 f) Crescimento do tráfego O projeto de um pavimento é feito para um período de tempo, denominado período “P”, expresso em anos. No início do período “P” admite-se um volume inicial de veículos denominado “V0”, sendo obtido pela seguinte formulação: 𝑉 = 𝑉𝐷𝑀 (𝑛𝑢𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟á𝑓𝑒𝑔𝑜) 𝑛º 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟á𝑓𝑒𝑔𝑜 𝑛𝑢𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 Durante o decorrer do período de utilização da rodovia o volume de veículos tenderá a aumentar, aparecendo daí as denominações de tráfego Atual, tráfego Desviado e tráfego Gerado. No final do período “P” o volume final de veículos é chamado de tráfego Final, designado pelo termo “Vt”. O crescimento do tráfego durante o período de utilização da rodovia poderá ser previsto através projeções matemáticas, que são baseadas no volume de veículo inicial, período de projeto, taxa de crescimento anual, dentre outros. As duas formas de crescimento do tráfego mais utilizadas são as seguintes:- Crescimento em progressão aritmética ou crescimento linear 𝑉 = 365 × 𝑃 × 𝑉 𝑉 = 𝑉 × (2 + 𝑃 × 𝑡) 2 onde Vt - Volume total de tráfego para um período P; Vm - Volume médio diário; Vo - Volume médio diário no ano anterior ao período considerado; t - Taxa de crescimento anual; Tráfego Gerado: é o tráfego que surge pelo estímulo da pavimentação, restauração ou duplicação da Rodovia. Normalmente é gerado por empreendimentos novos (Indústrias, Minerações, etc) atraídos pelas boas condições de transporte. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 19 Tráfego Desviado: é o tráfego atraído de outras rodovias existentes, em função da pavimentação, restauração ou duplicação da Rodovia. Crescimento em progressão geométrica ou crescimento exponencial 𝑉 = 365 × 𝑉 × ((1 + 𝑡) − 1) 𝑡 𝑉𝑚 = 𝑉𝑡 (365 × 𝑃) g) O conceito de eixo padrão rodoviário Como em uma rodovia trafegam vários tipos de veículos com variadas cargas em cada eixo foi necessário introduzir o conceito de Eixo Padrão Rodoviário. Este eixo é um eixo simples de rodas duplas com as seguintes características: Carga por Eixo (P): 18 Kips = 18.000 lb = 8.165 Kgf = 8,2 tf = 80 KN Carga por roda (P/4): 4,5 Kips = 4.500 lb = 2.041 Kgf = 2,04 tf = 20 KN Pressão de Enchimento dos Pneus (p): 80 lb/Pol2 = 5,6 Kgf/cm2 Pressão de Contato Pneu-Pavimento (q): 5,6 Kgf/cm2 Raio da Área de Contato Pneu-Pavimento (r): 10,8 cm Afastamento entre Pneus por Roda (s): 32,4 cm A Figura 11 apresenta o eixo padrão rodoviário. Figura 11 – Eixo simples padrão rodoviário (8.2tf) h) Estudo do tráfego Para efeito de dimensionamento de pavimentos, existem dois parâmetros de grande interesse: Número de eixos “n” que solicitam o pavimento durante o período de projeto. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 20 𝑛 = 𝑉 × 𝐹𝐸 sendo: FE – fator de eixo: é o número multiplicado pela quantidade de veículo dá o número de eixos. É calculado por amostragem representativa do tráfego em questão, ou seja: 𝐹𝐸 = 𝑛 𝑉 i) Número “N” Um dos fatores que influem no dimensionamento dos pavimentos flexíveis é o trafego que solicitará determinada via durante sua vida útil de serviço. As cargas que solicitam a estrutura do pavimento ao longo de um período, para o qual é projetado o pavimento, são representadas pela ação do ciclo de carregamento e descarregamento em um determinado ponto fixo da superfície de rolamento quando da passagem das rodas dos veículos. O dano causado pela passagem de cada veículo é, usualmente, de pequena magnitude, mas o efeito acumulativo deste dano é que determina a resistência de vida à fadiga dos pavimentos. Para efeito de projeto, o tráfego que transitará sobre determinado pavimento ao longo de sua vida útil de serviço é convertido em um número de operações/solicitações de um eixo padrão rodoviário (8,2 ton). Este número de solicitações é conhecido como número “N”. Este é o parâmetro de maior importância na maioria dos métodos e processos de dimensionamento de pavimentos. É definido da seguinte maneira: 𝑁 = 𝑛 × 𝐹𝐶 Sendo FC (Fator de carga) o número que multiplicado pelo número de eixos dá o número equivalente de eixos padrão. É conseguido através de gráficos específicos e é função do valor da carga de eixo (simples, tandem duplo, tandem triplo). A Figura 12 e 13 apresentam os fatores de equivalência de operação entre eixos simples e "tandem", com diferentes cargas e o eixo simples padrão com carga de 8,2t (18.000 lbs). O valor a ser adotado em projeto é dado pela seguinte expressão: DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 21 𝐹𝐶 = ∑ × 𝐹𝑉 = ∑ × Sendo: Pj – porcentagem com que incidem cada categoria de veículo “j”; FCj – fator de carga para cada categoria do veículo “j”. 𝑁 = 365 × 𝑃 × 𝑉 × 𝐹𝐸 × 𝐹𝐶 Vale ressaltar que 𝐹𝐸 × 𝐹𝐶 também conhecido por 𝐹𝑉 (Fator de Veículo). Figura 12 – Fator de Equivalência de Operações para ESDR DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 22 Figura 13 – Fator de Equivalência de Operações para ETD Multiplicando-se os valores de equivalência pelo número de veículos por dia, com uma determinada carga por eixo, obtém-se a equivalência, para esse tipo de veículo, no período considerado, geralmente em veículos por dia. A soma desses produtos referentes a todos os veículos que trafegarão pela via dá a equivalência de operações entre esses dois tráfegos: o tráfego em termos de veículo padrão e o tráfego real. 5 – Dimensionamento de pavimentos flexíveis (método do DNIT) O método tem como base o trabalho "Design of Flexible Pavements Considering Mixed Loads and Traffic Volume", da autoria de W.J. Turnbull, C.R. Foster e R.G. Ahlvin, do Corpo de Engenheiros do Exército dos E.E.U.U. e conclusões obtidas na Pista Experimental da AASHTO. Relativamente aos materiais integrantes do pavimento, são adotados coeficientes de equivalência estrutural tomando por base os resultados obtidos na Pista Experimental da AASHTO, com modificações julgadas oportunas. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 23 - O subleito A Capacidade de Suporte do subleito e dos materiais constituintes dos pavimentos é feita pelo CBR, adotando-se o método de ensaio preconizado pelo DNER, em corpos de prova indeformados ou moldados em laboratório para as condições de massa específica aparente e umidade especificada para o serviço. O subleito e as diferentes camadas do pavimento devem ser compactados de acordo com os valores fixados nas "Especificações Gerais", recomendando-se que, em nenhum caso, o grau de compactação deve ser inferior a 100%. Os materiais do subleito devem apresentar uma expansão, medida no ensaio C.B.R., menor ou igual a 2% e um C.B.R. ≥ 2%. - Classificação dos materiais empregados no pavimento. a) Materiais para reforço do subleito, os que apresentam: C.B.R. maior que o do subleito Expansão ≤ 1% (medida com sobrecarga de 10 lb) b) Materiais para sub-base, os que apresentam: C.B.R. ≥ 20% I.G. = 0 Expansão ≤ 1% (medida com sobrecarga de 10 1bs) c) Materiais para base: Os que apresentam: C.B.R. ≥ 80%; Expansão ≤ 0,5% (medida com sobrecarga de 10 1bs); Limite de liquidez ≤ 25%; Índice de plasticidade ≤ 6%. Caso o limite de liquidez seja superior a 25% e/ou índice de plasticidade seja superior a 6; o material pode ser empregado em base (satisfeitas as demais condições), desde que o equivalente de areia seja superior a 30. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 24 Para um número de repetições do eixo-padrão, durante o período do projeto N ≤ 5x106, podem ser empregados materiais com C.B.R. ≥ 60% e as faixas granulométricas E e F já citadas. Os materiais para base granular devem ser enquadrar numa das seguintes faixas granulométricas, conforme Tabela 03. Tabela 03 – Faixa Granulométrica para base granular A fração que passa na peneira nº 200 deve ser inferior a 2/3 da fração que passa na peneira nº 40. A fração graúda deve apresentar um desgaste Los Angeles igual ou inferior a 50. Pode ser aceito um valor de desgaste maior, desde que haja experiência no uso do material. Em casos especiais podem ser especificados outros ensaios representativos da durabilidade da fração graúda. Para o caso de materiais lateríticos, as "Especificações Gerais" fixarão valores para expansão, índices de consistência, granulometria e durabilidade da fração graúda. d) O tráfego: O pavimento é dimensionado em função do número equivalente (N) de operações de um eixo tomado como padrão, durante o período de projeto escolhido. e) Fator climático regional Para levar em conta as variações de umidadedos materiais do pavimento durante as diversas estações do ano (o que se traduz em variações de capacidade de suporte dos materiais) o número equivalente de operações do eixo-padrão ou parâmetro de tráfego, N, deve ser multiplicado por um coeficiente (F.R.) que, na pista experimental da AASHTO, variou de 0,2 (ocasião em que prevalecem baixos teores de umidade) a 5,0 (ocasiões em que os materiais estão praticamente saturados). É DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 25 possível que, estes coeficientes sejam diferentes, em função da diferença de sensibilidade à variação do número N; é possível, ainda, pensar-se num fator climático que afetaria a espessura do pavimento (em vez do número N), e que seria, ao mesmo tempo, função desta espessura. O coeficiente final a adotar é uma média ponderada dos diferentes coeficientes sazonais, levando-se em conta o espaço de tempo em que ocorrem. Parece mais apropriado a adoção de um coeficiente, quando se toma, para projeto, um valor C.B.R compreendido entre o que se obtém antes e o que se obtém depois da embebição, isto é, um valor correspondente à umidade de equilíbrio. Tem- se adotado um FR = 1,0 face aos resultados de pesquisas desenvolvidas no IPR/DNER. f) Coeficiente de equivalência estrutural São os seguintes os coeficientes de equivalência estrutural para os diferentes materiais constitutivos do pavimento, conforme Tabela 04 Tabela 04 – Coeficientes de Equivalência Estrutural Os coeficientes estruturais são designados, genericamente por: Revestimento: KR; Base: KB; Sub-base: KS; Reforço: KRef; DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 26 g) Espessura mínima de revestimento A fixação da espessura mínima a adotar para os revestimentos betuminosos é um dos pontos ainda em aberto na engenharia rodoviária, quer se trate de proteger a camada de base dos esforços impostos pelo tráfego, quer se trate de evitar a ruptura do próprio revestimento por esforços repetidos de tração na flexão. As espessuras a seguir, Tabela 05, recomendadas, visam, especialmente, as bases de comportamento puramente granular e são definidas pelas observações efetuadas. Tabela 05 – Espessuras recomendadas para bases granular No caso de adoção de tratamentos superficiais, as bases granulares devem possuir alguma coesão, pelo menos aparentes, seja devido à capilaridade ou a entrosamento de partículas. - Dimensionamento do pavimento O gráfico da Figura 14 dá a espessura total do pavimento, em função de N e de I.S. ou C.B.R.; a espessura fornecida por este gráfico é em termos de material com K = 1,00, isto é, em termos de base granular. Entrando-se em abcissas, com o valor de N, procede-se verticalmente até encontrar a reta representativa da capacidade de suporte (I.S. ou C.B.R.) em causa e, procedendo-se horizontalmente, então, encontra-se, em ordenadas, a espessura do pavimento. Supõe-se sempre, que há uma drenagem superficial adequada e que o lençol d'água subterrâneo foi rebaixado a, pelo menos, 1,50 m em relação ao greide de regularização. No caso de ocorrência de materiais com C.B.R. ou I.S. inferior a 2, é sempre preferível a fazer a substituição, na espessura de, pelo menos, 1 m, por material com C.B.R. ou I.S. superior a 2. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 27 A espessura mínima a adotar para compactação de camadas granulares é de 10 cm, a espessura total mínima para estas camadas, quando utilizadas, é de 15 cm e a espessura máxima para compactação é de 20 cm. A Figura 15 apresenta simbologia utilizada no dimensionamento do pavimento, Hm designa, de modo geral, a espessura total de pavimento necessário para proteger um material com C.B.R. ou I.S. = CBR ou IS = m, etc., hn designa, de modo geral, a espessura de camada do pavimento com C.B.R. ou I.S. = n, etc. Mesmo que o C.B.R. ou I.S. da sub-base seja superior a 20, a espessura do pavimento necessário para protegê-la é determinada como se esse valor fosse 20 e, por esta razão, usam-se sempre os símbolos, H20 e h20 para designar as espessuras de pavimento sobre sub-base e a espessura de sub-base, respectivamente. Os símbolos B e R designam, respectivamente, as espessuras de base e de revestimento. Uma vez determinadas as espessuras Hm, Hn, H20, pelo gráfico da Figura 14, e R pela tabela apresentada, as espessuras de base (B), sub-base (h20) e reforço do subleito (hn), são obtidas pela resolução sucessiva das seguintes inequações: 𝑅 × 𝐾 + 𝐵 × 𝐾 ≥ 𝐻 (1) 𝑅 × 𝐾 + 𝐵 × 𝐾 + ℎ × 𝐾 ≥ 𝐻 (2) 𝑅 × 𝐾 + 𝐵 × 𝐾 + ℎ × 𝐾 + ℎ × 𝐾 ≥ 𝐻 (3) Quando o CBR da sub-base for igual ou maior que 40 e para N≤ 106, admite-se substituir na inequação (1), H20 por 0,2 x H20. Para N ≥ 107, recomenda-se substituir na inequação (1) H20 por 1,2 x H20. - Acostamento Não se dispõe de dados seguros para o dimensionamento dos acostamentos, sendo que a sua espessura está, de antemão, condicionada à da pista de rolamento, podendo ser feitas reduções de espessura, praticamente, apenas na camada de revestimento. A solicitação de cargas é, no entanto, diferente e pode haver uma solução estrutural diversa da pista de rolamento. A adoção nos acostamentos da mesma estrutura da pista de rolamento tem efeitos benéficos no comportamento desta última e simplifica os problemas de drenagem; geralmente, na parte correspondente às camadas de reforço e sub-base, DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 28 adota-se, para acostamentos e pista de rolamento, a mesma solução, procedendo-se de modo idêntico para a parte correspondente à camada de base, quando o custo desta camada não é muito elevado. O revestimento dos acostamentos pode ser, sempre, de categoria inferior ao da pista de rolamento. Quando a camada de base é de custo elevado, pode-se dar uma solução de menor custo para os acostamentos. Algumas sugestões têm sido apontadas para a solução dos problemas aqui focalizados, como: a) adoção, nos acostamentos, na parte correspondente à camada de base, de materiais próprios para sub-base granular de excepcional qualidade, incluindo solos modificados por cimento, cal, etc. Figura 14 – Espessura total do Pavimento DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 29 b) consideração, para efeito de escolha de revestimento, de um tráfego nos acostamentos da ordem de, até 1% do tráfego na pista de rolamento. - Pavimentos por etapas Muitas vezes, quando não se dispõe de dados seguros sobre a composição de tráfego, é conveniente a pavimentação por etapas, havendo ainda a vantagem de, ao se completar o pavimento para o período de projeto definitivo, eliminarem-se as pequenas irregularidades que podem ocorrer nos primeiros anos de vida do pavimento. A pavimentação por etapas é especialmente recomendável quando, para a primeira etapa, pode-se adotar um tratamento superficial como revestimento, cuja espessura é perfeitamente desprezível; na segunda etapa a espessura a acrescentar vai ser ditada, muitas vezes, pela condição de espessura mínima de revestimento betuminoso a adotar. Figura 14 – Simbologia utilizada no Dimensionamento do Pavimento DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 30 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1) Calcular o número “N” a ser utilizado no dimensionamento do pavimento de uma rodovia que terá um volume médio diário de 2500 veículos para um período de projeto de 10 anos. Uma amostragem representativa do tráfego para esta rodovia contou com 300 veículos comerciais, distribuídos da seguinte forma: 200 veículos com 2 eixos; 80 veículos com 3 eixos e 20 veículos com 4 eixos. As porcentagens com que incidem eixos simples e também por diferentes categoriasde peso, são dados no quadro abaixo. Resposta N = 1,19 x 107 2) Uma estrada apresenta um volume de tráfego, nos dois sentidos, de 2Vo = 4000 veículos por dia com a seguinte distribuição: Carros de passeio - 30% Caminhões leves - 4% Caminhões médios - 55% Caminhões pesados- 6% Ônibus - 0% Reboques e semi-reboques - 5% Considerando um período de projeto de 10 anos, Vm = 3000 veículos, e tomando como base os dados de pesagem apresentados no quadro abaixo, pede-se: 1) Calcular os fatores de veículos (FV) de acordo com os fatores de equiv. do DNER. DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 31 2) Determinar o número N, considerando o tráfego total. Dados de uma estação de pesagem para veículos pesados: DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 32 Obs.: Consideram-se desprezíveis as repetições de eixo devidas as cargas de carros de passeio e caminhões leves. Resposta: 1) FV = 2,22 2) N = 2,4x107 3) Dimensionar o pavimento de uma rodovia em que N=6x107, sabendo-se que o sub- leito possui um isc=6%, dispondo-se de material de sub-base com isc=40% e para base de isc=80%. Apresentar os valores encontrados no esquema abaixo DISCIPLINA ESTRADAS E AEROPORTOS Universidade Paulista – UNIP Página 33 REFERÊNCIAS BIBLIIOGRÁFICAS CARVALHO, Carlos A.B. (1997). Estudo da Contribuição das Deformações Permanentes das Camadas de Solo na Formação das Trilhas de Roda num Pavimento Flexível. Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos, SP. Tese de Doutorado. DNER , 1981, Método de Projeto de Pavimentos Flexíveis. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Ministério dos Transportes. DNER , 1996, Manual de Pavimentação. 2ª ed., Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Ministério dos Transportes. MEDINA, J. e MOTTA, L. M. G. 2005, Mecânica dos Pavimentos. 2ª edição, 570 p. Rio de Janeiro-RJ, Editora UFRJ. SENÇO, Wlastermiller de, 1997, Manual de Técnicas de Pavimentaçào – volume I, São Paulo, Ed. Pini.
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