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Administrador Judicial

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ATIVIDADE AVALIATIVA: ADMINISTRADOR JUDICIAL
	Para que seja compreendida a atuação e importância do administrador judicial é necessária breve explanação acerca do que vem a ser a recuperação judicial e extra judicial. Entende-se por recuperação judicial,
“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”
	O pedido de recuperação judicial deverá obedecer aos requisitos aos seguintes requisitos: o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II) não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III) não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial; IV) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por crime falimentar. Além do mais a recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
Segundo Lucas Boarin. entende-se por recuperação extra judicial, 
“(...) é um acordo privado, entre devedor e credor. Uma proposta de recuperação apresentada para um ou mais credores, fora da esfera judicial. Pode ser proposta em qualquer condição, a qualquer credor, desde que não haja impedimento legal.”
	Ou seja, trata de um procedimento mais simples e menos burocrático, desde que atendidos os critérios estabelecidos por lei como: (i) estar no exercício regular da atividade há mais de 2 anos; (ii) não ser falido, e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; (iii) não ter pedido de recuperação judicial pendente; (iv) não ter obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois anos; (iv) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na LRE.
	Diante da breve elucidação sobre os principais meios de recuperação judicial instituídos pela lei 1.101/05 Lei da Falência – está também é responsável por designar as características fundamentais concernentes ao conceito de administrador judicial, sua nomeação, atribuições, substituições e destituições, bem como seus honorários e responsabilidades respectivos. 
	O administrador judicial possui função essencial no resultado do processo relativo a recuperação judicial uma vez que sua atividade corresponde a de um gestor, competindo a este a investigação das atividades processuais, como por exemplo assegurar a fiscalização dos atos do devedor e fazer com que o plano de recuperação judicial seja devidamente cumprido diante do que fora acordado com o juiz, credores e empresários.
	Em outras palavras, Fávio Ulhôa Coelho descreve o administrador como sendo,
“(…) o agente auxiliar do juiz que, em nome próprio (portanto, com responsabilidade), deve cumprir com as funções cometidas pela lei. Além de auxiliar do juiz na administração da falência, o administrador judicial é também o representante da comunhão de interesses dos credores (massa falida subjetiva), na falência. Exclusivamente para fins penais, o administrador judicial é considerado funcionário público. Para os demais efeitos, no plano dos direitos civil e administrativo, ele é agente externo colaborador da justiça, da pessoal e direta confiança do juiz que o investiu na função.
Ele deve ser profissional com condições técnicas e experiência para bem desempenhar as atribuições cometidas por lei.”
	Segundo Joice Bernier,
“Podemos dividir em três grupos as competências comuns do administrador judicial. O primeiro grupo refere-se ao direito à informação dos credores e do administrador1, (...). O segundo diz respeito à verificação e organização dos créditos146, (...). E o terceiro se traduz na competência de zelar pela regularidade do processo e de adotar as medidas necessárias para que suas funções sejam exercidas da forma mais eficiente possível, (…)”
	A nomeação de um administrador judicial deve ser realizada sendo assegurado que a devida qualificação e experiência sejam observadas, sendo indispensáveis aos candidatos ao cargo a realização de cursos de formação de administradores judiciais com certificação reconhecida pelo Tribunal de Justiça competente. A escolha do administrador será feita por um juiz - sendo preferencial a escolha de advogados, economistas, administrador de empresas ou contador - bem como sua remuneração será arbitrada por este e paga pela empresa devedora.
	As atribuições atinentes a função do administrador encontram-se postas no art. 22 da lei em comento, englobando, como por exemplo: I) a verificação de crédito dos credores, II) informar, mediante correspondência, sobre o pedido de deferimento do processamento da recuperação, exigir da recuperanda e apresentar aos credores as informações necessárias, consolidar o quadro geral de credores, requerer convocação de assembleia geral de credores, apresentar relatórios mensais das atividades da empresa, entre outras atividades necessárias para o desenvolvimento do processo. 
	Uma das atividades competentes ao administrador judicial, que se destaca no processo e recuperação, é a elaboração por este de um relatório que deverá ser apresentado em juízo em até 48 horas ao juiz esclarecendo as causas e circunstâncias responsáveis pela decretação da falência, além de prestar outras informações acerca da responsabilidade civil e penal dos envolvidos, além de informações sobre a conduta do devedor.
	Ponto importante está ligado a fiscalização da atividade do administrador judicial que deverá ser realizada através do controle jurisdicional, devendo o juiz zelar para assegurar igualdade de tratamentos às partes envolvidas, bem como que seja observada a celeridade necessária para o andamento processual.
	É de suma importância chamar atenção para o fato de que as funções delegadas ao administrador judicial são indelegáveis em virtude da confiança a este atribuída pelo juízo. Apesar disto, a contratação de auxiliares não deixa de ser permitida observados os critérios legais.
	Em virtude das grandes obrigações conferidas ao desempenho tá atividade do administrador judicial, este pode sofrer algumas penalidades como a substituição ou destituição do seu cargo uma vez deixando de se observar, por exemplo, os fatos impeditivos a sua atividade, podendo ser destituído ou substituído com base no art. 31 da Lei 1.101/05.
 	 
	Estão impedidos de realizar a atividade de administrador judicial a pessoa que nos cinco anos anteriores tenha sido destituída, tenha deixado de prestar as contas nos prazos legais, ou tenha tido contas desaprovadas em qualquer processo anterior. Entram no mesmo rol, aqueles que sejam parentes consanguíneos ou afim, até o terceiro grau, com o devedor, os administradores da empresa devedora, os seus controladores, ou seus representantes legais.
	
	Sobre a temática abordada acima, preceitua o art. 33 da Lei 1.101/05,
“Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.
§ 1º No ato de destituição, o juiz nomeará novo administrador judicial ou convocará os suplentes para recompor o Comitê.
§ 2º Na falência, o administrador judicial substituído prestará contas no prazo de 10 (dez) dias, nos termos dos §§ 1º a 6º do art. 154 desta Lei.”
	Maurício santos, emseu artigo chama a atenção para o fato de que,
“Cabe ressaltar que a decisão que definir a destituição do AJ deve ser motivada, ou seja, deve levar em conta a gravidade do ato, ou da omissão, ou o impedimento legal ao exercício do cargo, e não deve ser levado em consideração apenas as meras alegações de amizade ou inimizada como parte interessada no processo.”
	Além do mais, em virtude do volume de obrigações pertinentes ao administrador judicial, este, com prévia autorização do juízo poderá contar com a ajuda de um outro profissional ou empresas especializadas, chamado de auxiliar do administrador judicial que serão responsáveis junto a este por dar cumprimento às tarefas designadas em tempo hábil.
	
	Assim prevê o art. 22, alínea h) da Lei 1.101/05,
“Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
(…)
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;”
	Quando aos seus honorários – remuneração – como dito anteriormente, serão avaliados pelo juiz competente, analisando inclusive, a possibilidade do pagamento pela empresa recuperada, não podendo exceder 5% dos valores devidos aos credores habilitados.
	Devemos lembrar que uma vez fixado o modo do pagamento, a remuneração do administrador judicial será paga em duas parcelas, a primeira parcela, corresponderá a 60% (sessenta por cento) do valor total, quando do pagamento dos créditos extra concursais, e a segunda, correspondente aos 40% (quarenta por cento) restantes, somente após a aprovação das suas contas, de acordo com os artigos 154 e 155 da LRJF. 
	Diante do breve resumo e do estudo realizado, percebe-se que a atuação do administrador judicial é de suma importância ao processo de recuperação judicial uma vez que este desempenha grande parte das funções necessárias ao transcorrer processual, sendo responsável por conferir ao longo de sua atuação tratamento justo e igualitário entre devedores e credores, buscando sempre o equilíbrio entre as propostas realizadas de modo que ambos possam, em pé de igualdade, sair ganhando.
	Além do mais, trata-se de um profissional de dotada competência técnica, formado em área de atuação específica como citado alhures – profissionais da advocacia, economia, contabilidade e gestão de empresa – atendando para o fato de que além da pessoa física, a atividade correspondente ao administrador judicial poderá ser desempenhada por pessoa jurídica – empresa – dotada de conhecimento e habilidades técnicas para tanto.
	Por fim, além da sua autonomia ao lidar com as questões concernentes a maioria dos atos processuais relativos a recuperação judicial, a sua atividade encontra-se sob supervisão judicial, que de modo colaborativo visa o desempenho das atividades de maneira equilibrada, para que as diligências designadas a este profissional sejam realizadas de forma célere e com qualidade.
	
REFERÊNCIAS
CASTRO, Ana Paula Soares. O papel do administrador judicial na falência e na recuperação judicial. São Paulo. Disponível em <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/o-papel-do-administrador-judicial-na-falencia-e-na-recuperacao-judicial/> Acesseo em: 10 set 2020. 
ASSOCIADOS, Jairo e George Melo Advogados. Quem é o administrador judicial na recuperação e falência. Alagoas. Disponível em: <https://jairoegeorgemeloadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/122965213/quem-e-o-administrador-judicial-na-recuperacao-e-falencia> Acesso em: 10 set 2020.
BOARIN, Lucas. Recuperação Extrajudicial. Disponível em: <https://lucasboarin.jusbrasil.com.br/artigos/137611711/recuperacao-extrajudicial#:~:text=A%20recupera%C3%A7%C3%A3o%20extrajudicial%20%C3%A9%20um,que%20n%C3%A3o%20haja%20impedimento%20legal.> Acesso em: 10 set 2020.
Norma Legis. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/recuperacao-judicial-empresarial.htm> Acesso em: 10 set 2020.
SIQUEIRA. Tania Bahia Carvalho. Breves anotações sobre a recuperação extrajudicial. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/58268/breves-anotacoes-sobre-a-recuperacao-extrajudicial-da-empresa#:~:text=Os%20requisitos%20s%C3%A3o%3A%20(i),ter%20obtido%20recupera%C3%A7%C3%A3o%20judicial%20ou> Acesso em: 10 set 2020.
ALMEIDA. Fábio Dias. As funções do administrador judicial na recuperação judicial com enfoque no novo PL. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/58268/breves-anotacoes-sobre-a-recuperacao-extrajudicial-da-empresa#:~:text=Os%20requisitos%20s%C3%A3o%3A%20(i),ter%20obtido%20recupera%C3%A7%C3%A3o%20judicial%20ou> Acesso em: 10 set 2020.
BERNIER, Joice Ruiz. Administrador Judicial. São Paulo. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4442057/mod_resource/content/0/Joice%20Ruiz%20Bernier_O%20Administrador%20Judicial%20na%20Recupera%C3%A7%C3%A3o%20Judicial%20e%20na%20Fal%C3%Aancia.PDF> Acesso em: 10 set 2020
SANTOS, Maurício. O papel do administrador judicial. Disponível em <https://mauriciofsantos.jusbrasil.com.br/artigos/5343999005/o-papel-do-administrador-judicial> Acesso em: 10 set 2020

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