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Cirurgia Bariátrica Único tratamento eficaz em longo prazo para a obesidade grave com IMC ≥ 40 kg/m2 ou IMC ≥ 35 kg/m2 + comorbidades. Antes que qualquer indivíduo extremamente obeso seja considerado para a cirurgia, deve ser demonstrada a falha em um programa abrangente realizado por pelo menos 2 anos, que inclua restrição energética, exercício, modificação de estilo de vida, orientação psicológica, e envolvimento da família. A falha é definida como a incapacidade do paciente em reduzir a massa corporal em um terço e a gordura corporal pela metade, e a incapacidade de manter qualquer perda de massa corporal alcançada. Esses pacientes apresentam obesidade mórbida intratável e devem ser considerados para cirurgia. Se optar pela cirurgia, o paciente é avaliado extensivamente com relação a complicações fisiológicas e médicas, problemas psicológicos como depressão e baixa autoestima, e motivação. O aconselhamento melhora expressivamente os resultados do tratamento com dieta e medicamentos nessa população. O acompanhamento pós-operatório requer uma avaliação em intervalos regulares pela equipe cirúrgica e por um nutricionista. Além disso, é necessário apoio comportamental ou psicológico. Obesidade abdominal/androide é mais grave que a do IMC (fator de risco para doenças cardiovasculares, câncer, etc). Tratamentos convencionais são pouco efetivos para obesos mórbidos (alimentação exercício físico e trat. farmacológico). A cirurgia bariátrica é mais eficaz. O Brasil é o 2ª país no mundo a fazer bariátrica e PE é o 3º estado do país. Há redução >50% do excesso de peso em até 2 anos ou 30-40% do peso inicial. Porém, 3 a 5% dos pacientes não terão sucesso no pós- operatório. A bariátrica reduz a ingestão, digestão e absorção dos nutrientes, e cerca de 25% são bem absorvidos e vão para o sangue. Os procedimentos de gastroplastia e desvio gástrico reduzem a quantidade de alimento que pode ser ingerido de uma só vez e produzem saciedade precoce. A capacidade do novo estômago pode ser tão pequena quanto 30 mL ou cerca de duas colheres de sopa. Em média, a redução do excesso de massa corporal após a cirurgia de restrição gástrica se correlaciona aproximadamente a 30% a 40% da massa corporal inicial. Além da maior perda de massa corporal absoluta observada, o desvio gástrico tende a ter resultados sustentáveis com resolução significativa da hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, osteoartrite, dor nas costas, dislipidemia, cardiomiopatia, esteato-hepatite não alcoólica e apneia do sono. No entanto, podem ser observadas complicações tardias, como as deficiências vitamínicas, problemas de eletrólitos, ou mesmo insuficiência intestinal. Obesos contém baixos números de bacterioides e protobactérias e maiores números de firmicutes (por isso eles têm alta inflamação). Com a cirurgia, os bacterioides e protobactérias aumentam e os firmicutes diminuem. A cirurgia também altera os hormônios intestinais conhecidos como incretinas (GLP1, GIP, NPY). TÉCNICAS Restritivas Predominantemente absortivas Mista Balão Jejunostomia Bypass Banda gástrica Duodenostomia Sleeve Switch duodenal Balão intragástrico (BIG) Trata-se de um procedimento endoscópico, e não de uma cirurgia. Pode ser utilizado como método auxiliar para perda de peso no pré-operatório. Só se pode utilizar o balão por até seis meses e, se houver necessidade de recolocá-lo, deve-se aguardar um intervalo de 30 dias. Apesar de ser um procedimento de baixo risco, cursa com reganho de peso após sua retirada na grande maioria dos casos. Embora boa parte dos casos apresente uma perda de peso de cerca de 20- 40% do excesso de peso, entre 5-10% dos pacientes não perdem peso e a mesma porcentagem não tolera o BIG e tem remoção precoce por efeitos adversos. Segundo a ANVISA, a indicação é em IMC >27 kg/m². Segundo o CFM, a indicação é em IMC >50 kg/m². As possíveis complicações nutricionais abrangem náuseas/vômitos, desidratação, empachamento, dor epigástrica, esofagite de refluxo, estase sintomática e impactação do balão. Dietoterapia no pós-operatório 1º ao 15º DPO: dieta líquida de prova, líquida sem lactose. Evoluir diariamente, de acordo com a tolerância e aceitação do paciente. 15º ao 30º DPO: dieta semilíquida com lactose hipoglicídica, hipolipídica. Volume: 100ml a cada 2 horas. ✓ Temperatura adequada às necessidades do paciente; caso apresente vômitos ou náuseas frequentes, usar gelada/fria. ✓ Utilizar sempre alimentos e preparações habituais, de fácil digestão, mínimo de irritantes gástricos, com preparações de boa aceitação do paciente, além de adequada ao funcionamento intestinal atual (laxante/constipante/reduzida em alimentos formadores de gases). ✓ Leites sem lactose ou reduzido em lactose ou os de soja sem lactose e sem sacarose. ✓ O café pode ser usado sem cafeína e os chás pobres em tanino (com exceção do verde, maçã e preto) para evitar risco de constipação. ✓ Sorvetes de frutas ou picolé que não têm sacarose ou lactose ou têm teores reduzidos de lactose. ✓ No 15º DPO, o paciente deve retornar ao nutricionista para avaliação. ✓ No 15º ao 30º DPO, deve-se prescrever dieta branda sem irritantes gástricos. Em seguida, procede-se à avaliação/reeducação alimentar mensal, com orientação de dieta hiperproteica, hipocalórica, com sugestões de refeições fora de casa. ✓ Recomenda-se o uso de suplementos, se necessário, caso perda de peso muito rápida e/ou ingestão inferior a 1.200kcal/dia. ✓ Na ausência de complicações, o retorno para avaliação deve ser mensal ou bimensal até 6 ou 9 meses (depende do tipo do balão), para retirada do balão. Banda gástrica Ou lap-band. Trata-se de técnica ajustável, realizada por via laparoscópica, teoricamente reversível e que pode apresentar bons resultados quando o paciente é bem selecionado pela equipe multidisciplinar, mas que tem sido cada vez menos indicada devido ao grau elevado de insucesso e reabordagens para segundos procedimentos. Nesse procedimento, uma cinta é posicionada em volta do estômago na sua porção superior próximo a cárdia, com uma porção interna de silicone que pode ser ajustada por meio de um portal suturado na musculatura abdominal abordável através de injeções periódicas de pequenos volumes de soro fisiológico que insuflam aquele silicone. Apresenta melhor resultado de perda e manutenção de peso que a mudança de estilo de vida isolada, mas a perda de peso é menor que em outras técnicas cirúrgicas (pouco menos de 50%). Dietoterapia no pós-operatório 1º DPO: líquida de prova com carboidratos complexos. 2º a 15º DPO: líquida total sem lactose, sem carboidratos simples e hipolípidica. 15º a 30º DPO: semilíquida, pastosa. >30º DPO: dieta normal, hipocalórica, com uso de seis refeições sempre que possível, a fim de evitar muita fome nas refeições principais ✓ As recomendações de alimentos e preparações nas diversas etapas de dietas são semelhantes às do BIG. ✓ As consultas devem ser realizadas no 15º dia, no 30º dia, de 3 em 3 meses até 1 ano de cirurgia; após 1 ano de 4 em 4 meses, e, a partir de então, apenas de 6 em 6 meses. Sleeve gástrico Ou gastrectomia vertical (GxV). Em primeiro lugar utilizado como um procedimento de “ponte cirúrgica” em pacientes de alto risco proibitivos para um duodenal switch completo com obesidade grave. Embora existam pequenas variações do procedimento, em geral, cerca de 80% da curvatura maior é excisada, deixando um tubo estreito no estômago. A parte do estômago que foi separada é removida e um dreno é então colocado ao lado da linha de grampos. Embora o processo não envolva anastomose, o comprimento da linha de grampos ainda torna o paciente em risco para sangramento ou fístula, particularmente por ser uma câmara de alta pressão. É um procedimento restritivo que reduz o tamanhodo reservatório gástrico para 60-100 mL. A remoção do fundo gástrico reduz os níveis endógenos de grelina. É o padrão mais usado atualmente. Têm risco de ocorrer síndrome de Dumping e é uma cirurgia irreversível. Dietoterapia Pré-operatório: dieta líquida hipocalórica e hiperproteica por três dias para reduzir a gordura intrabdominal, prevenir a síndrome intrabdominal compartamental, reduzir a função pulmonar do edema pós-operatório, entre outros benefícios. Pós-operatório: dieta líquida de prova ou líquidos claros até a alta hospitalar no 3º a 5º DPO. Dieta líquida total sem lactose e sem sacarose até o 15º DPO, hipocalórica, normolipídica, hiperproteica (mínimo de 60g a 90g/dia). ✓ Orientação com módulos de proteína: caso o paciente tenha queda de cabelo prévia, apresente baixa de albumina ou transferrina ou não goste de iogurte ou leite sem lactose. ✓ A dieta deverá ser reduzida em alimentos formadores de gases ou ingestão de grandes volumes por vez, sucos do tipo artesenal congelado, ou aqueles inadequados nutricionalmente; preferir aqueles com mínimo de adição de aditivos químicos, evitando álcool, lactose e sacarose. ✓ Tentar consumir os líquidos de duas em duas horas sempre que possível. Não é preciso acordar o paciente para respeitar os horários da dieta. ✓ Volume: copinhos descartáveis de cafezinho com 30mL ou 50mL de 15 em 15 minutos, dependendo do volume do novo estômago. ✓ Halitose: mascar chicletes sem açúcar ou pastilhas sem açúcar. caso apresente diarreia quando usado continuamente, reduzir seu uso, pois alguns pacientes são sensíveis ao sorbitol. ✓ Açúcar: complexo na forma de maltodextrina, sem lactose e sem sacarose adicionada. Recomenda-se usar uma a duas colheres de sopa, nas preparações doces durante 30 dias após a cirurgia. Adoçantes líquidos à vontade, caso não sinta sabor doce com a maltodextrina. ✓ Leite: soja sem lactose light, de vaca com redução de lactose, ou sem lactose para crianças. Não usar leite desnatado ou integral até 30 dias de cirurgia (evitar dumping, fístulas por excesso de vômitos). ✓ Sucos: não utilizar polpas industrializadas. ✓ Sopas caseiras: magras, preparadas com uma colher de sopa de carnes ou adição de duas claras cozidas. Suplementar com queijo cremoso, quando a sopa estiver bastante quente. ✓ Caldos: feijão, ervilha, lentilha. Suplementar com queijo cremoso, dissolvido no caldo morno ou quente. ✓ Café descafeinado ou coado duas vezes em papel de filtro, chás habituais; caso o paciente esteja constipado ou seja portador de constipação crônica, evitar o chá preto, verde e de maçã. ✓ Suplemento vitamínico/mineral: usar até o 30º DPO aqueles na forma líquida ou efervescente. Se não tolerar, macerar um comprimido com água. Caso não tenha boa aceitação, usar com sucos ou caldos. ✓ O uso de suplementos em pó não é ideal pelo risco de diluição inadequada, porém, nos casos de falta ou menor custo, pode-se usar nesta forma. ✓ Retornar para avaliação nutricional com 15 dias de DPO para modificação de dieta líquida para semilíquida até o 30º DPO, onde retorna para orientação de dieta hipocalórica. Após esse período, retornar no primeiro ano em torno de quatro em quatro meses até o segundo ano, quando passará a ser monitorado duas vezes por ano. Derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal – técnica de Scopinaro Neste procedimento, é feita uma exclusão de todo o jejuno e parte do íleo (2,5 metros) e criada uma alça intestinal comum de 50 cm. A perda de peso pós-operatória é secundária principalmente à má absorção lipídica e calórica. Por isso, essa técnica possui maior incidência de efeitos adversos como diarreia, flatos fétidos, desnutrição que pode ser grave e ameaçar a vida e deficiência de vitaminas lipossolúveis. A perda do excesso de peso oscila em torno de 80%. A mortalidade é de cerca de 1%. Deve-se indicar DBP, DBP/DS e suas variações com extrema cautela, pois se associam mais a complicações nutricionais e mesmo aumento de mortalidade que pode aumentar em longo prazo. Dietoterapia no pós-operatório 9 a 24h: líquida de prova 1º ao 7º DPO: dieta líquida hipolipídica, hipoglicidica, hiperproteica. 8º ao 30º DPO: dieta pastosa constipante, hipolipídica, hipoglicídica. 30º DPO: dieta normal, hipolipídica, hipoglicídica, hiperproteica com suplementos. PTN: mínimo de 100g/dia com suplemento proteico. ✓ Usar adoçantes líquidos sem sorbitol em caso de diarreia grave ✓ Glutamina: 20 a 30g/dia com período mínimo de sete dias até 30 dias. ✓ Fazer suplementação de minerais e vitaminas. ✓ Volume: 100mL/2/2h ou de 3/3h ✓ Dieta isenta de lactose (15 dias), reduzida em alimentos formadores de gases. ✓ Controle de 3/3 meses sem intercorrências no primeiro ano. Após 2 anos, retornos de 4/4 meses. Atenção para sintomas de anemia, desidratação, def. de Ca, vitamina D e PTN. Derivação biliopancreática com duodenal switch (DBP/DS) Esta é uma derivação da técnica anterior, em que se realizam gastrectomia vertical com preservação do piloro e anastomose entre o íleo e a primeira porção do duodeno. A alça intestinal comum é um pouco mais longa (de 75 a 100 cm) para minimizar efeitos colaterais decorrentes da disabsorção acelerada. Ainda assim, os efeitos adversos como diarreia, flatos fétidos, desnutrição que pode ser grave e deficiência de vitaminas lipossolúveis podem ocorrer. A perda de peso oscila em torno de 75% a 80%, comparável à bypass. Dietoterapia no pós-operatório Ver Dietoterapia para Duodenal switch. Bypass Ou derivação gástrica em Y-de-Roux (DGYR). É o padrão ouro, caracterizada pela criação de uma pequena câmara ou bolsa gástrica junto à pequena curvatura e pela exclusão do restante do estômago, incluindo todo o fundo e o antro gástrico, o duodeno e a porção inicial do jejuno. Como efeito principal, leva à saciedade mais precoce, associada a efeitos causados pela reconstrução do trânsito em Y. O peso final atingido após bypass é menor que o das técnicas puramente restritivas (diferença mais acentuada em IMC >50 kg/m²), sendo a perda do excesso de peso de aproximadamente 70%. Deve-se garantir reposição de complexo vitamínico-mineral e de vitamina B12, bem como monitoramento dos níveis séricos de ferro, cálcio e vitamina D. A mortalidade é de cerca de 0,5%. Dietoterapia Ver Dietoterapia para Sleeve gástrico. COMPLICAÇÕES A síndrome de Dumping pode ocorrer após bypass, quando houver ingestão de alimentos doces ou hiperosmolares. Entre as complicações relacionadas com a banda gástrica, pode ocorrer o deslizamento gástrico da banda com aumento ou obstrução do neoestômago (que pode ser reposicionada ou retirada), erosão da banda (que pode ser assintomática ou levar a infecção, necessitando retirada por videolaparoscopia ou eventualmente por endoscopia), infecção do portal e dilatação esofágica com megaesôfago.
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