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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

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Acidentes com animais peçonhentos
· Escorpianismo
· Os principais agentes de importância médica são: Tityus serrulatus, responsável por acidentes de maior gravidade, T. bahiensis e T. stigmurus.
· Podem ser encontrados em: esconderijos junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos trens, procuram locais escuros (hábito noturno é registrado para a maioria das espécies)
· Ativos durante os meses mais quentes do ano, principalmente no período das chuvas
· Alimentam-se de insetos e aranhas
· Predadores: camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas, formigas, lacraias e os próprios escorpiões.
· Das 1600 espécies conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são consideradas de interesse médico. No Brasil há cerca de 160 espécies as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão (figura abaixo)
· Em 1988 foi implantada a notificação por acidentes escorpiônicos no país
· De acordo com o Ministério da Saúde há ocorrência de 8.000 acidentes/ano, sendo a incidência de 3 casos/100.000 habitantes. 
· Configurado como problema de saúde pública devido à elevada incidência em várias regiões do País, com mais de 36 mil casos notificados em 2006.
Tityus Serrulatus
· Principais características: 
· Conhecido como escorpião amarelo;
· Principal espécie que causa acidentes graves, com registro de óbitos, principalmente em crianças.
· Possui as pernas e cauda amarelo-clara, e o tronco escuro. 
· A denominação da espécie é devido à presença de uma serrilha nos 3º e 4º anéis da cauda. 
· Mede até 7 cm de comprimento. 
· Sua reprodução é partenogenética (só existem fêmeas e todo indivíduo adulto pode parir sem a necessidade de acasalamento), na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos com a média de 20 filhotes cada por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. 
 
Tityus bahiensis
· Principais características: 
· Conhecido como escorpião marrom ou preto.
· Adulto mede cerca de 7cm.
· Cada fêmea tem aproximadamente dois partos com 20 filhotes em média cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. 
· É a espécie que causa mais acidentes em São Paulo, sendo encontrado ainda em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul.
· Fisiopatologia
Estudos bioquímicos experimentais demonstraram que a inoculação do veneno bruto ou de algumas frações purificadas ocasiona dor local e efeitos complexos nos canais de sódio, produzindo despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares, com liberação de catecolaminas e acetilcolina. Estes mediadores determinam o aparecimento de manifestações orgânicas decorrentes da predominância dos efeitos simpáticos ou parassimpáticos.
· Quadro clínico
· Local: dor de intensidade variável, com sinais inflamatórios pouco evidentes, sendo incomum a visualização da marca do ferrão. A evolução é benigna na maioria dos casos, tem duração de algumas horas e não requer soroterapia. 
· Sistêmico: desbalanço entre os sistemas simpáticos e parassimpáticos, responsável pelas formas graves do escorpionismo que se manifestam inicialmente com sudorese profusa, agitação psicomotora, hipertensão e taquicardia. Podem se seguir alternadamente com manifestações de excitação vagal ou colinérgica, sendo que sonolência, náuseas e vômitos constituem sinais indicativos de evolução para gravidade e consequente soroterapia. 
· Síntese das manifestações: 
a) Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa. 
b) Digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarreia. 
c) Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque. 
d) Respiratórias: taquipneia, dispneia e edema pulmonar agudo. 
e) Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores.
· Classificação – de acordo com as manifestações clínicas: 
LEVES: apresentam dor no local da picada e, às vezes, parestesias. 
MODERADOS: dor intensa no local da picada e manifestações sistêmicas – sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, taquipneia e hipertensão leve. 
GRAVES: sinais e sintomas mencionados acima e uma ou mais manifestações como sudorese profusa, vômitos descontrolados, salivação excessiva, alternância de agitação com prostação, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e coma. 
· Exames complementares
A) ELETROCARDIOGRAMA – ECG – pode apontar: 
· Taquicardia ou bradicardia sinusal;
· Extra-sístoles ventriculares;
· Distúrbios da repolarização ventricular, com inversão da onda T em várias derivações;
· Presença de ondas U proeminentes – semelhantes às observadas no IAM;
· Bloqueio de condução atrioventricular do estímulo 
#Estas alterações desaparecem em 3 dias na maioria dos casos, mas podem persistir por 7 dias ou mais.
B) EXAMES DE IMAGEM – podem apontar:
· Aumento da área cardíaca 
· Sinais de edema pulmonar agudo – eventualmente unilateral
· Ecocardiografia nas formas graves demonstra hipocinesia transitória do septo interventricular e da parede posterior do ventrículo esquerdo, às vezes associada à regurgitação mitral. 
C) EXAMES LABORATORIAIS:
· Glicemia – elevada nas formas moderadas e graves nas primeiras horas após a picada
· Amilase – elevada em metade dos casos moderados e em cerca de 80% dos casos graves
· Leucócitos – elevados (leucocitose) com neutrofilia estão presentes nas formas graves e em cerca de 50% das moderadas. 
· Hipopotassemia e hiponatremia
· Creatinofosfoquinase e sua fração MB são elevadas em porcentagem significativa dos casos graves. 
· Tratamento
SINTOMÁTICO: no local da picada - alívio da dor por infiltração de lidocaína 2% sem vasoconstritor – 1 a 2ml para crianças e 3 a 4ml para adultos. Os distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos devem ser tratados de acordo com as medidas apropriadas a cada caso. 
#dose tóxica de lidocaína: 5mg/kg 
ESPECÍFICO: administração de soro antiescorpiônico (SAEES) ou antiaracnídico (SAAR) aos pacientes com formas moderadas e graves de escorpionismo. Realizada o mais precocemente possível, por via intravenosa e em dose adequada, de acordo com a gravidade estimada do acidente. 
A soroterapia específica neutraliza o veneno circulante e faz com que a dor local e os vômitos melhorem rapidamente, porém, a sintomatologia cardiovascular não regride prontamente. 
MANUTENÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS:
· Os pacientes com manifestações sistêmicas, especialmente crianças (casos moderados e graves), devem ser mantidos em regime de observação continuada das funções vitais, objetivando o diagnóstico e tratamento precoces das complicações. 
· A bradicardia sinusal associada a baixo débito cardíaco e o bloqueio AV total devem ser tratados com injeção venosa de atropina na dose de 0,01 a 0,02 mg/kg de peso. 
· A hipertensão arterial mantida associada ou não a edema pulmonar agudo é tratada com o emprego de nifedipina na dose de 0,5 mg/kg de peso. 
· Pacientes com edema pulmonar agudo, além de medidas convencionais de tratamento, considerar o uso de ventilação artificial mecânica, dependendo da evolução clínica.
· O tratamento da insuficiência cardíaca e do choque é complexo e geralmente necessita de infusão venosa contínua de dopamina e/ou dobutamina (2,5 a 20mg/kg de peso/min), além de rotinas usais para estas complicações.
· Acidentes com himenópteros
· Únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros;
· Três famílias de importância médica:
· Apidae (abelhas);
· Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo);
· Formicidae (formigas);
· A maioria dos casos acontece com homens (63%) em idade reprodutiva (20-59 anos);
· A gravidade depende dos acidentes depende do local, número de picadas, sensibilidade do sujeito exposto e da toxicidade do veneno;
· O veneno do inseto da ordem Hymenoptera está em terceiro (14%) entre as causas de anafilaxia;
· Durante muito tempo os acidentes por picadasde abelha foram subnotificados – busca de assistência apenas nos casos mais graves; profissionais de saúde não sensibilizada. 
· Ausência de especificação na ficha de notificação de acidentes por animais peçonhentos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
· 2006: houve alteração da ficha e inclusão de registro dos acidentes por picadas de abelha. 
· Fisiopatologia
· As abelhas africanizadas são a espécie que mais produzem e liberam veneno, ele é composto por: 
1. Enzimas degradativas – fosfolipase A e B, ácido hialurônico e esterease
2. Grandes peptídeos – melitina que compõe 50% do veneno; apamina e peptídeos de degradação de mastócitos
3. Pequenos peptídeos - serotonina, norepinefrina, histamina e etc. 
Patogênese: 
· As enzimas degradativas contribuem para penetração do veneno e seu acesso à corrente sanguínea, causando: lise nos eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células endoteliais resultando na hemólise intravascular, aumento de bilirrubina e LDH, hemoglobinúria e trombocitopenia (raro). 
· O veneno pode causar: bloqueio neuromuscular e paralisia respiratória: hemólise e miotoxicidade – lesão cardíaca (múltiplas picadas).
· Quadro clínico
· As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas)
· Locais: logo após a ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias. 
· Regionais: início lento e além do eritema e prurido, o edema flogístico evolui para enduração local que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes. Podem se desenvolverem a ponto de limitarem a mobilidade do membro. 
· Sistêmicos: manifestações clássicas de anafilaxia, com sintomas de início rápido – 2 a 3 minutos. 
· Sintomas gerais como cefaleia, vertigens e calafrios, agitação psicomotora, sensação de compressão torácica, entre outros;
· Tegumentares: prurido generalizado, icterícia, eritema, urticária e angiodema;
· Respiratórios: rinite, edema de laringe, rouquidão, outros. Pode haver broncoespasmo;
· Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema dos lábios, língua, úvula e epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e diarreia. 
· Cardiovasculares: hipotensão, manifestada por tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total, mialgia e taquicardia
· Manifestações tóxicas: provocadas por ataque múltiplo de abelhas (acima de 100 picadas), desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado de síndrome de envenenamento. 
· Além dos sintomas já descritos, há dados indicativos de hemólise intravascular (anemia) e rabdomiólise (IRA);
· Alterações neurológicas como torpor e coma, hipotensão arterial, oligúria/anúria e outros. 
· Exames complementares
· Não há exames específicos para o diagnóstico;
· Em quadros sistêmicos, urina I e hemograma completo são recomendados;
· Em casos graves, recomenda-se: CPK, LDH, TGO, TGP, bilirrubina, ureia, creatinina, sódio, potássio. 
· Tratamento 
Enquanto o soro ainda não está disponível, as medidas de suporte clínico disponíveis devem ser utilizadas de modo a minimizar os casos graves e reduzir os óbitos:
· Remoção dos ferrões: a retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina e não pelo pinçamento de cada um deles, pois a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente o veneno ainda existente.
· Inflamação: Uso tópico local de corticoide e anti-histamínicos podem amenizar os sinais e sintomas. 
· Dor: Quando necessária, a analgesia poderá ser feita pela Dipirona, via parenteral - 1 (uma) ampola (500 mg) em adultos e até 10 mg/kg peso - dose em crianças. 
· Reações anafiláticas:
· Remover o agente causal;
· Iniciar imediatamente epinefrina intramuscular no m. vasto lateral. Não fazer via SC. A dose é de 0,3 a 0,5 mg e pode ser repetida em intervalos de 5 a 15 minutos em pacientes com sintomas sistêmicos persistentes.
· Alguns pacientes são refratários à adrenalina devido ao uso de β-bloqueadores. Nesse caso, deve-se utilizar glucagon para reverter os efeitos do β-bloqueador e permitir a ação da epinefrina.
# A aplicação da adrenalina próximo ao local da picada e o uso de torniquetes não são recomendados
# Fornecer oxigênio suplementar a 100%, se necessário; Caso necessário via aérea avançada.
· Em caso de choque anafilático: 
· Colocar o paciente em posição supina com os membros inferiores levantados;
· Dois acessos venosos periféricos;
· Fazer a ressuscitação hemodinâmica com cristaloides;
· Manter o paciente sob monitorização.
· Acidentes provocados por peixes marinhos ou fluviais – ictismo
· Acidentes por ingestão - passivo; 
· Acidentes por ferroadas ou mordeduras - ativo;
· Acidentes acantotóxicos (arraias) → caráter necrosante, dor é acentuada. 
· Acidentes sarcotóxicos (baiacus) → ingestão de peixes e frutos do mar. 
· Patogênese
· É um veneno termolábil, contém serotonina, fosfodiesterase e 5-nucleotidase 
· Além do veneno, o ferrão causa uma laceração que, frequentemente, leva à infecção secundária (Pseudomonas spp., e Staphylococcus spp.) e necrose, especialmente em locais de clima quente e úmido. 
· Em 24 horas, já é possível observar necrose da pele, do tecido subcutâneo e do músculo esquelético.
· Quadro clínico
· O ferimento pode ser puntiforme ou lacerante, acompanhado por dor imediata e intensa no início, durando horas ou dias;
· Eritema e edema são regionais e em alguns casos, acomete todo o membro atingido;
· Nos casos graves, segue-se linfangite, reação ganglionar, abscedação e necrose dos tecidos no local do ferimento;
· Podem ocorrer manifestações gerais como: fraqueza, sudorese, náuseas, vômitos, vertigens, depressão respiratória, entre outros. 
· Lesões letais raramente ocorrem, exceto em casos onde o ferrão atinge órgãos vitais. 
 
· Tratamento 
· A inativação das toxinas é a forma ideal de neutralizar os sintomas dos acidentes;
· Não há um antiveneno específico e a abordagem terapêutica é baseada no uso de analgésicos, anti-inflamatórios, água morna para aliviar a dor intensa e uso de antibióticos para prevenir infecção secundária;
· Primeiro: lavar ferimento em água corrente ou solução salina, a fim de remover a maior quantidade possível de toxina;
· Segundo: imergir o membro ferido em água morna (aproximadamente 45°C). Com isso, espera-se que haja um alívio da dor entre 30 e 90 minutos.
· Pode-se utilizar lidocaína a 2% (sem epinefrina) para a exploração cirúrgica do ferimento, visando-se retirar restos de tecido e possíveis fragmentos do ferrão, visíveis em exame de raios-X. #Epinefrina não é recomendada por causar vasoconstrição cutânea, aumentando o risco de necrose;
· Realiza-se uma sutura, se necessário, deixando-se um dreno no local da lesão;
· Antibióticos de amplo espectro são usados em casos de pacientes com lesões profundas e muitos necrosadas
· Recomendado que a vítima faça imunização antitetânica
· Acidente ofídico
· Sexo masculino (70%), idade entre 15 a 49 anos, períodos de maior ocorrência de setembro a março. 
· Local: pé e perna - 70.8% dos casos e mão e antebraço - 13,4% dos casos
Fauna ofídica de interesse médico no Brasil:
· Bothrops – jararaca;
· Crotalus – cascavél; 
· Lachesis – surucucu; 
· Micrurus – coral verdadeira
· Identificação 
· Serpentes peçonhentas: 
· Serpentes não-peçonhentas: 
· ACIDENTE BOTRÓPICO
· Jararaca, responsável por 90,5% dos acidentes, letalidade é de 0,31%.
· Ações do veneno: proteolítica, coagulante e hemorrágica.
· Classificação 
LEVE: 
· Dor e edema local pouco intenso ou ausente, manifestações hemorrágicas locais discretas ou ausentes, com ou sem alteração do tempo de coagulação. 
MODERADO: 
· Dor e edema que ultrapassa o segmento anatômico picado, acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas. 
GRAVE: 
· Edema local endurado extenso – pode atingir todo o membro, acompanhado de dor intensa e bolhas e sinais de isquemialocal devido à compressão dos feixes vásculos-nervosos (edema). 
COMPLICAÇÕES: 
· Locais: Síndrome compartimental (fasciotomia), necrose (debridamento) e abscesso (drenagem)
· Sistêmicas: choque e insuficiência renal aguda 
· Conduta
· Exames complementares: tempo de coagulação, hemograma, exame de urina, eletrólitos, creatinina e ureia. 
· Tratamento
· Administração de soro antibotrópico, quantidade varia de acordo com a classificação do acidente – leve, moderado ou grave:
Leve: 3 ampolas 	 	 	Moderado: 6 ampolas 			Grave: 8 a 12 ampolas 
· Outras medidas: internar para avaliação tardia, posicionar membro em drenagem postural, analgésico para alívio da dor, hidratação (diurese entre 30ml/h e 40ml/h), antibióticoterapia com cloranfenicol. 
# Se após 24h o Tempo de Coagulação permanecer alterado, deve-se fazer uma dose adicional de duas ampolas.
· ACIDENTE CROTÁLICO
· Cascavel, responsável por 7,7% dos acidentes, letalidade de 1,87%
· Ações do veneno: neurotóxica, miotóxica e coagulante
· Classificação 
LEVE: 
· Sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de instalação tardia, ausência de mialgia, sem alterações de cor na urina.
MODERADO: 
· Sinais e sintomas neurotóxcios discretos, de instalação precoce, mialgia discreta e urina pode apresentar alterações na cor
GRAVE: 
· Sinais e sintomas neurotóxicos evidentes e intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular), mialgia intensa e generalizada, urina escura com possível oligúria ou anúria.
COMPLICAÇÕES: 
· Locais: parestesia local autolimitada
· Sistêmicas: insuficiência renal aguda, com necrose tubular nas primeiras 48h. 
· Conduta
· Exames complementares: tempo de coagulação, hemograma, exame de urina. 
· Tratamento
· Administração de soro anticrotálico, quantidade varia de acordo com a classificação do acidente – leve, moderado ou grave:
Leve: 5 ampolas 	 	 	Moderado: 10 ampolas 			Grave: 20 ampolas 
· Outras medidas: internar para avaliação tardia, hidratar (diurese entre 30ml/h e 40ml/h), controle gasométrico com possível administração de bicarbonato. Manter pH urinário acima de 6,5 para evitar a precipitação tubular de mioglobulina.
· ACIDENTE ELAPÍDICO
· Coral verdadeira, responsável por 0,4% dos acidentes, letalidade de 0,36%
· Ações do veneno: neurotoxina pré e pós sináptica. Ação semelhante aos bloqueadores musculares, competem com a acetilcolina na junção neuromuscular. 
#TODOS os acidentes elapídicos com repercussões clínicas devem ser considerados graves. 
· Conduta
· Tratamento
· Administração de soro antielapídico, quantidade varia de acordo com a classificação do acidente – moderado ou grave:
 	Moderado: 5 ampolas 			Grave: 10 ampolas 
· Outras medidas: manter o paciente adequadamente ventilado, atropina 0,5mg anteriormente à neostigmina que deve ser administrada com a dose de 0,05mg/kg a cada 4 horas. 
>> TESTE DA NEOSTIGMINA: aplicar 1 ampola IV, nos primeiros 10 minutos ocorre resposta e melhora evidente do quadro neurotóxico. 
Terapêutica de manutenção: se houver melhora dos fenômenos neuroparalíticos com o teste acima referido, a neostigmina pode ser utilizada na dose de manutenção, a cada 4 horas, precedida da administração de atropina para neutralizar os efeitos muscarínicos. 
· ACIDENTES COM ARANHAS - araneísmo
· Grande diversidade de hábitos e características; 
· Hábitos diurnos e noturnos, domiciliares, peridomiciliares ou diversos;
· Notificação compulsória mesmo quando não há uso de soroterapia;
· Todas as aranhas têm veneno e podem causar acidentes, no entanto, a grande parte delas causa acidentes com repercussões não graves (sintomas leves e reações alérgicas) por conta da baixa toxicidade do veneno para seres humanos, da pequenas quantidade de veneno injetada e das quelíceras incapazes de perfurar a pele.
· Três gêneros, com 20 espécies, são de interesse médico no Brasil: Latrodectus (viúva-negra), Lexoceles (aranha marrom) e Phoneutria (armadeira).
· ARANHA ARMADEIRA
· Posição de “armação” de defesa;
· Atinge 3 a 4cm ou até 15 cm de envergadura contando as pernas;
· Podem saltar a uma distância de aproximadamente 40 cm;
· Hábitos noturnos, não vivem em teias. Durante o dia permanecem escondidas;
· Nos domicílios, podem ser encontrados em locais úmidos e escuros;
· Picadas ocorrem preferencialmente em mãos e pés; crianças e idosos devem receber atenção especial
· Alto risco de edema pulmonar e sequelas neurológicas e respiratórias. 
· Veneno: neurotóxico, manifestações clínicas semelhantes a acidente escorpiônico
 
· Quadro clínico e tratamento
· Dor intensa e imediata no local da picada, podendo estar acompanhada de sintomas como: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada com visualização de dois pontos de inoculação
· Em acidentes graves em crianças, verificam-se leucocitose com neutrofilia, hiperglicemia, acidose metabólica e taquicardia sinusal
· Importante monitorar as condições cardiorrespiratórias nos acidentes graves
· Tratamento sintomático pode ser feito com infiltração anestésica local, meperidina (casos específicos), analgésico sistêmico e compressas quentes locais
· Tratamento específico com soroterapia é indicado com manifestações sistêmicas em crianças e em todos os acidentes graves. 
· CLASSIFICAÇÃO 
· Leve:
· Manifestações essencialmente locais como: dor, edema, eritema, sudorese, parestesia, taquicardia e agitação podem ocorrer devido a dor. 
· Tratamento: observação durante 6 horas, analgesia VO, anestesia local e/ou parenteral. 
· Moderado (crianças): 
· Manifestações locais que podem associar-se a sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais, agitação e hipertensão arterial. 
· Tratamento: SSA IV 2 a 4 ampolas (< 7 anos), analgesia VO, anestesia local e/ou parenteral e internação hospitalar. 
· Grave
· Além das manifestações acima, prostração, sudorese profusa, hipotensão, priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias cardíacas e respiratórias, contraturas, convulsões, cianose, edema pulmonar e choque. 
· Tratamento: anestesia local ou parenteral, analgesia VO, medidas de suporte vital e cuidados intensivos. 
· ARANHA MARROM
· Forma mais grave de araneísmo no Brasil 
· 1cm de corpo e até 3 cm de envergadura de pernas
· Sempre está ao abrigo da luz direta, teias são irregulares em fendas de barrancos, sob cascas de árvoers, etc.
· Acomete partes cobertas do corpo: coxa, tronco ou braços
· Não é agressiva, com picadas sempre imperceptíveis, geralmente durante o sono. 
· Patogenia e manifestações clínicas
· Forma cutânea – dermonecrose local: instalação lenta e progressiva, caracterizada por dor, edema endurado e eritema no local da picada que são pouco valorizados pelo paciente, evoluindo com acentuação dos sintomas locais entre 24 a 72 horas. 
· Forma cutâneo-visceral (hemolítica ou cutâneo-hemolítico): além do comprometimento cutâneo, observam-se manifestações clínicas em virtude de hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas.
· Os casos graves podem evoluir com insuficiência renal aguda, podendo chegar ao óbito. Pode haver necessidade de transfusão de sangue ou concentrado de hemácias.
· A presença de hemólise, independentemente do tamanho da lesão cutânea e do tempo decorrido pós-acidente, classifica o quadro como grave.
Classificação das lesões:
· Lesão incaracterística: bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação
· Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor em queimação
· Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose.
# geralmente o diagnóstico é realizado quando a lesão é característica 
- Essas lesões podem estar acompanhadas de astenia, febre alta nas primeiras 24 horas, cefaleia, prurido generalizado, mialgia, náuseas, vômitos, diarreia, irritabilidade e coma. 
- Cuidados com a ferida – infecção secundária, perda tecidual 
	ACIDENTE
	CLASSIFICAÇÃO
	MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
	TRATAMENTO
	Loxoscelismo cutâneo
	LEVE
	- Lesão incaracterística- Sem comprometimento do estado geral
- Sem sinal de hemólise
- A identificação da aranha é necessária para confirmação do caso
	- Orientar o paciente, retorno diário a cada 12 horas
- Acompanhar 72 horas
	Loxoscelismo cutâneo
	MODERADO
	- Lesão provável ou “característica” (com placa marmórea <3cm)
- Com ou sem comprometimento do estado geral
- Sem sinal de hemólise
	- Prednisona: 5 dias – adulto 40 mg/dia; criança 0,5-1mg/dia
- Sintomático 
	Loxoscelismo cutâneo
	GRAVE
	- Lesão “característica” (com placa marmórea > 3cm)
- Com o seu comprometimento do estado geral
- Sem sinal de hemólise
	- SALox/SAA IV: 5 ampolas 
- Prednisona: 7 dias
- Sintomático
	Loxoscelismo cutâneo-hemolítico 
	GRAVE
	- Presença ou não de lesão local significativa e dor
- Hemólise confirmada laboratorialmente 
	- SALox/SAA IV: 10 ampolas 
- Prednisona: 7 dias
- Sintomático
- Hidratação (boa perfusão renal) 
-SALox/SAA IV: soro antiloxoscélico ou soro antiaracnídico, intravenoso

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