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Estudo de caso direito do trabalho

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DIREITO DO TRABALHO
ESTUDO DE CASO
Alceu foi contratado por Alcéia para trabalhar como apontador de jogo do bicho. Após 05 (cinco) anos do pacto Alceu foi convocado por Alcéia para falarem daquele acordo de trabalho. Alceu sempre exerceu sua parte no contrato em conformidade com todas as regras impostas por Alcéia. Todavia, Alcéia esclareceu que os valores pagos a título de comissão para Alceu seriam diminuídos por sua decisão unilateral. Diante do fato, houve desentendimento e Alcéia rompeu o pacto. Alceu recebeu suas comissões não pagas até aquele momento e, inconformado, foi buscar seus serviços como advogado (a). 
Quanto ao caso em questão, é possível o reconhecimento da validade do contrato de trabalho de Alceu como apontador de jogo do bicho e, ainda, pleiteie, na justiça do trabalho, vínculo empregatício com a tomadora dos serviços, no caso, Alcéia?
1. Fundamente a resposta correta da questão com base na jurisprudência do TST e, também, no Código Civil.
2. Fale sobre a validade do negócio jurídico abordando, entre outros temas:
a) Licitude do objeto;
b) Possibilidade ou não do negócio jurídico;
c) Forma determinada por lei ou não proibida por ela.
Alguns Tribunais Regionais e o Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do arts. 104 e 166, inciso II do Código Civil Brasileiro, bem como a Orientação Jurisprudencial nº 199 da SBDI-1 do TST, entenderem que em decorrência da atividade ser ilícita, não é possível atribuir efeitos trabalhistas. Embora nula a relação decorrente de atividade ilícita, não há como desconsiderar que houve uma relação de trabalho entre as partes, a qual deve gerar seus efeitos no mundo jurídico, sob pena de premiar o empregador que se beneficiou do labor prestado pelo trabalhador. 
Os tribunais aplicam o disposto no art.182 CC que dispõe: “Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente”.
Como não se pode devolver ao trabalhador as forças desprendidas que executou, ele deve ser indenizado com pagamentos dos direitos trabalhistas que teria auferido caso o negócio do empreendedor fosse licito.
O Desembargador José Eliziário Bentes do Tribunal Regional do Trabalho da 8º Região, no Recurso Ordinário 0010500-12.2013.5.0006 reconhece que a ilicitude está na atividade do bicheiro e não no trabalho do apontador de jogo de bicho; no caso de contrato de emprego, como há prestação de serviço, tem entendido que a nulidade deve ser proclamada, mas seus efeitos serão sempre ex nunc, tendo em vista o que diz o art. 182 do Código Civil. 
O Desembargador salienta que independentemente do reclamante ter sido arrecadador do jogo do bicho, o que se deve ser observado são os pressupostos que caracterizam uma relação de emprego: subordinação, pessoalidade e habitualidade na prestação de serviços, além de onerosidade na contratação da força de trabalho. Com essas premissas os desembargadores da segunda turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8º região, deram provimento ao recurso ordinário, reconhecendo o vínculo empregatício entre as partes, condenando ao pagamentos de todas as verbas rescisórias, como forma indenizatória. 
Ainda que, a atividade prestada ilícita contamine todo o contrato de trabalho, o obreiro despendeu esforço e tempo para realizar as tarefas, sendo impossível restituir as partes ao status quo ante, de modo que não assegurar o mínimo de direitos ao trabalhador, será permitir o enriquecimento ilícito do empregador.
Embora a atividade seja ilícita, (tipificada como contravenção penal, art. 58 da Lei de Contravenções Penais, Lei 3688/41), em relação ao apontador do jogo do bicho, a doutrina e a jurisprudência pátrias vêm alterando substancialmente seus entendimentos, no sentido de reconhecerem o liame empregatício entre o cambista e o bicheiro, até porque a prática do jogo do bicho já vem a um bom tempo sendo tolerada pela sociedade e pelo Estado.

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