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1 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 abordagem do casal infértil • ESTERILIDADE: o fato de não conseguir engravidar. Casal que nunca conseguiu uma gravidez. • INFERTILIDADE: incapacidade de o casal levar uma gravidez a termo. • primária (nunca teve um filho antes) • secundária (quando já teve um filho e depois apresentou o problema) 12 meses é conceito em que é normal aguardar uma gravidez espontânea. Mas deve-se levar em consideração a idade da paciente, quando mais de 35 anos, não se espera os 12 meses para começar a investigar. • PESQUISA BÁSICA GERAL: • Anamnese: - Antecedentes familiares - Antecedentes pessoais - Antecedentes menstruais - Antecedentes obstétricos (ex: curetagem) - Vida sexual: a frequência sexual • Exame físico geral • Exame ginecológico • Exame subsidiários • PESQUISA BÁSICA ESPECÍFICA: Exames especiais para identificar o problema. • REGRAS BÁSICAS: • Sempre precisa ter a presença do casal (porque em aproximadamente 40% dos casos, a infertilidade vem do homem) • Orientações básicas sobre a condição do processo • Não interromper a investigação no primeiro achado positivo • Tratamento concomitante todos os achados anormais ✓ Ovariano ✓ Fator uterino (cervical/corporal) ✓ Fator tubo-peritoneal ✓ Imunológico ✓ Psicológico ✓ Masculino ✓ ESCA: esterilidade sem causa aparente 2 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 O objetivo é saber a mulher está ovulando. É o fator mais importante na dificuldade de um casal engravidar. O diagnóstico da ovulação vai se basear no aumento da secreção de progesterona (na segunda fase do ciclo) ou se baseia no crescimento do folículo que será visto por meio do USG. • DIAGNÓSTICO: ✓ Anamnese ✓ Curva temperatura basal ✓ Escore cervical ✓ Citologia hormonal seriada ✓ Biopsia endométrio ✓ Dosagens hormonais ✓ Ultrassonografia ✓ Laparoscopia ANAMNESE: - ciclo eumenorreico - dor ovulatória → ciclo regular e refere que no meio do ciclo (14º dia) tem desconforto, com dor ovulatória durante a ruptura do folículo - dismenorreia (a progesterona sensibiliza as fibras endometriais por causa das prostaglandinas) São 3 sinais clínicos que se deve pensar que esta mulher está ovulando. CURVA DA TEMPERATURA BASAL: Quando aparece a progesterona, ela atua no centro térmico do diencéfalo fazendo com que tenha uma mudança da temperatura de 0,3 a 0,6ºC. O procedimento consiste em a mulher medir todo dia durante a manhã a temperatura basal, após a ovulação, a temperatura vai aumentar, e essa aumento deve durar pelo menos 10 dias, se durar menos indica insuficiência do corpo lúteo. Hoje em dia não é tão utilizado porque necessita um controle rigoroso da mulher. ESCORE CERVICAL: À medida em que se chega no pico máximo do estrogênio (no meio do ciclo), o muco se altera e fica abundando, para proteger os espermatozoides do pH ácido vaginal (para permitir a penetração dos espermatozoides). Quando a mulher ovula, e aparece a progesterona, o muco perde sua filância, abundancia e cristalinidade (que tinha ficado com esse aspecto por causa do estrogênio). Portanto, muco abundante, filante e cristalino não indica ovulação, indica uma boa funcionalidade estrogênica. O escore cervical, baseia-se em 4 parâmetros: volume do muco, filância (capacidade de formar fios), cristalização e abertura cervical. Quanto mais pontuação, maior a atividade estrogênica, e desaparece após a ovulação. CITOLOGIA HORMONAL SERIADA: O Papanicolau verificou que as células vaginais descamavam diferentemente em diferentes fases do ciclo. Atividade estrogênica máxima (ao redor do 14º dia): descavam mais células superficiais, que são células grandes com núcleo picnótico e citoplasma acidófilo. Ação progesterona: descamavam células da camada basal ou intermediária (células menores, com citoplasma basófilo e núcleo grande). Ou seja, é para ir vendo as características histológicas de cada fase do ciclo, mas hoje não se utiliza mais porque a mulher tem que 3 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 ir até o consultório 4 vezes no mês para a realização desse exame. BIÓPSIA DO ENDOMÉTRIO: O endométrio, na fase inicial do ciclo, pela ação do estrógeno, o endométrio está proliferando. Se essa mulher ovular, e secretar progesterona, esse endométrio passará a ser secretor. Se a biópsia indicar endométrio secretor, indica que essa mulher ovulou e, consequentemente, que produziu corpo lúteo. Classificação de Noyles → datou o endométrio se acordo com o ciclo. Se essa classificação for alterada (não compatível com a data real) pode indicar insuficiência do corpo lúteo. Na fase estrogênica, o endométrio é proliferativo, e na fase de progesterona, o endométrio é secretor. Essa biópsia é feita com a cureta de Novack a nível ambulatorial. DOSAGEM DA PROGESTERONA: É o exame mais pedido (22 – 24º dia do ciclo). Pode ser feito com duas coletas ou uma dosagem isolada. Dosagem isolada > 5 ng/ml indica que ovulou Duas coletas (19 e 23º), se a soma for > 10 ng/ml indica que essa mulher ovulou ULTRASSONOGRAFIA: Dá o diagnóstico da ovulação e orienta o momento da fertilização assistida. O folículo vai crescendo e quando está na eminencia para ovular, fica muito grande. USG transvaginal seriada para o diagnóstico da ovulação. OVULAÇÃO EMINENTE: • Cúmulos oophorus • Hipervascularização • Edema teca/granulosa • Invaginação granulosa RUPTURA FOLICULAR: • Desaparecimento do folíguclo • Redução do diametrico • Aumento ecogenicidade • Líquido no espaço retro-uterino VIDEOLAPAROSCOPIA: Não é indicado para diagnóstico de ovulação, mas pode ser encontrado ao acaso. • DIAGNÓSTICO DA RESERVA OVARIANA: ✓ Contagem dos folículos ✓ Dosagem do FSH ✓ Dosagem do hormônio anti mulleriano (HAM) CONTAGEM DOS FOLÍCULOS ANTRAIS: USG entre o 3 e 5º dia do ciclo e faz a contagem de todos os folículos. Quando estão abaixo de 8, indica baixa reserva ovariana. ABAIXO DE 8 FOLÍCULOS → ↓ RESERVA Dosagem do FSH: Realizada entre 3 e 5º dia do ciclo. Valores maiores que 25 Mui/ml → baixa reserva ovariana. DOSAGEM DO HORMÔNIO ANTI MULLERIANO (HAM): São produzidos nas células da granulosa. Valores menores que 0,5 ng/ml → baixa reserva ovariana. Pode ser do colo do útero ou do corpo do útero. • AVALIAÇÃO CERVICAL: ✓ Especular ✓ Colposcopia ✓ Bacterioscopia ✓ Escore cervical • AVALIAÇÃO CORPORAL: ✓ Histerografia ✓ Histeroscopia → exame muito tranquilo de ser realizado (nível ambulatorial) ✓ Histerosonografia ✓ Biopsia do endométrio Cureta de Novack 4 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Avalia as tubas e o peritônio. • MEIOS DE AVALIAÇÃO: ✓ Videolaparoscopia (padrão ouro) ✓ Histerosalpingografia ✓ Tuboscopia • HISTEROSALPINGOGRAFIA: Injeta contraste hidrossolúvel na cavidade uterina por meio do canal cervical (esse contraste tem que passar pela tuba). Sempre é feito após a menstruação. • HISTÓRIA: ✓ Trauma testicular ✓ Vasectomia ✓ Cirurgia trato genital ✓ Anticorpos anti-espermatozoide • TESTE PÓS COITO (SIMMS-HUHNER): Investiga anticorpos anti-espermatozoides. Após a relação sexual no período pré- ovulatório, em que o muco está em boas condições, colher duas lâminas, uma do fundo de saco e outra do canal cervical. A lâmina do fundo de saco vai encontrar apenas espermatozoides mortos (acidez vaginal). Mas se encontrar espermatozoides mortos no canal cervical, deve-se pensar em alterações (fator imunológico ou infeccioso). Caso esse seja o problema, partir para a FIV.CAUSAS NÃO IMUNOLÓGICAS DE TESTE PÓS- COITO ALTERADO: • Período não adequado • Deposição do sêmen • Doenças cervicais Caso não tenha nenhum desses três fatores e sejam encontrados espermatozoides mortos no canal cervical, tem que pensar em fatores imunológicos. O sistema límbico pode alterar o eixo hipotálamo-hipófise-ovário, alterando a ovulação. Psicoterapia → Gravidez O fator masculino isolado ou em conjunto chega a 40% das causas de infertilidade. No nosso meio, a causa mais frequente de espermatozoides mortos é a varicocele. VOLUME 1,5 a 6 ml pH 7 a 8 CONCENTRAÇÃO > 20 milhões MOTILIDADE > 25% progressiva e direcional > 50% rápida e direcional lenta ou não direcional MORFOLOGIA >30% normais VITALIDADE > 50% LEUCÓCITOS < 1 milhão/ml AGLUTINAÇÃO < 10% Após ter investigado todas as causas acima e não ter encontrado nada de anormal. Opções de tratamento: começa a induzir a ovulação, programa o coito, inseminação intrauterina homóloga ou FIV. É importante dar atenção a esse casal, há casos de separação apenas pelo fato de haver ausência de gravidez. ESPERMOGRAMA 5 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Posso fazer todos esses exames dentro de um mês: CTB: curva da temperatura basal (todos os dias do mês) CHS: citologia hormonal seriada EC: escore cervical HSG: histerossalpingografia (antes da ovulação) 22º dia do ciclo → dosagem de progesterona, biópsia de endométrio ou até mesmo uma videolaparoscopia. Ovulatório 27% Masculino 25% Canalicular (tubo-peritoneal) 22% ESCA 17% Endometriose 5% Outras 4% Em níveis socioeconômicos mais baixos, o fator canalicular pode ser mais incidente do que o fator ovulatório, por causa da incidência das DSTs (relacionado à promiscuidade sexual). Questões 1 - Mulher, 32a, com esterilidade primária há 3 anos, em amenorreia há 1 ano. Dosagens hormonais: FSH= 70mUI/mL, LH= 55mUI/mL, PRL= 18ng/mL; cariótipo= normal; biópsia ovariana= ausência de folículos; espermograma do parceiro= normal. O DIAGNÓSTICO E O TRATAMENTO SÃO: a) Falência ovariana prematura; inseminação intra-uterina. b) Falência ovariana prematura; transferência de oócitos de doadora. c) Anovulação crônica; indução com gonadotrofinas. d) Anovulação crônica; indução com citrato de clomifeno. COMENTÁRIOS: O FSH > 25 mUI/mL indica falência ovariana (já elimina alternativa C e D). Não pode ser A porque essa mulher não tem folículo, não ovula, portanto, ela só pode engravidar através de oócitos de doadoras. 2 - Paciente infértil com antecedente de doença inflamatória pélvica realizou laparoscopia com diagnóstico de hidrossalpinge bilateral. Assinale a alternativa que apresenta o tratamento da infertilidade: a) Salpingoplastia + inseminação intrauterina. b) Salpingectomia + fertilização in vitro. c) Antibioticoterapia prolongada. d) Salpingoplastia + indução de ovulação com coito programado. e) Salpingoplastia + Antibioticoterapia + coito programado. COMENTÁRIOS: É necessário retirar as tubas e, posteriormente realizar a fertilização in vitro. É necessário retirar as tubas porque o líquido que está dentro dessas não permitiria a fertilização. 3 – Uma mulher, 32 anos, casada há 6 anos, refere relações sexuais frequentes e desprotegidas, há 2 anos, sem engravidar. Menstruações regulares e muito dolorosas. Exame ginecológico e ultrassonografia pélvica: normais. Espermograma do parceiro: normal; capacitação espermática: 6 milhões de espermatozóides/ml, 100% de grau A. Como o casal deseja ter filhos, a conduta é: a) Fertilização in vitro b) Inseminação intra-uterina c) Laparoscopia d) Indução da ovulação COMENTÁRIOS: USG, exame ginecológico e espermograma normal. Como ela tem menstruações muito dolorosas é preciso investigar os fatores tubo- peritoneais, para isso, o padrão ouro é a laparoscopia. 6 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 4 – Paciente de 37 anos, G2P1, tenta engravidar há 18 meses; a conduta inicial para o casal é, EXCETO: a) Histeroscopia b) Videolaparoscopia c) Espermograma d) FSH de 3. Dia COMENTÁRIOS: Histeroscopia é o exame mais simples para avaliar a cavidade, feita a nível ambulatorialmente. Como é um exame simples, feito a nível ambulatorial, pode-se iniciar a pesquisa com ele. 5 – Paciente de 23 anos, casada há 3 anos, parou anticoncepcional hormonal há 6 meses, não conseguindo engravidar desde então. Foi submetida à histerossalpingografia com o seguinte achado. Conduta: a) Expectante. b) Laparoscopia. c) Histeroscopia. d) Fertilização in vitro. COMENTÁRIOS: Letra A, porque tem apenas 6 meses tentando engravidar, ainda não é considerado infertilidade, porque é uma mulher jovem, que tem um pequeno achado uterino, mas faz pouco tempo que estão tentando engravidar. 6 – Após a suspensão de métodos contraceptivos, um casal jovem se apresentou em consultório, relatando relações sexuais regulares há dois anos, sem conseguir engravidar. Foram solicitados alguns exames para investigação de infertilidade conjugal. Considerando essa situação hipotética, assinale a alternativa correta: a) A histerossalpingografia e histeroscopia têm a mesma acurácia para detectar alterações endometriais. b) Concentração espermática de 20 milhões/mL indica reserva ovariana adequada. c) Hormônio anti-mulleriano em altos níveis indica reserva ovariana adequada. d) Progesterona reduzida no 21º dia do ciclo indica que a paciente provavelmente ovulou. e) A dosagem de FSH no 3º dia do ciclo é mais confiável para estimar a reserva ovariana que a contagem de folículos antrais. COMENTÁRIOS: É um casal jovem (menos de 35 anos), que tem relações normais, e não conseguem engravidar há 2 anos, portanto, já é considerado infertilidade. Letra A: não (histerossalpingografia é da cavidade Letra B: acima de 20 milhões é considerado normal. Letra C: O HAM quando em altos níveis, tem uma indicação, de que a formação (na célula da granulosa) está adequada.É um dos exames para investigar a reserva ovariana. 7 – Uma mulher G1 P1 de 32 anos apresenta amenorreia faz 12 meses. O teste de gravidez é negativo. Níveis de TSH, prolactina e perfil androgênico são normais. O nível de FSH é elevado a 48 UI/L e, LH de 39 UI/L. Qual das alternativas a seguir é a complicação mais provável para esse paciente? a) Ela tem risco significativa de câncer endometrial b) Ela tem risco significativa de câncer de ovário c) Ela tem risco aumentado de osteoporose d) Ela tem risco aumentado para gestações múltiplas COMENTÁRIOS: 32 anos, com falência ovariana. Por isso, vai ter risco aumentado de osteoporose. A deficiência de estrogênio aumenta a atividade do osteoclasto e diminui a atividade do osteoblasto. Toda mulher que ovula menos, tem menor risco de ter câncer de ovário. 7 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 O risco de câncer de endométrio também está menor porque essa mulher não vai ter produção de estrogênio. 8 – Devido à intensa carreira profissional, a paciente EMG deseja gestar após o término do doutorado. Hoje, com 35 anos de idade, foi solicitada na consulta a dosagem de HAM. O HAM é produzido pelo (a)? a) Corpo lúteo b) Hipófise posterior c) Folículo pré-antral d) Hipófise anterior 9 – Paciente de 23 anos de idade fez uso de citrato de clomifeno, 150 mg por dia, durante 5dias, devido a quadro de anovulação, está no 24º dia do ciclo menstrual com queixa de dor abdominal, náuseas, vômitos, aumento do volume abdominal e diminuição da diurese. Qual a hipótese diagnóstica? a) Abdome agudo inflamatório b) Abcesso tubo ovariano c) Endometriose pélvica d) Síndrome do hiperestímulo ovariano COMENTÁRIOS: Citrato de clomifeno: droga para induzir a ovulação. O hiperestímulo ovariano é algo grave, que é difícil de ocorrer pelo uso de citrato de clomifeno, há um aumento do volume ovariano. Por isso que não se faz indução da ovulação sem auxilio de uma clínica de reprodução humana. 10 – Paciente de 36 anos, parou de usar contraceptivo há nove meses pelo desejo de gestação. Apresentou três ciclos menstruais após a interrupção do método contraceptivo e encontra-se em amenorreia secundária há 6 meses. Tem beta HCG plasmático qualitativo menor que 1 Mui/ml, hormônio antimulleriano de 0,2 Mui/l, FSH de 45 mUI/ml e contagem de folículos antrais de 1. Qual a hipótese diagnóstica? a) Falência ovariana prematura b) Síndrome de ovários policísticos c) Agenesia gonadal d) Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster- Hauser COMENTÁRIOS: HAM baixa, FSH alto e contagem de folículos antrais baixo. 11 – Paciente, de 29 anos, G0, apresenta tentativa de gestação com parceiro único há 2 anos. Refere ciclos menstruais regulares com intervalo de 28 dias e fluxo de 5 dias, mas nega galactorreia e sinais de hiperandrogenism ou sintomatologia climatérica. O marido não tem comorbidades, e não tem filhos de outro relacionamento. A capacitação espermática foi normal. Qual é a conduta mais adequada para a paciente? a) Avaliar a permeabilidade tubária por meio da videolaparoscopia e indicar inseminação intraútero b) Prescrever gonadotrofinas para estimulação ovariana e realizar FIV c) Realizar histerossalpingografia para definição da abordagem terapêutica d) Realizar abordagem cirúrgica por videolaparoscopia e conduta expectante por 6 meses e) Injeção intracitoplasmática do espermatozoide (ICSI), devido ao fator masculino COMENTÁRIOS: preciso começar a investigação com exames menos invasivos, para avaliar as questões básicas. Só após o diagnóstico pode-se tomar uma conduta. 12 – Um casal procura o ginecologista com o desejo de engravidar. A mulher é portadora de síndrome de Turner e está medicada com anticoncepcional hormonal oral combinado e menstruando regularmente. O marido é saudável, com espermograma normal. Quanto à orientação a ser dada ao casal, assinale a alternativa correta: a) Suspender o anticoncepcional e aguardar gravidez espontânea b) Propor FIV após suspensão do anticoncepcional, estímulo da ovulação e coleta de óvulos c) Propor adoção pelo risco genético de a síndrome se repetir em eventual gravidez d) Pode-se obter gravidez com doação de óvulo, fertilização com espermatozoide do marido e 8 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 transferência intrauterina para o útero da paciente COMENTÁRIOS: Turner: X0 (está tomando anticoncepcional para reposição hormonal). A – nunca vai acontecer B – essa mulher não consegue ovular (disgenesia gonadal) 14 – Um casal que mantém vida sexual ativa e sem contracepção há mais de 1 ano procurou o médico com diagnóstico de infertilidade. Na avaliação desse casal, é correto afirmar que: a) A dosagem do LH ao redor do 14º dia do ciclo estimula recrutamento folicular b) Mulheres eumenorreicas e normais ovulam somente em 50% dos ciclos c) A concentração espermática deve ser maior do que 30 milhões/mL d) Não existe indicação para solicitar histerossalpingografia, podendo ser substituída pela ultrassonografia 3D e) A relação LH-FSH indica o equilíbrio funcional do eixo e permite avaliar a quantidade de gonadotrofina para induzir a ovulação. 15 – Um casal jovem, ela com 26 anos e ele com 27, procura o médico com desejo de gravidez. Referem que há 1 ano ela parou de usar método contraceptivo e têm vida sexual normal, mas não conseguiram engravidar. Ela tem ciclos regulares de 28 dias, com duração e fluxo normais. Nega antecedentes cirúrgicos, ginecológicos e obstétricos. Ele, por sua vez, não apresenta nenhum antecedente cirúrgico, nenhuma doença ou uso de medicações. Refere que engravidou uma namorada há 5 anos, que provocou um abortamento. Assinale a alternativa correta: a) O homem não precisa fazer nenhum exame, pois não é infertil b) Para confirmar se ela tem ciclos ovulatórios, solicitaríamos uma dosagem da progesterona na 1ª fase do ciclo menstrual c) Na propedêutica básica desse casal, devem-se solicitar provas de função tubária, avaliação da função ovariana, avaliação uterina e avaliação do fator masculino. d) O casal não é considerado infértil porque tem apenas 1 ano de atividade sexual sem método contraceptivo. COMENTÁRIOS: A – há 5 anos atrás, algo pode ter acontecido nesses 5 anos. B – na segunda (entre 22 e 24º dia) D – a partir de um ano já pode ser considerado infertilidade. 16 – Um casal se apresenta em consultório relatando relações regulares há dois anos, sem conseguir engravidar. São solicitados alguns exames para investigação de infertilidade conjugal. Assinale a alternativa INCORRETA: a) Progesterona elevada colhida no 21º dia do ciclo menstrual indica adequada capacidade ovulatoria b) FSH reduzido colhido no 3º dia do ciclo indica reserva ovariana diminuída c) Histerossalpingografia avalia a presença de pólipos endometriais e permeabilidade tubária d) A presença de miomas subserosos pouco contribui para a infertilidade conjugal e) A contagem espermática de 30 milhões e adequada mobilidade não devem ser a causa de infertilidade ALTERNATIVAS CORRETAS: B e C (a questão seria anulada) COMENTÁRIOS: A histerossalpingografia mostra uma imagem negativa, mas não especifica se é um pólipo, um mioma etc. Um FSH elevado indica reserva ovariana diminuída. 17 – Paciente de 39 anos, em união estável há 6 anos, refere três anos sem uso de métodos anticoncepcionais e não conseguiu gravidez. Possui história de gravidez tubária esquerda há 10 anos, tendo sido submetida à salpingectomia. O parceiro realizou espermograma que identificou obstrução tubária direita, na porção ampular. Tuba esquerda ausente. Qual é o tratamento mais 9 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 eficaz que pode ser oferecido ao casal portador de infertilidade? a) Indução da ovulação e coito programado b) Indução da ovulação e inseminação intrauterina c) Inseminação intrauterina em ciclo sem estimulo ovulatório d) FIV e) Videolaparoscopia para desobstrução tubária COMENTÁRIOS: E não pode ser feita porque o marido possui oligospermia, portanto, uma desobstrução tubária não iria resolver o problema do casal. 18 – Paciente de 33 anos, nuligesta, com quadro de infertilidade conjugal há 2 anos. A propedêutica revelou presença de mioma submucoso de 3 cm. O marido tem 41 anos e dois filhos de relacionamento anterior. A conduta adequada é: a) Miomectomia histeroscopica e solicitar espermograma b) Tratamento com análogos do GnRH por 6 meses c) Miomectomia laparoscópica e realização do teste pós-coito d) Videolaparoscopia com cromotubagem e miomectomia COMENTÁRIOS: Espermograma porque não se sabe há quanto tempo o marido teve esses 2 filhos. O análogo pode diminuir esse mioma, mas ao parar o medicamento, o mioma irá retornar ao tamanho inicial. 19 – A avaliação da reserva ovariana deve ser feita através da dosagem de: a) Estadiol na fase periovulatória b) Progesterona na fase lutea media c) FSH no 3º dia do ciclo menstrual d) Prolactina na fase folicular 20 – Um casal estátentando engravidar há cerca de 2 anos. A esposa tem 36 anos, ciclos menstruais regulares e exame ginecológico normal. Há história de apendicite na adolescência e ausência de passado mórbido relevante. O marido tem 41 anos, não apresenta alterações ao exame físico e possui um filho de 6 anos de seu casamento anterior. Em relação à propedêutica da infertilidade conjugal nesse caso, é CORRETO afirmar: a) O espermograma é dispensável, visto que o marido possui comprovação de fertilidade (um filho do casamento anterior). b) Em vista do declínio da função ovariana observado com o aumento da idade, o casal deve ser imediatamente encaminhado para a fertilização in vitro. c) A videolaparoscopia, o teste do clomifeno e dosagens de estradiol e progesterona são exames fundamentais na propedêutica inicial do casal acima d) Dosagem de FSH no 3º dia do ciclo menstrual, histerossalpingografia, ultrassonografia endovaginal e espermograma são os exames que devem ser realizados na avaliação inicial do casal. COMENTÁRIOS: A – o filho do casamento anterior tem 6 anos, portanto, pode ter acontecido algo entre esses anos B – não, primeiro deve-se investigar, para depois escolher a conduta. C – esses exames não são utilizados na abordagem inicial (primeiro são feitos exames menos invasivos). D - primeiro é feito uma investigação não invasiva desse casal, posteriormente, escolhe a conduta mais adequada de acordo com o resultado dos exames e o diagnóstico. 10 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 endometriose Endometriose é conceituada como a presença de tecido semelhante ao endométrio (estroma e/ou glândula) em localização ectópica. Tecido endometrial é o que reveste o útero internamente. Esse tecido é formado por glândulas, mais superficiais (que fazem a secreção), e estroma, que nutre essas células. É um tecido bem típico, de fácil reconhecimento. 7 – 10% da população feminina. Quando observa apenas mulheres em idade reprodutiva, acomete de 10 – 15% das mulheres. Com o advento da laparoscopia, ficou claro que muitas mulheres apresentavam a doença e eram assintomáticas. Portanto, a laparoscopia ajudou a estabelecer a epidemiologia da endometriose. É uma doença que se deve ficar atento ao diagnóstico, a endometriose sempre deve estar como suspeita na anamnese de uma mulher. 40 – 50% são mulheres inférteis. 49% das adolescentes com dor pélvica crônica. • Genética (parentes de primeiro grau com endometriose) • Estilo de vida Portanto, é uma doença que possui influencia genética, mas é determinada mesmo pelos fatores ambientais. • Tabagismo • Número de filhos (quanto mais filhos, menos tendencia a ter endometriose) • Idade da menstruação (quanto mais tarde menstrua, menos chance) • Sedentarismo • Idade • IMC (mulheres mais magras tem mais risco) Recentemente, foi publicado um paper que deixa os fatores de risco bem claros, sofrendo influencia desde o estado embriológico. Há diversas teorias que tentam explicar a fisiopatologia da endometriose. • TEORIA DE HALBAN: Fala sobre a disseminação hematológica ou linfática, que justificaria uma endometriose à distância (como endometriose de pleura ou pulmonar, em locais que não tem contato com o sistema reprodutivo). Potencialidade das células se disseminarem pelas • SAMPSON: É a teoria mais aceita. De acordo com essa teoria, o refluxo menstrual é o principal fator de influência. Todas as mulheres tem um certo grau de refluxo, exceto as que tem uma intervenção, como laqueadura ou DIP (que obstrui as tubas). v ENDOMETRIOSE PROFUNDA: infiltra mais do que 5 mm (0,5 cm). 11 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Mas ela por si só não justifica alguns outros tipos de endometriose, como os casos de endometriose à distância. Além disso, se todas as mulheres possuem refluxo menstrual, por que apenas 15% vai manifestar a doença? • TEORIA DA METAPLASIA CELÔMICA: Fala que qualquer célula do corpo pode regredir sua fase de diferenciação, ser indiferenciada de novo, e se modifica em outro tipo de tecido. • TEORIA IMUNOLÓGICA: Correlaciona a endometriose com outras doenças de caráter imunológico. Porque começaram a entender que a mulher que possui endometriose, possui também outras doenças de caráter imunológico ou mental. Envolve diversas citocinas que se mostram alteradas, como TNF, IL, fator de crescimento endotelial vascular etc. Além disso, tem relação com o fluido peritoneal a atividade de células magocitárias (os macrófagos limpam todo o refluxo menstrual após a menstruação). Hoje, entende-se a endometriose como uma doença sistêmica, mas ainda falta muito conhecimento para conhecer a doença na sua totalidade. • ASPECTOS GENÉTICOS: Também já foram estudados, a partir de gêmeos homozigóticos. Prevalência da doença nos familiares de 1º grau de 6 a 9 vezes mais do que a população geral. Portanto, a participação do gene, hoje, tem ficado mais clara na doença. Mas deve-se lembrar que tem extrema influência dos fatores ambientais. Ocorre, provavelmente, por um desequilíbrio alélico. O endométrio de uma mulher com endometriose é diferente do endométrio de uma mulher que não tem endometriose. Um exemplo, é que esse endométrio anormal (com endometriose) tem uma diminuição da sua apoptose. Isso explica os mecanismos de maior persistência das células na cavidade endometrial. Portanto, em uma endométrio normal, as células sobreviveriam cerca de 30 anos, contudo, quando não sofrem apoptose, duram mais e sofrem mais influência hormonal. EXPLICAÇÃO PARA ↓ APOPTOSE: Fatores pró-apoptóticos ↓ Exemplo: p52 e Bax Fatores anti-apoptóticos ↑ Exemplo: Bcl-2 Quando o ambiente está muito oxidante, com muita liberação das partículas ROS, o que contribui para a inflamação do organismo, e com isso, modula a doença. Foram identificadas algumas substâncias que são nocivas, como oxido nítrico, metais pesados, poluentes atmosféricos e poluentes ingeridos através dos alimentos. E isso vai agravar, porque vai aumentar a inflamação, traduzindo em lesões mais complexas. Lesões maiores/mais profundas têm maior expressão da aromatase (P450) → transforma o colesterol em estrogênio, o que faz com que a doença se torne autosuficiente, mesmo não tendo o estímulo hormonal ovariano. HOJE: se justifica a endometriose pela união da teoria de Sampson com a teoria imunológica. DOENÇA EPIGENÉTICA: são alterações genéticas induzidas também por questões hormonais, imunológicas, provavelmente oriundos de fatores externos. 12 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Lâmina de intestino, as fibras musculares são as mais rosadas. E pode-se ver o tecido endometrial infiltrando o tecido muscular. As células no círculo são as células glandulares. É uma endometriose bem diferenciada, porque parece muito com um tecido de um endométrio tópico. Nessa segunda imagem, tem-se uma endometriose de cicatriz de cesárea. Ao redor da área de endometriose tem-se um tecido fibroso denso e uma área de estroma e as glândulas (mas são glândulas mais dilatadas, sem formato, com hemorragia no seu interior). Esses são os cistos que se formam na lesão em estágios mais avançados da doença. Há 3 tipos morfológicos distintos. A endometriose ovariana é uma variante morfológica distinta. Infiltra um folículo, por exemplo, e vai recobrindo toda a parte interna desse folículo, e faz com que esse folículo fique cheio de sangue durante os ciclos. Esse último é um exemplo clássico de bloqueioposterior, um exemplo de alça de retosigmoide infiltrada, aderida à porção posterior do útero. Recebe esse nome diferente porque é uma doença que não precisa sair da cavidade uterina. O útero começa a ser infiltrado de dentro para fora. A adenomiose é uma causa de sangramento uterino anormal (além de cursar com dor, cursa com SUA). É de difícil diagnóstico no início da doença. ASPECTOS: Na radiologia vai ser possível ver formação de estrias, heterogenicidade do tecido miometrial, com formação de glândulas, áreas de sangramento, cistos hemáticos, irregularidade entre a espessura da parede anterior e posterior do útero, formato bojudo do útero (imagem C). A macroscopia vai apresentar um grande infiltrado dentro da musculatura formando áreas císticas. Essa primeira lesão é uma lesão clássica chamada de chama de pólvora. Esse preto, na verdade, é sangue. São células glandulares com sangue no seu interior. 13 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 OBS: na ginecologia, associa-se muito o sangramento uterino anormal a miomas, principalmente submucosos. Enquanto associa-se a dor à endometriose. E a adenomiose fica no meio do caminho, por isso que o diagnóstico é difícil (porque a alteração radiológica pode ser sútil até mesmo na ressonância magnética, que seria o padrão ouro para diagnóstico de adenomiose). ADENOMIOSE → DOR + SANGRAMENTO Mais de 60% das peças oriundas de histerectomia vem com um diagnóstico anátomo-patológico de adenomiose (as vezes indicado por um sangramento uterino anormal sem causa definitiva ou por miomatose). E a maioria não tinha o diagnóstico prévio de adenomiose. Os fatores de risco e a fisiopatologia da adenomiose e endometriose são os mesmos. A primeira lesão é LESÃO PIGMENTAR VERMELHA, é o início da endometriose. Presença de fatores angiogênicos, com o aumento da vascularização (VGF). No meio é a lesão chama de pólvora. A terceira, é a lesão da fibrose, estágio mais avançado da doença, em que o organismo já respondeu formando um tecido cicatricial. Esse tecido cicatricial pode comprimir nervinhos periféricos dentro da cavidade e causar dor. Provoca uma distorção da cavidade. Quando abre esse conteúdo pode ser achocolatado ou mais denso. Kissing ovaries: ovários se tocando. Quando se depara com essa situação, já tem 40 – 60% de chance de já ter o intestino acometido pela endometriose. É uma das únicas lesões possíveis de serem identificados por meio de USG simples. Vai formando nódulos e entra nos espaços mais importantes da pelve feminina. A endometriose profunda infiltrativa pega 30% das mulheres com endometriose, e na maioria das vezes, é uma endometriose intestinal, que é a mais grave. DOR + INFTERILIDADE Do ponto de vista prático, se identifica uma paciente com endometriose pela dor ou infertilidade (isolados ou associados). ✓ 14 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 ✓ Dor em baixo ventre (dismenorreia) ✓ Dor pélvica crônica acíclica (que pode piorar durante o ciclo) ✓ Dispareunia profunda ✓ Prisão de ventre ou diarreia no período menstrual ✓ Dor para evacuar e sangramento nas fezes • Inspeção geral • Palpação abdominal (para ver sensibilidade, paciente pode ter sensibilidade aumentada) • Especular (em casos mais graves pode-se ver a lesão infiltrando e invadindo o fórnix da vagina). • Toque vaginal (bimanual) → palpar os ligamentos • Toque retal EXAMES BIOQUÍMICOS ✓ CA 125: CA 125 é um marcador tumoral que é aumentado nas pacientes com endometriose, mas também é aumentado em outras etiologias, por isso pode ser um exame muito traiçoeiro (mais aumentado na endometriose ovariana). Sensibilidade: baixa Especificidade: baixa. Mas há casos em que a paciente tem endometriose, mas tem o CA 125 baixo. Portanto, não pode ser usado como diagnóstico. ✓ Leptina ✓ Interleucinas (IL-6) ✓ Glicodeina ✓ VEGF-A ✓ Fibras nervosas ✓ Proteínas do citoesqueleto (CALD1 e CK19) Mas nenhum desses exames se mostrou efetivo na pratica, que se mostrou efetivo ao diagnóstico. Portanto, na prática clínica não se utiliza nenhum desses exames. EXAMES BIOFÍSICOS ✓ Ultrassom com preparo intestinal: Melhora a condição do colón, retirando fezes e gases, porque os elementos sólidos e gasosos bloqueiam as ondas acústicas do USG. Lembrando que no USG, as ondas são propagadas pelo líquido. É padrão ouro para diagnóstico de endometriose. Portanto, quando faz o preparo intestinal, melhora a qualidade do exame. Mas o que faz o diagnóstico é o profissional capacidade. Caso não tenha um profissional capacitado, é melhor realizar uma ressonância magnética. ✓ Ressonância magnética EXAMES AUXILIARES ✓ Enema opaco com duplo constraste → exame com raio contrastado de raio-X em que se pode avaliar a espessura da parede intestinal ✓ Urografia → quando a endometriose causa obstrução de ureter, pode ajudar a localizar o ponto de obstrução e auxiliar na cirurgia. 15 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 OUTROS EXAMES AUXILIARES ✓ Eco-colonoscopia (USG transretal) ✓ Histeroscopia ✓ Cistoscopia ✓ Colonoscopia ✓ Broncoscopia (no caso de uma endometriose pulmonar). • 1 º HISTÓRIA CLÍNICA: Dismenorreia Dipareunia Dor pélvica crônica Infertilidade Sangramento anormal Dor evacuatória ou sangramento fezes Dor miccional ou sangramento urina Distensão abdominal/constipação/diarreia catemenial • 2º EXAME FÍSICO: Lesões pele mucosas arroxeadas Tumores anexiais Diminuição mobilidade órgãos Dor/aumento da sensibilidade à palpação Espessamentos ligamentares Nódulos em fórnice vaginal Toque doloroso • 3º EXAMES AUXILIARES: USG transvaginal com preparo intestinal para mapeamento da endometriose RM de pelve com gel vaginal Exames contrastados Exames endoscópicos • 4º LAPAROSCOPIA: Lesões pigmentares (vermelha, chama-de- pólvora, brancas) Falhas peritoneais e pockets Aderências velamentos e fibróticas Cistos ovarianos Cistos peritoneais Dilatação/tortuosidade tubárias • 5º ANÁTOMO-PATOLÓGICO: Estroma e/ou glândulas endometriais Fibrose adjacente Hipermioplasia muscular adjacente É possível classificar a endometriose de diversas formas, mas a mais utilizada é a ASRM-r, que fala mais a respeito sobre infertilidade, dando escores de acordo com os achados na laparoscopia. • CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A HISTOLOGIA: ✓ Endometriose superficial < 5 mm ✓ Endometriose profunda > 5 mm • CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO À INFILTRAÇÃO: ✓ Infiltração ✓ Retração ✓ Adenomiose externa • TOPOGRÁFICA: ✓ Endometriose peritoneal ✓ Endometriose ovariana ✓ Endometriose infiltrativa • CLASSIFICAÇÃO ASRM-r: Avaliação que dá escores e depois classifica em 4 estádios de acordo com os achados na laparoscopia. Escore com pontuação por tipo de lesão e localização. Pouco valor na correlação com sintomas e endometriose infiltrativa. Avalia o aspecto de infertilidade. Mais utilizado nos estudos. I – mínima II – leve III – moderada IV – severa • CLASSIFICAÇÃO ENZIAN: Tem sido utilizada ultimamente. É um grupo alemão. Melhor traduz a extensão da doença do ponto de vista cirúrgica, mas ainda não é muito utilizada, mesmo sendo a mais promissora das classificações. 16 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 O tratamento é baseado na principal queixa da paciente. PARA TRATAR A DOR DA ENDOMETRIOSE A dor da endometriose tem uma peculiaridade, é uma dor em resposta a uma inflamação. Portanto, quanto mais inflamada a pelve, maior a dor dessa paciente. • MÉTODOS HORMONAIS:para inibir os hormônios ovarianos. ✓ ACO → uso contínuo, porque a pausa causa dor ✓ Progestagenos → atrofia o endométrio (hoje estão sendo mais utilizados do que os estrogênios) ✓ Implantes ✓ Depósito ✓ SIU ✓ Análogo GnRH (até 6 meses, utilizados pré-cirurgias) – reduz a taxa de recidiva ✓ SERM ✓ Danazol ✓ Gestrinona (implantes “chips da beleza”, não é implanon, e não é reconhecido como tratamento para endometriose) • ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAL • ANALGÉSICO • ANTIDEPRESSIVOS • ANTICONVULSIVANTES • ISRS TRATAMENTO DA INFERTILIDADE • Estimulação ovariana • Coito programado • Fertilização in vitro → é recomendado para pacientes que tem condições financeiras e endometrioses menores do que 4 mm. Mas quando a paciente não tem condição socioeconômica a única opção acaba sendo cirurgia. Visa a conservação dos órgãos. ✓ Cauterização de implantes superficiais ✓ Tratamento dos implantes profundos (endometriose infiltrativa) com excisão radical local → ligamentos uterossacros, septo retovaginal, bexiga, intestino, diafragma ✓ Tratamento dos anexos → tubas e ovários ✓ Remoção das aderências ✓ Reconstrução da anatomia ✓ Preservação da fertilidade (mas reduz a reserva ovariana) Quando precisa remover alguns órgãos, como uma histerectomia total ou anexectomia. Quando já tem lesões abordadas previamente sem melhora clínica. 17 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Síndrome dos ovários policísticos Essa síndrome tem uma outra definição é anovulação crônica hiperandrogênica, que seria o nome mais adequado, porque indica o que está acontecendo do ponto de vista clínico. Se essa paciente tem uma anovulação crônica, essa paciente será infértil. Das causas de infertilidade, é uma das mais comuns (30 – 40% dos casos de infertilidade na mulher). A mulher apresentará uma oligomenorreia (ciclos com intervalos maior do que 35 dias) associado a um hiperandrogenismo (aumento da pelificação e acne). Está relacionado à uma retroalimentação inadequada no eixo HHO. • CAUSAS OVARIANAS: • Síndrome do ovário policístico • Hiperplasia da teca e do estroma → teoria das duas células (o colesterol entrava na célula da teca e era transformado em androgênios, portanto, se tem uma hiperplasia das células da teca, tem um hiperandrogenismo) • HAIR-AN → hiperandrogenismo, insulinoresistencia e acantose nigricans. • Neoplasias ovarianas produtoras de androgênios • DURANTE A GRAVIDEZ: • Cistos luteinicos da teca • Luteoma da gravidez Os dois são cistos funcionais que produzem androgênios durante a gravidez. Se ocorrer isso a gestante estiver gerando um bebê do sexo feminino, pode ocorrer um grau de ambiguidade sexual, dependendo da fase de desenvolvimento da genitália externa. • CAUSAS SUPRA-RENAIS: • Hiperplasia suprarrenal congênita: Na suprarrenal, o colesterol entra e forma 3 classes de hormônios (corticoesteroides, mineralocorticoides e esteroides sexuais androgênicos). No caso da HSRC tem uma deficiência enzimática (congênita) em que o colesterol não consegue formar cortisol (a enzima 21-hidroxilase), o que faz com que se acumule um produto intermediário entre o colesterol e o cortisol (17- hidroxiprogesterona). A falta do cortisol faz com que o ACTH aumente, para tentar aumentar a produção do cortisol, o que causa uma hiperplasia da glândula. Quando não forma cortisol, o metabolismo se desvia para a formação das outras classes de hormônios (mineralocorticoides e esteroides sexuais). Quando acumula mineralocorticoides pode ter distúrbios hidroeletrolíticos, e quando acumula esteroides sexuais, apresenta hiperandrogenismo. Pode ocorrer na gestação, em que o bebê vai nascer com ambiguidade genital, e com distúrbios hidroeletrolíticos, é uma forma clássica. É o principal diagnóstico diferencial com a SOP. • Síndrome de Cushing • Hiperprolactinemia • CAUSAS IATROGÊNICAS: • Metiltestosterona: Durante a menopausa, muitas mulheres podem apresentar distúrbios da libido e serem medicadas com testosterona por VO ou transdérmica para melhorar sua resposta sexual, o que pode causar distúrbios androgênicos. • Danazol: Já foi usado em tratamento para endometriose. • HIRSUTISMO IDIOPÁTICO: É quando não se descobre a causa, está ligada a uma hiperatividade da 5-alfa- v v 18 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 redutase, o que aumentaria a produção de di-hidrotestosterona. • HIPOTIROIDISMO • ACROMEGALIA Conjunto de alterações morfofuncionais dos ovários com repercussões no ciclo menstrual (oligomenorreicos) e na capacidade reprodutiva da mulher. Alteração morfológica: o ovário fica cheio de cistos Alteração funcional: alteração no hiperandrogenismo • NICHD – 1990: Se tiver hiperandrogenismo clínico OU laboratorial associado a um distúrbio menstrual, na exclusão de outras doenças, garante o diagnóstico. Não levam em conta se o ovário vai ou não se apresentar com cistos. • ROTTERDAM CONSENSUS – 2003: É o que mais se aplica. Presença de pelo menos 2/3 critérios. 1. Oli/anovulação 2. Sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo 3. Ovário aumentado de volume ao USG (volume maior que 10 cm ou mais de 12 folículos) Exclusão de outras doenças. • ANDROGEN EXCESS AND PCOS SOCIETY – 2006: • Hiperandrogenismo • Disfunção ovariana • Exclusão de outras doenças. ✓ 23% de aspecto policístico dos ovários ao USG sem anovulação ou hiperandrogenismo → portanto, mulheres normais podem ter aspecto policístico no ovário. ✓ 75% das mulheres com anovulação crônica (alteração do ciclo menstrual + hiperandrogenismo) apresentam ovário policístico. ✓ Espessamento da albugínea ✓ Múltiplos pequenos folículos atrésicos subcapsulares ✓ Hiperplasia da teca e do estroma Pensava-se que o espessamento da albugínea levava a uma dificuldade para romper, por isso que a pessoa não ovulava. Por isso, começaram a fazer uma ressecção em cunha desse ovário. Assim, as pacientes começaram a melhorar, retornar o ciclo menstrual. Contudo, na verdade, só resolvia o problema, porque quando retirava uma parte do ovário, os folículos diminuíam o ambiente hiperandrogênico. ✓ 4 a 10% das mulheres em idade reprodutiva; ✓ Uma das causas mais comuns de infertilidade; ✓ 30 a 40% das pacientes com infertilidade; ✓ 90% das pacientes com ciclos irregulares. Poligênica e multifatorial ✓ Genética ✓ Hipotálamo-hipófise ✓ Ovários (problema na enzima de aromatização) ✓ Supra-renais 19 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 ✓ Insulino-resistência (principal) ✓ Obesidade O fator etiopatogênico mais importante é a insulino-resistencia. 50 a 70% das mulheres com SOP tem IR. 10 a 25% da população geral têm IR (indica que é bastante comum na população). • CAUSAS: • Origem hereditária • Insulina atua nos receptores de insulina, nos receptores de IGF-1 ou receptores híbridos (contém a combinação das subunidades alfa e beta nos receptores de insulina e IGF-1) • HIPERINSULINEMIA: • ↑ produção de andrógenos ovarianos • ↑ IGF-1 e IGF2 no fígado • ↓ SHBG e IGFBP-1: ação mais ampla da testosterona livre e IGF-1 • Insulina e IGFs agem nos ovários aumentando a atividade da 17- hidroxilase (a 17-hidroxilase aumenta os androgênios) • ↑ atividade da 17-hidroxilase: ↑ androstenediona, testosterona e seu precursor 17-OH progesterona. SHBG é uma globulina transportadora dos androgênios sexuais, se essa globulina diminui, a fração livre dos androgênios aumenta. IGFBP é uma globulina que transporta o fator de crescimento, quando diminuída, leva a um aumento da IGF livre. EXEMPLO PRÁTICODISSO: Tomar pílula anticoncepcional oral reduz acne e oleosidade. Isso porque as pílulas aumentam o SHBG, assim, a fração livre dos androgênicos diminui. A insulina aumentada, vi agir também aumentando a produção de androgênios na célula da teca. Também vai agir à nível hepático reduzindo a síntese dos transportadores de androgênios e do fator de crescimento (SHBG e IGBP-1), o que vai promover um aumento de androgênios livres. SECREÇÃO INAPROPRIADA DE GONADOTROFINAS Produção excessiva de LH e ↓ produção de FSH (não se sabe o motivo). O LH, na célula da teca, promove a transformação de colesterol em androgênios. Se ele está aumentado, aumenta a produção de androgênios. Se o FSH diminui, vai diminuir a aromatização. Dessa forma, vai ter um acúmulo de androgênios. Essa mulher passa a ter uma produção constate de LH (alta) e uma produção tônica/constante e baixo de FSH. Não ovulam porque não tem o pico de LH. ✓ ↑LH estimula a síntese de andrógenos ovarianos (células da teca) ✓ células dos ovários das mulheres com SOP são mais eficientes em converter os precursores de andrógenos ✓ em testosterona que células normais. ↑atividade das enzimas do citocromo P450c-17(17hidroxilase e 17,20 liase). 20 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Durante o desenvolvimento puberal, o primeiro que aparece na mulher é o broto mamário (telarca), posteriormente os pelos pubianos e axilares (pubarca). Quando entra na puberdade começa a ter um funcionando dos ovários e da suprarrenal. O ovário leva à telarca, e a suprarrenal à pubarca. Telarca → pubarca → estirão de crescimento Portanto, o certo é que o ovário comece a funcionar antes. Mas em algumas meninas, a suprarrenal pode começar antes, o que leva a uma pubarca antes da telarca. Pode ser encontrado em até 25% dos casos. • Clínico • Laboratorial • Ultrassonográfico ✓ Hiperandrogenismo (70%) ✓ Oligomenorreia ou amenorreia (80%) ✓ Infertilidade ✓ Obesidade (35 a 60%) ✓ Síndrome HAIR-AN (50 a 75%) ✓ Hiperplasia e câncer endometrial RR=3 → como ela não ovula, o endométrio está somente sob o estímulo de estrogênio, sem progesterona ✓ Câncer de mama RR=3 ✓ Dislipidemias ✓ Doença cardiovascular RR=7,4 ✓ Diabetes mellitus ✓ Abortamentos → ovula mal ✓ Pré-eclampsia e diabetes gestacional ✓ 65% a 85% dos casos ✓ Oligomenorréia (ciclos com mais de 35 dias) ✓ Amenorréia (3 ou mais ciclos consecutivos ou 6 meses sem menstruar) ✓ 15% a 40% eumenorreicas principalmente pelos critérios de Rotterdam → pode ter ciclos normais mas ter ovário policístico e hiperandrogenismo. Score para calcular o hirsutismo. Dá uma pontuação para cada grau de hirsutismo que for encontrado. É importante para acompanhar o grau de evolução de acordo com o tratamento (se teve melhora clínica ou não com o avançar do tratamento). Score até 8 → normal Socre > 8 → hirsutismo 21 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Algumas vezes ocorre um quadro de hirsutismo acentuado, esse quadro é acentuado é chamado de virilização. ✓ Hirsutismo acentuado ✓ Calvice padrão masculino ✓ Aprofundamento da voz ✓ Hipertrofia muscular ✓ Aumento do clitóris ✓ Hipoplasia mamaria Sempre que estiver diante dessa situação, deve-se pensar em tumor de ovário ou da suprarrenal. Não é obrigatoriamente pelo ovário policístico, e vai diminuindo com a idade. • RISCO DEFINIDO: • Diabetes Mellitus • Dislipidemia • Hiperplasia ou câncer de endométrio (ação estrogênica continua sobre o endométrio sem oposição progestagênica) • RISCO AUMENTADO: • HAS • Cardiovascular • Diabete gestacional • Câncer de ovário ✓ Tireoideopatias ✓ Hiperprolactinemia ✓ Hiperplasia adrenal congênita forma não clássica ✓ Tumores de ovário ✓ Tumores de adrenal ✓ Síndrome de Cushing ✓ Hirsutismo idiopático • TSH (para excluir hipotireoidismo) • Prolactina (para excluir hiperprolactinemia) • Testosterona total (as vezes pode estar normal, mas a fração livre está aumentada) • SDHEA > 700 ug/dL (30 a 70% das hirsutas) → é quase exclusivamente de produção adrenal (para descartar causa adrenal) • 17-hidroxi progesterona (para descartar hiperplasia suprarrenal congênita) • USG para descartar tumor ovariano • LH/FSH > 2 (40 a 60%, mais comum em magras) • Teste do ACTH OBS: paciente com hirsutismo dosa-se a testosterona (mesmo que a clínica esteja óbvia), porque quando a testosterona estiver muito alta, pode indicar tumor. Fácies de lua cheia, estrias abdominais púrpuras, gordura de distribuição central, perda de força mm proximais, hematomas, giba ✓ Cortisol livre na urina de 24 horas ✓ Teste de supressão com dexametasona Exames para ver se a causa é por insulino- resistência, porque mesmo sendo a maioria dos casos, pode não ser. • Glicose/insulina < 4,5 → índice HOMA, indica se a paciente tem ou não insulino-resistência • Insulina de jejum > 15 mcU/ml (depende do índice de massa corpórea) • TOTG (2/2 anos) • HOMA IR • Perfil lipídico (2/2 anos) • SHBG (androgênios e insulina) Exemplo: Paciente com glicose 80 e insulina 20. Não é diabética, mas apresenta insulino- resistência, porque: 80/20 = 4 4 < 4,5 (índice HOMA). 22 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 • FATORES DE RISCO: • Peso ao nascimento (> 4 kg) • Adrenarca prematura (antes da telarca) • Precocidade sexual atípica (pelos antes da telarca) • Obesidade com ancantosis nigricans • QUEIXAS DAS PACIENTES: • Disfunções menstruais • Hiperandrogenismo • Infertilidade • Obesidade • Prevenção do câncer endometrial • Risco de DM tipo 2 • Risco de doença cardiovascular O tratamento vai visar o principal foco do problema. • DISFUNÇÃO MENSTRUAL: • Anticoncepcionais hormonais • Progestagênios (10 dias todo mês - espera menstruar, e após 15º dia, dar 10 dias de progesterona) • Metformina → corrige a insulinemia • HIPERANDROGENISMO: • Anticoncepcionais hormonais (pílulas anti- androgenicas) • Progestagênios (para bloquear o LH) • Antiandrogenicos (acetato de ciproterona, espironolactona, finasterida, flutamida, cimetidina) • Metformina • Tratamento cosmético • INFERTILIDADE: • Indutores da ovulação (o mais utilizado é o citrato de clomifeno) • Pode associar à metformina • Gonadotrofinas (FSH e LH) → mas é perigoso • Eletrocauterização do estroma ovariano (para diminuir o ambiente androgênico) • OBESIDADE: • Dieta • Exercício físico • Drogas antiobesidade • A obesidade leva a um hiperestrogenismo, porque a célula adiposa tem aromatose. • Mudanças de hábitos: É importante porque 50% são obesas. Redução de 5% do peso corpóreo já é importante para que essa mulher retorne a ovular. • Aumenta a SHBG • Aumenta • Orientação dietética • Exercícios • Tratamento cosmético • Psicoterapia ✓ Dermatologista ✓ Nutricionista ✓ Eletricista ✓ Endocrinologista ✓ Ginecologista Mulher de menstrua regularmente e apresenta um hiperandrogenismo brando. Preocupar-se mesmo assim com a dislipidemia e diabetes (dosar colesterol e glicemia a cada 2 anos). Para bloquear o LH. O ovário é o local de produção de andrógenos (mas não é necessariamente a causa). • CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS: Para bloquear a produção androgênica dos ovários → pílula (para bloquear o eixo HHO, aumentar os níveis de SHGG). Para inibir a 5-alfa-redutase → ciproterona e drosperinona são as melhores opções. • ACETATO DE CIPROTERONA: Contudo, em casos de hirsutismo, apenas pílula não resolveria o problema, é necessário associar com uma droga de acetato de ciproterona 50 mg. OBS: não podeengravidar tomando essa droga, porque inibe os androgênios, assim, se for menino o bebê, não iria desenvolver o testículo. 23 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 • ESCOLHA DA PÍLULA: É importante escolher uma pílula anti- androgênica. Cuidado com as pílulas androgênicas. Pode-se dar pílula associado a espironolactona (50 a 100 mg/2x ao dia/12 meses). ESPIRONOLACTONA: Síntese ovariana e adrenal Compete pelo receptor androgênico Inibe a 5-alfa-redutase Reduz a resistência à insulina Inibidores da ECA e anti-inflamatórios. Metformina – 1500 a 2000 mg/dia Roziglitazona/troglitazona – 400 mg/dia • CITRATO DE CLOMIFENO: Indutor de ovulação mais utilizado. 50 mg do 3 ao 7º dia do ciclo. Pode ser associado a uma metformina (se a causa for insulino-resistência) ou a um corticoide (se a causa for adrenal). • GONADOTROFINAS: Se não resolver com o indutor de ovulação, encaminhar para especialista em reprodução humana para induzir a gravidez com gonadotrofinas (perigo de morte por síndrome do hiperestimulo). • DRILLING LAPAROSCOPICO: Tesoura laparoscópica para cauterizar o interior do ovariano, para não fazer cicatrizes no ovário, o que poderia dificultar a gravidez. Também é chamado de perfuro- cauterização-ovariana. Pílula ou progesterona continua ou progesterona 14 dias no mês. As pacientes com SOP tem maior risco para Síndrome Metabólica. • TRATAMENTO: • Metformina • Glitazonas • Estatinas 24 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Puberdade precoce Esse é um tema que faz esbarrar, muitas vezes, na pediatria, porque vamos ver meninas jovens entrando na vida menstrual. E também na endocrinologia. Portanto, engloba essas 3 grandes áreas: ✓ Pediatria ✓ Ginecologia ✓ Endocrinologia Mas é o ginecologista que fica responsável por essa discussão dentro da medicina, mas as vezes precisa de uma multidisciplinaridade. O período chamado puberdade é uma transição da pré-adolescência para a adolescência, não tem um tempo determinado, mas é o período mais perceptível das transições. Climatério é o período que vem após a menopausa (após 1 ano sem menstruar). Puberdade normal é aquela que se inicia entre 8 e 13 anos, na presença de caracteres sexuais secundários NÃO confundir puberdade com menarca (primeira menstruação). A puberdade já começa com a telarca e pubarca. PRECOCE: antes dos 8 anos TARDIA: após os 13 anos Além dos caracteres sexuais secundários vai ter uma maturação do sistema reprodutor, no sentido de ser capaz de reproduzir, apresenta também um crescimento ósseo. No final da puberdade, tem-se uma mulher com seus caracteres sexuais secundários já definidos. O fator que desencadeia todo o estimulo de feedback positivo para o eixo HHO é a secreção pulsátil de GnRH. Cada vez mais, nos últimos anos, tem-se observado essa manifestação mais precocemente, mas ainda não se tem uma resposta do porque isso vem ocorrendo. Fatores determinantes para a puberdade acontecer. • FATORES ESTIMULADORES: • Estado nutricional • Condições de saúde • Esporte • Meio ambiente (principalmente algumas substancias derivadas de petróleo) • Substancia endógenas (leptina, neuropeptídeo Y, GABA, endorfinas, v v 25 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 interleucinas, fatores de crescimento, prostaglandinas, inibina B, aromatase) • Peso corporal crítico (desnutrição etc) • FATORES INIBIDORES: • Desnutrição • Doença crônica • Epífise (pineal) • Timo • 8 – 10 anos: Desenvolvimento folicular irregular (secreção falha de estrogênio) Telarca (1º dos eventos) Desenvolvimento da pelve óssea Estirão de crescimento • 10 – 11 anos: Pubarca (região pubiana e axilar) Alterações morfológicas vulvares Desenvolvimento do corpo uterino • 11 – 14 anos: Estágio final do desenvolvimento mamário Pelos axilares Menarca Ciclo anovulatório → embora já tenha ovulação e já consiga engravidar, como o eixo ainda está imaturo, ainda há ciclos anovulatórios • 14 – 16 anos: Desenvolvimento completo dos órgãos genitais (já de tamanho adulto) Ciclos ovulatórios Perda do crescimento esquelético (meninas no ápice da sua vida reprodutiva) Classifica de acordo com o aparecimento dos pelos pubianos e desenvolvimento dos brotos mamários. Marshall classifica os pelos pubianos, e Tanner das mamas. Quando tem a manifestação da puberdade antes dos 8 anos. • CENTRAL/VERDADEIRA: Precocidade do sistema HHO. Ou seja, todos os estímulos ocorrem pela secreção pulsátil de GnRH de forma precoce. • PERIFÉRICA OU PSEUDOPUBERDADE: Produção autônoma de estrogênio pelo ovário ou de androgênio pela adrenal. • ETIOLOGIAS: • Constitucional ou idiopática (mais comum): Não existe uma causa para isso, é apenas algo natural daquela criança, pode ser genético. Não tem nenhuma desordem, é apenas uma manifestação precoce. Estudos: Thandrup (1961) → 401/452 Huffman et atl 75,4% dos casos estudados. Lembrar desses estudos quando diante de uma puberdade precoce, porque na maioria será idiopática, mas deve-se pesquisar as causas abaixo. • Patologias do sistema nervoso central: Pinealoma, astrocitoma, ependimoma, craniofaringeoma Hamartoma: 3º ventrículo, GnRH Epilepsia e retardamento mental • Sequelas de processos inflamatórios ou traumáticos: tuberculose, encefalites 26 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 • Neurofibromatose (doença de von Recklinghausen) • Esclerose múltipla (doença de Bourneville) • Hidrocefalia (raro) • BAIXA ESTATURA DEFINITIVA: Caso não tenha um tratamento adequado, a criança pode apresentar uma baixa estatura. Em alguns casos pode ser motivo de bullying, causa de constrangimento etc. Speroff et al (1952) fala que pelo menos 50% das mulheres vão atingir 1,52 cm de altura. Inicialmente essa menina estará 3 anos acima na idade óssea, primeiramente se apresentará mais alta para a idade, mas posteriormente, vai apresentar uma menor estatura. • TUMORES OVARIANOS FUNCIONANTES: São a causa mais comum, dentre eles, os tumores de células da granulosa se destacam, mas pode ser também por: • Cistos foliculares • Androgênios: pseudopuberdade heterossexual • Tumores produtores de hCG • NEOPLASIA DA ADRENAL: • Hiperplasia adrenal congênita • Tumores virilizantes • Forma não clássica do tumor de adrenal (manifestação mais atípica) • EXPOSIÇÃO EXÓGENA AO ESTROGÊNIO: Cremes, loções ou tônicos. Tratamentos de sinequias vaginais. • SÍNDROME DE MCCUNE-ALBRIGHT (manchas de café-com-leite): Síndrome que cursa com displasia fibrosa poliostótica, como se fossem cistos nos ossos (distroções osseas) + manchas café-com leite. Cursa com uma manifestação ovariana, levando a pseudo-puberdade. • HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: Nesse caso, não se apresenta mais alta do que as outras meninas da idade, porque o estímulo do TSH vai ter estímulo direto sobre o ovário, causando um crescimento deficiente. Sangramentos uterinos irregulares, retardo da idade óssea, galactorreia (porque o TSH pode estimular a secreção de prolactina). A menina manifesta apenas uma das 3 características. • TELARCA: • 2 anos de idade → a mãe nota o desenvolvimento de broto mamária • Autolimitada, não precisa intervir • Indica uma sensibilidade aumentada do tecido mamário à pequena quantidade de estrogênio circulante • PUBARCA (ou adrenarca precoce): • 6 anos de idade • Manifestação da glândula adrenal • Aumento da pelificação pubiana ou axilar ou ambos, mas sem sinais de virilização • Ocorre por deficiência da21-hidroxilase, enzima que causa aumento da concentração da proteína carreadora de estrogênio (S-DHEA). • História clínica: saber se teve meningite, alguma outra infecção importante, medicamentos, se tem história de puberdade precoce na família. • Curva de crescimento: é a melhor maneira que diagnosticar (se a criança estiver acima de 90%). • Classificação de Marshall e Tanner • Exame físico: examina todo o corpo, verificar sinais de virilizaçao, se há manchas café-com-leite (porque pode apresentar a síndrome de maneira mais discreta), trofismo de genitália, massa abdominal e tireoide (tireoide é uma causa que cursa com baixa estatura). 27 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 • LH, FSH, ESTRADIOL: Elevação (níveis do adulto) Dosagem de estradiol pode ser inconclusiva (<20 pg/ml) Citologia vaginal (índice de Frost): presença de células Intermediarias e superficiais em crianças < 8 anos • ANDROGÊNIOS: Testosterona, S-DHEA, 17-OH-progesterona • HORMÔNIOS TIREOIDIANOS: TSH e prolactina • IDADE ÓSSEA: Raio x de ossos da mão e punho Critérios de Creulich e Pyle (tabela que mostra os desvios aceitos) Desvio superior a 2 anos: indica desvio Hipotireoidismo: idade óssea retardada • ULTRASSONOGRAFIA: Confirmar ou excluir tumores ovarinos. Determinar volumes ovarianos e uterinos. US abdominal → tumores virilizantes adrenal. • TESTE DO GnRH: Faz uso de análogo e, posteriormente, dosa se teve um aumento do LH em relação ao FSH. É o método de diagnóstico mais fidedigno para diferenciar se é uma causa verdadeira ou periférica. • TC OU RM DO SNC: Para excluir tumores de SNC. A RM é melhor, tem maior definição. ✓ Detecção de lesões expansivas do SNC ✓ Interrupção da maturidade sexual precoce ✓ Regressão dos caracteres sexuais já presentes ✓ Inibição da maturação esquelética ✓ Obtenção da altura madura normal ✓ Prevenção de distúrbios emocionais ✓ Alívio da ansiedade familiar ✓ Equipe multidisciplinar: ginecologista, endocrinologista, psicoterapeuta, neurologista, neurocirurgião. ✓ Informar os familiares ✓ Escolaridade e orientação sexual (para que essa criança não tenha uma precocidade e acabe perdendo sua infância) • ANÁLOGO DE GnRH: É a melhor medicação para o tratamento. É a primeira escolha, porque bloqueia o eixo. • Bloqueia o sistema HHO • Regressão dos caracteres sexuais • Supressão da menstruação • Estatura mais adequada possível (quanto mais tardia a secreção de estrogênio, menos soldadura precoce das epífises ósseas vai ocorrer). • Normalização dos efeitos psicossociais • Não alteram a função da adrenal EFEITOS COLATERAIS: Hiperprolactinemia Diminuição da massa óssea • PROGESTERONA: Medroxiprogesterona ou ciproterona, também conseguem bloquear o eixo. Mas não são boas, porque a paciente vai apresentar ganho de peso e vai suprimir também a adrenal. Além disso, não consegue prolongar o crescimento, por isso que, hoje, só não se trata com GnRH quem não tem acesso, embora tenha pelo SUS. • OUTROS: Estrogênio de baixa dose Acetato de ciproterona 10 dias antes e depois do início mantido até fusão das epífises ósseas 28 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Puberdade tardia Se classifica puberdade tardia quando: Ausência de telarca até os 13 anos OU Ausência de menarca até os 16 anos • CLASSIFICAÇÃO ETIOLOGICA: A classificação é feita pela dosagem das gonadotrofinas, hormônios produzidos pela hipófise. • Eugonadismo: LH e FSH em doses normais • Hipogonadismo hipergonadotrófico: hipófise secretando bastante quantidade de LH e FSH, mas nenhuma produção de hormônios ovarianos • Hipogonadismo hipogonadotrofico: LH e FSH baixos (problema no SNC) Função normal do eixo HHO (não tem alteração das secreções hormonais) LH, FSH e esteroides ovarianos estão em doses normais Telarca e pubarca normais, mas a menina não menstrua • POSSÍVEIS CAUSAS: • Malformações genitais (agenesia de vagina, hímen imperfurado, septo transverso) • Pseudo-hermafroditismo masculino (cariótipo 46XY) → fenotipicamente é uma mulher, mas o cariótipo é masculino Representa 43% das causas de puberdade tardia. É a causa mais frequente. Hipogonadismo: defeito nas gônadas Hipergonadotróficas: as gonadotrofinas (LH e FSH) estão aumentadas. Ou seja, o defeito está na gônada, tem o estímulo hormonal (pelo LH e FSH), mas a gônada não responde. • CAUSAS MAIS COMUNS: • Congênitas ou adquiridas • Distúrbios genéticos • Disgenesia gonadal (mais comum) → simplesmente a gônada não se manifesta – Síndrome de Turner é a mais comum. • Autoimunes • Uso de medicamentos (quimio ou radio) • Retirada cirúrgica, ooforites, galactosemia, defeitos congênitos da esteroidogênese e agenesia ovariana (raros) SÍNDROME DE TURNER É a causa mais frequente de disgenesia gonadal, portanto, é a causa mais frequente de puberdade tardia por hipogonadismo hipergonadotrófico. • FENÓTIPO: Existem diversas manifestações e graus variados. Normalmente é uma menina de baixa estatura, infantilismo e pescoço alado. • DEFEITO GENÉTICO: É um defeito genético ligado ao cromossomo sexual. Pode ser mosaico (variações de perdas deletérias). • ABORTO: Causa mais comum de aborto (1/15) → 99% das gravidezes evoluem par abortamento • CARACTERÍSTICAS FÍSICAS QUE OCORREM POR PERDA DO MATERIAL GENÉTICO: ✓ Linfedema de extremidades ✓ Pescoço alado ✓ Implantação baixa dos cabelos ✓ Rotação das orelhas ✓ Ausência de estrogênio: ausência de telarca e menarca, ausência do estirão de crescimento ✓ Pubarca normal (adrenarca) • MOSAICISMO: Diversas manifestações diferentes. Pode ter anomalias cardíacas, renais, pode cursar com hipotireoidismo. O desenvolvimento intelectual é normal. • TRATAMENTO: Reposição hormonal: baixas doses de estrogênio, para evitar soldadura das epífises (quanto mais precoce o diagnóstico, melhor a chance dessa paciente ter um v v 29 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 desenvolvimento em estatura). Também tomar cuidado com o desenvolvimento das mamas (se não der estrogênio o suficiente as mamas não se desenvolvem). Hormônio do crescimento: ganho de 10 cm em estatura final. Associação com androxolana a partir dos 12 anos, conseguindo resultados melhores. DISGENESIA GONADAL PURA Cariótipo é 46 XX. O cariótipo é normal, mas tem falência gonadal (ovário em fita). Algumas características fenotípicas da síndrome de Turner. Estatura é preservada, porque o fato de ter essa carga genética, só o hormônio do crescimento consegue alcançar uma estatura melhor, mesmo não tendo a gônada (porque a gônada auxiliaria na soldadura das epífises). FALÊNCIA OVARIANA SECUNDÁRIA • PROCESSO INFECCIOSO: Caxumba → ooforite → falência ovariana (raro) • PROCESSO AUTOIMUNE: Faixa etária mais elevada (raro). • SECUNDÁRIOS A QUIMIO E RADIOTERAPIA: Dependem da quantidade da radiação ou do medicamento. Deve-se fazer proteção, pensar nisso precocemente. Representa 31% dos casos de puberdade tardia. Ocorre por um problema a nível mais alto, ou seja, por síntese inadequada de gonadotrofinas ou do GnRH. Ou seja, os ovários são normais, mas não receberam o estímulo das gonadotrofinas. FSH, LH e hormônios ovarianos baixos. • CAUSAS: • Imaturidade fisiológica do hipotálamo (10%) • Síndrome de Kallman (7%) • Anorexia nervosa (3%) • Hipotireoidismo grave • Hiperprolactinemia • Pratica esportiva intensa (hipopitutarismo) • Raros: tumores hipotalâmicos, alterações genéticas (Síndrome de Praden-Willi) e irradiação cirúrgica da hipófise ou hipotálamo. SÍNDROME DE KALLMAN É uma síndrome genética que ocorrepor um defeito de ligação dos neurônios responsáveis pela estimulação de GnRH, não fazem a migração até a hipófise de maneira correta. Além disso, a paciente vai apresentar anosmia, sinal clínico que pode ajudar no diagnóstico da paciente com essa síndrome. Caso clínico ID: ALM, 10 anos e 7 meses, melanoderma, estudante, natural e procedente de São Vicente. Melanoderma → pessoa que tem mais melanina na pele (pessoa de pele escura). São Vicente: não tem uma boa saúde pública (um dos piores IDH do estado) QD: sangramento genital, 2 episódios, o primeiro há 6 meses e outro há 3 meses. Menarca precoce? Não pode ser considerada menarca precoce → precisa saber se já teve pubarca e telarca. HPMA: a genitora informa que aos 7 anos notou aumento bilateral das mamas, associado a crescimento de pelos pubianas e odor axilar. Relata que a filha é uma das mais altas da sua classe escolar. Antes dos 8 anos começou a manifestar características da puberdade. Agora sim pode-se classificar como puberdade precoce. AP: nasceu de termo com 2.450 kg (baixo peso). Bom rendimento escolar. Nega história de traumas ou infecções importantes na primeira e segunda infância. Nega exposição exógena à medicamentos hormonais. Cartão vacinal completo. 30 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Indica boa assistência na primeira e segunda infância, que não teve nenhuma infecção importante, é uma criança bem cuidada. AF: filha única, pai com DM e mãe sem patologias. Menarca da mãe com 13 anos. Estatura da mãe 1,57m e estatura do pai 1,66. Estatura alvo é de 1,55m. Estatura alvo é feito por um cálculo a partir da estatura da mãe e do pai. Exame físico: Altura: 1,46 m (p85) Peso: 49 kg (p85-90) Ectoscopia: ausência de virilização e manchas café-com-leite FC: 68 bpm FR: 16 ipm PA 100X60 mmHg Abdome: ausência de massas OGE: pelos pubianos escuros e enrolados, genitália com trofismo aumentado. Classificação de Tanner e Marshall: M4 P5 Desenvolvimento mamário completo. Essa paciente já foi classificada como puberdade precoce, agora precisa investigar a causa. QUAIS EXAMES PEDIR E POR QUÊ? • Exames de Tireoide (pode pedir, mas é pouco provável, porque hipotireoidismo causaria baixa estatura, o que não é o caso dessa paciente) • FSH • LH • Estrogênio • Progesterona • Prolactina • Raio-X de mãos e punhos (datação óssea → acima de 2 anos indica estirão de crescimento) • TC para excluir causas do SNC • USG pelve e abdome RESULTADOS DOS EXAMES: T4 livre, FSH, LH, estradiol normais (adulto) Raio X mãos e punhos: idade óssea de 13 anos e 5 meses US pelve e abdome: normais (órgãos pélvicos com volume pré-adulto) TC de crânio: sem alteração HIPÓTESE DIAGNÓSTICA: Puberdade precoce central constitucional/idiopática (porque todas as outras possíveis causas foram excluídas). CONDUTA: • Orientação familiar • Equipe multidisciplinar • Seguinte com controle dos parâmetros clínicos NÃO foi dado análogo de GnRH a essa paciente, porque essa paciente pela estatura alvo já seria baixa, portanto, o análogo de GnRH não iria fazer com que essa paciente crescesse mais (não iria trazer tanto benefício, porque já passou muito tempo, ela teve um atraso até chegar ao médico, a puberdade precoce surgiu aos 7 anos, e só aos 10 anos ela foi ao médico). LEMBRAR QUE: O mais importante é excluir as causas de SNC e outras causas, para só depois diagnosticar como causa idiopática. 31 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 Climatério Nascimento ↓ → infância 9 a 10 anos ↓ → puberdade 15 a 16 anos ↓ → maturidade sexual 40 a 45 anos ↓ → climatério >65 anos (senilidade/senectude) É um período de evolução biológica das mulheres, antes dele tem o período de maturidade sexual, e após tem o período se senilidade/senectude. Fase da evolução biológica da mulher em que ocorre o processo de transição entre o período reprodutivo ao não reprodutivo. Alguns autores consideram o climatério uma patologia endócrina caracterizada pela deficiência de esteroides sexuais, resultantes da insuficiência ovariana secundária ao esgotamento folicular. • MENOPAUSA: MENOPAUSA NÃO É UM PERÍODO, É UMA DATA DENTRO DO CLIMATÉRIO (última menstruação, por isso é um diagnóstico retrospectivo) → preciso esperar um ano para diagnosticar a menopausa (que é a última menstruação há 1 ano). Idade média: 49 anos Menopausa prematura: antes dos 40 anos Menopausa tardia: após os 55 anos Há fatores intervenientes, que podem antecipar a menopausa, como o cigarro, que possuem uma serie de substancias toxicas que vão levar a uma redução dos folículos ovarianos. • Menopausa: é a última menstruação • Pré-menopausa: é a que antecede • Perimenopausa: período que antecede e sucede • Pós menopausa (pode ser tardia ou precoce) A expectativa de vida da mulher aumentou muito, sendo na média de 75 anos, e para japonesas de 84 anos. Como a expectativa de vida da mulher está aumentando consideravelmente, e a idade da menopausa não altera, a mulher está cada vez mais se encontrando no período de deficiência dos hormônios femininos (climatério). O ovário tem duas funções, produzir hormônios (andrógenos, estrógenos e progestagênios) e gametas. Mas os folículos vão diminuindo gradativamente a cada ciclo (cerca de mil folículos são perdidos a cada ciclo). Redução folicular ↓ Diminuição inibina e aumento do FSH ↓ Crescimento folicular anormal ↓ Disovulia – ovulação imperfeita ↓ Anovulação 32 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD2 A falência ovariana vai levar a deficiência das duas funções que antes, de produção de hormônios e de gametas. A falta dos hormônios produzidos pelo ovário também ocorre (estrogênio, androgênio e progesterona). E essa deficiência de hormônios pode levar a sintomas variados. • SINTOMAS VEGETATIVOS: • Vaso-motores (ondas de calor) • Sudorese • Palpitações • Cefaléia • Vertigens • Opressão • Zumbidos • METABÓLICOS: • Osteoporose • Aterosclerose • Atrofia cutânea • Atrofia genital • Antropatias • Mialgias • Obesidade • Menstruação • PSÍQUICOS: • Irritabilidade • Ansiedade • Depressão • Nervosismo • Insônia • Libido • Amnesia • Melancolia • Alzheimer (3x mais nas mulheres) Muito incidente, em 65 a 75% das mulheres, 80% dos casos se resolvem espontaneamente ao final de um ano. Ocorre porque existe uma relação anatômica entre os neurônios hipotalâmicos produtores de GnRH e o núcleo hipotalâmico situado na região pré-óptica que interfere na produção de catecolaminas e sistema opioide. Aumento de peso e deposição de gordura (mais na cintura pélvica). Ocorre porque a necessidade energética da mulher à medida que sua idade avança, diminui. Associado a isso, ainda se tem uma restrição à atividade física, o que soma a um menor gasto energético. A vagina tem receptores de estrogênio e à medida que eles diminuem, vai levando a uma vaginite atrófica. Nessa vaginite tem um aumento de corrimento (principalmente pela Gardnerella), sangramento, dispareunia de introdução (dor na penetração, no início do ato sexual) e infecção secundária. Existe receptor ao estrogênio no trígono vesical (região entre os dois meatos ureterais e o meato uretral interno) e na uretra posterior. Por isso que é mais frequente nesse período a síndrome uretral (paciente queixa de disuria, polaciuria, sensação
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