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Infecções Sexualmente Transmissíveis

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Ginecologia e Obstetrícia II Gabriela Teixeira ATM 2024/2
Infecçõe� Sexualment� Transmissívei�
➔ Também chamadas de doenças sexualmente transmissíveis;
➔ Antigamente eram chamadas de doenças venéreas;
➔ A prevenção primária das DSTs deve iniciar com educação e informação sobre comportamentos e
práticas sexuais já estabelecidas e consideradas como normais, mas que trazem grandes
consequências às pessoas expostas;
➔ Questões sobre DSTs e hábitos sexuais devem ser abordadas pelos profissionais de saúde e
ginecologistas durante todas as consultas;
➔ Muitas complicações dessas doenças poderiam ser prevenidas e evitadas com simples mudanças de
comportamento;
➔ Mulheres são mais vulneráveis que homens para adquirirem algumas DSTs, como gonorreia, clamídia,
hepatite B e cancro mole;
➔ Potencial de transmissão através de relações sexuais;
➔ Apesar de, atualmente, haver acesso a informações, as DSTs seguem atingindo grande parte da
população;
➔ A maioria dos casos está restrita às pessoas sexualmente ativas e recém nascidos ou lactentes de
mães contaminadas.
5 Estratégia� Principai� par� Prevençã� � Control� da� DST�:
1. Educação e aconselhamento sobre as maneiras de evitar as DSTs por meio das mudanças dos
comportamentos sexuais das pacientes em risco;
2. Identificação das pacientes assintomáticas infectadas;
3. Diagnóstico e tratamento efetivo das pacientes infectadas;
4. Avaliação, tratamento e aconselhamento dos parceiros sexuais das pacientes infectadas por DSTs;
5. Vacinação das pacientes em risco para DSTs preveníveis.
Epidemiologi�:
● Transmissibilidade variável:
- Tipo de coito (Ex.: Anal transmite mais que vaginal, que transmitem mais que oral);
- Lesões prévias;
- Carga viral ou bacteriana;
- Tipo de DST.
● Avaliação de Risco:
- Perguntar, falar de sexo.
● DST’s coexistentes (Sempre fazer exames para investigar outras possíveis DSTs);
● Recorrência;
● Multiplicidade de parceiros;
● Informação;
● Custos de prevenção e tratamento.
Prevençã�:
● Diminuir o número de parceiros;
● Abstinência sexual (mais eficaz para impedir a transmissão);
● Vacinação profilática (HPV);
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● Uso de preservativos (masculino e feminino);
● Educação e aconselhamento;
● Tratamento das doenças;
● Identificação de infectados;
- Assintomáticos.
★ Prevenção combinada!!! (Recomendado).
➢ Uso de espermicida vaginal e diafragma → Não são efetivos na prevenção de DSTs e não devem ser
encorajados.
Sinai� � Sintoma� (Focai�):
● Leucorréia (Ex.: vulvovaginites);
● Verrucosidades;
● Nodulações;
● Vesículas;
● Linfonodos inguinais;
● Alteração nos pelos;
● Ulcerações;
● Prurido;
● Ardência vulvar;
● Hiperemia.
➔ Qualquer sintoma genital na mulher se deve investigar DSTs!
Sinai� � Sintoma� (Sistêmic��):
● Dor pélvica aguda e crônica (Ex.: DIP associada com clamídia ou gonorréia);
● Febre;
● Cutâneos:
- Nodularidade;
- Manchas;
- Vesículas.
● Neurológicos;
● Cardiovasculares.
Consequência�:
● DIP (Processo inflamatório na porção superior do trato genital);
● Infertilidade (25% dos casos podem estar relacionados com DSTs);
● Doenças sistêmicas:
○ Neurológicas;
○ Cardiovasculares;
○ Ósseas.
● Cicatrizes;
● Cirurgias com ablação de órgãos;
● Complicações obstétricas;
● Sociais;
● Óbito.
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Abordage� Sindrômic�:
● Abordagem etiológica: Identificar determinada patologia pelos sintomas característicos. Uma vez
feito o diagnóstico se deve iniciar o tratamento;
● Nível ambulatorial, na atenção primária à saúde, etc;
● Tratamento mais rápido;
● Sem especialização;
● Tratamento completo;
● Sem exames complementares;
● Diagnóstico clínico.
Úlcera� Genitai�:
● Herpes genital;
● Sífilis;
● Cancro mole;
● Donovanose;
● Linfogranuloma venéreo.
1. Herpe� Genita�:
★ Herpes-vírus simples 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2);
★ São vírus de DNA de localização mucocutânea e nos núcleos neuronais de gânglios
sensoriais;
★ DST ulcerativa mais frequente;
★ Maioria dos casos é causada pelo HSV-2 (80%);
★ Muitos indivíduos que adquirem a infecção nunca desenvolveram manifestações, e a
proporção de infecções sintomáticas é de 13 a 37%;
★ Provável que os portadores do HSV-2 disseminem o vírus mesmo na ausência de sintomas;
★ Doença recorrente e incurável;
★ Risco de transmissão vertical.
Primo-infecção:
➢ Primeira infecção. Normalmente com sintomas mais intensos que as recorrências;
➢ Exulcerações dolorosas, que tornam-se vesiculares, coalescem e ao romperem-se dão origem
a posterior formação de crostas e cicatrização (vesículas → pústulas → úlcera → crosta);
➢ Lesões bilaterais e múltiplas;
➢ Em geral, a mulher apresenta quadro clínico mais intenso que homens, com disúria intensa,
dor importante e desconforto, podendo evoluir com infecção secundária, retenção urinária e
outras complicações;
○ Mulheres têm 2x mais propensão para sintomas sistêmicos, meningite asséptica e
sintomas urinários.
➢ Adenopatia inguinal dolorosa e com frequência;
➢ Repercussão sistêmica (disúria, parestesia sacra, mal-estar, astenia, mialgia e febre);
➢ Incubação de 6 dias;
➢ Intensidade e duração do episódio inicial são iguais para o HSV-1 e o HSV-2.
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Recorrência:
➢ Quadro recorrente. Menor duração e intensidade, com frequência (50%) é precedido de
pródromos;
➢ Risco de recorrência após o episódio inicial de herpes genital é de 50 a 60% para o HSV-1 e
de 80 a 90% para o HSV-2;
➢ A recorrência no primeiro ano é 4x maior para o HSV-2 (95% dos casos);
➢ 50% dos casos são precedidos por pródromos (sinal ou grupo de sintomas que pode indicar o
início de uma doença antes que sintomas específicos surjam) (menos de 1h ou 1-2 dias):
Parestesia, dor nas nádegas, prurido ou dor;
➢ Vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras
arredondadas ou policíclicas;
➢ Nas mucosas, é incomum a visualização das vesículas, uma vez que seus tetos rompem muito
facilmente;
➢ Mais raramente, a ocorrência de lesões pode ser acompanhada de sintomas gerais;
➢ As lesões têm regressão espontânea em 7 a 10 dias, com ou sem cicatriz (normalmente não
deixa cicatriz);
○ Duração média da disseminação → 4 dias;
○ Duração média da cicatrização → 10 dias.
➢ Disseminação pelo colo é menos frequente (menos de 12%);
➢ Fatores desencadeantes: trauma mecânico, tensão emocional, doença sistêmica, alteração
imune, menstruação, febre, exposição ao sol ou frio intenso, fadiga e estresse.
Complicações:
➢ Meningite asséptica → ⅓ das mulheres e 10% dos homens;
➢ Retenção urinária por mielite transversa ou disfunção do sistema nervoso autônomo,
necessitando de cateterismo intermitente por 4 a 8 semanas → Raro;
➢ Disseminação cutânea e visceral (fígado, pulmão e meninges) → Casos de eczema atópico,
imunodeprimidos e gestantes (raro).
Diagnóstico:
➢ Clínico: Usual. Assintomáticos ou lesões pequenas. Diagnóstico diferencial com outras
patologias ulcerativas é praticamente impossível, logo precisa rastrear e excluir outras DSTs
como sífilis, linfogranuloma, donovanose e cancro mole.
➢ Colposcopia → Visualização de lesões ou úlceras;
➢ Citologia;
➢ Papanicolau ou Giemsa;
➢ Sorologia: IgG e IgM;
➢ Cultura de tecidos;
➢ Imunofluorescência direta: Anticorpos Monoclonais para HSV-1 e HSV-2.
Tratamento:
➢ Objetivo de diminuir a intensidade dos sintomas e acelerar o processo, pois ocorre melhora
espontânea dos sintomas com o passar dos dias;
○ Aciclovir: 400mg VO 3x/dia por 7 a 10 dias ou 200mg VO 5x/dia por 7 a 10 dias;
○ Fanciclovir: 250mg VO 3x/dia por 7 a 10 dias;
○ Valaciclovir: 1000mg VO 2x/dia por 7 a 10 dias;
➢ O tratamento pode ser prolongado se a cura não ocorrer em 10 dias;
➢ Pacientes com lesões que persistem por mais de 30 dias → Investigar HIV;
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➢ Cremes (tratamento tópico): São muito utilizados para herpes labial, porém apresentam
efetividade limitada para a herpes genital. Herpes labial e herpes genital são causadospor
vírus diferentes.
➢ Em caso de recidivas, o tratamento é o da primo-infecção, porém, 5 dias de tratamento
geralmente são suficientes. Deve ser iniciado o mais rápido possível;
➢ Herpes recorrente: 6 infecções por ano.
○ Tratamento supressivo: Aciclovir 400 mg 2x/dia por 6 a 12 meses; Valaciclovir 500 (se
< ou = 9 recorrências/ano) ou 1000 mg/dia (se > 9 recorrências/ano) por 6 a 12 mêses;
Fanciclovir 250 mg 2x/dia, por 6 a 12 meses.
✓ Valaciclovir pode ser menos eficaz que os outros.
2. Sífili� (Lue�):
★ Agente etiológico: Treponema pallidum;
★ Período de incubação varia entre 10 a 90 dias (média de 21 dias);
★ Causa lesões cutaneomucosas polimorfas, podendo comprometer outros sistemas,
principalmente circulatório e nervoso;
★ Tratamento simples, de baixo custo e 100% eficaz;
★ Contato sexual, transfusão sanguínea ou transplacentária (qualquer período da gestação) →
Fluidos corporais;
★ Lesão primária indolor → Atentar para exame físico de pacientes de risco;
★ Pode ser classificada de acordo com o tempo de infecção em sífilis adquirida recente (menos
de 1 ano de evolução) e sífilis adquirida tardia (mais de 1 ano de evolução);
★ Pode ser classificada de acordo com suas manifestações clínicas em sífilis primária,
secundária, latente e terciária.
● Fase Primária: Lesão ulcerada (Cancro Duro ou Protosifiloma);
● Fase Secundária: Máculas, pápulas, eritema (roséolas), crostas e lesões úlcero-vegetantes.
Podem ser confundidas com processos alérgicos;
● Fase Latente: Assintomática, porém a contaminação se mantem. Pode durar anos;
● Fase Terciária: Lesões gomosas. Após longo período de latência. Podem comprometer outros
sistemas (cardiovascular, nervoso, ósteo-articular);
➢ As lesões melhoram espontaneamente nas fases primária e secundária, o que faz o
paciente acreditar, erroneamente, que está curada.
➢ O comprometimento do SNC (neurossífilis) pode ocorrer em qualquer estágio da sífilis.
Diagnóstico:
Clínico:
➢ Primária:
○ 1 a 3 semanas após a contaminação tem início uma lesão papulosa indolor no ponto de
penetração do T. pallidum;
○ Úlcera única, indolor, endurecida, circular, medindo de 1 a 2 cm de diâmetro, com fundo
liso e limpo, bordas infiltradas e cor de carne;
○ Lesão indolor torna-se ulcerada, com bordas salientes e endurecidas, base
avermelhada não purulenta, caracterizando protossifiloma (Cancro Duro);
○ Adenopatia inguinal discreta, geralmente homolateral;
○ Área genital, perineal ou anal;
○ Bubão sifilítico persiste por 6 a 7 semanas e desaparece espontaneamente;
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○ Após tratamento, cura rapidamente e deixa de ser infectante em 24h.
➢ Secundária:
○ 4 - 8 semanas após o Cancro;
○ 3 a 12 semanas (em média dura 4 semanas);
○ Lesões polimorfas:
○ Roséolas (pápulas) → Tronco;
○ Sifílides → Cavidades oral e genital, palmas das mãos e plantas dos pés;
○ Disseminadas e confluentes;
○ Lesões confluem e formam placas com muitos parasitas, chamadas de
condiloma plano ou lata;
○ Lesões características em palmas e planta dos pés e também podem aparecer na
cavidade oral;
○ Lesões podem atingir todas as partes do corpo, normalmente poupam a face;
○ Toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada com teste para
sífilis;
○ Sintomas sistêmicos, como mialgia, artralgia, mal-estar e febrícula, são frequentes;
○ Desaparecem sem deixar cicatriz, a adenopatia pode persistir por meses.
➢ Latente:
○ Ausência de sinais e sintomas;
○ Diagnóstico feito pela sorologia positiva;
○ Inicia quando desaparecem as lesões cutâneas do secundarismo e persiste até que
surjam manifestações terciárias;
○ Recente: Menos de 1 ano;
○ Tardia: Mais de 1 ano ou tempo indeterminado.
➢ Terciária:
- Manifestações tardias e raras;
- ⅓ dos pacientes que não recebem tratamento;
- Pode manifestar-se como goma (15%), sífilis cardiovascular (10%) ou neurossífilis
(8-10%).
- Aparece em até 1 ano (lesões gomosas) ou após intervalo longo de até 10 a 30 anos.
Laboratorial:
➢ Pesquisa de Treponema em campo escuro: Primária e secundária;
➢ Coloração de lâmina, imunofluorescência direta → Lesões sifílicas em atividade;
➢ Sorológico:
○ Não Treponêmicos: VDRL (Triagem, testes reagínicos não específicos, falso +,
controle da cura), reagina plasmática rápida (RPR);
○ Treponêmicos: Teste rápido, FTA-abs (IgG, IgM), ELISA (Confirmar VDRL, específico);
○ Testes de imobilização do treponema (TPI), teste de absorção fluorescente contra
treponema (FTA-ABS), hemaglutinação para treponema (TPHA), ELISA e TRs;
○ Obs.: Na sífilis primária, pode não ser possível realizar teste sorológico;
○ Se há suspeita clínica de sífilis, o somatório de 2 testes diagnósticos é necessário;
✓ Treponêmicos + não treponêmicos é essencial para o diagnóstico;
✓ Teste treponêmico reagente (teste rápido) + Teste não treponêmico reagente
(VDRL - normalmente - ou RPR) = Diagnóstico de sífilis confirmado;
✓ Falsos positivos (raros) → Doenças autoimunes, viroses, parasitoses, infecções
bacterianas, hanseníase, drogadição, gestação e neoplasias.
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✓ VDRL é o teste mais utilizado, torna-se positivo de 30 a 50 dias após a
inoculação. Utilizado em todos os casos, exceto na sífilis primária, podendo ser
realizado no soro ou no líquido cerebrospinal (LCS). Seu resultado negativo não
exclui o diagnóstico de sífilis primária.
Líquor:
➢ Sífilis terciária;
➢ Suspeita de neurosífilis (sintomas neurológicos ou oftálmicos);
➢ Falha de tratamento em pacientes com HIV +;
➢ Quando existe falha no tratamento (normalmente feito com benzetacil);
➢ VDRL com altos títulos;
➢ Tratamento não penicilínico em sífilis tardia.
Tratamento:
● Sífilis primária, secundária e latente recente (menos de 1 ano de evolução):
○ Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão de UI em cada
glúteo);
● Sífilis latente tardia (mais de 1 ano de evolução) ou latente com duração ignorada e
sífilis terciária:
○ Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, IM, semanal por 3 semanas. Dose total:
7,2 milhões UI, IM.
➢ Obs.: Existem tratamentos alternativos com doxiciclina (100 mg VO 12/12h por 15 dias
em sífilis recente e 30 em tardia → não gestantes), ceftriaxona, etc, contudo o único
tratamento efetivo para tratar fetos (em caso de gestantes) é a penicilina. Se a gestante
for alérgica à penicilina, se faz a dessensibilização à penicilina;
➢ Penicilina é o único fármaco conhecido eficaz para prevenir a transmissão materno-fetal
e tratar a infecção tardia.
● Tratar parceiros;
● Repetir VDRL 6, 12 e 24 meses após;
● Sorologia decrescente lentamente;
● VDRL negativa em 80%;
○ Sífilis tardia: Não treponêmicos negativam em até 40% dos casos, mas os
treponêmicos permanecem positivos.
● FTA-abs não negativa (IgG não negativa);
● Alternativo: Não trata o feto em gestantes;
● Atentar para falhas no tratamento;
○ Novos sintomas ou persistentes: Realizar novo tratamento.
● Abstinência sexual até comprovação da cura;
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3. Cancr� Mol� o� Cancróid�:
★ Haemophilus ducreyi (bactéria);
★ Lesões em geral múltiplas ou únicas, que são dolorosas, aspecto purulento com bordas
irregulares e contornos elevados. Base recoberta por exsudato purulento, necrótico e de odor
fétido;
★ Mais frequentes lesões múltiplas;
○ Obs.: “Lesões em espelho”.
★ Acompanhadas de adenopatia inguinal dolorosa;
★ Incubação de 2 a 5 dias.
★ Cerca de 10% das pacientes com cancro mole podem estar coinfectadas pelo T. pallidum ou
pelo herpes-vírus.
★ É um fator de risco importante para a transmissão do HIV.
Quadro Clínico:
➢ A mulher pode ser portadora assintomática → Disseminação;
➢ Geralmente a lesão se inicia como uma pápula ou vesícula que progride rapidamente para
uma úlcera que pode ser única ou múltipla (mais frequente);
➢ Úlcera dolorosa, com base amolecida e bordos escavados com fundo purulento e fétido por
infecção secundária;
➢ Normalmente as lesões se localizam na genitália externa, associadas a uma
adenopatia-satélite,normalmente unilateral (bubão cancróide), que aparece após 7 a 14 dias;
➢ Manifestações sistêmicas discretas;
➢ Úlceras genitais + linfadenopatia dolorosa → Sugere cancro mole.
Diagnóstico:
➢ Nenhum método de identificação possui sensibilidade adequada → Diagnóstico
definitivo requer identificação do H. ducreyi em meio de cultura específico;
➢ Pesquisa microscópica do H. ducreyi;
○ Esfregaço do material obtido da úlcera;
○ Método de Gram;
○ Bacilos Gram-negativos formando cadeias;
○ Baixa sensibilidade (40%) (Até porque a úlcera tem grande conteúdo necrótico,
assim,às vezes não se encontra a bactéria).
➢ Cultura em meios específicos;
➢ Amplificação molecular (PCR) → Pode ajudar, porém caro;
➢ Biópsia também pode auxiliar;
➢ Clínico!
Tratamento:
➢ Higiene local com utilização de permanganato de potássio ou água boricada 2%;
➢ Ceftriaxona 250mg, IM, dose única;
➢ Azitromicina 1g, VO, dose única;
➢ Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12h, por 10 dias;
➢ Tianfenicol 5 g, VO, dose única;
➢ Trimetoprima 160 mg + sulfametoxazol 800 mg, VO, de 12/12h, por 10 dias;
➢ Ciprofloxacina 500 mg, VO, 12/12h, por 3 dias.
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4. Donovan�s�:
★ Agente etiológico: Calymmatobacterium granulomatis (bactéria intracelular raramente
cultivável);
★ Granuloma inguinal, granuloma venéreo ou granuloma contagioso;
★ Infecção genital, extragenital e sistêmica;
★ Evolução crônica e progressiva;
★ Mais frequente em negros;
★ Pouco contagiosa;
★ Período de incubação de 3 a 6 meses (média de 40 - 50 dias);
★ Classificação clínica: Genital, perigenital (ulcerosa, com bordos hipertróficos ou planos,
vegetante, ulcerovegetante e elefantiásica), extragenital e sistêmica.
Quadro Clínico:
➢ Inicia como uma lesão nodular, única ou múltipla, de localização subcutânea, que pode erosar
produzindo uma ulceração bem-definida, de crescimento lento e sangrante;
➢ Manifestações posteriores dependem do indivíduo;
○ Desde formas localizadas ou extensas até lesões viscerais por disseminação
hematogênica.
➢ Lesões indolores, autoinoculáveis, raramente associadas à adenopatia-satélite;
➢ Forma clínica mais frequente: Ulcerovegetante com abundante tecido de granulação e
sangramento fácil.
Diagnóstico:
➢ Esfregaço → Corpúsculos de Donovan;
➢ Cultura (alto custo e difícil cultivo);
➢ Histologia → Identificação dos Corpúsculos de Donovan.
Tratamento:
➢ Deve ser mantido por 3 semanas ou até a cicatrização completa das lesões;
○ Azitromicina 1g VO por semana ou 500 mg VO por 3 semanas;
○ Doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 21 dias;
○ Ciprofloxacino 750 mg VO 2x/dia por 21 dias;
○ Eritromicina 500 mg VO de 6/6h por 21 dias;
○ Sulfametoxazol + Trimetoprima (160 mg + 800 mg) VO de 12/12h por 21 dias ou até a
cura clínica.
➢ Recomenda-se investigar o parceiro;
➢ TTO cirúrgico para lesões extensas, cicatriciais e estenose;
➢ Cura incomum na ausência de tratamento.
5. Linfogranulom� Venére�:
★ Agente etiológico: Chlamydia trachomatis (bactéria gram-negativa);
○ Sorotipos L1, L2 e L3.
★ LGV, Linfogranuloma inguinal e Doença de Nicolas-Favre-Durand;
★ Doença infecciosa sistêmica e crônica;
★ Dano ao sistema linfático de drenagem da infecção;
★ Parasita intracelular obrigatório;
★ Período de incubação de 7 a 21 dias.
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Quadro Clínico:
➢ Primeira fase:
○ Ponto de inoculação;
○ Geralmente desaparecido;
○ Quando identificado → Pequena úlcera ou pápula indolor, precoce e fugaz.
➢ Segunda fase:
○ Aparece dentro de 4 dias;
○ Invasão de vasos linfáticos e comprometimento de linfonodos regionais (linfadenite
inguinal crônica);
○ Em 2 semanas supuram, abscedam e podem fistulizar.
➢ Terceira fase:
○ Após alguns meses;
○ Associa áreas de fibrose cicatricial com focos de abscesso e fistulização, levando à
elefantíase e à estenose.
Diagnóstico:
➢ Pesquisa do agente etiológico ;
➢ Deve ser recomendado para pacientes que praticam sexo anal que apresentem úlceras
anorretais;
➢ Deve ser considerado em casos de adenite inguinal, elefantíase genital e estenose uretral ou
retal.
Tratamento:
➢ 14 dias;
➢ Recidivas podem ocorrer em 6 a 8 meses;
➢ TTO cura a infecção e previne destruição tecidual, contudo, pode resultar em cicatrizes;
➢ Aspiração pode ser necessária;
➢ Doxiciclina é o fármaco de escolha;
○ 100 mg VO de 12/12h por 3 semanas;
○ ou eritromicina 1g VO por semana durante 3 semanas;
○ ou azitromicina 1g VO por semana durante 3 semanas.
➢ Considerar tratar o parceiro;
➢ Punção com agulha grossa dos linfonodos flutuantes;
➢ Troca de ATB caso não melhore e, 14 dias.
DST� Nã� Ulcerativa�:
1. Gonococci�:
★ Agente etiológico: Neisseria gonorrhoeae (bactéria);
○ 4 subtipos;
○ Período de incubação: 4 a 7 dias (ocasionalmente 24h) no homem e variável na mulher.
★ Blenorragia, Blenorreia ou Gonorreia;
★ Transmissão sexual, pelo canal do parto ou por fômites;
★ Risco de aquisição em uma única exposição:
○ Homens → 20%;
○ Mulheres → 80%.
★ Exposição contínua:
○ Homens → 80%;
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○ Mulheres → 90%.
★ Causa infecções não complicadas de mucosas;
★ Quando não tratada, associada com DIP, infertilidade de causa tubária, gestação ectópica e
dor pélvica crônica;
★ Facilita transmissão de HIV;
★ Rastreamento anual para mulheres < 25 anos ou mais velhas com risco aumentado para DSTs.
Quadro clínico:
➢ Assintomática em 60 - 80% dos casos ou sintomas leves que são diagnosticados apenas
quando há complicação;
➢ Casos sintomáticos:
○ Sinais e sintomas urogenitais → Secreção endocervical mucopurulenta, dor pélvica,
dispareunia, sangramento irregular, hiperemia de vagina, disúria, polaciúria, DIP;
○ Sinais e sintomas extragenitais → De acordo com o tipo de infecção (subtipo).
○ Cervicite: Secreção purulenta visível no canal cervical ou presente em swab
endocervical (pode estar associada a sangramento fácil do colo).
Diagnóstico:
➢ Cultura da secreção endocervical;
○ Meio de Thayer-Martin e imunofluorescência direta.
➢ Gram de secreção cervical (outra opção);
➢ Técnicas de biologia molecular e Teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT).
Tratamento:
➢ Esquemas combinados com azitromicina:
○ Ciprofloxacino 500mg VO em dose única + azitromicina 1g VO em dose única;
○ Ceftriaxona 250 a 500mg IM + azitromicina 1g VO em dose única;
○ Na ausência de ceftriaxona: Cefixima.
➢ Monoterapia com 2g de azitromicina VO em dose única → Eficiente porém deve ser evitada
para impedir resistência;
➢ Sempre tratar o parceiro;
➢ Oferecer tratamento para clamídia (40 - 60%);
➢ Suspensão de relações sexuais até conclusão do tratamento e desaparecimento dos sintomas;
➢ Critério de cura: Cultura negativa 7 - 10 dias após o tratamento.
2. Clamídi�:
★ Agente etiológico: Clamydia trachomatis (bacilo gram-negativo);
○ Exclusivo dos seres humanos;
○ Responsável por outras síndromes infecciosas (ocular, pulmonar, entérica, genital);
○ Bactérias intracelulares obrigatórias;
○ 17 sorotipos diferentes:
✓ L1, L2 e L3 → Linfogranuloma venéreo;
✓ Sorotipos D e K → DSTs.
★ 2 a 3x mais frequente que gonococcia;
★ Jovens sexualmente ativos < ou = 24 anos;
★ 1 a 25% das mulheres podem estar infectadas;
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★ Normalmente é uma infecção assintomática e pode causar morbidade em longo prazo
(especialmente em assintomáticas);
★ Possíveis complicações:
○ DIP → ⅓ (Agente de maior prevalência na DIP)
○ Infertilidade → ⅕ (Normalmente infecções assintomáticas);
○ Gestações ectópicas → 1/10.
★ Mais comum em pacientes com infecção por N. gonorrhoeae e Trichomonas vaginalis;
★ Homens:
○ 30 a 50% das uretrites não gonocócicas;
○ Mais de 50% das uretrites pós-gonocócicas;
○ Maior causa de epididimite.
★ 50% dos casos de Síndrome de Reiter;
★ Causa de proctite em homossexuais
Quadro Clínico:
➢ Uretrite (síndrome uretral);
○ 15 a 25% das parceiras de homens infectados em cultura uretral positiva;
○ 65% das mulheres com sintomas urinários e uroculturas negativas apresentaminfecção
por clamídia;
○ Síndrome de Rettig e Nelson → Persistência de corrimento de fluido seroso, disúria
com ou sem infecção anal pela clamídia após tratamento de infecção pelo gonococo.
➢ Endocervicite mucopurulenta:
○ Endocérvice é o local mais comum de infecção por clamídia;
○ Geralmente assintomática.
○ Ectopia hipertrófica folicular periorificial com secreção mucopurulenta endocervical;
○ 10 ou mais leucócitos polimorfonucleares por campo (Gram).
Diagnóstico:
➢ PCR (NAAT) em amostra de urina → Mais sensível;
➢ Imunofluorescência direta → Praticamente abandonada por dificuldade técnica e alta taxa de
falsos-negativos;
➢ Cultura → Exame padrão.
Tratamento:
➢ Doxiciclina 100mg VO 2x por dia por 7 dias (tratamento de preferência);
➢ Azitromicina 1g VO em dose única (também é tratamento de preferência);
➢ Alternativos:
○ Estearato de eritromicina;
○ Etilsuccinato de eritromicina;
○ Ofloxacino;
○ Levofloxacino.
➢ Recomenda-se testagem para HIV e sífilis;
➢ Não é necessária testagem para comprovar a cura, a não ser haja persistência dos sintomas,
suspeita de reinfecção ou tratamento incorreto.
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3. Micoplasm�:
★ Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum;
★ 15 - 95% das mulheres sexualmente ativas podem ser portadoras;
★ Complicações:
○ Abortamento habitual e esterilidade por alterações nos espermatozóides.
Quadro Clínico:
➢ Alterações respiratórias e urogenitais;
➢ Espectro de manifestações variado;
➢ Componentes encontrados na flora habitual do trato urogenital;
➢ Principais manifestações: Uretrite, vaginite, cervicite e DIP (pode ocorrer infertilidade em cerca
de 17% das mulheres que tiveram DIP);
○ Outras: Doença de Reiter, sepse, febre puerperal, infecções no RN, pielonefrite,
abortamento e corioamnionite.
Diagnóstico:
➢ Cultura possibilita diagnóstico definitivo, porém, poucos laboratórios no mundo realizam;
➢ Testes de biologia molecular (PCR) de material coletado em amostra de urina podem see
utilizados no futuro;
➢ Como não há um padrão-ouro, a infecção deve ser suspeitada em casos persistentes de
cervicite e DIP.
Tratamento:
➢ Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 7 dias;
➢ Azitromicina 1g VO em dose única.
4. Molusc� Contagi�s�:
★ Poxvírus (maior vírus causador de doença humana);
★ Crianças e imunossuprimidos;
★ Principais áreas acometidas: Períneo e a raiz da coxa (outras áreas podem ser afetadas);
★ Início com aparecimento de pápulas minúsculas que atingem 3 a 6 mm de diâmetro:
○ Semiesféricas, isoladas e bem delimitadas;
○ Coloração pérola, rósea ou igual à da pele circundante;
○ Centro frequentemente umbilicado e base discretamente eritematosa;
○ Facilmente removíveis, com saída de material esbranquiçado contendo as partículas
virais;
○ Localização em qualquer área da pele e, algumas vezes, em mucosas;
○ Frequentemente: Face, tronco e superfícies expostas das extremidades.
★ Adolescentes e adultos → Mais comuns nas regiões pubiana e genital;
★ Quando transmitida sexualmente, normalmente se limita à região anogenital;
★ Diagnóstico → Clínico;
★ Tratamento:
○ Destruição das lesões (eletrocoagulação, crioterapia, curetagem, cauterização química
ou espremedura manual);
○ Deve ser iniciado quando surgirem as primeiras lesões , evitando disseminação (pode
ser necessária a internação para remoção com uso de anestesia).
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Abordage� Sindrômic�:
★ Tratamento imediato e eficiente das DSTs é essencial para seu controle adequado;
★ Identificação de sinais e sintomas verificados no momento da avaliação clínica;
★ Para as DSTs sintomáticas mais comuns, a abordagem sindrômica constitui o método mais rápido de
identificação e, como não necessita de grandes recursos laboratoriais, os indivíduos poderão ser
tratados no momento da consulta;
★ Essas condutas não são empíricas.
Referências:
Aula Leandro Assman;
PASSOS, Eduardo Pandolfi. Rotinas em Ginecologia 7 ed. Artmed, 2017 e alterações.
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