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MMSS - Fraturas e luxações 1 MMSS - Fraturas e luxações Created Tags Marcela Cavalcanti LUXAÇÕES A luxação é o deslocamento total de um osso sobre o osso com o qual se articula, levando à perda completa da congruência articular Subluxação é o deslocamento parcial, quando ainda existe algum contato entre as superfícies articulares obs: os ligamentos extracapsulares são típicos de articulações que permitem apenas flexoextensão (cotovelo, joelho) e costumam ser rompidos nas luxações Cintura escapular Esterno-clavicular Acrômio-clavicular A articulação acromioclavicular é uma juntura sinovial entre o acrômio da escápula e a clavícula estabilizada por ligamentos extracapsulares (ligamentos coracoclaviculares) Causada por evento traumático, geralmente queda sobre o ombro, sendo mais comum em homens Sinal da tecla de piano: deslocamento inferior da clavícula com a palpação Deformidade (extremidade distal da clavícula deslocada para cima), dor agravada pela tração do braço para baixo e pela adução forçada do braço contra o tórax Diagnóstico: RX em AP → deslocamento superior da clavícula em relação ao acrômio. Faz também o RX em perfil para ver se o deslocamento é anterior ou posterior Jun 07, 2021 1048 PM MMSS - Fraturas e luxações 2 Escápulo-umeral ou Glenoumeral É a mais comum na prática médica Caracterizada pela perda da relação entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoide da escápula Pode ser anterior (maior parte dos casos → cabeça do úmero se desloca anteriormente à glenoide), posterior ou inferior A luxação anterior pode ser traumática (após movimento súbito e contundente composto de extensão, abdução e rotação externa), comum em atividaades esportivas ou quedas para trás sobre o braço estendido MMSS - Fraturas e luxações 3 Clínica: paciente sente que algo saiu do lugar, incapacidade de usar o braço e o segura com a mão oposta Exame físico: ombro doloroso, ligeiramente rodado externamente e abduzido com uma depressão em sua face lateral → Sinal da dragona ou Sinal do cabide. Proeminência anterior e impotência funcional da articulação É possível ocorrer lesão do nervo axilar Diagnóstico: RX em AP, perfil escapular e axilar Tratamento de emergência!! Paciente pode desenvolver graves lesões neurovasculares e capsulite adesiva do ombro Redução fechada por manipulação → manobra de Stimson, manobra de Hipócrates ou manobra de Kocher Sob sedação e analgesia, sendo geralmente necessário o uso de opioides, bloqueio do plexo braquial ou anestesia geral. MMSS - Fraturas e luxações 4 Cotovelo A epífise distal do úmero está articulada com o olécrano da ulna Total Perda da relação entre úmero, rádio e ulna → alto risco de lesão de nervo ulnar Luxação posterior: ulna e rádio são deslocados posteriormente e o úmero distal anteriormente Geralmente rompe o complexo ligamentar medial É a luxação mais comum da criança Clínica: dor, edema, equimose e deformidade característica com cotovelo em flexão antálgica Pela palpação o olécrano está nitidamente deslocado posteriormente A lesão do nervo ulnar (passa posteriormente ao epicôndilo medial) é a complicação mais comum e geralmente é reversível manifestada com parestesia e hipoestesia da face hipotenar da mão e nos dedos mínimo e anelar Diagnóstico: RX em AP e perfil Tratamento de escolha é a redução fechada por manipulação que deve ser executada prontamente sob sedação e analgesia opioide ou regional ou geral. O método mais utilizado é a manobra de Parvin. Terapia cirúrgica está indicada na falha da redução fechada, presença de lesão arterial ou neurológica grave, presença de fraturas que necessitem de fixação interna e em recidivas da luxação; MMSS - Fraturas e luxações 5 Cabeça do rádio Subluxação da cabeça do rádio Predomina na idade entre 2 e 4 anos Lembrar que envole os três ossos, uma vez que o rádio se articula com o capítulo do úmero e com a ulna Tratamento: pode ser feita a redução fechada mas pode haver instabilidade mesmo assim pelo comprometimento dos ligamentos, precisando fazer fixação, mesmo que percutânea Luxação + fratura = Luxação complexa do cotovelo Observadas em 10% dos adultos e em até 60% das crianças Fratura de cabeça do rádio: mais comum do adulto Fratura de epicôndilo medial: mais comum da criança Fratura do processo coronoide da ulna: crianças e adultos MMSS - Fraturas e luxações 6 Punho Radiografias do punho normal: MMSS - Fraturas e luxações 7 Obs: observar os 4 parênteses na imagem B 1º: superfície articular do rádio 2º e 3º: semilunar 4º capitato Semilunar O semilunar exibe forma triangular na projeção frontal Observar que o rádio vai direto para o capitato e o semilunar está em posição volar/ventral/anterior R rádio, L semilunar, C capitato MMSS - Fraturas e luxações 8 Perilunar do carpo No RX em perfil mostra que o semilunar mantém sua articulação normal com o rádio e o capitato encontra-se deslocado dorsalmente Observar que o 4º parêntese deveria estar na frente do terceiro mas está acima Radio-carpal obs: Na luxação rádio-carpal o 1º parêntese e o 2º perdem a congruência Na luxação do semilunar o 2º perde do 1º e o 3º do 4º Na luxação perilunar o 4º se desloca em relação ao 3º obs: Podemos ainda ter uma fratura do escafoide associada → fratura transescafoperilunar do carpo Mão As mais comuns são as metacarpo-falangeanas e as interfalangeanas Carpo-metacarpiana MMSS - Fraturas e luxações 9 Metacarpo-falangeana Interfalangeana-falangeana Luxação do primeiro osso do carpo (trapézio) com a base do primeiro metacarpo) Luxação metacarpo-falangeana do segundo quirodáctilo MMSS - Fraturas e luxações 10 FRATURAS Cintura escapular Clavícula Clínica de dor, tumefação e deformidade angular na região de clavícula, por vezes com crepitação no exame clínico Diagnóstico pela radiografia do ombro em AP O segmento mais acometido é o terço médio 80% seguido pelo terço distal O prognóstico é bom e o tratamento de escolha é o conservador (tipoia removível, bandagem em oito). Nos adultos o tempo de consolidação é de 6 a 8 semanas Úmero Revisão da anatomia fratura interfalangeana proximal Fratura de terço médio da clavícula esquerda com cavalgamento MMSS - Fraturas e luxações 11 Úmero proximal Não é uma fratura comum → 5% de todas as fraturas do adulto, denso 80% dos casos sem desvio ou com desvio mínimo, exigindo apenas tratamento conservados As fraturas desviadas cominutivas são bastante propensas a necrose avascular da cabeça umeral Nas fraturas sem desvio o paciente consegue movimentar o ombro mas com dor; já nas com desvio, a dor impede os movimentos. Ao exame, edema e equimoses Pode estar associada a luxação do ombro, ocorrendo deformidade característica Diagnóstico: RX com projeções em AP, em Y de escápula e transaxilar Tuberosidade maior: divisão em duas partes Colo do úmero: divisão em duas partes MMSS - Fraturas e luxações 12 Diáfise umeral O trauma direto é o mecanismo mais comum provocando fraturas transversas ou cominutivas. Já o trauma indireto resulta em fraturas oblíquas ou em espiral, especialmente em idosos O nervo radial é frequentemente lesado nas fraturas diafisárias do terço médio ou distal, especialmente as do tipo oblíquo ou espiral (Lesão de Holstein-Lewis) → paresia dos extensores do punho (mão caída) → maioria resolve espontâneamente em 34 meses por se tratar de uma neuropraxia (lesão reversível) Diagnóstico: RX em AP e perfil Tratamento conservador em 90% dos casos → imobilização com braço junto ao corpo e cotovelo em ângulo de 90º O tratamento cirúrgico é indicado nos casos de alinhamento inaceitável dos fragmentos após redução fechada, fraturas patológicas, politraumatizado, fraturas associadas do antebraço (cotovelo flutuante), lesão vascular, fratura exposta e instabilidade grave → Redução aberta + fixação interna com placa e parafusos obs: lembraque apenas a simples associação com paralisia do nervo radial não indica cirurgia uma vez que a maioria das lesões nervosas se recuperam espontâneamente! MMSS - Fraturas e luxações 13 Cotovelo MMSS - Fraturas e luxações 14 A parte proximal é composta pela úmero distal e pelos ossos do antebraço (rádio e ulna) A tróclea umeral articula com a fossa troclear da ulna, como uma chave inglesa O capítulo umeral articula com a cabeça do rádio Úmero distal Dividido em colunas medial e lateral chamadas de côndilos que terminal no capítulo e na tróclea, que se articulam com o rádio e a ulna, respectivamente Existem 3 tipos clássicos de fraturas de úmero distal: supracondileana (extra- articular), condileana e intercondileana (intra-articulares) Em crianças, predomina a supracondileana e em adultos a intercondileana Fratura supracondileana Comum em crianças especialmente entre 4 e 10 anos O úmero é deslocado para frente e o fragmento distal para trás - fratura em extensão MMSS - Fraturas e luxações 15 Clínica: dor e tumefação do cotovelo após uma queda, deformidade característica, muito edema e equimose na face anterior do cotovelo Possibilidade de lesão da artéria braquial → fundamental fazer o exame vascular Possibilidade de lesão do nervo mediano (principalmente ramo interósseo anterior) → recuperação espontânea Risco de síndrome compartimental do compartimento musculofascial flexor do antebraço → se não reconhecida e tratada rapidamente com fasciotomia pode levar a contratura de volkman como sequela Diagnóstico: RX em AP e perfil Classificação de Gartland e tratamento: Gartland I sem desvio ou desvio mínimo → imobilização gessada axilopalmar por 3 semanas Gartland II Desvio angulado com uma das corticais em contato → tratamento em duas etapas: redução fechada e fixação interna percutânea com fios de Kirshner cruzados por 3 semanas. Se grande edema ou síndrome compartimental → tração contínua olecraniana por 15 a 20 dias Gartland III desvio sem contato entre as corticais → mesmo tratamento da gartland II Uma complicação comum é o cúbitus varus MMSS - Fraturas e luxações 16 Fratura intercondileana Mais comum em adultos → queda sobre o cotovelo fletido Frequentemente cominutiva, em T e sempre exige tratamento cirúrgico com redução aberta e fixação interna com placas e parafusos A mobilização supervisionada deve ser precoce para evitar rigidez articular e osteoartrose Fratura de cabeça de rádio Fratura intra-articular → risco de osteoartrose se fragmentos não forem adequadamente reduzidos Dor progressiva no cotovelo, agravada pela pronação-supinação do antebraço e pela digitopressão além de tumefação (hemartrose) Diagnóstico: RX em AP e perfil Classificação de Mason e tratamento: Mason I fratura sem desvio → tratamento conservador Mason II fratura com desvio → se desvio mínimo, tto conservador, se desvio maior, tto cirúrgico → fixação interna com parafusos Mason III fratura cominutiva → tto cirúrgico por ressecção da cabeça do rádio e substituição por prótese obs: após tratamento cirúrgico, deve ser mantida uma imobilização gessada braquiopalmar por 15 a 20 dias Fratura supracondileana e intercondileana MMSS - Fraturas e luxações 17 Fratura do olécrano Sempre intra-articular, ocorrendo também um afastamento dos fragmentos → diástase O paciente sente dor e não consegue mais estender ativamente o cotovelo Tratamento é sempre cirúrgico com redução aberta e fixação interna com dois fios de Kirschner e cerclagem com banda de tensão em oito Antebraço Revisão da anatomia No cotovelo, rádio e ulna se articulam com a epífise distal do úmero, já no punho, apenas a extremidade distal do rádio se articula com os ossos do carpo MMSS - Fraturas e luxações 18 Fratura diafisária de rádio e ulna Em crianças, a maior parte das fraturas são incompletas, como a fratura em galho verde (apenas uma cortical do osso se rompe) e fratura por empenamento (quando o osso apenas enverga) Em adultos, costumam ser fraturas completas e geralmente desviadas Pode haver fratura isolada do rádio, isolada da ulna e fratura de ambos os ossos; a fratura de um pode causar a luxação do outro Em crianças o tratamento geralmente é conservador, após a redução incruenta deverá ser mantida imobilização gessada braquiopalmar Em adultos, o tratamento cirúrgico é o de escolha → redução aberta com fixação interna com placas e parafusos. As principais complicações são a consolidação viciosa, a pseudoartrose e a sinostose radioulnar (fusão entre o rádio e a ulna em algum ponto da membrana interóssea) MMSS - Fraturas e luxações 19 Fratura-luxação de Monteggia Fratura angular de diáfise ulnar proximal associada à luxação da cabeça do rádio (que se desloca do ligamento anular) Mais comum em crianças de 4 a 10 anos Classificação: BADO 1 quando o desvio da fratura da ulna é anterior e a luxação também anterior BADO 2 Quando a angulação for lateral e a luxação lateral BADO 3 a angulação, no lugar de ser antecurvato, também pode ser retocurvato, sendo a luxação também posterior Diagnóstico confirmado pelo RX em AP e perfil Tratamento: terapia conservadora para crianças (redução fechada por manipulação + imobilização gessada braqui-palmar); no adulto, o tto cirúrgico é mais apropriado (redução aberta da ulna e fechada da cabeça do rádio, seguidos de fixação interna da ulna com placa e parafusos) Falso Monteggia: fratura dos dois ossos do antebraço com luxação da cabeça do rádio (seria BADO 4 Fratura isolada de rádio onde foi feita uma fixação com placa e parafuso Fratura diafisária de ambos os ossos do antebraço → fratura em galho verde com desvio angular para frente → antecurvato MMSS - Fraturas e luxações 20 Fratura-luxação de Galeazzi Fratura da diáfise do rádio entre o terço médio e o distal, ou no terço distal, com angulação posterior associada à luxação da articulação radioulnar distal, com lesão do complexo fibrocartilaginoso triangular Pode acontecer em qualquer idade mas é mais comum no adulto Tratamento conservador nas crianças e cirúrgico em adultos Punho Revisão da anatomia A articulação do punho é a radiocarpal, embora também participe a articulação radioulnar distal, formada pelo complexo fibrocartilaginoso triangular A seta mostra a luxação da cabeça do rádio MMSS - Fraturas e luxações 21 Fratura de Colles Fratura da metáfise distal do rádio, com desvio angular posterior do fragmento distal (e/ou fratura da apófise/processo estiloide da ulna → tem isso em um dos resumos só) É o tipo de fratura mais comum dos adultos → maior que 50 anos, sexo feminino e osteoporose são os principais fatores de risco O paciente chega com dor, tumefação e deformidade característica no punho → deformidade em dorso de garfo Possibilidade de lesão do nervo mediano mas de bom prognóstico (neuropraxia) MMSS - Fraturas e luxações 22 Fratura de Smith Chamada de fratura de Colles invertida, o desvio angular do fragmento distal do rádio é em direção palmar (volar/ventral) em vez de dorsal Fratura de Barton É uma fratura da epífise distal do rádio, com um fragmento triangular ventral que se desloca anteriormente → comprometimento da superfície articular É uma fratura intra-articular do punho! deus é quem vê onde tem fratura aqui piorou pra ver a fratura MMSS - Fraturas e luxações 23 Mão Revisão da anatomia Escafoide o escafoide faz parte do punho e não da mão; a primeira fileira do carpo faz parte do punho e não da mão, sendo o escafoide o osso que mais tem fratura por trauma Diferente do normal, a penetração dos vasos que vão nutrir o escafoide vem de distal para proximal, ou seja, dependendo da altura da fratura, pode ter uma complicação que é a necrose avascular do fragmento proximal, tendo como consequência uma osteoartrose do punho MMSS - Fraturas e luxações 24 Mão Fratura-luxação trapézio-metacarpiana (lesão de Bennet) Fraturada base do primeiro metacarpo (metacarpo do polegar) que articula com o trapézio; é a segunda fratura metacarpiana mais comum É uma fratura oblíqua, intra-articular, na qual um pequeno fragmento na borda ulnar da base metacarpiana mantém sua posição sobre o trapézio, enquanto o restante do metacarpo se desloca no sentido dorsal e radial Diagnóstico: RX AP, lateral e oblíquo Tratamento cirúrgico com redução aberta e fixação interna por fio de Kirschner observar o fragmento triangular do metacarpo e a luxação do restante do osso MMSS - Fraturas e luxações 25 Fratura de Rolando Parecida com a fratura de Bennet mas com cominução em Y ou em T da base do primeiro metacarpo → mais complexa porque tem 2 fragmentos de metacarpo O mecanismo, quadro clínico e tratamento são iguais a de Bennet obs: tanto em Benner como em Rolando temos fraturas na base do primeiro metacarpo que se articula com o trapézio, mas em bennet tem um fragmento triangular e luxação do resto do osso, e em Rolando tempos dois fragmentos triangulares e não tem luxação obs: as fraturas do metacarpo acontecem mais por projétil de arma de fogo ou arma branca
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