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Ortopedia e Traumatologia – Bloco 2 Vitória Martins Castro Feitosa Luxação do ombro (glenoumeral) OBS.: principalmente nas luxações recidivantes. Na HDA, geralmente, tem trauma (vítima de queda), que chega com dor e incapacidade de mover o braço (vem segurando o braço contralateral). No exame físico, o ombro é achatado com au- sência de ADM (amplitude de movimento). Pode en- contrar alguns sinais, como o famoso sinal da dragona, que é um sulco entre o úmero e o coracoide. A radiografia é feita em 3 incidências: AP ver- dadeiro, perfil da escapula e axilar. A TC é feita em casos de fraturas ocultas do tu- bérculo ou da cavidade glenoidal. A classificação é anatômica, baseada na locali- zação da cabeça do úmero. Acima de 90% dos casos, ela é anterior. As posteriores são geralmente relacio- nadas a quadros convulsivos ou choques elétricos, tem que ter cuidado, pois na maioria das vezes é negligen- ciada. As inferiores e superiores são raríssimas. Tratamento O tratamento agudo é reduzir a luxação na ur- gência. Além disso, faz imobilização na tipoia por 2 se- manas (não influencia no prognóstico) e fisioterapia (fazer reforço muscular e evitar novas luxações). Métodos de redução Manobra hipocrática: tração e contratração. É uma manobra brusca, um pouco agressiva. Normalmente, faz com o lençol ao invés do pé do exa- minador. Faz a tração no membro e com o pé ou lençol faz a contratração da cabeça do úmero para dentro da cavidade glenoidal. É pouco utilizada hoje em dia na prática, só usa quando não consegue reduzir com a Manobra de Milch. Manobra de Milch: é mais usada. É pouco dolorosa, em que o examinador busca relaxar toda a musculatura do membro superior, do peitoral e do dorso do paciente. Avalia a colaboração dos pacientes para realizar, existem pacientes colabo- rativos, enquanto outros não, como é o caso dos alco- olizados e dos com musculatura bem desenvolvida/hi- pertrofiada, pois é mais difícil realizar essa manobra sem anestesia. Quando não consegue realizar essa redução na sala de imobilização, solicita o anestesista para sedar o paciente para ele relaxar e conseguir facilmente redu- zir essa luxação. Com o paciente em decúbito dorsal, faz uma tração e uma abdução delicada do ombro do paciente, fazendo rotações externas também. Em seguida, faz rotação lateral lenta e gradual, retornando o membro para a posição habitual, de modo a reduzir a luxação. Manobra de Stimson: pouco usada, é + traba- lhosa. Mais trabalhosa, pois tem que amarrar o peso. É mais demorada também, o paciente fica por alguns minutos nessa posição para ver se relaxa e consegue reduzir. Fraturas diafisárias de úmero Bastante comum em lutadores de MMA, assim como as fraturas do cotovelo. OBS.: os homens na 3ª década são mais ativos e prati- cantes de esportes de contato. Anatomia Geralmente ocorrem proximalmente distal ao colo cirúrgico e distalmente próximo a crista supracon- dilar. É um osso passível de tratamento conservador, onde a consolidação ocorre de maneira satisfatória com o gesso. Mecanismo de lesão São as fraturas de um praticante de queda de braço, por exemplo. Avaliação clínica Então, avalia se o paciente consegue realizar hi- perextensão do punho, abdução do polegar (manda fazer “o joinha”). Essas fraturas ipsilaterais podem ser do ante- braço, do úmero proximal, do radio distal e do coto- velo concomitantemente → avaliar sempre o membro como um todo. Se houver iminência de síndrome comparti- mental (aumento da pressão dentro dos comparti- mentos → dor, diminuição de pulso periférico, palidez da pele, diminuição dos movimentos), pode fazer uma fasciotomia, liberando os compartimentos, de forma a evitar lesões musculares e nervosas, salvando o mem- bro. Avaliação radiológica OBS.: lembre que para a radiografia ser perfeita pre- cisa evidenciar articulações distal e proximal do osso. Na esquerda, mostra uma fratura do úmero em espiral, que são ocasionadas principalmente por trau- mas torcionais, na classificação AO é uma 12A1. Na di- reita, há uma lesão por arma de fogo, onde encontra vários fragmentos de chumbo (espingarda provavel- mente calibre 12). Esse braço teve uma lesão gravís- sima de partes moles, com possíveis lesões neurovasculares de prognóstico ruim. É uma fratura segmentar complexa (12C3) – muito grave. Geral- mente evolui para amputação do membro. Classificação descritiva • Aberta ou fechada. • Localização: terço proximal, médio ou distal. • Grau: com ou sem desvio. • Direção e caráter: transversa, oblíqua, espiral, segmentar e cominutiva. Classificação ao A fratura do úmero é 1. Se for proximal é 11, diafisária é 12 e distal 13. Tratamento Conservador OBS.: em alguns casos, dependendo da qualidade ós- sea e da idade, pode durar um pouco mais. Normalmente se usa a pinça de confeiteiro – fraturas com deslocamento. É uma tala que sai da parte proximal do ombro, passa pelo cotovelo e vem até a axila do paciente, fazendo um envoltório com crepom. Nas fraturas sem desvio, pode usar tipoia de Velpeau ou tipoia americana. Ou pode usar a órtese de Sarmi- ento – funcional pré-fabricada. É bem difundida, muito usada para tratamento de fratura do úmero e muitas vezes até da tíbia. Cirúrgico Quando o paciente tem um encurtamento maior que 3 cm, as rotações são maiores que 30° e as angulações do eixo maiores de 20°. Além disso: • Fraturas múltiplas – politraumatizado. • Redução fechada inadequada ou consolidação viciosa inaceitável. • Fratura patológica. • Cotovelo flutuante – fratura do úmero e do an- tebraço do mesmo lado e ao mesmo tempo. • Fraturas segmentares. • Lesão vascular associada. • Extensão intra-articular. • Fraturas bilaterais. • Fratura exposta. • Perda neurológica após trauma penetrante. • Paralisia do nervo radial após manipulação da fratura – controverso. • Pseudoartrose. Abordagens Cirúrgicas Técnicas Cirúrgicas Complicações Luxação do cotovelo São aqueles pacientes que praticam esportes de risco, como vaquejada, motocross. Anatomia É uma articulação ginglimoide, o olecrano faz apenas o movimento flexo-extensão. Já o antebraço na parte distal, faz prono-supinação. A estabilidade é conferida pela superfície arti- cular, cápsula, ligamentos e músculos. Estabilidade A articulação radiocapitelar já é um estabiliza- dor secundário. Mecanismo de lesão A luxação posterior é a mais comum. Na luxação com fratura, só dá pra saber de onde são os fragmentos ósseos quando faz a redução da luxação. Avaliação clínica Geralmente a posição de defesa é segurando o braço contralateral. Além disso, solicita as radiografias. Lesões associadas Normalmente encontra as duas na mesma lu- xação, formando a tríade terrível do cotovelo. Fraturas – luxações OBS.: as do tipo II são as mais comuns em luxações do cotovelo. Avaliação radiológica Nesse caso, o paciente teve uma luxação do co- tovelo, mas as lesões associadas não são evidentes no RX simples. Então pede a tomografia para avaliar me- lhor. Nessa TC, é possível observar as lesões associ- adas, que são fratura da cabeça do rádio, subluxação do cotovelo, fratura do processo coronoide da ulna – tríade terrível do cotovelo (o prognóstico não é bom). Classificação Tratamento Princípios do tratamento OBS.: e também para os movimentos de prono-supina- ção. Percebe-se que as principais lesões devem ser reparadas. Luxação simples do cotovelo O tratamento é conservador. Com o paciente em de- cúbito ventral na maca, faz tração e contra tração na parte distal do braço para realizar a redução. É o método mais utilizado. Quando realizar tratamento cirúrgico? Faz quandotem perda dos estabilizadores pri- mários do cotovelo – lesões ligamentares e principais fraturas. Luxação instável do cotovelo O tratamento é cirúrgico. Possui 3 abordagens: • Redução aberta e reparo de tecidos moles (li- gamentos). • Fixação externa articulada (quando tem blo- queio articular). • Fixação da articulação com pinos cruzados (fios de Kirschner – decadente e não é mais tão usado). Fraturas – Luxações do cotovelo O tratamento é conservador em luxação com fraturas minimamente desviadas da cabeça do rádio ou sem desvio. Quando cirúrgico, faz o reparo ou a substitui- ção da cabeça radial e reparo do ligamento colateral lateral. Essa cabeça radial, quando tem fratura com- plexa ou em 3 partes, normalmente realiza a substitui- ção dela por um componente metálico, que é a pró- tese da cabeça do rádio. Tríade terrível OBS.: sempre repara o LCL, pois é um estabilizador pri- mário do cotovelo. complicações Fraturas do olecrano Epidemiologia Anatomia OBS.: cuidado para não confundir a fise aberta nos adolescentes com fratura. Mecanismo de lesão São os traumas de alta energia – acidentes au- tomobilísticos ou quedas de altura. OBS.: o mais comum é o trauma direto. Sinais e sintomas Radiologia Sempre em AP e perfil verdadeiro. Evidencia uma fratura do olecrano. Por se tratar de uma fratura articular, usa o principio de estabilidade absoluta com consolidação primária e redução aberta, indireta e anatômica de preferência. Classificação de Mayo Tratamento Objetivos A articulação não pode ter desvios para não ge- rar bloqueios articulares – usa estabilidade absoluta. Lembre que uma articulação imobilizada por muito tempo resulta em rigidez. Então, é prezada a mobilidade precoce. conservador Normalmente, esse retorno da movimentação é realizado por um fisioterapeuta. Cirúrgico Então, a banda de tensão é o principal trata- mento para fraturas do olecrano. Quando tem uma fratura complexa ou multifragmentar, utiliza principal- mente as placas bloqueadas para realizar a síntese na- quela fratura. Essa é a banda de tensão, o túnel para colocar a amarrilha deve ser após o processo coronoide e sem- pre cravar as pontas dos fios K no tríceps. complicações • Material de síntese (sintomático em até 80%) → 34-66% precisa da remoção desse material. Sem desvio Com desvio Instáveis • Infecção. • Migração de pino. • Neurite do N. ulnar. • Ossificação heterotópica. • Pseudoartrose. • Diminuição do arco de movimento. Fraturas da cabeça do rádio Epidemiologia Anatomia Mantém contato com a ulna sempre (radi- oulnar proximal e distal) e articulação radiocapitular está presente tanto na flexão como na extensão. Mecanismo de trauma Queda sobre a mão estendida ou como lesão associada à luxação do cotovelo. Vai ter um trauma axial transmitido para a ca- beça do rádio. OBS.: cuidado com as lesões de Essex-Lopresti (mem- brana interóssea – lesão de radioulnar distal instável), que devem ser tratadas → identifica no RX em AP que há encurtamento do rádio. Sinais e sintomas Classificação de Mason Tratamento conservador É a tipo I de Mason. Cirúrgico complicações Além das complicações do tratamento cirúr- gico. Fraturas do antebraço Epidemiologia É um osso com ocorrência de fratura exposta bem abundante. Anatomia No antebraço, temos rádio e ulna ligados por uma membrana interóssea. Eles trabalham conjunta- mente, então as fraturas do antebraço são tratadas como uma articulação. Fraturas diafisárias Avaliação radiológica >2 mm Ou do colo (normalmente em mais de 3 partes) Classificação Tratamento conservador É raro → quando não tem desvio nem do rádio nem da ulna. Faz aparelho gessado. Cirúrgico Deve ser tratado como uma articulação → re- dução aberta. Realiza incisão, faz toda dissecção até chegar ao osso, realiza redução a olho nu, que tem que ser anatômica, e faz fixação interna com placa e para- fuso (placa de compressão dinâmica). Pode ser com ou sem enxerto ósseo → usa quando tem falha óssea ou pseudoartrose de fratura. complicações Fratura diafisária da ulna Avaliação clínica Classificação de Bado - fraturas de Monteggia • A: fratura da ulna com luxação anterior do rá- dio. • B: fratura da ulna com desvio posterior da ca- beça do rádio. • C: fratura da ulna com desvio lateral da cabeça do rádio. • D: fratura da ulna e do rádio. Avaliação radiológica Tratamento Normalmente é cirúrgico com placa DCP, redu- ção anatômica e fixação interna. complicações Fratura diafisária do rádio Garantir prono- supinação perfeita Tratamento É feito com redução aberta e fixação interna com placa DCP. Em casos de instabilidade radioulnar distal, fixa com fios K. complicações
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