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TRABALHO ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM POLITRAUMATIZADO (URGÊNCIA ,AMBULATORIO ,HOSPITALAR)

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2 
 
 
1 
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA-UNIP 
CURSO DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
JAMILIS SIMÕES DOS SANTOS MARTINS 
 
 
 
 
 
TEMA: 
 
ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM EM VÍTIMAS 
POLITRAUMATIZADO(EMERGÊNCIA,AMBULATÓRIO E 
HOSPITALAR). 
 
 
 MANAUS,AM 
2021 
2 
 
 
2 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP 
JAMILIS SIMOES DOS SANTOS MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM EM VÍTIMAS 
POLITRAUMATIZADO(EMERGÊNCIA,AMBULATÓRIO E 
HOSPITALAR). 
 
 
 
 
Trabalho de pesquisa de Curso apresentado ao 
curso de graduação em Enfermagem da 
Universidade Paulista UNIP, como requisito 
parcial para a obtenção de nota. 
 
 
Orientador: Prof.ª Liliane moreira vieira. 
 
 
 
 
 
 
 MANAUS,AM 
 2021 
 
3 
 
 Sumário 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 
2.1FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 7 
2.2Caracterização do Paciente Politraumatizado ............................................. 7 
2.3Cuidado do Enfermeiro na Emergência ao Politraumatizado .................... 8 
3.0 MÉTODO ........................................................................................................ 10 
3.1 Tipo de Estudo ............................................................................................. 11 
3.2 Técnica de Coleta De Dados ...................................................................... 11 
3.3 Análise dos Resultados .............................................................................. 12 
4.0 RESULTADO E ANÁLISE ............................................................................ 12 
5.0 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 16 
5.1UNIDADE DE EMERGÊNCIA AMBULATORIAL ............................................... 16 
5.2 ENFERMAGEM DE EMERGÊNCIA AMBULATORIAL ................................. 20 
5.3 TRAUMA ......................................................................................................... 23 
5.4 Contextualização do Trauma ....................................................................... 26 
5.5 Mecanismo de lesão do trauma ................................................................... 28 
5.6 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO ............. 29 
5.7 Preparação: ................................................................................................... 30 
5.8 Triagem .......................................................................................................... 30 
5.9 Exame primário ................................................................................................ 31 
5.9.1 Exame secundário...................................................................................... 38 
5.9.2 Reavaliação ................................................................................................ 42 
5.9.3 Cuidados definitivos .................................................................................. 43 
5.9.4 Registros e considerações legais ............................................................... 43 
6.0 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE 
POLITRAUMATIZADO HOSPITALAR ................................................................. 44 
6.1 REABILITAÇÃO DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO ............................. 45 
7.0 MATERIAL E MÉTODO HOSPITALAR .......................................................... 47 
8.0 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 48 
8.2 Paciente politraumatizado ............................................................................... 49 
8.3 A atuação da enfermagem no Atendimento Hospitalar ................................... 50 
 
4 
 
5 
9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 52 
10.0REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ----------------------------------------------------53 
11.0 ANEXO 1 ...................................................................................................... 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Apesar do grande fluxo de politraumatizados e da rotina acelerada de uma 
unidade de emergência, o paciente necessita de uma atuação eficiente e eficaz 
do enfermeiro. A atuação profissional inicia antes mesmo da chegada do paciente 
na emergência, já que é o enfermeiro o responsável por gerenciar a unidade, gerir 
pessoas e ser o elo de comunicação entre os diferentes profissionais. Diante de 
tal complexidade exacerbada pelo curto espaço de tempo para assistir o paciente 
e o risco de morte, o enfermeiro tem importante papel nesse contexto (RAMOS, 
SANNA, 2005). 
O enfermeiro diante de um politraumatizado deve demonstrar destreza, agilidade, 
habilidade, além de intervir conscientemente e de forma segura no atendimento ao 
ser humano, tendo incorporado a afirmativa que uma assistência adequada 
aumenta as chances de sobrevivência com menores sequelas permanentes ao 
politraumatizado. 
Devido as mudanças recentes no atendimento às emergências e urgências no 
Brasil, e a magnitude de morbimortalidades por acidentes e violências tem 
crescido o interesse da comunidade científica brasileira acerca da problemática, 
de forma que espera-se encontrar publicações da enfermagem sobre a 
assistência integral e humanizada ao paciente politraumatizado, em virtude do 
papel importante desempenhado por esse profissional, o que denota então a 
relevância desta pesquisa. 
A partir da experiência profissional em uma unidade de emergência permitindo a 
observação de inúmeros casos de politraumatismo, insurgiu na autora do presente 
trabalho o seguinte questionamento: Como as publicações científicas de 
enfermagem vem tratando o cuidado do enfermeiro prestado ao indivíduo 
politraumatizado em unidade de emergência? 
Isto posto, este estudo tem por objetivo geral investigar o cuidado do enfermeiro 
prestado ao indivíduo politraumatizado em unidade de emergência descrita em 
publicações científicas nacionais. Tem como objetivos específicos: abordar os 
principais cuidados prestados numa unidade de emergência pelo enfermeiro ao 
paciente politraumatizado; evidenciar a importância do enfermeiro na assistência 
a esses tipos de pacientes. 
da cena e da vítima, para que houvesse uma precoce instituição de medidas 
terapêuticas e de suporte à vida, cujo objetivo principal é a diminuição e, se possível, 
a eliminação de consequências do trauma, impedindo assim as complicações que 
levam ao óbito (VASCONCELOS, 2010). 
Os objetivos do atendimento hospitalar só poderão ser alcançados quando toda a 
equipe estiver devidamente treinada, apresentando habilidades e conhecimento 
técnico-científico para que possa reconhecer as variáveis encontradas no trauma, e 
possa realizar corretamente as intervenções na vítima, na cena do acidente, sendo 
responsável por gerar cuidados imediatos e de qualidade a vítima (PEREIRA; LIMA, 
2009). 
Nesse contexto, a enfermagem irá atuar junto com a equipe multiprofissional na 
tomada de decisão, tomando iniciativa, tendo destreza e capacidade de analisar e 
avaliar o que a vítima necessita naquele momento, dar prioridade ao que mais precisa 
quando necessário. Ser habilitado e apto para agir diante da situação, com raciocínio 
lógico e rápido, de forma a prestar os primeiros socorros e procedimentos iniciais à 
vítima no local do acidente, para que venha estabilizá-la, preservando sua vida e 
 
6 
 
minimizando as sequelas (SOUZA, 2012). 
Objetivou-se avaliar a conduta a ser tomada frenteao atendimento do paciente 
politraumatizado no atendimento hospitalar móvel a partir de dados disponíveis na 
literatura científica; e de forma específica, compreender as competências e atribuições 
do profissional de enfermagem em urgência e emergência ao politraumatizado e 
demonstrar a importância da sistematização de enfermagem na melhoria do 
prognóstico da vítima politraumatizada. 
 
7 
 
 
 
2.DESENVOLVIMENTO 
 
2.1FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA NA EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
2.2Caracterização do Paciente Politraumatizado 
 
 
 
Segundo relatam Sgarbi, Silva Jr (2006), o politrauma pode ser 
caracterizado por um estado de lesões múltiplas no qual um indivíduo é 
acometido, caracterizado por reações sistêmicas e sequências que podem 
levar a falência ou disfunção dos órgãos vitais, motivo pelo qual são 
considerados traumas de natureza gravíssima e que exigem cuidados 
imediatos. 
Atualmente o politrauma é considerado a terceira causa de morte 
mundial, e tal fato deve-se principalmente a ocorrência de acidentes de 
trânsito e a violência urbana. Por se tratar de um problema cujo resultado, 
pode contribuir de forma significativa para o aumento da morbidade e 
mortalidade de adultos e crianças, sua ocorrência é descrita como um 
problema de saúde pública. A busca por ações que possam de forma 
sistematizada reduzir seus números ou melhorar a assistência prestada aos 
indivíduos politraumatizados, tem sido palco de inúmeras reflexões e ações 
das políticas públicas de assistência a saúde no Brasil e no mundo, que 
abrange um complexo de leis de inibição de acidentes de trânsito a cuidados 
humanizados no atendimento prestado a estas vítimas (TOLOTTI; SILVA, 
2004). 
Em relação aos tipos de traumas, Maia (2008), descreve que estes 
podem ser classificados da seguinte forma: 
a) Traumatismo Craniano: referem-se a lesões que afetam o tecido 
cerebral 
b) Traumatismo Vertebromedular: refere-se a lesões que afetam a 
espinal medula, e normalmente tornam limitadas ou provocam 
 
8 
 
regressão na capacidade de mobilidade vertebral humana. 
c) Lesões maxilofaciais: estendem-se pela regiao da face, podendo 
obstruir ou danificar a área da face, abrangendo órgãos como olhos, 
nariz , boca e ouvidos. 
d) Traumatismos Torácicos: abrangem lesões nas áreas do pulmão, 
toráx, coração, grandes vasos e esôfago. 
e) Traumatismos abdominais: envolvem lesões na área do abdomen 
f) Traumatismos Pélvicos: são aqueles que envolvem a região do trato 
urinário, grandes vasos e os nervos dos membros inferiores. 
g) Lesões gênito-urinários:abrangem a região genital e urinária 
h) Traumatismos das Extremidades: relacionam-se a fraturas 
ocorridas nos membros superiores e inferiores. 
Quanto aos tipos de lesões que podem ocorrer numa situação de 
politrauma, convém esclarecer que dependendo do caso, pode haver varias 
lesões associadas, e quanto maior o número, mais complexo é a 
resolutividade da mesma e a necessidade de atendimento imediato e 
especializado, motivo que demanda uma assistência em saúde emergencial, 
o qual é abordado no tópico a seguir. 
 
 
 
2.3Cuidado do Enfermeiro na Emergência ao Politraumatizado 
 
As situações de emergência, de modo geral, envolvem os casos em 
que percebe-se a ocorrência de danos ou lesões de natureza gravíssima que 
afetam ou colocam em perigo a saúde e a vida do indivíduo (MORALES, 
2001). 
Segundo o Conselho Federal de Medicina (2003), a emergência é 
considerada a partir da constatação médica de condições de agravo à saúde 
que impliquem em risco eminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo 
portanto, tratamento médico imediato. 
No que se refere ao ambiente hospitalar de emergência pode ser 
considerado assustador e torturado, tendo em vista que constituem 
 
9 
 
normalmente locais de ampla aglutinação de pacientes, acometidos por 
problemas diversos, e os profissionais dessa área , afora os problemas de 
ordem estrutural e da própria jornada de trabalho que enfrentam, estão em 
constante convívio com altas demandas emocionais, demarcadas por dor e 
morte (PINHO; ARAÚJO, 2007). 
Sobre os serviços realizados na emergência hospitalar Silva, et al. 
(2011, p. 1) afirmam que “os serviços de emergência caracterizam-se por 
atendimento imediato e provisório, destinado a vítimas de trauma ou doenças 
imprevistas, que necessitam de atendimento rápido e eficaz” 
Nesse sentido, para proporcionar as condições de realização adequada 
dos serviços é 
imprescindível que o enfermeiro tenha consciência de seu papel e busque 
agir estabelecendo prioridades, mantendo o foco na execução das tarefas e 
não se deixar influenciar de modo tão direto pelos aspectos negativos 
observados durante a assistência realizada. Outrossim, algo que também se 
faz necessário, é haver uma adequada integração de equipes, demarcada por 
um processo de apoio mútuo entre todos os assistentes de saúde, tendo em 
vista que o atendimento dessa natureza é multidisciplinar (DAL, ROBAZZI, 
SILVA, 2010 
Vasconcelos e Olcerenko (2009), enfatizam que no atendimento 
prestado pelo enfermeiro na emergência ao paciente com politraumas, duas 
abordagens básicas deverão ser realizadas: a primária e a secundária. A 
Abordagem Primária tem como objetivo identificar e tratar lesões que possam 
levar uma pessoa a morte, ou seja, ameaçam a vida de forma imediata. Está 
dividida em A, B, C, D e E, ou seja, A de abertura de vias aéreas com controle 
cervical, B de verificação de Respiração, C de controle de Grandes 
Hemorragias com verificação de Pulso, D de Avaliação do Nível de 
Consciência e E de Exposição da vítima com Controle Térmico. Já a 
abordagem secundária compreende a realização de um exame físico geral, 
iniciando pela observação detalhada da cabeça e identificação de lesões 
cortantes ou perfurantes, hematomas e crepitações. 
Além dos procedimentos descritos acima, é importante ressaltar que a 
equipe de enfermagem deverá estar atenta no momento da realização da 
 
10 
 
assistência, principalmente quanto ao fator tempo, pois nesses casos, quanto 
mais rápido o suporte adequado for disponibilizado ao paciente maiores serão 
as suas chances de recuperabilidade (CONDORIMARY, 2003; GARLET, et 
al, 2009). 
Nesse sentido, percebe-se que o enfermeiro assume um decisivo papel 
no estado de recuperação do indivíduo que chega a esse estágio, como 
também no alcance de sua família, podendo dar maiores elucidações sobre 
a realidade vivenciada pelo paciente. Pode-se então concluir que 
a prática de enfermagem, mesmo na ação mais simples, 
adquire um caráter de 
interesse do profissional pela pessoa cuidada, sendo 
executada com o objetivo de produzir através do toque 
corporal, do olhar, da comunicação, segurança, conforto, 
carinho e alívio da dor e do sofrimento. Isto contribuirá para 
que o paciente seja capaz de enfrentar os obstáculos que 
surgirão durante o processo de cuidado e cura (HOGA, 
2004 apud SIILVA, 2008, p. 38). 
 
O relacionamento profissional/paciente dentro desse processo de 
atendimento deve estar pautado em um complexo de ações sistemáticas, que 
visem entre outros aspectos dar possibilidade e alcance deste a reabilitação, 
para isso imprescindível é que o profissional esteja atento a forma com que o 
paciente está respondendo ao tratamento, um olhar ou mesmo um simples 
mover das mãos, pode auxiliar na identificação do seu estado. 
3.0 MÉTODO 
 
Para Minayo et al. (1998, p.16): “a trajetória metodológica é entendida como o 
caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. 
De modo global, a trajetória, ou melhor, o procedimento metodológico de 
uma pesquisa, demonstra o caminho percorrido no processo de elaboração do 
conhecimento, considerando-se que este acontece a partir de 
questionamentos e descobertas da realidade, por aprimorações sucessivas 
entre o objeto que se deseja investigar e a produção teórica sobre este, de 
maneira dinâmica, inacabada e transformadora.11 
 
3.1 Tipo de Estudo 
 
Trata-se de um estudo bibliográfico, exploratório e quanto aos fins 
classifica-se como um estudo descritivo, tendo em vista que seu objetivo é 
descrever como se dá a assistência de enfermagem ao indivíduo 
politraumatizado em unidade de emergência. 
A pesquisa descritiva adota “como objetivo primordial a descrição das 
características de determinada população ou fenômeno” (GIL, 1996, p. 46). 
De acordo Gil (1996), as pesquisas bibliográficas são aquelas 
realizadas junto a publicações em artigos, jornais de circulação e periódicos 
sobre um determinado assunto e servem como fonte de informação mais 
precisa sobre tal fato, uma vez que nela se encontram elencadas teorias e as 
principais discussões no ambiente científico. 
Um estudo é exploratório quando não se têm informações sobre 
determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno, e o pesquisador está 
preocupado em não deixar de fora aspectos importantes que possam 
contribuir para a explicação do problema (SERVO, 2001). 
Quanto a abordagem dos dados, esta foi do tipo qualitativa, uma vez 
que se avaliou os dados à luz dos objetivos e problemas propostos na 
pesquisa. Araújo e Minayo (1998), sintetiza a pesquisa qualitativa como um 
estudo que se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, 
obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. 
3.2 Técnica de Coleta De Dados 
 
Para fim de filtragem, os dados foram coletados a partir da pesquisa 
realizada junto a publicações de revistas de circulação nacional que tratam da 
temática proposta, além das bases de dados Scielo e Lilacs, nos períodos 
relativos de 2000 a 2013. Os descritores utilizados foram: Politrauma; unidade 
de emergência, cuidado de enfermagem. 
Os dados foram coletados a partir da pesquisa realizada junto a 
publicações de revistas de circulação nacional que tratam da temática 
proposta, além das bases de dados Scielo e Lilacs, nos períodos relativos de 
 
12 
 
2000 a 2013. Os descritores utilizados foram: Politrauma; Unidade de 
emergência, Cuidado de Enfermagem. 
 
 
3.3 Análise dos Resultados 
 
A técnica utilizada foi Análise de Conteúdo de Bardin, que segundo 
Minayo (1998, p. 74), podemos ou não confirmar as afirmações estabelecidas 
antes do trabalho de investigação. Dessa forma a técnica de análise de 
conteúdo foi trabalhada em três etapas básicas: primeiramente pela pré-
análise – fase em que o material é organizado e passa por uma leitura geral; 
em seguida pela descrição analítica – fase em que o material é submetido a 
um estudo aprofundado, utilizando-se procedimentos como a codificação e a 
categoria dos dados, e por último a interpretação referencial – em que o 
pesquisador deve aprofundar a análise dos dados tratando de desvendar o 
conteúdo latente que eles possuem. A busca deve filtrar ideologias, 
tendências e outras determinações características dos fenômenos que estão 
sendo analisados. 
4.0 RESULTADO E ANÁLISE 
 
Buscando-se atender aos objetivos do estudo, selecionou-se 13 (treze) 
publicações que se enquadravam dentro dos critérios estabelecidos na 
pesquisa, conforme apresenta o quadro a seguir: 
 
Quadro 1. Distribuição da produção científica sobre o cuidado do 
enfermeiro prestado ao indivíduo politraumatizado em unidade de 
emergência. 
N TÍtulo Autor(es) Periódico Ano 
T1 Caractetização das vítimas de 
Trauma Atendidas em 
emergência hospitalar no norte 
do Estado do Rio Grande do Sul 
TOLOTTI,
 VC
; SILVA, LAA 
Revista 
Contexto & 
Saúde 
2004 
T2 Trauma em idosos atendidos no 
pronto atendimento da 
emergência do Hospital de Base 
CAMPOS, JFS, et 
al. 
Arq Ciênc 
Saúde 
2007 
 
13 
 
T3 A cinemática do trauma como 
ferramenta para a atuação de 
enfermeiro de emergência. 
FERNANDES, T. 
P. R. 
Enfermagem 
Atual 
2007 
T4 Atendimento inicial em vítima de 
trauma 
ROLOFF, A. Enfermagem 
Brasil 
2007 
T5 O papel do Enfermeiro na 
Triagem classificatória do 
departamento de Emergência. 
MELO, M. G. G.; 
VIRO, L. R. A.; 
FONSECA, A. S., 
Rev. Nursing 2008 
T6 Atendimento de cliente com 
traumatismo em um serviço de 
emergência de hospital em 
Piauí. 
SANTOS, A. M. 
R.; COELHO, M. 
J. 
Escola
 Ann
a Nery. Rev. 
Enfermagem. 
2008 
T7 Processo de trabalho em setor 
de emergência de hospital de 
grande porte: a visão dos 
trabalhadores de enfermagem. 
BARBOSA et al. Revista da 
Rede de 
Enfermagem 
do
 Nordest
e (RENE) 
2009 
T8 Relação entre o padrão de 
analgesia e região corpórea em 
pacientes de trauma. 
CALIL, A. M.; 
PIMENTA, C. A. 
M 
Rev. Gaúcha 
Enf 
2009 
 
14 
 
 
T9 O papel do enfermeiro no 
serviço de emergência: a 
identificação de prioridades no 
atendimento. 
GATTI, M. F. Z.; 
LEÃO, E. R., O 
Rev. Nursing 200
9 
T10 Enfermagem em emergência: 
humanização do atendimento 
inicial ao politraumatizado à luz 
da teoria de Imogene King. 
MONTEZELI, JH, 
et al. 
Cogitare 
Enfermagem 
200
9 
T11 O enfermeiro e as praticas 
assistenciais para o cliente 
politraumatizado no setor de 
emergência. 
SILVA, F. C. S.; 
SILVA, R. C. L 
Rev. Enf 
UFPE on line 
200
9 
T12 O trabalho da enfermagem no 
serviço de emergência: o 
estresse e a satisfação. 
SILVA, A. T; et al. Ciência et 
Praxis 
201
1 
T13 Avaliação do indivíduo vítima de 
politraumatismo pela equipe de 
enfermagem em um serviço de 
emergência de Santa Catarina. 
MATTOS,
 LS
; SILVÉRIO, MR. 
Revista 
Brasileira de 
Promoção da 
Saúde. 
201
2 
Fonte: Dados da Pesquisa/2014 
 
 
No que concerne aos politraumas, percebeu-se unanimidade entre os 
autores analisados quanto a constituir esse a terceira maior causa de 
mortalidade no Brasil, e consequente principalmente de acidentes 
automobilísticos e violência urbana. 
Convém ressaltar, que conceitualmente o politrauma, sugere a 
ocorrência de diversos traumas no corpo de um determinado indivíduo e que 
poderão advir também da ocorrência de acidentes domésticos. Nesse caso, 
verifica-se tal ocorrência principalmente junto a crianças e idosos, e ausência 
de medidas preventivas relativo ao uso de materiais perfuro-cortantes, locais 
escorregadios, escalamento de regiões irregulares, entre outros aspectos, 
podem constituir causas para a ocorrência de politraumatismos (TOLOTTI, 
SILVA, 2004; CAMPOS, et al., 2007). 
No que se refere a caracterização dos problema, o que torna ainda 
mais complexo o tratamento e cuidado ao paciente é o fato de que não se 
trata de um simples local afetado, mas uma área ou várias partes do corpo e 
 
15 
 
órgãos que são lesionados, contribuindo de forma negativa para a saúde e 
vida da vítima. As áreas traumatizadas em um sentido geral, abrangem as 
áreas da coluna, abdômen, crânio, tórax e extremidades (ROLOFF, 2007; 
GATTI, LEÃO, 2009). 
No processo de atendimento ao politraumatizado, pela natureza do 
problema, é importante que a equipe de enfermagem da emergência esteja 
atenta as necessidades do 
paciente, observando os sinais vitais, e adotando procedimentos iniciais com a 
finalidade de dar a este melhores possibilidades de recuperabilidade. A 
triagem inicial do paciente, constitui um pilar fundamental na sistematização 
do atendimento, podendo ser utilizada conforme o protocolos das instituições 
de saúde (FERNANDES, 2007; MELO, VIRO, FONSECA, 2008; BARBOSA 
et al., 2009; GATTI, LEÃO, 2009). 
O atendimento inicial ao politraumatizado consiste no método 
mnemônico ABCDE. Para a análise de gravidade do trauma, no APH, tem sido 
utilizado o RTS, com encaminhamento rápido às vitimas com RTS<=11. A 
maioria dos politraumatizados é oriunda de acidentes em via pública, tais 
como atropelamentos, quedas e colisões automobilísticas (FERNANDES, 
2007; SANTOS, COELHO, 2008; CALIL, PIMENTA, 2009). 
A efetividade das vias circulatórias e respiratórias deverá ser analisada 
pelo enfermeiro emergencista, a quem caberá tecer os procedimentos paraa 
promoção da recuperação do paciente (MONTEZELI, et al., 2009; SILVA, 
SILVA, 2009; MATTOS, SILVÉRIO, 2012). 
Na ocorrência de fatores adversos como é o caso da hipotermia deverá 
ser realizada a promoção do aquecimento externo, podendo ser utilizados 
gases respiratórios e líquidos intravenosos aquecidos (ROLOFF, 2007, 
CALIL, PIMENTA, 2009). 
Outro ponto de bastante reflexão no processo de atendimento ao 
politraumatizado, não está basicamente configurado no que é prestado ao 
paciente, mas na preparação do profissional de saúde que lhe prestará 
socorro. Este por sua vez, estará presenciando momentos de muita tensão, 
demarcado principalmente pela possibilidade de morte trágica ou em 
 
16 
 
condições extremamente complexas. Motivo pelo qual, o próprio ambiente 
além de ser estressante para o enfermeiro, exige por outro lado deste um 
compromisso maior no ato de cuidar ao paciente e familiares (BARBOSA et 
al., 2009, SILVA, et al., 2011; MATTOS, SILVÉRIO, 2012). 
Dialogar esse conflito não é algo simples, e exige uma adequada 
preparação profissional, e busca da qualidade dos serviços prestados que 
devem pautar-se no equilíbrio, integração entre as equipes e humanização 
(MONTEZELI, et al., 2009). 
No tocante a humanização, algo necessário para que o atendimento de 
emergência seja adequado e eficaz é a observância quanto a sobrecarga de 
atividades, pois essas dificultam a qualidade do atendimento, tendo em vista 
que para que seja possível a introdução de um acolhimento, se faz necessário 
a produção de vínculo entre paciente e o seu cuidador, este reconfigurado 
nos gestos, no tempo para escuta, no suporte emocional e espiritual (MELO, 
VIRO, FONSECA, 2008; GATTI, LEÃO, 2009). 
Um ponto ainda bastante controverso, refere-se a introdução 
tecnológica, esta deve ser evidenciada como um instrumento facilitador do 
atendimento na emergência do 
5.0 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
 
 
5.1UNIDADE DE EMERGÊNCIA AMBULATORIAL 
 
 
 
O conceito de emergência pode ter duas conotações: o primeiro conceito refere-
se aos clientes em situação de emergência e o segundo conceito trata do local 
onde estes clientes são atendidos: 
 
1. Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em 
risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, intervenção 
imediata; 
2. Unidade destinada à assistência de clientes em condições de 
emergência. (MS, 1995). 
 
17 
 
 
A unidade de emergência oferece serviços de alta complexidade e diversidade no 
atendimento a pacientes em situação de risco iminente de vida. É um setor 
multidisciplinar composto por diversas classes de profissionais da saúde com 
perícia para tratar pacientes em um estado grave. Além da equipe de saúde 
especializada a Unidades de Emergência (UE) deve dispor de uma organização 
física que atenda todas as necessidades de seus usuários (WEHBE E GALVÃO, 
2005). 
 
Dessa forma, sua localização deve ser num local de melhor acesso do hospital, 
possibilitando ao cliente externo e interno a fácil identificação e no caso de uma 
situação de caráter urgente ou emergente. Alem disso, de acordo com Smeltzer e 
Bare (2002), Wehbe e Galvão (2005) e Figueiredo (2005), no interior da UE devem 
conter repartições que atendam de forma organizada o paciente como: a recepção, 
onde é feita a ficha de atendimento; sala de espera, local que os usuários aguardam 
pelo atendimento; sala de pré-consulta ou triagem, composta pelo enfermeiro para 
a realização da consulta de enfermagem e verificação das prioridades de cada 
paciente da sala de espera. As enfermeiras na área de triagem coletam alguns 
tópicos cruciais das informações: sinais vitais e história, achados da avaliação 
neurológica e nível glicêmico, se necessário. Os protocolos podem ser seguidos 
para iniciar os exames 
 
laboratoriais ou radiográficos a partir da área de triagem, enquanto o paciente 
aguarda por um leito na UE. 
 
Os consultórios médicos, locais de consulta médica; sala de emergência, local de 
atendimento a pacientes em situações críticas e que correm risco eminente de vida; 
sala de observação, ambiente que o paciente repousa e recebe medicações e 
cuidados da equipe de enfermagem; posto de enfermagem, sala de preparo de 
medicações e registros de enfermagem; sala de traumas, local onde são atendidos 
os pacientes com traumas ortopédicos, ferimentos, queimaduras, dentre outros; 
sala de gesso, local utilizado para confeccionar aparelho gessado; sala de 
curativos, uma sala para realização de curativos contaminados e outra para não 
contaminados; sala de isolamento, nesta são acomodados os pacientes 
imunodeprimidos ou portadores de doenças infecto-contagiosas; salas 
 
18 
 
ginecológicas, destinadas para realização de consultas e exames ginecológicos; 
sala de parto, local reservado para realizar partos de emergência; sala de pequena 
cirurgia, departamento para proceder pequenas cirurgias – por exemplo, retirada 
de corpo estranho, pequenas amputações de extremidades distais; sala de 
procedimentos especiais, utilizadas para lavagem intestinal, toque retal, banhos e 
etc.; sala de coleta, onde são coletados materiais para exames laboratoriais; salas 
de diagnóstico por imagem, localidades de realizações de exames radiológicos, 
tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas. 
 
A UE ainda é composta por: sala de utilidades, lugar para armazenamentos de 
materiais de apoio ao paciente e à equipe - por exemplo, papagaios, cadeira de 
rodas, macas, lençóis, dentre outros; expurgo, local onde são depositados e 
processados os materiais contaminados, sujos ou usados; sanitários, alguns para 
uso exclusivo dos pacientes e outros para uso da equipe de profissionais; copa, 
local reservado para refeições e lanches; sala de reuniões, espaço para 
treinamentos, mini-cursos, educação continuada e reuniões da equipe de 
profissionais; sala do enfermeiro, destinado para o enfermeiro (a) responsável pela 
unidade de emergência desenvolver sua função assistencial, administrativa e de 
pesquisa. 
 
Segue abaixo um exemplo de uma planta da estrutura física da Unidade de 
Emergência conforme os dados e autores citados. 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
É ressaltado também que juntamente com a equipe de profissionais de saúde e as 
instalações físicas, a equipe administrativa vem somar os fatores que a Unidade 
de Emergência e Urgência necessita para seu funcionamento. Nesta parte 
burocrática, a equipe administrativa é responsável pela operação cotidiana da 
unidade, da manutenção dos registros e de execução de procedimentos da rotina 
administrativa. 
 
Smeltzer e Bare (2002) enfatizam que devido à crescente quantidade de pessoas 
infectadas com hepatite B e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), os 
profissionais da saúde 
 
20 
 
 
encontram-se em risco aumentado de exposição a doenças transmissíveis através 
do sangue ou de outros líquidos corporais. Esse risco é ainda maior na Unidade de 
Emergência devido ao uso comum de tratamento invasivos, além da ampla gama 
de distúrbios do paciente. 
 
Sendo assim todos os profissionais de saúde em emergência devem aderir 
estritamente às precauções padronizadas para minimizar a exposição. 
 
 
5.2 ENFERMAGEM DE EMERGÊNCIA AMBULATORIAL 
 
 
 
O foco do cuidado de emergência é preservar a vida, evitar a deterioração, antes 
que o tratamento definitivo possa ser fornecido, e restaurar o paciente a função 
ótima. Quando o cuidado é fornecido para um paciente em uma situação de 
emergência, devem ser tomadas muitas decisões vitais. Essas decisões exigem um 
julgamento razoável com base em uma compreensão da condição que produziu a 
emergência e seu efeito sobre a pessoa. 
 
Para o paciente que entra no Serviço de Emergência (SE), o cuidado enfoca a 
determinação da extensão da lesão ou doença e o estabelecimento de prioridades 
para iniciar o tratamento. Essas prioridades são determinadaspor qualquer ameaça 
a vida da pessoa. As condições que interferem com a função fisiológica vital (p.ex. 
via aérea obstruída, sangramento maciço) têm prioridade. Em geral, as lesões de 
face, pescoço e tórax que comprometem a respiração são as mais urgentes. As 
equipes de cuidado de saúde de emergência devem ser profissionais que possuem 
habilidades altamente técnicas, conhecimento específico na área e práticas 
necessárias para fornecer amplo cuidado individualizado ao paciente. (SMELTZER 
E BARE, 2002). 
 
A enfermagem enquanto parte integrante do sistema de cuidados de saúde é uma 
ciência que inclui a promoção de saúde, a prevenção da doença e a reabilitação, 
em todas as idades e em qualquer fase do ciclo de vida do indivíduo. 
 
No vasto ambiente de cuidados de saúde, a enfermagem partilha com outros 
 
21 
 
profissionais de saúde e outros setores do serviço público, as funções de 
planejamento, de realização e de avaliação, a fim de garantirem um funcionamento 
satisfatório do sistema de saúde. (PINTO E SARAIVA 2003). 
 
 
 
Lima apud Figueiredo (2005), conceitua que “a enfermagem é uma ciência humana, 
de pessoas e experiências, com campo de conhecimento, fundamentação e prática 
de cuidar de seres humanos, que abrange do estado de saúde ao estado de doença, 
mediado por transações pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e 
políticas”. Dessa forma, a enfermagem resume-se a “arte de cuidar”, no qual os 
profissionais criam as condições para que os clientes se recuperem. 
 
O executor da arte é um artista. Assim, como artista na assistência à saúde, o 
enfermeiro deve se dispor de quatro características fundamentais: criatividade, 
sensibilidade, observação aguçada e improvisação (ARNHEIN apud FIGUEIREDO, 
2005). A criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito 
como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto 
no tempo. A sensibilidade corresponde à percepção das influências emitidas pelo 
meio pela utilização de todos os sentidos. Já a observação aguçada refere à 
capacidade de visão além daquilo que está sendo mostrado. E a improvisação 
caminha junto com a criatividade, e se caracteriza pela capacidade de interpretação 
e organização imediata através de recursos disponíveis, sem ônus para o indivíduo. 
 
Pinto e Saraiva (2003) enfatizam que a enfermagem enquanto arte combina 
elementos de conhecimento, de destreza, de saber ser, de intuição que permitem 
ajudar alguém na sua situação singular. Esta perspectiva é, sobretudo, significativa 
em situações de emergências e urgências, nomeadamente em traumatologia. 
 
Os acidentes de várias ordens são uma realidade cotidiana que levam ao Serviço 
de Emergência grande número de vítimas, em estados mais ou menos graves e são 
causa de morte ou de incapacidades de um elevado número de indivíduos. As 
conseqüências imediatas de um acidente podem refletir a vários níveis corporais, 
isoladamente ou em associação, pelo que os profissionais devem estar preparados 
para agir adequadamente em cada situação, oferecendo serviços de qualidade que 
 
22 
 
diminuam o risco de morte e previnam ao máximo as incapacidades residuais. 
 
A enfermeira de emergência deve ter uma educação especializada, treinamento e 
experiência para estar apta a avaliar e identificar problemas de cuidados de saúde 
de pacientes em situações de crise. Além disso, a enfermeira de emergência 
estabelece prioridades, monitoriza e avalia 
 
continuamente os pacientes agudamente doentes e lesados, apóia e auxilia as 
famílias, supervisiona o pessoal de saúde e ensina os pacientes e famílias dentro 
de um ambiente de cuidado sob elevada pressão e tempo limitado (SMELTZER E 
BARE, 2002). 
 
Baggio et al (2009) ressaltam que o profissional de enfermagem ao atuar em 
unidade crítica de saúde deve demonstrar destreza, agilidade, habilidade, bem 
como, capacidade para estabelecer prioridades e intervir de forma consciente e 
segura no atendimento ao ser humano, sem esquecer que, mesmo na condição de 
emergência o cuidado é o elo de interação/integração/relação entre profissional e 
cliente. 
 
Dessa forma, percebe-se a necessidade de desenvolver o cuidado humano que 
possibilite a visão individual e coletiva do ser humano e do ambiente que este co-
habita, aspirando-se o cuidado multidimensional, que concebe e integra as múltiplas 
dimensões do ser humano. 
 
Para Wehbe e Galvão (2005), os profissionais que atuam em unidade de 
emergência (UE) deveriam cada vez mais receber treinamento específico e 
aperfeiçoamento técnico-científico na prática, pois é neste local que a equipe de 
enfermagem em conjunto com a equipe médica, executa um atendimento 
sincronizado ao paciente vítima de trauma. A literatura indica que a prática da 
enfermagem de emergência está inteiramente ligada a competência clínica, 
desempenho, cuidado holístico e metodologia científica; assim, é salientada a 
importância da capacitação do profissional para atuar nesta área de atendimento. 
 
Neste cenário, o enfermeiro da unidade de emergência é elemento chave da equipe 
responsável pelo atendimento ao paciente vítima de trauma durante cada fase do 
 
23 
 
cuidado prestado neste setor. Assim sendo, ele deve continuamente buscar seu 
aprimoramento em relação às habilidades de liderança (relacionamento 
interpessoal, trabalho em equipe, comunicação, motivação e a tomada de decisão), 
e ao mesmo tempo se atualizar nos moldes preconizados pelos programas 
educativos específicos para atuação nesta área de atendimento. 
 
5.3 TRAUMA 
 
 
 
O trauma é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. É a 
terceira causa global de mortalidade e a primeira na faixa etária de 5 a 40 anos no 
Brasil. Estima-se que, a cada ano, mais de 100.000 brasileiros morrem devido ao 
trauma, que deixa aproximadamente 
1.500.000 feridos (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
 
O trauma não descrimina idade, raça, sexo e nível econômico. É a principal causa 
de morte em indivíduos com idade entre 1 e 44 anos na maioria dos países 
desenvolvidos e vem assumindo uma posição mais proeminente em países com 
renda mais baixa, à medida que as doenças infecciosas são erradicadas (ATLS, 
2000). 
 
Dacin e Cavazzola (2005) denominam o trauma em uma doença. Possui um 
hospedeiro (o doente) e um vetor de transmissão (automóvel, arma de fogo etc.). 
Comparativamente a outras doenças, apenas uma pequena quantidade de 
recursos e de esforços têm sido gastos no combate desta doença que acomete os 
membros potencialmente mais produtivos de cada sociedade e os seus recursos 
nacionais mais valiosos, as crianças. Além disso, o impacto econômico é 
assustador, o atendimento a pacientes traumatizados consome uma proporção 
significativa dos recursos de saúde em qualquer nação. 
 
Os autores supracitados realizaram uma comparação sobre as principais 
ocorrências atendidas por um atendimento pré-hospitalar, segundo tipo de causa 
e mês da ocorrência, em uma grande capital do Brasil. Veja a tabela e a figura 
abaixo: 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Os custos decorrentes do trauma excedem anualmente 100 bilhões de dólares - 
aproximadamente 40 % dos gastos em saúde. Esse custo é representado por 
salários não recebidos, despesas médicas, custos administrativos, danos materiais 
e custos indiretos. Mesmo assim com esse custo elevado, menos de quatro 
centavos de dólares são usados na pesquisa do trauma. Infelizmente, o problema 
do trauma não chama a atenção do público e dos legisladores da mesma forma 
que outros problemas de saúde. (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
Pires (2006) relata que a abordagem ao paciente politraumatizado é uma tarefa 
complexa que requer da equipe de saúde um amplo conhecimento, habilidade 
técnica, capacidade de julgamento e de liderança. O paciente politraumatizado é 
diferente de qualquer outrotipo de doente, pelas próprias circunstâncias que 
originaram o seu estado; de modo geral, era uma pessoa hígida e com saúde, até 
que subitamente, devido a algum tipo de acidente, passou a se encontrar em 
estado grave, necessitando de assistência médica imediata, sem que se 
encontrasse preparado de maneira alguma para tal situação. Assim, as lesões 
traumáticas têm um imenso impacto na sociedade. Tanto para a vítima como para 
seus familiares ocorrem danos físicos e emocionais, além de prejuízos materiais e 
financeiros, que se prolongam pelo período de recuperação. 
 
É salientado por Dacin e Cavazzola (2005) que quanto mais precoce a idade do 
politraumatizado ou mais avançada, mais susceptível a lesões graves que 
ameaçam a sobrevida. É de máxima importância que todos os membros das 
equipes de urgência- emergência estejam treinados em medidas de suporte 
avançado de vida, para assistir a esse paciente que chega à emergência com sinais 
e sintomas muitas vezes mascarados, e que pode evoluir para o óbito, por um 
ligeiro descuido de observação eficaz do profissional. As queixas nunca devem ser 
subestimadas e, deve ser lembrado que o organismo tem mecanismos 
compensatórios que, às vezes, mascaram o quadro e pode fazer com que o tempo 
se torne um adversário da equipe na batalha que, a cada momento, se instala 
quando o traumatizado entra na sala de emergência. 
 
A mortalidade decorrente do trauma é distribuída em um de três grandes 
momentos. O primeiro pico, Morte imediata - ocorre nos 30 minutos subseqüentes 
à agressão. Durante esse período inicial as mortes resultam em geral de apnéia, 
 
26 
 
causada por lesões graves cerebrais ou da medula espinhal alta; ou por lacerações 
do coração, da aorta e de outros grandes vasos 
 
sanguíneos. Pouquíssimos desses doentes podem ser salvos, devido à gravidade 
de suas lesões. Somente a prevenção é capaz de reduzir, de modo significativo, 
este pico de mortalidade. 
 
O segundo pico, Morte precoce, corresponde àquelas que ocorrem nas primeiras 
duas horas após o trauma em conseqüência de choque hemorrágico. O terceiro 
pico, Morte tardia, refere- se às mortes após primeira semana do trauma, é devido, 
mais frequentemente, à sepse e a insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas. Os 
cuidados proporcionados durante cada uma das fases precedentes influenciam no 
resultado final desta etapa. Assim, tanto a primeira pessoa que atende a vítima 
como aquelas que acompanham durante sua evolução, têm um papel direto no 
prognóstico final do politraumatizado (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
ATLS (2000), Dacin e Cavazzola (2005) e Pires (2006) enfatizam que o tratamento 
de um paciente seriamente traumatizado requer um acesso rápido às lesões e a 
instalação de medidas terapêuticas de suporte de vida. Desde que o tempo é 
essencial no atendimento ao traumatizado, é desejável uma abordagem 
sistematizada, que possa ser revista, treinada e aplicada. É importante que se 
estabeleçam prioridades de avaliação e condutas no atendimento hospitalar e 
também no pré - hospitalar. Essas prioridades são estabelecidas nos sinais e nas 
lesões que impedem a função vital. 
 
 
 
5.4 Contextualização do Trauma 
 
 
 
Antes de 1980 o atendimento aos pacientes traumatizados era considerado como 
superficial; não existia um programa padronizado para a assistência ao 
traumatizado e nem um de treinamento para os profissionais de saúde. Em 
fevereiro de 1976 ocorreu uma tragédia que mudou a face do atendimento na 
“primeira hora” às vítimas de trauma nos Estados Unidos e potencialmente em 
demais países. Um ortopedista, pilotando seu próprio avião, caiu em uma 
 
27 
 
plantação de milho, na zona rural de Nebraska. O cirurgião e seus filhos sofreram 
traumatismos graves e sua esposa morreu no local. Reconhecendo que seu 
atendimento não fora adequado, o cirurgião começou a questionar como poderia 
oferecer melhor atendimento de emergência, concluiu então que o sistema deveria 
ser modificado (ATLS, 2000). 
 
 
 
Assim um grupo de cirurgiões e clínicos em Nebraska, juntamente com o Centro 
Médico da Universidade de Nebraska, o Comitê de Trauma do Colégio Americano 
de Cirurgiões do Estado de Nebraska e os Serviços de Emergência Médica do 
Sudeste de Nebraska, identificaram a necessidade de treinamento no atendimento 
à vítima de trauma, com uma combinação de palestras, associada à demonstração 
de procedimentos de reanimação e experiências práticas em laboratório, formaram 
o primeiro curso de trauma-ATLS/SAVT (Suporte Avançado de Vida no 
Trauma/Advanced Trauma Life Support). Esse curso baseou- se na premissa de 
que atendimento inicial, dado de forma adequada e em tempo hábil, poderia 
melhorar significamente o prognóstico de traumatizados graves (ATLS, 2000). 
 
A proposta original do programa foi o de treinar médicos que não costumavam 
atender, de forma rotineira, vítimas de traumas graves. Este objetivo inicial do curso 
mudou e, atualmente, o método ATLS é aceito como padrão de cuidados a vítimas 
de traumatismos, na primeira hora, por muitos profissionais da área, tanto em zona 
rural como nos centros (ATLS, 2000). 
 
O ATLS enfoca que o trauma mata de acordo com uma cronologia previsível. Assim 
deve ser realizada uma avaliação do doente de forma rápida e precisa, 
reanimando-o e estabilizando-o de acordo com as prioridades. Deve determinar se 
as prioridades dos doentes excedem as disponibilidades da instituição, 
providenciando, de forma adequada, a transferência inter e intra hospitalar do 
doente assegurando que o atendimento seja o melhor possível. Sendo assim, foi 
desenvolvido a abordagem dos “ABCDEs” para a avaliação e o tratamento das 
vítimas de trauma (ATLS, 2000). 
 
ATLS (2000) e Pires (2006) ressaltam que o método “ABCDE” define de modo 
 
28 
 
seqüencial e ordenado, as medidas específicas de avaliação e as intervenções 
correspondentes que devem ser adotadas em todos os doentes politraumatizados. 
É bastante simples e objetivo identificando as condições de risco de vida, segue a 
seguinte seqüência: 
 
5.4.1.1 A (airway) vias aéreas com proteção da coluna cervical; 
5.4.1.2 B (breathing) respiração e ventilação; 
5.4.1.3 C (circulation) circulação e controle de hemorragia; 
5.4.1.4 D (disability) incapacidade: estado neurológico; 
 
 
 
5.5 Mecanismo de lesão do trauma 
 
 
 
O trauma ocorre quando uma força energética externa atinge o corpo, causando 
alterações estruturais ou fisiológicas e lesões diversas. Estas forças externas 
podem ser formas de energia de radiação, elétrica, química ou mecânica. O 
conhecimento do mecanismo de lesão ajuda os profissionais de saúde a antecipar 
e predizer potenciais lesões internas (BORGES, 2005). 
 
Segundo American College of Surgeons (2000), o traumatismo por impacto, resulta 
na maioria das vezes de acidentes motorizados, desportos de contato, pancadas 
ou quedas. As lesões resultam de forças suportadas durante uma rápida mudança 
de velocidade (desaceleração). Como o corpo pára subitamente, os tecidos e 
órgãos continua deslocar-se para frente. Esta súbita mudança de velocidade causa 
lesões de que resultam lacerações ou esmagamentos das estruturas internas do 
corpo. 
 
Segundo Borges (2005), as lesões penetrantes resultam de agressões por armas 
brancas, de fogo ou empalamento com objetos estranhos que penetram na pele, 
com prejuízo das estruturas internas. 
 
O mesmo autor diz ainda, que as lesões penetrantes podem ser ignoradas, o 
exterior da ferida não determina a extensão da lesão interna. Os projéteis de alta 
velocidade, por exemplo, podem criar cavidades interiores até 10 vezes superiores 
 
29 
 
ao tamanho da bala. Vários fatores determinam à extensão do prejuízo sofrido em 
conseqüência de um traumatismo penetrante. Armas diferentes e objetos 
diferentes causam tipos de lesões distintas. A gravidade da ferida depende do tipo 
de arma ou objeto, da distânciae ângulo em que se insere no corpo. 
 
 
 
Os mecanismos de lesão podem sugerir a intensidade das lesões, assim como 
alertar para a ocorrência de traumas específicos, para os quais o doente deve ser 
avaliado. Deve-se dar ênfase à obtenção e documentação de informações 
necessárias à triagem ao chegar ao hospital, como por exemplo, hora do trauma, 
eventos relacionados ao trauma e história do doente (ATLS, 2000). 
 
 
 
5.6 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO 
 
 
 
O tratamento de um doente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das 
lesões e instituição de medidas terapêuticas de suporte de vida. Visto que o tempo 
é essencial, é desejável uma abordagem sistematizada, que possa ser facilmente 
revista e aplicada. Este processo é denominado “avaliação inicial” e inclui atividades 
que devem ocorrer em paralelo ou simultaneamente como: preparação; triagem; 
exame primário (ABCDE); exame secundário (da cabeça aos pés) e história; 
reavaliação e monitoração contínuas após a reanimação; cuidados definitivos; 
registros e considerações legais. Os exames primário e secundário devem ser 
repetidos com freqüência, no intuito de detectar qualquer deterioração do estado do 
doente e de identificar as medidas terapêuticas a serem adotadas tão logo se 
descubra à mudança ocorrida (ATLS, 2000). 
 
Dacin e Cavazzola (2005) enfatizam que diante de um politraumatizado, separar as 
medidas diagnósticas das terapêuticas, com freqüência, é impraticável. A restrição 
do tempo oferecida pela gravidade das lesões, às vezes, impede a utilização de 
recursos propedêuticos sofisticados e as indicações dos procedimentos 
terapêuticos são baseadas no exame clínico inicial. Apesar da complexidade do 
caso, o politraumatizado deve ser encarado como portador de uma entidade única, 
 
30 
 
e, portanto, atendido, examinado e tratado de forma global. Portanto, é importante 
estabelecer prioridades as quais são estabelecidas pelos sinais e nas lesões que 
impedem a função vital. 
 
5.7 Preparação: 
 
 
 
O atendimento ao paciente politraumatizado deve incluir duas diferentes situações: 
o atendimento pré-hospitalar e o atendimento hospitalar. A fase pré-hospitalar onde 
deve existir uma coordenação central na comunidade que receba o pedido de 
socorro e que envie a unidade móvel, mais próxima para realizar o socorro 
emergencial. Uma central deve receber todas as informações da unidade móvel a 
respeito das condições clínicas do doente e repassa-las ao hospital que irá receber 
o paciente, antes de sua chegada. A ênfase deve ser centrada na manutenção da 
vias aéreas, controle dos sangramentos externos, imobilização do paciente e 
transporte imediato. Além de procurar diminuir o tempo de permanência no local do 
acidente e agilizar o transporte, os socorristas devem obter dados referentes à hora 
do trauma, eventos relacionados ao acidente e história pregressa do paciente 
(PIRES, 2006). 
 
Segundo o autor supracitado, na fase hospitalar de posse das informações 
recebidas da central de atendimento, deve ser feito o preparo para a chegada do 
doente, com equipamentos e materiais necessários ao atendimento de urgência, 
soluções cristalóides e medicações, além dos serviços de apoio (laboratório, Banco 
de sangue, centro cirúrgico e obstétrico, radiologia, bio-imagem, etc.). A equipe 
deve ter treinamento específico em emergência e deve estar preparada contra 
doenças infecto-contagiosa (precauções universais). 
 
 
 
5.8 Triagem 
 
 
 
A triagem é a classificação de clientes de acordo com o tipo de tratamento 
necessário e os recursos disponíveis. A assistência deve enfocar nas prioridades 
ABC (Vias aéreas e controle da coluna cervical, Respiração, Circulação e controle 
 
31 
 
de hemorragias). É também aplicada a classificação dos doentes no local e à 
escolha do hospital para o qual o doente deverá ser transportado. A 
responsabilidade da remoção do paciente apropriado ao hospital apropriado é da 
equipe do pré-hospitalar de seu diretor médico. 
 
Devem sempre ser priorizados os clientes em risco iminente de vida e com 
traumatismos multissistêmicos exceto em situações de desastre. Nesta situação, 
onde o número de doentes e 
 
a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento do hospital e da 
equipe, os clientes com maiores possibilidades de sobrevida, cujo atendimento 
implica em menor gasto de tempo, de equipamentos, de recursos e de pessoal, 
serão atendidos primeiro. 
 
 
 
 
5.9 Exame primário 
 
 
 
No exame primário, os clientes são avaliados e as prioridades de tratamento 
estabelecidas de acordo com as lesões sofridas, sinais vitais e o mecanismo de 
lesão. A assistência ao cliente deve consistir em um exame primário rápido e 
eficiente, reanimação das funções vitais, um exame secundário pormenorizado e 
início do tratamento definitivo. Este processo é constituído pelo método ABCDE 
dos cuidados de doente politraumatizado e identifica as condições que implicam 
em risco de vida (ATLS, 2000). 
 
A desobstrução das vias aéreas é a prioridade e deve ser assegurada sua 
permeabilidade, observando sinais de obstrução, presença de corpos estranhos e 
fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas. As manobras para a 
desobstrução das vias aéreas devem ser realizadas com proteção da coluna 
cervical, evitando movimentos excessivos nessa região (usar o colar cervical), a 
cabeça e o pescoço não devem ser hiperestendidos ou hiperfletidos ou rodados 
(DACIN E CAVAZZOOLA, 2005). 
 
 
32 
 
O objetivo do atendimento é restabelecer a passagem de ar pelas vias aéreas e 
ofertar oxigênio, pois o que conduz o paciente à morte mais rapidamente é a 
impossibilidade de oxigenação do sistema nervoso central. O oxigênio é 
fundamental na reanimação do politraumatizado, e pode haver dois obstáculos que 
impeçam que ele seja aproveitado pelo aparelho respiratório: 1- a obstrução das 
vias aéreas superiores, do nariz até a traquéia, por qualquer causa; e 2- o 
impedimento do pulmão em aproveitar o oxigênio que penetra pelas vias aéreas. 
Seja por lesão parenquimatosa, como ruptura ou contusão pulmonar, seja por 
compressão visceral como pneumotórax hipertensivo ou hemotórax maciço. 
(ALBINO e RIGGENBACH, 2004). 
 
A obstrução das vias aéreas pode ser causada por: secreções, sangue, resíduos 
alimentares, fragmentos de dentes, próteses, língua, mucosa bucal ou lábios 
lacerados. As medidas recomendadas são a manobra de “levantamento do queixo” 
(“chin lift”) ou de “ anteriorização da mandíbula” ( “jaw thrust”). 
 
É enfatizado por ATLS (2000) que se o doente comunicar-se verbalmente, é pouco 
provável que a obstrução das vias aéreas possa representar um risco imediato; 
entretanto, é prudente que a permeabilidade das vias aéreas seja avaliada em 
curtos intervalos de tempo. Deve-se também considerar a existência de uma lesão 
de coluna cervical em todo doente com traumatismo multissêmicos, especialmente 
naqueles que apresentam nível de consciência alterado ou traumatismos fechado 
acima da clavícula. A proteção da medula deve ser feita e mantida com uso de 
dispositivos apropriados de imobilização e caso se faça necessária a retirada 
temporária desse dispositivo, um dos membros da equipe de saúde deve ser 
encarregado de imobilizar manualmente a cabeça e o pescoço, mantendo-os 
alinhados. Esses dispositivos devem ser mantidos até que seja excluída uma lesão 
de coluna cervical. 
 
Dacin e Cavazzola (2005) salientam que a permeabilidade das vias aéreas por si 
só não implica em uma ventilação adequada. Uma troca adequada de gases é 
necessária para que seja possível a oxigenação e eliminação de dióxido de 
carbono num grau máximo.Uma boa ventilação requer pulmões, parede torácica e 
diafragma com funcionamento adequado. Com isso, deve ser realizado o exame 
 
33 
 
físico do tórax (inspeção, palpação, percussão e ausculta pulmonar) para identificar 
qualquer lesãoque comprometa a ventilação. 
 
Seguindo o método ABCDE após a manutenção de uma ventilação e perfusão 
adequadas segue a avaliação da circulação e controle de hemorragias. O 
politraumatizado, pelas lesões que sofre, perde sangue e apresenta choque. No 
trauma a hemorragia é a principal causa de choque e de morte no período pós-
traumático. A hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada como 
hipovolêmia até que seja descartado esse diagnóstico. É essencial a avaliação 
rápida e precisa do estado hemodinâmico do cliente. Os parâmetros que oferecem 
informações importantes são: nível de consciência, quando há hipovolêmia, há 
redução da perfusão cerebral alterando o nível de consciência; cor da pele, a 
coloração acinzentada e esbranquiçada da pele e extremidades exsanguinadas 
são sinais de hipovolêmia; pulso, deve sempre avaliar um pulso central (carotídeo 
ou femural) bilateralmente observando freqüência, qualidade e regularidade. 
Pulsos rápidos e filiformes são sinais de hipovolêmia e pulsos 
 
irregulares são sinais de irregularidade cardíaca, ausência de pulsos centrais 
significa a necessidade de intervenção imediata, reanimação para restaurar déficit 
sanguíneo e o débito cardíaco evitando-se a morte do cliente. (ATLS, 2000; DACIN 
e CAVAZZOLA, 2005). 
 
Para reverter a hipovolêmia e estabilizar as funções hemodinâmicas cabe o 
enfermeiro emergencista promover uma punção venosa com cateter periférico de 
grosso calibre, administrar soluções para reposição da volemia corporal e 
medicamentos de acordo com a prescrição médica; coletar sangue para exames 
laboratoriais; notificar banco de sangue; controlar sangramento por compressão 
direta; realizar monitorização cardíaca dos sinais vitais e se necessário inserir 
sonda vesical de foley para iniciar o balanço hídrico e notificar qualquer alteração 
das condições do politraumatizado ao médico (PAVELQUEIRES, 1997). 
 
Albino e Riggenbach (2004) relatam que quando há hemorragia externa, o 
tamponamento local com auxílio de compressas é a medida inicial eficaz na maioria 
das vezes. Quando o choque é grave, quem faz o primeiro socorro providencia a 
reposição inicial. No hospital, frente a um caso de choque grave, e quando não 
 
34 
 
existe sangramento externo, deve-se pensar em 4 compartimentos para descobrir 
a sua origem: (1) tórax; (2) abdômen; (3) bacia e retroperitônio; (4) extremidades. 
Quando se trata de ferida, deve-se pesquisar a possibilidade de lesão de grandes 
vasos em tórax e abdômen, pois os projéteis de arma de fogo são responsáveis 
por 90% delas. Quando o trauma é fechado, presume-se, caso se trate de 
abdômen, ser lesão de víscera maciça; caso seja de tórax, lesão pulmonar 
primeiramente. A bacia pode fraturar-se e, na maioria das vezes, o paciente 
responde ao tratamento inicial. A gravidade é proporcional ao alargamento do anel 
pélvico. A imobilização provisória precoce auxilia no tratamento inicial das fraturas 
até que sejam tratadas definitivamente. Mas graves são as amputações e os 
esmagamentos, que requerem urgência na cirurgia. 
 
Segundo Dacin e Cavazzola (2005), a monitorização eletrocardiográfica é 
necessária a todos os traumatizados, a fim de avaliar a presença de arritmias. A 
introdução de sondas urinárias e gástricas deve ser considerada como parte de 
reanimação. O débito urinário é um indicador eficiente de volemia do cliente. A 
cateterização urinária está contra - indicada nos casos em que se suspeita de 
secção uretral (suspeitar quando há sangramento no meato peniano, sangue no 
escroto e a próstata está alta e não é palpada).Desta maneira só realizar o 
cateterismo após exame do reto e genitália. 
 
Já as sondas gástricas estão indicadas para reduzir a distensão gástrica e reduzir 
riscos de aspiração. É contra-indicada a passagem de SNG quando há suspeita de 
Fratura de placa crivosa (fratura de base de crânio), sendo que está deve ser 
passada oralmente, a fim de evitar a passagem da sonda para o crânio. 
 
Após o controle hemodinâmico, no final do exame primário, realiza-se uma 
avaliação neurológica rápida. Esta avaliação neurológica estabelece o nível de 
consciência do doente, assim como o tamanho da pupila e sua reação, sinais de 
lateralização e o nível de lesão da medula espinhal. 
 
A escala de Glasgow é um método rápido e simples para determinar o nível de 
consciência e pode prognosticar a evolução do doente. Caso não realizada no 
exame primário, deve ser feita como parte de uma avaliação neurológica 
quantitativa mais pormenorizada, no exame secundário. 
 
35 
 
 
 
 
 
O rebaixamento do nível de consciência pode representar a diminuição na 
oxigenação e/ou na perfusão cerebral ou ser resultado de um trauma direto ao 
cérebro. A alteração do nível de consciência implica em necessidade imediata de 
reavaliação da ventilação, da oxigenação e da perfusão. Hipoglicemia, álcool, 
narcóticos e/ou outras drogas podem também alterar o nível de consciência do 
doente. No entanto, se excluídos os problemas mencionados, toda alteração do 
nível de consciência deve ser considerada como originária de um trauma ao sistema 
nervoso central até que se prove o contrário (ATLS, 2000). 
 
Para finalizar o exame primário, o paciente politraumatizado após a sua 
estabilização deve ser totalmente despido, sendo minuciosamente examinado em 
busca de lesões associadas, quando então será instituído o tratamento específico 
de cada uma delas. Esta é a etapa da Exposição descrita no ATLS, e é o momento 
para a identificação de lesões no dorso, períneo ou outras áreas que não sejam de 
identificação imediata à chegada do paciente. Orifícios de entrada e de saída de 
projéteis, escoriações, hematomas, presença de otorragia, de hematúria, de 
 
36 
 
sangramento de aspecto arterial e outros sinais deverão ser valorizados. (PIRES, 
2006) 
 
O doente deve ser protegido com cobertores aquecidos ou com dispositivos de 
aquecimentos externos para prevenir a ocorrência de hipotermia no serviço de 
emergência. Para tanto os fluidos intravenosos devem ser aquecidos antes da 
infusão e a temperatura ambiente deve ser mantida em níveis adequados 
(SMELTZER E BARE, 2002). 
 
Segue o esquema prático sobre a conduta imediata ao politraumatizado: 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
5.9.1 Exame secundário 
 
 
 
39 
 
 
O exame secundário só deve ser iniciado depois de finalizado o exame primário 
(ABCDEs) e quando as medidas indicadas de reanimação tiverem sidos adotadas 
e o doente demonstrar tendência para normalização de suas funções vitais. 
 
O exame secundário é um exame sistemático do doente traumatizado e deve ser 
feito da cabeça aos pés do cliente, ou seja, crânio - caudal e cada região deve ser 
avaliada por completo. É realizada uma história clínica, exame físico completo, 
incluindo a reavaliação de todos os sinais vitais. Nessa fase deve também ser 
realizado um exame neurológico completo, incluindo a determinação do escore na 
Escala de Coma de Glasgow, se não tiver sido calculado no exame primário (ATLS, 
2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
Procedimentos especiais, como exames radiológicos específicos, tomografia 
computadorizada, estudos laboratoriais entre outros são também providenciados 
durante esta fase. Uma avaliação completa do cliente exige a realização de exames 
físicos repetidos (PIRES, 2006). 
 
Na maioria das situações não se consegue obter uma história do próprio paciente. 
Nestes casos, devem ser consultadas a família e a equipe do pré-hospitalar com o 
intuito de conseguir informações que possam esclarecer melhor o estado fisiológico 
do traumatizado. A utilização do código “AMPLA” é uma fórmula mnemônica útil 
para alcançar essa finalidade (ATLS, 2000; DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
Informações sobre A-alergias; M-usos de medicações habitualmente tomadas; P-
antecedentes mórbidos, prenhez e cirurgias anteriores; L-líquidos e alimentos 
ingeridosrecentemente, pesquisando ingesta de álcool ou drogas; A-ambiente 
relacionado ao trauma. 
 
Segundo Pavelqueires (1997), as condições do doente são fortemente influenciadas 
pelo mecanismo do trauma. A equipe de atendimento pré - hospitalar pode fornecer 
valiosas informações quanto tais mecanismos e deve reportar os dados pertinentes 
a equipe hospitalar. Alguns tipos de lesões podem ser suspeitados de acordo com 
a direção, da força e a quantidade de energia transferida. 
 
Em casos de traumas contundentes, como costuma acontecer em acidentes 
 
40 
 
automobilísticos, são importantes as informações sobre o uso de cinto de 
segurança, deformação da direção ou do painel, sinais de penetração contundente 
na compressão de passageiros ou evidências de ejeção de dentro do veículo são 
fundamentais para determinar o tipo de mecanismo de ação do trauma que nos dá 
indicações do padrão de lesão a ser encontrado. 
 
Quando o paciente for atropelado, o padrão de lesão envolve TCE, lesões de tórax 
e abdome e fraturas nos MMII. Quando as lesões são causadas por queimaduras, 
é importante saber se houve associado qualquer tipo de trauma contundente. Outro 
fato importante a ser conhecido em queimaduras é o tipo de material inflamado, 
para saber que tipo de substância poderia ter sido inalado. Em acidentes com 
substâncias tóxicas, igualmente é necessário ter informações do tipo de exposição 
ou ingestão, as quantidades e o tempo decorrido. 
 
Nos traumas penetrantes, são importantes as informações do tipo do objeto 
penetrante e a direção de penetração. Em casos de armas brancas, o tipo de lâmina 
e tamanho; em casos de armas de fogo, o calibre, a distância da arma e o alvo 
também são relevantes. 
 
De acordo com ATLS (2000); Dacin e Cavazzola (2005); Pavelqueires (1997), o 
exame secundário inicia com a avaliação da cabeça e com a identificação de todas 
as lesões neurológicas relacionadas e significativas. Toda a cabeça e o couro 
cabeludo devem ser examinados à procura de lacerações, contusões ou evidências 
de fraturas. Os olhos devem ser avaliados quanto à acuidade visual, tamanho das 
pupilas, hemorragias do fundo e da conjuntiva, lesões penetrantes, lentes de 
contatos (remover antes que ocorra edema), deslocamento de cristalino e 
encarceramento ocular. 
 
Deve-se observar o terço médio da face para identificar presença de trauma maxilo-
facial e fraturas da placa crivosa (que são associadas à obstrução de vias aéreas). 
Os doentes com trauma craniano e maxilo-facial devem ser considerados como 
portadores de lesão instável de coluna cervical (fraturas e/ou lesões de ligamentos). 
Seu pescoço deve ser imobilizado até que sua coluna cervical tenha sido estudada 
por completo e tenham sido excluídas possíveis lesões. Ausência de défice 
neurológico não exclui lesão de coluna cervical. Um exame radiológico completo é 
 
41 
 
necessário para ajudar no diagnóstico. 
 
Procede-se o exame do pescoço que inclui inspeção, palpação e ausculta. Dor ao 
longo da coluna cervical, enfisema subcutâneo, desvio da traquéia e fratura de 
laringe podem ser evidenciados em um exame mais detalhado. As artérias carótidas 
devem ser palpadas e auscultadas para verificar a presença de frêmitos e sopros. 
 
A inspeção visual do tórax, em sua face anterior e posterior, permite identificar 
lesões como pneumotórax aberto e grandes segmentos instáveis. Uma avaliação 
completa do tórax requer a palpação de toda a caixa torácica incluindo clavículas, 
costelas e esterno. A pressão esternal é dolorosa quando o tórax está fraturado e 
as contusões ou hematomas da parede torácica devem alertar para possibilidade 
de lesões ocultas. 
 
Lesões torácicas significativas podem manifestar-se por dor, dispnéia, ou hipóxia. 
A avaliação inclui a ausculta e a radiografia do tórax. O murmúrio vesicular é 
auscultado para a identificação de pneumotórax simples, pneumotórax hipertensivo, 
hemotórax e tamponamento cardíaco. 
 
As lesões abdominais são enfatizadas pelos autores supracitados os quais relatam 
que devem ser identificadas e tratadas de maneira agressiva e com correção 
cirúrgica devido à perigosidade das mesmas. Pacientes com hipotensão 
inexplicada, lesões neurológicas, alteração do sensório decorrente do uso de álcool 
e drogas são candidatas a uma lavagem peritonial. Fraturas da pelve e das últimas 
costelas dificultam a interpretação dos achados abdominais. 
 
Seguindo o exame físico, o períneo deve ser examinado a procura de contusões, 
hematomas, lacerações e sangramento uretral. O toque retal deve ser realizado 
antes da sonda vesical. Especificamente, o médico deve avaliar a presença de 
sangue na luz intestinal, próstata alta flutuante, fraturas pélvicas e a integridade da 
parede do reto e a tonicidade do esfíncter. 
 
ATLS (2000) ressalta que os pacientes do sexo feminino, o toque vaginal é parte 
fundamental, deve avaliar a presença de sangue na vagina e a existência de 
lacerações vaginais. Além disso, um teste de gravidez deve ser realizado em todas 
 
42 
 
as mulheres em idade fértil. 
 
As extremidades devem ser inspecionadas para verificar a presença de contusões 
e deformidades. A palpação dos ossos pesquisando as crepitações ou mobilidade 
anormal a fim de identificar fraturas. Observar pulsos periféricos para identificar 
lesões vasculares. 
 
Perdas de sensibilidade ou contratilidade muscular voluntária podem ser 
decorrentes de uma lesão nervosa ou isquêmica, incluindo a síndrome comparti 
mental. 
 
É salientado por ATLS (2000) que a avaliação músculo-esquelética não é completa 
sem o exame do dorso do doente. Se o dorso do doente não for examinado, lesões 
significativas podem passar despercebidas. 
 
Finalizando o exame secundário, é realizado um exame neurológico abrangente o 
qual não inclui apenas uma avaliação sensorial e motora das extremidades, mas 
também a reavaliação do nível de consciência e do tamanho e da resposta da pupila 
do cliente. A escala de coma de Glasgow facilita a identificação precoce de 
alterações no estado neurológico do cliente. 
 
Qualquer evidência de paralisia ou paresia sugere lesão grave de coluna ou sistema 
nervoso periférico. A imobilização do cliente com manta longa, colar cervical deve 
ser mantido até que se excluam lesões de coluna. 
 
As alterações do nível de consciência devem ser monitoradas, pois podem indicar 
progressão de uma lesão intracraniana. Se um paciente com TCE piora do ponto 
de vista neurológico, a oxigenação, a perfusão cerebral e a adequação de ventilação 
(ABCDEs) devem ser reavaliadas. 
 
 
 
5.9.1 Reavaliação 
 
 
 
O paciente traumatizado deve ser constantemente reavaliado assegurando que 
fatos novos não passem despercebidos e para identificar o agravamento de 
 
43 
 
sintomas já detectados. À medida que as lesões graves são tratadas, outras lesões 
menos aparentes podem complicar. Patologias pré existentes podem agravar o 
quadro do cliente e o prognóstico (DACIN e CAVAZZOLA, 2005; AMERICAN 
COLLEGE OF SURGEONS ON TRAUMA, 2000). 
 
O alívio da dor é uma parte importante no manuseio do traumatizado. Muitas lesões, 
especialmente as músculo-esqueléticas, produzem dor e ansiedade no doente 
consciente. A analgesia para ser efetiva, requer geralmente a utilização de opiáceos 
intravenosos ou ansiolíticos. Injeções intramusculares devem ser evitadas. Esses 
agentes devem ser administrados cautelosamente e em pequenas doses para 
alcançar o nível desejado de conforto para o doente e alívio da ansiedade evitando, 
ao mesmo tempo, a depressão respiratória e o mascaramento de lesões sutis ou de 
mudança no estado do doente (ATLS, 2000). 
 
Pavelqueires (1997) ressalta que deve existir uma monitorização contínua dos 
sinais vitais, saturação de oxigênio, débito urinário, escala de Glasgow e 
hemogasometria. 
 
 
 
5.9.2 Cuidados definitivos 
 
 
 
Os critérios da triagem intra - hospitalar levam em consideraçãoo estado fisiológico 
do paciente, mecanismo do trauma, lesões evidentes, doença associada e fraturas 
que podem alterar o prognóstico do cliente. A equipe de emergência deverá 
transferir o cliente para um centro de trauma ou outro hospital mais especializado 
para tratar as lesões. O hospital apropriado mais próximo deve ser escolhido com 
base na sua capacidade de tratar o cliente politraumatizado, porém o cliente só 
deverá ser transferido após ser assistido no ABCDEs.(ATLS,2000; DACIN e 
CAVAZZOLA, 2005; PIRES, 2006). 
 
 
 
5.9.4 Registros e considerações legais 
 
 
 
44 
 
 
O registro meticuloso, como documentação cronológica de todos os eventos, é 
muito importante. Frequentemente, vários profissionais de saúde assistem ao 
cliente. Um registro preciso é fundamental para avaliar suas necessidades e seu 
estado clínico. Problemas éticos - legais ocorrem e o registro preciso dos fatos 
ajuda em todos os aspectos (DACIN E CAVAZZOLA, 2005). 
 
6.0 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO 
PACIENTE POLITRAUMATIZADO 
 
Atualmente, o enfermeiro da unidade de emergência se tornou um profissional 
generalista, especializado no atendimento e assistência a pacientes estáveis e 
instáveis, pacientes graves e um profissional habilitado para atuar em situações de 
stress e caos, visto que a emergência é uma unidade onde se destaca a 
imprevisibilidade e as flutuações de movimento são constante. Esse enfermeiro é 
atualmente um profissional que tem necessidade de se especializar e de buscar 
caminhos para o desenvolvimento técnico - científico, desenvolvendo, também, as 
capacidades cognitivas, de intuição e altamente imbuído de valores humanos e 
habilidade de “comandar” a equipe sem absorver o “stress” da situação e da 
unidade nos momentos difíceis. (DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
De acordo com a Secretária da Saúde da Bahia (2004), o enfermeiro na unidade 
de emergência, além de ser o coordenador de assistência ao politrauma, ao 
paciente grave, orienta, delega, atua em situações de urgência /emergência, define 
prioridades e, por isso, necessita de discernimento e habilidades para lidar com 
“pessoas”. Na verdade, é um gerenciador da assistência que atua desde a 
montagem da unidade de emergência até a assistência direta ao politrauma. 
 
Dacin e Cavazzola (2005), Smeltzer e Bare (2002) e a Secretaria da Saúde da 
Bahia (2004) relatam que todas as etapas do exame primário e secundário são 
acompanhadas e realizadas também pelo enfermeiro que define as prioridades e 
atua na assistência. 
 
O enfermeiro deve receber o paciente, avaliar as vias aéreas, imobilizar com auxilio 
a coluna cervical, verificar circulação e respiração eficaz, providenciar o acesso 
 
45 
 
venoso e conter hemorragias, monitorizar dados vitais, oximetria, auxiliar e expor 
o paciente. Enfim, todas as etapas do processo, sempre reavaliando o estado geral 
do cliente, suspeitando de lesões ocultas e não substituindo as alterações 
percebidas, mesmo que mínimas; e também gerenciando o registro em prontuário 
com a finalidade de ter um instrumento ético - legal para proteção da equipe 
(BROWNER et. al,2000). 
 
O enfermeiro tem papel relevante no processo de atendimento ao cliente 
politraumatizado (porque assiste ao paciente, discernindo e avaliando as 
prioridades da assistência e conduzindo 
 
a correta freqüência do ABCDEs), juntamente com o médico. Deve priorizar desde 
o preparo da sala de atendimento de emergência com materiais, medicações e 
equipamentos necessários, até o final do atendimento como encaminhamento do 
paciente para o tratamento definitivo. (DACIN e CAVAZZOLA, 2005). 
 
Smeltzer e Bare (2002) enfatizam que o enfermeiro é um profissional que deve por 
si só buscar o conhecimento, o aperfeiçoamento a cada dia. Lembra que, a cada 
emergência, uma nova oportunidade de experiência, de aprendizado e de 
sabedoria. 
 
 
6.1 REABILITAÇÃO DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO 
 
 
Alves et. al (2009) define reabilitação como um processo que busca o 
desenvolvimento das capacidades remanescentes, permitindo que o indivíduo 
alcance sua independência nas atividades físicas, profissionais e sociais, de 
acordo com o seu nível de lesão e incapacidade. 
 
Browner (2000) destaca que por ordem das prioridades, em primeiro lugar é 
necessário que a vida do paciente politraumatizado seja salva e tudo deve ser feito 
para tal. Para que se alcance esse objetivo são essenciais: serviços de resgate 
eficientes, rede de referência de atendimento, pronto-soccoros equipados com 
recursos humanos e hospitais e equipamentos capacitados para o seguimento e 
acompanhamento do caso, de acordo com a sua complexidade. 
 
46 
 
 
A luta para se obter atendimento sistematizado e integrado ao politraumatizado 
grave vem sendo gradualmente vencida, mormente na fase inicial, mas um dos 
custos do processo de melhoria é o aumento do número de casos que evoluem 
com incapacidades graves que, por sua vez, demandam atendimento de 
reabilitação mais eficiente. 
 
Na elaboração de políticas públicas ou privadas de saúde do nosso país há uma 
tendência generalizada em considerar o tratamento dos pacientes 
politraumatizados como responsabilidade exclusiva das unidades de emergência e 
serviços de cirurgia e traumatologia, inseridos dentro de um hospital geral, sem 
considerar a reabilitação como parte integrante do tratamento. Normalmente, o 
tratamento básico cessa no momento da alta hospitalar. Nesse modelo, praticado 
na maioria dos serviços de saúde brasileiros que atendem 
 
politraumatizados, cabe ao paciente e à sua família buscarem pelo tratamento de 
reabilitação após a alta hospitalar. 
 
Alves et. al (2009) ressalta que os pacientes politraumatizados mais graves podem 
apresentar síndromes incapacitantes que comprometem várias funções corporais. 
As lesões neurológicas, por exemplo, caracterizam-se por alterações da 
motricidade, da sensibilidade superficial e profunda e distúrbios autonômicos dos 
segmentos e órgãos do corpo localizados abaixo da lesão. 
 
A reabilitação desses pacientes se inicia na fase aguda, logo após a ocorrência do 
trauma, principalmente por meio de cuidados respiratórios, prevenção das úlceras 
de pressão e de deformidades dos segmentos paralisados ou imobilizados; 
esvaziamento vesical e intestinal realizados de maneira adequada e cuidados com 
os distúrbios vasomotores; prevenção dos fenômenos tromboembólicos; cuidados 
com a formação de ossificações heterotópicas e orientação familiar. 
 
Browner (2000) informa que os programas de reabilitação são realizados nos 
chamados centros ou hospitais de reabilitação, que funcionam, na maioria absoluta 
dos casos, de forma autônoma, totalmente desvinculados do atendimento inicial 
dado ao paciente. Este modelo hierarquizado e fragmentado desconsidera a 
 
47 
 
importância dos cuidados de reabilitação integrados ao atendimento inicial, para a 
prevenção das incapacidades secundárias, como necessidade essencial no 
tratamento do politraumatizado. 
 
Na maioria dos centros especializados para o atendimento de traumas prepondera 
o modelo fragmentado de atendimento. É freqüente a participação de 
fisioterapeutas no atendimento inicial dos pacientes politraumatizados e cabe a 
esses profissionais toda a responsabilidade dos cuidados de reabilitação 
necessários, independente do diagnóstico e gravidade de cada caso. Deve-se 
salientar que, embora importantes no tratamento dos pacientes politraumatizados, 
os procedimentos fisioterápicos não preenchem todas as necessidades das 
incapacidades secundárias que, na maioria das vezes, não se restringem ao 
sistema musculoesquelético. 
 
Não existe, na imensa maioria dos hospitais, uma equipe multiprofissional de 
reabilitação treinada que possa atender e dar suporte ao paciente e sua família, 
desde o momento inicial do 
 
trauma até a fase final de alta hospitalar e reintegração do paciente ao seu

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