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Sigmund Freud

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Sigmund Freud 
É conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa contribuição para o surgimento desse campo clínico que tem enfoque na psique humana. Formulou teorias como a do “id, ego e superego” e a do “complexo de Édipo”. Suas contribuições e teorias repercutiram no campo científico e influenciaram áreas como a psicoterapia e nos campos da filosofia e a literatura. Nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, em 06/05/1856. A cidade em que Freud nasceu fazia parte do Império Austríaco (futuro Império Austro-Húngaro) e hoje se chama Příbor e faz parte do território da Tchéquia, foi o primeiro de oito filhos do casal de judeus formado por Jakob Freud e Amalia Nathansohn. Os outros filhos do casal, e irmãos de Freud, chamavam-se Julius, Anna, Regine, Marie, Esther, Pauline e Alexander. Quando ainda era uma criança pequena, os pais de Freud decidiram mudar-se para Viena, local onde Freud passou quase toda a sua vida.
Durante sua fase escolar, Freud ficou conhecido por ser um bom estudante, possuía boas notas, lia muito e tinha enorme facilidade para aprender idiomas. Os biógrafos de Freud falam que ele tinha ótimo desempenho em idiomas como francês, inglês, latim e grego, por exemplo. Em 1873, Freud concluiu o ensino médio e, com 17 anos, ingressou na Universidade de Viena.
Na Universidade de Viena, Freud estudava medicina e, a princípio, interessou-se pela bacteriologia. Tempos depois, Freud envolveu-se com pesquisas no laboratório de neurofisiologia, dedicando-se à dissecação de enguias macho para estudar o seu sistema reprodutivo. Depois se dedicou a estudos que faziam a comparação da estrutura do cérebro humano com a de outros animais.
Em 1881, depois de quase nove anos de graduação, Freud conseguiu formar-se em medicina e, naquele ano, conseguiu um emprego no Hospital Geral de Viena. Freud continuou realizando suas pesquisas, que eram focadas no campo da neurologia, e logo começou a realizar palestras nessa área do conhecimento da medicina.
O interesse de Freud voltava-se para as doenças psíquicas – chamadas na época de histeria. Freud considerava os tratamentos da época inadequados, pois associavam essas doenças a transtornos físicos.
Um dos primeiros experimentos de Freud foi procurar tratar dores de cabeça e ansiedade por meio do uso de cocaína. Nessa época, drogas como cocaína e metanfetamina não eram proibidas e eram usadas indiscriminadamente por muitos. Freud chegou, inclusive, a auto administrar cocaína como parte do seu experimento.
Inicialmente, ele acreditava que a cocaína era um meio eficaz de combater a ansiedade, mas acabou abandonando esse tratamento quando passou a ter conhecimento das consequências do uso dessa substância. Outro estudo promovido por Freud nessa fase de sua vida está relacionado com a afasia, distúrbio neurológico em que a pessoa tem grande dificuldade com a formulação e compreensão da linguagem.
Em 1885, Freud foi a Paris para realizar estudos com Jean-Martin Charcot, um importante neurologista da época. Charcot era conhecido por tratar os seus pacientes por meio da hipnose. O que Freud aprendeu com Charcot teve enorme peso para que ele formulasse suas teorias anos depois.
Vida pessoal: Em 1882, Freud conheceu Martha Bernays, amiga de uma de suas irmãs. Pouco tempo depois, iniciaram um relacionamento e, com dois meses de namoro, ficaram noivos. Em 1886, Freud e Martha casaram-se e, ao longo de sua vida, tiveram seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna. Dois filhos de Freud, Ernst e Anna, tiveram grande sucesso em suas carreiras profissionais. O primeiro foi arquiteto, e a segunda seguiu os passos do pai e tornou-se psicanalista.
Problemas com o nazismo: Com a ascensão do nazismo, na década de 1930, Freud começou a enfrentar alguns problemas. Em 1933, alguns dos seus livros foram queimados pelos nazistas na Alemanha. Isso aconteceu por conta do antissemitismo do nazismo, que associava as ideias de Freud à decadência do “mundo moderno”. Por conta dessa ocasião, Freud escreveu ironicamente para um amigo dizendo: “Que progresso estamos fazendo! Na Idade Média, teriam me queimado na fogueira. Agora eles se contentam em queimar meus livros”.
Em 1938, Freud foi obrigado a fugir da Áustria, por conta do Anschluss, nome como ficou conhecida a anexação da Áustria à Alemanha Nazista. Como era judeu, Freud acabou tendo que se mudar para Londres, na Inglaterra, local onde faleceu pouco mais de um ano depois.
A princípio, Freud estava relutante da ideia de se mudar de Viena, mas se convenceu da necessidade de abandonar a Áustria depois que sua filha, Anna Freud, foi presa temporariamente pela Gestapo, a polícia política do nazismo. Tempos depois, quatro das irmãs de Freud foram mortas em campos de concentração.
Morte: Durante sua juventude, Freud adquiriu o hábito de fumar – primeiro cigarros, depois, charutos. Esse hábito acabou fazendo com que Freud adquirisse câncer de boca na década de 1920. Freud passou por mais de 30 intervenções cirúrgicas no combate à doença e acabou tendo que retirar parte de sua mandíbula, passando a viver nos seus últimos anos com uma prótese.
O câncer na boca de Freud passou a causar-lhe dores intensas. Por essa razão, convenceu seu amigo, Max Schur, a aplicar-lhe doses excessivas de morfina, que o levaram à morte em 23 de setembro de 1939. As casas em que Freud viveu em Freiberg in Mähren, Viena e Londres foram transformadas em museus em homenagem ao seu legado.
Teorias de Freud
Ao longo de sua carreira, Freud ficou conhecido por formular inúmeras teorias que influenciaram de maneira considerável o campo da psicologia.
 	Depois de ter contato com a hipnose como forma de tratamento, Freud procurou utilizá-la em seus pacientes. Isso aconteceu depois de ter aberto um consultório em Viena para tratar de “doenças nervosas”. O contato com a hipnose levou Freud a concluir, tempos depois, que as doenças mentais eram, de fato, causadas por distúrbios em uma parte que ele chamou de inconsciente.
Freud passou a defender a ideia de que a forma de tratar essas doenças deveria acontecer por meio das palavras. Inicialmente, Freud hipnotizava seus pacientes e os incentivava a falar sobre todos os seus traumas. Esse procedimento ficou conhecido como “cura pela palavra” e foi resultado da influência de um neurologista chamado Josef Breuer.
Breuer era um dos mais importantes neurologistas de Viena, e o relato dele a respeito de uma de suas pacientes teve grande impacto em Freud. Essa paciente, que sofria de depressão, era Bertha Pappenheim, também conhecida como Anna O. Breuer hipnotizava sua paciente e a orientava a falar sobre os seus sintomas e traumas, tendo como resultado a melhora do quadro de Anna O.
Após esse caso, Freud passou a aplicar a “cura pela palavra” em seus próprios pacientes. Ele os incentivava a falar sobre os traumas e anotava tudo o que era dito pelos seus pacientes. Com o tempo, começou a identificar que a parte consciente da mente humana não tinha acesso a todas as lembranças e grande parte dos pensamentos ficava reprimida no “inconsciente”. Assim, o tratamento por meio da psicanálise só seria de fato eficaz se fosse possível acessar os pensamentos e traumas do inconsciente, levando-os para a consciência do paciente.
Os atendimentos realizados por Freud aconteciam em um apartamento localizado no mesmo prédio (Berggasse 19) que ficava sua casa. Freud colocava seus pacientes em um sofá (chamado de divã), em uma posição em que não havia contato visual com os pacientes. Os resultados foram  mostrando-se satisfatórios, e Freud começou a ganhar popularidade. Esses resultados foram importantes porque conseguiram provar a teoria de Freud a respeito da existência do inconsciente na mente humana.
O Ensino da Psicanalise nas Universidades Freud 1919: A informação Teórica não é suficiente para aprender psicanalise. Aprendemos parte da teoria, mas temos que buscar as informações paralelas. A transmissão é uma soma da parte teórica da vivência, a psicanalise é um ensino dogmático, precisa ter o conhecimentoteórico mas a vivência é fundamental.
Freud abandona as pesquisas e vai para a clinica porque pesquisa não dava dinheiro e ele queria se casar com Martha por quem era apaixonado.
Cronologia:
Período Pré-psicanalitico- 1877-1886: publicou diversos artigos que não estão nas obras completas.
1880- Breuer atende Bertha Poppenheim- atribui-lhe a invenção dos termos “Tratamento de Palavra” – (termo utilizado até hoje) e “Limpeza de Chaminé”- (tratamento dedicado as histerias).
1885- Freud destrói seus manuscritos, era uma prática dele, não gostava do que escrevia, rsagava e começava novamente, era obstinado, aprimorava o que escrevia.
1893- Publicação de “Comunicação Preliminar com J. Breuer”, faz parte do primeiro Capitulo de estudos sobre histeria.
1895- encontro com Martin Charcot em Paris;
1896- Publicação de “A heredietariedade e a etiologia das neuroses”, primeira vez que Freud usa o termo psicanalise; - Morre pai de Freud, ocasião em que dá umsalto na concepção das Teorias;
1897- Abandono da teoria da Sedução;
1900- Publicação da Interpretação dos Sonhos, livro que tem mais de 800 paginas, sua primeira obra que foi reformulada em 1929, todas suas obras ele mesmo atualizava.
1901- Publicação de “psicopatia da Vida Cotidiana”, ressalta a importância dos esquecimentos, atos falhos, pequenos acidentes tem influência inconsciente e ato falho que seria confundir a chave de casa com a do escritório.
1921 a 1933- cartas com Ferenczi- experiências ocultas, fala sobre sua fascinação sobre o exotérismo e ciências ocultas.
1922- Pilares teóricos: inconsciente, resistência, Complexo de Édipo, recalque e sexualidade.
1923- diagnosticado com câncer de palato;
1925- Publicação de “Inibição, sintoma e angustia”- (3º Teoria da angustia)
1925- Publica sua auto biografia;
1927- Publica “O futuro de uma ilusão”, fala da religião e de Deus;
1927- Criação em São Paulo da Sociedade Brasileira de Psicanalise e 1º Instituição de Psicanalise da America latina;
1930- Publicação de “O mal estar na cultura”, um dos textos mais importantes de Freud, fala sobre crueldade, natureza humana e narcóticos;
1933- os livros de freud são queimados pelos alemães;
1938- moises e a religião monoteísta;
1938- exílio em Londres;
1939- 23/09 morreu.
Intodução as Teorias Psicanaliticas:
Erótico: união de dois corações. Bebes tem relação erótica com a mãe, não de maneira sexual.
O que rege o comportamento humano não é a consciência, é o inconsciente. Ex: mulher que apanha e é maltratada pelo marido e não consegue terminar a relação.
Feude narcisistica: tira a pessoa da zona de conforto e te faz pensar sobre o mundo de uma outra maneira.
O sujeito em análise tem que se perguntar o que ele tem a ver com os problemas que ele está relatando (freud não explica, ele implica), o trabalho do analista é escutar os problemas do sujeito e devolver isso para que ele próprio analise. Respeitar o tempo do paciente em se permitir escutar o que ele esta relatando. A psicanalise persegue o tempo inteiro a singularidade do sujeito, Quebra o senso comum. Psicanalista tem que ter experiência em analise, ou seja, se colocar em perigo, ser curioso pelos seus próprios desejos e os desejos do outro, precisa estar atanto as pessoas e a seu modo de vida.
Complexo de Édipo: Freud continuou a dedicar-se ao estudo da mente humana e passou a se autoanalisar. Aplicando a psicanálise sobre si mesmo, ele conseguiu acessar memórias da sua infância, e essa autoanálise lhe permitiu formular a teoria do Complexo de Édipo. Freud realizou essa autoanálise após associar pesadelos e períodos depressivos que enfrentou com a morte de seu pai.
No Complexo de Édipo, Freud argumentou que crianças do sexo masculino passam por uma fase em que se apaixonam pela sua mãe e, por isso, criam sentimentos hostis em relação a seus pais. Tempos depois, Carl Jung, famoso psicanalista influenciado por Freud, teorizou que isso também acontecia na relação de filhas com seus pais, o que ficou conhecido como Complexo de Electra.
Freud também teorizou que, durante o Complexo de Édipo, o desejo sexual surge nas crianças e essa experiência se dá por meio de diferentes sintomas em meninos e meninas. Os meninos, segundo Freud, experimentam o “complexo da castração”, e as meninas experimentam a “inveja do pênis”. Essas teorias de Freud foram, posteriormente, bastante criticadas por outros psicanalistas.
Outras teorias: Ao longo de sua carreira, Freud teorizou ideias a respeito da interpretação dos sonhos e do papel destes em retratar desejos que são reprimidos na mente humana ou memórias recentes que estão bloqueadas no inconsciente. A respeito do inconsciente, disse que a mente humana funciona como um iceberg, em que parte dos pensamentos é perceptível, e a outra parte, não.
 	Com base nessa metáfora, formulou os conceitos de id, ego e superego. O id é o local da mente onde ficam os nossos impulsos e instintos. O ego é a parte lógica e racional da psique e é responsável pela tomada de decisões. O superego, por sua vez, é a parte da psique responsável pela repressão aos impulsos que são contrários às normas sociais.
Livros
- A interpretação dos sonhos (1900): Nesta obra revolucionária, Freud introduz uma nova visão sobre a natureza e os significados dos sonhos. Antes dessa obra, os sonhos eram considerados apenas como trivialidades, resquícios das experiências da vida diurna. Para Freud, os sonhos não eram banalidades e mereciam atenção:
“Não se devem assemelhar os sonhos aos sons desregulados que saem de um instrumento musical atingido pelo golpe de alguma força externa, e não tocado pela mão de um instrumentista; eles não são destituídos de sentido, não são absurdos; não… implicam que uma parcela de nossa reserva de representações esteja adormecida enquanto outra começa a despertar. Pelo contrário, são fenômenos psíquicos de inteira validade – realizações de desejos; podem ser inseridos na cadeia dos atos mentais inteligíveis da vigília; são produzidos por uma atividade mental altamente complexa”. (Freud, Ed.Imago, 2001, p.136).
 	Os Sonhos, para Freud, são uma maneira do psiquismo de “realização de desejos” –  os sonhos são tentativas por parte do inconsciente para resolver um conflito de algum tipo, seja algo recente ou algo do passado mais distante (mais tarde em “Além do Princípio do Prazer”, Freud discute alguns tipos de sonhos que não parecem ser de realização de desejo).  Como os conteúdos do inconsciente são muitas vezes perturbadores, existe um “censor” que não permite que esses conteúdos sejam manifestados conscientemente. No entanto, quando dormimos, a vigília do “censor” é reduzida, embora ainda permaneça atenta: assim, o inconsciente deve distorcer e deformar o sentido da sua informação para conseguir que ele passe pela censura. Os sonhos para Freud são “o caminho real para o inconsciente”.
 	Desse modo, para Freud na maioria das vezes o que sonhamos não é o que parece ser, mas sim algo distorcido e mais profundo que precisa então de interpretação para ser compreendido. Essa distorção decorre principalmente dos mecanismos de condensação (síntese de ideias/conteúdos com pontos em comum, fusão de ideias/afetos/desejos semelhantes com objetivo de desfocar o verdadeiro objeto) e de deslocamento (substituição de um objeto latente por um de seus fragmentos constituintes).  Assim todo sonho tem um conteúdo latente e um conteúdo manifesto. O conteúdo manifesto é aquele que nos lembramos, o enredo, a história do sonho, já o conteúdo latente é aquele que está por trás do manifesto, é o conteúdo verdadeiro e censurado e, portanto, o objetivo da interpretação do analista é o de encontrar e tornar consciente o conteúdo latente.
 	Concluindo, em a Interpretação dos Sonhos, Freud apresenta sua visão de que os sonhos são na verdade uma expressão de desejos e conflitos que não podem se tornar conscientes e, portanto, ficam “censurados” em uma instância psíquica que ele denomina de “inconsciente”.  Quando adormecemos a censura é reduzida e os sonhos são experienciados de forma distorcida, revelando-seem uma forma manifesta (distorcida) e uma forma latente (censurada). 
“O sonho é uma realização de desejos” – passagem do conteúdo inconsciente para a consciência.
- o sonho infantil é sem enigmas, são mais simples, pois o sonho da criança não sofre com a resistência;
- Adultos tendem a se proteger dos conteúdos do inconsciente;
- Desejos sexuais trazem o inconsciente a tona;
Deformação Onírica:
- Sonhos de Angustia- como o sonho se apresenta ao sonhador quando acorda, estes tem conteúdo sexual, conteúdo latente, conteúdo manifesto.
Conteúdo Latente: pensamentos que se escondem, se disfarçam no conteúdo manifesto, é ricoé ilimitado, tem muitos conteúdos, precisa ser explorado a partir do conteúdo manifesto.
Conteúdo manifesto: é o que se evidencia no sonho. É pobre e limitado, aqueli que o sujeito conta (narrativa).
Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901): Quando Freud escreve o livro Psicopatologia da vida cotidiana. Seu principal interesse não é a análise das estruturas psicopatológicas. Seu interesse é, antes, demonstrar como o inconsciente se expressa no cotidiano. Sua intenção, ainda, é demonstrar que a psicanálise não se limita ao estudo da anormalidade. Ela se dedica também a descrever e compreender o funcionamento da mente humana como um todo.
 	O inconsciente se expressaria, segundo Freud, de três formas. Isso pode se dar através dos sonhos, através dos sintomas psicopatológicos ou no cotidiano. Em sua expressão cotidiana, na qual Freud foca nessa obra, o inconsciente pode ser percebido por meio dos atos falhos.
Atos Falhos para Freud no Livro Psicopatologia da Vida Cotidiana
 	Existiriam algumas formas identificáveis de atos falhos. Elas seriam o erro na fala, o erro na escrita, o erro na leitura e o erro dos atos (quando você tropeça ou derruba algo). Mas eles se enquadrariam em três tipos basicamente, os da linguagem, o dos atos e os de esquecimento.
O conceito de ato falho designa, basicamente, atos que acontecem a partir da firmação de um compromisso entre o inconsciente e o consciente. O ato falho, então, pode ser considerado uma forma de realização dos desejos do inconsciente e do consciente conjuntamente.
Através da atividade psicanalítica Freud pode constatar que eventos do dia a dia. Isso pois eles tinham mais significado do que imaginávamos. Determinadas escolhas de palavras, esquecimentos, troca de palavras ou acidentes não seriam aleatórios. Nem desprovidos de significado. Esses equívocos cotidianos, os atos falhos, seriam formas de expressão do inconsciente.
Como já vimos, o inconsciente representa a maior e mais importante parte do nosso aparelho psíquico. O conteúdo nele armazenado não nos é acessível por meio da razão. Nesse nível mental estariam os nossos medos, nossos traumas e dores.
Ou seja, tudo aquilo sobre o que não queremos pensar para não sofrer. Estão lá também alguns desejos inconscientes que não poderiam ser satisfeitos sem desrespeitar nenhuma norma moral da sociedade. Esses conteúdos sublimados estão inacessíveis à nossa consciência, mas existem dentro da psique e exercem sua influência.
Os atos falhos seriam então uma forma de realizar esses desejos negados. Através deles, esses desejos intencionais podem vestir a fantasia de um acidente fortuito. Enquanto acidentes, podem se expressar sem causar problemas ao indivíduo.
EXEMPLO DE ATO FALHO: Um exemplo bastante simples, utilizado por Freud no livro Psicopatologia da Vida Cotidiana, é o da conversa entre uma moça e um senhor. Durante a conversa, o senhor falava sobre como a cidade de Berlim estava bonita, graças aos preparativos para a Páscoa.
Ele disse então: “viu a loja Wertheim? Está toda decotada, oh, quis dizer decorada!”. Para Freud, esse pequeno equívoco não é aleatório. Sob a aparência de acidente, o que observamos é uma expressão inconsciente. Nesse caso, seria a interferência de pensamentos inconscientes do senhor quanto ao decote da moça. O senhor sabia que aquele seu pensamento não deveria ser expressado e o suprimiu. Ele, no entanto, rompeu a barreira do consciente e se impôs.
TRÊS TIPOS DE ATOS FALHOS
 	Já mencionamos acima que para Freud existiriam três tipos de atos falhos. Os três tipos são explicados e exemplificados no livro Psicopatologia da Vida Cotidiana. Eles seriam de linguagem (fala, escrita e leitura); de esquecimento e de comportamento (cair, derrubar ou quebrar algo). Vejamos agora uma explicação mais detalhada de cada um deles, além de alguns exemplos.
Atos Falhos na Linguagem: Esse tipo de ato falho é provavelmente o mais conhecido. Vocês, assim como eu, com certeza já cometeram vários. Quando lemos uma palavra diferente da que está escrita, ou trocamos palavras durante uma conversa, muito provavelmente estamos cometendo um ato falho. É claro que algumas vezes podem acontecer erros que não foram provocados pela força do inconsciente. Segundo Freud, no entanto, esses casos seriam minoria.
Atos Falhos de Esquecimento: Um dos exemplos mais simples, e que já aconteceu com todos nós, é o da ligação. Sabe quando a gente garante que vai ligar para alguém, mas esquece? Bom, esse esquecimento pode resultar do fato de que uma parte de nós não queria mesmo realizar a ligação. Nesse sentido, o ato falho é um erro, mas é também um acerto do “ponto de vista” do inconsciente que, através dele, tem seu desejo realizado.
Atos Falhos no Comportamento: Os atos falhos de comportamento são muitas vezes chamados de “equívocos de ação” por conta da tradução para o português. Eles são perturbações da coordenação motora que, quando analisadas, nos levam a um compromisso firmado entre o inconsciente e o consciente. Exemplo: “sem querer, querendo”, quando Chaves, personagem da série mexicana homônima, bate no Senhor Barriga, sempre alega ter feito “sem querer, querendo”. Com a frase, ele pretende indicar que foi um acidente. Mas esses acidentes que constantemente se repetem podem ser atos falhos. Por um lado (o lado consciente), pode ser que o Chaves realmente não quisesse acertar Seu Barriga. Por outro lado (inconsciente), pode ser que o órfão desejasse acertar o dono da vila. Ou seja, todas as pancadas acertadas no homem não eram conscientemente planejadas pelo garoto. No entanto, o fato de mesmo assim este sempre acertar aquele revelaria um desejo inconsciente.
Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905): Trabalho que traz grandes contribuições da teoria psicanalítica como a ampliação do conceito de sexualidade (não se restringe ao genital) e a descoberta de sua importância em todas as atividades humanas. O interesse de Freud a respeito das questões da sexualidade se originou a partir da observação clínica da importância dos fatores sexuais na etiologia das neuroses. De um estudo sobre os desvios em relação ao objeto e ao alvo sexual, o autor inicia um estudo minucioso. 
 	Principia com um trabalho sobre o estudo da homossexualidade (inversão sexual), classificando-a em três tipos: invertidos absolutos (objeto sexual só pode ser do mesmo sexo), anfígenos (objeto sexual pode pertencer a ambos os sexos) e ocasionais (em função de condições externas). Afirma que a inversão pode ser aceita pela pessoa ou sentida como patológica e que pode aparecer em diferentes momentos da vida. 
Freud refuta a concepção da inversão como uma degeneração e como um caráter absolutamente inato. Além disso, assevera a importância de algo do indivíduo na tendência à inversão, uma vez que as influências externas não são suficientes para explicá-la. 
A partir de conhecimentos anatômicos acerca do hermafroditismo (predisposição somática originalmente bissexual em todos os indivíduos), Freud afirma que a inversão e o hermafroditismo são independentes. “A substituição do problema psicológico pelo anatômico é tão inútil quanto injustificada” (p.135).
 
Em uma longa nota de rodapé, encontra-se uma série de especulações a respeito da escolha sexual. Nos invertidos haveria uma fixação na mãe e identificação com esta de forma que tenham tomado a si mesmo como objeto sexual (narcisismo). 
Afirma também que a condutasexual se define após a puberdade em função de aspectos constitucionais e acidentais (como a falta de um pai forte na infância) e que existiriam diferentes escolhas homo-eróticas: com relação ao objeto e com relação ao sujeito (teorias de Ferenczi). Freud supõe uma bissexualidade universal nos seres humanos e uma independência da escolha objetal em relação ao sexo do objeto (a pulsão não traz consigo o objeto).
 “Assim, somos instruídos a afrouxar o vínculo que existe em nossos pensamentos entre a pulsão e o objeto. É provável que, de início, a pulsão sexual seja independente de seu objeto, e tampouco deve ela sua origem aos encantos destes” (p.140). 
Freud utiliza a pedofilia para exemplificar a grande variação de objetos sexuais e afirmar que a importância está na pulsão sexual e não no valor do objeto. “Os diferentes trajetos por onde passa a libido relacionam-se mutuamente, desde o início, como vasos comunicantes” (p.143). O autor também salienta que as perversões fazem parte da vida sexual normal e as classifica em transgressões anatômicas (regiões do corpo destinadas a união sexual que não pertencem ao aparelho sexual como lábios, boca, ânus - supervalorização do objeto sexual), fetichismo e fixações de alvos sexuais transitórios. 
Freud denomina de fetichismo quando “o objeto sexual normal é substituído por outro que guarda certa relação com ele, mas que é totalmente impróprio para servir ao alvo sexual normal” (p.145). O fetichismo só é patológico quando se torna o único objeto sexual. Também afirma que o fetichismo teria origem na infância, sendo que o fetiche poderia funcionar como uma “lembrança encobridora” de algo esquecido e também estaria relacionado às teorias sexuais infantis (o pé, por exemplo, substituiria o pênis na mulher). Descreve a pulsão escopofílica, prazer de ver, como pertencente às pessoas normais, mas que pode tornar-se patológica quando se restringe exclusivamente à genitália e nos casos de voyeurismo e exibicionismo (olhar e ser olhado – alvo sexual apresenta-se na forma passiva e ativa). Em seguida, descreve o sadismo, ressaltando que está presente em pessoas normais, uma vez que a sexualidade exibiria uma mescla de agressão. Novamente, diz que o que constitui sintomas patológicos é a exclusividade da satisfação da pulsão sexual a este elemento agressivo, “ou seja, quando há características de exclusividade e fixação, então nos vemos autorizados, na maioria das vezes, a julgá-la como um sintoma patológico” (p.153). 
Com relação ao masoquismo, questiona se este seria primário ou se surge de uma transformação do sadismo, em que o sadismo se volta para a própria pessoa que passa a ocupar o lugar de objeto sexual (numa nota de rodapé de 1924 passa a reconhecer o masoquismo primário – o feminino e o moral). “O sadismo e o masoquismo ocupam entre as perversões um lugar especial, já que o contraste entre a atividade e passividade que jaz em sua base pertence às características universais da vida sexual” (p.150). 
Freud constata que a pulsão parcial, na maioria das vezes, aparece como pares opostos da pulsão (masoquismo-sadismo, feminino-masculino, passivo-ativo, amor-ódio, exibicionismo-voyeurismo) e salienta que isto tem grande importância teórica (ambivalência). No entanto, diz que nos quadros patológicos há um predomínio de uma das tendências. “As diferenças que separam o normal do anormal só podem residir na intensidade relativa de cada componente da pulsão sexual e no uso que lhes é dado no decorrer do desenvolvimento” (p.194).
Do estudo das perversões, chega à conclusão de que as pulsões sofrem a força das resistências (entre elas destacam-se a vergonha, a moralidade, o asco e as construções sociais da autoridade) que as circunscrevem dentro dos limites normais. A partir da clínica das psiconeuroses, afirma que a pulsão sexual é a energia predominante nestes quadros, sendo os sintomas a transformação das atividades pulsionais, expressão da atividade sexual, substitutos de processos pulsionais que são recalcados e por isso não são descarregados conscientemente (como na histeria em que a descarga acontece por meio da conversão).
 Falando da histeria, novamente se refere à ambivalência: “... a enigmática contradição da histeria, registrando a presença desse par de opostos: uma necessidade sexual desmedida e uma excessiva renúncia ao sexual” (p.156). Freud define o termo pulsão e utiliza pela primeira vez a expressão “zona erógena” (“órgão cuja excitação confere um caráter sexual” – p.159). Pulsão é o representante psíquico de uma fonte de estímulos internos, estando entre o anímico e o físico. “O que distingue as pulsões entre si e as dota de propriedades específicas é sua relação com suas fontes somáticas e seus alvos. A fonte da pulsão é um processo excitatório num órgão, e seu alvo imediato consiste na supressão desse estímulo orgânico” (p.159). O autor salienta que os sintomas das neuroses surgem não apenas das pulsões sexuais normais, mas também das perversas. “Portanto, os sintomas se formam, em parte, às expensas da sexualidade anormal; a neurose é, por assim dizer, o negativo da perversão” (p.157). As pulsões perversas presentes nos psiconeuróticos seriam decorrentes do fato destes pacientes preservarem o estado infantil de sua sexualidade. A partir daí, Freud passa ao estudo da sexualidade infantil. Inicialmente, aborda a questão da amnésia, questionando o porquê da maioria das pessoas não conseguirem recordar acontecimentos da primeira infância. 
Diz que esta amnésia é fruto do recalcamento e por isso a relaciona às psiconeuroses. O autor toma o chuchar como modelo das manifestações da sexualidade na infância. A finalidade deste comportamento não está na satisfação das necessidades (nutrição), já que a criança suga várias coisas que não estão relacionadas à alimentação (objetos, órgãos de seu próprio corpo ou de outrem) e após isso tem uma reação de “relaxamento” (espécie de orgasmo). Freud afirma que nesta manifestação sexual a pulsão é auto-erótica, pois, a princípio, é desprovida de objeto e voltada para o próprio corpo: “Está claro, além disso, que o ato da criança que chucha é determinado pela busca de um prazer já vivenciado e agora relembrado” (p.171). 
Assim, diz que o ato de chuchar é precedido das primeiras mamadas, em que os lábios se tornaram zonas erógenas. “A atividade sexual apóia-se primeiramente numa das funções que servem à preservação da vida, e só depois torna-se independente delas” (p.171). 
A partir daí define três características principais da sexualidade infantil: origina-se a partir de uma função somática (a satisfação foi vivenciada antes para que se tenha a necessidade de repeti-la em função de um aumento da tensão), são auto-eróticas e o alvo sexual se acha sob o domínio de uma zona erógena (que são estimuladas perifericamente). Por zona erógena entende uma parte da pele ou mucosa em que uma estimulação provoca uma sensação prazerosa de qualidade particular. Enfatiza que qualquer parte do corpo pode se tornar uma zona erógena. Entre as condições importantes para o prazer destaca o caráter rítmico. Freud relaciona o papel das zonas erógenas na neurose, afirmando que, nessa estrutura, o recalque atua principalmente nas zonas genitais, fazendo com que a catexia se desloque para as zonas erógenas. A zona anal também é descrita como uma zona erógena de grande importância, que conserva, em muitas pessoas, durante a vida toda uma grande parcela de excitabilidade genital. Freud enfatiza que os distúrbios intestinais na infância reforçam esta zona com muitas excitações e aponta para o prazer que vem acompanhado da defecação assim como o sentido das fezes para a criança pequena: representa o próprio corpo, um presente (mais tarde nas teorias sexuais infantis passa a ter o sentido de um “bebê”). Para ilustrar a importância desta zona erógena cita a retenção das fezes tão comum na infância e os rituais escatológicos de alguns adultos. Também diz que o controle esfincteriano (proibição de extrair prazer da atividade anal) pode representaro primeiro recalcamento das possibilidades de prazer. Com relação à zona genital, associa os órgãos sexuais à micção (aparelho urinário funcionaria como “tutor” do aparelho sexual ainda não desenvolvido) e aos cuidados com o corpo infantil feitos pelo adulto (fonte de grande excitação e satisfação), apontando o quanto são estimulados desde o início, o que justificaria a futura primazia dessa zona erógena na atividade sexual. 
A masturbação (onanismo) aparece como a possibilidade de realização desta atividade sexual infantil e está ligada ao recalcamento, à amnésia com relação à infância (sentimento de culpa decorrente desta atividade). É interessante que Freud interpreta os sintomas do aparelho urinário (enurese noturna, por exemplo) como um sintoma que pode se referir a uma perturbação sexual. Freud afirma que a criança é perversa polimorfa, já que a vergonha, o asco e a moral ainda não se instalaram. 
Além das zonas erógenas, existem elementos que envolvem não só o corpo da criança, mas também, outras pessoas como objetos sexuais. Assim, as pulsões de olhar, de exibir, de crueldade aparecem já na infância e mais tarde se associam à vida genital. O autor também cita a pulsão escopofílica (saber), em que a criança desenvolve uma atividade investigatória a partir de questões práticas de sua vida (como, por exemplo a questão a respeito da origem dos bebês quando se depara com o nascimento de outra criança). A partir de situações práticas a criança passa a elaborar uma série de teorias sexuais. A primeira teoria é a suposição de que não há uma diferença entre os sexos, já que homem e mulher teriam uma genitália idêntica. Uma outra teoria se refere ao nascimento, na qual as crianças fantasiam uma série de possibilidades por onde os bebês nasceriam: seio, ventre, umbigo, ânus. 
A terceira teoria se refere à concepção sádica da relação sexual, em que o ato sexual é imaginado como uma relação de subjugação. Na infância as pulsões parciais são desvinculadas e independentes entre si em sua busca pelo prazer e não estão subordinadas ao primado da genitália. No entanto, estas pulsões passam por etapas que culminam na sexualidade adulta, na qual as pulsões se unem numa organização sólida a serviço da função reprodutora e com a finalidade de atingir um objeto sexual. Inicialmente, portanto, há a organização pré-genital, em que não existe uma primazia das zonas genitais. A primeira dessas organizações é a oral (ou canibalesca), caracterizada por uma indistinção da atividade sexual com a nutrição e na qual o alvo sexual é a incorporação do objeto. “Não é sem boas razões que, para a criança, a amamentação no seio materno torna-se modelar para todos os relacionamentos amorosos. O encontro do objeto é, na verdade, um reencontro” (p.210). A segunda fase pré-genital é a sádico-anal, marcada pelo par de opostos ativo-passivo e pela mucosa do intestino como órgão do alvo sexual. “Nesta fase, portanto, já é possível demonstrar a polaridade sexual e o objeto alheio, faltando ainda a organização e a subordinação à função reprodutora” (p.187). A terceira fase corresponderia à fase fálica, marcada pela primazia dos genitais.
Freud menciona algumas fontes de excitação que provocam um prazer erógeno: excitações mecânicas (agitação ritmada do corpo, movimento), atividade muscular (como lutas corporais), processos afetivos intensos (situações assustadoras, situações de dor, alastram-se para a sexualidade) e trabalho intelectual. “O elemento decisivo nessas fontes de excitação é, sem dúvida, a qualidade do estímulo, embora o fator da intensidade (no caso da dor) não seja de todo indiferente” (p.193).
Com relação à escolha de objeto, Freud formaliza que esta acontece em dois momentos (bitemporal). 
O primeiro é marcado por alvos sexuais de natureza infantil e acontece por volta dos 2 e 5 anos de idade. 
O segundo momento ocorre com a puberdade e permanece na vida adulta. Entre os dois momentos está o período de latência, caracterizado pelo recalcamento (as pulsões sexuais são desviadas para outros fins por meio da sublimação) e responsável por uma cultura superior. Na puberdade as pulsões parciais se organizam, as zonas erógenas passam a se subordinar à primazia genital e a pulsão sexual (libido) que era, principalmente, auto-erótica (libido do ego ou narcísica), buscam o objeto sexual a serviço da função reprodutora (libido do objeto). 
Freud salienta que tais transformações acontecem concomitantemente às mudanças físicas da puberdade (em especial as alterações dos genitais), que proporcionam a obtenção do prazer de satisfação da atividade sexual - antes existia apenas o pré-prazer advindo da excitação das zonas erógenas (nas perversões haveria uma fixação no pré-prazer). 
Vale a pena destacar que com relação à economia libidinal Freud afirma: “A libido narcísica ou do ego parece-nos ser o grande reservatório de onde partem as catexias de objeto e no qual elas voltam a serem recolhidas, e a catexia libidinosa narcísica do ego se nos afigura como o estado originário realizado na primeira infância, que é apensas encoberto pelas emissões posteriores da libido, mas no fundo se conserva por trás dela” (p.206). Todas as mudanças da puberdade culminam numa diferenciação sexual cada vez maior, já que os dois sexos terão funções distintas - Cabe aqui pontuar que Freud faz um questionamento a respeito do que seria masculino e feminino, dizendo da complexidade destes conceitos (noção de bissexualidade) e acaba privilegiando a noção de passividade e atividade. A partir daí, afirma que a libido é masculina, já que a pulsão é sempre ativa. Apesar da dificuldade em distinguir masculino de feminino, deixa claro que existe uma diferença entre a puberdade da menina e do menino. As zonas erógenas seriam homólogas (clitóris e glande), mas o recalcamento afeta mais a sexualidade da menina (eliminaria a sexualidade masculina - clitoridiana) reforçando as inibições sexuais. O homem permanece com a mesma zona erógena de sua infância, enquanto que a mulher transfere a excitabilidade clitoridiana para a vagina, realizando uma troca da zona genital dominante. Estas mudanças deixariam as mulheres mais propensas à neurose histérica: “Esses determinantes estão intimamente relacionados com a natureza da feminilidade” (p.209). 
Um outro aspecto que Freud levanta é que na puberdade ocorre um afrouxamento dos laços com a família (inclusive um desligamento da autoridade dos pais), já que a proibição do incesto impele o jovem a procurar objetos sexuais que não sejam seus parentes (cabe ressaltar que as influências infantis, as fixações incestuosas da libido sempre influenciam nas escolhas amorosas, pois são precursoras da organização genital). Inicialmente, estes objetos são da ordem da fantasia, como a fantasia de escutar a relação sexual dos pais, da sedução, da ameaça de castração, protofantasias, romance familiar. Quando essas transformações da pulsão, ocasionadas pelo advento da puberdade, não ocorrem, surgem as patologias (inibições no desenvolvimento). “Quanto mais perto se chega das perturbações mais profundas do desenvolvimento psicossexual, mais se destaca, de maneira inequívoca, a importância da escolha objetal incestuosa” (p.215). 
Freud salienta a fixação como um fator que pode atrapalhar o desenvolvimento sexual normal. “Cada passo nesse longo percurso de desenvolvimento pode transformar-se um ponto de fixação, cada ponto de articulação nessa complexa montagem pode ensejar a dissociação da pulsão sexual” (p.222). Acrescenta a isso a importância de fatores acidentais, que podem levar a uma regressão a fases anteriores do desenvolvimento. Finaliza seu trabalho dizendo que os conhecimentos acerca da sexualidade (em seus aspectos psicológicos e biológicos) ainda são insuficientes para uma compreensão total do que é normal e patológico.
Cinco lições de psicanálise (1910): Cinco Lições de Psicanálise é uma síntese feita a partir de cinco encontros que Freud palestrou em setembro de 1909. Por meio disso se disponibilizou a trazer ao público os conceitosprincipais do seu trabalho psicanalítico, mesmo com duras críticas. Tudo aconteceu nas comemorações da Fundação da Clark University para um público não médico.
 	Já que a maioria dos médicos negava a sua visão, o público quase que em totalidade era de pessoas comuns. Com isso, Freud trouxe uma linguagem acessível e clara para chegar melhor nessas pessoas e fluir a conversa. Os conceitos principais de sua iniciativa explicavam sobre os casos de tratamento psicanalítico a respeito dos “males do espírito”.
 	Nisso, Freud dividiu o trabalho dessas palestras em cinco partes para explicar também a fundação e história da Psicanálise. O psicanalista elabora muito bem os casos clínicos e relatos com precisão no processo terapêutico. Por isso que narra sistematicamente o desenvolvimento da parte teórica até a aplicação na prática.
Primeira lição: a histeria: A paciente apresenta uma série de sintomas incomuns que se manifestavam simultaneamente e sem causa comprovada. Para tratá-la, Josef Breuer, um dos fundadores da Psicanálise tal como a conhecemos hoje, a induziu com hipnose para que associasse as palavras ditas em momentos de histeria com as suas ideias e fantasias.
Gradativamente, os estados de confusão da jovem se amenizavam quando ela expunha uma quantidade grande de experiências. Tanto que esta paciente se mostrava relaxada e com mais controle sobre a sua vida consciente. Concluiu-se que o bem-estar somente viria após as fantasias pessoais serem reveladas e trabalhadas durante a terapia.
Através desse caso, ficou em pauta que os sintomas dessa jovem advinham dos traumas que ela viveu no passado. Por sua vez, esses traumas eram partes mnêmicas resultantes de momentos emocionais de grande frustração. No caso, os relatos dela mostravam a ligação entre seus traumas com a culpa sobre a morte do seu pai.
Algumas conclusões sobre o caso
· Quando há um sintoma, também há um vazio na memória em que seu preenchimento diminui as condições que levam ao sintoma.
· Assim, o sintoma fica em evidência, mas sua causa fica omitida, no inconsciente.
· O sistema de histeria pode ser causado por diversos eventos, podendo vários patógenos (isto é, agentes causadores do transtorno) resultar em diversos traumas.
· A cura aconteceria quando os traumas psíquicos eram reproduzidos na ordem inversa que aconteciam; ou seja, do sintoma se descobria o trauma, e do trauma se descobria o agente causador.
· Ao tornar consciente o agente causador, o paciente poderia compreender e processar o problema, atribuindo-lhe novo significado, disso resultaria a cura.
Segunda lição: a repressão: A segunda das Cinco Lições de Psicanálise surge com o abandono da hipnose e iniciativa da captação massiva de memórias. Nisso, Freud recomendava que os indivíduos conscientemente recordassem do máximo possível de memórias para fazer associação ao problema. Contudo, existia um bloqueio que impedia esse resgate dos traumas, a repressão. Nas 5 Lições de Psicanálise, a repressão é vista como uma ferramenta patogênica conectada com a histeria. Graças as cobranças morais do meio externo, existe um movimento de enterrar tudo aquilo que não é bem visto socialmente. Porém, como não há meios para trabalhar a carga do desejo, nossa psique move a ideia do consciente ao inconsciente, a deixando inacessível.
 	Quando se desfaz essa resistência e tal conteúdo volta à consciência, o conflito mental acaba, bem como o seu sintoma. Cabe ressaltar que a repressão visa evitar o desprazer do indivíduo para que a sua personalidade fique protegida. O princípio do prazer se envolve aqui, visando o que é prazeroso e evitando o que causa desprazer.
Terceira lição: os chistes: Encontramos também aquele conteúdo que foi reprimido, mas que pode voltar à tona. Contudo, ele acaba sofrendo deformações graças à resistência e quanto maior ela for, mais alta será a sua deformação. O chiste se torna um substituto desses elementos deformados para se tirar o foco do trauma original, substituindo por exemplo por piadas, humor e gracejos com a situação.
Trabalhando isso o indivíduo é convidado a falar abertamente sobre o que quiser, pois sua fala não causará fuga. Com isso, a associação livre exibe o conteúdo reprimido, mesmo não causando dor na exposição dos traumas. Nisso, a interpretação, inclusive dos sonhos, nos levam ao excesso de resistência do paciente, mas também aos seus desejos reprimidos e ocultos.
Ademais, os atos falhos e cotidianos são outros objetos de análise na terapia, por mais insignificantes que pareçam. Não apenas são de fácil interpretação, como também possuem relação direta com nossos traumas reprimidos. Quando se junta atos falhos, análise dos sonhos e associação livre, o profissional pode revelar a origem de um trauma e finalizar o quadro patológico.
 Resumo sobre a terceira lição: 
Oposição- A representação mental do trauma não pode ser igualada ou comparada ao sintoma por serem diferentes. Enquanto uma luta para a consciência relembrar o que foi esquecido, a outra tenta impedir que isso chegue na consciência. Com isso, o sintoma alude ao que está sendo procurado, porém nunca igual.
Resistência- À medida em que a resistência cresce, a deformação relativa ao que se procura também aumenta. E graças a isso o esquecimento seria consciente sem deformação. Nisso, se a deformação for algo menor fica mais fácil entender o que está esquecido.
Sintoma e pensamento: Ambos surgem ao invés do desejo reprimido e sendo frutos da repressão, possuem a mesma origem. Com a oposição citada acima, o que se mostra como pensamento seria um disfarce para o desejo reprimido.
Quarta lição: sintomas e erotismo: Nesta, Freud dá abertura para conectar sintomas mórbidos com a nossa vida erótica. De acordo com ele, a nossa vida erótica e as repressões a ela feita acabam por desencadear quadros patológicos. Contudo, em análise, é difícil fazer um tratamento graças a dificuldade dos pacientes em se abrirem sobre a vida sexual.
Entretanto, o entendimento sobre o sintoma mórbido pode ser complicado quando se investiga a história do paciente. O próprio Freud afirma que interpretações equivocadas da sua teoria pode levar a buscas imprecisas e errôneas sobre o problema. Tenhamos em mente que o exame psicanalítico visa entender como os traumas se fixaram na psique e não ligar sintomas à sexualidade.
Nisso, temos abertura para um dos pontos polêmicos de Freud, a sexualidade infantil. Mesmo a contragosto da sociedade, o psicanalista indicava que o desenvolvimento infantil nessa fase determinaria a fase adulta. Com o tempo, essa área vai sendo desbravada e destravando aspectos específicos que passaram por condicionamento e repressão inicial.
 
Quinta lição: a recapitulação e a transferência: revisita os conceitos principais da Psicanálise trabalhados até então. Isso inclui a sexualidade infantil, bem como o relacionamento com o Complexo de Édipo. Com isso, as pessoas podem adoecer se estão privadas de se satisfazerem quanto as suas necessidades.
Um dos elementos inclusos na repressão é o intento, fugindo da realidade enquanto regride a psique inconscientemente a níveis interiores. Nesse caminho, a regressão pode ser temporal, pois a libido se fixa aos estados evolutivos mais antigos. E formal, já que se vale dos meios psíquicos primitivos e originários a fim de manifestar essa necessidade.
Ademais, durante o tratamento é comum a aparição nos neuróticos de um sintoma chamado de “transferência”. Em suma, o indivíduo direciona ao terapeuta diversos sentimentos que misturam fantasias, hostilidade e também afeto. Isso pode ocorrer em qualquer relacionamento humano, mas sendo bastante evidente dentro das terapias, sendo valioso à identificação sintomática.
Introdução e impacto das 5 lições de Psicanálise
Ainda que muitas ideias tenham sido repudiadas ao longo do tempo, elas também deram uma nova perspectiva aos mesmos problemas. Isso acabou colocando a atenção especializada onde se precisava e não tratando com negligência casos de ajuda urgente.
Além do princípio do prazer (1920): Este trabalho é resultante dediscussões havidas em um grupo cujo propósito é reestudar a obra de Freud. Decidimos por apresentar nossa releitura do Além do princípio do prazer (Freud, 1920) por ser esse um dos textos que mais tem provocado polêmicas entre os psicanalistas. Optamos por expor nossas observações sobre quatro temas que dominam a teorização de Freud. O primeiro desses temas refere-se à superposição entre um princípio econômico de quantidades de energias e outro de qualidades sensoriais como prazer e desprazer. A dificuldade teórica parece resultar da tentativa de equacionar prazer e descarga. Sugerimos realocar o princípio do prazer fora da teoria econômica, definindo seu espaço dentro da experiência estética (sensorial). Outra teorização desenvolvida no texto diz respeito às energias livres e ligadas. Questionamos a proposta freudiana que sugere ser a energia livre característica do processo primário, sendo energia ligada própria do processo secundário. O terceiro tema sobre a compulsão à repetição nos leva a reconhecer duas formas de ocorrência deste fenômeno: uma que seria impulsionada por Eros, na tentativa de viabilizar ligações, e outra que visaria apenas à descarga, no sentido de manter a inércia. Finalizando, buscamos construir uma abordagem crítica à tentativa de relacionar ódio e agressão com a pulsão de morte.
O futuro de uma ilusão (1927): Em O futuro de uma ilusão temos um questionamento elaborado de Freud sobre as suas críticas quanto à religião. Como alguém construído sobre os pilares da lógica fundamentalista, o médico psicanalista construiu uma perspectiva contrária para justificar sua aversão. Escrito em 1927, interpreta as origens, desenvolvimento, a Psicanálise e como isso afeta o futuro.
Em suma, o próprio Freud indicava a religião como falso para o condicionamento da vontade natural do ser humano. De acordo com ele, essa construção por parte dos grandes grupos acaba limitando nossa verdadeira forma de ser. Existe um molde repressor na sociedade religiosa que acaba apagando a vontade do indivíduo.
Nesse contexto, é interessante notar o relacionamento fraternal e respeitoso que Freud mantinha com Oskar Pfister. Pfister era pastor protestante, respeitou a opinião do amigo psicanalista e deu o seu próprio ponto de vista. Nisso nasceu A ilusão de um futuro, uma crítica que foi bem acolhida pelo amigo e sem abalar a amizade.
A religião na Psicanálise: O livro O futuro de uma ilusão elabora um ensaio crítico e bem formado à idealização religiosa da humanidade. Tanto que podemos fazer um comparativo claro quanto a natureza dessa adoração aos olhos da Psicanálise. De acordo com a base dada por Freud, a escolha em seguir uma religião se dá por meio do Complexo de Édipo.
Em suma, religião seria uma projeção do Complexo de Édipo por conta do desamparo sentido pelo homem. O mesmo se vê a mercê da morte, das forças naturais e das lutas criadas pela humanidade com o tempo. Por conta disso que encontra na figura de Deus o seu desejo infantil por um pai que o proteja.
Assim, Deus daria a recompensa pela dor que viveram em uma vida com privações e civilizada após a morte. Sem contar que a entidade cuidaria de cada fenômeno natural e devastador pelo caminho da sua vida. E não esquecer da união e reconciliação da humanidade consigo, evitando crueldades consequentes.
Entre a cruz e a espada filosóficas: Observando Sigmund Freud, O futuro de uma ilusão, existia uma tentativa de exibir o que esperar na cultura humana. Ele acreditava na necessidade de olhar à origem e finalidade cultural humana como precisa ser feito. 
Para ele, cultura é a junção dos aspectos de existência que difere a nossas vidas de uma fera selvagem.
Isso inclui conhecimento e poder acumulados para regular os relacionamentos e domar a própria natureza. Esses dois aspectos estão sensivelmente ligados, pois não se separa os recursos que existem da satisfação instintiva humana. Mesmo que tenha formado a cultura, a humanidade fica refém dela porque controla seu instinto e molda àquilo socialmente aceito.
Para Freud, a essência cultural se liga na contenção dos instintos primários e selvagens para que ela mesma sobreviva. Nisso, a religião serviria como consciência moral para retratar as falhas grotescas criadas na cultura. Ainda que a religião eliminasse algumas neuroses isso acarretava no desenvolvimento de outra mais comum, só que difícil de sair.
As leis de existência incontestáveis: Continuando a leitura de O futuro de uma ilusão, nele a religião é vista como ilusão bem projetada. Segundo ele, afirmações sobre a condição da realidade, dogmas e a crença depositada em algo que não foi descoberto. Nisso, os pilares religiosos se transmitiriam e tomavam nossa crença de três modos, sendo eles:
· Nossos passados já acreditavam e seguiam isso;
· Recebemos e carregamos provas que nos foram passadas ainda na antiguidade;
· É proibido questionar a autenticidade disso em qualquer circunstância.
Continuando a abertura, as crenças seriam a nossa realização de desejos, incluindo a busca paterna e vontade imortal da alma. O desejo humano contribui diretamente para a derivação e surgimento das ilusões ao longo do caminho. Contudo, elas não precisam ser necessariamente falsas se baseando em desejos.
A balança, equilíbrio e recompensa: Desenvolvendo o livro O futuro de uma ilusão, o indivíduo se torna um inimigo social por ceder aos instintos. Seu estado primitivo precisa de contenção para que assim a sociedade possa fluir sob determinada perspectiva racional e moral. Em curtas palavras, somos inclinados à destruição, desastre e selvageria em cumplicidade.
Por isso que a existência de pessoas dotadas de visão moralista e exemplar poderia cortar nossa natureza destrutiva. O reconhecimento de líderes assim levaria a um processo de renúncia coletiva dos instintos para existirmos civilizadamente. A não ser que haja um governo e civilidade, a sociedade poderia vir facilmente à ruína e em pouco tempo.
Em seu trabalho Freud continua a desenvolver a religião, ligando aos aspectos de conseguir riqueza e satisfação impulsional. Para ele, os bons comportamentos praticados na religião seriam recompensados em algum momento. Não apenas justificar nossas conquistas aí, mas também o que receberíamos se seguíssemos à risca essa visão.
O mal-estar na civilização (1930): Em O mal-estar da civilização, Freud categoriza o homem em relação aos animais a partir da civilização. Para ele, é justamente esse elemento que dá identidade própria para a humanidade. Desse modo, carregamos um componente coletivo e complexo que designa uma superioridade dentro de uma cadeia.
Contudo, Freud não faz separações entre civilização e o conceito de cultura. O nosso modo de vida é designado por nossas próprias vontades e escolhas dentro dos mais variados ambientes. Isso inclui o afastamento da nossa natureza instintiva.
Desse modo, civilização se apresenta como a dominação da natureza humana pela vontade do homem. Sem contar também os elementos regulatórios que fazem a condução das relações humanas.
Substituição de ordens naturais
Trabalhando O mal-estar da civilização, Freud acaba recorrendo ao artigo “Totem e tabu“, de 1921. Neste, está descrito a passagem da natureza em direção à cultura, de modo que se transforme. De acordo com o mito “horda primeva”, havia um sistema de patriarcado onde apenas uma grande figura masculina reinava.
O mito fala a respeito de um pai todo-poderoso e arbitrário que possuía todas as mulheres. Contudo, esse pai seria alvo de assassinato de seus próprios filhos. Consequentemente, era criado um acordo onde ninguém o substituiria e perpetuasse seu trabalho.
Desse modo, o parricídio daria fruto a uma organização social que iniciaria a origem da civilização. Sem contar que o tabu do incesto se inaugura como a primeira lei em uma sociedade. De acordo com os escritos, o incesto provinha de natureza anti-social.
O peso da cultura na humanidade: Freud deixa evidente que, na ótica dele, a cultura produz mal-estar na humanidade. Isso porque há uma contra-posição entre a civilizaçãoe as exigências produzidas pela pulsão, já que um subverte o outro. Com isso, o indivíduo acaba abrindo mão de si mesmo e se sacrificando e essência.
Entretanto, esse sacrifício acaba gerando sequelas, tais como:
Redução da agressividade: A humanidade possui uma inclinação natural para ser agressiva e até selvagem. Contudo, as normas da civilização impedem que esses impulsos sejam atendidos em sua forma pura. Por segurança, decoro e até ética aos costumes, esse instinto natural precisa e será reprimido.
Diminuição da vida sexual: Todo ser humano possui impulsos sexuais que se manifestam primariamente na própria psique. Porém, o mundo externo é permeado de regras e mandamentos que repudiam a liberação desses instintos. Desse modo, a sociedade precisa esconder esses impulsos sexuais e conter a sua satisfação pulsional para não sofrer represálias.
Todo o indivíduo é um inimigo natural da civilização: Freud baseava esse pensamento em O mal-estar da civilização por causa de nossas tendências destrutivas. Ele deixa bem claro que todos nós carregamos movimentos inerentes à destruição, anti-cultura e anti-sociabilidade. Com isso, existe uma luta da civilização para tirar a liberdade do indivíduo e substituir pela da comunidade.
No trabalho em O futuro de uma ilusão existe uma certa resignação em relação à natureza do homem. Em suma, é descrito que uma parte da humanidade sempre será associal por causa de doenças ou excesso de pulsão. Assim, a guerra entre indivíduo e civilização permanece eterna e imutável.
Nessa obra ainda, Freud trabalha com a imagem de conservadorismo proporcionada pela religião. O psicanalista indica que a base da religião é um mecanismo de defesa contra o desamparo infantil que nos persegue até a maioridade. Na visão dele, a religião equivale a um pai zeloso que oferta proteção, segurança e impede que haja declínio total.
Rédeas comportamentais: Abrindo argumentos mútuos, em O mal-estar da civilização, Freud fala que existe esse controle para que possamos viver em sociedade. Nisso, se a religião se extinguisse, outro sistema com características semelhantes seria criado. Ou seja, ao mesmo tempo em que quer se libertar, o homem cria freios a si mesmo.
Freud deixa bem claro que a civilização pretende evitar sofrimentos e dar segurança, de modo que o prazer fique deslocado. Graças ao fato da satisfação pelos impulsos ser parcial e episódica, as chances de ser feliz são limitadas. Para ele, a felicidade se constrói conceitualmente de modo subjetivo, dependendo de algo para existir.
Em suas próprias palavras, “O programa de tornar-se feliz, que o princípio de prazer nos impõe não pode ser realizado; contudo, não devemos – na verdade, não podemos – abandonar nossos esforços de aproximá-lo da consecução, de uma maneira ou de outra”.
Fatores ao sofrimento humano: No trabalho feito em O mal-estar da civilização, Freud apontava que o ser humano tinha alguns sofrimentos inerentes à sua essência. Independente de quais forem as suas dores, elas sempre se originariam das mesmas fontes. Das três descritas, citamos:
Corpo: O nosso corpo possui necessidades próprias e elas são impulsionadas pelos impulsos naturais. Acontece que nem sempre podemos atender a esses chamados e precisamos reprimir essas vontades. Consequentemente, isso acaba por gerar distúrbios ou desequilíbrios físicos e psíquicos.
Relacionamentos: Relacionar-se com outras pessoas também é um canal de sofrimento para o ser humano. Isso porque ele está lidando com um semelhante que possui as próprias particularidades e desejos. Desse modo, pode haver choques de interesse nos níveis mais baixos até os cavalares.
Mundo externo: Por fim, a própria realidade onde estamos inseridos pode ser um canal de sofrimento contínuo para nós. Da mesma forma como em um relacionamento, nossas tendências pessoais podem se confrontar com as regras do mundo externo. Por exemplo, pense em tudo o que deve reprimir para que não seja julgado e condenado publicamente.
Sentimento de culpa: Nos escritos de O mal-estar da civilização, Freud expõe a ideia do sentimento de culpa. Por causa de uma tensão entre Ego e Superego, se alimenta uma necessidade de punição em si mesmo. A culpa advém de duas origens: medo de uma autoridade exterior e também medo do próprio Superego.
Nisso, ele alimenta que há uma relação próxima da civilização com o sentimento de culpa. Para que mantenha os seres humanos interligados, a civilização alimenta e fortalece o sentimento de culpa sobre eles. Para isso, criou um Superego de grande influência que ajuda na evolução cultural.
Ao fim, o autor se banha em um tom pessimista e nos faz questionar se existe patologia nas comunidades. Não apenas isso, questiona se elas também se tornaram grupos com neurose aumentada. Por fim, o autor coloca o questionamento sobre até quando o desenvolvimento da cultura ajudará a dominar a pulsão de morte.
DAS TEORIAS PSICANALITICAS
 	A criação da Psicanálise por Sigmund Freud aconteceu há mais de um século. Durante o período de 1896-1902, Freud trabalhou árdua e predominantemente sozinho, observando seus pacientes atentamente, com intuito de entender e tratar a doença mental apresentada por eles.
 	A descoberta original e fundamental – o inconsciente e a concepção da sexualidade infantil – tornaram-se os pilares da teoria psicanalítica e foram difundidos entre os médicos e pesquisadores da época que passaram a se reunir ao seu redor, colaborando e discutindo suas ideias. Entretanto, a aceitação de suas teorias não tardou em experimentar divergências e antagonismos vindos de alguns discípulos, o que acabaria por levar ao rompimento com tais pressupostos, inclusive, com o próprio Freud.
 	Carl Gustav Jung foi um dos preferidos de Freud. Desde o primeiro encontro, que aconteceu após interesse de Jung nas ideias sobre os sonhos, decorrente da leitura do texto freudiano A Interpretação dos Sonhos (1900), o fundador da Psicanálise reconheceu Jung como aquele que poderia ser o herdeiro oficial do Movimento Psicanalítico. No entanto, esse olhar sobre Jung também refletia algumas preocupações e motivações políticas que se referiam às garantias do reconhecimento da Psicanálise.
 	Existia em Freud um receio de considerarem a Psicanálise uma teoria judaica e, com a participação obstinada e mesmo passional de Jung (cristão, psiquiatra suíço, respeitado no meio científico), este temor poderia vir a se dissipar. Esse grande encontro, constituído de amizade e discussões teóricas durou um longo tempo, de 1907 até 1913, aproximadamente. Após muito trabalho realizado, muitas cartas trocadas, os antagonismos acabaram por surgir, tão fundamentais, até que um rompimento, um tanto violento, tornou-se inevitável. Observando a história, fica claro que a questão essencial de tal ruptura pode ser achada no entendimento do valor da sexualidade e da energia libidinal (sexual) como fundamento dos processos da psique humana, ponto essencial para Freud.

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