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3 Transtornos Psicóticos (Esquizofrenia)

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1 Luísa Soares 
ESQUIZOFRENIA 
INTRODUÇÃO 
Esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por episódios contínuos ou recorrentes de 
psicose. Os sintomas mais comuns são alucinações (incluindo ouvir vozes), delírios (convicções 
falsas) e desorganização do pensamento. 
• Esquizofrenia, do grego, significa “mente partida”; 
HISTÓRIA 
EMIL KRAEPELIN (1913) 
Daementia praecox; 
• Síndrome avolicional: desmotivação, falta de iniciativa, falta de vontade – “o 
enfraquecimento das atividades emocionais que formam as molas propulsoras da volição”. 
• Síndrome da perda da unidade interna: fragmentação do intelecto, das emoções, etc; 
BLEULER (1911) 
• Cunhou o termo “esquizofrenia”; 
• Sintomas fundamentais: 
o Distúrbios das associações do pensamento; 
o Autismo (isolamento, fantasia esquizoide, e não o transtorno em si); 
o Ambivalência; 
o Embotamento afetivo; 
o Distúrbio da atenção; 
o Avolição; 
• Sintomas acessórios: 
o Delírios; 
o Alucinações; 
o Sintomas de humor; 
o Sintomas catatônicos; 
No cerne da definição de esquizofrenia se valoriza muito mais os problemas associativos, o 
embotamento, anedonia, avolição; delírios e alucinações, embora presentes, não são os sintomas 
principais da esquizofrenia. 
SCHNEIDER (1938) 
• Sintomas de primeira ordem: importantes fatores indicativos de esquizofrenia até o DSM-IV; 
atualmente, esses sintomas não são tão considerados: 
o Sonorização do pensamento; 
o Escutar voz sob forma de argumento e contra-argumento (conversar); 
o Escutar vozes que comentam os atos; 
o Vivências de influência corporal (como se uma entidade tomasse conta do corpo); 
o Roubo do pensamento; 
o Sensações de influência; 
o Percepções; 
 
2 Luísa Soares 
SINTOMATOLOGIA 
• Alucinações; 
• Delírios; 
• Desorganização do pensamento; 
• Embotamento cognitivo; 
• Comportamento desorganizado; 
• Avolia e anedonia; 
• Embotamento afetivo; 
• Sintomas depressivos e ansiosos; 
DIMENSÕES PSICOPATOLÓGICAS 
• Escala BPRS — 18 itens: escala utilizada no SUS para comparar antes-depois de um 
tratamento; norteadora para a esquizofrenia refratária; 
o Ansiedade-depressão 
o Hostilidade-desconfiança 
o Excitação-ativação 
o Distúrbios do pensamento 
• Escala PANNS —30 itens: usada para várias dimensões: 
o Sintomas positivos 
o Sintomas negativos 
o Desorganização 
o Excitação-ativação 
o Ansiedade-depressão 
DIAGNÓSTICO 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de 
tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um 
deles deve ser (1), (2) ou (3): 
i. Delírios. 
ii. Alucinações. 
iii. Discurso desorganizado. 
iv. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. 
v. Sintomas negativos; 
B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de 
funcionamento está reduzido. 
C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. 
i. No mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam 
satisfazer ao Critério A (i.e., sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de 
sintomas prodrômicos ou residuais. 
ii. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem 
ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas 
listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, 
experiências perceptivas incomuns). 
CATATONIA 
Síndrome que pode ou não acompanhar a catatonia; o diagnóstico de esquizofrenia deve 
especificar se há catatonia. 
A. O quadro clínico é dominado por três (ou mais) dos sintomas a seguir: 
i. Estupor (i.e., ausência de atividade psicomotora; sem relação ativa com o ambiente). 
ii. Catalepsia (i.e., indução passiva de uma postura mantida contra a gravidade). 
iii. Flexibilidade cérea (i.e., resistência leve ao posicionamento pelo examinador). 
3 Luísa Soares 
iv. Mutismo (i.e., resposta verbal ausente ou muito pouca [excluir com afasia 
conhecida]). 
v. Negativismo (i.e., oposição ou resposta ausente a instruções ou a estímulos externos). 
vi. Postura (i.e., manutenção espontânea e ativa de uma postura contrária à gravidade). 
vii. Maneirismo (i.e., caricatura esquisita e circunstancial de ações normais). 
viii. Estereotipia (i.e., movimentos repetitivos, anormalmente frequentes e não voltados 
a metas). 
ix. Agitação, não influenciada por estímulos externos. 
x. Caretas; 
xi. Ecolalia (imitação da fala de outra pessoa); 
xii. Ecopraxia (imitação dos movimentos de outra pessoa); 
SUBTIPOS DA ESQUIZOFRENIA PELA CID -10 
• Paranoide: com predomínio de sintomas persecutórios; 
• Hebefrênica ou desorganizada: deosrganização do pensamento/ comportamento; é 
considerada o quadro mais grave; 
• Catatônica: 10% dos casos; 
• Simples: predominam sintomas negativos e não cursa com psicose; 
• Indiferenciada: mistura diversos sintomas. 
EPIDEMIOLOGIA 
• População geral: 0,3 a 0,7% na vida; 
• Semelhante entre sexos; 
• Desenvolvimento entre os 15 e 30 anos; 
• Início insidioso na maioria dos casos; se for início abrupto, desconfiar do uso de substâncias. 
• Idade mais precoce — pior prognóstico; 
• Início tardio — após os 40 anos—mais comum em mulheres; 
• Uma das principais causas de morte (até 15%); 
• Tabagismo— mais de 75%; 
• 30-50% abuso ou dependência de álcool concomitante; 
• Maconha: 15-25% | Cocaina: 5-10%; 
FATORES DE RISCO 
• História familiar: genética muito importante; 
• Complicações de gestação e nascimento; 
• Uso de maconha; 
FATORES PSICOSSOCIAIS 
• Trauma infantil; 
• Disfunção familiar: mãe invasiva, pai ausente ou abusador; 
• Duplo vínculo: mensagens ambíguas dos pais (confusão); 
• Estressores psicossociais; 
RISCO DE SUICÍDIO 
• Suicídio consolidado em 5-6% ; 
• Tentativas de suicídio em 20%; 
• Risco maior no episódio psicótico e pós-alta – comportamento alucinatório; 
• 3º diagnóstico associado ao suicídio; 
4 Luísa Soares 
ETIOLOGIA 
NEUROBIOLOGIA 
• Hipótese dopaminérgica: suspeita-se que indivíduos tenham alterações no sistema 
dopaminérgico; 
o Hiperatividade dopaminérgica em vias determinadas! 
Tratamento preconizado atualmente para esquizofrenia: antagonistas dopaminérgicos 
(antipsicóticos); 
• Hipótese serotonergica: disfunções no sistema serotoninérgico; 
o Estudos realizados com LSD → disponibiliza muita serotonina e causa alucinações; 
o Tratamento com antidepressivos ISRS não é lá muito utilizado porque não é muito 
funcional, mas talvez...; 
• Hipótese glutamatérgica: em casos de esquizofrenia refratária ao tratamento (que, lembre-
se, é realizado com antagonistas dopaminérgicos), questiona-se se não há outra via envolvida 
na patologia da esquizofrenia; é aí que entra o glutamato. 
o Glutamato: neurotransmissor estimulante do SNC; 
• Perda de volume cerebral — poda excessiva das sinapses no desenvolvimento; 
• Diminuição do sistema limbico— amigdala, hipocampo, giro para-hipocampal; 
• Redução da plasticidade cerebral nos surtos (BDNF): aumento do estresse oxidativo – as 
pessoas não voltam a ser como eram antes. 
o BDNF: auxilia na reparação das vias. 
EXAMES DE IMAGEM 
• TC— aumento dos ventriculos e redução do volume — desenvolvimento anormal? 
degeneração? 
• RNM — redução do complexo hipocampo-amígdala e giro para-hipocampal esquerdos; 
• PET — hipoatividade lobos frontais, hipoatividade dos gânglios basais; 
ESQUIZOFRENIA E MACONHA 
• Risco genético (variante genética de vulnerabilidade); 
• Aumento do risco com apenas um episódio de uso (cerca de 4x mais); 
• Maior risco entre crianças e adolescentes; 
• Pode desenvolver, além de esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme; transtorno 
psicótico; 
OUTRAS ALTERAÇÕES 
• Alterações posturais; 
• Aumento de doenças cardiovasculares; 
• Grave disfunção psicossocial; 
• Ausência de insight é regra; a maior parte doscasos cursa com delírios, geralmente 
persecutórios, e é muito difícil o indivíduo aceitar que isso não é verdade. 
o Indivíduos com bom insight: prognóstico melhor; 
• Depressão pós-esquizofrência: não pode ser confundido com sintomas negativos da 
esquizofrenia; após o surto psicótico, principalmente se o indivíduo tiver um bom insight, 
pode ocorrer do paciente se sentir culpado/ deprimido. 
• Agressividade/violência psicótica: até por conta das alucinações auditivas e visuais; 
 
5 Luísa Soares 
CURSO 
• Sintomas pré-mórbidos: 
o QI levemente menor que o esperado; 
Indivíduos com esquizofrenia normalmente vem de uma personalidade esquizoide (grande fator de 
risco), que se transforma sequencialmente em personalidade esquizotípica, transtorno 
esquizofreniforme e esquizofrenia. 
• Deterioro progressivo após o primeiro surto: 
o Pode ser progressivo de fato, com perda comprovada de função ao longo do tempo; 
o Pode ser em forma de escadinha, perdendo funcionalidade a cada surto; 
• Manutenção de sintomas negativos após os surtos: embotamento afetivo e cognitivo, 
dificuldade para se concentrar, desisteresse, .... 
Alucinações melhoram rápido, delírios tomam tempo. 
• Pode recuperar parcialmente a funcionalidade após surtos; 
• Associados a grave disfunção psicossocial; 
TRATAMENTO 
• Antipsicóticos de primeira geração (típicos): antagonistas dopaminérgicos; 
o Alta potência antipsicótica (menor sedação, mais efeitos extrapiramidais): 
▪ Haloperidol (quando somado ao biperideno, reduz sintomas extrapiramidais: 
rigidez, tremores, parkinsonismo, etc); 
▪ Droperidol; 
▪ Zuclopentixol; 
o Baixa potência (maior sedação, menos ef. extrapiramidais): 
▪ Clorpromazina; 
▪ Levomepromazina; 
▪ Tioridazina; 
• Antipsicóticos de segunda geração (atípicos): antagonistas da dopamina e da serotonina; 
o Risperidona; 
o Paliperidona; 
o Olanzapina; 
o Quetiapina; 
o Aripiprazol; 
o Lurasidona; 
o Clozapina (esquizofrenia refratária) → descoberto em 1960, pode causar 
agranulocitose (1-2% dos casos); é o mais eficaz de todos; 
▪ Monitoramento semanal através de hemogramas – hemograma mensal; 
• Antipsicóticos por via oral x depot (intramuscular): 
o Depot: formulações de efeito continuado (1x por mês – paliperidona e haloperidol); 
devemos primeiro tentar medicamento VO. 
Síndrome neuroléptica maligna: emergência neurológica com risco de vida associada ao uso de 
agentes antipsicóticos (neurolépticos) e caracterizada pela tétrade clínica: alteração do estado 
mental, rigidez, febre e disautonomia. 
ELETROCONVULSOTERAPIA 
• Reservado para esquizofrenia refratária; 
• Realizado em bloco cirúrgico com monitoramento CV; 
• Exige a presença de anestesia; 
• Hoje: aparelhos modernos, pulso breve e ultrabreve; 
• Em geral, uma série com 12 sessões, podendo repetir a série; 
6 Luísa Soares 
• Alguns casos: ECT de manutenção; 
• Promove a plasticidade cerebral; 
• Principal efeito colateral: prejuízo da memória; 
TRATAMENTOS ADJUVANTES 
• Terapia de apoio (individual ou em grupo); 
• Treino de habilidades sociais; 
• Terapia familiar; 
• Terapia ocupacional; 
• Assistência social; 
• Inclusão no mercado de trabalho; 
• Internação- dia; 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 
• Psicose devido a uma condição médica geral; 
• Psicose induzida por substâncias (drogas/fârmacos); 
• Psicose breve (<30 dias); 
• Transtorno esquizofreniforme (1a 6 meses); 
• Transtorno delirante persistente; 
• Transtorno esquizoafetivo; 
• Transtornos de personalidade: 
o Paranoide; 
o Esquizoide; 
o Esquizotipica; 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Aula profº Vitor Crestani Calegaro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Luísa Soares 
TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO 
INTRODUÇÃO 
O transtorno esquizoafetivo tem características tanto da esquizofrenia como dos transt. do humor. 
• Os pacientes podem receber esse diagnóstico se puderem se encaixar em uma das seis 
categorias seguintes: 
o Pacientes com esquizofrenia que têm sintomas de humor; 
o Pacientes com transtorno do humor que têm sintomas de esquizofrenia; 
o Pacientes com transtorno do humor e esquizofrenia; 
o Pacientes com uma terceira psicose não relacionada a esquizofrenia/ humor; 
o Pacientes cujo transtorno se encontra entre esquizofrenia e humor; 
o Pacientes com alguma combinação dos critérios citados. 
EPIDEMIOLOGIA 
• A prevalência do transtorno esquizoafetivo ao longo da vida é de menos de 1%, 
possivelmente entre 0,5 e 0,8%. 
• Esses números, no entanto, são estimativas; vários estudos desse transtorno têm usado 
critérios diagnósticos diferentes. 
• Na prática clínica, um diagnóstico preliminar de transtorno esquizoafetivo costuma ser usado 
quando o médico não tem certeza do diagnóstico. 
ETIOLOGIA 
A causa do transtorno esquizoafetivo é desconhecida: pode ser um tipo de esquizofrenia, um tipo 
de transtorno do humor ou a expressão simultânea de ambos, bem como um terceiro tipo distinto 
de psicose → o mais provável é que essa categoria seja um grupo heterogêneo de condições. 
CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS 
• Os pacientes com transtorno esquizoafetivo são um grupo heterogêneo: alguns têm 
esquizofrenia com sintomas afetivos proeminentes, outros têm transtorno do humor com 
proeminência de sintomas de esquizofrenia, e outros apresentam uma síndrome distinta. 
A hipótese de que tenham ao mesmo tempo esquizofrenia e um transtorno do humor não se 
sustenta, porque a ocorrência conjunta é muito mais baixa do que a incidência do transtorno 
esquizoafetivo. 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
A. Um período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou 
maníaco concomitante com o Critério A da esquizofrenia. 
Nota: O episódio depressivo maior deve incluir o Critério A1: humor deprimido. 
B. Delírios ou alucinações por duas semanas ou mais na ausência de episódio depressivo maior 
ou maníaco durante a duração da doença ao longo da vida. 
C. Os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes na 
maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença. 
D. A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância (p. ex., droga de abuso, 
medicamento) ou a outra condição médica. 
8 Luísa Soares 
DURAÇÃO DOS EPISÓDIOS 
• Para satisfazer o Critério B (sintomas psicóticos na ausência de transtorno do humor), é 
importante saber quando o episódio afetivo termina e a psicose continua. 
• Para satisfazer o Critério C, a duração de todos os episódios de humor deve ser combinada e 
comparada com a duração total da doença. Se o componente de humor estiver presente para 
a maioria (> 50%) da doença total, então esse critério estará satisfeito. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCI AL 
O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui todas as possibilidades geralmente consideradas para 
transtornos do humor e para esquizofrenia. 
• Investigação médica completa para excluir causa orgânica; 
• Verificar história de uso de substâncias; 
Acredita-se que indivíduos que apresentam epilepsia com psicose tenham um melhor nível de 
funcionamento do que aqueles com transtornos do espectro da esquizofrenia. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• Dada a definição do diagnóstico, pode-se esperar que pacientes com transtorno 
esquizoafetivo tenham curso semelhante ao de um transtorno do humor episódico, um curso 
de esquizofrenia crônica ou algum desfecho intermediário. 
Presume-se que a presença crescente de sintomas de esquizofrenia esteja associada com um 
prognóstico pior. 
TRATAMENTO 
Os estabilizadores do humor são o pilar do tratamento para os transtornos bipolares, e é razoável 
supor que sejam importantes no tratamento de pacientes com transtorno esquizoafetivo. 
• Em episódios maníacos, indivíduos com transtorno esquizoafetivo devem ser tratados de 
maneira agressiva com dosagens de um estabilizador do humor na variação média a alta de 
concentração sanguínea terapêutica.• Quando os pacientes entram na fase de manutenção, a dosagem pode ser reduzida para a 
variação baixa a média para evitar efeitos adversos e possíveis efeitos em outros sistemas (p. 
ex., tireoide e rins) e para melhorar a facilidade de uso e a adesão. 
• Por definição, muitos pacientes com transtorno esquizoafetivo têm episódios depressivos 
maiores. O tratamento com antidepressivos espelha o tratamento da depressão bipolar. 
Deve-se ter cuidado para não precipitar um ciclo de mudanças rápidas da depressão para a 
mania com o antidepressivo. 
LINHAS FARMACOLÓGICAS 
• Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (p. ex., fluoxetina e sertralina) costumam 
ser usados como agentes de primeira linha, pois têm menos efeitos sobre o estado cardíaco 
e um perfil favorável na superdosagem. 
• Pacientes agitados ou insones podem se beneficiar de um agente tricíclico. 
• Como em todos os casos de mania intratável, o uso da ECT deve ser considerado. 
• Os agentes antipsicóticos são importantes no tratamento dos sintomas psicóticos do 
transtorno esquizoafetivo. 
9 Luísa Soares 
TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME 
INTRODUÇÃO 
O conceito de transtorno esquizofreniforme foi introduzido em 1939, por Gabriel Langfeldt (1895-
1983), para descrever uma condição com um início súbito e curso benigno associados com sintomas 
de humor e obnubilação da consciência. 
Os sintomas da doença são semelhantes aos da esquizofrenia; contudo, com o transtorno 
esquizofreniforme, os sintomas duram pelo menos um mês, mas menos de seis meses. 
Em contraste, para um paciente satisfazer os critérios diagnósticos para esquizofrenia, os sintomas 
devem estar presentes por pelo menos seis meses. 
Indivíduos com transtorno esquizofreniforme retornam a seu nível basal de funcionamento após a 
resolução do transtorno. 
EPIDEMIOLOGIA 
Ele é mais comum em adolescentes e adultos jovens, e sua incidência é menos da metade da 
esquizofrenia. Uma taxa cinco vezes maior do transtorno foi encontrada em homens em 
comparação a mulheres. Foram relatadas uma taxa de prevalência em um ano de 0,09% e uma taxa 
de prevalência ao longo da vida de 0,11%. 
ETIOLOGIA 
A causa do transtorno esquizofreniforme não é conhecida. 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de 
tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um 
deles deve ser (1), (2) ou (3): 
(1) Delírios. 
(2) Alucinações. 
(3) Discurso desorganizado (p. ex., descarrilamento ou incoerência frequentes). 
(4) Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. 
(5) Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia). 
B. Um episódio do transtorno que dura pelo menos um mês, mas menos do que seis meses. 
Quando deve ser feito um diagnóstico sem aguardar a recuperação, ele deve ser qualificado 
como “provisório”. 
C. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características 
psicóticas foram descartados porque 1) nenhum episódio depressivo maior ou maníaco 
ocorreu concomitantemente com os sintomas da fase ativa ou 2) se os episódios de humor 
ocorreram durante os sintomas da fase ativa, estiveram presentes pela menor parte da 
duração total dos períodos ativo e residual da doença. 
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou a outra condição médica. 
Este é um transtorno psicótico agudo de início rápido e com ausência de fase prodrômica longa. 
10 Luísa Soares 
Embora muitos indivíduos com o transtorno possam vivenciar comprometimento funcional na 
época de um episódio, é improvável que relatem um declínio progressivo no funcionamento social e 
ocupacional. 
O perfil de sintoma inicial é o mesmo da esquizofrenia, uma vez que dois ou mais sintomas 
psicóticos (alucinações, delírios, discurso e comportamento desorganizados ou sintomas negativos) 
devem estar presentes 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• É importante diferenciar transtorno esquizofreniforme de psicoses que podem se originar de 
condições clínicas. 
• A duração dos sintomas psicóticos é um fator que diferencia transtorno esquizofreniforme 
de outras síndromes: a esquizofrenia é diagnosticada se a duração das fases prodrômica, 
ativa e residual for maior que seis meses; sintomas que ocorrem por menos de um mês 
indicam um transtorno psicótico breve. 
Em geral, um diagnóstico desse transtorno não requer que um estressor maior esteja presente 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• É uma doença psicótica que dura mais de um mês e menos de seis meses. 
• A questão real é o que acontece às pessoas com a doença ao longo do tempo: a maioria das 
estimativas de progressão para esquizofrenia varia entre 60 e 80%; o que acontece aos outros 
20 a 40% atualmente não é conhecido. 
ATENÇÃO! Alguns terão um segundo ou terceiro episódio durante o qual irão deteriorar para uma 
condição mais crônica de esquizofrenia. Poucos, entretanto, podem ter apenas esse único episódio 
e então continuar com suas vidas. 
TRATAMENTO 
• A hospitalização, frequentemente necessária para tratar indivíduos com transtorno 
esquizofreniforme, permite a avaliação, o tratamento e a supervisão efetiva do 
comportamento do paciente. 
• Os sintomas psicóticos em geral podem ser tratados com um curso de 3 a 6 meses de 
medicamentos antipsicóticos (p. ex., risperidona). 
o Estudos mostraram que pacientes com esse transtorno respondem ao tratamento 
com antipsicóticos com muito mais rapidez do que os que apresentam esquizofrenia. 
▪ Em um estudo, cerca de 75% dos pacientes com transtorno 
esquizofreniforme e apenas 20% dos com esquizofrenia responderam a 
medicamentos antipsicóticos no período de oito dias. 
• O uso de lítio, carbamazepina ou valproato pode ser indicado para tratamento e profilaxia se 
o paciente tiver um episódio recorrente. 
• Psicoterapia costuma ser necessária para ajudar os pacientes a integrar a experiência 
psicótica em sua compreensão de suas próprias mentes e vidas. 
• A ECT pode ser indicada para alguns pacientes, especialmente para aqueles com aspectos 
catatônicos ou depressivos acentuados. 
A maioria dos pacientes com transtorno esquizofreniforme progride para esquizofrenia apesar do 
tratamento. Nesses casos, deve ser formulado um plano de tratamento consistente com uma 
doença crônica. 
 
11 Luísa Soares 
TRANSTORNO DELIRANTE 
INTRODUÇÃO 
Delírios são crenças fixas, falsas, que não estão de acordo com a cultura. 
• O diagnóstico de transtorno delirante é feito quando uma pessoa exibe delírios não bizarros 
de pelo menos um mês de duração que não podem ser atribuídos a outros transtornos. 
Não bizarro significa que o delírio deve ser sobre situações que podem ocorrer na vida real, tal como 
ser seguido, infectado, amado a distância, e assim por diante; ou seja, eles geralmente têm a ver 
com fenômenos que, mesmo não sendo reais, são possíveis. 
EPIDEMIOLOGIA 
• A prevalência de transtorno delirante nos Estados Unidos é estimada em 0,2 a 0,3%. 
• É muito mais raro do que a esquizofrenia, que tem uma prevalência de cerca de 1%, e do que 
os transtornos do humor, cuja prevalência é de cerca de 5%. 
• A incidência anual de transtorno delirante é de 1 a 3 novos casos por 100 mil pessoas. 
• A idade média de início é em torno dos 40 anos, mas varia entre os 18 e os 90 anos. 
• Existe leve preponderância de pacientes do sexo feminino. 
ETIOLOGIA 
Como com todos os transtornos psiquiátricos, a causa do transtorno delirante é desconhecida. 
• Os pacientes hoje classificados com o transtorno provavelmente apresentem um grupo 
heterogêneo de condições em que os delírios são o sintoma predominante. 
• O conceito central sobre a causa desse transtorno é sua distinção da esquizofrenia e dos 
transtornos do humor: ele é muito mais raro, com início mais tardio doque a esquizofrenia e 
predominância feminina menos pronunciada do que nos transtornos do humor. 
FATORES BIOLÓGICOS 
• As condições neurológicas mais comumente associadas com delírios afetam o sistema 
límbico e os gânglios da base. 
• O transtorno delirante pode surgir como uma resposta normal a experiências anormais no 
ambiente, no sistema nervoso periférico ou no sistema nervoso central (SNC). 
FATORES PSICODINÂMICOS 
• Os médicos têm uma forte impressão clínica de que muitos pacientes com transtorno 
delirante são socialmente isolados e atingiram níveis de realização mais baixos do que o 
esperado. 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
A. A presença de um delírio (ou mais) com duração de um mês ou mais. 
B. O Critério A para esquizofrenia jamais foi atendido. 
Nota: Alucinações, quando presentes, não são proeminentes e têm relação com o tema do delírio 
(p. ex., a sensação de estar infestado de insetos associada a delírios de infestação). 
12 Luísa Soares 
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus desdobramentos, o funcionamento não está 
acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é claramente bizarro ou esquisito. 
D. Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, eles foram breves em comparação com a 
duração dos períodos delirantes. 
E. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição 
médica, não sendo mais bem explicada por outro transtorno mental, como transtorno 
dismórfico corporal ou transtorno obsessivo-compulsivo. 
SUBTIPOS 
Tipo erotomaníaco: Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio é o de que outra pessoa 
está apaixonada pelo indivíduo. 
Tipo grandioso: Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio é a convicção de ter algum 
grande talento (embora não reconhecido), insight ou ter feito uma descoberta importante. 
Tipo ciumento: Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio do indivíduo é o de que o 
cônjuge ou parceiro é infiel. 
Tipo persecutório: Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio envolve a crença de que 
o próprio indivíduo está sendo vítima de conspiração, enganado, espionado, perseguido, envenenado 
ou drogado, difamado maliciosamente, assediado ou obstruído na busca de objetivos de longo prazo. 
Tipo somático: Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio envolve funções ou sensações 
corporais. 
Tipo misto: Esse subtipo aplica-se quando não há um tema delirante predominante. 
Tipo não especificado: Esse subtipo aplica-se quando a crença delirante dominante não pode ser 
determinada com clareza ou não está descrita nos tipos específicos (p. ex., delírios referenciais sem 
um componente persecutório ou grandioso proeminente). 
ESPECIFICADORES 
Com conteúdo bizarro: Os delírios são considerados bizarros se são claramente implausíveis, 
incompreensíveis e não originados de experiências comuns da vida (p. ex., a crença de um indivíduo 
de que um estranho retirou seus órgãos internos, substituindo-os pelos de outro sem deixar feridas 
ou cicatrizes). 
ESTADO MENTAL 
DESCRIÇÃO GERAL 
• Os pacientes costumam estar bem arrumados e bem vestidos, sem evidências de 
desintegração aparente da personalidade ou das atividades diárias, mas podem parecer 
excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis. 
• A característica mais notável de pacientes com transtorno delirante é que o exame do estado 
mental mostra que são bastante normais, exceto por um sistema delirante acentuadamente 
anormal. 
HUMOR, SENTIMENTOS E AFETO 
• O humor do indivíduo é compatível com o conteúdo de seus delírios. 
 
13 Luísa Soares 
DISTÚRBIOS PERCEPTUAIS 
• Por definição, pacientes com transtorno delirante não têm alucinações proeminentes ou 
contínuas. 
• Alguns têm outras experiências alucinatórias – em geral, mais auditivas do que visuais. 
PENSAMENTO 
O transtorno do conteúdo do pensamento, na forma de delírios, é o sintoma-chave do transtorno 
delirante. 
• Os delírios geralmente são sistematizados e caracterizados como possíveis (p. ex., delírios de 
ser perseguido, de ter um cônjuge infiel, de estar infectado com um vírus). 
o Esses exemplos de conteúdo delirante contrastam com o conteúdo delirante bizarro 
e impossível de alguns indivíduos com esquizofrenia. 
• O sistema delirante em si pode ser complexo ou simples. 
SENSÓRIO E COGNIÇÃO 
• Orientação: pacientes com transtorno delirante não costumam ter anormalidades na 
orientação, a menos que tenham um delírio específico sobre uma pessoa, lugar ou tempo. 
• Memória: a memória e outros processos cognitivos estão intactos em pacientes com 
transtorno delirante. 
• Controle dos impulsos: os médicos devem avaliar pacientes com transtorno delirante para a 
presença de ideação ou planos de agir segundo o material delirante por meio de suicídio, 
homicídio ou outra violência. 
• Julgamento e insight: pacientes com transtorno delirante praticamente não têm 
entendimento algum de sua condição e são quase sempre levados ao hospital pela polícia, 
por membros da família ou por empregadores. 
• Confiabilidade: pacientes com transtorno delirante tendem a fornecer informações 
confiáveis, exceto quando estas contrariam seu sistema delirante. 
TIPOS 
TIPO PERSECUTÓRIO 
• Os pacientes com esse subtipo estão convencidos de que estão sendo perseguidos ou 
prejudicados. 
• As crenças persecutórias muitas vezes estão associadas com rabugice, irritabilidade e raiva, 
e o indivíduo que se deixa levar pela raiva pode às vezes ser agressivo ou mesmo homicida. 
• Em contraste com os delírios persecutórios da esquizofrenia, a clareza, a lógica e a 
elaboração sistemática do tema persecutório no transtorno delirante são uma marca notável 
dessa condição. 
• A ausência de outra psicopatologia, de deterioração da personalidade ou de déficit na 
maioria das áreas de funcionamento também contrasta com as manifestações típicas da 
esquizofrenia. 
TIPO CIUMENTO 
• O transtorno delirante com delírios de infidelidade foi denominado paranoia conjugal quando 
limitado ao delírio de que o cônjuge foi infiel. 
• O delírio em geral afeta os homens, muitas vezes aqueles sem nenhuma história psiquiátrica. 
Pode aparecer subitamente e serve para explicar uma variedade de eventos presentes e 
passados envolvendo o comportamento do cônjuge. 
14 Luísa Soares 
TIPO EROTOMANÍACO 
• Na erotomania, que também tem sido referida como síndrome de Clérambault ou psychose 
passionelle, o indivíduo tem a convicção delirante de que outra pessoa, em geral de condição 
social superior, está apaixonada por ele(a). 
Esses pacientes também tendem a ser solitários, retraídos, dependentes e sexualmente inibidos, 
bem como a ter níveis baixos de funcionamento social ou ocupacional. 
• Os seguintes critérios operacionais foram sugeridos para o diagnóstico de erotomania: 
o (1) uma convicção delirante de comunicação amorosa, 
o (2) o objeto de posição muito superior; 
o (3) o objeto sendo o primeiro a se apaixonar; 
o (4) o objeto sendo o primeiro a tomar iniciativas; 
o (5) início súbito (em um período de sete dias); 
o (6) o objeto permanece inalterado; 
o (7) o paciente racionaliza o comportamento paradoxal do objeto; 
o (8) curso crônico; 
o (9) ausência de alucinações; 
Além de ser o sintoma-chave em alguns casos de transtorno delirante, sabe-se que ocorre também 
na esquizofrenia, no transtorno do humor e em outros transtornos orgânicos. 
TIPO SOMÁTICO 
O transtorno delirante com delírios somáticos foi chamado de psicose hipocondríaca 
monossintomática. 
• A condição difere de outros transtornos com sintomas hipocondríacos no grau de 
comprometimento da realidade. 
• No transtorno delirante, o delírio é fixo, indiscutível e apresentado de forma intensa, pois o 
paciente está totalmente convencido de sua natureza física; no entanto, pessoas com 
hipocondria muitas vezes admitem que seu medo da doençaé, em grande parte, infundado. 
• O conteúdo do delírio somático pode variar muito de caso para caso. Existem três tipos: 
o Delírios de infestação (incluindo parasitose); 
o Delírios de dismorfofobia, como deformidade, feiura e tamanho exagerado de partes 
do corpo (essa categoria parece mais próxima do transtorno dismórfico corporal); 
o Delírios de odores corporais desagradáveis ou halitose. 
TIPO GRANDIOSO 
• Delírios de grandeza (megalomania) têm sido observados há décadas. Neste caso, a pessoa 
acredita que é superior às outras pessoas, por ter um cargo importante ou por ter habilidades 
fantásticas, como ter superpoderes, ser Deus ou o presidente da república, por exemplo. 
TIPO MISTO 
• A categoria tipo misto aplica-se a pacientes com dois ou mais temas delirantes. Esse 
diagnóstico deve ser reservado para casos em que não predomine um único tipo de delírio. 
TIPO NÃO ESPECIFICADO 
• Essa categoria é reservada para casos em que o delírio predominante não se encaixa nas 
categorias anteriores. 
15 Luísa Soares 
TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE 
INTRODUÇÃO 
• O transtorno psicótico breve é definido como uma condição psicótica que envolve o início 
súbito de sintomas psicóticos que duram um dia ou mais, mas menos de um mês. 
• A remissão é completa, e o indivíduo retorna ao nível de funcionamento pré-mórbido. 
• É uma síndrome psicótica aguda e transitória. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Ocorre com maior frequência entre indivíduos mais jovens (na segunda e terceira décadas de 
vida) do que entre os mais velhos. É mais comum em mulheres do que em homens. 
• A idade de início em países industrializados pode ser mais alta. 
• Pessoas que passaram por estressores psicossociais importantes podem ter um risco maior 
de transtorno psicótico breve subsequente. 
COMORBIDADE 
• O transtorno é observado com frequência em pacientes com transtornos da personalidade 
(mais comumente histriônica, narcisista, paranoide, esquizotípica e borderline). 
ETIOLOGIA 
A causa do transtorno psicótico breve é desconhecida. 
• Pacientes que têm um transtorno da personalidade podem apresentar uma vulnerabilidade 
biológica ou psicológica para o desenvolvimento de sintomas psicóticos, particularmente 
aqueles com qualidades borderline, esquizoide, esquizotípica ou paranoide. 
DIAGNÓSTICO 
• Um diagnóstico de transtorno psicótico breve é apropriado quando os sintomas psicóticos 
duram pelo menos um dia, mas menos de um mês, e não estão associados com um transtorno 
do humor, com um transtorno relacionado a substâncias ou com um transtorno psicótico 
causado por uma condição clínica geral. 
• Há três subtipos desse transtorno: 
o (1) a presença de um estressor; 
o (2) a ausência de um estressor; 
o (3) um início no período pós-parto. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Os sintomas do transtorno psicótico breve sempre incluem pelo menos um sintoma 
importante de psicose, como alucinações, delírios e pensamentos desorganizados, 
geralmente com início repentino, mas nem sempre incluem todo o padrão da esquizofrenia. 
• Alguns médicos observaram que humor lábil, confusão e comprometimento da atenção 
podem ser mais comuns no início do transtorno psicótico breve. 
Os sintomas característicos do transtorno psicótico breve incluem volatilidade emocional, 
comportamento estranho ou bizarro, gritos ou mutismo e memória comprometida para eventos 
recentes. Alguns dos sintomas sugerem um diagnóstico de delirium e justificam uma pesquisa 
clínica, especialmente para excluir reações adversas a medicamentos. 
16 Luísa Soares 
ESTRESSORES PRECIPITANTES 
• Os exemplos mais claros de estressores precipitantes são eventos de vida importantes que 
causariam impacto emocional significativo a qualquer pessoa. 
• Esses eventos incluem a perda de um membro da família ou um acidente automobilístico 
grave; a gravidade do evento deve ser considerada em relação à vida do paciente. 
• Outros entendem que o estressor pode ser uma série de eventos modestamente estressantes, 
em vez de um único acontecimento com estresse acentuado. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
O curso do transtorno psicótico breve é de menos de um mês. 
• O desenvolvimento de um transtorno psiquiátrico tão expressivo pode significar 
vulnerabilidade mental do indivíduo. 
• A duração dos sintomas agudos e residuais muitas vezes é de apenas alguns dias. 
• Às vezes, sintomas depressivos surgem depois da resolução dos sintomas psicóticos. 
o O suicídio é uma preocupação tanto durante a fase psicótica quanto durante a fase 
depressiva pós-psicótica. 
TRATAMENTO 
HOSPITALIZAÇÃO 
• Um paciente com psicose aguda pode necessitar de hospitalização breve tanto para 
avaliação como para proteção. 
• A avaliação requer o monitoramento rigoroso dos sintomas e a estimativa do nível de perigo 
do paciente para si mesmo e para os outros. 
o O ambiente calmo e estruturado de um hospital pode ajudar na recuperação do senso 
de realidade. 
FARMACOTERAPIA 
As duas principais classes de medicamentos a serem consideradas no tratamento de transtorno 
psicótico breve são os antipsicóticos e os benzodiazepínicos. 
ANTIPSICÓTICOS 
• Um agente de alta potência, como haloperidol, ou um agonista de serotonina-dopamina, 
como ziprasidona, podem ser utilizados. 
ATENÇÃO! Para pacientes com alto risco de desenvolvimento de efeitos adversos extrapiramidais 
(p. ex., homens jovens), um antagonista de serotonina-dopamina deve ser administrado como 
profilaxia contra sintomas de transtorno do movimento induzidos pela medicação. 
BENZODIAZEPÍNICOS 
Os benzodiazepínicos são um recurso no tratamento de curto prazo da psicose. 
• Ainda que tenham pouca ou nenhuma utilidade no tratamento a longo prazo dos transtornos 
psicóticos, eles podem ser eficazes por um período curto e estão associados a menos efeitos 
adversos do que os antipsicóticos. 
O uso de outros agentes, embora relatado em estudos de caso, não foi ratificado em nenhum 
estudo de larga escala. 
17 Luísa Soares 
PSICOTERAPIA 
• Mesmo que a hospitalização e a farmacoterapia possivelmente controlem situações de curto 
prazo, a parte mais difícil do tratamento é a integração psicológica da experiência (e do 
trauma precipitante, caso exista um) na vida dos pacientes e de suas famílias. 
• A psicoterapia é útil como uma oportunidade para discutir os estressores e o episódio 
psicótico. 
• A exploração e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento são os principais tópicos 
na psicoterapia. 
• Questões associadas incluem ajudar os pacientes a lidar com a perda da autoestima e 
recuperar a autoconfiança. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Aula do Prof° Vitor Calegaro. 
Compêndio de Psiquiatria, Kaplan e Sadock.

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