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Emanuelly Lopes Cardoso Transtornos Psicóticos Síndromes psiquiátricas importantes são: Transtorno esquizofreniforme = idênticos aos da esquizofrenia, exceto que estiveram presentes, no mínimo, por um mês, porém menos de seis meses. Transtorno esquizoafetivo = caracteriza-se pela presença de uma síndrome completa de sintomas tanto de esquizofrenia quanto de trans- torno do humor. Transtorno delirante = transtorno crônico + caracterizado pela presença de delírios como o sintoma predominante. Transtorno psicótico breve = caracteriza-se, primariamente, pela curta duração (pelo menos um dia, mas menos de um mês) dos sintomas esquizofrênicos. TRANSTORNOS PSICÓTICOS ATÍPICOS Tipos e Epidemiologia Transtorno Psicótico Devido a Uma Condição Médica Geral e Transtorno Psicótico Induzido Por Substância Avaliação de um paciente psicótico exige a consideração da possibilidade de que os sintomas psicóticos sejam decorrentes de uma condição médica geral ou ingestão de uma substância. Inexistem dados epidemiológicos relevantes acerca do transtorno psicótico devido a uma condição médica geral e transtorno psicótico induzido por substância. São encontrados mais frequentemente em pacientes que abusam em longo prazo de álcool ou outras substâncias. Síndrome delirante que pode acompanhar convulsões parciais complexas é mais comum em mulheres que em homens. Etiologia Condições físicas Neoplasias cerebrais (áreas occipital ou temporal) podem provocar alucinações. Privação sensorial (pessoas cegas e surdas) pode resultar em experiências alucinatórias ou delirantes. Lesões envolvendo o lobo temporal e outras regiões cerebrais (hemisfério direito e o lobo parietal) = associadas com delírios. Substâncias psicoativas são causas comuns de síndromes psicóticas. Substâncias mais comumente envolvidas = álcool, alucinógenos indólicos (dietilamida do ácido lisérgico (LSD) anfetamina, cocaína, m escalina, fenciclidina (PCP) e cetamina); Substâncias incluindo esteróides e tiroxina = podem estar associadas com alucinações induzidas por substâncias. Transtorno Depressivo Pós-psicótico da Esquizofrenia Sintomas depressivos após um episódio psicótico em um paciente esquizofrênico; Ausência de critérios específicos de diagnóstico = incidência relatada de depressão pós- psicótica da esquizofrenia varia de menos de 10 a mais de 70%; Estimativa razoável obtida é de cerca de 25%; Transtorno Deteriorante Simples (Esquizofrenia Simples) Sintomas similares aos sintomas deficitários e declínio cognitivo da esquizofrenia; Alucinações e delírios não fazem parte do padrão sintomático; O termo “esquizofrenia simples” pode implicar incorretamente uma relação estreita com a esquizofrenia = estigmatização indevidas dos pacientes que recebem o diagnóstico; Os critérios podem definir um grupo superinclusivo de pacientes talvez melhor classificados como tendo transtorno depressivo maior + transtorno distímico + abuso de substância + transtorno da personalidade. A falta de uma literatura científica, envolvendo os critérios, limita sua utilidade em termos de precisão de prognóstico e sugestões de tratamento. A categoria diagnostica pode ter implicações prognostica e terapêuticas Transtorno Psicótico Com partilhado (Foulie à Deux) Transtorno raro Sintomas psicóticos desenvolveram-se durante um relacionamento de longo prazo com outra pessoa que apresentava uma síndrome psicótica similar antes de iniciarem os sintomas no paciente com o transtorno psicótico compartilhado; Envolve 2 pessoas: 1 dominante (indutor/ principal/ paciente primário) + 1 submisso (paciente com o transtorno psicótico compartilhado); Esta síndrome também recebem as denominações de insanidade comunicada, insanidade contagiosa, insanidade contagiosa, psicose de associação e insanidade dupla. Folie imposée = forma mais comum e clássica do transtorno -> pessoa dominante desenvolve um sistema delirante que progressivamente impões a outra = a separação provoca melhora dos sintomas na pessoa submissa; Folie simultanée = sistemas delirantes desenvolvem-se independente em duas pessoas estreitamente ligadas -> a separação não causa melhora nos pacientes; Folie comuniquée = pessoa dominante está envolvida na indução de um sintoma semelhante na pessoa submissa (desenvolve seu próprio sistema delirante + não presenta remissão após a separação das partes) Folie induite = pessoa delirante amplia seus delírios ao tomar para si os de uma segunda pessoa; Os vários tipos de folie são difíceis de diferenciar na prática -> mais interessa histórico que clínico; Mais de 95% dos casos envolvem dois membros da mesma família; 1/3 dos casos envolvem 2 irmãs + 1/3 = marido e mulher + 1/3 = mãe e filho/filha; Dois irmãos, um irmão e uma irmã, e um pai e seu filho ou filha = são relatados com menor frequência; Indivíduo dominante, em geral, é portador de esquizofrenia ou transtorno psicótico similar; 25% dos casos = pessoa submissa é portadora de deficiências físicas (surdez) + doenças cérebro vasculares + incapacitações que aumentam a dependência com individuo dominante; Mais comum em grupos socioeconômicos inferiores + e em mulheres; Psicose Autoscópica Consiste em experiências alucinatórias nas quais o corpo é percebido como se estivesse aparecendo em um espelho; Espectro incolor e transparente + com nitidez + aparece subitamente e sem aviso + imita os movimentos do indivíduo; O fantasma (parte do corpo) tende a aparecer subitamente e sem aviso Raro + sexo, idade, hereditariedade e inteligência = não tem relação com sua ocorrência; Algum as pessoas têm esta experiência apenas uma vez na vida, mas outras a têm mais frequentemente. Emanuelly Lopes Cardoso SÍNDROMES PSICÓTICAS LIGADAS A CULTURA Síndrome de Capgras Sintoma característico = delírio de que outras pessoas foram substituídas por impostores que assumem os papéis da pessoa que personificam e comportam-se de maneira idêntica; Síndrome rara + mais frequente entre mulheres Ás vezes é classificada como um transtorno delirante, podendo ser uma manifestação da esquizofrenia em algumas pessoas; Síndrome de Cotard Paciente queixa-se de ter perdido as posses, status, força, coração sangue e intestinos; Mundo além dele é resumido a nada; Síndrome percursora de um episódio esquizofrênico ou depressivo; Relativamente rara -> com a difusão das drogas antipsicóticas a frequência diminui; Esquizofrenia atípica. Forma particular de esquizofrenia; Pacientes apresentam crises periódicas de catatonia estuporosa ou excitada que estão relacionadas a alterações metabólicas no equilíbrio do nitrogênio; É rara + respondem bem aos agentes antipsicóticos convencionais + prevenida pela medicação de manutenção; Se as síndromes são específicas e limitadas a determinadas culturas é possível que fatores culturais ou biológicos específicos estejam contribuindo para psicose; São formas de diagnósticos convencionais + sua existência sugere que o conteúdo dos delírios e alucinações são fortemente influenciados pela sociedade e cultura; Amok Amok = entrar furiosamente em batalha; Síndrome de Amok = súbita e injustificada explosão de raiva (ira) que faz o individuo ataque, mutile ou mate indiscriminadamente qualquer pessoa ou animal que esteja em seu caminho; O ataque homicida é precedido por um período de preocupação e ligeira depressão; Após o ataque o indivíduo sente-se exausto + apresenta completa amnésia para o episódio + comete suicídio; Pessoas que padecem de esquizofrenia + transtorno bipolar + um transtorno depressivo; A causa pode ser uma condição médica geral, como epilepsia ou outra lesão cerebral; Explicação cultural = uma cultura que impõe restrições rígidas sobre adolescente e adultos mas permite que as crianças deem plena manifestação a sua agressividade pode estar propensa a reações psicopatológicas do tipo Amok; Crença na possessão mágica por demônios e espíritos maus (culturas primitivas) = outro fator cultural que contribui para o desenvolvimento da síndrome do amok. O único tratamento imediato consiste em conter o indivíduo com amok, obtendo completo controle físico sobre ele. O ataque termina em algumas horas -> depois disso, o paciente pode necessitar de tratamento para um transtorno psicótico crônico (causa básica); Koro Delírio de que o pênis do paciente está encolhendo e desaparecerá dentro de seu abdome causando a morte; Ocorre em populações do sudeste asiático e áreas da China; Mulheres = encolhimento da vulva, lábios e seios; Transtorno psicogênico resultante de fatores culturais + sociais + psicodinâmicos em personalidades predispostas; Temores culturalmente elaborados sobre polução noturna, masturbação e excessiva permissividade sexual parecem dar surgimento à condição; Transtorno delirante ou sintoma de um outro transtorno psicótico; TTO = psicoterapia, drogas antipsicóticas, terapia eletroconvulsiva (poucos casos); Pacientes que tem sintomas psicóticos, mas não satisfazem os critérios diagnósticos para outros transtornos psicóticos especificamente definidos; O diagnóstico de transtorno psicótico sem outra especificação pode ser usado quando não se dispõe de informações suficientes para fazer um diagnóstico específico. Psicose Pós-parto Síndrome caracterizada por depressão + delírios + pensamentos da mãe sobre ferir o bebê ou a si mesma; Ideação de suicídio ou infanticídio = deve ser monitorada; Estreita relação entre a psicose pós-parto e transtornos do humor (T. bipolares + T. depressivo maior); Incidência de 1:1000 partos; 50-60% das mulheres afetadas são primíparas e 50% envolvem partos associados a complicações perinatais não-psiquiátricas; 50% das mulheres tem uma história familiar de transtornos de humor; Casos raros afetam os pais -> marido sente-se deslocado pela criança e torna-se competitivo pelo amor e atenção da mãe + pai precede de um transtorno mental coexistente (exacerbado pela paternidade); TRANSTORNO PSICOTICO SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO Emanuelly Lopes Cardoso Transtorno Esquizofreniforme Idêntico em todos os aspectos a esquizofrenia -> exceto pela duração de seus sintomas (mínimo 1 mês, máximo 6); Pacientes retornam a seu nível de funcionamento básico após a resolução do transtorno esquizofreniforme; Incidência + prevalência + razão entre os sexos = não relatos; Mais comum em adolescentes e adultos jovens; Transtorno Esquizoafetivo Tem características da esquizofrenia e dos transtornos afetivos (T. de humor); Melhor diagnóstico para pacientes cuja síndrome clínica seria distorcida se fosse considerada apenas como esquizofrenia ou transtorno do humor; Prevalência de menos de 1% -> 0,5-0,8%; Prática clínica -> um diagnóstico preliminar de transtorno esquizoafetivo é frequentemente usado caso haja dúvidas quanto ao diagnóstico. Prevalência maior em mulheres -> principalmente mulheres casadas; Idade de inicio em mulheres é mais tardia do que para os homens; Os homens com transtorno esquizoafetivo tendem a exibir um comportamento antissocial e a ter acentuado embotamento ou inadequação do afeto. Transtorno Delirante Sintomas predominantes = delírios; Era chamado de paranoia ou transtorno paranoide -> implicam incorretamente que os delírios sejam sempre de conteúdo persecutórios = não é o caso; Delírios são grandiosos, eróticos, de ciúme somáticos e mistos (em seu conteúdo primário); O transtorno delirante deve ser diferenciado tanto dos transtornos do humor quanto da esquizofrenia; Os pacientes por ter humor consistente com o conteúdo de seus delírios, mas ele não evidenciam toda a gama de sintomas afetivos vistos nos transtornos de humor; Estes pacientes diferem dos pacientes esquizofrênicos no que diz respeito à natureza não-bizarra de seus delírios; Pacientes com transtorno delirante não apresentam outros sintomas vistos na esquizofrenia (alucinações proeminentes, embotamento afetivo e sintomas adicionais de transtorno do pensamento); Avaliação é dificultada pelos seguintes fatores: raridade do transtorno + mudanças na definição + é sub-relatado (pacientes raramente buscam o auxílio psiquiátrico); Presente na população em taxa relativamente constante; Prevalência de 0,025-0,03%; Muito mais raro que a esquizofrenia (prevalência de 1%) e transtorno do humor (5%); Incidência anual 1-3 novos casos por população de 100.000 indivíduos -> cerca de 4% de todas as primeiras admissões em hospitais psiquiátricos por psicoses não devido a uma condição médica geral ou substância; Idade média de início = 40 anos -> varia dos 25-90 anos; Muitos pacientes são casados e têm emprego fixo, e pode haver alguma associação com imigração recente ou baixa situação socioeconômica; Transtorno Psicótico Breve Transtorno com curta duração (inferior a 1 mês e pelo menos 1 dia) + sintomas podem ou não reunir os critérios de diagnóstico para esquizofrenia; Desenvolvido em resposta a um severo estressor psicológico ou grupo de estressores; Estimativas confiáveis sobre a incidência, prevalência, proporção entre os sexos e idade média de início para o transtorno não estão disponíveis; Transtorno incomum; Mais comum em indivíduos jovens + classe socioeconômica mais baixa + pacientes com transtornos de personalidade preexistentes (histriônica, narcisista, paranoide, esquizotípica e borderline) + pessoas que passaram por desastres ou importantes mudanças culturais (imigrantes); Esquizofrenia Epidemiologia Prevalência de 1-1,5%; 0,025-0,05% da população total recebem tratamento para esquizofrenia -> 2/3 necessitam de hospitalização - > metade de todos os pacientes esquizofrênicos obtém tratamento; Idade e Sexo Igual prevalência em homens e mulheres -> diferem no inicio e curso da doença; Homens = inicio precoce -> antes dos 25 anos -> idades de pico de início = 15-25 anos e 25-35 anos; Início antes dos 10 anos e após os 50 anos é extremamente raro; Homens são mais propensos a sofrerem comprometimento pelos sintomas negativos; Mulheres são mais propensas a terem um melhor funcionamento social; O resultado para as mulheres é melhor. Sazonalidade do Nascimento Indivíduos nascidos no inverno e início da primavera -> maior probabilidade de apresentarem esquizofrenia; Indivíduos nascidos no final da primavera e no verão apresentam menor possibilidade; Hemisfério norte = indivíduos esquizofrênicos haviam nascido mais frequentemente nos meses de janeiro a abril. Hemisfério sul = indivíduos esquizofrênicos haviam nascido, com maior freqüência, nos meses de julho a setembro. Hipóteses = operação de algum fator de risco -> vírus ou mudança sazonal da dieta + predisposição genética esquizofrenia têm uma vantagem biológica aumentada para a sobrevivência a insultos específicos à estação. Distribuição Geográfica Não se distribui homogeneamente pelas regiões do mundo; Algumas regiões geográficas do mundo tem uma prevalência alta de esquizofrenia -> devido a uma causa infecciosa (interpretação de alguns autores); Taxas de Reprodução Uso de drogas psicoterapêuticas + politicas de portas abertas nos hospitais + desinstitucionalização noshospitais públicos +ênfase sobre a reabilitação e cuidados comunitários para pacientes com esquizofrenia -> levaram a um aumento geral nos índices de casamento e fertilidade entre as pessoas esquizofrênicas Taxa de fertilidade das pessoas esquizofrênicas atualmente está próxima à taxa da população geral Doenças Não-psiquiátricas Esquizofrênicos apresentam maior índice de mortalidade por acidentes e causas naturais do que a população geral -> não explicados por variáveis relacionadas à institucionalização ou tratamento; Os índices mais elevados podem estar relacionados ao fato do diagnóstico e tratamento de condições médicas e cirúrgicas nos pacientes esquizofrênicos constituírem um desafio clínico. Até 80% de todos os pacientes esquizofrênicos têm doenças não-psiquiátricas significativas e que até 50% dessas condições podem deixar de ser diagnosticadas. SÍNDROMES PSIQUIÁTRICAS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA Esquizofrenia + transtornos esquizofrênicos = grupo de distúrbios mentais graves + sem sintomas patognomônicos + caracterizados por distorções do pensamento e da percepção por inadequação e embotamento do afeto sem prejuízo da capacidade intelectual (ao longo do tempo podem aparecer prejuízos cognitivos); Não é uma dupla personalidade; É chamada esquizo (fragmentada ou partida) frenia (mente) porque faz com que suas vítimas sofram profundas deficiências na capacidade de pensar com clareza e sentir emoções normais. Atinge as pessoas no exato momento de preparação para entrar na fase de suas vidas em que podem alcançar seu maior crescimento e produtividade -> deixando a maioria delas incapaz de retornar à vida adulta normal: estudar, trabalhar, casar e ter filhos; Emanuelly Lopes Cardoso Suicídio Causa comum de morte entre pacientes esquizofrênicos -> médicos costumam associar o suicídio com transtornos de humor do que com os pacientes psicóticos; 50% dos pacientes tentam suicídio pelo menos 1x durante a vida -> 10-15% morrem durante o seguimento de 20 anos; Ambos os sexos estão propensos ao suicídio; Fatores de Risco: sintomas depressivos + pouca idade + altos níveis de funcionamento pré-mórbido (formação universitária); Uso e Abuso Associados de Substâncias Tabagismo = mais de ¾ dos pacientes esquizofrênicos fumam + está associado com o uso de altas doses de drogas antipsicóticas (hábito de fumar aumenta o metabolismo dessas drogas); Abuso de substâncias = cerca de 30-50% dos pacientes esquizofrênicos podem reunir os critérios diagnósticos para abuso de álcool ou dependência de álcool; As substâncias são cannabis (15-25%) e cocaína (5-10%); Pacientes usam as drogas para reduzir os sintomas de depressão e ansiedade; Indicador de mau prognóstico; Densidade Populacional Prevalência de esquizofrenia tem sido correlacionada com a densidade populacional local em cidades com mais de 1 milhão de habitantes; Correlação mais fraca são cidades com populações de 100.000 a 500.000 habitantes + inexistente em cidades com menos de 10.000 habitantes; Incidência de esquizofrenia em filhos de um ou ambos os pais esquizofrênicos é 2x maior nas cidades do que em áreas rurais -> os estressores sociais podem afetar o desenvolvimento da esquizofrenia em pessoas de risco. Considerações Culturais e Socioeconômicas Esquizofrenia = presente em todas as culturas e grupos socioeconômicos; Nações industrializadas = número desproporcional de pacientes encontra-se nos grupos socioeconômicos inferiores -> hipótese da mobilidade descendente = pessoas afetadas movem-se para um grupo socioeconômico mais baixo ou deixam de sair desses grupos mais baixos em virtude da doença; Explicação alternativa = estresses vivenciados por essas pessoas contribuem para o desenvolvimento da esquizofrenia + o estresse da industrialização causa esquizofrenia; Alta prevalência em imigrantes recentes -> mudança cultural abrupta como um estressor; Prevalência aumenta entre as populações dos países em desenvolvimento a medida que aumenta o contato com culturas tecnologicamente avançadas; Culturas podem ser esquizofrenogênicas -> depende de como a doença mental é percebida na cultura + da natureza do papel do paciente + do sistema disponível de suporte social e familiar + da complexidade da comunicação social; É prognosticamente benigna em nações menos desenvolvidas onde os pacientes são reintegrados às suas comunidades e famílias mais completamente do que nas sociedades ocidentais altamente civilizadas. Desabrigados = relação com a alta hospitalar de pacientes esquizofrênicos que não estavam adequadamente engajados num serviço de acompanhamento + estima- se que a porcentagem seja de 30-60%. Leitos em Hospitais Psiquiátricos Desenvolvimento de drogas antipsicóticas efetivas + mudanças nas atitudes políticas e populares em relação ao tratamento e direitos dos doentes mentais -> mudança nos padrões de hospitalização para pacientes esquizofrênicos nas últimas quatro décadas. A probabilidade de reinternação dentro dois anos após a alta da primeira hospitalização = 4-60%. Pacientes esquizofrênicos ocupam cerca de 50% de todos os leitos de hospitais psiquiátricos + respondem por cerca de 16% de todos os pacientes psiquiátricos que recebem qualquer tipo de tratamento. Fatores de risco Associação genética Parentes de primeiro grau de um paciente esquizofrênico = 10% (prevalência); Taxa de concordância para gêmeos monozigóticos é de 44% -> o fato de que ser gêmeo monozigótico de um paciente esquizofrênico constitui o maior fator de risco isolado para esquizofrenia; A herdabilidade para esquizofrenia = 0,83, uma das mais altas taxas entre todas as doenças psiquiátricas; A carga genética vista isoladamente não determina o desenvolvimento da doença -> favorece um modelo aditivo de interação entre fatores genéticos e ambientais. Fatores de risco precoces - Complicações obstétricas Reportadas em até 20% dos casos envolvendo pacientes esquizofrênicos; Indivíduos do sexo masculino que apresentaram retardo no crescimento uterino = risco 3x maior; Essas complicações levariam a um dano ao cérebro que predisporia ao desenvolvimento da esquizofrenia -> hipóxia/isquemia. Fatores de risco na infância Crianças que apresentam parentes de primeiro grau esquizofrênicos = observadas alterações de função executiva, atenção, linguagem receptiva e desenvolvimento cognitivo; Maior prevalência de alterações comportamentais, como ansiedade social e retraimento, e outras características esquizotípicas; Alterações = expressão de redes neuronais aberrantes em desenvolvimento, sendo o surgimento da psicose um evento último numa maturação cerebral anormal. Fatores de risco tardios – Uso de maconha Hipótese da automedicação = uso de maconha pelos pacientes para aliviar sintomas negativos (ansiedade, depressão e efeitos adversos dos antipsicóticos); Hipótese de vulnerabilidade = maconha funciona como fator de risco para o desenvolvimento da esquizofrenia -> o uso da maconha precede o surgimento da doença + está relacionado a um risco maior de desenvolvê-la; Uso de maconha aumenta 3x a chance de desenvolver esquizofrenia ou transtorno esquizofreniforme; É necessária a ocorrência simultânea de outros fatores de risco; A interação genes-fatores ambientais deve ocorrer em etapas específicas do desenvolvimento para a gênese da esquizofrenia. Manifestações Clínicas Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico de esquizofrenia; Cada sinal ou sintoma visto na esquizofrenia pode ser encontrado em outros transtornos psiquiátricos e neurológico; Os sintomas podem mudar com o tempo -> um paciente pode ter alucinações intermitentes e variações em sua capacidade de comportar-se em situações sociais + sintomas sugestivos de um T. de humor podem ir e vir durante o curso da esquizofrenia; É precisolevar em conta o nível educacional + capacidade intelectual + afiliação cultural e subcultural do paciente -> comprometimento de compreender conceitos abstratos pode refletir na escolaridade ou inteligência do paciente; Alterações em quase todas as funções da esfera psíquica -> percepção, pensamento, linguagem, memória e funções executivas. Os sintomas podem ser divididos em dois grupos: sintomas positivos e negativos: Sintomas positivos = presença de manifestações psíquicas que deveriam estar ausentes; Sintomas negativos = ausência de manifestações psíquicas que deveriam estar presentes. Emanuelly Lopes Cardoso Teorias de neurotransmissores Teoria dopaminérgica Antipsicóticos agem por intermédio do antagonismo de receptores dopaminérgicos -> causam um aumento compensatório nos níveis de dopamina; Anfetaminas são utilizadas como drogas de abuso + podem induzir quadros psicóticos em indivíduos sem patologia psiquiátrica prévia e precipitar crises em pacientes com esquizofrenia; Atuam por meio da inibição do transportador de dopamina e do transportador vesicular de monoaminas -> leva à liberação de dopamina armazenada nos neurônios pré-sinápticos. Antipsicóticos eram capazes de inibir a ativação e os movimentos estereotipados induzidos por anfetaminas; Há uma relação entre a potência dos diferentes antipsicóticos e sua afinidade pelos receptores dopaminérgicos D2; Há um maior aumento da liberação da dopamina após a administração de anfetamina em pacientes com esquizofrenia; Hipofunção dopaminérgica no córtex pré-frontal responsável pelos sintomas negativos + um evento primário na esquizofrenia -> leva a uma hiperfunção dopaminérgica secundária no estriado -> leva ao surgimento dos sintomas positivos; A teoria dopaminérgica quando vista isoladamente é falha em explicar algumas questões, tais como: o porquê de o início dos sintomas ocorrer usualmente na adolescência e no começo da vida adulta, como se dão as alterações estruturais cerebrais e os prejuízos cognitivos e o motivo de os antipsicóticos não serem igualmente eficazes sobre sintomas negativos. Fisiopatologia Teoria serotoninérgica Uso de LSD causa sintomas como desrealização, despersonalização e alucinações visuais, experiências semelhantes a alguns sintomas da esquizofrenia -> esses efeitos se dão por intermédio do antagonismo de receptores serotoninérgicos; Hipótese = déficit de serotonina na patogênese da esquizofrenia; As evidências em favor da teoria dopaminérgica fizeram com que essa ideia fosse colocada de lado até o final da década de 1980, quando surgiram os antipsicóticos atípicos. Esses antipsicóticos apresentavam ações antipsicótica com baixa capacidade de induzir sintomas extrapiramidais + afinidade maior por receptores serotoninérgicos do que por receptores dopaminérgicos; Ação serotoninérgica seria responsável por um melhor efeito sobre sintomas negativos e teria reações protetoras sobre a indução de sintomas extrapiramidais; Discordância dessa observação -> de acordo com as seguintes evidencias: a) Antipsicóticos típicos mostram grau comparáveis aos atípicos de ocupação 5-HT2A; b) A ocupação máxima 5-HT2A é obtida com doses de atípicos que não são antipsicóticas e os atípicos só se tornam efetivos quando a ocupação de D2 excede 65%, limiar que não difere do necessário para a ação do haloperidol. Teoria glutamatérgica Infusão intravenosa de ketamina em indivíduos normais induz delírios, desorganização, ilusões visuais e auditivas e um estado amotivacional marcado por embotamento afetivo, isolamento e retardo psicomotor. Os sintomas psicóticos são menos frequentes em crianças do que em adultos, sugerindo uma dependência da idade semelhante para a ação dos antagonistas NMDA e o início da esquizofrenia. Estudos post-mortem = alteração na densidade de receptores glutamatérgicos e em sua composição no córtex pré-frontal, tálamo e lobo temporal, áreas que apresentam ativação diminuída durante testes de performance em esquizofrênicos. Demonstrações de interligação dos sistemas glutamatérgico e dopaminérgico = são conceitos complementares na compreensão da patogênese da esquizofrenia. Glutamato tem um papel importante na migração neuronal, no desenvolvimento de neurites, na sinaptogênese e na poda neuronal por apoptose. Há uma grande diversidade de subtipos de receptores glutamatérgicos que são codificados geneticamente cuja expressão pode ser alterada por fatores ambientais durante o desenvolvimento cerebral -> cria um modelo de disfunção glutamatérgica para a interação de fatores de risco genéticos e ambientais observados na esquizofrenia; Outros neurotransmissores Adenosina = ação modulatória sobre os sistemas glutamatérgicos e dopaminérgicos -> seu aumento durantes as fases iniciais do desenvolvimento cerebral = relacionado ao alargamento ventricular + alterações difusas de substância branca e cinzenta + redução do volume axonal; Hipóxia + convulsões + infecções + traumas -> aumentam os níveis de adenosina; Tratamentos farmacológicos que aumentam a atividade de adenosina têm se mostrado efetivos quanto à redução de sintomas positivos em pacientes esquizofrênicos Há evidências do envolvimento de neurotransmissores colinérgicos; Hipótese Neurodesenvolvimental Proliferação neuronal + das células da glia + migração celular + diferenciação morfológica e bioquímica + formação de sinapses = dependem de interações intracelulares com o ambiente celular -> determinam cada fase do processo de desenvolvimento cerebral; Uma variação genética ou um fator ambiental -> leva a uma cadeia de eventos -> ocorrendo numa fase sensível -> podem determinar um desenvolvimento cerebral alterado -> provocando uma estrutura mais vulnerável ao surgimento e perpetuação da psicose e/ou de outros sintomas que compõem a esquizofrenia. É dificil estabelecer uma causa única; São necessários fatores predisponentes (genéticos, constitucionais, bioquímicos) + fatores ambientais para o desenvolvimento da doença; Hipótese dopaminérgica = dopamina (neurotransmissor central liberado em vesículas nas sinapses do SNC) + envolvimento dos sistemas mesolímbico e mesocortical; A mediação antipsicóticas bloqueia os receptores pós-sinápticos da dopamina do subtipo D2 -> melhora a sintomatologia; A administração de agonistas da dopamina piora a sintomatologia; Antipsicóticos “de segunda geração” (atípicos)-> possuem perfil mais amplo + além do bloqueio dos receptores da dopamina, há o bloqueio dos receptores da serotonina do tipo 2 (5-HT2) -> sugere um papel para a serotonina na fisiopatologia da esquizofrenia. Glutamato = relacionado ao desenvolvimento da esquizofrenia; Hipótese glutamatérgica -> quantidades excessivas desse neurotransmissor são liberadas e exercem um efeito neurotóxico que desencadeia os sintomas da esquizofrenia. Há um questionamento sobre o fato de a teoria dopaminérgica ser a única disfunção relacionada à esquizofrenia. História Natural A história natural da esquizofrenia pode ser dividida em quatro fases: pré-mórbida, prodrômica, progressão e estabilização. Fase pré-mórbida -> baixa sociabilidade + predileção por atividades solitárias ou ansiedade social + alterações cognitivas (principalmente déficits de memória verbal, atenção e funções executivas) -> identificadas já em filhos de indivíduos portadores de esquizofrenia = alterações pré-mórbidas; Essas alterações no comportamento (observadas desde a infância) podem progredir e estar associadas ao desenvolvimento da esquizofrenia. Fase prodrômica -> período variável de tempo (meses) antecedendo a eclosão da psicose -> indivíduo pode apresentar um estado de apreensão e perplexidade sem um foco aparente = sentimento de que algo está para acontecer; Nota-se uma mudança no comportamento (individuo passa a ficar mais isolado e demonstra atitudespeculiares e excêntricas) -> pode ocorrer psicóticos breves e transitórios; Progressão -> período prodrômico culmina com o primeiro episódio de psicose e inicia-se a chamada fase progressiva da esquizofrenia, podendo ocorrer deterioração. Estabilização -> esquizofrenia evolui para fase estável, sujeita a recaídas + os sintomas negativos muitas vezes são detectáveis desde o princípio + os sintomas positivos ocorrem durante o período de exacerbação. Emanuelly Lopes Cardoso Esquizofrenia pelo CID-10 • Esquizofrenia Paranoide -> delírios relativamente estáveis, geralmente acompanhados por alucinações, sobretudo auditivas, e outras alterações perceptivas. Distúrbios do afeto, volição, discurso e sintomas catatônicos não são proeminentes. Começo: mais ou menos aos 35 anos de idade (adultos maduros). O curso pode ser episódico (com remissões completas ou parciais) ou crônico. No curso crônico, os sintomas floridos persistem por anos, sendo difícil identificar episódios bem delimitados. Inclui-se aqui a chamada esquizofrenia parafrênica. • Esquizofrenia Hebefrênica -> mudanças afetivas = dominantes. O comportamento é irresponsável, imprevisível, e os maneirismos são comuns. Os delírios e alucinações são fugazes e fragmentários. O afeto é inadequado e, muitas vezes, acompanhado por risos imotivados, caretas, maneirismos, brincadeiras e queixas hipocondríacas. Humor do tipo alegre- alvar. Pensamento desorganizado com discurso cheio de divagações e incoerente. O comportamento mostra-se extravagante, atoleimado, parecendo ao observador vazio de sentido e sentimento. Começo: mais ou menos aos 20 anos de idade (adolescentes e adultos jovens). O prognóstico geralmente é mau em razão do rápido desenvolvimento dos sintomas negativos, em especial embotamento afetivo e perda da volição. • Esquizofrenia Catatônica -> Distúrbios psicomotores proeminentes são aspectos essenciais e dominantes que podem se alternar entre extremos, tais como hipercinesia e estupor ou obediência automática e negativismo. Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos. Pacientes que não se comunicam, com manifestações clínicas de tipo catatônico, o diagnóstico de esquizofrenia deve ser considerado como provisório, até que outros sintomas mais evidentes possam permitir o estabelecimento do diagnóstico definitivo. Além dos critérios gerais para o diagnóstico de esquizofrenia um ou mais dos seguintes comportamentos deve dominar o quadro clínico: estupor ou mutismo + excitação + posturas inapropriadas ou bizarras + negativismo + rigidez + flexibilidade cérea + obediência automática, perseveração de palavras e frases; Começo: por volta dos 25-30 anos sob a forma de surtos agudos, de remissão fácil, inicialmente; em alguns casos, já desde o início pode apresentar curso crônico. Incluem-se: estupor catatônico, catatonia esquizofrênica, flexibilidade cérea esquizofrênica e catalepsia esquizofrênica. • Esquizofrenia Residual -> estágio crônico na evolução do transtorno esquizofrênico em que houve uma progressão clara de um estágio inicial (um ou mais episódios inequívocos de esquizofrenia) para um estágio mais tardio com predominância de sintomas negativos de longa duração, embora não absolutamente irreversíveis. • Depressão pós esquizofrênica -> Episódio depressivo eventualmente prolongado que ocorre ao fim de uma afecção esquizofrênica. Ao menos alguns sintomas esquizofrênicos “positivos” ou “negativos” devem ainda estar presentes mas não dominam mais o quadro clínico. Este tipo de estado depressivo acompanha-se de um maior risco de suicídio. Se o paciente não apresenta mais nenhum sintoma esquizofrênico, deve-se fazer um diagnóstico de episódio depressivo (F32). Se os sintomas esquizofrênicos ainda são aparentes e proeminentes, deve-se manter o diagnóstico da forma clínica apropriada da esquizofrenia. • Esquizofrenia Simples/Indiferenciada -> transtorno caracterizado pela ocorrência insidiosa e progressiva de excentricidade de comportamento, incapacidade de responder às exigências da sociedade, e um declínio global do desempenho. Os padrões negativos característicos da esquizofrenia residual (por exemplo: embotamento do afeto e perda da volição) se desenvolvem sem serem precedidos por quaisquer sintomas psicóticos manifestos Sintomas Negativos Embotamento afetivo -> expressão facial inalterada + diminuição dos movimentos espontâneos + pobreza de gestos expressivos + pouco contato visual + diminuição ou ausência de resposta afetiva + afeto inapropriado + falta de modulação vocal Alogia-> pobreza de fala + pobreza de conteúdo de fala + bloqueio do pensamento + maior latência de resposta Abulia-apatia -> deficiência nos cuidados pessoais e na higiene + falta de persistência no trabalho ou nos estudos + anergia física Anedonia -> pouco interesse + poucas atividades recreativas + comprometimento das relações afetivas + poucos relacionamentos com amigos Atenção -> diminuição de concentração Sintomas Positivos Alucinações Delírios Comportamento bizarro Alterações na forma do pensamento Critérios Diagnósticos A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 1. Delírios. 2. Alucinações. 3. Discurso desorganizado. 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. 5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia). B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional). C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (crenças esquisitas, experiências perceptivas incomuns). D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com os sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença. E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica. F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Especificar se: Os especificadores de curso a seguir devem somente ser usados após um ano de duração do transtorno e se não estiverem em contradição com os critérios de curso diagnóstico. Primeiro episódio, atualmente em episódio agudo: A primeira manifestação do transtorno atende aos sintomas diagnósticos definidos e ao critério de tempo. Um episódio agudo é um período de tempo em que são satisfeitos os critérios de sintomas. Primeiro episódio, atualmente em remissão parcial: Remissão parcial é um período de tempo durante o qual é mantida uma melhora após um episódio anterior e em que os critérios definidores do transtorno são atendidos apenas em parte. Primeiro episódio, atualmente em remissão completa: Remissão completa é um período de tempo após um episódio anterior durante o qual não estão presentes sintomas específicos do transtorno. Episódios múltiplos, atualmente em episódio agudo: Múltiplos episódios podem ser de- terminados após um mínimo de dois episódios (após um primeiro episódio, uma remis- são e pelo menos uma recaída). Episódios múltiplos, atualmente em remissão parcial Episódios múltiplos, atualmente em remissão completa Contínuo: Os sintomas que atendem aos critérios de sintomas diagnósticos do transtorno permanecem durante a maior parte do curso da doença, com períodos de sintomas em nível subclínico muito breves em relação ao curso geral. Não especificado Especificar se: Com catatonia Especificar a gravidade atual: A gravidade é classificada por uma avaliação quantitativa dos sintomas primários de psicose, o que inclui delírios, alucinações, desorganização do discurso, comportamento psicomotor anormal e sintomas negativos. Cada um desses sintomas pode ser classificado quanto à gravidade atual (mais grave nos últimos sete dias) em uma escala com 5 pontos, variando de 0 (não presente) a 4 (presente e grave). Nota: O diagnóstico de esquizofrenia pode ser feito sem a utilização desse especificador de gravidade. Emanuelly Lopes Cardoso Diagnóstico Diferencial Sintomas psicóticos = encontrados em outras doenças + abuso de substâncias (alucinógenos, fenilciclidina, anfetaminas, cocaína, álcool) + intoxicação devido a medicamentos de prescrição comum (corticosteroides, anticolinérgicos, levodopa) + infecções + alterações metabólicas e endrocrinológicas + tumores + epilepsias do lobo temporal. Transtornos mentais primários que devem ser diferenciados: transtorno esquizoafetivo, o transtorno do humor, o transtorno delirante e os transtornos de personalidade; Principal distinção em relação ao transtorno esquizoafetivo ou os transtornos do humor com sintomas psicóticos = na esquizofrenia uma síndrome depressiva ou maníaca completa ou está ausente ou se desenvolve após os sintomas mais significativos. A diferença em relação aos transtornos delirantes = na esquizofrenia os delírios tendem a ser bizarros, com presença de alucinações e marcados por prejuízos na esfera afetiva. Transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar com características psicóticas ou catatônicas -> A distinção depende da relação temporal entre a perturbação do humor e a psicose + da gravidade dos sintomas depressivos ou maníacos -> se delírios ou alucinações ocorrem exclusivamente durante um episódio depressivo maior ou maníaco = transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas. Transtorno esquizoafetivo -> o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo exige que um episódio depressivo maior ou maníaco ocorra ao mesmo tempo em que ocorrem os sintomas da fase ativa e que os sintomas de humor estejam presentes na maior parte do tempo da duração total dos períodos ativos. Transtorno esquizofreniforme e transtorno psicótico breve -> esses transtornos têm duração menor que a esquizofrenia + no transtorno esquizofreniforme, a perturbação está presente durante menos de seis meses + no transtorno psicótico breve os sintomas estão presentes durante pelo menos um dia, em tempo inferior a um mês. Transtorno delirante -> pode ser diferenciado da esquizofrenia pela ausência dos demais sintomas característicos de esquizofrenia (delírios, alucinações auditivas ou visuais proeminentes, discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos). Transtorno da personalidade esquizotípica -> pode ser diferenciado de esquizofrenia por sintomas subliminares associados a características persistentes de personalidade. Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno dismórfico corporal -> esses transtornos são diferentes da esquizofrenia por apresentarem obsessões proeminentes, compulsões, preocupações com aparência ou odores do corpo, acumulação compulsiva, comportamentos repetitivos com foco no corpo. Transtorno de estresse pós-traumático -> pode incluir flashbacks com uma qualidade alucinatória, e a hipervigilância pode atingir proporções paranoides. Todavia, há necessidade de um evento traumático e de aspectos sintomáticos característicos relativos a revivências ou reações ao evento para que seja feito um diagnóstico. Transtorno do espectro autista ou transtornos da comunicação -> diferem pelos déficits na interação social, com comportamentos repetitivos e restritos e outros déficits cognitivos e de comunicação. Um indivíduo com transtorno do espectro autista ou transtorno da comunicação deve ter sintomas que satisfaçam todos os critérios de esquizofrenia, com alucinações ou delírios proeminentes durante pelo menos um mês a fim de ser diagnosticado com esquizofrenia como uma condição comórbida. Outros transtornos mentais associados com um episódio psicótico -> diagnóstico de esquizofrenia é feito apenas quando o episódio psicótico é persistente, não podendo ser atribuído a efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Indivíduos com delirium ou transtorno neurocognitivo maior ou menor podem apresentar sintomas psicóticos -> estes devem ter relação temporal com o início das mudanças cognitivas consistentes com esses transtornos. Indivíduos com transtorno psicótico induzido por substância/medicamento podem apresentar sintomas característicos do Critério A para esquizofrenia, porém o transtorno psicótico induzido por substância/medicamento pode ser geralmente diferenciado pela relação cronológica do uso da substância com o início e a remissão da psicose na ausência do uso de substância. Manejo terapêutico O tratamento da esquizofrenia é realizado principalmente com o uso dos neuropléticos (antipsicóticos de primeira ou segunda geração - atípicos) e as intervenções psicossociais. Antipsicóticos Antipsicóticos de primeira geração -> agem bloqueando os receptores D2 de dopamina pós-sinápticos nas regiões mesolímbica e mesocortical -> esse bloqueio inicia uma cascata de eventos que são responsáveis pelas ações terapêuticas agudas e a longo prazo; A alta afinidade pelos receptores dopaminérgicos no sistema nigroestriatal e túbero-infundibular está associada à indução das síndromes extrapiramidais + alterações dos movimentos + estado de menor motivação + indiferença a estímulos que pode mimetizar sintomas negativos. Os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração provavelmente bloqueiam os receptores serotoninérgicos pré- sinápticos (5HT2) e a ação antagonista D2 seletiva em regiões mesolímbicas, caracterizando-se clinicamente por um menor potencial em provocar sintomas extrapiramidais e alterações do movimento, além de eficácia superior na melhora de sintomas negativos e cognitivos. Tratamento do episódio agudo da esquizofrenia Episódio agudo = controle rápido da sintomatologia para aliviar o sofrimento e a angústia do paciente + familiares; Hospitalização -> indicada quando há falta de suporte familiar e risco para o próprio paciente e os familiares. Quando há suporte familiar não há necessidade de internação, e o paciente pode ser tratado ambulatoriamente. Escolha da droga -> deve-se procurar usar uma só droga e evitar associações de medicamentos + considerar experiências anteriores do paciente em relação à resposta a determinada droga. Os neurolépticos não diferem em relação à ação antipsicótica -> desde que sejam utilizadas doses equivalentes adequadas, a diferença se faz em relação aos efeitos colaterais; O efeito terapêutico nos quadros agudosocorre entre 10 e 15 dias, e 95% dos pacientes que receberam a medicação em dose adequada apresentaram melhora entre 1 e 2 meses. Tratamento de manutenção Pacientes que se beneficiaram do tratamento agudo com medicações antipsicóticas são candidatos ao tratamento de manutenção de longo prazo -> tem como objetivo o controle da remissão dos sintomas psicóticos. Pelo menos 1 a 2 anos de tratamento são recomendados após o episódio psicótico inicial -> alto risco de recaída + possibilidade de deterioração social causada por novas recaídas. Episódios múltiplos -> são recomendados pelo menos 5 anos de tratamento -> por aumentar o risco de recaídas e suas consequências + o tratamento por prazo indefinido ou talvez durante toda a vida será necessário na maioria dos casos. Neurolépticos de ação prolongada (depósito) Uso contínuo de neuroléptico oral ou de depósito para o tratamento de manutenção de pacientes com esquizofrenia =uma das práticas clínicas em psiquiatria mais embasadas por evidências científicas. Adesão ao tratamento = uma das principais dificuldades -> intimamente ligada às recaídas. Neurolépticos de ação prolongada -> podem ser aplicados em intervalos de tempo mais prolongados, sem prejuízos dos níveis terapêuticos -> em vez de administrados diariamente são aplicados em intervalos de 1-4 semanas. Indicados para pacientes que apresentam recaídas frequentes com neurolépticos orais -> decorrentes do prejuízo da adesão ou de metabolizadores rápidos. Com as medicações de ação prolongada administradas por via intramuscular, evita-se a passagem pelo trato gastrintestinal e pelo fígado, permitindo maior biodisponibilidade. São aplicados preferencialmente por via intramuscular profunda -> podem ocorrer irritações no local da aplicação, mas é um evento raro. O perfil dos demais efeitos colaterais é semelhante ao dos neurolépticos orais. Em relação ao haloperidol, a conversão da dose oral para a de ação prolongada é dose oral X 15-20 = a dose de ação prolongada/4 semanas. Essa dose pode ser dividida em períodos de duas semanas. A dose habitual do decanoato de haloperidol é 50-100 mg/4 semanas. Emanuelly Lopes Cardoso Intervenções psicossociais Hospitalizações tornam-se mais breves -> tratamentos se direcionam para o atendimento ambulatorial e comunitário; Pacientes com esquizofrenia podem se beneficiar de programas de hospital-dia ou hospitalização parcial, especialmente aqueles com sintomas que não responderam de forma adequada à medicação. Esses programas devem ter atendimento durante a semana, integrando a intervenção farmacológica às intervenções psicossociais, incluindo terapia ocupacional, psicoterapia individual ou grupal, grupos operativos, oficinas protegidas, treinamento de habilidades sociais e terapia familiar; Terapia familiar + intervenções diretamente direcionadas ao paciente = redução das taxas de recaídas na esquizofrenia = melhor prognóstico. As famílias necessitam de orientações sobre a natureza da doença, desenvolvimento de habilidades para o melhor relacionamento possível com o paciente + ajuste de suas expectativas aos reais limites de cada paciente + compartilhar o sofrimento com outros familiares e a equipe de saúde quanto às dificuldades em conviver com um de seus membros com um transtorno mental. Risperidona = efeitos colaterais mais comuns = insônia + agitação + ansiedade + cefaleia + sonolência + fadiga + exacerbação da DM;
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