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Visão geral da filogenia das plantas verdes Taxonomia e Sistemática Vegetal Profa. Dra. Amanda Cristina Esteves Amaro Plano de aula 1. Introdução; 2. Viridófitas; 3. Transição vida aquática para vida terrestre; 4. Embriófitas; 5. Traqueófitas; 6. Referências bibliográficas. 1. Introdução O que é planta? • Organismo eucarionte e autótrofo capaz de converter energia luminosa em energia química mediante o processo da fotossíntese. • “ O que move a vida é ... Um modesto fluxo mantido pela luz do sol” (Prêmio Nobel Albert Szent-Györgyi) com esta sentença resume a fotossíntese. Qual a diferença entre seres autótrofos e heterótrofos? • Autótrofos: seres vivos com capacidade de produzir seu próprio alimento. De acordo com o processo utilizado para fabricar seu próprio alimento, podem ser classificados em seres quimiossintetizantes ou fotossintetizantes. Autótrofos quimiossintetizantes: são seres que utilizam matérias inorgânicas (ferro e enxofre), CO2 e H2O para produzirem matéria orgânica. Não necessitam da luz para produzirem seus alimentos. Ex. algumas bactérias. Autótrofos fotossintetizantes: são organismos que possuem capacidade de realizar fotossíntese, transformando energia luminosa em energia química. Ex. plantas. Qual a diferença entre seres autótrofos e heterótrofos? • Heterótrofos: também conhecidos como seres consumidores, são aqueles que não possuem a capacidade de produzir seu próprio alimento. Logo, necessitam alimentar-se de outros seres ( consumidores ou produtores). Eucarionte: • Ser uni ou pluricelular constituído por células que apresentam envoltório nuclear (carioteca) separa os cromossomos dos outros conteúdos celulares em um bem definido núcleo; Exemplo unicelular: leveduras e amebas • Do grego: eu verdadeiro; real; karion núcleo. Elétron-micrografia de uma célula da cianobactéria Anabaena azollae, procarito fotossintetizante. Elétron-micrografia de Chlamydomonas (alga verde), célula eucariótica fotossintetizante. Elétron-micrografia de uma célula da folha de milho (Zea mays). Procaritos Eucariotos (Raven et al., 2001) Nucleoide Núcleo Núcleo O que é alternância de gerações? • Plantas Alternância de gerações ciclo de vida diplobionte: Fase haploide (n) Geração gametofítica: produz gametas através da mitose; Fase diploide (2n) Geração esporofítica: produz esporos através da meiose (diploide haploide). 2. Viridófitas • Viridófitas = plantas verdes; • Algas verdes + embriófitas; • Esse clado inclui mais de 300.000 espécies 1/6 de todas as espécies da Terra; • Surgiram possivelmente há 1 bilhão de anos atrás principais linhagens já existiam no Pré-Cambriano; • Características que diferenciam: Produzem clorofila b ( além da clorofila a); Estocam carboidratos na célula na forma de grão de amido. 2. Viridófitas • 2 linhagens: Clorófitasmaioria das algas verdes; Estreptófitas plantas terrestres e outras linhagens incluídas previamente nas algas verdes. Filogenia das viridófitas (Judd et al, 2009) “ As plantas, como todos os seres vivos, possuem ancestrais aquáticos. A história da evolução das plantas, portanto, está inseparadamente relacionada com a ocupação progressiva do ambiente terrestre e o aumento da independência da água para a reprodução.” (Raven et al., 2001) • Necessárias adaptações para proteger as células desidratação, radiação solar e temperatura: • Esporos cobertura resistente à desidratação (esporoderme esporolenina); • Presença de cutícula: Multicamada de ceras, que cobre a epiderme das folhas; Barreira à saída de água; Espessura variável entre as espécies. • Troca gasosa é facilitada pela presença de pequenos poros na epiderme ou estômatos (com células-guarda); • Flavonoides: auxiliam na absorção dos raios UV (altamente danosos). 3. Transição da vida aquática para a vida terrestre • Quais seriam as ‘recompensas’ evolutivas para os grupos de plantas capazes de sobreviver fora d’água ??? Luz e CO2 4. Embriófitas • Embriófitas = plantas terrestres: Termo utilizado para designar as plantas terrestres, porque, quando fecundadas, desenvolvem um embrião de duração variada, que constitui o esporófito jovem; Obs. É mais adequado usar o termo Embriófita, do que plantas terrestres, pois algumas algas colonizaram o ambiente terrestre (normalmente associadas a fungos formadores de líquens simbiose). • Distribuição provavelmente iniciou no Ordoviciano médio (470 milhões de anos); • Caracterizadas por produzirem: Embrião; Esporófito multicelular Estruturas reprodutivas também multicelulares gametângios e esporângios Cutícula; Esporos com paredes espessadas (esporoderme esporolenina). • 2 linhagens: “Briófitas”; Traqueófitas. Filogenia das Embriófitas (Judd et al, 2009) “Briófitas” • Fase gametofítica dominante; • Esporófito permanece ligado e nutricionalmente dependente do gametófito; • 3 linhagens: Hepáticas apresentam poros na epiderme (s/ células– guardas); Musgos surgimento dos estômatos; Antóceros surgimento do meristema apical no esporófito (capacidade de crescimento vertical). o Meristema: conjunto de células que se dividem repetidamente. Capacidade do organismo se dividir indefinidamente. HEPÁTICAS Hepáticas Marchantia berteroana Lehm. & Lindenb. http://hiddenforest.co.nz; http://www.cisfbr.org.uk Lunularia cruciata (L.) Dumort. ex Lindb. ≅ 8.000 espécies atuais MUSGOS Musgos Amblystegium serpens (Hedw.) Schimp. Barbula convoluta Hedw. (http://www.cisfbr.org.uk) ≅ 10.000 espécies atuais ANTÓCEROS Antóceros Anthoceros punctatus L. (http://www.cisfbr.org.uk) Phaeoceros laevis (L.) Prosk. ≅ 100 espécies atuais 5. Traqueófitas • Traqueófitas = Plantas vasculares: Plantas que apresentam, com vários graus de desenvolvimento, sistemas vasculares constituídos por tecidos condutores especializados (xilema e floema). Estes tecidos permitem a condução de água, minerais, carboidratos, aminoácidos, RNA, proteínas, metabólitos secundários e alguns íons inorgânicos; Plantas dominantes na Terra. • Fase esporofítica dominante esporófito torna-se dominante e nutricionalmente independente do gametófito: Redução drástica do gametófito; Aumento da complexidade estrutural do esporófito; Gametófito ficou dependente do esporófito. • Quais fatores podem ter favorecido a elaboração da fase esporofítica em detrimento da gametofítica? Esporófito não sofre restrições para aumentar em tamanho vantajoso na competição por luz e tb por aumentar a capacidade de dispersão dos esporos; Gametófito é dependente da água para a fertilização gameta masculino precisa de água para se locomover e alcançar a oosfera; o Foi se tornando especializada para a reprodução sexuada. (Raven et al., 2001) 5.1 Organização do corpo das traqueófitas: 5.1.1 Sistema Vascular: • Presença de tecidos vasculares: Permitem as traqueófitas serem mais altas que as “briófitas”: o Xilema: tecido condutor de água, minerais e algumas pequenas moléculas orgânicas; o Floema: tecido condutor de água, carboidratos, aminoácidos, RNA, proteínas, metabólitos secundários e alguns íons inorgânicos; o Sustentação lignina; 1as plantas eretas por pressão de turgor. • Traqueídes: Células fusiformes alongadas, com paredes secundárias e mortas na maturidade; Organizados em fileiras verticais sobrepostas; Pontoações laterais passagem de água entre traqueídes (regiões nas quais a parede celular secundária está ausente; somente a primária está presente). Obs.: o Traqueídes formam o xilema principal tecido condutor de água; Angiospermas: elementos de vaso e traqueídes; Gimnospermas: traqueídes; “Pteridófitas”: traqueídes. (Taiz; Zeiger, 2013) 5.1 Organização do corpo das traqueófitas: 5.1.2 Folhas: • Primeiras traqueófitas consistiam em apenas caules. Depois evoluíram as raízes e folhas; Raízes surgiram na parte inferior do caule• Micrófilos Teoria da enação: Folhas surgiram como protuberâncias no caule (enações semelhantes a escamas ou espinhos) vascularização posterior. Microfilo: pequenas estruturas 1 nervura não ramificada (1 cordão de tecido vascular) traços não deixam lacunas no estelo. (Raven et al., 2001) Megafilos Teoria do Teloma: o Folhas surgiram como uma achatamento nos ramos caulinares terminais (teloma) fusão dos ramos separados para formar a lâmina foliar. o Megafilo: estruturas maiores nervuras ramificadas ou paralelas traços deixam lacunas no estelo. (Raven et al., 2001) • 2 linhagens surgiram no período Devoniano inferior (400 milhões de anos): Licófitas; Eufilófitas. 5.2 Licófitas (Lycophyta) • Características: Esporângios: o Posição lateral; o Formato reniforme; o Deiscência transversal. Micrófilos; Ramos dicotomicamente ramificados. Filogenia das Traqueófitas (Judd et al, 2009) • Licófitas eram abundantes e diversas durante o período carbonífero (395-290 milhões de anos): Existia o Lepidendron (atingia 40m de altura e 2m de diâmetro basal) elementos florestais dominantes Vestígios dessas árvores são os componentes dos principais depósitos de carvão da Europa e da América do Norte. • Atualmente existem≅ 1200 espécies; • Licófitas atuais se dividem em 3 famílias: Isoetaceae heterosporia; Selaginellaceae heterosporia; Lycopodiaceae homosporia. • Heterosporia: dimorfismo esporos produção de 2 tipos de esporos em 2 esporângios diferentes: Microsporângios Micrósporos gametófito masculino gameta masculino; MegasporângiosMegásporos gametófito feminino gameta feminino. o Gametófitos unissexados; o Obs1. Os 2 tipos de esporos são definidos com base na função e não necessariamente no tamanho relativo; o Obs 2. A heterosporia originou-se várias vezes em grupos não relacionados durante a evolução das plantas vasculares. Usuario Realce Lycopodiaceae Lycopodium annotinum (Judd et al, 2009) Lycopodiaceae Lycopodium clavatum L. (http://www.plant-identification.co.uk) Selaginellaceae (Judd et al, 2009) Selaginella arbuscula (Kaulf.) Spring (http://www.golatofski.de; http://www.plantsystematics.org) Selaginella novae-hollandie (Sw.) Spring. Selaginellaceae Isoetaceae Isoetes gunnii A.Braun. (http://www.utas.edu.au) 5.3 Eufilófitas (Euphyllophyta) • Características: Megafilos; Esporângios no ápice de ramos laterais. • Eufilófitas atuais estão organizadas em 2 clados: Monilófitas (“pteridófitas”); Lignófitas (Espermatófitas + “Pró-Gimnospermas grupo extinto). 5.3.1 Monilófitas • 5 linhagens: Equisetales (cerca de 15 espécies); Psilotales (cerca de 15 espécies); Ophioglossales (cerca de 80 espécies) 1 família (Ohioglossaceae); Marattiales (cerca de 150 espécies atuais), amplo registro fóssil; Leptosporangiate (12 famílias). Equisetófitas (cavalinhas) o 1 família Equisetaceae 1 gênero (Equisetum); o Caules articulados e ocos com sílica na epiderme; o Folhas reduzidas (escamas) e dispostas verticulada em cada nó; o Esporos produzidos em esporângios, ligados ao lado inferior de esporangióforos peltados em estróbilos no ápice dos caules. Equisetales Equisetaceae Equisetum palustre L. Equisetum arvense L. (Judd et al, 2009; http://www.actaplantarum.org/ Psilotales (Psilófitas) : o 1 família Psilotaceae; o Ervas terrestres ou frequentemente epífitas; o Caules dicotomicamente ramificados; o Ausência de raízes verdadeira ancorada por caules subterrâneos; o Folhas reduzidas (escamas, espinhos, lancioladas simples) em disposição espiralada. Psilotales Psilotaceae Psilotum nudum (L.) P. Beauv. (https://www.flickr.com) • Leptosporangiate, Marattiales e Ophioglossales samambais: Características: o Folhas compostas ou profundamente lobadas e grandes frondes; o Maioria homosporada 1 tipo de esporo; o Gametófitos bissexuais arquegônios (oosfesra) e anterozoides (anterídeos). Marattiales e Ophioglossales Eusporângiadas: o Parede do esporângio possui 2 ou mais camadas de células característica ancestral preservada; o Eusporângio contém grande número de esporos (n). Leptosporangiates samambaias leptosporângiadas: o Parede do esporângio é constituída por 1 camada de células; o Leptosporângio contém pequeno número de esporos; o Presença de ânulo = grupo ou fileira de células com paredes espessas que abrem o esporângio e ejetam os esporos para o ar; o Esporângios são produzidos em pequenos aglomerados na face abaxial da folha soros; o Soros cobertos pelo indúsio (tecido). Ophioglossales Ophioglossaceae Botrychium virginianum (L.) Sw. (http://faculty.etsu.edu) Angiopteris evecta (J.R.Forst.) Hoffmann (http://www.biolib.cz) Marattiales Leptosporangiate Marsileaceae Marsilea vestita Hook. & Grev. (https://www.minnesotawildflowers.info) Leptosporangiate Osmundaceae Osmunda regalis L. (https://gobotany.newenglandwild.org) Secção transversal de uma folha de samambaia, evidenciando o soro (Raven et al., 2001) Leptosporangiate Cyatheaceae Cyathea capensis (L. f.) Sm. “Samambaiaçus” (http://www.gardenworldimages.com) Leptosporangiate Dennstaedtiaceae Dennstaedtia punctilobula (Michx.) T. Moore “Samambaia das taperas” (http://vascularflora.appstate.edu) Leptosporangiate Pteridaceae Adiantum capillus-veneris L. “Avencas” Soros (http://nathistoc.bio.uci.edu) Leptosporangiate Aspleniaceae Asplenium tripteropus Nakai (http://www.nature.go.kr; http://www.mobot.org) Leptosporangiate Thelypteridaceae Thelypteris noveboracensis (L.) Nieuwl. (https://www.flickr.com; http://www.nps.gov) Leptosporangiate Woodsiaceae Athyrium filix-femina (L.) Roth (http://wnmu.edu; http://www.acornfarms.com/fernsreferenceguide.htm) Leptosporangiate Blechnaceae Blechnum brasiliense Desv. “xaxim” (http://www.ufrgs.br) Leptosporangiate Onocleaceae Onoclea sensibilis L. (http://www.biopix.com) Leptosporangiate Dryopteridaceae Polystichum lonchitis (L.) Roth. (http://florevirtuelle.free.fr) Leptosporangiate Polypodiaceae Polypodium californicum Kaulf. (http://nathistoc.bio.uci.edu) Referências Bibliográficas - SOUZA, V.C; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas do Brasil baseado em APG III. 3ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2012. - JUDD, W. S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOG, E.A.; STEVENS, P.F.; DONOGHUE, M.J. Sistemática Vegetal: Um enfoque filogenético. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. - JOLY, A.B. Botânica: introdução à taxonomia. 13 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002. - RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 7ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, Koogan S.A., 2007
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