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Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais Dannilo Dayvid Curso Técnico em Recursos Humanos Educação a Distância 2020 Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais Dannilo Dayvid Curso Técnico em Recursos Humanos Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 1.ed. | Junho 2020 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Junho, 2020 Professor(es) Autor(es) Dannilo Dayvid da Silva Revisão Flavia Vilar Coordenação de Curso Cristiane Maria de Oliveira Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 7 1.Competência 01 | Compreender a introdução ao modelo básico de comportamento organizacional. ................................................................................................................................................................ 9 1.1 Conceituação do Comportamento Organizacional (CO) ............................................................................ 9 1.2 Introdução ao Comportamento Organizacional (CO) ............................................................................... 10 1.3 Características do Comportamento Organizacional (CO) ......................................................................... 10 1.4 Níveis do Comportamento Organizacional ............................................................................................... 13 1.5 Fundamentos do Comportamento Individual nas Organizações ............................................................. 14 1.6 Variáveis do Comportamento Individual .................................................................................................. 19 1.6.1 As Seis Emoções Universais ................................................................................................................... 22 1.7 Aplicação no CO ........................................................................................................................................ 22 2.Competência 02 | Entender a Introdução ao nível de sistemas de organização ............................. 25 2.1 As Organizações ........................................................................................................................................ 25 2.2 A Teoria Geral dos Sistemas ..................................................................................................................... 25 2.2.1 Sistema Fechado .................................................................................................................................... 26 2.2.2 Sistema Aberto....................................................................................................................................... 26 2.3 Sistema Organizacional ............................................................................................................................. 29 2.4 A Estrutura Organizacional ....................................................................................................................... 30 2.5 Organização Formal .................................................................................................................................. 31 2.6 Organização Linear.................................................................................................................................... 32 2.6.1 Características da Organização Linear ................................................................................................... 32 2.6.2 Vantagens da Organização Linear.......................................................................................................... 33 2.6.3 Desvantagens da Organização Linear .................................................................................................... 34 2.6.4 Esfera de Aplicação da Organização Linear ........................................................................................... 34 2.7 Organização Funcional .............................................................................................................................. 35 2.7.1 Características da Organização Funcional ............................................................................................. 35 2.7.2 Vantagens da Organização Funcional .................................................................................................... 36 2.7.3 Desvantagens da Organização Funcional .............................................................................................. 37 2.7.4 Esfera de aplicação da organização funcional ....................................................................................... 38 2.8 Organização Linha – Staff ......................................................................................................................... 39 3.Competência 03 | Entender o estudo de mudança organizacional ................................................. 41 3.1 Mudanças Organizacionais ....................................................................................................................... 41 3.2 Causas Internas e Externas da Mudança .................................................................................................. 41 3.3 Forças para a Mudança ............................................................................................................................. 42 3.4 Administração da Mudança Planejada ..................................................................................................... 45 3.5 Agentes da Mudança ................................................................................................................................ 45 3.6 Analogia das ‘Águas Calmas’ ..................................................................................................................... 46 3.7 Analogia das ‘Corredeiras’ ........................................................................................................................ 48 3.8 Resistência à Mudança ............................................................................................................................. 49 3.8.1 Fontes da Resistência............................................................................................................................. 50 3.8.2 Resistência Individual ............................................................................................................................ 50 3.8.3 Resistência Organizacional .................................................................................................................... 52 3.9 Superando a Resistência à Mudança ........................................................................................................ 53 4.Competência 04 | Compreender o fundamento do comportamento de grupo .............................. 58 4.1 Conceituação Sobre Grupo .......................................................................................................................58 4.2 Papéis de Grupos ...................................................................................................................................... 58 4.3 Classificação de Grupos ............................................................................................................................ 58 4.4 Motivos para as Pessoas se Unirem a Grupos .......................................................................................... 60 4.5 Tomada de Decisões Individual e em Grupo ............................................................................................ 62 4.6 Pensamento Grupal .................................................................................................................................. 63 4.7 Equipes no Ambiente de Trabalho ........................................................................................................... 65 4.7.1 Classificação de Equipes ........................................................................................................................ 65 4.8 Grupo X Equipe ......................................................................................................................................... 67 4.9 Criando Equipes Eficazes .......................................................................................................................... 68 Conclusão ............................................................................................................................................. 73 Referências ........................................................................................................................................... 74 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 75 7 Introdução Olá estudante, seja muito bem-vindo (a) a mais esta importante e interessante disciplina de nosso curso técnico. Vivemos rodeados e em constante contato com as mais diversas organizações. Você já parou para pensar nisso? Seu celular, computador, vídeo game, seus alimentos, sua série favorita, absolutamente quase tudo, quando não tudo, que você consome hoje, vem de alguma organização, quer seja de forma direta ou indireta. Mas então, o que desenvolvimento de habilidades gerenciais tem a ver com isto, não é mesmo? Essa é fácil, simplesmente as organizações são organismos vivos e vivem a base de pessoas, são seres humanos aplicando seus conhecimentos, sua força de trabalho, então invariavelmente as organizações e as pessoas que as formam acabam compartilhando personalidade, valores e principalmente, como veremos em nossa disciplina e suas competências, habilidades referentes ao seu gerenciamento. Na Competência 01 - Introdução ao Modelo Básico de Comportamento Organizacional: aprenderemos o que é o comportamento organizacional, suas características e níveis, bem como a relação do nível microorganizacional diante do macroorganizacional, ou seja, as pessoas e as organizações. Na Competência 02 - Introdução ao Nível de Sistema de Organização: veremos o nível macrorganizacional, que representa os sistemas das organizações, bem como sua estrutura. Na Competência 03 - Estudos de Mudança Organizacional: continuaremos nosso estudo do nível macroorganizacional, desta vez relacionado com o mesoorganizacional, interagindo diretamente com as pessoas e suas reações às mudanças organizacionais. Na Competência 04 - Fundamento do Comportamento de Grupo: compreenderemos as relações que ocorrem no nível mesoorganizacional com os grupos, equipes e os indivíduos diante das organizações. 8 Figura 01- Escritório Ilustração Isométrica. Fonte: https://www.euax.com.br/wp-content/uploads/2015/09/Comportamento-Organizacional.jp Descrição: Imagem com visão isométrica exibindo um escritório. 9 Competência 01 1.Competência 01 | Compreender a introdução ao modelo básico de comportamento organizacional. 1.1 Conceituação do Comportamento Organizacional (CO) Para Robbins (2004), o CO refere-se ao estudo sistemático das ações e das atitudes das pessoas dentro das organizações, enquanto para Chiavenato o CO refere-se ao estudo de indivíduos e grupos atuando em organizações que, por sua vez, encontram-se em ambientes dinâmicos, competitivos e mutáveis. Preocupa-se com a influência das pessoas e grupos sobre as organizações, tanto quanto, destas com as pessoas e grupos. Desta forma o CO retrata a contínua interação das organizações e seus ambientes, externo e interno, no qual ambos se influenciam reciprocamente. A origem remete ao estudo do comportamento humano nas organizações e serve como importante ferramenta para todos que buscam serem stakeholders das organizações, quer queiram criar, mudar, gerir ou investir nestas. Caros estudantes, é importante que você estude ou revise o que é um stakeholder. Confira o link a seguir: https://www.sbcoaching.com.br/blog/stakeholder/ 10 Competência 01 Figura 02 – Indivíduos na organização. Fonte: https://cakeerp.com/equipe-de-vendas/ Descrição: Indivíduos diversos de uma organização. 1.2 Introdução ao Comportamento Organizacional (CO) O Comportamento Organizacional está relacionado ao comportamento das pessoas no trabalho e nas organizações que comportam estes trabalhos, ou seja, os empregos. Trata principalmente do comportamento individual dos seres humanos entorno de vários tópicos, como por exemplo, personalidade, atitudes, percepção, aprendizado, motivação e satisfação no ambiente de trabalho. Além disso, há ainda a preocupação com o estudo e compreensão dos comportamentos nas equipes e grupos. O comportamento em equipes e grupos, no entanto tem seus tópicos próprios, como por exemplo, comunicação, normas, papéis, construção de equipes, liderança e negociação de conflitos. Baseia-se na contribuição das ciências sociais como antropologia, sociologia e filosofia, citando algumas como exemplo. Como podemos perceber o comportamento individual é evidentemente diferente do comportamento grupal e daí a importância de se analisar ambos sob diferentes óticas. 1.3 Características do Comportamento Organizacional (CO) De acordo com Chiavenato (2014), embora não seja efetivamente uma ciência, é uma área multidisciplinar do conhecimento humano vital para compreender e conhecer as organizações e possui as seguintes características principais do comportamento organizacional: 1. O CO é uma disciplina prática aplicada Está ligado a questões práticas do dia a dia para ajudar as organizações a alcançar elevados níveis de desempenho. 2. Adota uma abordagem contingencial Isto é, aborda de forma situacional, cada caso de forma específica, de acordo com suas particularidades. https://cakeerp.com/equipe-de-vendas/ 11 Competência 01 3. Utiliza métodos científicos Desenvolve e testa empiricamente, hipóteses a respeito da dinâmica comportamental nas organizações. O CO baseia-se em uma metodologia científica de pesquisa sistêmica. 4. Ajuda a lidar com as pessoas nas organizações As organizações são organismos vivos, sociais por conterem pessoas em sua formação. Desta forma, o CO ajuda os administradores e gestores a lidar com as pessoas que a formam, bem como estas pessoas a conviverem entre si. 5. O CO recebe contribuições É influenciado por várias ciências comportamentais, como: Antropologia, Ciências Políticas, Psicologia e Sociologia. 6. Está intimamente relacionado a vários campos de estudo Teoria das Organizações (TO), Desenvolvimento Organizacional (DO) e Gestão de Pessoas (GP) ou Administração de Recursos Humanos (ARH) são alguns dos campos de estudo que influenciam o Comportamento Organizacional (CO) a abordar de forma especializada omicro das situações, enquanto no Macro recebe influência da Administração. Veja abaixo o quadro ilustrativo a respeito das ciências e suas respectivas contribuições para o CO. 12 Competência 01 Contribuição para o estudo do comportamento organizacional. Ciências do comportamento Contribuições Unidades de análise Resultado Aprendizagem Motivação Personalidade Emoções Treinamento Tomada de decisão individual Eficácia de liderança Satisfação com o trabalho Avaliação de desempenho Mensuração de atitudes Planejamento do trabalho Estresse profissional Teoria da organização formal Tecnologia organizacional Mudança organizacional Cultura organizacional Dinâmica de grupo Trabalho em equipe Comunicação Status Poder Conflitos Mudança comportamental Mudança de atitude Comunicação Tomadas de decisão em grupo Processos grupais Estudo do comportamento organizacional Cultura organizacional Ambiente organizacional Conflitos Políticas intraorganizacionais Poder Valores comparativos Atitudes comparativas Análise multicultural Psicologia Sociologia Psicologia social Antropologia Ciências políticas Grupo Sistema organizacional Indivíduo 13 Competência 01 Quadro 01 – Contribuição para o estudo do comportamento organizacional Fonte: adaptado de MENEGON (2012 p. 06) apud ROBBINS (2009) 1.4 Níveis do Comportamento Organizacional Segundo Chiavenato (2005), o estudo do CO envolve 3 níveis hierárquicos em sua abordagem, são eles: • Nível Microorganizacional que aborda o indivíduo e sua relação com a organização. • Nível Macroorganizacional que aborda os comportamentos das organizações como um todo. • Nível Mesoorganizacional que aborda a interação de grupos e equipes em relação tanto com o indivíduo quanto com a organização. Seguiremos desta forma ao longo do nosso e-book. Vale ressaltar ainda que há autores que complementam na literatura estes 3 níveis com um quarto nível, que visa a relação da organização com o ambiente que a cerca. Caro estudante, caso tenha interesse em se aprofundar mais a respeito deste quarto nível que alguns autores implementaram, você pode reler toda a segunda competência da disciplina de Ética e Responsabilidade Social, lá eu explico de forma dinâmica e com conceitos técnicos a relação entre ambas as partes, Ambiente e Organização. O material estará disponível na aba material complementar na página desta disciplina no AVA. 14 Competência 01 Figura 03 - Níveis Hierárquicos do Comportamento Organizacional Fonte: Autor Descrição: Três círculos em formato de anéis um inserido dentro do outro exibindo assim os 3 níveis organizacionais. 1.5 Fundamentos do Comportamento Individual nas Organizações Organizações são formadas por pessoas em toda a complexidade destas, portanto para compreendermos mais a fundo como se dá o Comportamento Organizacional, temos que compreender o Comportamento Individual e o que o fundamenta, este por sua vez está inserido no Nível Microorganizacional. Todas as ciências aplicadas, ilustradas no quadro anterior e citadas no texto, têm enorme contribuição ao comportamento organizacional, porém uma em especial é importante no que diz respeito ao comportamento individual, a psicologia. Os fundamentos do comportamento individual podem ser divididos em Valores, Atitudes, Percepção e Aprendizagem. Valores Os valores são significados que indivíduos e ou grupos atribuem a determinados comportamentos e fenômenos sócio culturais. Estes valores determinam a conduta, decisões e influenciam nas crenças ou são influenciados por estas. Eles contêm elementos de julgamento INDIVÍDUO comportamento microorganizacional GRUPO comportamento mesoorganizacional ORGANIZAÇÃO comportamento macroorganizacional 15 Competência 01 daquilo que o indivíduo ou grupo acreditam ser correto e desejável. Um dos estudos mais importantes e presentes na literatura chama-se Levantamento de Valores de Rokeach ou como escrito originalmente em inglês o Rokeach Value Survey (sigla RVS). Tal estudo foi desenvolvido entre o fim dos anos de 1960 e início dos anos 1970, pelo psicólogo social de origem na Polônia e naturalizado nos Estados Unidos da América, Milton Rokeach (Hrubieszów, Polônia 1918 - Califórnia, EUA 1988). O RVS consiste em dois conjuntos de valores, cada qual contendo 18 itens, um grupo de valores denominado Valores Terminais, onde estão inseridos os objetivos finais que uma pessoa pretende alcançar em sua vida, enquanto o outro grupo chamado de Valores Instrumentais, contendo os meios preferíveis para alcançar os Valores Terminais. Veja abaixo a figura exibindo cada um destes valores divididos em seus respectivos grupos: Valores terminais Valores instrumentais Vida confortável (próspera) Ambição (dedicação ao trabalho, vontade) Sentido de realização (principal contribuição) Capacidade (competência, eficácia) Um mundo de paz (livre de guerras ou conflitos) Alegria (contentamento, disposição de espírito) Um mundo de beleza (na natureza e nas artes) Limpeza (asseio, arrumação) Igualdade (fraternidade, oportunidades iguais para todos) Coragem (defesa dos ideais) Segurança familiar (cuidado com os entes queridos) Ser prestativo (trabalhar pelo bem-estar dos outros) Liberdade (independência, liberdade de escolha) Honestidade (sinceridade, ser verdadeiro) Felicidade (contentamento) Imaginação (ousadia, criatividade) Harmonia interior (ausência de conflito interior) Lógica (coerência, racionalidade) Prazer (uma vida agradável e confortável) Afetividade (carinho, ternura) Salvação (salvaguarda, vida eterna) Obediência (ser respeitável, cumpridor dos deveres) Reconhecimento social (respeito, admiração) Polidez (cortesia, boas maneiras) 16 Competência 01 Amizade verdadeira (forte companheirismo) Responsabilidade (compromisso, confiabilidade) Quadro 2 - Valores terminais e valores instrumentais Fonte: adaptado de ROBBINS (2004 p. 16). Diversos estudos comprovam que há variações de valores, porém, estes são diferentes de grupos para grupos, bem como entre os indivíduos, de acordo com os grupos os quais estão inseridos. Figura 04 – Foto retrato do Psicólogo Milton Rokeach Fonte: https://www.stateofmind.it/bibliography/rokeach-milton/ Descrição: Retrato do psicólogo Milton Rokeach trajando terno e gravata. Atitudes São afirmações avaliativas favoráveis ou desfavoráveis em relação a objetivos, pessoas ou eventos. Elas refletem como o indivíduo sente-se em relação a algo. Uma pessoa pode ter infinitas atitudes, mas as que importam no estudo do CO, são as atitudes relacionadas ao trabalho, ou seja, as atitudes pautadas para o lado profissional. Entre as atitudes estão satisfação com o trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional. A princípio acreditava-se que as atitudes das pessoas eram intimamente ligadas ao seu comportamento, porém estudos desmistificaram esse senso comum, indicando que ainda que estejam relacionados em algum grau, não são determinantes um para o outro. Ou seja, as pessoas podem ter atitudes totalmente https://www.stateofmind.it/bibliography/rokeach-milton/ 17 Competência 01 destoantes do seu comportamento habitual, como por exemplo um funcionário com atitudes claramente antisindicais pode vir a participar de uma reunião sindical, ou seja, pode tomar uma atitude divergente do seu comportamento natural. Geralmente as atitudes podem ser alteradas por pressões dos grupos ao qual o indivíduo faça parte. Percepções É a maneira pela qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao ambiente em que vivem. Diferentes pesquisas a respeito da percepção comprovam que aspessoas percebem de maneiras diferentes uma mesma coisa. O fato é que ninguém enxerga realmente a realidade, o que acontece é que as pessoas interpretam o que percebem e chamam a isso de realidade. Como explicar que diferentes pessoas possam perceber um mesmo evento de formas diferentes? Bem, vários fatores contribuem para moldar ou distorcer a realidade, são eles: o observador, o objeto a ser observado e por fim o contexto no qual ocorre a percepção. • Observador O que pode influenciar no observador são suas características pessoais como atitudes, personalidade, motivações, interesses, experiências e expectativas. • Objeto em Observação As características do objeto em observação também podem afetar na percepção, como por exemplo se observarmos uma pessoa mais calma e uma mais barulhenta, ainda que ambas estejam a dizer a mesma coisa, a diferença nelas irá influenciar. Bem como também, o cenário ao qual o objeto a ser observado encontra-se, ou seja, nossa mente tende a agrupa-los e extrair daí uma percepção. • Contexto Por fim tem-se o contexto no qual encontram-se observador e objeto observado, o contexto influi bastante na percepção, quer sejam aspectos como temperatura e iluminação, quer sejam aspectos como um uma guerra, conflitos ou tempos de paz. 18 Competência 01 Aprendizagem Para compreendermos como efetivamente acontece o comportamento organizacional, é importante estudarmos sobre a aprendizagem, pois todos os comportamentos complexos executados pelos seres humanos, é aprendido de alguma forma. Se queremos compreender e prever o comportamento humano, temos que saber como as pessoas aprendem. Para Robbins 2004, o aprendizado, ou seja, o ato de aprender, é qualquer mudança relativamente permanente no comportamento, resultante de uma experiência. Porém de forma mais detalhada, veremos como acontece a aprendizagem. A aprendizagem se dá por meio da lei do efeito, basicamente isso quer dizer que o comportamento age em funções das consequências resultantes do mesmo. Trata-se de adaptação, ou seja, o comportamento com consequências favoráveis será repetido e o comportamento seguido de consequências desfavoráveis, é descontinuado. Quando falamos consequência, referimos a recompensa, quer estas sejam dinheiro, elogios, promoções, sorrisos ou críticas, recriminações e ofensas. Perceba, que alguns comportamentos ainda que sejam elogiados por determinado grupo, podem ser recriminados por outro, então o indivíduo se adequará diante dos grupos que mais lhe recompensem. No processo de aprendizagem há duas teorias que explicam como aprendemos, uma é denominada formação e a outra é chamada modelagem. Quando a aprendizagem acontece em etapas graduais, temos a formação, enquanto a modelagem é quando o comportamento é moldado através de um esforço sistemático em etapas para alcançar determinada mudança comportamental. Por exemplo: Quando falamos em aprender com os próprios erros, estamos falando de formação, através de tentativa e erro o comportamento é moldado de forma mais orgânica e natural, geralmente lenta. Enquanto que a modelagem produz o comportamento desejado de forma mais rápida, alcançando mudanças complexas com uma maior velocidade que a formação. A modelagem pode se dar de maneira consciente pelo indivíduo ou de maneira inconsciente quando outro indivíduo, grupo ou organização força mudanças complexas. Desta forma, todos nós temos parte do nosso comportamento atual através da formação orgânica e outra parte moldada, quer seja por nossos familiares, grupos ou organizações ao qual passamos. Veja abaixo o quadro ilustrando o processo da aprendizagem. 19 Competência 01 Processo de aprendizagem. Quadro 03 – Processo de aprendizagem Fonte: Adaptado de ROBBINS (2004 p. 27). 1.6 Variáveis do Comportamento Individual Há ainda de acordo com MENEGON (2012) e ROBBINS (2004) duas variáveis relevantes que contribuem com a diversidade do comportamento individual, são elas: Personalidade e Emoções. A personalidade pode ser identificada de acordo com o modo como a pessoa interage com outras pessoas e o mundo a sua volta. Estudos apontam que ela pode ser formada tanto pela hereditariedade quanto pelo ambiente ao qual o indivíduo se desenvolveu. Sim caro estudante, a herança genética não define apenas nossa aparência externa, como também os traços de personalidade como temperamento, energia e ritmo biológico, fatores estes que influenciam no comportamento. O que não quer dizer que a personalidade não possa ser moldada conscientemente pelo próprio indivíduo, sim ela pode, mas a depender destes fatores biológicos ela penderá mais naturalmente para um tipo ou outro. A personalidade interessantemente também pode ser medida, há vários testes neste sentido, um dos mais conhecidos chama-se: Indicador de Personalidade Myers Briggs (sigla MBTI do inglês Myers Briggs Type Indicator). Criado e desenvolvido por Katharine Cook Briggs (Michigan, EUA 1875 - Pensilvânia, EUA 1968) e sua filha Isabel Briggs Myers (Washington, D.C. 1897 - 1980), ambas psicólogas, durante a segunda guerra mundial, é baseado nas teorias do psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung (Cantão de Turgóvia, Suíça 1875 - Cantão de Zurique, Suíça 1961). MBTI é um teste de cem questões que avalia como a pessoa reage e sente-se em determinadas situações. Com base nas respostas o sujeito é classificado segundo o quadro abaixo. Formação Ambiente Lei do efeito Modelagem Comportamento 20 Competência 01 Indicador de Tipos de Personalidade Myers-Briggs e suas características. Tipo de personalidade Características Extrovertido (E) X Introvertido (I) Expansivo e sociável X Quieto e tímido Sensorial (S) X Intuitivo (N) Pragmático, gosta de ordem e rotina, foca detalhes X Criativo, prefere processos inconscientes, tem visão mais ampla Racional (T) X Emocional (F) Usa lógica e raciocínio para tomar decisões X Usa valores pessoais e sentimentos para tomar decisões Julgador (J) X Perceptivo (P) Organizado, estruturado, gosta de ter o controle X Flexível, espontâneo, inseguro ao tomar decisões Quadro 04 – Indicador de tipos de Personalidade Fonte: adaptado de MENEGON (2012 p 25). Estas oito combinações nos dão dezesseis tipos de personalidades. O principal problema apontado neste teste é que ele força os sujeitos a se enquadrarem nas classificações propostas, não havendo, meio termos, porém se for levado em conta como um indicador mais próximo da personalidade real, isto pode ser relevado. Figura 05 - Retratos do lado esquerdo as Briggs e do lado direito Carl Jung. Fontes: https://en.wikipedia.org/wiki/Katharine_Cook_Briggs https://en.wikipedia.org/wiki/Katharine_Cook_Briggs 21 Competência 01 https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustav_Jung Descrição: Dois retratos um ao lado do outro, no lado esquerdo mãe e filha Briggs usando vestes brancas, do lado direito Carl Jung de óculos, terno e gravata. Emoções: Por fim, em relação ao que abordamos em nosso e-book, no que diz respeito ao Comportamento Individual, ou seja, o Nível Microorganizacional, vamos falar sobre as emoções, afinal de contas, não seria possível falar sobre o indivíduo sem levarmos em conta as reações neuroquímicas que acontecem em seu sistema nervoso repercutindo em todo o corpo. Vamos primeiro compreender diferentes termos que apesar de relacionados, são frequentemente confundidos. • Sentimentos: Conceito amplo que engloba várias sensações, incluindo as emoções e os humores. • Emoções: Sentimentos direcionados a algo ou alguém na forma de reações. • Humores: Sentimentos menos intensos que emoções que não se tornam reações a um objeto ou a um contexto. Anteriormente a tendência era acreditar que emoções eram sempredestrutivas e deveriam ser controladas ou eliminadas, porém como são parte inseparável e incontestável do comportamento humano, devem ser geridas pelo próprio indivíduo. Hoje o solicitado é que as emoções sejam construtivas e administradas para agir de forma gentil com todos no ambiente profissional. Olá estudante, caso tenha interesse, você pode acessar diretamente o site The Myers & Briggs Foundation que contém o teste mencionado. Atenção, o site é originalmente em inglês, porém você pode buscar a tradução simultânea presente em alguns navegadores nos celulares e computadores. Fonte: https://www.myersbriggs.org/my-mbti-personality-type/mbti- basics/home.htm?bhcp=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustav_Jung https://www.myersbriggs.org/my-mbti-personality-type/mbti-basics/home.htm?bhcp=1 https://www.myersbriggs.org/my-mbti-personality-type/mbti-basics/home.htm?bhcp=1 22 Competência 01 1.6.1 As Seis Emoções Universais Estudos apontam para a existência de seis emoções básicas universais: felicidade, surpresa, medo, tristeza, raiva e desagrado. Estas emoções se manifestam também no ambiente de trabalho e podem ser organizadas em um continuum, que significa uma sequência, e quanto mais próximas umas das outras neste continuum, mais facilmente podem ser confundidas. Continuum de emoções. Quadro 05 - Continuum de Emoções Fonte: adaptado de MENEGON (2012 p. 29) Apud ROBBINS (2009 p. 43). 1.7 Aplicação no CO Conhecer as emoções contribui para conhecer diversos tópicos nas organizações: • Capacidade e seleção Quem conhece as próprias emoções e consegue perceber e lidar com as emoções de outras pessoas, tende a ter melhor desempenho no trabalho. Essa é a base da Inteligência Emocional que é um conjunto de habilidade que influenciam a capacidade do indivíduo de lidar com as necessidades e exigências do ambiente. Estudos apontam que é o profissional com maior Inteligência Emocional (IE) e não o que tem o maior Quociente de Inteligência (QI), que tem melhor desempenho profissional, portanto maior capacidade de seleção, de escolha. • Tomada de decisão As emoções devem ser levadas em consideração quando estudamos a forma pela qual as pessoas tomam decisões, pois a tomada de decisões é influenciada não apenas pela racionalidade, Felicidade Surpresa Medo Tristeza Raiva Desagrado 23 Competência 01 como também por fatores emocionais como estresse, frustração, ansiedade e medo. Quando irritada uma pessoa tomará decisões diferentes das que tomaria quando calma. • Motivação Profissionais não trabalham apenas pelas recompensas materiais, pois o esforço não é apenas de um processo racional, como também emocional. Profissionais comprometidos emocionalmente com o trabalho, tem alto nível de motivação. • Liderança Líderes entusiasmados contagiam a equipe e a convencem de seus objetivos e visão. Discursos otimistas despertam emoções positivas nos funcionários. • Conflitos interpessoais Emoções sempre vem à tona em conflitos, portanto para soluciona-los é preciso identifica-las e ajudar as partes conflitantes a lidar com elas. Caso contrário, o conflito terá difícil solução. • Desvios de comportamento no ambiente profissional Emoções negativas podem provocar desvios de comportamento. Por exemplo, chegar atrasado, sair adiantado, roubar, trabalhar devagar, fofocar, agredir colegas. 24 Competência 01 Vimos nesta competência que o estudo e compreensão dos grupos e organizações, inicia- se pelo indivíduo, entendendo seu comportamento e suas motivações para tal. Veremos na segunda competência como as organizações são estruturadas, seus sistemas e modelos. Figura 06 – Aprendizagem e Comportamento Organizacional Fontes: http://www.conclusao.pt/lojaonline/seguranca-e-higiene-no-trabalho/113-gestao-das-organizacoes.html Descrição: Ilustração com diversos grupos aprendendo procedimentos organizacionais http://www.conclusao.pt/lojaonline/seguranca-e-higiene-no-trabalho/113-gestao-das-organizacoes.html Competência 02 25 2.Competência 02 | Entender a Introdução ao nível de sistemas de organização 2.1 As Organizações Por que estudarmos as organizações? Bem, estudante, para Hall (2004), é importante estudarmos as organizações pois segundo teóricos organizacionais e filósofos, elas são vistas como único meio para se alcançar determinados fins, como execução de projetos complexos e transformações na sociedade. Em um sentido concreto vivemos em um Estado Organizacional que as organizações e redes interorganizacionais agem como principais atores da política, economia e cultura mundial. Portanto, precisamos estudá-las se quisermos compreender nossa sociedade, aquilo que ocorre nela e a influência, bem como o que está ao seu redor. 2.2 A Teoria Geral dos Sistemas Entre as décadas de 1950 e 1960, o biólogo austríaco Karl Von Ludwig Bertalanffy (Viena Áustria, 1901 — Buffalo, Nova Iorque, 1972) criou e desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas (TGS). Seu intuito era nortear a interação e o desenvolvimento ordenado das ciências, por exemplo, ao invés de estudarmos em separado biologia, química e física, ele propôs que estas e todas as demais ciências deveriam ser estudadas de forma integrada, para assim termos uma visão mais abrangente do mundo e não apenas a visão específica e separada. E é aí que chegamos às organizações, estas que são temas de estudo de várias ciências, como psicologia, filosofia, sociologia, biologia entre outras. A visão organizacional passou a ser mais extroversiva e menos introversiva, pois passou a considerar mais o ambiente externo, ou seja, o meio ambiente, as pessoas e outras organizações por exemplo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Viena https://pt.wikipedia.org/wiki/1901 https://pt.wikipedia.org/wiki/Buffalo https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Iorque_(estado) https://pt.wikipedia.org/wiki/1972 Competência 02 26 Figura 07 – Retrato do Biólogo Karl Von Ludwig Bertalanffy. Fonte: http://www.kalab.nl/en/t/setup/theo.html Descrição: Retrato de Bertalanffy sentado em uma cadeira preta de couro, usando jaleco branco, gravata listrada e camisa social branca, segurando uma caneta com a mão direita sobre uma mesa repleta de documentos. 2.2.1 Sistema Fechado Teorias da administração como a de Frederick Winslow Taylor (Pensilvânia, EUA 1856 - Pensilvânia, EUA 1915), baseavam seus modelos e sistemas organizacionais com foco restrito ao ambiente interno das organizações, como se o ambiente externo não existisse ou não fosse capaz de infligir influência. Esta abordagem sistêmica para as organizações era mais utilizada antes da globalização e ainda pode ser vista hoje em pequenas empresas, embora já possa ser vista como obsoleta frente a abordagem do Sistema Aberto. Veremos os motivos. 2.2.2 Sistema Aberto A principal contribuição da abordagem sistêmica ao CO é o conceito de organização como um sistema aberto em constante interação com o seu ambiente. Sendo assim, sociólogos e psicólogos do Instituto de Relações Humanas de Tavistock (Organização sem fins lucrativos, localizada em Londres na Inglaterra - Reino Unido) passaram a considerar a organização como um sistema http://www.kalab.nl/en/t/setup/theo.html Competência 02 27 sociotécnico, ou seja, composta por dois subsistemas. Ambos os subsistemas se relacionam entre si de forma dinâmica. • Subsistema Técnico Compreende as instalações físicas da organização, ou seja, os equipamentos e instrumentos utilizados. A tecnologia utilizada e técnicas operacionais. As tarefas desempenhadas e suas exigências. É responsável pela eficiência potencial da organização. • Subsistema Social Compreende as pessoas, suas características físicas e psicológicas. As relações sociais entre as pessoas envolvidas na execução das tarefas. As exigênciasorganizacionais, formais e informais no ambiente profissional. Transforma a eficiência potencial em eficiência real. As organizações como sistemas abertos. Ambiente Quadro 06: Ilustração demonstrando as organizações como sistemas abertos Fonte: adaptado de CHIAVENATO (2014 p. 64). Outros autores que contribuíram fortemente para a Teoria Geral dos Sistemas no que tange o Sistema Aberto, foram os psicólogos americanos Daniel Katz (New Jersey, EUA 1903 – Michigan, EUA 1998) e Robert Louis Kahn (Michigan, EUA 1918 – Vermont, EUA 2019). Ambos trouxeram uma abordagem mais ampla e densa a respeito do tema: 1. As organizações são sistemas abertos Insumos Matérias-primas Energia Informação Organização Produtos Bens ou serviços Transformação Processos gerenciais Processos produtivos Exportação para o ambiente Importação para o ambiente Competência 02 28 As organizações apresentam características de importação (entrada), transformação (processamento) e exportação (saída) em relação ao ambiente que estão inseridas. As variações no ambiente externo ou interno são racionalizadas através de procedimentos para o sistema. 2. Estado firme e homeostasia dinâmica O sistema aberto procura manter equilíbrio entre o que é importado e exportado assegurando seu caráter organizacional e evitando o processo entrópico, ou seja, percas. O quociente de tudo que sai e entra precisa manter-se as mesmas apesar das variações que ocorrem no ambiente externo. 3. Diferenciação A diferenciação é uma estratégia que foca em características originais como fator de competitividade, algo típico em organizações com sistema aberto. Também é vista como a multiplicação e elaboração de funções com diferentes papéis na organização. 4. Equifinalidade As organizações são capazes de alcançar um mesmo resultado, através de diferentes caminhos, ou seja, a partir de condições iniciais diferentes a partir de meios diversos. Cabe salientar, que a medida que a organização desenvolve mecanismos regulatórios (homeostasia) a equifinalidade pode ser reduzida, porem nunca extinta. Sempre haverá vários caminhos para o mesmo resultado. 5. Limites ou fronteiras Como sistemas abertos as organizações apresentam limites ou fronteiras, ou seja, barreiras entre o sistema e o ambiente. Estes por sua vez definem a esfera de ação do sistema e seu grau de abertura com o ambiente. 6. Cultura e clima organizacionais Toda organização cria sua própria cultura, com seus costumes e usos. A cultura do sistema reflete as normas e os valores do sistema formal, a sua reinterpretação no sistema informal, bem como o comportamento dos membros, processos de trabalho, distribuição física, modalidade de comunicação e o exercício da autoridade dentro do sistema. Competência 02 29 7. Eficiência e eficácia organizacionais A eficiência busca incrementos por meio de soluções técnicas e econômicas enquanto a eficácia procura a maximização do rendimento para a organização. 8. Organização como um sistema de papéis As organizações podem ser vistas constituindo-se de papéis ou um conjunto de atividades esperadas pelas pessoas e outras organizações no ambiente externo que interagem com ela. Figura 08 – Retrato de Daniel Katz e Robert Louis Kahn. Fontes: https://marciokarsten.pro.br/?p=293 Descrição: Ambos os psicólogos, Katz e Khan, trajados de terno e gravata, estão sentados debruçados sobre uma mesa lendo um documento. 2.3 Sistema Organizacional Segundo Marques (2019), um Sistema organizacional consiste num mecanismo empresarial que tem como objetivo organizar e padronizar a execução das tarefas de uma empresa. Desta forma, podemos compreende-lo como sendo o que compõe a estrutura organizacional, através das regras, normas, cultura e tudo que orienta as ações de uma organização de forma https://marciokarsten.pro.br/?p=293 Competência 02 30 sistêmica. A Teoria dos Sistemas estudada acima, mostrou o confronto entre abordagens do Sistema Fechado, embasado na Teoria Clássica da Administração e o Modelo Burocrático, em contraposição com as abordagens do Sistema Aberto com a Teoria da Contingência. De um lado mecanismos e enfoques rígidos, do outro, adaptáveis e flexíveis. 2.4 A Estrutura Organizacional Segundo MARCOUSÉ et al (2013), de acordo com os primeiros estudiosos da gestão, F.W. Taylor e H. Fayol, ao pensar em como estruturar empresas, ambos viam as empresas como transformadoras de insumos, como dinheiro, materiais, máquinas e pessoas, em resultados. Desta forma, comparava-se o planejamento de uma empresa ao de uma máquina com o objetivo final de maximizar a eficiência. Os primeiros gestores queriam que lhes dissessem qual a melhor maneira de gerir e que estrutura organizacional funcionaria melhor. Taylor e Fayol baseavam seus pensamentos na forma como um exército é organizado. A seguir iremos estudar alguns dos modelos mais conhecidos, que formam estruturas organizacionais. Olá, você quer se aprofundar um pouco mais a respeito da Teoria da Contingência? Confira o link: https://www.ibccoaching.com.br/portal/o-papel- da-teoria-contingencial-para-administracao-de-um-negocio-proprio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/o-papel-da-teoria-contingencial-para-administracao-de-um-negocio-proprio/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/o-papel-da-teoria-contingencial-para-administracao-de-um-negocio-proprio/ Competência 02 31 Figura 09 - Equipe Ilustração. Fonte: https://cakeerp.com/equipe-de-vendas/ Descrição: Grupo de profissionais desenvolvendo um sistema. 2.5 Organização Formal Segundo Chiavenato, uma das características da teoria clássica da administração foi a ênfase na estrutura, ou seja, na organização formal. Os autores clássicos restringiram-se aos aspectos formais da organização, como: divisão do trabalho, especialização, hierarquia, autoridade, responsabilidade, coordenação e etc. Foram abordados de forma normativa e como prescrição para alcançar a máxima eficiência segundo os interesses da organização. A organização formal compõe-se de camadas hierárquicas ou níveis funcionais estabelecidos pelo organograma e com ênfase nas funções e tarefas. Esses níveis são definidos e diferenciam o grau de autoridade delegada e o endereçamento de ordens, instruções e recompensas salariais. A organização formal compreende estrutura organizacional, diretrizes, normas, e regulamentos da organização, rotinas e procedimentos, em fim todos os aspectos que mostram como a organização pretende que sejam suas relações para que possam alcançar seus objetivos. https://cakeerp.com/equipe-de-vendas/ Competência 02 32 2.6 Organização Linear A organização linear é a forma estrutural mais simples e antiga, pois tem sua origem na disposição dos exércitos e organizações eclesiásticas da Idade Média. As formas mais antigas de organização, tem em comum o princípio da autoridade linear, chamado também de princípio escalar para estabelecer a hierarquia da autoridade. O nome linear significa que existem linhas diretas entre os subordinados e seus superiores. É uma forma, hoje em dia, típica de organizações em formato inicial ou de pequenos portes. Foi bastante defendida pelo engenheiro e também famoso teórico da administração, Jules Henri Fayol (Istambul, Turquia 1841 – Paris, França 1925). 2.6.1 Características da Organização Linear As organizações lineares apresentam as seguintes características. • Autoridade linear ou única A principal característica da organização linear é a autoridade única e absoluta do superior sobre os seus subordinados. Cada subordinado responde única e exclusivamente ao seu superior e recebe ordens apenas deste. • Linhas formais de comunicação As comunicações entre os cargos ou órgãosna organização são feitos unicamente por meio das linhas traçadas no organograma, ou seja, são formalizadas em linhas ascendente (quando do subordinado para o superior) ou descendente (quando do superior para o subordinado). • Centralização das decisões Como a linha de comunicação liga cada órgão ou cargo ao seu superior e consequentemente até a alta cúpula organizacional, a autoridade linear que comanda toda organização centraliza-se no topo do organograma. Desta forma, os canais de responsabilidades são conduzidos através dos níveis hierárquicos até convergirem toda autoridade para a cúpula que centraliza todas as decisões e o controle organizacional. Competência 02 33 • Aspecto piramidal Em decorrência da centralização de autoridade no topo da organização e da autoridade linear de cada superior em relação aos seus subordinados, a organização apresenta um formato de pirâmide. À medida que se sobe na hierarquia linear, diminui-se os cargos e aumentam-se as responsabilidades, enquanto que o inverso ocorre conforme se desce na hierarquia linear, onde aumenta-se os cargos e diminui-se as responsabilidades. 2.6.2 Vantagens da Organização Linear As vantagens da Organização Linear são as seguintes. • Estrutura simples e de fácil compreensão Graças a estrutura simplificada com menor número de cargos e ou órgãos, a cúpula igualmente terá apenas um órgão ou cargo centralizador, e o subordinado só se relacionar formalmente com seu supervisor e assim por diante. As opções de comunicações e relações formais são mínimas, portanto restritas e simples. • Clara delimitação das responsabilidades dos órgãos e notável precisão de jurisdição Nenhum órgão ou cargo intervém em área alheia, de modo que as atribuições e as responsabilidades são muito bem definidas e delimitadas. • Facilidade de implementação A organização linear oferece facilidade em seu funcionamento, controle e disciplina. O pequeno número de relações formais, a estrutura simples e clara delimitação das responsabilidades, eliminam qualquer dificuldade em implementar este tipo de organização. • Estabilidade A centralização do controle e das decisões junto à rígida disciplina garantida na unidade de comando permitem o funcionamento da organização. • Tipo de organização indicado para pequenas empresas Competência 02 34 Sua estrutura simplificada e fácil operacionalização contribuem para tal. 2.6.3 Desvantagens da Organização Linear A organização linear também apresenta desvantagens e limitações, são elas. • Estabilidade e constância das relações formais Estes elementos acima, podem levar à inflexibilidade e rigidez da organização linear, dificultando inovações e adaptações a novas situações e ao ambiente externo. A organização pode vir a não responder com adequada velocidade às mudanças da sociedade moderna. • Autoridade linear baseada no comando único e direto Pode tornar-se autocrática, provocando rigidez na disciplina, dificultando a cooperação das pessoas. • Exagero na função de chefia e de comando Pressupõe que os chefes devem saber tudo e serem capazes de fazer tudo. Os chefes tornam-se generalistas, portadores de todas as decisões e ordens que venham do topo, bem como transmissores de toda informação que vem da base. Desta forma, com o acúmulo e monopólio de informações tornam-se verdadeiros gargalos na organização. 2.6.4 Esfera de Aplicação da Organização Linear A organização linear é aplicável nos seguintes casos. • Organizações pequena e que não requerem executivos com especializações técnicas. • Estágios iniciais após a criação da organização. • Quando as tarefas da organização são padronizadas, rotineiras e com poucas modificações, concentrando-se em atividades repetitivas. • Quando a velocidade na execução do trabalho é mais importante que a qualidade. • Quando a organização investe em consultoria externa ou obtém serviços externos que suprem sua necessidade de criar órgãos internos de acessória. Competência 02 35 Figura 10 – Organograma em Linha. Fonte: https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ Descrição: Esquema de um Organograma exibindo os cargos em retângulos ligados uns aos outros conforme descrito sobre a organização em linha. 2.7 Organização Funcional O termo funcional vem do fato deste tipo de organização aplicar o princípio baseado na especialização das funções. Muitas organizações antigas utilizavam o princípio funcional para distinguir atividades ou funções. Este princípio denominado funcional, separa, distingui e especializa. Também é chamada na literatura como staff, termo este que significa funcionários em inglês. 2.7.1 Características da Organização Funcional A Organização Funcional apresenta as seguintes características. • Autoridade funcional ou dividida Aqui existe a autoridade funcional ou dividida que é relativa e baseada na especialização. É uma autoridade baseada no conhecimento e não na linearidade, hierarquia ou comando. Cada subordinado reporta-se há vários superiores, simultaneamente, porém apenas a respeito dos https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ Competência 02 36 assuntos de especialidade de cada um. Nenhum superior tem autoridade total sobre os subordinados, mas uma autoridade parcial e relativa à sua especialidade. • Linhas diretas de comunicação A comunicação entre os cargos ou órgãos são efetuados diretamente sem necessidade de intermediação, com a finalidade de buscar maior velocidade possível na comunicação entre os diferentes níveis. A organização funcional caracteriza-se pela descentralização da tomada de decisão na hierarquia, seu deslocamento e distribuição em cargos ou órgãos competentes. • Descentralização das decisões As decisões são delegadas aos cargos ou órgãos especializados que sejam mais capacitados para implementa-las. Não é a hierarquia, mas a especialidade quem promove as decisões. • Ênfase na especialização Há um foco primário na especialização de todos os cargos e órgãos em todos os níveis da organização. Há separações de funções de acordo com as especialidades envolvidas. Cada cargo ou órgão contribui para a organização, conforme sua especialidade e as responsabilidades são delimitadas com base neste mesmo critério. 2.7.2 Vantagens da Organização Funcional A organização funcional tem as seguintes vantagens. • Proporciona o máximo de especialização nos diversos cargos e órgãos da organização, permitindo que cada órgão e cargo concentrem-se total e unicamente na sua função, livre de demais tarefas acessórias ou subsidiarias. • Permite a melhor supervisão técnica possível, pois cada cargo e órgão reporta-se diretamente a especialista em seu campo de atuação. Competência 02 37 • Permite comunicação veloz, direta e com menos distorções, entre os cargos e órgãos interessados, sem antes terem que passar por uma linha formal e indireta de comunicação. • Separa as funções de planejamento e controle das funções de execução. Havendo assim uma equipe especializada nas funções de planejamento e controle, que os faz para todas as demais, e cada uma destas preocupa-se apenas em executar a sua função sem necessidade de voltar sua atenção às demais. 2.7.3 Desvantagens da Organização Funcional A organização do tipo funcional também traz inúmeras desvantagens. • Diluição e consequente perda de autoridade de comando A substituição da autoridade linear pela funcional – relativa e dividida – traz como consequência a dificuldade dos cargos e órgãos superiores de controlar o funcionamento dos cargos e órgãos inferiores na hierarquia. Ou seja, a imposição de disciplina e obediência, aspectos típicos da organização linear não são pontosfortes na organização funcional. • Subordinação Múltipla A organização funcional pode trazer problemas com relação a delimitação das responsabilidades, pois cada subordinado reporta para vários superiores, cada qual especialista em uma função, e como há funções que se sobrepõem, há sempre o risco do subordinado buscar orientação do especialista menos indicado para aquele problema específico. Nem sempre os cargos ou órgãos sabem exatamente a quem recorrer, o que leva a perda de tempo e transtornos. • Tendência à concorrência entre os especialistas Como os diversos cargos e órgãos são especializados em determinadas atividades, a tendência é que estes compitam entre si para impor à organização seus interesses, pontos de vista e abordagens. Isso fragmenta o interesse da organização como um todo e leva à sua perda de conjunto de visão, trazendo distorções danosas à organização. Competência 02 38 • Tendência à tensão e conflitos dentro da organização A competição e concorrência aliadas à perda de visão de conjunto da organização levam à divergência e à multiplicidade de objetivos que podem se antagonizar, criando tensões e conflitos entre os especialistas. Apesar de trabalharem juntos eles podem sentir-se como adversários defendendo posições contrárias, criando sentimentos de animosidade, ressentimento, oposição e resistência à cooperação. 2.7.4 Esfera de aplicação da organização funcional Ela fracassa em alguns pontos, principalmente por problemas de coordenação e controle nas linhas divididas de controle. Entende-se que a organização funcional deve ser restrita aos seguintes casos. • Organizações de pequeno porte e que tem uma equipe de especialistas sintonizados e harmoniosos, orientados a um dirigente eficaz e com objetivos claros e definidos. • Em determinadas circunstâncias e apenas nestas, a organização delega durante um período específico de tempo, autoridade funcional a algum órgão especializado sobre os demais, a fim de implantar alguma rotina ou procedimento, ou mesmo, avaliar ou controlar alguma atividade. Figura 11 – Organograma Funcional ou Staff. Fonte: https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ Competência 02 39 Descrição: Esquema de um Organograma exibindo os cargos em retângulos ligados uns aos outros conforme descrito sobre a organização funcional ou staff. 2.8 Organização Linha – Staff O tipo de organização Linha – Staff é o resultado da combinação dos tipos Linear e Funcional, buscando assim unir as vantagens de ambos e também reduzir suas desvantagens. Alguns autores a denominaram na literatura, também de Organização do tipo Hierárquico – Consultivo. Esse tipo é também tão antigo quanto os citados anteriormente, tendo surgido a partir da necessidade dos exércitos que cresceram muito, em não sobrecarregar seus generais, desta forma em meio àquela organização linear, criou-se um staff para delegar parte das funções. Na organização linha – staff coexistem órgãos de linha (órgãos de execução) e de assessoria (órgãos de apoio e consultoria), ambos se relacionando entre si. Os órgãos de linhas caracterizam-se pela autoridade linear e princípio escalar, enquanto os órgãos de staff assessoria e serviços especializados. Figura 12 – Organograma Linha - Staff Fonte: https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ Descrição: Esquema de um Organograma exibindo os cargos em retângulos ligados uns aos outros conforme descrito sobre a organização funcional Linha - staff. https://www.heflo.com/pt-br/rh/exemplo-de-estrutura-organizacional-de-uma-empresa/ Competência 02 40 Caro estudante, agora que já vimos importantes fundamentações do comportamento e sistema organizacionais, vamos entender as características e fundamentos de um dos processos mais importantes nas organizações, sobretudo nos tempos atuais com o advento da tecnologia e globalização. Figura 13 – Organizações e seus sistemas. Fonte: https://www.opensoft.pt/novos-dados-estao-mudar-organizacoes/ Descrição: Ilustração contendo edifícios e sobre eles uma representação de sistema ligados entre si com diversos ícones. https://www.opensoft.pt/novos-dados-estao-mudar-organizacoes/ Competência 03 41 3.Competência 03 | Entender o estudo de mudança organizacional 3.1 Mudanças Organizacionais Para Marcousé et al (2013), mudança é uma característica constante da atividade organizacional. As principais questões são se ela foi prevista, desta forma sendo planejada, e se está sob o controle da empresa. Para Robbins (2004), alterações nos cenários culturais e tecnológicos estão provocando mudanças nas organizações, suas formas de gestão e comunicação com o público. Desde a década de 70, com a crise do petróleo e suas mudanças econômicas, vivemos em uma época de descontinuidade onde o passado não necessariamente dita os rumos do futuro, e com isso, a mudança organizacional tornou-se algo contínuo e ininterrupto. Como foi observado e vivenciado em 2020 com os acontecimentos da Pandemia ocasionada pelo Corona Vírus SARS-CoV-2, este originário da China, todas as organizações, em todo o mundo colidiram frontalmente com mudanças drásticas, comportamentais, financeiras, estruturais, entre outras. E vimos como mudanças fora do controle podem inclusive falir empresas e promover desemprego em massa. Percebem como algo que surge tão distante de nós, pode nos afetar tanto? Esta é a realidade de um mundo globalizado, e apesar de parecer uma tarefa impossível, temos que estar sempre atualizados a respeito do que ocorre fora das organizações e ainda assim podem afetá- las. 3.2 Causas Internas e Externas da Mudança A mudança acontece por meios diversos, que podem ser internos ou externos. As internas, como por exemplo mudanças nos objetivos, devem, no mínimo, ser planejadas. Causas externas podem ser inesperadas, o que as torna muito mais difíceis de gerenciar. A tabela a seguir indica algumas possíveis causas internas e externas de mudança. Saiba mais sobre a pandemia do Covid – 19 através do site oficial do governo federal: https://coronavirus.saude.gov.br/ https://coronavirus.saude.gov.br/ Competência 03 42 Exemplos de causas internas e externas de mudança Causas internas Causas externas Novos objetivos de crescimento definidos pela direção. Aumento na demanda de consumo ou no produto. Nomeação de novo chefe. Aumento de poder aquisitivo do público alvo beneficia um produto mais caro. Decisão de abrir novos mercados de exportação. Fechamento, greves, demissões, atingem o concorrente aumentando suas vendas, ou atingem você diminuindo as suas. Uma decisão de aumentar o dividendo dos acionistas torna mais difícil encontrar o capital para investir na empresa. Novas leis em favor do seu produto, por exemplo, novas leis de segurança aumentam as vendas de kits de primeiros socorros. Quadro 07 - Exemplos de causas internas e externas de mudança Fonte: adaptado de MARCOUSÉ et al (2013 p.185). 3.3 Forças para a Mudança As organizações de hoje enfrentam um ambiente cada vez mais dinâmico e em constante mudança, por isso é preciso adaptar-se às condições e conhecê-las. Há seis forças específicas que estimulam a mudanças nas organizações. São elas: • Natureza da força de trabalho Muitas empresas estão se ajustando ao ambiente multicultural. Políticas e práticas de recursos humanos foram modificadas para atrair e reter força de trabalho mais diversificada. Há também o investimento na qualificação de seus profissionais. • Tecnologia A tecnologia está mudando o trabalho e as organizações. Computadores antes artigos de luxo nas empresas, hoje são produtosindispensáveis e básicos para tocar o funcionamento. Dispositivos móveis como tablets e celulares smarthphones são essenciais para maior parte da Competência 03 43 população. Há ainda os programas de reengenharia que eliminaram desperdícios e tarefas redundantes. • Choques econômicos Cada nova crise, quer seja a do petróleo na década de 70, quer seja a crise da bolha imobiliária em 2008, ou a crise da pandemia da Covid–19 em 2020, provocou mudanças, muitas vezes bruscas, nas empresas, obrigando-as a alterações do seu funcionamento. • Competição A competição está mudando, com a economia globalizada, a concorrência pode estar do outro lado da cidade, ou do outro lado do mundo. Com o aumento da competitividade, as organizações já estabelecidas precisam se defender tanto dos concorrentes tradicionais, que desenvolvem novos produtos e serviços, como das empresas pequenas e empreendedoras que surgem com ofertas e inovações. Organizações mais flexíveis e que se renovarem serão mais bem- sucedidas. • Tendências sociais As tendências sociais se modificam com o tempo, se compararmos nossa realidade, com a de dez anos atrás, veremos que coisas como Whatsapp e o GPS Waze, nem sequer existiam. As leis para viajar entre países eram mais flexíveis antes de 2001, e após o ocorrido no início de 2020, as leis sanitárias ficam ainda mais rígidas. • Política internacional É importante contextualizar globalmente o comportamento organizacional. Embora as faculdades de administração venham dando enfoque nesta abordagem desde os anos 80, ninguém poderia imaginar como a política internacional se modificaria. Fatos como a queda do muro de Berlim, Caro estudante saiba mais sobre os eventos de 11 de setembro de 2001 e suas consequências ao redor do mundo: https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2019/09/11-de-setembro-o- que-mudou-e-que-licoes-aprendemos-apos-18-anos- ck0f9t5t800xi01tgaj2udmh8.html https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2019/09/11-de-setembro-o-que-mudou-e-que-licoes-aprendemos-apos-18-anos-ck0f9t5t800xi01tgaj2udmh8.html https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2019/09/11-de-setembro-o-que-mudou-e-que-licoes-aprendemos-apos-18-anos-ck0f9t5t800xi01tgaj2udmh8.html https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2019/09/11-de-setembro-o-que-mudou-e-que-licoes-aprendemos-apos-18-anos-ck0f9t5t800xi01tgaj2udmh8.html Competência 03 44 o colapso da União Soviética, a guerra no Iraque, a guerra comercial entre EUA e China. Percebem como praticamente todo acontecimento no mundo, provoca mudanças até mesmo nos locais aparentemente mais distantes?! Vejam abaixo a tabela que resume as seis forças de mudança e suas características. Força Exemplos Natureza da força de trabalho. Maior Diversidade. Aumento de profissionais no mercado. Muitas pessoas com habilidades inadequadas entrando no mercado de trabalho. Tecnologia. Computadores mais rápidos e mais baratos. Novos dispositivos móveis de comunicação. Programas de reengenharia. Choques Econômicos. Mudanças no preço do petróleo. Ascenção e queda de empresas e e-commerce. Queda do valor do Euro. Competição. Concorrência globalizada. Fusões e consolidações. Crescimento do e-commerce. Tendências Sociais. Salas de bate papo virtuais. Tatuagens e piercings entre os jovens. Interesse crescente na vida urbana. Política Internacional. Negros no poder na África do Sul. Abertura dos mercados na China. Luta contra o terrorismo após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. Quadro 08 - as seis forças de mudança Fonte: adaptado de Robbins (2004, p. 258). Competência 03 45 3.4 Administração da Mudança Planejada Você sabe o que é a mudança planejada e quais os seus objetivos? Muitas mudanças nas organizações apenas acontecem, sem qualquer visão ou planejamento, as empresas as tratam apenas como acidentes, porém, existem as que são proativas e significantes, atividades intencional e orientada para resultados. Os objetivos da mudança planejada são essencialmente dois. 1. Ela busca melhorar a capacidade da organização se adaptar às mudanças em seu ambiente. 2. Mudar o comportamento dos funcionários. 3.5 Agentes da Mudança Quem é responsável pela administração das atividades de mudança nas organizações? A resposta é: os agentes de mudança. Eles podem ser administradores, funcionários das organizações ou consultores externos. Para os principais esforços de mudanças, os dirigentes têm recorrido cada vez mais a serviços temporários de consultores externos, com conhecimento especializado em teorias e métodos de mudança. Como são profissionais externos, são capazes de oferecer uma perspectiva mais objetiva que os internos. Entretanto, sua vantagem é também uma desvantagem pois não conhecem na prática a história e cultura da organização e dos procedimentos internos. Agentes externos de mudança se mostram mais dispostos a iniciar mudanças drásticas, o que se constitui em benefício por um lado, e desvantagem por outro, pois não terão que conviver com as repercussões do processo de mudança. Em comparação agentes internos de mudança, mostram-se mais conservadores e cautelosos, pois sofrerão as repercussões de seus atos. Competência 03 46 Figura 14 – Mudanças e ajustes são necessários. Fonte: https://blog.acelerato.com/projetos/como-lidar-com-mudancas-durante-um-projeto/ Descrição: Ilustração contendo uma mão segurando uma chave mecânica enquanto ajusta uma engranagem. 3.6 Analogia das ‘Águas Calmas’ Até recentemente, a analogia das águas calmas dominava o conceito de mudança no meio acadêmico e empresarial. Sua melhor ilustração está no modelo de três etapas de Kurt Kewin (Moglino, Alemanha 1890 – Massaschusetts, EUA, 1947). Kurt Lewin foi um importante psicólogo alemão e ex combatente de seu país durante a primeira guerra, se refugiou nos EUA, pois suas ideias eram incompatíveis com o Partido Nazista. De acordo com Lewin, as mudanças bem sucedidas deveriam seguir três etapas: • Descongelamento do status quo • Movimento para uma nova condição • Recongelamento da mudança para torna-la permanente. O status quo pode ser considerado um estado de equilíbrio, para sair dele é necessário o descongelamento, este pode ser alcançado de três maneiras. 1. As forças propulsoras, que dirigem o comportamento no sentido contrário do status quo podem ser estimuladas. https://blog.acelerato.com/projetos/como-lidar-com-mudancas-durante-um-projeto/ Competência 03 47 2. As forças restritivas, que impedem o movimento para fora do estado de equilíbrio, podem ser desestimuladas. 3. A terceira alternativa, seria é claro, a combinação das duas abordagens anteriores. Depois do descongelamento, a mudança pode ser implementada. No entanto, apenas introduzir a mudança não assegura que ela seja concretizada. A nova situação precisa ser recongelada, de modo que permaneça mantida ao longo do tempo. Caso esta etapa não seja cumprida, há grandes chances de a mudança não passar de um fenômeno temporário e assim os funcionários reconquistam o antigo status quo. O objetivo do recongelamento evidentemente é estabelecer um equilíbrio, um novo status quo, entre as forças propulsoras (favoráveis) e as restritivas (contrárias). Modelo de mudança de três etapas de Lewin Quadro 09 – Modelo de mudanças de três etapas de Lewin Fonte: adaptado de ROBBINS (2004, p.261). Perceba que Lewin aborda a mudança como um rompimento do status quo da organização, e com esta quebra de equilíbrio um novo precisa ser posto em seu lugar. Esta teoria foi bastante válida até a década de 70, entretanto as ‘águas calmas’ não são uma descrição eficiente diante das ‘corredeiras’ que os administradores têm que lidar na atualidade. Descongelamento Movimento RecongelamentoCompetência 03 48 3.7 Analogia das ‘Corredeiras’ Na analogia das ‘corredeiras’, tal como em um rio turbulento, o profissional e as organizações precisam ser extremamente ágeis e flexíveis em suas atitudes e respostas aos eventos. Caso sejam inflexíveis ou lentos em adaptar-se, simplesmente não sobrevivem no mercado. Esta analogia das ‘corredeiras’ é mais coerente com os ambientes dinâmicos e incertos em um mundo dominado pela informação e ideias. Previsibilidade e estabilidade não existem nos tempos atuais. As interrupções nos status quo não são ocasionais nem temporárias e muito menos seguidas de retorno às águas calmas. Os administradores de hoje na verdade nunca saem das corredeiras. As regras da analogia das águas calmas ainda existem, mas seu ciclo é interminável, as forças propulsoras e restritivas permanecem em atrito constante. Figura 15 – Foto retrato do Psicólogo Kurt Lewin Fonte: http://psicologiaalvorada.blogspot.com/2011/03/resumo-kurt-lewin.html Descrição: Retrato do psicólogo Kurt Kewin trajando terno e óculos de aros circulares. http://psicologiaalvorada.blogspot.com/2011/03/resumo-kurt-lewin.html Competência 03 49 3.8 Resistência à Mudança Uma das descobertas mais bem documentadas nas pesquisas sobre comportamento organizacional e individual, é que tanto as organizações como seus profissionais têm tendência em resistirem às mudanças. Em certo sentido trata-se de algo positivo, pois oferece estabilidade e previsibilidade ao comportamento. Caso não houvesse esta resistência natural, o comportamento organizacional se revestiria de uma aleatoriedade caótica. A resistência pode ainda ser fonte de conflitos funcionais, por exemplo, a resistência a uma mudança pode levar a uma discussão criteriosa sobre seus méritos e resultar numa decisão melhor elaborada. Porém é inegável que a resistência dificulta a adaptação e o progresso da mudança. Nem sempre a mudança aparece de forma padronizada, ela pode ser aberta, implícita, imediata ou protelada. • Resistência aberta ou imediata Por incrível que possa parecer, é mais fácil para os administradores quando a mudança é aberta e imediata. Por exemplo, no caso onde uma mudança é proposta e os funcionários logo se posicionam contrários, fazendo protestos, diminuindo o ritmo de trabalho ou ameaçando greves. • Resistência implícita ou protelada O maior desafio é administrar uma resistência quando esta é implícita ou protelada (adiada), pois os traços da resistência implícita são mais sutis, como perda de lealdade, perda de motivação, aumento de erros e defeitos, aumento do absenteísmo por “questões de saúde” e, portanto, mais difíceis de serem identificados. As ações proteladas podem tornar-se verdadeiras bolas de neve, pois mudanças podem resultar em ações mínimas que fazem a resistência explodir de maneira desproporcional, semanas ou até meses depois. Competência 03 50 Figura 16 – Forças Propulsoras e Restritivas Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/empresarios-de-trabalho-em-equipe-no-cabo-de-guerra_4086842.htm Descrição: Ilustração com figuras de profissionais em dois grupos puxando uma corda (cabo de guerra). 3.8.1 Fontes da Resistência As fontes da resistência são divididas sob duas categorias que podem ser analisadas como: individuais e organizacionais. Na vida prática, estas fontes, geralmente caminham sobrepostas, isto é, unidas. 3.8.2 Resistência Individual As fontes da resistência individual à mudança estão nas características humanas básicas, como percepção, personalidade e necessidades. Veja a seguir cinco fontes de resistência dos indivíduos diante das mudanças. 1. Hábito O normal ou habitual é que a maioria das pessoas, ao ir a lugares rotineiramente como escola e trabalho, escolha sempre as mesmas rotas, isto é um hábito. Como seres humanos, somos criaturas de hábito, pois a vida já é suficientemente complexa para termos que avaliar novas alternativas a todo instante, para assim tomarmos decisões. Quando estamos diante de uma mudança o modo ao qual estamos habituados a agir se torna uma fonte de resistência. https://br.freepik.com/vetores-premium/empresarios-de-trabalho-em-equipe-no-cabo-de-guerra_4086842.htm Competência 03 51 2. Segurança Pessoas com elevada necessidade de segurança sentem-se mais ameaçadas diante de mudanças e por isso tendem a resistir muito mais. Por exemplo, o caso em que uma empresa investe pesado em robótica, os funcionários desta podem sentir-se ameaçadas com a insegurança do desemprego iminente. Por outro lado, estas mesmas pessoas tornam-se facilmente suscetíveis a mudanças que lhes garantam mais segurança, mesmo que a custo de direitos ou liberdades individuais. 3. Fatores econômicos Outra fonte de resistência é a preocupação de que a mudança possa resultar em redução dos rendimentos, diminuindo assim o poder financeiro. Mudanças nas tarefas ou rotinas profissionais também podem resultar neste temor, pois o receio de não conseguir cumprir as demandas pode impactar na produtividade, em especial quando a remuneração está associada a produção. 4. Medo do desconhecido Esta é mais generalista e como podemos observar está presente nas outras fontes também. Com a incerteza trazida pela mudança, de forma pessoal ou profissional, as pessoas, não gostam do desconhecido. Por exemplo em uma empresa onde um novo programa de gestão da qualidade seja aplicado com novas técnicas, os funcionários terão medo de não conseguirem fazê- las. Assim podem adquirir atitudes negativas ou um comportamento disfuncional. 5. Processamento seletivo de informações Como vimos anteriormente, os indivíduos moldam seu mundo com base em suas percepções. Depois que o criam, eles resistem a mudá-lo, para assim manter suas percepções intactas e ou validá-las. Fazem isso processando seletivamente as informações, ouvem apenas o que querem ouvir, e ignoram o que seja capaz de desafiar o mundo que moldaram. A mesma coisa acontece diante de mudanças organizacionais, os funcionários podem simplesmente ignorar as novas diretrizes que contrariam suas formas habituais de trabalhar. Competência 03 52 3.8.3 Resistência Organizacional Curiosamente as próprias empresas são conservadoras por natureza no que diz respeito a mudanças. Por exemplo, podemos citar os órgãos públicos que tendem a querer continuar fazendo o que fazem da mesma forma há anos, mesmo que a demanda do serviço tenha mudado. As próprias instituições educacionais cujo propósito está em abrir mentes, são elas próprias extremamente resistentes a mudanças, empregando tecnologias de ensino de 50 anos atrás. E é claro não podemos deixar de citar as empresas privadas. A seguir iremos citar seis fontes da resistência organizacional. 1. Inércia estrutural Os mecanismos internos da organização é o que produzem estabilidade, a formalização fornece a descrição das tarefas, regras e procedimentos que devem ser seguidos pelos funcionários. Quando uma organização se depara com uma mudança, a inércia estrutural age como um contrapeso para sustentar a estabilidade. 2. Foco limitado de mudança Organizações são formadas por subsistemas interdependentes, portanto não é possível implementar mudanças em um, sem que assim afete os demais. Desta forma, quaisquer mudanças que se limitam apenas a determinado subsistema, tendem a ser rejeitadas e anuladas pelo subsistema mais amplo. É necessário que junto à mudança venha também procedimentos para adaptação junto aos outros. 3. Inércia de grupo Mesmo os indivíduos querendo mudar seu comportamento, as normas de grupo podem limitar esta iniciativa (como veremos mais profundamente na quarta competência). Um funcionário sindicalizado por exemplo, pode aceitar certas modificações propostas pela administração, entretanto, se a norma do
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