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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC– UNISOCIESC CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA Análise de casuística referente aos métodos de contenção física e química em Mazama americana DEBORA PENHA PINTO EDUARDA VIANNA ROCHA MARCELA GOMES LAUANA LUIZA BENTO LEONARDO BARBOSA LIMA VITÓRIA LOPES ALEXANDRE FLORIANÓPOLIS Dez/2020 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................. 6 OBJETIVO ................................................................................................................ 15 MATERIAIS E MÉTODOS/CASUÍSTICA ................................................................. 15 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Veado-mateiro (M. americana). (Fonte: Foto de J.M.B. DUARTE). ........ 6 Figura 2. Descrição original do Mazama americana (Fonte: ERXLEBEN (1777). Biodiversity Heritage Library.) ................................................................................. 7 Figura 3. Mapa da distribuição do veado-mateiro (M. americana). (Fonte: DUARTE ..................................................................................................................... 7 Figura 4. Indivíduo da espécie M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió) ......................................................... 16 Figura 5. Preparo do material para o protocolo de sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). .................................................................................................................. 17 Figura 6. Detalhe do instrumento zarabatana utilizado para atingir o animal com os dardos com o fármaco. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). .................................................................................................................. 17 Figura 7. Profissional utilizando a ferramenta zarabatana para realizar a sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). ......................................................................................... 17 Figura 8. Exemplo de uma pistola a gás considerada para o manejo do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). .................................................................................................................. 17 Figura 9. Indivíduo de M. americana com o dardo para protocolo de sedação. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). .............................. 17 Figura 10. Preparo do material para o protocolo de sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). .................................................................................................................. 18 Figura 11. Indivíduo de M. americana resgatado após procedimento cirúrgico de amputação. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). ......... 18 Figura 12. Radiografia dos membros torácicos do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). ........... 19 Figura 13. Radiografia dos membros torácicos do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). ........... 19 4 RESUMO Como alvo deste estudo a espécie Mazama americana (veado-mateiro) compreende- se que diversas pesquisas e atendimentos a este grupo faunístico necessita de um manejo de contenção física e o uso de fármacos, porém pouco se compreende para este grupo, sendo que, normalmente, as doses elencadas são calculadas por alometria ou extrapoladas do uso em ruminantes domésticos. O objetivo foi avaliar a conduta de uma casuística quanto ao manejo, contenção física e química de um indivíduo da espécie M. americana. Um exemplar, macho, de 16,300 kg, foi resgatado em um canavial localizado em Olímpia (SP) pela Polícia Ambiental de Barretos após um atropelamento por uma colheitadeira de cana que ocasionou uma fratura exposta no carpo direito. Em seguida o indivíduo foi levado até a clínica para tratamento, onde foi utilizado o uso de contenção química, elencando telazol com o auxílio de dardos de uma zarabatana para sedação e isoflurano para protocolo anestésico. As técnicas adotadas foram consideradas cabíveis e oportunas à estabilização e consolidação da fratura exposta no carpo direito no indivíduo de veado-mateiro, com a ressalva do plano anestésico utilizado, onde a literatura não relata o uso de isoflurano como comum e a contenção física realizada por parte da Polícia Ambiental que poderia ser mais bem administrada e repensada. Este tipo de relato corrobora com a literatura quando se trata de amputação como alternativa de manejo em lesões em cervídeos propiciando a liberação do animal ao meio ambiente natural. Palavras-chave: Mazama americana; veado-mateiro; contenção 5 INTRODUÇÃO Nos últimos anos é evidente a crescente preocupação com a biodiversidade e o meio ambiente de maneira geral, em especial, pela probabilidade de diferentes espécies, por causas não naturais, sofrerem processo de extinção (WILDT, 1992; HOLT e PICKARD, 1999). O status de conservação dos animais vêm mudando em taxas cada vez mais elevadas em função, principalmente, da antropização recorrente que acaba provocando, por exemplo, a fragmentação e destruição de habitats, introdução de espécies exóticas, a alta incidência de atividades de caça predatória, dentre outras ameaças importantes (HOLT e PICKARD, 1999). Um grupo importante ao equilíbrio do meio ambiente são os Cervídeos, os quais, segundo Duarte, González e Maldonado (2008), apresentaram origem na época Mioceno e início do Plioceno à, aproximadamente, 20 milhões de anos na Eurásia (porção de massa continental formada pela Europa e a Ásia), com grande quantidade de fósseis. Acredita-se, na história evolutiva, que esse grupo tenha chegado à América do Sul no final do Plioceno mediante a ascensão da ponte do Estreito do Panamá, permitindo, dessa forma, o intercambio da fauna entre as Américas Norte e Sul (DUARTE, GONZÁLEZ e MALDONADO, 2008). Segundo Catão-Dias e Camargo (2010), muitas vezes, para que a conservação de uma espécie seja concretizada, dentro do processo algumas ações devem ser feitas incluindo pesquisas de cunho científico, que muitas vezes, requerem aproximação de indivíduos da espécie, além disso, os veados selvagens são indóceis, propensos ao estresse e, portanto, de difícil manejo. Sabe-se que a captura, manutenção, contenção física e manipulação de cervídeos em cativeiro podem resultar em problemas adicionais e levar ao óbito em até 72 horas após o manejo (CATÃO-DIAS e CAMARGO, 2010). De acordo com Nisbet et al. (2010), a taxa de mortalidade tem relação direta com a falta de sedação na ocasião da captura inicial, visto que essas medicações são essenciais à diminuição da resposta ao estresse, minimizando, dessa forma, os efeitos adversos que possam surgir e contribui para o sucesso no período pós-operatório. Dentre as espécies de cervídeos, as do gênero Mazama possuem altura de cernelha até em torno de 60 centímetros e os machos possuem chifres simples e não ramificados. Essas características admitem que esses animais ocupem, de forma eficiente, as áreas florestadascom vegetação fechada e densa, um exemplo deste gênero e alvo do presente estudo é a Mazama americana (DUARTE; GONZÁLEZ; MALDONADO, 2008). 6 CONTEXTUALIZAÇÃO Mazama americana A espécie Mazama americana é a maior espécie de seu gênero podendo chegar a 40 quilogramas (Kg) e 65 centímetros (cm) de altura (DUARTE, 1996; VARELA et al., 2010 ). Popularmente, é conhecida como veado-mateiro, corzuela colorada (Espanhol), red brocket deer (Inglês) e guazú-pitá (Tupi-Guaraní), essa espécie apresenta o dorso arqueado com altura variando de 58 a 80 cm e comprimento de 90 a 145 c m. Em relação a coloração, é marrom-avermelhada e contém manchas brancas abaixo da cauda, região submandibular, na porção interna dos membros, na ponta da maxila superior e face interna das orelhas. Nos membros posteriores, possui uma faixa negra a qual se estende até a região anterior dos mesmos (Figura 1) (DUARTE, 1996; BODMER, 1997). Figura 1. Veado-mateiro (M. americana). (Fonte: Foto de J.M.B. DUARTE). Quanto ao hábito, é comum observar a espécie em grandes matas, comumente na beira de rios como predileção de habitat (DUARTE, 1996). Esses animais são considerados bons nadadores e usam pequenos rios como via de movimentação ampliando sua rota de fuga (VOGLIOTTI, 2004). M. americana foi descrita pela primeira vez por um médico alemão naturalista no ano 1777 chamado Jonann Christian Polycarp Erxleben considerado um dos fundadores da Medicina Veterinária moderna. Erxleben (1777), não coletou nenhum espécime, no entanto ele utiliza uma série de relatos de outros autores como base para a sua descrição, mencionando algumas características como: boca preta, garganta branca, comprimento da orelha de quatro polegadas, olhos grandes e pretos, 7 nariz grande, cascos pretos, pintas brancas no corpo, dentre outras descrições considerando a espécie tímida e ágil ágil (Figura 2). Figura 2. Descrição original do Mazama americana (Fonte: ERXLEBEN (1777). Biodiversity Heritage Library.) A região de ocorrência da espécie abrange praticamente toda a região neotropical, desde o norte da Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela incluindo Suriname e Trindad e Tobago (EISENBERG, 1989; EMMONS, 1990). Ademais, há registros também de veados-mateiro na Guiana, Guiana Francesa, Peru e Paraguai (RIBEIRO,1919; VIEIRA, 1955) (Figura 3). Figura 3. Mapa da distribuição do veado-mateiro (M. americana). (Fonte: DUARTE e GONZÁLEZ, 2010). 8 Em relação ao status de conservação, em função do comportamento tímido e a preferência por habitats com densa vegetação com proximidade de corpos hídricos, tornam a espécie de difícil diagnóstico de coleta e observação (DUARTE et al., 2012), logo em nível internacional, a espécie está categorizada como DD (Dados Deficientes) na International Union for Conservation of Nature's (IUCN, 2020). Neste contexto, os métodos não invasivos e a distância provam sua relevância e facilidade no manejo de espécies em cativeiro ou vida livre, tendo pouca influência de estresse (MICHELETTE et al., 2014) Manejo, Contenção Física e Química Métodos de contenção Física Embora o veado-mateiro seja considerado de pequeno porte, trata-se de uma espécie a qual não admite manejo com segurança somente através da contenção física, já que possui estrutura corporal compacta e força o que impede a contenção de maneira adequada diferentemente de outras espécies de cervídeos de menor porte como por exemplo, o veado-bororó (M. nana) e o veado-catingueiro (M. gouazoubira) (DUARTE et al., 2010). Não é incomum o registro de miopatia de captura decorrente de estresse por tentativa de contenção física, apesar da fisiopatologia ainda não esteja completamente elucidada, normalmente está associada a situações de captura, contenção física, transporte de animais selvagens e perseguição (WALLACE; BUSH; MONTALLI, 1987). Métodos de contenção química A utilização de fármacos em Cervídeos ainda é pouco estudada quanto a farmacocinética e os efeitos fisiológicos, sendo grande parcela das doses elencadas calculadas por alometria ou extrapoladas do uso em ruminantes domésticos (Nunes e Duarte, 2010). Referente à analgesia, segundo a literatura é importante que seja feita antecipada a procedimentos que possam causar dor (PLUMMER e SCHLEINING, 2013). Os antiinflamatórios não-esteroidais são estimados para dores de intensidade baixa a moderada acabam proporcionando maior duração da analgesia e meia-vida plasmática extensa, com a possibilidade de administração a cada 24 horas. 1) Cloridrato de Xilazina: 9 Segundo KNIGHT (1980) o cloridrato de xilazina foi sintetizado em 1962 na Alemanha e vêm sendo amplamente utilizado em espécies domésticas e selvagens devido, principalmente, às suas propriedades sedativas e miorrelaxantes. Este fármaco possui como principal mecanismo de ação a estimulação de receptores alfa-2 adrenérgico. A estimulação de receptores alfa-2 adrenérgicos pré- sinápticos inibe a liberação de noradrenalina em função da inibição do influxo de Ca+2 na vesícula sináptica, promovendo sedação, reduzindo o tônus simpático e, consequentemente, causando bradicardia e hipotensão. A estimulação de receptores pós-sinápticos promove alterações na pressão sanguínea, sendo que a administração intravenosa resulta em um breve período de hipertensão por estimulação de receptores alfa-2 (CARVALHO; LEMÔNICA, 1998). Em contraponto, a administração intramuscular de xilazina tende a não promover alterações significativas na pressão sanguínea (WALSH; WILSON, 2002). A sedação resultante do uso da xilazina também pode ser explicada pela estimulação de neurônios do locus coeruleus e do córtex frontal do cérebro (KLEIN; KLIDE, 1989). Em ruminantes a xilazina suprime a liberação de insulina por estimulação de receptores alfa-2 pré-sintáticos no pâncreas, resultando no aumento da glicemia e em glicosúria (MUIR et al., 2001b). Além destas consequências também foram relatadas sialorréia, timpanismo ruminar, regurgitação do conteúdo ruminar e bloqueio átrio-ventricular de grau, dois e três. Mas a vantagem é que promove um bom relaxamento muscular quando usada isoladamente. Porém, a utilização da xilazina isolada pode não prometer total segurança, uma vez que os animais ainda permaneceram com reações aos movimentos, ainda mais levando em conta que são animais agitados e estressados (THURMON; TRANQUILLI; BENSON, 1996). A xilazina é limitante em relação a indivíduos que são de vida livre ou que foram recém introduzidos ao cativeiro, pois a hiperglicemia decorrente da administração intramuscular deste fármaco pode causar redução na ingestão de alimento por até 72 horas causando um anorexia, como observado em cervos nobre (Cervus elaphus (SIMPSON et al., 1983) e veados galheiro (Odocoileus virginianus) (WARREN et al., 1984)). Como citado anteriormente, apesar de ser um ótimo miorrelaxante a xilazina não é indicada para procedimentos invasivos, uma vez que não causa total analgesia, insuficiente para procedimentos invasivos. Segundo WILSON et al. (1996) em um estudo, foi utilizada xilazina para um procedimento cirúrgico de retirada de chifres, e não foi eficaz em promover analgesia suficiente, mesmo associada a azaperona e ao carfentanil. Para a reversão dos efeitos da xilazina a administração de cloridrato de yoimbina promove rápida recuperação e normalmente completa recuperação da sedação pela xilazina (HSU; SHULAW. 1984; NUNES et al., 1997). Além da yoimbina podem ser utilizados, como reversores, outros antagonistas de receptores alfa-2 10 adrenérgicos, como a tolazolina e o atipamezole (KREEGER et al., 1986; GROSS; TRANQUILLI, 1989; KLEIN, 1989; ANCRENAZ; 1994). Embora a xilazina possa ser associada a diversos fármacos, a associação da mesma com cetamina é a mais comumente utilizado em cervídeos no geral (NUNES et al., 1997; WALSH; WILSON, 2002). 2) Cloridrato deCetamina: O cloridrato de cetamina é um anestésico congênere da fenciclidina, foi sintetizado em 1963 e introduzido na veterinária em 1970, segundo BRANSON (2003). Ela se diferencia em duas categorias: cetamina dextrógira e a cetamina levogiro, em se diferenciam pela potência anestésica. Os preparados comerciais contém concentrações iguais das duas categorias (PACHALY, 1994). O funcionamento da cetamina ainda não é muito claro, o que se acredita é que este fármaco atua no Sistema Nervoso Central (SNC) como antagonista dos receptores expiatórios N-metil-D-aspartato (NMDA), explicando então sua ação analgésica mas também acredita-se que atue em uma diversa variedade de outros receptores, como os muscarínicos, monoaminérgicos e opióides mu (μ), delta (δ) e kappa (κ) (OLIVEIRA et al., 2004; RANG et al., 2004a; WRIGHT, 1982). Os efeitos adversos em uma sedação com cetamina são: aumento da frequência cardíaca, aumento do débito cardíaco e da pressão arterial devido a vasoconstrição periférica que o fármaco causa, tais efeitos estão relacionados a inibição da receptação de noradrenalina (WRIGHT, 1982; MASSONE, 2003d). Sua biotransformação se dá no fígado e excreção renal. Em ruminantes, promove relaxamento muscular insatisfatório, motivo pelo qual se faz a associação a xilazina, porém reduz o risco de regurgitação e aspiração do conteúdo ruminar (WRIGTH, 1982; PACHALY, 1994). Segundo NUNES et al. (1997) em cervídeos, quando utilizada isolada tem uma recuperação anestésica agitada, podendo causar hipertermia em decorrência da agitação (hipertonicidade) e movimentos de pedalagem, uma vez que o fármaco interfere no sistema locomotor. Quando administrado via intramuscular, os primeiros efeitos aparecem 3 a 4 minutos após a sua aplicação, e estes efeitos são incoordenação motora e decúbito, que duram de 30 a 60 minutos, mas há o risco de ocorrerem convulsões. Uma boa associação para a redução dos efeitos adversos da cetamina, é a associação com agonistas alfa-2. 3) Associação xilazina e cetamina De acordo com NUNES et al. (1997) e FOSTER (1999) esta é a associação mais utilizada há 30 anos com ótimos resultado anestésico em cervídeos e outros ungulados selvagens, além de ter bom resultado anestésico é uma alternativa barata e segura. Pode ser aplicada por via intramuscular ou intravenosa, este conjunto une duas vantagens: ação analgésica da cetamina e o bom relaxamento muscular da 11 xilazina, resultando em uma rápida indução e analgesia, mas sem perder os reflexos laríngeos presentes. Segundo um estudo com gazelas em vida livre (Gazella subgutterosa e Gazella gazella) feito por FOSTER (1999), esta associação de fármacos se mostrou eficiente, com estabilidade cardiovascular com ausência de bloqueio átrio-ventricular e timpanismo ruminar, mantendo a temperatura retal abaixo de 40ºC. A recuperação foi tranquila sem a necessidade do uso de antagonistas a-2 adrenérgicos. Já MCKELVEY & SIMPSON (1985) relataram que a utilização desta associação de fármacos (xilazina e cetamina) em cervos nobre (Cervus elapuhs) foi eficiente para um procedimento de laparoscopia, mas não para procedimentos de laparotomias, uma vez que são mais invasivos. Sendo assim, para laparotomias é necessário um protocolo anestésico mais adequado. No caso de um estudo realizado por DELGIUDICE et al (1989) com representantes de Odocoileus hemionus crooki capturados em vida livre utilizando net gun e contidos quimicamente com a associação cetamina e xilazina, porém este protocolo apresentou certas limitações, pois a taxa de mortalidade associada à hipertermia, miopatia de captura e depressão respiratória (consequências desta associação) foi de 20%, é uma porcentagem relativamente alta. Em contraponto, em um experimento realizado com cervos dama em cativeiro (Dama dama), a contenção química com esta mesma associação provocou uma hipertermia proveniente somente das contrações musculares durante a contenção física posterior a aplicação (DREW, 1998). Em outro estudo feito por NUNES et al. (2001) realizado em 116 cervos-do- pantanal (Blastocerus dichotomus), foram utilizados cinco protocolos anestésicos diferentes utilizando diversas combinações entre xilazina, cetamina, midazolam, acepromazina,e romifidina. Por fim, a conclusão foi que a associação de cetamina e xilazina manteve uma menor frequência cardíaca durante a anestesia (média de 75 batimentos/minutos) e frequência respiratória mais constante durante a anestesia, entre todos os protocolos anestésicos foi o que obteve melhor resultado, além de promover uma satisfatória imobilização para o transporte dos animais. Porém, a recuperação anestésica foi agitada e os animais retornaram da anestesia mais rapidamente que os demais protocolos, demonstrando um menor tempo anestésico. Na intenção de reduzir a ocorrência de distúrbios na condutividade elétrico do miocárdio em cervídeos sul-americanos, após a utilização de cetamina e xilazina, pode resultar em bloqueio átrio-ventricular de grau, dois ou três, para evitar este efeito colateral é recomendado a administração de 0,05mg/kg de sulfato de atropina associado à cetamina e xilazina na mesma seringa, sem ocasionar efeitos adversos nestas espécies (NUNES et al.; 1997). A utilização de fármacos em medicações pré-anestésicas que não promovam sedação ou imobilização eficiente em animais selvagens pode resultar em aumento do estresse ou fuga, no caso de animais em vida livre (JONES, 1972). 12 4) Maleato de Midazolam Segundo RANG (2004), o maleato de midazolam foi sintetizado em 1976, seu mecanismo de ação engloba a ocupação do sítio benzodiazepínico dos receptores GABAa, facilitando e potencializando a ação do neurotransmissor inibitório ácido y- aminobutírico (GABA) nesses receptores, levando a hipnose, sedação, amnésia e relaxamento muscular. É um fármaco em posse meia-vida de aproximadamente 1,3 a 2,2 horas, tendo um tempo de ação menor que o diazepam e é três a quatro vezes mais potente que este último, além de ser hidrossolúvel (GROSS, 2003; MASSONE, 2003c). Há poucos registros do uso do midazolam em cervídeos, e os que ainda são presentes são ara a espécie Mazama gouazoubira (PINHO, 2000), e ainda assim o registro presente tem como associação à cetamina e xilazina e à cetamina e acepromazina. No que há de registros sobre o fármaco, é relatado que em todas essas espécies, o midazolam contribuiu para uma recuperação anestésica mais tranquila e potencializou o efeito miorrelaxante dos agonistas alfa-2 utilizados. Em adição ao bom retorno anestésico, é comentado que promoveu uma contenção química muito satisfatória para a colocação de rádio-colares em Mazama bororo quando associado à cetamina e acepromazina, pois os animais durante o retorno anestésico se mostraram indiferentes a presença do colar colocado, assim evitando estresse relacionado ao objeto e diminuindo o índice da retirada do mesmo pelo animal (VOGLIOTTI, 2004). Em contraponto, não há registros dos efeitos do midazolam quando utilizada isoladamente, sem as associações mencionadas anteriormente, em cervídeos, porém há a desconfiança de que seria um bom fármaco para tranquilização ou indução anestésica destes animais (NUNES et al., 1997). Em pacientes humanos há registros na literatura que o uso do midazolam por via intravenosa pode levar a diferentes graus de sedação, levando em conta que ocorre uma grande variabilidade interindividual após o uso deste fármaco (KANT; SJÖVALL; VUORI, 1982). Mas em contraponto, pode causar excitação em ovinos que sejam submetidos ao estresse de transporte (RAEKALLO; TULAMO, VALTAMO, 1998). Baseado nestes registros, existe a possibilidade do midazolam por via oral ser uma alternativa para tranquilização durante o transporte, contenção física ou até como pré-medicação anestésica, contribuindo para a diminuição do estresse dos cervídeos durante estes procedimentos. Além disto, sabe-se que a administração de fármaco ansiolíticospor via oral já se apresentou vantajosa em outros ungulados selvagens, levando como vantagem a exclusão do estresse que uma administração intramuscular ou intravenosa causa nos cervídeos, deixando mais fácil a captura e o manejo de animais em cativeiro e em vida livre (THOMAS; ROBINSON; MARBURGER, 1967). Ainda que não existam registros do uso oral do midazolam em cervídeos, há registros sobre a utilização do diazepam com sucesso por via oral afim de tranquilizar animais das espécies Odocoileus virginianus (THOMAS; ROBINSON; MARBURGUER, 1967) e de Dama dama (DONE et al., 1975). Porém, para a administração do diazepam as espécies citadas anteriormente, o fármaco foi 13 misturado a ração para equino e a mistura de farelo e aveia para ser fornecido aos animais. O diazepam, também foi administrado em Antilocapra americana, só que foi triturado e misturado em proposta de 1:1 e 1:2 à silagem, e foi adicionado um xarope para facilitar a aderência (PUSATERI; HIBLER; POJAR, 1982). Em ambos os estudos, o diazepam foi administrado tanto em animais em vida livre como em cativeiro, resultando em bom relaxamento muscular, incoordenação motora ou decúbito esternal, pitose da cabeça e captura facilitada. O mais importante efeito adverso foi a sedação prolongada (maior que 48 horas) com inabilidade de fuga em situações de perigo, colocando em risco os animais de vida livre. 5) Anestesia inalatória JONES (1972) cita que durante a década de 1940 agentes voláteis e gasosos foram muito utilizados para indução e manutenção da anestesia em mamíferos de difícil manejo. Foram construídas e projetadas jaulas especiais para a indução anestésica com éter e clorofórmio. No início a técnica era somente utilizada em pequenos mamíferos, por conta do espaço e quantidade de fármaco, posteriormente animais selvagens de portes maiores como leões e tigres, também já eram submetidos ao processo. Após esta etapa inicial (jaulas), a manutenção anestésica era por meio de máscara e após uma melhor indução era mantida através de tubo endotraqueal, utilizando aparelhos de anestesia inalatória em circuito fechado. Hoje em dia a anestesia inalatória tem uma grande gama de fármacos que podem ser utilizados, mas os principais são: halotano, isofluorano, sevofluorano, e com menor utilização o metoxifluorano, óxido nitroso e enfluorano (STEFFEY, 2003). Existe a necessidade de contenções químicas através da anestesia inalatória em cervídeo para situações como: acidentes traumáticos (amputações, correções de fraturas, etc), doenças periodontais, partos distócicos (cesarianas), castrações, laparotomias, entre outras situações (DUARTE et al., 2001; FLACH, 1999). Durante estudo realizados por TRINDLE e LEWIS (1978) o metoxifluorano foi diluído em oxigênio puro (100%) e utilizado em 23 cervídeos da espécie Odocoileus hemionus com idade entre 25 a 85 dias, foi necessária contenção física dos animais e a indução foi direta com máscara facial. Os animais utilizados não foram incubados, foi apenas mantida a máscara durante toda a anestesia. O tempo médio da indução anestésica foi de 3 minutos, mas a recuperação se mostrou mais lenta nos animais mais jovens ou submetidos a plano anestésico profundo. Foi visível também ótimo relaxamento muscular e ausência de feitos adversos ou complicações. Já o halotano também já foi utilizado em cervídeos após a narcose com hidrato de cloral necessitando de 0,25 a 1,5 V% para que o plano anestésico desejável fosse atingido. Outrossim, a intubação foi um estímulo para regurgitação e a temperatura ambiente estar elevada pode ter sido a causa de morte de dois animais durante a anestesia (WOLFF; DAVIS; LUMB, 1965). Também há registros da utilizado do halotano associado ao óxido nitroso em cervos nobre, após a indução com etorfina associada à acepromazina (WHITELAW; FAWCETT, 1976). Durante a utilização da 14 mistura de halotano e óxido nitroso diluídos em oxigênio puro no volume de dois litros por minuto, os movimentos de deglutição foram rapidamente abolidos. Segundo esses autores, o plano anestésico ideal é atingido em uma concentração de 0,25 a 1,25% de halotano. Outrossim, em cervídeos a utilização do óxido nitroso associado ao halotano, resulta em um aumento do relaxamento muscular e diminuição das concentrações do último para manutenção do plano anestésico ideal (WOLFF; DAVIS; LUMB, 1965; WHITELAW, FAWCETT, 1976). Porém, há registros de que em ruminantes o óxido nitroso é desaconselhável por se misturar no gás dos compartimentos estomacais, podendo causar uma expansão do volume, além de comprometer funções orgânicas, incluíndo a respiração por conta desse aumento de volume (BUSH, 1996). Estudos mais recentes demonstram que a utilização do halotano para manutenção anestésica é favorável em cervos nobres (Cervus elaphus), após a indução anestésica utilizando propofol e cetamina. Segundo alguns autores, concentrações superiores a 0,9 V% devem ser utilizadas para uma boa anestesia nesta espécie, levando em conta que nessa concentração todos os animais que foram submetidos a retirada dos chifres, não responderam estímulos de dor (WOODBURY et al., 2005). 6) Isofluorano Este fármaco, muito utilizado na rotina veterinária, foi introduzido na anestesia humana em 1981. E desde esta época, vem sendo muito utilizado na medicina veterinária por seu coeficiente de solubilidade ser relativamente baixo (1,4) em relação a outros anestésicos inalatórios, além disto este fármaco: preserva o débito cardíaco, aumenta a frequência cardíaca sem promover arritmias, não interfere com a condução atrioventricular, nem sensibiliza o coração às catecolaminas, potencializa a ação de miorrelaxantes, reduz a dose de outros fármacos e por fim, não apresenta relatos de toxicidade hepática ou renal devido a sua taxa de biotransformação ser baixa, em torno de 5% (MASSONE, 2003a; MUIR et al., 2001a). Mas também há suas desvantagens como a depressão respiratória e hipotensão sanguínea devido à diminuição da resistência vascular periférica ou em virtude de planos anestésicos profundos (EGER II, 1981). Segundo CAULKETT (1997) é indicado o uso de isofluorano em uma concentração de 1,3 V% em cervídeos os quais foram pré-medicados com xilazina e é recomendado a intubação orotraqueal pois à perda dos reflexos laringotraqueais e para evitar uma falsa via, uma vez que há a possibilidade de regurgitação. O autor ainda alerta sobre a possibilidade de hipoventilação no caso do animal ser mantido em decúbito dorsal e timpanismo ruminar durante a anestesia inalatória com isofluorano. Nos dias de hoje, ainda não há nenhum trabalho avaliando os efeitos isolados do isoflurano em cervídeos. Porém, os poucos registros que existem descrevem o uso deste fármaco para manutenção anestésica com indução utilizando xilazina e 15 cetamina em Odocoileus virginianus (MACLEAN et al., 2006; POSNER et al., 2005) e utilizando como indução a associação de cetamina, xilazina e midazolam em Mazama gouazoubira (MUNERATO et al., 2006) durante laparoscopias realizadas em estudos de reprodução assistida. Com esta deficiência de registros e estudos relacionados a utilização do isofluorano em cervídeos, a sua utilização deve ser com cautela, levando em conta que não é de total conhecimento sua interação com outras drogas no sistema do cervídeo. O tramadol, como alguns opióides, produz níveis consistentes de analgesia, no entanto com uma meia-vida que não excede 2,5 horas, de acordo com um estudo realizado com lhamas (PLUMMER e SCHLEINING, 2013), podendo ainda, em alguns casos, ocasiona constipação intestinal e estase. Neste sentido, é possível optar pela realização de bloqueio peridural pré-operatório e pelo uso de meloxicam como analgésico na conduta terapêutica. O tramadol pode ser utilizado somente na manipulação inicial do animal (SURITA et al., 2018). OBJETIVO O objetivo foi avaliar a conduta de uma casuística quanto ao manejo, contenção físicae química de um indivíduo da espécie M. americana. MATERIAIS E MÉTODOS/CASUÍSTICA No dia 11 de abril de 2020, um indivíduo da espécie M. americana com peso de 16,300 kg do sexo masculino, foi resgatado em um canavial localizado em Olímpia (SP) pela Polícia Ambiental de Barretos após um atropelamento por uma colheitadeira de cana que ocasionou uma fratura exposta no carpo direito do animal. 16 Figura 4. Indivíduo da espécie M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió) No presente caso, o animal não foi sedado para transporte inicial pois a Polícia Ambiental não tem permissão para este tipo de procedimento. Salienta-se que o relato de caso foi repassado por uma Médica Veterinária a qual contribui com o GEAS (Grupo de Estudos de Animais Silvestres) da UNISOCIESC Campus Ilha Florianópolis. Dessa forma, algumas informações que se consideram pertinentes não foram explanadas de maneira suficiente, porém não interfere na interpretação do relado de caso para o presente estudo. Após ser resgatado o animal foi levado até a clínica ComPet para tratamento e o mesmo se apresentava em choque decorrente do trauma, porém, para a avaliação clínica e em todos os procedimentos que pudessem causar alguma agitação, foi utilizado o uso de contenção química, sempre com monitoramento da temperatura corporal e do estado de hidratação do paciente durante todo esse período. Em virtude dessa propensão ao estresse induzido pela manipulação, tratamentos que requerem repetidas aplicações de medicamentos não são recomendados, portanto são preferíveis agentes farmacológicos de ação mais prolongado. Referente a contenção química, foi utilizado sedação com o fármaco telazol com o auxílio de dardos de uma zarabatana, no caso, não foi preciso utilizar a contenção física, visto que esta ferramenta possibilita a sedação de uma certa distância, além disso, o uso de pistola de gás também foi considerada por conseguir um alcance de até 100 metros de distância do animal. 17 Figura 5. Preparo do material para o protocolo de sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Figura 6. Detalhe do instrumento zarabatana utilizado para atingir o animal com os dardos com o fármaco. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Figura 7. Profissional utilizando a ferramenta zarabatana para realizar a sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Figura 8. Exemplo de uma pistola a gás considerada para o manejo do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Figura 9. Indivíduo de M. americana com o dardo para protocolo de sedação. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). 18 Após foi dado a continuidade do protocolo anestésico elencado com Isoflurano. Figura 10. Preparo do material para o protocolo de sedação do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). O animal passou por procedimento cirúrgico da fraturo exposta do carpo direito e, segundo relato da Médica Veterinária que realizou o procedimento e acompanhamento do paciente, a amputação do membro foi necessária. Após três meses ao procedimento o indivíduo da espécie M. americana foi liberado em uma mata em Monte Alto (SP). Figura 11. Indivíduo de M. americana resgatado após procedimento cirúrgico de amputação. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Quanto a exames de imagem, radiografias foram realizadas dos membros torácicos no exemplar de M. americana (Figura 12 e Figura 13.). 19 Figura 12. Radiografia dos membros torácicos do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). Figura 13. Radiografia dos membros torácicos do indivíduo de M. americana resgatado. (Fonte: Clínica ComPet/M.V. Maria Angela Panelli Marchió). RESULTADOS E DISCUSSÃO O desdobramento bem-sucedido da casuística apresentada pode ser relacionado ao fato de o paciente ser jovem, já que são menos estressados em comparação aos cervídeos adultos e, por isso, com melhor prognóstico para recuperação (CATÃO-DIAS e CAMARGO, 2010; NISBET et al., 2010). Ainda, é evidenciado neste estudo a importância da sedação do animal para manutenção e manejo, ajudando na redução de danos e do tempo de permanência no ambiente de reabilitação (clínica neste caso). Além disso, é sabido que os animais selvagens são extremamente estressados, tendo inclusive, relatos de indivíduos que vem a óbito somente por estresse ou animais que, após tratamento, não conseguem mais retornar à vida livre (PACHALY et al., 1993). Considerou-se um ponto positivo no manejo do indivíduo de M. americana a não utilização de contenção física, por parte da Médica Veterinária da Clínica, visto que, segundo GUNKEL e LAFORTUNE (2007), as principais desvantagens da contenção física prévia são o risco de lesões e o aumento do estresse do animal, levando, muitas vezes, a necessidade do acréscimo das doses de fármacos e, devido ao maior tônus simpático, possivelmente gerar maiores complicações cardiovasculares e metabólicas, por exemplo. 20 No entanto, quanto ao manejo realizado pela Polícia Ambiental ponderou-se não a contento visto as considerações supracitadas não condisseram à melhor conduta possível para a espécie estuada. Visto que a condição de estresse pode desencadear diversas alterações hematológicas, bioquímicas, alterações de cortisol séricos bem como seus metabólitos presentes em outros materiais como as fezes (PALME, 2012; MUNERATO et al., 2010). Referente a contenção química feita através de dardos com o auxílio de zarabatana (a distância), foi considerada adequada ao indivíduo em questão, visto que M. americana é conhecida, embora seja considerado um animal de pequeno porte, por possuir um temperamento explosivo, força e estrutura corporal compacta que acaba dificultando o manejo físico desses indivíduos de forma adequada, diferentemente do que ocorre com outras espécies do mesmo gênero como M. gouazoubira e M. nana (DUARTE et al., 2010). Porém, quanto ao protocolo anestésico utilizado, verificou-se a não corroboração com a literatura, outras formas de manejo consideradas mais correspondentes e pré-estabelecidas para espécies do mesmo gênero. Atualmente, o conceito de eleição são as associações farmacológicas que oferecem benefícios quando comparado ao uso independente. Diante disso, a associação de cloridrato de xilazina e cloridrato de cetamina vem sendo utilizada há décadas para a contenção de Cervídeos, sendo considerada eficiente, segura e de custo acessível. É evidente a sinergia quando esses fármacos são associados e administrados por viaintramuscular (IM), visto que os animais demonstram sedação e mioxelaxamento bons através da xilazina e rápida indução e analgesia, por ação da cetamina, considerável margem de segurança e não deprimem a resposta ventilatória à hipoxemia (FOWLER e BOEVER, 1986; DUARTE, 2006; MUNERATO et al., 2012). Além disso, a anestesia inalatória também pode ser utilizada com sucesso em cervídeos (BUTT et al., 2001; ERDİKMEN et al., 2012; MUNERATO et al., 2013). Contudo, há registro de uma espécie do mesmo gênero do presente relato, que foi mantido em plano anestésico através de anestesia inalatória utilizando isoflurano e demandou a necessidade de administração de inúmeras doses de anestésicos dissociativos ao longo do procedimento (DIAZ et al., 2011). Com relação ao trauma sofrido pela espécie relatada, traumatismos em animais selvagens são comuns (BORTOLINI et al., 2013) e são conhecidas por terem inúmeras causas, incluindo, por exemplo, atropelamentos (DIAZ et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012; TAVARES et al., 2013), queimaduras elétricas (PETRUCCI et al., 2009),agressões de outros animais (SILVA et al., 2014; ORTUNHO et al., 2014), e por causas desconhecidas (DAL-BÓ et al., 2013). Na presente casuística, o indivíduo em questão sofreu um atropelamento que resultou em uma fratura articular exposta no carpo direito do animal e não óssea. Neste contexto, é necessário avaliar algumas etapas: avaliar o método de fixação (quanto ao fator mecânico e a classificação da fratura), aspecto biológico 21 (idade, houve lesão muscular ou não, temperamento do espécime) e fator clínico (condição geral do animal). Traumatismos que derivam em fraturas expostas têm relevância na rotina clínico-cirúrgica veterinária (FREITAS et al., 2013), visto que entre os animais selvagens as fraturas ocorrem com frequência. A recuperação de fraturas é uma problemática médica frequente sobretudo em animais selvagens (SPADETO JR et al., 2011). Na casuística, o animal apresenta uma fratura articular e exposta, o que limita um pouco as opções considerando a espécie em questão. Uma opção para este tipo de situação seria o uso do método de artrodese, a qual trata-se da união das extremidades de dois ou mais ossos por meio de procedimento cirúrgico em articulação com patologias graves. Salienta-se que essa técnica somente deve ser realizada em articulação de membro não-funcional que tenha as articulações contíguas e que, realmente, seja impossível restaurar a sua função habitual (ALIEVI, 2001; DOREA NETO et al., 2004; TURNER e LIPOWITZ, 2005). Figura 14. Exemplo de um procedimento de artrodese em canino. Imagem radiográfica de artrodese pancárpica com placa e parafusos (A). Note articulação cárpica consolidada (B). (Fonte: DE FREITAS, SILVIO HENRIQUE et al. 2014). Ainda que em ruminantes, de modo geral, (CÂMARA et al., 2014) e em cervídeos (DUARTE, 2006) seja possível adotar com sucesso o tratamento de fraturas através de dispositivos externos (talas e gesso), na casuística relatada neste estudo elegeu-se a amputação alta do membro afetado. Essa tomada de decisão foi embasada pelos relatos já publicados de redução cirúrgica da fratura e da comum 22 indicação de amputação em cervídeos (WALLACH e BOEVER, 1983; FOWLER e BOEVER, 1986; HAIGH e HUDSON, 1993; BUTT et al., 2001; DURTE, 2006), além de ter sido elencada como opção à eutanásia. A fim de reforçar a decisão tomada, apesar de radical, o procedimento cirúrgico escolhido foi bem-sucedido, visto que o indivíduo se adaptou à nova condição sem evidenciar implicações. Como mencionado anteriormente, ressalta-se que o estresse nesses pacientes pode ocasionar auto traumatismo, ou seja, uma fratura simples a priori pode tornar-se uma lesão com contaminação severa e até comprometimento sanguíneo da região acometida (WALLACH e BOEVER, 1983). No presente relato, a amputação praticada foi na altura do terço proximal do úmero, com relação à esta técnica cirúrgica, o procedimento corroborou com as técnicas encontradas na literatura específica a qual discorre que em casos de amputação de membros em cervídeos, é preconizado que a amputação seja a mais alta possível (WALLACH e BOEVER, 1983; FOWLER e BOEVER, 1986; DUARTE, 2006). Este tipo de escolha é essencial para impedir o apoio no coto remanescente e assim, possivelmente produzir lesões significativas no membro atingido (FOWLER e BOEVER, 1986; DUARTE, 2006). Diante da recuperação satisfatória, adaptação à nova condição apresentada pelo indivíduo e a posterior soltura no meio ambiente, evidencia que a técnica empregada foi apropriada. Ademais, salienta-se que dados de monitoramento fisiológicos são importantes e não foram relatados na casuística, tais como: frequência cardíaca (FC) e respiratória (FR), pressão arterial média (PAM) e temperatura retal (TºC). 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível concluir que as técnicas adotadas foram cabíveis e oportunas à estabilização e consolidação da fratura exposta no carpo direito no indivíduo de veado-mateiro (Mazama americana), com a ressalva do plano anestésico utilizado e a contenção realizada por parte da Polícia Ambiental que poderia ser mais bem administrada e repensada. Este tipo de relato corrobora com a literatura quando se trata de amputação como alternativa de manejo em lesões em cervídeos propiciando a liberação do animal ao meio ambiente natural. 24 REFERÊNCIAS ALIEVI M.M. HIPPLER R.A., GIACOMELLI L., GUIMARÃES L. E SCHOSSLER J.E. Fixação esquelética externa para artrodese de joelho em papagaio (Amazona aestiva). Cien. Rur., 31:1069-1072, 2001. 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