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ORCRIM 01

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MUDE SUA VIDA! 
1 
 
SUMÁRIO 
LEI nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) .............................................................................................. 2 
CONCEITO ...................................................................................................................................... 2 
CONVENÇÃO DE PALERMO ................................................................................................... 3 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI Nº 12.850/13) X ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (CP, 
ART. 288) ..................................................................................................................................... 4 
OUTRAS HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 12.850/13 ................................................. 6 
Exercícios ............................................................................................................................................. 6 
Gabarito ............................................................................................................................................ 7 
 
 
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MUDE SUA VIDA! 
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LEI Nº 12.850/13 (LEI DAS ORCRIM) 
	
Caro	aluno,	
	
Inicialmente,	tomo	a	liberdade	de	orientá-lo	na	utilização	deste	material	de	apoio.		
	
Como	o	objetivo	é	atender	o	maior	número	possível	de	alunos,	mas	oferecer	um	material	
que	atenda	ao	seu	interesse	e	que,	de	fato,	facilite	uma	rápida	consulta	perto	da	prova,	faço	
as	seguintes	considerações:	
	
• O	grau	de	exigência	no	tema	abordado	vai	depender	do	cargo	público	almejado,	
assim,	por	exemplo,	se	sua	intenção	é	ser	Delegado	de	Polícia,	o	assunto	deverá	
ser	estudado	com	bastante	profundidade	ao	ponto	de	entender,	inclusive,	temas	
laterais;	
• Por	outro	lado,	se	seu	objetivo	são	outras	carreiras,	não	jurídicas,	da	segurança	
pública	 (por	 exemplo,	 PRF,	 DEPEN,	 Polícia	 Federal	 ou	 Civil),	 o	 grau	 de	
conhecimento	pode	ser	mais	“raso”;	
• Assim,	no	início	de	cada	tópico,	quando	o	tema	for	de	aprofundamento,	vou	
ressaltar	 tal	 circunstância	 e,	 se	 o	 seu	 concurso	 almejado	 não	 seja	 um	 cargo	
jurídico,	PODE	PULAR	sem	cerimônia	e	sem	medo!	
• Tenho	bastante	consciência	que	Direito	Penal	é	apenas	um	dos	assuntos	que	você	
será	cobrado	no	certame,	por	isso,	minha	intenção	é	otimizar	o	máximo	possível	
o	seu	tempo,	mas	sem	prejudicar	a	qualidade	do	material	disponibilizado;	
• Por	 fim,	 lembre-se	 de	 que	 o	 melhor	material	 não	 é,	 necessariamente,	 o	 mais	
completo,	 mas	 aquele	 que	 vai	 ser	 uma	 ferramenta	 para	 auxiliá-lo	 na	 revisão	
próxima	a	prova;	
	
Feitos	os	esclarecimentos,	desejo	a	você	muito	sucesso	nesta	caminhada	dura,	mas	que	
vai,	com	toda	a	certeza,	mudar	a	sua	vida	(como	mudou	a	minha)!	
 
CONCEITO 
 
A	organização	criminosa	(ORCRIM)	tem	seu	conceito	legal	disposto	no	art.	1º,	§1º,	da	Lei	
nº	12.850/13.	
	
§	1º	Considera-se	organização	criminosa	a	associação	de	4	(quatro)	
ou	 mais	 pessoas	 estruturalmente	 ordenada	 e	 caracterizada	 pela	
divisão	de	tarefas,	ainda	que	informalmente,	com	objetivo	de	obter,	
direta	ou	indiretamente,	vantagem	de	qualquer	natureza,	mediante	
a	prática	de	infrações	penais	cujas	penas	máximas	sejam	superiores	
a	4	(quatro)	anos,	ou	que	sejam	de	caráter	transnacional.	
	
Nesse	sentido,	é	importante	destacar	cada	um	dos	elementos	que	caracterizam	a	ORCRIM:	
	
• Associação	de	04	(quatro)	ou	mais	pessoas;	
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• Estrutura	ordenada	com	divisão	de	tarefas;	
	
• Infrações	penais:	a)	pena	máxima	superior	a	04	anos;	b)	de	caráter	transnacional;	
	
É	a	partir	dessas	características	que	será	possível	 identificar	uma	ORCRIM	e,	com	isso,	
aplicar	todos	os	regramentos	dispostos	na	Lei	nº	12.850/13.	
	
	
	
	
CONVENÇÃO DE PALERMO 
	
ALERTA! TEMA DE APROFUNDAMENTO! 
	
Antes	 do	 advento	 da	 Lei	 nº	 12.850/13,	 não	 havia	 um	 conceito	 legal	 de	 organização	
criminosa.	
	
Até	então,	a	única	definição	de	organização	criminosa	constava	na	Convenção	de	Palermo,	
tratado	internacional	que	foi	assinado	pelo	Brasil.	
	
Art.	2º,	C:	grupo	estruturado	de	 três	ou	mais	pessoas,	 existente	há	
algum	 tempo	 e	 atuando	 concertadamente	 com	 o	 propósito	 de	
cometer	uma	ou	mais	 infrações	graves	ou	 enunciadas	na	presente	
Convenção,	 com	 a	 intenção	 de	 obter,	 direta	 ou	 indiretamente,	 um	
benefício	econômico	ou	outro	benefício	material;	
	
Diante	disso,	havia	uma	polêmica	se	o	conceito	trazido	pela	Convenção	de	Palermo	para	a	
ORCRIM	poderia	ser	utilizado	para	a	tipificação	de	conduta	criminosa	sem	com	isso	violar	o	
princípio	da	legalidade.	
ORCRIM
04 ou + 
pessoas
Estrutura 
ordenada / 
Divisão de 
tarefas
Pena máxima 
superior a 04 
anos / crime 
de caráter 
transnacional
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Explico,	 segundo	 o	 princípio	 da	 legalidade,	 a	 criação	 de	 crime	 e	 cominação	 de	 pena	
dependem	de	lei	em	sentido	estrito,	ou	seja,	lei	em	sentido	material	(conteúdo	de	lei)	e	lei	em	
sentido	formal	(obediência	ao	processo	legislativo).	
	
Nesse	sentido,	a	dúvida	era:	um	tratado	internacional	pode	tipificar	condutas	delituosas?	
	
O	debate	era	intenso,	mas	é	possível	afirmar	que	a	doutrina	e	jurisprudência	dominantes	
eram	 contra	 a	 possibilidade	 de	 tipificação	 penal	 com	 base	 em	 tratado	 internacional,	 dessa	
forma,	seria	necessária	a	existência	de	uma	lei	em	sentido	estrito	para	tanto.	
	
Tal	posição	foi	recentemente	corroborada	pelo	STJ	(Info	659).		
	
Apesar	de	tratar	sobre	crime	contra	a	humanidade,	a	razão	de	decidir	é	a	mesma,	já	que,	
na	oportunidade,	o	STJ	entendeu	que	a	definição	de	crimes	de	lesa-humanidade	exige	a	edição	
de	lei	em	sentido	formal,	não	sendo	possível	a	tipificação	apenas	com	base	no	Estatuto	de	Roma.	
	
Em	 suma,	 antes	 da	 Lei	 nº	 12.850/13,	 não	 era	 possível	 processar	 e	 condenar,	
criminalmente,	um	agente	pela	prática	de	pertencer	a	uma	organização	criminosa.	
 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI Nº 12.850/13) X ASSOCIAÇÃO 
CRIMINOSA (CP, ART. 288) 
	
ALERTA! TEMA MUITO IMPORTANTE! 
	
É	muito	comum	que	o	examinador,	ao	questionar	o	conceito	de	ORCRIM,	apresente	os	
elementos	do	tipo	penal	da	associação	criminosa,	prevista	no	art.	288	do	Código	Penal.	
	
Por	isso,	é	muito	importante	observar	quais	são	as	características	que	distinguem	as	duas	
espécies	de	grupos	criminosos.	
	
Nos	 termos	do	art.	288	do	Código	Penal,	 já	 se	observa	a	1ª	diferença:	quantidade	de	
agentes	envolvidos.	
	
Art.	 288.	 	Associarem-se	 3	 (três)	 ou	 mais	 pessoas,	 para	 o	 fim	
específico	de	cometer	crimes:				 (Redação dada pela Lei nº 12.850, 
de 2013)				 (Vigência)	
Pena	-	reclusão,	de	1	(um)	a	3	(três)	anos.		
	
Outra	diferença	que	chama	bastante	atenção	é	a	quantidade	de	pena	para	cada	um	dos	
crimes,	já	que:	
	
Art.	2º	Promover,	constituir,	financiar	ou	integrar,	pessoalmente	ou	
por	interposta	pessoa,	organização	criminosa:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa,	sem	prejuízo	das	
penas	correspondentes	às	demais	infrações	penais	praticadas.	
	
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Portanto,	 a	 pena	 para	 quem	 se	 associa	 a	 uma	 ORCRIM	 é	 consideravelmente	 superior	
àquele	que	se	filia	a	uma	associação	criminosa.	
	
DÚVIDA: Então, caso haja 04 ou mais agentes, sempre será uma organização 
criminosa? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Sem	 dúvidas,	 a	 característica	 mais	 importante	 que	 distingue	 uma	 ORCRIM	 de	 uma	
associação	criminosa	é	a	existência	de	uma	estrutura	organizada	com	divisão	de	tarefas.	
	
É	 claro	 que	 na	 associação	 criminosa	 é	 necessária	 a	 existência	 dos	 elementos	 de	
permanência	e	de	estabilidade.	
	
Do	 contrário,	 qualquer	 crime	 praticado	 por	 03	 ou	 mais	 pessoas,	 automaticamente,	
configuraria	o	crime	de	associação	criminosa.	
	
Por	outro	lado,	a	organização	criminosa	exige	que	os	agentes	se	associem	de	forma	mais	
organizada,	inclusive,	com	divisão	de	tarefas,	como	ocorre	em	uma	empresa	de	verdade.	
	
Vale	 ressaltar	 que	 essa	 divisãode	 tarefas	 não	precisa	 ser	 explicitamente	determinada	
(pode	ser	informal),	mas	estruturada	de	tal	forma	que	seja	possível	identificar	qual	a	função	de	
cada	agente	dentro	da	organização	criminosa.	
	
Para	facilitar	a	revisão,	segue	abaixo	uma	tabela	comparativa:	
	
	
ORCRIM	 ASSOCIAÇÃO	CRIMINOSA	
04	ou	mais	integrantes	 03	ou	mais	integrantes	
Pena:	01	a	03	anos	de	reclusão	 Pena:	03	a	08	anos	de	reclusão	e	multa	
Estrutura	organizada	e	caracterizada	pela	
divisão	de	tarefas		
	
	
Estabilidade	e	Permanência	
	
	
CURIOSIDADE: No dia-a-dia das investigações policiais, não é fácil tipificar o 
crime de pertencer à ORCRIM (Lei nº 12.85013, art. 2º), principalmente, por conta 
do requisito da estrutura organizada e divisão de tarefas. 
 
Dessa forma, na representação policial por medidas cautelares, é comum que 
a autoridade policial opte por tipificar a conduta no crime de associação criminosa 
(CP, art. 288). 
 
A desvantagem é perder a possibilidade de utilizar os diversos instrumentos de 
investigação presentes na Lei nº 12.850/13, por exemplo, a ação controlada. 
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OUTRAS HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 12.850/13 
 
Além	 das	 hipóteses	 de	 incidência	 previstas	 no	 próprio	 conceito	 legal	 de	 organização	
criminosa	 (pena	 máxima	 superior	 a	 04	 anos	 e	 crimes	 transnacionais),	 a	 Lei	 nº	 12.850/13	
também	se	aplica	aos:	
	
• Crimes	à	distância:	são	aqueles	em	que	o	iter	criminis	alcança	mais	de	um	país,	
por	exemplo,	um	policial	federal,	em	zona	de	fronteira,	é	alvejado	no	estrangeiro,	
mas	falece	em	um	hospital	no	território	brasileiro;	
	
• Crimes	praticados	por	organizações	terroristas;	
	
Conforme,	art.	1º,	§2º,	da	Lei	nº	12.850/13:	
	
§	2º	Esta	Lei	se	aplica	também:	
I	 -	 às	 infrações	 penais	 previstas	 em	 tratado	 ou	 convenção	
internacional	quando,	iniciada	a	execução	no	País,	o	resultado	tenha	
ou	devesse	ter	ocorrido	no	estrangeiro,	ou	reciprocamente;	
II	 -	 às	 organizações	 terroristas,	 entendidas	 como	aquelas	 voltadas	
para	 a	 prática	 dos	 atos	 de	 terrorismo	 legalmente	
definidos.													(Redação	dada	pela	lei	nº	13.260,	de	2016)	
	
É	 importante	 esclarecer	 que	 nesses	 casos	 a	 Lei	 nº	 12.850/13	 será	 aplicada,	
independentemente,	da	verificação	de	existência	de	uma	ORCRIM,	ou	seja,	será	possível	utilizar	
todos	os	meios	de	obtenção	de	prova,	tal	qual	a	colaboração	premiada,	ação	controlada,	etc.	
 
EXERCÍCIOS 
1. CESPE	 –	 CGE-CE	 (Auditor	 de	 Controle	 Externo)	 -	 Acerca	 do	 crime	 de	 organização	
criminosa,	 julgue	 os	 itens	 a	 seguir,	 tendo	 como	 referência	 a	 Lei	 n.º	 12.850/2013.	
Considera-se	 organização	 criminosa	 a	 associação	 composta	 por,	 pelo	 menos,	 três	
participantes	 que	 tenham	 por	 objetivo	 obter,	 direta	 ou	 indiretamente,	 vantagem	 de	
qualquer	natureza,	mediante	a	prática	de	infrações	penais.	
	
Certo	(			)	Errado	(			)	
	
2. CESPE	 –	 CGE-CE	 (Auditor	 de	 Controle	 Externo)	 -	 Acerca	 do	 crime	 de	 organização	
criminosa,	 julgue	os	itens	a	seguir,	tendo	como	referência	a	Lei	n.º	12.850/2013.	Uma	
organização	 criminosa	 tem	 como	 característica	 elementar	 a	 estrutura	 ordenada	 e	 a	
divisão	de	tarefas.		
	
Certo	(			)	Errado	(			)	
	
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3. CESPE	 –	 CGE-CE	 (Auditor	 de	 Controle	 Externo)	 -	 Acerca	 do	 crime	 de	 organização	
criminosa,	 julgue	 os	 itens	 a	 seguir,	 tendo	 como	 referência	 a	 Lei	 n.º	 12.850/2013.	 A	
associação	de	pessoas	 com	o	 fim	de	 cometer	 infrações	penais	 cujas	penas	 cominadas	
forem	inferiores	a	quatro	anos	será	reconhecida	como	organização	criminosa	somente	
se	pelo	menos	um	de	seus	membros	for	servidor	público.	
	
Certo	(			)	Errado	(			)	
	
4. CESPE	 –	 TJ-BA	 (Juiz	 de	 Direito)	 -	 Assinale	 a	 opção	 correta,	 a	 respeito	 do	 crime	 de	
organização	criminosa	previsto	na	Lei	n.º	12.850/2013.	Para	que	se	configure	o	referido	
crime,	tem	de	se	comprovar	a	ocorrência	de	associação	estável	e	permanente	de	três	ou	
mais	pessoas	para	a	prática	criminosa.	
	
Certo	(			)	Errado	(			)	
	
5. CESPE	 –	 TJ-BA	 (Juiz	 de	 Direito)	 -	 Assinale	 a	 opção	 correta,	 a	 respeito	 do	 crime	 de	
organização	 criminosa	 previsto	 na	 Lei	 n.º	 12.850/2013.	 Constitui	 circunstância	
elementar	 desse	 delito	 a	 finalidade	 de	 obtenção	 de	 vantagem	 de	 qualquer	 natureza	
mediante	a	prática	de	infrações	penais	cujas	penas	máximas	sejam	superiores	a	quatro	
anos	ou	que	sejam	de	caráter	transnacional.	
	
Certo	(			)	Errado	(			)	
 
 
GABARITO
1. Errado	
2. Certo	
3. Errado	
4. Errado	
5. Certo

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