Buscar

Resumos aula10 direito das sucessões


Continue navegando


Prévia do material em texto

Direito Civil V
Aula 10: Da colação e da partilha de bens
Apresentação
Nesta aula, abordaremos o conceito e as principais regras sobre a colação de bens, bem como estudaremos a partilha de
bens, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela legislação vigente. Por �m, abordaremos o procedimento
simpli�cado do arrolamento de bens e suas características.
Objetivo
De�nir o conceito e apontar as principais características da colação de bens;
Listar as diretrizes estabelecidas para a partilha de bens, bem como o regramento legal sobre esse importante
assunto;
Analisar o procedimento de arrolamento de bens.
Colação de Bens
Sobre a colação (ou conferência) no Direito Sucessório, assim escreve Tartuce (2019):
A colação (collatio) é conceituada pela doutrina como sendo:
“uma conferência dos bens da herança com outros transferidos pelo
de cujus, em vida, aos seus descendentes, promovendo o retorno ao
monte das liberalidades feitas pelo autor da herança antes de falecer,
para uma equitativa apuração das quotas hereditárias dos sucessores
legitimários”.
A matéria igualmente está tratada tanto no CC/2002 (arts. 2.002 a 2.012) quanto no Estatuto Processual (arts. 639 a 641 do
CPC/2015, correspondentes aos arts. 1.014 a 1.016 do CPC/1973).
O conceito de colação ou conferência pode ser retirado do art. 2.002 do CC, segundo o qual:
“os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o
valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”.
O próprio comando legal disciplina a sanção para o caso de o descendente
não trazer o bem à colação: a pena civil de sonegados, antes estudada.
Dispõe o seu parágrafo único que, para o cálculo da legítima, o valor dos
bens conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a
disponível. (TARTUCE, 2019.)
Destarte, a colação de bens é necessária quando há a antecipação da legítima, por meio da doação de bens entre ascendentes
e descendentes ou mesmo entre cônjuges. Em razão disso, estabelece o Art. 2.002 do Código Civil (CC) de 2002 que:
”os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o
valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”.
A justi�cativa para a colação de bens se encontra no Art. 2.003.
Art. 2.003. A colação tem por �m igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge
sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.
(BRASIL, 2002.)
Contudo, o doador (ascendente ou cônjuge) pode declarar, formalmente, no instrumento contratual utilizado para a celebração
do contrato de doação ou no próprio testamento (Art. 2.006), que os bens objetos daquele negócio jurídico não precisarão ser
levados à colação e que se referem a bens da parte disponível do seu patrimônio. Nesse (e somente nesse) caso, os herdeiros
anteriormente bene�ciados pela doação receberão cada qual a sua parte da herança, sem a necessidade de declarar os bens já
recebidos em doação anterior.
A lógica desse instituto é a seguinte: se o doador pode transferir bens da
parte disponível do seu patrimônio para qualquer pessoa – desde que a(o)
donatária(o) não seja sua/seu cúmplice em adultério, conforme Art. 550 do
CC –, por que não poderia doar dessa mesma parte disponível bens a um de
seus herdeiros? Nesse caso, receberá o herdeiro esses bens doados e,
ainda, a sua quota parte da herança, sem que se considere esse patrimônio
já recebido.
Ultrapassando a doação a parte disponível do patrimônio do doador/testador, haverá a necessária redução desse proveito,
obtido pelo bene�ciário da doação ou do testamento, nos termos dos Arts. 2.007 e 549 do CC/2002.
Exemplo
Fernando Mendes, rico industrial, falece deixando cinco �lhos e um patrimônio de 50 milhões de reais.
Entretanto, ainda em vida, Fernando doou para um de seus �lhos, Fernandinho, uma fazenda no valor de 5 milhões de reais.
Nesse caso, Fernandinho deverá levar à colação (declarando no inventário do seu pai) a fazenda que recebera, a qual será
considerada como uma parte já adiantada da legítima.
De outra forma, se não declarasse o recebimento do imóvel, �caria com mais patrimônio do que os seus irmãos e seria
considerado um “sonegador” de bens do inventário.
Todavia, não será necessário Fernandinho levar a fazenda recebida à colação se seu pai expressamente tiver declarado, no
momento da doação, que a fazenda doada saiu do seu patrimônio disponível (lembrando que a alienação de imóveis é negócio
jurídico formal e solene, devendo ser feita por escritura pública levada a registro).
Assim, Fernandinho, além da fazenda, receberá o mesmo patrimônio que cada um dos seus quatro irmãos.
Uma dúvida ainda resta: Qual seria o valor considerado na colação, para a equiparação dos quinhões entre os herdeiros?
Seria o valor do bem na data da doação, na data da abertura da sucessão (morte do autor da herança) ou o valor atual do
bem?
 Reportagem 
 Clique no botão acima.
Para solucionarmos essas indagações, é necessário ler a reportagem a seguir, com o último entendimento do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) a esse respeito.
Bens doados devem ser trazidos à colação pelo valor atribuído no ato de liberalidade
 
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a colação de bens doados deve ter
o valor atribuído no ato de liberalidade, e não no tempo da abertura da sucessão.
 
No caso julgado, uma das herdeiras apontou violação do Art. 1.014, parágrafo único, do Código de Processo Civil de
1973, na decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ao sustentar que os bens doados deveriam ser trazidos à
colação pelo valor vigente à época da abertura da sucessão, e não no ato da liberalidade, como entendeu o TJSP, ao
aplicar o disposto no Art. 2.004, caput, do Código Civil de 2002.
 
O relator do recurso, desembargador convocado Lázaro Guimarães, manteve a decisão do TJSP ao ressaltar que o
critério estabelecido no CC de 2002 modi�cou a previsão do CPC de 1973. “Veri�ca-se a ocorrência de antinomia entre
os dispositivos. A contradição presente nos diplomas legais deve ser solucionada com a observância do princípio de
direito intertemporal (tempus regit actum)”, disse.
 
Correção monetária
A herdeira recorrente sustentou que os bens doados deveriam ser trazidos à colação a partir do valor que tinham à
época da abertura da sucessão, em 2004, uma vez que ainda integrariam o patrimônio do pai, autor da herança.
 
O primeiro grau julgou improcedente o pedido, e a sentença foi con�rmada pelo TJSP. “É certo que o instituto da
colação tem o objetivo de igualar a legítima, trazendo para o acervo a partilhar bens doados em antecipação. Para
garantir tal igualdade na partilha, necessária a atualização do valor recebido pelo herdeiro bene�ciado pela doação,
corroído pelo fenômeno in�acionário e distanciado da atual realidade do mercado”, a�rmou o tribunal paulista.
O desembargador Lázaro Guimarães ressaltou que o valor da colação deverá ser aquele atribuído ao tempo da doação,
entretanto, o valor dos bens deverá ser corrigido monetariamente até a data da abertura da sucessão para assegurar a
igualdade dos quinhões.
 
“É descabida, portanto, a pretensão formulada pelos recorrentes de atribuir aos bens trazidos à colação, que ainda
integram o patrimônio do donatário, o valor que tinham na data do óbito do doador, sob pena de afronta ao Art. 2.004
do CC/2002, em vigor à época da abertura da sucessão”, concluiu. (STJ, 2018.)
Imaginemos a seguinte questão polêmica: 
 
João, pai de Joaquim, doa todos os seus bens imóveis para seu único herdeiro, Joaquim, reservando para si
apenas o indispensável para manter-se dignamente. 
Cinco anos após a referida doação, João resolve ter outro �lho, que nasce com perfeitas condições de saúde e
recebe o nome de João Júnior. 
Entretanto, João (pai) falece, deixando Joaquim muitobem de vida e João sem nenhum patrimônio. 
Considerando que João Júnior não era vivo à época da doação feita para seu irmão mais velho, Joaquim, mesmo
assim poderá exigir que seu irmão colacione os bens recebidos de João (pai)? 
Ou, como não era vivo à época, a doação se consolidou como ato jurídico perfeito e não pode ser revista pelo
instituto da colação?
Pedro, no ano de 2001, doa um apartamento para Felipe, até então seu único �lho. Todavia, em 2009, nasce seu
segundo �lho, Joaquim. Pedro falece em 2019. 
 
Nesse caso, temos uma questão polêmica: mesmo antes do nascimento do segundo �lho, a doação foi realizada.
Portanto, pergunta-se: o segundo �lho, Joaquim, poderia contestar a doação feita e exigir a colação de um bem
doado antes mesmo da sua existência para que se igualem os quinhões dos dois irmãos?
Vejamos o posicionamento da jurisprudência do STJ sobre colação de bens envolvendo �lhos nascidos após a liberalidade
praticada pelo autor da herança:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DAS SUCESSÕES. INVENTÁRIO. 1. OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
INEXISTÊNCIA. 2. DOAÇÃO EM VIDA DE TODOS OS BENS IMÓVEIS AOS FILHOS E CÔNJUGES FEITA PELO AUTOR
DA HERANÇA E SUA ESPOSA. HERDEIRO NECESSÁRIO QUE NASCEU POSTERIORMENTE AO ATO DE
LIBERALIDADE. DIREITO À COLAÇÃO. 3. PERCENTUAL DOS BENS QUE DEVE SER TRAZIDO À CONFERÊNCIA. 4.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Embora rejeitados os embargos de declaração, tem-se que a matéria
controvertida foi devidamente enfrentada pelo Colegiado de origem, que sobre ela emitiu pronunciamento de
forma fundamentada, ainda que sucinta, com enfoque su�ciente a autorizar o conhecimento do recurso especial,
não havendo que se falar, portanto, em ofensa ao art. 535, II, do CPC. 2. Para efeito de cumprimento do dever de
colação, é irrelevante o fato de o herdeiro ter nascido antes ou após a doação, de todos os bens imóveis, feita pelo
autor da herança e sua esposa aos �lhos e respectivos cônjuges. O que deve prevalecer é a ideia de que a doação
feita de ascendente para descendente, por si só, não é considerada inválida ou ine�caz pelo ordenamento jurídico,
mas impõe ao donatário obrigação protraída no tempo de, à época do óbito do doador, trazer o patrimônio
recebido à colação, a �m de igualar as legítimas, caso não seja aquele o único herdeiro necessário (arts. 2.002,
parágrafo único, e 2.003 do CC/2002). 3. No caso, todavia, a colação deve ser admitida apenas sobre 25% dos
referidos bens, por ter sido esse o percentual doado aos herdeiros necessários, já que a outra metade foi
destinada, expressamente, aos seus respectivos cônjuges. Tampouco, há de se cogitar da possível existência de
fraude, uma vez que na data da celebração do contrato de doação, o herdeiro preterido, ora recorrido, nem sequer
havia sido concebido. 4. Recurso especial parcialmente provido. (STJ, 2018.)
Por �m, outra regra sobre a colação que merece destaque se encontra no Art. 2.009 do CC/2002:
Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que
não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. (BRASIL, 2002.)
Atenção
É interessante notar que os ascendentes e os colaterais estão dispensados da colação, por não haver qualquer previsão legal
em sentido contrário.
Da partilha dos bens
Nas palavras de Quintella e Donizetti (2019), partilha é o procedimento por meio do qual os bens do acervo, após a liquidação,
são divididos entre os herdeiros, até então condôminos da herança”. E prosseguem, explicando: “A partilha deve sempre
observar a maior igualdade possível entre os bens, considerando tanto o seu valor quanto sua natureza e qualidade (Art. 2.017).
A partilha, pela lei adjetiva, é regulada nos Arts. 647 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC), 2015. No Código Civil, as
regras estão entre os Arts. 2.013 e 2.022. Entre as principais regras, destacam-se as seguintes:
01 “Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz” (Art. 2.016 doCC/2002);
02 “É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique alegítima dos herdeiros necessários” (Art. 2.018 do CC/2002);
03
“Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de
um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem
adjudicados a todos” (Art. 2.019 do CC/2002);
04
“Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são obrigados a trazer ao
acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao reembolso das despesas necessárias
e úteis que �zeram e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa” (Art. 2.019 do CC/2002);
05 “Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida paracom a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha” (Art. 654 CPC/2015).
Principais regras processuais sobre partilha
A princípio, vejamos as principais regras estabelecidas pelo atual Código de Processo Civil, em seu Art. 648:
Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras: 
 
I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; 
II - a prevenção de litígios futuros; 
III - a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. (BRASIL, 2015.)
Há uma interessante regra no Art. 649 do CPC, determinando que os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem
na parte do cônjuge ou companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou
vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam adjudicados a todos.
Exemplo
Pela regra anterior, se um dos bens deixados pelo de cujus, por exemplo, um imóvel (uma casa, apartamento etc.), em razão do
seu alto valor, não “couber” no quinhão de nenhum herdeiro, será esse bem licitado entre os próprios herdeiros e, se nenhum
deles se interessar, será esse imóvel vendido judicialmente e partilhado por todos o fruto dessa venda.
Ordem para a distribuição da herança
Qual será a ordem para a distribuição e repartição do patrimônio deixado pelo autor da herança? Em outras palavras, como
será organizada a partilha? Para solucionarmos essa dúvida, a leitura da ordem estabelecida pelo Art. 651 do CPC:
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial, observando nos
pagamentos a seguinte ordem: 
 
I - dívidas atendidas; 
II - meação do cônjuge; 
III - meação disponível; 
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. (BRASIL, 2015.)
Assim, do acervo de bens deixado pelo de cujus, primeiro haverá o pagamento das dívidas; em seguida, será paga a meação
do cônjuge/companheiro e, na sequência, a outra meação (da parte disponível), para, por último, serem repartidos os quinhões
hereditários, começando pelo coerdeiro mais velho.
Por �m, em relação aos bens destinados aos nascituros (que possuem um direito condicional), estabelece o Art. 650 do CPC
que, “se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe caberá será reservado em poder do inventariante até o seu
nascimento”.
A partilha amigável, realizada por meio do inventário extrajudicial/administrativo (visto na aula anterior), poderá ser anulada por
algum vício? Sobre os vícios que podem ser objeto de arguição para a anulação da partilha amigável e seus respectivos prazos,
estabelece o Art. 657 do CPC:
Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou
constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou
intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4º do art. 966. 
 
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado esse prazo: 
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II - no caso de erroou dolo, do dia em que se realizou o ato; 
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (BRASIL, 2015.)
Sobrepartilha
Ocorrerá sobrepartilha se os herdeiros, após a conclusão da partilha, descobrirem que há outros bens a serem inventariados,
nos termos do Art. 2.022 do CC/2002.
O CPC/2015, em seu Art. 669, é claro ao estabelecer os bens que estão sujeitos à sobrepartilha. São eles:
Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens: 
 
I - sonegados; 
II - da herança descobertos após a partilha; 
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; 
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário. 
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e a
administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros. (BRASIL, 2015.)
Atenção
Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha (Art. 670 do CPC).
Do arrolamento de bens
Estabelece o Art. 659 do CPC/2015 que a partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será
homologada de plano pelo juiz, com observância dos Arts. 660 a 663.
Atenção
Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários mínimos, o inventário será processado na forma
de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar,
com suas declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha (conforme Art. 664 do CPC/2015).
Por �m, estabelece o Art. 660 do CPC o que será requerido e declarado pelos herdeiros na petição do inventário que se
processa na forma de arrolamento de bens. Vejamos:
Art. 660. Na petição de inventário, que se processará na forma de arrolamento sumário, independentemente da
lavratura de termos de qualquer espécie, os herdeiros:
 
I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem; 
II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o disposto no art. 630; 
III - atribuirão valor aos bens do espólio, para �ns de partilha. (BRASIL, 2015.)
 
Do alvará judicial
Em relação ao alvará judicial, esclarecem os autores Gagliano e Pamplona Filho (2019):
A expedição de alvará judicial é uma técnica bastante difundida no campo das sucessões. Sua utilização não se
limita aos resíduos sucessórios, mas também se destina à concessão de autorização judicial para a prática de
atos que o inventariante não pode realizar de forma autônoma, por exemplo, alienar bens do espólio ou efetivar
transações e pagamentos de dívidas e despesas para conservação e manutenção dos bens (art. 619 do
CPC/2015). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2019 – grifo do autor.)
Atividades
1. QUESTÃO (MPE/PE - 2018) Acerca do processo de inventário e partilha, considere:
 
I. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 6 meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se
nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, para até 60 meses, de ofício ou a requerimento de parte.
 
II. O legatário não é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio, mesmo se toda a herança for dividida em
legados, salvo se estipulados em testamento público.
 
III. O inventariante só será removido do cargo mediante requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, sendo
vedada sua remoção de ofício.
 
IV. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de
não existirem outros por inventariar.
 
V. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 ano, contado esse prazo, no caso de coação, do dia em que ela
cessou.
 
Está correto o que se a�rma APENAS em:
a) I e II.
b) III e V.
c) II e IV.
d) IV e V.
e) I e III.
2. QUESTÃO (TJ-MG titular de serviços de notas 2018) Assinale a alternativa correta.
a) A sentença que se proferir na ação de sonegados aproveita apenas aos herdeiros.
b) A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros, exclusivamente.
c) Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da herança será exercida pelo inventariante.
d) Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, não pagará ele a importância dos valores que
ocultou, nem perdas e danos.
3. QUESTÃO (TJ-MG titular de serviços de notas 2018) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz.
b) No partilhar os bens, não será observada a maior igualdade possível quanto ao seu valor, natureza e qualidade.
c) É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros
necessários.
d) Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito
particular, homologado pelo juiz.
4. QUESTÃO (MPE-MS Promotor de Justiça 2013) No que concerne à partilha, nos termos preconizados pelo Código Civil
brasileiro, é correto a�rmar:
a) Quando parte da herança consistir em bens de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros,
reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e
consentimento da maioria dos herdeiros.
b) O herdeiro pode sempre requerer a partilha, desde que não tenha sido proibido pelo testador, cabendo igual faculdade aos seus
cessionários e credores.
c) Havendo herdeiros capazes e incapazes, a partilha amigável poderá ser feita por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou
escrito particular, homologado pelo juiz.
d) Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que
prevalecerá, ainda que o valor dos bens não corresponda às quotas estabelecidas.
e) Os herdeiros em posse dos bens da herança são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a data do início da
posse, ainda que anterior à abertura da sucessão.
5. QUESTÃO (PGE/PE 2018) De acordo com o CPC, no procedimento especial contencioso do inventário e da partilha, o juiz
responsável pelo julgamento do processo possui competência para decidir:
a) qualquer questão de direito, decorrente ou não de controvérsia fática, que seja relevante para o resultado final do processo.
b) questões de direito que dependam do exame de qualquer modalidade de prova, excepcionada somente a prova pericial.
c) todas as questões de direito, mesmo as que decorram de controvérsia fática, desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento.
d) apenas questões de direito que não dependam do exame de provas, sendo sempre nula toda decisão que solucione controvérsia fática.
e) controvérsias jurídicas que dependam do exame de provas, desde que haja convenção processual entre as partes para ampliar sua
competência.
Notas
Referências
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. – Código Civil Brasileiro. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: abr. 2019.
 
_____. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: out. 2019.
 
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: contratos. Volume 4. 9. ed. Salvador: JusPodivm,
2019
javascript:void(0);
javascript:void(0);
2019.
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Contratos. Volume 4. TOMOS I e TOMO II. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das sucessões. Volume 7. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
 
OLIVEIRA, Euclides; AMORIM, Sebastião. Inventário e partilha: teoria e prática. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
 
TARTUCE, Flavio. Manual de DireitoCivil. Volume Único. 9. ed. São Paulo: Método, 2019.
 
Explore mais
• Notícia do Superior Tribunal de Justiça sobre a partilha de imóvel em união estável. Disponível em:
https://jhfrota.jusbrasil.com.br/noticias/572957146/afastada-partilha-de-imovel-em-uniao-estavel-celebrada-com-clausula-de-
separacao-de-bens
• Notícia do Superior Tribunal de Justiça sobre a alteração do acordo de partilha de bens. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/580204745/acordo-de-partilha-de-bens-com-transito-em-julgado-pode-ser-alterado-por-
vontade-das-partes
• Notícia extraída do portal do STJ sobre a colação de bens. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/224146790/terceira-turma-admite-colacao-de-bens-exigida-por-�lho-nascido-apos-doacao-
do-patrimonio
• Notícia extraída do portal do STJ sobre bens doados que devem ser trazidos à colação pelo valor atribuído no ato de
liberalidade. Disponível em:
//www.stj.jus.br/sites/portalp/Comunicacao/Ultimas-noticias?m=1801
• Posicionamento do STJ em relação à colação de bens envolvendo �lhos nascidos após a liberalidade praticada pelo autor da
herança. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/235380881/stj-02-04-2019-pg-4484
javascript:void(0);
javascript:void(0);
javascript:void(0);
javascript:void(0);
javascript:void(0);