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Direito Civil V Aula 10: Da colação e da partilha de bens Apresentação Nesta aula, abordaremos o conceito e as principais regras sobre a colação de bens, bem como estudaremos a partilha de bens, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela legislação vigente. Por �m, abordaremos o procedimento simpli�cado do arrolamento de bens e suas características. Objetivo De�nir o conceito e apontar as principais características da colação de bens; Listar as diretrizes estabelecidas para a partilha de bens, bem como o regramento legal sobre esse importante assunto; Analisar o procedimento de arrolamento de bens. Colação de Bens Sobre a colação (ou conferência) no Direito Sucessório, assim escreve Tartuce (2019): A colação (collatio) é conceituada pela doutrina como sendo: “uma conferência dos bens da herança com outros transferidos pelo de cujus, em vida, aos seus descendentes, promovendo o retorno ao monte das liberalidades feitas pelo autor da herança antes de falecer, para uma equitativa apuração das quotas hereditárias dos sucessores legitimários”. A matéria igualmente está tratada tanto no CC/2002 (arts. 2.002 a 2.012) quanto no Estatuto Processual (arts. 639 a 641 do CPC/2015, correspondentes aos arts. 1.014 a 1.016 do CPC/1973). O conceito de colação ou conferência pode ser retirado do art. 2.002 do CC, segundo o qual: “os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”. O próprio comando legal disciplina a sanção para o caso de o descendente não trazer o bem à colação: a pena civil de sonegados, antes estudada. Dispõe o seu parágrafo único que, para o cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível. (TARTUCE, 2019.) Destarte, a colação de bens é necessária quando há a antecipação da legítima, por meio da doação de bens entre ascendentes e descendentes ou mesmo entre cônjuges. Em razão disso, estabelece o Art. 2.002 do Código Civil (CC) de 2002 que: ”os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”. A justi�cativa para a colação de bens se encontra no Art. 2.003. Art. 2.003. A colação tem por �m igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. (BRASIL, 2002.) Contudo, o doador (ascendente ou cônjuge) pode declarar, formalmente, no instrumento contratual utilizado para a celebração do contrato de doação ou no próprio testamento (Art. 2.006), que os bens objetos daquele negócio jurídico não precisarão ser levados à colação e que se referem a bens da parte disponível do seu patrimônio. Nesse (e somente nesse) caso, os herdeiros anteriormente bene�ciados pela doação receberão cada qual a sua parte da herança, sem a necessidade de declarar os bens já recebidos em doação anterior. A lógica desse instituto é a seguinte: se o doador pode transferir bens da parte disponível do seu patrimônio para qualquer pessoa – desde que a(o) donatária(o) não seja sua/seu cúmplice em adultério, conforme Art. 550 do CC –, por que não poderia doar dessa mesma parte disponível bens a um de seus herdeiros? Nesse caso, receberá o herdeiro esses bens doados e, ainda, a sua quota parte da herança, sem que se considere esse patrimônio já recebido. Ultrapassando a doação a parte disponível do patrimônio do doador/testador, haverá a necessária redução desse proveito, obtido pelo bene�ciário da doação ou do testamento, nos termos dos Arts. 2.007 e 549 do CC/2002. Exemplo Fernando Mendes, rico industrial, falece deixando cinco �lhos e um patrimônio de 50 milhões de reais. Entretanto, ainda em vida, Fernando doou para um de seus �lhos, Fernandinho, uma fazenda no valor de 5 milhões de reais. Nesse caso, Fernandinho deverá levar à colação (declarando no inventário do seu pai) a fazenda que recebera, a qual será considerada como uma parte já adiantada da legítima. De outra forma, se não declarasse o recebimento do imóvel, �caria com mais patrimônio do que os seus irmãos e seria considerado um “sonegador” de bens do inventário. Todavia, não será necessário Fernandinho levar a fazenda recebida à colação se seu pai expressamente tiver declarado, no momento da doação, que a fazenda doada saiu do seu patrimônio disponível (lembrando que a alienação de imóveis é negócio jurídico formal e solene, devendo ser feita por escritura pública levada a registro). Assim, Fernandinho, além da fazenda, receberá o mesmo patrimônio que cada um dos seus quatro irmãos. Uma dúvida ainda resta: Qual seria o valor considerado na colação, para a equiparação dos quinhões entre os herdeiros? Seria o valor do bem na data da doação, na data da abertura da sucessão (morte do autor da herança) ou o valor atual do bem? Reportagem Clique no botão acima. Para solucionarmos essas indagações, é necessário ler a reportagem a seguir, com o último entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a esse respeito. Bens doados devem ser trazidos à colação pelo valor atribuído no ato de liberalidade A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a colação de bens doados deve ter o valor atribuído no ato de liberalidade, e não no tempo da abertura da sucessão. No caso julgado, uma das herdeiras apontou violação do Art. 1.014, parágrafo único, do Código de Processo Civil de 1973, na decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ao sustentar que os bens doados deveriam ser trazidos à colação pelo valor vigente à época da abertura da sucessão, e não no ato da liberalidade, como entendeu o TJSP, ao aplicar o disposto no Art. 2.004, caput, do Código Civil de 2002. O relator do recurso, desembargador convocado Lázaro Guimarães, manteve a decisão do TJSP ao ressaltar que o critério estabelecido no CC de 2002 modi�cou a previsão do CPC de 1973. “Veri�ca-se a ocorrência de antinomia entre os dispositivos. A contradição presente nos diplomas legais deve ser solucionada com a observância do princípio de direito intertemporal (tempus regit actum)”, disse. Correção monetária A herdeira recorrente sustentou que os bens doados deveriam ser trazidos à colação a partir do valor que tinham à época da abertura da sucessão, em 2004, uma vez que ainda integrariam o patrimônio do pai, autor da herança. O primeiro grau julgou improcedente o pedido, e a sentença foi con�rmada pelo TJSP. “É certo que o instituto da colação tem o objetivo de igualar a legítima, trazendo para o acervo a partilhar bens doados em antecipação. Para garantir tal igualdade na partilha, necessária a atualização do valor recebido pelo herdeiro bene�ciado pela doação, corroído pelo fenômeno in�acionário e distanciado da atual realidade do mercado”, a�rmou o tribunal paulista. O desembargador Lázaro Guimarães ressaltou que o valor da colação deverá ser aquele atribuído ao tempo da doação, entretanto, o valor dos bens deverá ser corrigido monetariamente até a data da abertura da sucessão para assegurar a igualdade dos quinhões. “É descabida, portanto, a pretensão formulada pelos recorrentes de atribuir aos bens trazidos à colação, que ainda integram o patrimônio do donatário, o valor que tinham na data do óbito do doador, sob pena de afronta ao Art. 2.004 do CC/2002, em vigor à época da abertura da sucessão”, concluiu. (STJ, 2018.) Imaginemos a seguinte questão polêmica: João, pai de Joaquim, doa todos os seus bens imóveis para seu único herdeiro, Joaquim, reservando para si apenas o indispensável para manter-se dignamente. Cinco anos após a referida doação, João resolve ter outro �lho, que nasce com perfeitas condições de saúde e recebe o nome de João Júnior. Entretanto, João (pai) falece, deixando Joaquim muitobem de vida e João sem nenhum patrimônio. Considerando que João Júnior não era vivo à época da doação feita para seu irmão mais velho, Joaquim, mesmo assim poderá exigir que seu irmão colacione os bens recebidos de João (pai)? Ou, como não era vivo à época, a doação se consolidou como ato jurídico perfeito e não pode ser revista pelo instituto da colação? Pedro, no ano de 2001, doa um apartamento para Felipe, até então seu único �lho. Todavia, em 2009, nasce seu segundo �lho, Joaquim. Pedro falece em 2019. Nesse caso, temos uma questão polêmica: mesmo antes do nascimento do segundo �lho, a doação foi realizada. Portanto, pergunta-se: o segundo �lho, Joaquim, poderia contestar a doação feita e exigir a colação de um bem doado antes mesmo da sua existência para que se igualem os quinhões dos dois irmãos? Vejamos o posicionamento da jurisprudência do STJ sobre colação de bens envolvendo �lhos nascidos após a liberalidade praticada pelo autor da herança: RECURSO ESPECIAL. DIREITO DAS SUCESSÕES. INVENTÁRIO. 1. OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INEXISTÊNCIA. 2. DOAÇÃO EM VIDA DE TODOS OS BENS IMÓVEIS AOS FILHOS E CÔNJUGES FEITA PELO AUTOR DA HERANÇA E SUA ESPOSA. HERDEIRO NECESSÁRIO QUE NASCEU POSTERIORMENTE AO ATO DE LIBERALIDADE. DIREITO À COLAÇÃO. 3. PERCENTUAL DOS BENS QUE DEVE SER TRAZIDO À CONFERÊNCIA. 4. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Embora rejeitados os embargos de declaração, tem-se que a matéria controvertida foi devidamente enfrentada pelo Colegiado de origem, que sobre ela emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que sucinta, com enfoque su�ciente a autorizar o conhecimento do recurso especial, não havendo que se falar, portanto, em ofensa ao art. 535, II, do CPC. 2. Para efeito de cumprimento do dever de colação, é irrelevante o fato de o herdeiro ter nascido antes ou após a doação, de todos os bens imóveis, feita pelo autor da herança e sua esposa aos �lhos e respectivos cônjuges. O que deve prevalecer é a ideia de que a doação feita de ascendente para descendente, por si só, não é considerada inválida ou ine�caz pelo ordenamento jurídico, mas impõe ao donatário obrigação protraída no tempo de, à época do óbito do doador, trazer o patrimônio recebido à colação, a �m de igualar as legítimas, caso não seja aquele o único herdeiro necessário (arts. 2.002, parágrafo único, e 2.003 do CC/2002). 3. No caso, todavia, a colação deve ser admitida apenas sobre 25% dos referidos bens, por ter sido esse o percentual doado aos herdeiros necessários, já que a outra metade foi destinada, expressamente, aos seus respectivos cônjuges. Tampouco, há de se cogitar da possível existência de fraude, uma vez que na data da celebração do contrato de doação, o herdeiro preterido, ora recorrido, nem sequer havia sido concebido. 4. Recurso especial parcialmente provido. (STJ, 2018.) Por �m, outra regra sobre a colação que merece destaque se encontra no Art. 2.009 do CC/2002: Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. (BRASIL, 2002.) Atenção É interessante notar que os ascendentes e os colaterais estão dispensados da colação, por não haver qualquer previsão legal em sentido contrário. Da partilha dos bens Nas palavras de Quintella e Donizetti (2019), partilha é o procedimento por meio do qual os bens do acervo, após a liquidação, são divididos entre os herdeiros, até então condôminos da herança”. E prosseguem, explicando: “A partilha deve sempre observar a maior igualdade possível entre os bens, considerando tanto o seu valor quanto sua natureza e qualidade (Art. 2.017). A partilha, pela lei adjetiva, é regulada nos Arts. 647 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC), 2015. No Código Civil, as regras estão entre os Arts. 2.013 e 2.022. Entre as principais regras, destacam-se as seguintes: 01 “Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz” (Art. 2.016 doCC/2002); 02 “É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique alegítima dos herdeiros necessários” (Art. 2.018 do CC/2002); 03 “Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos” (Art. 2.019 do CC/2002); 04 “Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que �zeram e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa” (Art. 2.019 do CC/2002); 05 “Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida paracom a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha” (Art. 654 CPC/2015). Principais regras processuais sobre partilha A princípio, vejamos as principais regras estabelecidas pelo atual Código de Processo Civil, em seu Art. 648: Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras: I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; II - a prevenção de litígios futuros; III - a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. (BRASIL, 2015.) Há uma interessante regra no Art. 649 do CPC, determinando que os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam adjudicados a todos. Exemplo Pela regra anterior, se um dos bens deixados pelo de cujus, por exemplo, um imóvel (uma casa, apartamento etc.), em razão do seu alto valor, não “couber” no quinhão de nenhum herdeiro, será esse bem licitado entre os próprios herdeiros e, se nenhum deles se interessar, será esse imóvel vendido judicialmente e partilhado por todos o fruto dessa venda. Ordem para a distribuição da herança Qual será a ordem para a distribuição e repartição do patrimônio deixado pelo autor da herança? Em outras palavras, como será organizada a partilha? Para solucionarmos essa dúvida, a leitura da ordem estabelecida pelo Art. 651 do CPC: Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial, observando nos pagamentos a seguinte ordem: I - dívidas atendidas; II - meação do cônjuge; III - meação disponível; IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. (BRASIL, 2015.) Assim, do acervo de bens deixado pelo de cujus, primeiro haverá o pagamento das dívidas; em seguida, será paga a meação do cônjuge/companheiro e, na sequência, a outra meação (da parte disponível), para, por último, serem repartidos os quinhões hereditários, começando pelo coerdeiro mais velho. Por �m, em relação aos bens destinados aos nascituros (que possuem um direito condicional), estabelece o Art. 650 do CPC que, “se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe caberá será reservado em poder do inventariante até o seu nascimento”. A partilha amigável, realizada por meio do inventário extrajudicial/administrativo (visto na aula anterior), poderá ser anulada por algum vício? Sobre os vícios que podem ser objeto de arguição para a anulação da partilha amigável e seus respectivos prazos, estabelece o Art. 657 do CPC: Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4º do art. 966. Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado esse prazo: I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; II - no caso de erroou dolo, do dia em que se realizou o ato; III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (BRASIL, 2015.) Sobrepartilha Ocorrerá sobrepartilha se os herdeiros, após a conclusão da partilha, descobrirem que há outros bens a serem inventariados, nos termos do Art. 2.022 do CC/2002. O CPC/2015, em seu Art. 669, é claro ao estabelecer os bens que estão sujeitos à sobrepartilha. São eles: Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens: I - sonegados; II - da herança descobertos após a partilha; III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário. Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros. (BRASIL, 2015.) Atenção Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha (Art. 670 do CPC). Do arrolamento de bens Estabelece o Art. 659 do CPC/2015 que a partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos Arts. 660 a 663. Atenção Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários mínimos, o inventário será processado na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha (conforme Art. 664 do CPC/2015). Por �m, estabelece o Art. 660 do CPC o que será requerido e declarado pelos herdeiros na petição do inventário que se processa na forma de arrolamento de bens. Vejamos: Art. 660. Na petição de inventário, que se processará na forma de arrolamento sumário, independentemente da lavratura de termos de qualquer espécie, os herdeiros: I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem; II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o disposto no art. 630; III - atribuirão valor aos bens do espólio, para �ns de partilha. (BRASIL, 2015.) Do alvará judicial Em relação ao alvará judicial, esclarecem os autores Gagliano e Pamplona Filho (2019): A expedição de alvará judicial é uma técnica bastante difundida no campo das sucessões. Sua utilização não se limita aos resíduos sucessórios, mas também se destina à concessão de autorização judicial para a prática de atos que o inventariante não pode realizar de forma autônoma, por exemplo, alienar bens do espólio ou efetivar transações e pagamentos de dívidas e despesas para conservação e manutenção dos bens (art. 619 do CPC/2015). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2019 – grifo do autor.) Atividades 1. QUESTÃO (MPE/PE - 2018) Acerca do processo de inventário e partilha, considere: I. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 6 meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, para até 60 meses, de ofício ou a requerimento de parte. II. O legatário não é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio, mesmo se toda a herança for dividida em legados, salvo se estipulados em testamento público. III. O inventariante só será removido do cargo mediante requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, sendo vedada sua remoção de ofício. IV. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar. V. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 ano, contado esse prazo, no caso de coação, do dia em que ela cessou. Está correto o que se a�rma APENAS em: a) I e II. b) III e V. c) II e IV. d) IV e V. e) I e III. 2. QUESTÃO (TJ-MG titular de serviços de notas 2018) Assinale a alternativa correta. a) A sentença que se proferir na ação de sonegados aproveita apenas aos herdeiros. b) A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros, exclusivamente. c) Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da herança será exercida pelo inventariante. d) Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, não pagará ele a importância dos valores que ocultou, nem perdas e danos. 3. QUESTÃO (TJ-MG titular de serviços de notas 2018) Assinale a alternativa INCORRETA. a) Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz. b) No partilhar os bens, não será observada a maior igualdade possível quanto ao seu valor, natureza e qualidade. c) É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários. d) Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. 4. QUESTÃO (MPE-MS Promotor de Justiça 2013) No que concerne à partilha, nos termos preconizados pelo Código Civil brasileiro, é correto a�rmar: a) Quando parte da herança consistir em bens de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros. b) O herdeiro pode sempre requerer a partilha, desde que não tenha sido proibido pelo testador, cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores. c) Havendo herdeiros capazes e incapazes, a partilha amigável poderá ser feita por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. d) Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, ainda que o valor dos bens não corresponda às quotas estabelecidas. e) Os herdeiros em posse dos bens da herança são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a data do início da posse, ainda que anterior à abertura da sucessão. 5. QUESTÃO (PGE/PE 2018) De acordo com o CPC, no procedimento especial contencioso do inventário e da partilha, o juiz responsável pelo julgamento do processo possui competência para decidir: a) qualquer questão de direito, decorrente ou não de controvérsia fática, que seja relevante para o resultado final do processo. b) questões de direito que dependam do exame de qualquer modalidade de prova, excepcionada somente a prova pericial. c) todas as questões de direito, mesmo as que decorram de controvérsia fática, desde que os fatos relevantes estejam provados por documento. d) apenas questões de direito que não dependam do exame de provas, sendo sempre nula toda decisão que solucione controvérsia fática. e) controvérsias jurídicas que dependam do exame de provas, desde que haja convenção processual entre as partes para ampliar sua competência. Notas Referências BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. – Código Civil Brasileiro. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: abr. 2019. _____. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: out. 2019. FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: contratos. Volume 4. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2019 javascript:void(0); javascript:void(0); 2019. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Contratos. Volume 4. TOMOS I e TOMO II. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das sucessões. Volume 7. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. OLIVEIRA, Euclides; AMORIM, Sebastião. Inventário e partilha: teoria e prática. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. TARTUCE, Flavio. Manual de DireitoCivil. Volume Único. 9. ed. São Paulo: Método, 2019. Explore mais • Notícia do Superior Tribunal de Justiça sobre a partilha de imóvel em união estável. Disponível em: https://jhfrota.jusbrasil.com.br/noticias/572957146/afastada-partilha-de-imovel-em-uniao-estavel-celebrada-com-clausula-de- separacao-de-bens • Notícia do Superior Tribunal de Justiça sobre a alteração do acordo de partilha de bens. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/580204745/acordo-de-partilha-de-bens-com-transito-em-julgado-pode-ser-alterado-por- vontade-das-partes • Notícia extraída do portal do STJ sobre a colação de bens. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/224146790/terceira-turma-admite-colacao-de-bens-exigida-por-�lho-nascido-apos-doacao- do-patrimonio • Notícia extraída do portal do STJ sobre bens doados que devem ser trazidos à colação pelo valor atribuído no ato de liberalidade. Disponível em: //www.stj.jus.br/sites/portalp/Comunicacao/Ultimas-noticias?m=1801 • Posicionamento do STJ em relação à colação de bens envolvendo �lhos nascidos após a liberalidade praticada pelo autor da herança. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/235380881/stj-02-04-2019-pg-4484 javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);