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APX1 Geografia 1 2020 2

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
Avaliação Presencial (APX1) – 2020.2
DATA LIMITE DE ENTREGA – 26/09 ATÉ ÀS 12h
Disciplina: GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 1
Coordenadora(o): EDUARDO PIMENTEL MENEZES
1 – Apresente o significado e importância da categoria/conceito espaço para a Geografia e o seu ensino. (2,5)
Resposta: Desde os primórdios da humanidade, o homem já se movimentava e assim foi ampliando seus conhecimentos de acordo com as suas necessidades. Ao modificar um determinado espaço de acordo com as nossas necessidades e interesses, estamos fazendo a Geografia de um espaço e relacionando-a com o homem e a natureza.
	Assim, podemos dizer que espaço é algo construído, o que implica uma relação dialética, na qual sociedade e espaço se transformam mutuamente. Segundo Milton Santos, o espaço é um conjunto pertencente aos sistemas de objetos e de ações. Assim, é necessário compreender que há uma organização do espaço manifesta em um determinado conjunto de relações entre os lugares. Devemos considerar também que determinados agentes possuem uma posição privilegiada, o que lhes possibilita influir na própria organização do espaço, ou seja, a produção do espaço é algo que implica relações de poder.
	A organização do espaço é um processo ligado à sua própria produção. Isso significa dizer que ao produzir o espaço, o homem está organizando-o. A forma como espaço se apresenta, sejam pontes, estradas, cidades, plantações etc., vai conferindo a ele uma forma singular, que é fruto de sua produção. Os estudos de Geografia estão apoiados na reflexão e no pensar o espaço do homem, que vive entre conflitos e desafios, mas que contribuem para que ele seja um ser ativo e participante, um verdadeiro cidadão. Todos somos responsáveis pelo espaço em que vivemos e que as nossas relações com esse espaço só se concretiza quando conhecemos, estudamos e vivemos esse espaço, fazendo então parte dele.
	Helena Callai explica o espaço dizendo que ele é cheio de histórias, de homens e de grupos sociais que estão em busca de sua sobrevivência, suas relações e convicções econômicas e políticas e as condições da natureza.
2 – Sobre a produção do espaço geográfico, aborde as seguintes questões:
	Identificar e caracterizar o significado de produção do espaço. (2,5)
Resposta: A sociedade em que vivemos é tida como sociedade capitalista, onde há uma busca pelo lucro e isso é algo fundamental para que negócios se mantenham vivos no mercado. Nesse tipo de sociedade, a produção do espaço, se traduz nas próprias relações capitalistas de trabalho. A produção do espaço implica saber qual é o nível de desenvolvimento técnico que existe. É isso que possibilitará o tipo de organização espacial existente. 	
	Por exemplo, em uma sociedade indígena, existe uma forma específica de de viver e de organização do espaço. De início, já podemos notar que não há relações capitalistas de trabalho e que a própria relação do homem com a natureza também é diferenciado, já que com instrumentos simples, na grande maioria criados pelos próprios índios, a destruição e os impactos à natureza e à paisagem são mínimos. Esse tipo de sociedade terá uma maior capacidade de promover a produção e reprodução do espaço em menor tempo, isso porque agregará ao espaço novos objetos e transformará os objetos naturais numa quantidade e velocidade impensáveis para ela.
	Segundo Milton Santos, a forma como o espaço está organizado implicará na conformação de três momentos organizacionais, expressos no que ele definiu como meio natural, meio técnico e meio técnico-científico informacional. A base da transformação do espaço é a relação do homem com a natureza. Essa relação é mediada pela técnica e, quanto mais aprimorada a técnica, mais impactante será a relação do homem com a natureza.
	Logo, falar de mundo contemporâneo é falar também da globalização. Esse fenômeno está longe de ser explicado de forma simples. Não há entre os estudiosos do assunto, um consenso, sobre as características e os efeitos nas sociedades provocadas pela globalização. Ao mesmo tempo em que há uma tendência à globalização há uma tendência à fragmentação. Isso porque a globalização não é um fenômeno uniforme. Seus impactos variarão de acordo com o lugar, produzindo efeitos positivos para alguns e negativos para outros. Percebe-se que a globalização atinge, de uma forma ou de outra, a vida de quase todas as pessoas no mundo, estando presente em nosso cotidiano, como nos produtos que consumimos, por exemplo, ou até na programação da TV que nos coloca em contato com o mundo.
	Então, podemos dizer que a globalização caracteriza-se pelas relações intensificadas das entre os lugares, cuja característica é o volume crescente das transações comerciais. Esse processo ocorre em função das possibilidades postas pelo desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação.
	O espaço que caracterizava as sociedades tradicionais, as relações culturais, econômicas e sociais, dificilmente ultrapassava as fronteiras locais. As relações, em todos os seus níveis, não só ultrapassam as fronteiras locais como também se modificam, na medida em que o contato com outras sociedades permite não apenas a troca comercial, mas também a cultural.
	Apresente os agentes organizadores do espaço. (2,5)
Resposta: O que conhecemos como espaço globalizado é o resultado da ciência em interação com a técnica. Com o surgimento da globalização, um único local no globo pode ser capaz de comandar diversas ações, influenciando a vida local. Essa interação entre ciência e técnica possibilita também um processo de artificialização da natureza. A organização do espaço é constituída pelas inúmeras paralisações criadas pelo trabalho social. Ao construir o espaço, o homem incorpora à paisagem um conjunto de objetos, como a construção de pontes, a abertura de estradas etc.
	Vale ressaltar que o espaço em sua totalidade não é apenas a construção de um agente, a partir das modificações que o homem realiza no espaço. As modificações criadas no espaço seguem uma função definida e atende aos interesses de quem o constrói. O espaço atende a todas as modalidades que são praticadas simultaneamente.
	O cidadão é cada vez menos decisivo e influente nas produções globais de espaço, principalmente devido ao crescimento do período técnico-científico informacional. Os agentes individuais podem promover modificações no espaço, mas não chegam a ser mudanças significativas que induzam a ação de outros agentes. Os agentes individuais, se organizados, podem exercer pressão sobre o Estado para que ele atue de acordo com suas necessidades e interesses. Nós, sujeitos individuais, temos condições de interferir na produção do espaço. Porém, é desigual a relação de poder entre um indivíduo e uma grande empresa ou o próprio Estado. Embora o homem tenha um maior controle sobre a produção do espaço em nível local não significa dizer que seja ele quem a controle na realidade.
 	Sabe-se que o espaço é formado por diferentes atores sociais, sejam eles trabalhadores, patrões, construtoras, indústrias, bancos, governo, etc. a multiplicidade de atores reflete-se em multiplicidade de interesses. Cada um possui uma estratégia que requer um conjunto de transformações e ações sobre o espaço, para que seja bem-sucedida. Essas transformações não passam pelos atores necessariamente, eles podem induzir outros atores que realizem seus objetivos. O mais solicitado desse atores é o Estado. No geral, prefeituras e governos são pressionados a direcionar os gastos para determinados setores. Se aquela empresa não chegar a um consenso, as que possuírem maior poder de barganha junto à prefeitura ou ao governo estadual poderão atingir seus objetivos.
3 – Construa uma abordagem sobre a Nova Ordem Mundial, considerando sua definição, e os seus principais aspectos. (2,5)
Resposta: Podemos definir como Nova Ordem Mundial o plano geopolítico internacionaldas correlações de poder e força entre os Estados Nacionais após o final da Guerra Fria. Alguns fatores marcaram esta época como a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o fim da União Soviética, em 1991, quando o mundo se viu diante de uma nova configuração política.
	A soberania americana e o próprio capitalismo estenderam-se por praticamente todo o mundo e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) acabou se consolidando como o maior e mais poderoso tratado militar internacional. Assim, os países passaram a buscar um novo termo para designar esse novo cenário político. A partir dai, a primeira expressão utilizada para definir a Nova Ordem Mundial é a unipolaridade, já que podemos dizer que os EUA tornou-se soberano, pois nenhum outro país teria como rivalizar o exército americano. A segunda expressão utilizada é a multipolaridade, já que com o fim da Guerra Fria, o poderio econômico passou a ser mais importante que o poderio militar.
	A globalização pode ser compreendida como o momento da história onde o capitalismo assume a hegemonia absoluta na organização política, social, econômica e cultural do mundo. Isso aconteceu logo após a Segunda Guerra Mundial. O capitalismo passou a fazer parte do modelo socioeconômico alternativo. Quando falamos da hegemonia e do poder de alguns países, devemos ter em mente a importância exercida pelas empresas, em especial a grandes multinacionais. Essas empresas, são agentes que conferem uma determinada direção à política externa do país. Por isso, devemos compreender que há uma série de mudanças ocorridas, nos últimos anos, implantadas por empresas que visam diminuir os custos de produção e o aumento dos lucros, impactando diretamente na economia, na política e até no arranjo social de diversos países.
	Observamos que por volta da década de 1970, há um aumento na tendência de consolidação desse novo padrão organizacional das empresas. Modelo esse baseado na ruptura com o modelo fordista de produção, o chamado pós-fordismo, cuja característica é a flexibilização do processo produtivo acompanhado pelas flexibilizações das relações de trabalho e da própria organização do Estado, que até então era voltado para as demandas do modelo fordista. 	
	Outro ponto a ser destacado é acerca do chamado “casamento” com o Estado, pois se não fosse o Estado provedor, garantindo as condições para que os trabalhadores consumissem os produtos produzidos pelas indústrias, possivelmente o modelo fordista não teria dado certo. O Estado torna-se importante, pois passou a regulamentar as leis do trabalho, garantindo benefícios ao trabalhador.
	Com a crise do petróleo, ainda em 1970, os custos tornaram-se mais altos, mas devido as inovações e o barateamento dos meios de transporte e comunicações, as empresas passaram a adotar estratégias para fragmentar a produção e o deslocamento de suas unidades produtivas em direção a países onde os custos de produção fossem reduzidos. Assim, algumas peças passam a ser produzidas em outras unidades fabris, muitas dessas unidades subcontratadas, a maioria em outros países, para depois juntarem as peças e finalmente montar o produto final e repassá-lo para venda. Com isso, as indústrias começaram a reduzir seus custos.
	Além da fragmentação do processo produtivo começa a surgir a flexibilização, já que com a fragmentação, a produção industrial se tornou flexível, fazendo com que as empresas passassem a buscar pelo melhor preço de matérias-primas ou até mesmo de mão de obra, ou ainda distribuir o que foi produzido sem ter que se preocupar com a gestão ou com o custo de transportes, porque seu barateamento e sua eficiência crescente não geravam grandes impactos sobre os preços finais.
	Podemos afirmar que a globalização possui dimensões políticas, sociais e culturais, além da ênfase econômica. A globalização é um fenômeno de ordem geral que traduz uma ideia de globalidade, ou seja, de que tudo e todos estão ligados, seja de um modo ou de outro.
	Hoje, o mundo é o que é devido ao que o capitalismo faz dele. Não podemos nos esquecer que a produção do espaço se dá a partir das relações de poder. O capitalismo implicou em mudanças no próprio padrão de organização do espaço. Se antes as indústrias localizavam-se próximas aos grandes centros, hoje temos uma fragmentação do processo produtivo onde as etapas de produção fragmentam-se tanto no espaço quanto no tempo. A gestão e o controle desse processo é integrado pelos meios de comunicação. Além de implicar em um novo padrão de organização espacial, esse modelo vem provocando mudanças no mundo do trabalho e isso tem consequências na economia já que reflete no chamado desemprego estrutural.
	Há uma flexibilização extrema do contrato de trabalho nas empresas terceirizadas, pois dependendo da demanda de cliente, surgem os contratos temporários de trabalho. Isso traz consequências ao mercado de trabalho, pois há uma tendência de desemprego e do subemprego nos países em desenvolvimento, que hoje, são os que oferecem melhores condições de trabalho em infraestrutura e os baixos salários.
	O que vemos hoje, são empresas mais flexíveis e a implementação de políticas neoliberais por diversos países no mundo. Devido ao desemprego, os governos passaram a buscar alternativas que garantam a redução dos custos para as empresas e manutenção dos postos de trabalho. Mesmo assim, vemos trabalhadores cada vez mais fragilizados enquanto as empresas vêm se fortalecendo. Outra consequência são as formações dos grandes blocos econômicos por países que buscam fortalecer sua economia e tornar-se mais competitivo em escola internacional. Esses blocos regionais seriam uma resposta do próprio capitalismo que tenta legitimar as escalas prioritárias de ação de suas frações, acima do Estado, segundo palavras de Haesbaert (1998).
	O principal aspecto de ordem política e econômica relacionado às globalização é que essas dimensões são a base que deu forças para globalização. Podemos afirmar e relembrar que o principal vetor da globalização foi o capitalismo. A produção do espaço só se dá através das relações de poder, pois o capitalismo orienta essa produção.
Referências bibliográficas:
• MOREIRA, Constança Maria Da Rocha; FERNANDES, Fernando Lannes. Geografia na Educação 1. V.1. Rio de Janeiro, Fundação CICIERJ, 2012. p. 65-77, 80-96, 100-110. 
• PENA, Rodolfo Alves. A Nova Ordem Mundial. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/nova-ordem-mundial.htm. Acesso em: 25 de setembro de 2020.

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