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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA 
COMARCA DE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Nº 
 
 
 
 ..............., qualificada no instrumento de mandato anexo, por seu 
advogado que esta subscreve (doc. 01), nos autos da Ação de Investigação 
de Paternidade e Pedido de Herança, cumulada com Negatória de 
Paternidade, que lhe movem ..........., em trâmite neste r. Juízo e respectivo 
Ofício, vem, respeitosamente, perante V.Exa., apresentar sua 
CONTESTAÇÃO, o que o faz, mediante as seguintes razões de fato e de 
direito. 
 
 
I - DOS FATOS 
 
 
 .............., ..........., ............ e ............, propuseram contra ......, Ação 
Ordinária Negatória de Paternidade, sob o fundamento de que não são 
filhos genéticos deste e, cumulativamente, propõem, também, Ação 
Investigatória de Paternidade e Pedido de Herança, contra ..........., em face 
desta ser a única herdeira necessária de ............... 
 
 Alegam, na primeira das ações cumuladas, que não são filhos do 
primeiro Réu assim, requerem seja isto reconhecido. 
 
 Por outro lado, alegam serem filhos de .........., buscando a declaração 
de paternidade. 
1 
 
 
 Por fim, no Pedido de Herança, pleiteam que lhes sejam deferido 
"tudo aquilo" que foi atribuído à Segunda Ré, herdeira de ............ 
 
 Juntam, com a inicial documentos e exames periciais e pedem que 
seja declarado: que não são filhos de .........; que são filhos de ........; e que 
lhes sejam deferidos os bens deixados por este úlltimo. 
 
 Estes os pedidos feitos nas ações propostas cumulativamente, que 
vêm instruídos com documentos e exames laboratoriais desprovidos de 
qualquer prova a alicerçar seus pedidos. 
 
 
II - DAS PRELIMINARES 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Depreende-se da inicial que os Autores propuseram três ações 
totalmente distintas e que, "sponte própria", resolvem cumulá-las. 
 
 Na primeira, contra .........., pretendem ver declarado que não são 
filhos legítimos deste. 
 
 No segundo pedido, sustentam ser filhos de ......... e assim querem ser 
declarados. 
 
 E, por fim, à vista dos primeiro e segundo pleitos reivindicam a 
herança deixada pelo "pai" investigado, isto é, pedem dinheiro. 
 
 Desta forma, os segundo e terceiro pedidos estão intimamente 
relacionados e ligados ao primeiro, de vez que, improcedente este, os 
demais não subsistem. 
 
 Com evidência, portanto, a Ré‚ ....., tem legítimo interesse processual 
no andamento do feito relativo à primeira Ação - Negatória de Paternidade 
- dada as consequências que lhe advirão do seu resultado com as demais - 
Investigatória de Paternidade e Petição de Herança. 
 
 Se não por este motivo, outras razões mais ressurgem, que poderão 
prejudicar a escorreita prestação jurisdicional. 
 
2 
 
 De fato, de acordo com informações prestadas aos familiares da Ré, 
as condições de saúde, tanto física como mental, do Sr. ....., são 
extremamente precárias, encontrando-se o mesmo enfermo e em fase 
terminal. 
 
 Oficiosamente, soube-se, ainda, que o Sr. ......, não mais possui 
condições de assumir obrigações, responsabilidades e capacidades para os 
atos da vida civil e, por esta razão, também não tem condições mentais de 
prestar quaisquer informações, esclarecimentos ou provas do que está 
sendo alegado contra ele, por se encontrar sob cuidados de médicos e de 
enfermeiras, vinte e quatro horas por dia, sendo o seu estado geral 
classificado, no jargão da medicina, como extremamente preocupante. 
 
 Ainda segundo as mesmas informações oficiosas, as quais, com 
certeza, o MM. Juiz deverá apurar para a consecução de sua nobre função 
jurisdicional. os familiares do Réu deixarão correr à sua revelia a ação 
proposta contra ele. 
 
 Procede esta assertiva, pois têm interesse na procedência daquela 
ação, uma vez que, dela dependem as demais "pretensões financeiras" 
consubstanciadas nas demais ações. 
 
 Nessas circunstâncias, com fundamento no artigo 365 do Código 
Civil, 50 e 54 do Código de Processo Civil, a Ré, se reserva ao direito de 
acompanhar a primeira ação, na qualidade de assistente litisconsorcial onde 
o Sr. ........... figura como Réu, intervindo para o fim de protestar por 
apresentação de provas inclusive periciais, inquirição e oitiva de 
testemunhas, depoimento pessoal dos Autores, Réu, verificação de 
documentos, impugnando-os, enfim, intervir no processo na qualidade de 
terceiro interessado. 
 
 Sobre isto, vale aqui transcrever parte do v. Acórdão proferido pela 
Quarta Câmara Civil do E. Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento 
do Agravo de Instrumento nº 125.591, de 15/02/90, de lavra do Des. Alves 
Braga: 
 
"CONTESTAÇÃO - Negatória de paternidade - Inaplicabilidade da 
presunção da verdade dos fatos alegados e não contestados - Recurso não 
provido. Nas ações de estado e com maior razão naquelas que envolve 
afirmação ou negação de parentesco, não prevalece o princípio da 
presunção de verdade dos fatos alegados e não contestados. A segurança e 
a certeza dos laços de família não interessam somente às partes e admitir-
3 
 
se, em casos que tais, aquele princípio ‚ possibilitar a fraude." (RJTJESP-
LEX 125/312). 
 
 Por estas razões, a Ré requer que as alegações de defesa, quer quanto 
às preliminares como quanto ao mérito e respeitantes àquela ação, sejam 
levadas em consideração por V. Exa., para o bom andamento do feito e 
resultado justo da prestação jurisdicional, confiando, sobretudo, na douta 
sapiência deste d. Juízo. 
 
 Para tanto, com fundamento no artigo 46 e nos termos do artigo 191 
do Código de Processo Civil, desde já requer que os prazos sejam contados 
em dobro. 
 
 
2. Inépcia da Inicial - Falta do Fundamento Jurídico do Pedido na 
Negatória de Paternidade. 
 
 
 Nos termos do parágrafo único, incisos I, II, III e IV do artigo 295 do 
Código de Processo Civil, a petição inicial formulada é inepta em todo o 
seu conteúdo. 
 
 É de se notar que quanto à Negatória de Paternidade, carece a mesma 
da exigência do inciso III do artigo 282 do CPC, não mencionando os 
Autores os fundamentos jurídicos que embasam o pedido formulado. 
 
 Em outras palavras, os fundamentos alegados pelos Autores em sua 
inicial, não conduzem à consequência jurídica perseguida. 
 
 Tem entendido a jurisprudência que é irrelevante se o julgado se 
fundou em dispositivo legal diverso do indicado pelos autores, desde que 
tenha considerado os fatos como narrados na peça vestibular. 
 
 No presente feito, entretanto, não pode o magistrado decidir com 
base nos fatos narrados, uma vez que não guardam qualquer relação com o 
pedido formulado. 
 
 È o mesmo que os Autores intentarem ação de prestação de contas, 
porém, narrando, no petitório, fatos adequados à ação ordinária de 
cobrança. Os fatos não se aplicam ao pedido. 
 
 Isto, infelizmente para os Autores, ocorre nesta Ação. E a razão é 
simples! 
4 
 
 
 A Ação Negatória de Paternidade é uma ação personalíssima e o seu 
exercício é privativo do pai, fazendo uso da mesma para anular a 
paternidade a ele atribuída na Certidão de Nascimento do pseudo filho. 
 
 Nestes autos, além da falta do fundamento jurídico do pedido, a 
narrativa da mesma não é condizente com a consequência jurídica 
pleiteada, conforme já dito anteriormente. 
 
 Com efeito, consoante nosso ordenamento jurídico, somente pode 
negar a paternidade aquele que é pai. 
 
 Filho, contesta ou impugna a filiação, mas nunca poderá negá-la, a 
não ser que seja pai de si mesmo, o que, biologicamente é impossível. 
 
Desta feita, o pedido formulado pelos Autores é despido de 
juridicidade e não se coaduna com a narrativa dos fatos expostos na inicial. 
 
 Diante disso, o remédio legal é inadequado. 
 
 Mesmo que se admitisse ter ocorrido apenas um "equívoco", quanto 
ao nome atribuído à ação, seu deferimento não poderia ter guarida, pois 
estariam eles a exercer um direito alheio em nome próprio, o que é vedado 
pelo artigo 6º do Código de Processo Civil. 
 
 Por outro lado, os Autores, ............‚ e .... não anexaram à petição 
inicial as suas respectivas certidõesde nascimento, documento este 
indispensável à propositura das ações aqui cumuladas, conforme prescreve 
o artigo 283 do Código de Processo Civil. 
 
Desta forma, não pode a Ré e nem este d. magistrado ter certeza 
sobre a paternidade que estes Autores pretendem "negar" eis que, nos 
assentamentos pode estar consignado como pai dos mesmos uma outra 
pessoa, que não seja nem o Réu e nem o "pai investigando". 
 
 Da mesma forma, nem se deve e muito menos se pode alegar que a 
filiação destes Autores consta das Certidões de Casamento anexadas, uma 
vez que no nosso ordenamento jurídico, prova-se a filiação pela Certidão 
de Nascimento, ex vi do artigo 348 do Código Civil e artigos 50 a 64 da Lei 
nº 6.015 de 31/12/73 (Lei dos Registros Públicos). 
 
 Concluindo, se os Autores pretendiam "negar" a filiação atribuída 
a............, isto é, se pretendem exercer direito alheio em nome próprio, 
5 
 
deveriam, pelo menos, provar esta filiação "ilegítima", juntando, para tanto, 
as comprovações de que assim estavam registrados. Como não o fizeram, e 
tempo tiveram para isso, deve a Ação ser extinta sem conhecimento de seu 
mérito. 
 
 Por fim, vale transcrever a lição do Digno Mestre, Moacir Amaral 
Santos (Primeiras Linhas de Direito Processual Civil): 
 
"Assim, será inepta a inicial: a) quando da narração do fato não ressaltar ou 
não se ficar sabendo qual a causa da lide, e, ainda, quando para o fato 
narrado não houver direito aplicável; b) quando os fundamentos jurídicos 
do pedido forem inadmissíveis ou evidentemente inaplicáveis à espécie que 
decorre do fato narrado; c) quando não se souber qual o pedido, ou este 
estiver em contradição com a causa de pedir”. 
 
Aliás, a inépcia da inicial redunda na inexistência das condições da 
ação - falta de interesse de agir, ilegitimação para agir, impossibilidade 
jurídica do pedido - mas muitas vezes reside na absoluta incongruência e 
mesmo na impossibilidade inteligência dos elementos do libelo. 
 
 
3. Da Incapacidade da Parte e Defeito de Representação na Petição 
de Herança. 
 
 
 A Autora .............‚ casada com o Sr. ............ Porém, este não consta 
da inicial, mormente em relação à Petição de Herança. 
 
 A herança, em seu conjunto è uma universalidade jurídica, e, por 
disposição do artigo 44 do Código Civil é considerada bem imóvel. 
 
 Nessas circunstâncias, à vista dos artigos 44, 233, 242, 273 do 
Código Civil e artigos 6, 10, 11, 13, 267 VI, 301 VIII do Código de 
Processo Civil, a Autora ............‚ é parte incapaz e ilegítima nesta relação 
processual, devendo ser excluída do polo ativo na Ação de Petição de 
Herança. 
 
 
4. Das Prescrições 
 
 
6 
 
 Inicialmente, ressalte-se, ocorre uma impropriedade jurídica quanto 
aos pedidos formulados na Ação Negatória de Paternidade, conforme já 
dito. 
 
 Na verdade, a Ação Negatória de Paternidade é privativa do pai (art. 
344 do Código Civil). Os filhos são partes ilegítimas ativas nesse feito. A 
eles cabem propor Ação de Contestação ou de Impugnação de Filiação (art. 
362 do Código Civil). 
 
 Desta forma, após um exercício de elucubração, imagina a Ré que a 
pretensão dos Autores se resume em impugnar a paternidade declarada em 
suas respectivas Certidões de Nascimento, ou, equivalentemente, contestar 
a paternidade de ............... 
 
 Entretanto, qualquer que seja a ação pretendida, direito perseguido 
em ambas, foi alcançada prescrição, senão vejamos. 
 
 
4.1. Da Prescrição da Ação de Contestação/Impugnação de Filiação. 
 
 
 Mesmo que se não levados em consideração os argumentos acima 
expostos, acerca da impossibilidade jurídica do pedido, tendo em vista que 
os Autores estão utilizando-se de ação inadequada para postular a 
declaração de filiação ilegítima em face de ..........., ação esta que somente 
poderia ser exercida por este último, o direito a esta pretensão está 
prescrito. 
 
 A prescrição ocorrente, está prevista no artigo 362, combinado com o 
artigo 348, ambos do Código Civil, "verbis": 
 
"Art. 348. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do 
registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro”. 
 
“Art. 362. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu 
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, dentro nos 
quatro anos que se seguirem à maioridade, ou emancipação." 
 
 Além desses dispositivos, preceitua o artigo 178, parágrafo 9º, inciso 
VI do Código Civil: 
 
"Art. 178. Prescreve: 
 
7 
 
Parágrafo 9º Em quatro anos: 
 
V - A Ação do filho natural para impugnar o reconhecimento; contado o 
prazo do dia em que atingir a maioridade ou se emancipar." 
 
 É de se notar que o primeiro Autor conta com 35 anos, o segundo 
com 31 e o terceiro com 29 anos de idade. 
 
 Tendo completado, todos eles a maioridade aos vinte e um anos, o 
direito de ação à impugnação ao reconhecimento feito por ........ em seus 
respectivos registros de nascimentos, prescreveu decorridos os quatro anos, 
após o atingimento da maioridade. 
 
 Também assim entende a jurisprudência, consoante o acórdão da 
Terceira Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo que, no 
julgamento do Agravo de Instrumento nº 90.051-1, por votação unânime, 
assim decidiu: 
 
"Investigação DE PATERNIDADE - Filho legítimo de outro casal - 
Reconhecimento de outra filiação paterna, baseada em nulidade do registro 
civil - Necessidade de prévia impugnação desse registro até quatro anos 
após a maioridade ou emancipação - Artigo 348 do Código Civil c.c. artigo 
362 do mesmo diploma - Prescrição ocorrente - Carência da Ação 
Investigatória - Processo extinto - Recurso provido para esse fim. 
De fato, a lei é clara e a interpretação racional. O sujeito poderá pretender 
situação de fato contrária ao registro, mas para isso deverá provar que 
houve o pretendido erro, ou a imputável falsidade. 
Donde a também racional interpretação de que a Ação de Investigação de 
Paternidade, se insusceptível de ser ajuizada, para a prévia existência de um 
registro atribuindo-a a outrem, apenas poderá ser processada desde que o 
registro tenha sido reconhecido como falso, ou errôneo. 
Não há discrepância de que: a) a Ação de Investigação de Paternidade ‚ 
imprescritível; b) o agente poderá vindicar estado diverso do contido em 
seu registro; c) para intentar a ação deverá, previamente, anulá-lo e d) para 
tudo isso há prazos e condições. 
Nos termos do artigo 363 do Código Civil a Ação de Investigação de 
Paternidade esta reservada "aos filhos naturais ou adulterinos, estes nas 
situações previstas na Lei nº 883, de 1949" (Cf. Ney de Mello Almada, 
"Direito de Família", vol. 2/168). 
Se legítimo, não poderá o filho, dela, servir-se. A menos que intente a 
anulatória, previamente." 
 
 Mais adiante, finaliza o V. Acórdão: 
8 
 
 
"A solução foi corretamente selecionada pelo Doutor Procurador. Houve 
decadência "do direito das autoras pela ocorrência da prescrição, no que 
toca à impugnação dos registros civis", e da Investigatória são carentes, por 
terem sido registradas como filhas legítimas, perdurando os registros pela 
ausência da ação apropriada. 
Dão provimento ao recurso, portanto, para julgar extinto o processo, em 
face da inviabilidade da Investigatória prejudicada a declaratória incidental, 
aliás, como ação, já prescrita." (RJTJESP-LEX 114/330 - grifos e 
destaques nossos). 
 
 No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça, no Recurso 
Especial nº 1.380-RJ (8900116860), da Terceira Turma, do Diário de 
Justiça de 04.06.90, teve a seguinte ementa: 
 
"EMENTA: - RECURSO ESPECIAL. AÇÃO IMPUGNATIVA DO 
RECONHECIMENTO FILIAL. PRESCRITIBILIDADE. 
A Ação do reconhecido para impugnar o reconhecimento filial ‚ 
prescritível, ex vi do disposto nos arts. 178, parágrafo 9º, inciso VI, e 362 
do Código Civil, exceção legal ao princípio da imprescritibilidade das 
ações pertinentes ao estado das pessoas." (RJSTJ-LEX 19/70) 
 
 Vê-se, pois, ao contrário do alegado pelos Autores, a 
imprescindibilidade das ações de estado tem suas exceções, como bem 
entendeo E. Superior Tribunal de Justiça. 
 
 Ora, há 14, 10 e 8 anos, correspondentemente, a cada um dos 
Autores, se passaram desde que atingiram a maioridade, muito além do 
prazo previsto nos dispositivos supra-citados. 
 
 E nem se diga que esse direito é imprescritível, pois, não o é. 
 
 É imprescritível a Ação de Investigação de Paternidade quando o 
filho investigante não tem a paternidade reconhecida e assentada no seu 
registro de nascimento, ou que a teve, porém foi anulada, em Ação própria, 
no prazo acima fixado. 
 
 
4.2. Da Prescrição da Ação Negatória de Paternidade. 
 
 
 Estabelecem o artigo 340 do Código Civil as condições de 
legitimidade do filho nascido na constância do casamento. 
9 
 
 
 Observada aquelas condições e presunções, considera-se o filho 
legítimo, para todos os efeitos. 
 
 O artigo 178 parágrafos 3º e 4º do Código Civil estabelecem os 
prazos prescricionais que o pai, julgando que o filho não é seu, nega a 
paternidade. 
 
"Art. 178. Prescreve: 
 
Parágrafo 3º Em dois meses, contados do nascimento, se era presente o 
marido, a ação para contestar a legitimidade do filho de sua mulher (arts. 
338 e 344). 
 
Parágrafo 4º Em três meses: 
I - A mesma ação do parágrafo anterior, se o marido se achava ausente, ou 
lhe ocultaram o nascimento; contado o prazo do dia de sua volta à casa 
conjugal, no primeiro caso, e da data do conhecimento do fato, no 
segundo." 
 
 Esta Ação não cabe fora dos casos previstos no artigo 340 do Código 
Civil, é reservada exclusivamente ao marido, conforme artigo 344 do 
mesmo Código, portanto, ninguém senão ele pode intentá-la. 
 
 Esses prazos não se interrompem nem se suspendem, com objetivo 
de evitar que a situação do filho permaneça incerta e indefinida por longo 
tempo. 
 
 Sobre este tema, colacionamos o Acórdão da Apelação Cível nº 
156.944-1, da Quarta Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de 
São Paulo, por votação unânime, de 28/11/91, Presidente e Relator, Des. 
Ney Almada. 
 
"NEGATÓRIA DE PATERNIDADE - Decadência - Assento de 
nascimento lavrado mediante declaração paterna - Contagem do prazo a ser 
feito a partir desta data - Intempestividade - Recurso não provido. 
Demanda pela qual o autor procura infirmar a paternidade legítima de sua 
filha, reconhecida por ele no assento de nascimento (fls.8). 
Reconhecendo a decadência do pedido, o respeitável decisório de fls. 33 e 
segs. relatório adotado, extinguiu o feito. 
Sobreveio, então, a apelação arrazoada às fls. 38/44, mediante a qual o 
autor reivindica julgamento inverso. Contra-arrazoada às fls 56/59. 
10 
 
Em ambas as instâncias, o pronunciamento dos órgãos do Ministério 
Público é no sentido do desprovimento do apelo (fls. 64 e segs.; 75 e segs.). 
Este, o relatório. 
O assento de nascimento da menor A.K. foi lavrado, mediante declaração 
paterna, em 28.3.79 (fls.8), tendo sido ajuizada demanda somente em 
1.11.90. 
Sustenta o recorrente ter tido ciência da não paternidade somente em agosto 
de 1990, por informação prestada pela ex-mulher, de maneira que o termo a 
quo da extinção da pretensão contar-se-ia de tal época. 
Sucede, todavia, que o apelante, fazendo-se o promotor do registro 
referido, confessou-se presente, no sentido em que o termo é aplicado pelo 
legislador civil, no artigo 178, inciso I, parágrafo 4º A modificação do 
termo para a data da ciência do fato do nascimento somente tem lugar se, 
ausente no instante em que a criança é nascida, ou sendo-lhe tal fato 
ocultado, o marido dele não pode ter ciência contemporaneamente ao 
evento. 
O recurso encerra, por conseguinte, flagrante "contradictio in re ipsa", não 
podendo ser albergado. A presunção de legitimidade dos filhos nascidos na 
constância do matrimônio é, no tocante ao marido, de natureza relativa. 
Contudo, exigência legada à moral das famílias e a segurança do estado 
civil do filho preconizam a adoção do prazo decadencial previsto para a 
hipótese, de apenas dois meses, que se venceram sem a impugnação da 
paternidade. 
Assim, a pretensão constitutivo-negativa não tem condição de ser 
apreciada, porque o prazo respectivo é de decadência, vale dizer, o não 
exercício tempestivo da demanda implica resolução do próprio direito 
subjetivo. 
Pretendeu a demandada, ao responder ao apelo, a concessão de honorária. 
Contudo, tendo omitido recurso adesivo, tal modificação aditiva da 
sentença é inatendível. 
ACORDAM, em Quarta Câmara Civil do Tribunal de Justiça, por votação 
unânime, em negar provimento ao recurso."(RJTJESP-LEX 137/230). 
 
 E mais, 
 
"DECADÊNCIA - Embora o Cód. Civ. fale em prescrição, o prazo do 
parágrafo 3º do art. 178 é, na verdade, de decadência, porquanto limita o 
direito potestativo que visa, por meio de ação constitutiva, a extinção da 
paternidade presumida pelo art. 338 do Cód. Civ. É correta a sentença que, 
não obstante a prova trazida aos autos demonstrar a possibilidade da 
pretensão, reconheceu a ocorrência da decadência do direito de negar a 
paternidade, uma vez que, se a lei estabeleceu, para esta hipótese, um prazo 
tão curto, é porque assim convém à segurança do grupo social, sobretudo 
11 
 
no caso de direitos de menores, impondo-se, destarte, a paternidade 
jurídica, independentemente da biológica (TJ-MG-Ac. unân. da 1ª Câm. 
Civ., publ. em 22.10.88 - Ap. 75.203/1 - Rel. Des. Oliveira Leite) (COAD-
SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 35). 
 
 Ademais, se o marido que não reage prontamente, sabendo que o 
filho não é seu, revela insensibilidade ou indiferença, que não deve merecer 
amparo legal. 
 
 E tem como agravante o fato de que, segundo seus próprios filhos, é 
"público e notório". 
 
 Diante disso, mesmo considerando sobre este aspecto, a Ação 
Negatória de Paternidade está prescrita. 
 
 Os próprios Autores reconhecem que ........ não contestou "oportune 
tempore" a filiação de todos. 
 
 Não o fez porque não o quis. 
 
 
4.3. Da Prescrição No Pedido de Herança 
 
 
 Diz a Súmula 149 do STF: 
 
“É imprescritível a Ação de Investigação de Paternidade, mas não o é a de 
Petição de Herança". 
 
 Com efeito, julgada procedente a investigatória de paternidade, os 
filhos adquirem o direito de pedir a herança, se morto o pai investigado. 
 
 Equivale a dizer que o filho, judicialmente reconhecido, através da 
sentença que julgou procedente a investigatória, como filho já se 
apresentava quando da morte do pai, pois o reconhecimento retroage ao 
nascimento. 
 
 Por esta razão, lhe cabe o direito de propor a Ação de Petição de 
Herança, desde a data da abertura da sucessão. 
 
 Ocorre que o direito à petição de herança é direito pessoal, e assim 
sendo, prescreve em 20 anos, por força do artigo 177 do Código Civil. 
 
12 
 
 Mas, está assentado na doutrina e na jurisprudência que no pedido de 
herança, o autor visa uma declaração da sua condição de herdeiro. 
 
 Desta forma, a Ação de Petição de Herança, tem por escopo, ser uma 
ação declaratória de estado. 
 
 Diante disso, declarada a condição de herdeiro, o autor, para alcançar 
o fim desejado, qual seja, ver apregoado o seu quinhão na herança do "de 
cujus", deverá propor a anulação da partilha ocorrida no inventário do 
falecido. 
 
 Assim entende o Supremo Tribunal Federal (RT 541/298) e o 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (RJTJESP 107/244) 
 
"A anulação de partilha exige ação própria, mesmo que omita herdeiro 
posteriormente reconhecido em ações de investigação de paternidade e 
petição de herança." 
 
 Porém, esta ação de anulação da partilha, tem seu prazo de 
prescrição diferente daquele do pedido de herança, pois, aquela é de direito 
real, quando esta última, como já foi dito, é de direito pessoal. 
 
 Referentemente ao direito de ação de anulação da partilha, 
preceituam os artigos 178, parágrafo 6º, inciso V e 1805 do Código Civil e 
1.029 e 1.030 do Código de Processo Civil: 
 
"Art. 178. Prescreve: 
 
Parágrafo 6º Em um ano; 
 
V - A Ação de nulidade da partilha; contado o prazo da data em que a 
sentença da partilha passou em julgado (art. 1805). 
 
Art. 1.805.A partilha, uma vez feita e julgada, só é anulável pelos vícios e 
defeitos que invalidam, em geral, os atos jurídicos (art. 178, § 6º, n. V). 
 
Art. 1.029. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a 
termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular 
homologado pelo juiz, pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial ou 
intervenção de incapaz. 
 
Parágrafo único. O direito de propor ação anulatória de partilha amigável 
prescreve em um (1) ano, contado este prazo: 
13 
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II - no de erro ou dolo, do dia em que realizou o ato; 
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
Art. 1.030. É rescindível a partilha julgada por sentença; 
I - nos casos mencionados no artigo antecedente; 
II - se feita com preterição de formalidades legais; 
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não seja." 
 
 Assim tem se manifestado os Tribunais: 
 
"A declaração judicial da paternidade retroage à data da abertura da 
sucessão, desde que esta se tenha verificado na vigência da Lei nº 883 de 
1949. Não pode subsistir a partilha feita após a propositura da ação, em 
fraude aos direitos do filho reconhecido. O art. 1.805 do Código Civil só 
será de aplicar-se se a ação de Investigação de Paternidade, cumulada com 
a Petição de Herança, for proposta após a homologação da partilha. A 
sentença de partilha não pode prejudicar direito de quem não participou do 
inventário, sobretudo quando se fez em fraude dos direitos do filho 
reconhecido e cuja existência não era ignorada. O julgamento da 
procedência da Petição de Herança importa na nulidade da partilha. (STF 
Ac. Unân. da 1ª T. 02.04.75, RE 78.972-SP, in BJA nº 36/733) 
"A qualidade de herdeiro, tratando-se de filho natural, sem dúvida que deve 
ser pleiteada através da Ação de anulação de partilha, uma vez essa já 
lavrada e homologada através da sentença respectiva, de modo a, reaberto o 
inventário, ser reformada a partilha, reivindicados então os bens 
inventariados. (TJES, Ac. unân., 3ª T., Ap. Civ. 8.886, in BJA nº 37/530)." 
 
 A jurisprudência, ora entende que para anular a partilha a ação 
própria é a anulatória, ora que a Ação Rescisória. 
 
 A propositura da ação anulatória da partilha se faz necessária 
também com o objetivo de se apurar se os valores recebidos pelos 
pretensos herdeiros satisfizeram os quinhões hereditários ou até não foram 
superiores aos devidos. 
 
 Contudo, qualquer que seja o entendimento, de uma ou outra ação, a 
prescrição ocorre. Na primeira alternativa ocorreu um ano após o trânsito 
em julgado da sentença que a homologou, na segunda, já se passaram dois 
anos, conforme previsto no artigo 495 do Código de Processo Civil. 
 
 Muito embora, a matéria versada não se aplica às ações propostas, 
eis que não se discute agora a anulação da partilha, é de se ressaltar que os 
14 
 
Autores tinham instrumentos legais, naquela oportunidade, para 
interromper o prazo prescricional. Se ao tempo da abertura da sucessão, os 
Autores não propuseram a Ação Investigatória, cumulada com a "petitio 
hereditatis", e nem sequer interromperam o prazo prescricional, consumada 
está a prescrição, por consequência, decaiu-lhes o direito da ação anulatória 
da partilha. 
 
 
5. Da Ilegitimidade "Ad Causam" 
 
 
5.1. Da Ilegitimidade "Ad Causam" na Ação Negatória de 
Paternidade. 
 
 Segundo o artigo 3º do CPC, "para propor ou contestar ação é 
necessário ter interesse e legitimidade". 
 
 Em que pese a falta de juntada das Certidões de Nascimentos dos 
Autores, os pedidos feitos afrontam sobremaneira o disposto no artigo 348 
do Código Civil, que prescreve 
 
"Art. 348. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do 
registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro". 
 
 No caso, os Autores têm assentados em seus registros de 
nascimentos a filiação a ............... 
 
 Há uma situação jurídica concreta, fática e inquestionável 
consubstanciada na existência de paternidade constante de registros 
válidos; ............ e .......... filhos de .......... 
 
 Outrossim, prescreve o artigo 113 da Lei 6.015 de 31/12/93; 
 
"Art. 113. As questões de filiação legítima ou ilegítima serão decididas em 
processo contencioso para anulação ou reforma do assento." 
 
 Há de se ressaltar, por oportuno, que as questões de retificações, 
restaurações, suprimentos e anulação do registro civil, mesmo quando 
revestirem a forma contenciosa, não incluem questões de fato, sendo, 
portanto, sujeitas às prescrições previstas. 
 
 Erro ou falsidade dos assentos de nascimentos ainda não foram 
provados e demonstrados. 
15 
 
 
 Além disso, Ação Negatória de Paternidade é ação personalíssima e 
reservada somente ao pai e tem como pressuposto, elidir a paternidade. 
 
 A jurisprudência é pacifica neste sentido. 
 
 Vale transcrever, parte do julgado da Quinta Câmara Civil do 
Tribunal de Justiça de São Paulo, Agravo de Instrumento nº 62.623-1, em 
votação unânime, de 05/09/85, com a seguinte ementa: 
 
"Investigação de Paternidade - Filho legítimo regularmente registrado - 
Pretendido reconhecimento de outra filiação ativa ad causam - Contestação 
da legitimidade de filho que cabe privativamente ao marido, somente se 
transmitindo aos herdeiros se ele iniciou a ação em vida. Carência 
decretada - Recurso provido. 
Trata-se de agravo de instrumento tirado contra o despacho saneador, em 
Ação de Investigação de Paternidade, que repeliu as preliminares de 
carência suscitada pelo réu. 
É que o autor, não obstante figurar no assento de seu nascimento, que é 
filho legítimo de .... e de ..., havido na constância do casamento, postula o 
reconhecimento de outra filiação paterna, afirmando que é fruto das 
relações sexuais de sua mãe com ...., durante a separação de fato do casal, 
apontando a ocorrência de inverdade, na efetivação do registro civil, 
providenciado por terceiro. 
Na contestação, o agravante sustentou que o autor era carecedor da ação, 
por não se admitir a investigação de paternidade, diante do registro 
legalmente feito, tanto mais que não foi impugnada, mediante ação própria, 
a validade formal do registro. Acentuou, também, que a nulidade do 
reconhecimento somente se justificaria, se provada plenamente sua 
falsidade, em Ação Negatória de Paternidade, mas o pai do autor, em vida, 
jamais negou a paternidade a que se refere o registro, agora questionado". 
 
 Prossegue, ainda o V. Acórdão, fazendo distinções entre a ação de 
contestação de paternidade ou negatória de paternidade e a de impugnação 
de legitimidade, esclarecendo que a primeira cabe ao pai e a segunda ao 
filho. 
 
 Por fim, arremata: 
 
"A solução, portanto, é a decretação da extinção do processo, sem 
apreciação do mérito, nos termos do art. 267, inc. VI, do CPC, pela falta 
apontada da condição da ação, que, todavia, não é, a título de possibilidade 
jurídica do pedido, mas pela ilegitimidade ativa ad causam, por isso que o 
16 
 
ordenamento jurídico contempla essa espécie de ação, cuja pertinência 
subjetiva inocorre na hipótese. 
Por conseguinte, dão provimento ao agravo, para o fim de julgar o autor 
carecedor da ação, nos termos enunciados, sujeitando-o ao pagamento das 
custas do processo e honorários de advogado que arbitram em 15% do 
valor da causa. ((RJTJESP-LEX 99/280) 
 
 E mais; 
 
"AÇÂO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE - LEGITIMIDADE 
PASSIVA - A Ação Negatória de Paternidade tem de ser proposta contra a 
esposa e a criança, e não apenas contra aquela. A ação deve ser proposta 
contra a pessoa em respeito ao qual urge produzir-se a coisa julgada, a fim 
de que se possa dizer eliminada a incerteza da relação jurídica (TJ-RJ - Ac. 
unân. da 8ª Câm. Civ.; Ap. 1.821/90 - Rel. Des. Celso 
Guimarães)".(COAD-SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 52) 
 
 Equivale a dizer, portanto, que não tendo os Autores legitimidade 
para propor Ação Negatória de Paternidade, porquanto, são filhos de ...., à 
vista do inciso II do parágrafo único do artigo 295 doCPC, são partes 
manifestamente ilegítimas. 
 
 Diante disso, devem os Autores serem julgados carecedores da ação, 
nos termos dos artigos 295 e a teor do artigo 267, incisos I VI e 329 do 
Código de Processo Civil, por conseguinte, extinto o feito. 
 
 
5.2. Da Ilegitimidade "Ad Causam" na Ação Investigatória de 
Paternidade" 
 
 
 Até que seja resolvida a filiação dos Autores, carecem do direito de 
propor Ação Investigatória de Paternidade e de Petição de Herança. 
 
 Na forma da legislação pátria, a investigatória de paternidade 
somente pode ser proposta por quem, não tendo pai, assentado na Certidão 
de Nascimento, intenta-a contra aquele que julga, verdadeiramente seu 
genitor. 
 
 Julgados dos nossos tribunais assim têm entendido. 
 
"DUALIDADE DE REGISTRO DE NASCIMENTO - AÇÃO 
ANULATÓRIA - É carecedora de ação a autora que propõe investigação 
17 
 
de paternidade quando existe registro de nascimento que lhe confere 
filiação materna e paterna, impondo-se a extinção do feito, "ex vi" do artigo 
267, incisos IV e VI, do Código de Processo Civil. Havendo dualidade de 
registro de nascimento, permanece válido e eficaz o que primeiramente se 
lavrou, cabendo ação própria para sua anulação, de conformidade com o 
artigo 113 da Lei 6.015.(TJ-DF; Ap. Cível nº 18.699; v.u.; 
11.06.92)"(COAD-SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 81) 
 
 
5.3. Da Ilegitimidade "Ad Causam" na Ação de Petição de Herança 
 
 
 Sendo os Autores carecedores da Ação de Investigação de 
Paternidade, consequentemente não têm legitimidade para propor a de 
Petição de Herança. 
 
 A par dessa razão, a Autora .... é parte ilegítima pela falta de 
representação do seu cônjuge .......... 
 
 Mesmo que assim não seja, herdeiro é o que tem capacidade para 
herdar ao tempo da abertura da sucessão. 
 
 A respeito, prescreve o artigo 1577 do Código Civil: 
 
"Art. 1577. A capacidade para suceder é a do tempo da abertura da 
sucessão, que se regulará conforme a lei então em vigor." 
 
 A abertura da sucessão do "de cujus" se verificou na data de seu 
passamento, 13.01.90, e, "in dies a quo", os Autores não eram herdeiros, 
portanto não tinham capacidade para suceder. 
 
 O Ilustre Caio Mário da Silva Pereira (obra citada) ensina: 
 
"Declarada a filiação por sentença, produz todos os efeitos do 
reconhecimento, mas não poderá atingir a situação jurídica definitivamente 
constituída, nem a execução do ato jurídico perfeito. 
Ora, com a morte do de cujus, os herdeiros entram desde logo na posse e 
propriedade da herança, como está escrito no art. 1572 do Código Civil: 
"Aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários." 
Somente são herdeiros os que, presentes ou ausentes, reúnam estes 
requisitos: já existam naquele momento, e, na forma do direito então 
18 
 
vigente, tenham capacidade para suceder. São chamados à sucessão só 
aqueles que possam provar sua qualidade." 
 
 E finaliza o digno mestre; 
 
"Ora, se "a capacidade para suceder ‚ a do tempo da abertura da sucessão, 
que se regulará conforme a lei então em vigor" (Código Civil, art. 1577), ‚ 
claro que só se consideram herdeiros os que tenham esta capacidade, nos 
termos da lei em vigor no momento do óbito." 
 
 
6. Da Cumulação de Ações 
 
 
 Preceitua o artigo 292 do CPC: 
 
"Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo 
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão". 
 
 Clarividente que o dispositivo é incisivo ao estabelecer "contra o 
mesmo réu". 
 
 Ora, in casu, são dois réus, o 1º Requerido - ....... e a Ré - Sra. ..... 
 
 Por demais, são requisitos de admissibilidade da cumulação, a 
compatibilidade dos pedidos, o mesmo juízo e tipo de procedimento. 
 
 Não pode haver compatibilidade entre uma Ação Negatória de 
Paternidade, proposta pelo filho contra o pai, e, Investigatória de 
Paternidade, sendo o pedido feito no primeiro, carente de possibilidade 
jurídica. 
 
 Embora, os Autores utilizando o mesmo procedimento, as partes e os 
pedidos formulados em cada uma das ações são totalmente diversos, e, as 
provas a serem produzidas, mormente, as testemunhais são incompatíveis 
entre si. 
 
 Vale aqui, transcrever a lição do ilustre professor Moacir Amaral 
Santos (Primeiras Linhas de Direito Processual Civil), tratando do tema: 
 
"É o que se dá quando o autor propõe, em relação ao réu, duas ou mais 
ações, por via de um mesmo processo. Ou melhor, quando o autor formula 
duas ou mais pretensões, contra o mesmo réu, suscitando, assim, a 
19 
 
formação de um único processo, para o fim do juiz decidir quanto a elas na 
mesma sentença". 
 
 É entendimento doutrinário, que para admitir a cumulação de ações, 
deve haver entre elas conexão e continência, e, a primeira ocorre quando há 
um vínculo, um nexo, um elo entre duas ou mais ações, de tal maneira 
relacionadas entre si que faz com que sejam conhecidas e decididas pelo 
mesmo juiz e no mesmo processo. 
 
 Enfim, ocorre conexão quando há um vínculo entre duas ou mais 
ações, por terem um ou dois elementos comuns, dentre aqueles que 
compõem a ação, quais sejam, "personae, res, causa petendi". 
 
 De outro lado, dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre 
que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, 
por ser mais amplo, abrange das outras (art. 104 CPC). 
 
 Conclui-se, portanto, impossível ocorrer conexão, continência ou 
cumulação de ações, entre a Negatória e Investigatória de paternidade e 
Petição de herança. 
 
 Falta entre elas um dos pressupostos básicos, a saber, a identidade 
entre as partes - autores e réus não são os mesmos em todas as ações. 
 
 Ademais, a doutrina e a jurisprudência entendem não ser admissível 
a cumulação de ação declaratória com condenatória. 
 
 Na Negatória e Investigatória de paternidade os Autores buscam uma 
declaração do poder judiciário quanto à paternidade. Na Petição de herança 
pretendem a condenação da Ré a repassar-lhes tudo o que recebeu do seu 
filho, o suposto pai. 
 
 O acórdão do STF indicado pelo Ilustre representante do Ministério 
Público não se presta como indicativo da jurisprudência em admitir 
cumulação de ações entre Investigatória de paternidade e filiação ilegítima. 
 
 Primeiramente, porque, com certeza, a cumulação de ações não é o 
tema discutido naquele recurso. 
 
 Por segundo, percebe-se, claramente, que o tema versado refere-se à 
falta de citação de uma das partes. 
20 
 
 Por fim, não menciona se Autores e Réus de ambas as ações são os 
mesmos, ao contrário do presente feito onde são diferentes, sendo 
inadmitida a cumulação. 
 
 Ademais, no V. Acórdão indicado trata-se de Investigatória de 
paternidade e filiação ilegítima, ao passo que na presente Ação a 
cumulação pretendida é entre Investigatória de paternidade com Negatória 
de paternidade. 
 
 O Digno representante do Ministério Público não deve ter se 
apercebido destes detalhes, muito embora tenha afirmado "implicitamente 
parece admitir", o que não significa admissão pura e simples. 
 
 Não é descabido diferenciar "ad locum", Ação Negatória de 
Paternidade e Ação de Filiação Ilegítima. A primeira ‚ pai contra filho, a 
segunda vice-versa. A primeira padece da prescritibilidade, ao contrário, a 
segunda, não. 
 
 Ante tudo até aqui exposto, e, considerando que a falta de qualquer 
das condições da ação, importará no indeferimento desta, requer a Ré‚ 
sejam declarados os Autores carecedores da ação, e, por conseguinte, 
extinto o processo, ex vi do artigo 267 inciso VI do CPC. 
 
 
III - QUANTO AO MÉRITO 
 
 
 Se, todavia, não acolhidas as preliminares anteriormente argüidas, 
quanto ao mérito, inquestionavelmente, a ação não deve prosperar. 
 
 E as razões, várias, passam a ser relevadas pela Ré. 
 
1. Da Filiação 
 
1.1. Da Presunção de Filiação Legítima 
 
 Deixando de lado questões minudentes quanto à terminologia da 
filiação, nosso direito, seguindo a transformação dos usos e costumes, e 
com o propósito de proteger os direitos dosmenores, também avançou, 
podemos dizer, se adequou àquelas mudanças de comportamento. 
 
 Tanto é que, anteriormente, quando havia distinções, não só de 
denominações, entre filhos legítimos, ilegítimos, adulterinos, incestuosos, 
21 
 
espúrios, estes recebiam tratamento diferenciado dos primeiros, 
principalmente sobre o aspecto material. 
 
 Temos que, deveras, é reconhecida no atual sistema jurídico pátrio, 
apenas as designações, filhos nascidos na constância do matrimônio, filhos 
havidos fora do casamento e filhos adotado. 
 
 Constitucionalmente, louve-se os desígnios do legislador, nenhuma 
diferenciação ou discriminação pode haver entre os filhos, não sendo 
permitida qualquer referência à sua origem, materna ou paterna. 
 
 Não obstante, alguns conceitos e princípios jurídicos e morais ainda 
prevalecem em nossa doutrina e jurisprudência, em relação à filiação, que 
não podem e não merecem ser relegados a segundo plano. 
 
 E as razões são várias, não só com o objetivo de proteger a família, 
ainda instituto sacro em nossos conceitos morais e célula mater de qualquer 
sociedade, moral e sócio-economicamente desenvolvida. 
 
 Assim é que, relativamente aos filhos havidos na constância do 
casamento, há pressupostos legais e circunstanciais que não podem afastar 
a legitimidade dessa filiação. 
 
 São esses pressupostos e requisitos da filiação legítima; 
 
a) o casamento válido dos pais (artigos 338 e 339 do Código Civil; 
 
b) a maternidade e a paternidade; 
 
c) a certidão de nascimento (artigo 348 do Código Civil e artigo 1º da lei 
8.560/92). 
 
 Desta forma, segundo o Ilustre Jurista Orlando Gomes (Direito de 
Família, 7ª edição - Revista Forense): 
 
"Estabelecida a filiação legítima pela conjunção dos seus pressupostos e 
requisitos, certificada pelo registro de nascimento, não pode o filho 
vindicar outro estado, ainda que notória a sua condição de descendente de 
outro genitor que não o marido de sua mãe. O marido‚ senhor absoluto da 
conveniência de contestar a paternidade, mas, havendo separação de fato, 
se torna imperioso o abrandamento da regra". 
 
 Prossegue, ainda, o ilustre jurista: 
22 
 
 
"Prova-se a filiação legítima pela certidão do nascimento. O registro firma 
a paternidade e a maternidade, valendo a ponto de não se permitir arrogue o 
filho outro estado que contrarie ou se oponha ao que vem consignado no 
respectivo termo. Pode provar, entretanto, sua falsidade, e ao pai, mediante 
contestação de paternidade pelo meio próprio, assiste direito a obter, por 
sentença, o cancelamento do registro feito na suposição de que o filho era 
seu. A inscrição no registro público‚ essencial, é a prova do estado de filho 
legítimo. As questões relativas à legitimidade do filho devem ser decididas 
em processo contencioso para anulação ou reforma do assento". 
 
 Além dos pressupostos e requisitos, o estado de filho constitui-se por 
um conjunto de circunstâncias capazes de exteriorizar essa condição de 
filho legítimo do casal que o cria e o educa. 
 
 São essas circunstâncias; 
 
a) sempre ter levado o nome dos genitores; 
 
b) ter recebido continuamente o tratamento de filho legítimo; 
 
c) ter sido constantemente reconhecido pelos pais e pela sociedade, como 
filho legítimo. 
 
 Tem-se, pois que, os pressupostos e a certidão de nascimento, 
juntamente com as circunstâncias que exteriorizam a condição de filho 
consolidam a presunção de legitimidade, através da qual a identidade do 
filho se torna inequívoca e inquestionável. "Consumatum est." 
 
 E de acordo com o artigo 341 do Código Civil, nem sequer, valer se 
os cônjuges estavam legalmente separados, se tiverem convivido algum dia 
sob o mesmo teto. 
 
 Da mesma forma, não basta o adultério da mulher, para afastar a 
presunção legal de legitimidade dos filhos, segundo o artigo 343 do Código 
Civil. 
 
 A jurisprudência tem-se orientado nesse sentido. 
 
"PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DA FILIAÇÃO - NASCIMENTO 
NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO - Cabe, privativamente, ao marido 
o direito de contestar a legitimidade dos filhos nascidos de sua mulher. De 
acordo com o art. 343 do CC, não basta, sequer, o adultério da mulher, com 
23 
 
quem o marido havia vivido sob o mesmo teto, para elidir a presunção de 
legitimidade da prole. Não é suficiente, outrossim, a confissão materna para 
excluir a paternidade. Hipótese em que os pais do autor, casados, viviam 
sob o mesmo teto, não havendo, por parte do marido, até a morte, 
contestação da legitimidade do filho que registrou, logo após o nascimento, 
na forma da lei. Não há como desprezar a paternidade legítima, não 
contestada, existente convivência conjugal e não comprovada a situação 
prevista no art. 340, I, do CC, para reconhecer paternidade ilegítima, 
contestada na ação pelos herdeiros do investigado, sem comprovação, 
também, de concubinato. Alegação improcedente de negativa de vigência 
do art. 1º da Lei 883/1949, e do art. 363, III do CC. O acórdão não afirmou 
que escrito do investigado não possa servir de base à Ação Investigatória 
da paternidade ilegítima. Ao não reconhecer a procedência da ação, o 
aresto não vulnerou o art. 363 do CC, mas teve em consideração, com 
preferência, as regras dos arts. 337, 340, 344 e 347, todos do CC (STF - Ac. 
da 1ª T., publ. em 19.10.84 - RE 93.886-9-MG - Rel. Min. Neri da 
Silveira)".(COAD-SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 56) 
 
 E mais, 
 
PRESUNÇÃO LEGAL DA LEGITIMIDADE DA PROLE - Os filhos 
concebidos na constância do casamento são legítimos dos consortes e a 
ninguém é lícito vindicar paternidade diversa da estabelecida na presunção 
legal (art. 337, Cod. Civil). Não basta o desejo da mulher a outra 
paternidade, que não a exclui nem mesmo sua confissão de adultério. 
Exegese aos artigos 363, I, 337, 338, 343, 344 e 346 do Código Civil. 
Recurso provido. (TJ-RS, 8ª Câm. Civ., Ap. Cível nº 590068565, 
20.06.91). (COAD-SELEÇOES JURÍDICAS 01/93, PAG. 74) 
 
 Sob todos os aspectos acima, a situação dos Autores preenchem e 
atendem aos requisitos e pressupostos, pois: 
 
a) O casamento de .... e ..... é válido; 
 
b) Constam das Certidões de Nascimentos serem filhos de ambos; 
 
c) A paternidade e maternidade não foram contestadas ou impugnadas nos 
prazos prescricionais; 
 
d) Sempre levaram e levam o patronímico do genitor; e 
 
e) Sempre foram recebidos e reconhecidos como filhos legítimos por 
ambos os pais. 
24 
 
 
 Os Autores fundamentaram seu pedido no artigo 363, inciso I do 
Código Civil, porém, sem demonstrar e provar que são filhos de ...... 
 
 As provas, incongruentes não dão sustentação ao pedido. 
 
"Segundo o acórdão, os fundamentos da procedência da ação foram a posse 
do estado e a confissão não escrita, não a prova do concubinato ou de 
relações sexuais, à época da concessão. Divergência entre as testemunhas, 
cujas declarações se transcrevem no acórdão, quanto ao pai da autora. Não 
há prova documental. Não reconhecida, expressamente, no acórdão, a 
ocorrência da demanda, afirmando que a condição de filha ilegítima, por 
parte da autora, era de considerar-se, a partir da posse de estado. Não se 
compreende, no âmbito da Súmula 279, a discussão, julgar a procedência 
da Ação de Investigação de Paternidade, à vista do art. 363 do C.C.. Cuida-
se, aqui, de "quaestio juris" federal, vinculada à compreensão do art. do 
C.C.. Não é invocável a Súmula 279. Não configurando os fatos, assim 
como acolhidos pelo acórdão, qualquer das hipóteses do art. 363 do C.C. a 
procedência da ação, com base nesse dispositivo, importa aplicá-lo, 
inadequadamente, à espécie, o que constitui negativa de sua vigência. 
Recurso Exatraordinário conhecido e provido, para julgar improcedente a 
Ação." (STF - Ac. unân. da 1ª T., publ. em 08/04/88 - RE 102.732-1-GO - 
Rel. Min. Néri da Silveira) (COAD – Seleções Jurídicas 01/93, p. 73)”. 
 
 Conclui-se, portanto, que perante nosso ordenamento jurídico, a 
Negatória e Investigatória de Paternidade não têm razão de ser, na forma 
proposta. 
 
1.2. "Pater is est quem nuptiae demonstrant"A presunção "pater is est" ‚ relevante para o estabelecimento da 
paternidade do filho havido dentro do casamento. Por força dela, presume-
se a paternidade do marido em relação aos filhos gerados por mulher 
casada. 
 
 Tem como função primordial, permitir o estabelecimento da 
paternidade pelo simples fato do nascimento, ou seja, quem nasce de uma 
mulher casada é filho do marido dessa mesma mulher. 
 
 Por esta presunção, pai é o marido da mãe, não depende de prova a 
filiação legítima. 
 
 Ainda, segundo Orlando Gomes (Obra citada); 
25 
 
 
"Na impossibilidade de obter-se comprovação direta da paternidade, 
recorre-se a uma presunção, "pater is est quem nuptiae demonstrant". É pai 
quem o casamento demonstra. Pai, até prova em contrário por ele próprio 
produzida, é o marido. Não precisa o filho provar a paternidade, se nascido 
de justas núpcias. Cede a presunção, todavia, se o marido se achava 
impossibilitado de coabitar com a mulher, se estava ausente ou legalmente 
separado ou se prova que era impotente". 
 
"O filho concebido na constância do casamento tem o estado de 
legitimidade, presumindo-se seja do marido", segundo decidiu o Supremo 
Tribunal Federal (Revista Forense, vol. 140, pag. 137). 
 
 Ainda que considerando o fato da mãe dos Autores ter mantido 
relação extra-conjugal, com .........., só isso não é suficiente a garantir a 
paternidade dele em relação aos Autores. 
 
 Estando morto o investigado, e, em vida não manifestou, 
expressamente, a vontade de reconhecer a paternidade, a presunção, acima 
comentada, afasta qualquer possibilidade em sentido contrário. 
 
 Deduz-se, pois, ......... é o pai dos Autores. 
 
2. Das Ações de Estado Relativas à Filiação 
 
 Na filiação as questäes relativas ao estado devem ser resolvidas 
mediante pronunciamento judicial, em Ação própria. 
 
 Muito embora, não haja unanimidade quanto aos títulos dados a 
essas ações, esmagadora maioria da doutrina, qualifica as ações, 
considerando seu objeto, em: 
 
a) Ação Negatória de Paternidade; 
b) Ação de Contestação e/ou Impugnação de Filiação; 
c) Ação de Prova de Filiação Legítima; 
d) Ação de Investigação de Paternidade. 
 
 A terminologia não é uniforme, variando entre os autores. Designa-
se também a Negatória de Paternidade como contestação de paternidade; a 
de impugnação de legitimidade, como de contestação de estado, ou de 
filiação ilegítima; e a de prova de filiação legítima, como de reclamação ou 
verificação de estado. 
 
26 
 
 Vale apenas ressalvar que a Ação de Impugnação de Legitimidade é 
a proposta pelo filho visando anular o assento de nascimento no respeitante 
a sua paternidade ali figurada. 
 
 A de Prova de Filiação Legítima é a proposta pela mãe quando se 
discute a maternidade do filho. 
 
 Apenas a primeira e a última nos interessam e ao caso em testilha. 
 
2.1. Negatória de Paternidade. 
 
 Esta ação tem como objetivo elidir o efeito da regra "pater is est 
quem nuptiae demonstrant", e está sujeita a pressupostos de direito material 
taxativamente enumerados. 
 
 Não cabe fora dos casos previstos no artigo 340 do Código Civil e é 
reservada exclusivamente ao marido, conforme artigo 344 do mesmo 
Código. 
 
 Ninguém senão ele, pai, tem legítimo interesse para intentá-la. 
 
 Consoante artigo 178 do Código Civil, o direito do marido de 
contestar a paternidade caduca em curto prazo, ou seja, dois meses, 
contados do nascimento, se estava presente, ou três meses, se estava 
ausente ou lhe ocultaram o nascimento. 
 
 No sistema codificado, portanto, o filho tem por pai o marido da 
mãe, e somente a este compete destruir essa presunção em hipóteses 
determinadas. 
 
 Mesmo sendo, à evidência, o filho de outro homem que não o marido 
da mãe, o silêncio do marido com a não contestação faz subsistir a 
paternidade jurídica do marido da mãe. 
 
 O adultério da mulher não afasta a presunção de paternidade ainda 
quando leve a crer que originou a impossibilidade moral de coabitar, 
segundo o artigo 343 do Código Civil. Suscita apenas dúvidas sobre a 
paternidade, devendo na incerteza, favorecer a legitimidade dos filhos. 
 
 Nem tampouco é suficiente a confissão da mulher, pois poderia 
prejudicar o filho sem corresponder a verdade, a teor do artigo 346 do 
Código Civil. 
 
27 
 
 Como já exaustivamente demonstrado, esta ação é inadequada ao 
objetivo proposto pelos Autores. 
 
 Subverteram-se as partes, passando os Réus a Autores, e o Autor a 
Réu. 
 
 No sistema jurídico atual, a propositura desta deve ser indeferida de 
plano, por absoluta impossibilidade jurídica. 
 
 A ação proposta, pretendida pelos Autores era a de Impugnação ou 
contestação de filiação, com fundamento no artigo 362 do Código Civil, 
que aliás, não foi mencionado. 
 
 Não há que se falar que Negar é o mesmo que Impugnar, pois 
morfológica e etimologicamente os termos têm significados diferentes. 
 
 Impugnar = Contrariar com razões, refutar, contestar. 
 
 Negar = Dizer que não é verdadeiro; Afirmar que não. 
 
 Ambos os sinônimos de acordo com Aurélio. 
 
 Atento ao sentido lógico desses termos que a doutrina e 
jurisprudência assentaram a diferenciação entre estas duas ações. 
 
2.2. Da Ação de InvestigAção de Paternidade 
 
 Segundo o artigo 363 do Código Civil, apenas em quatro hipóteses 
admite-se a Ação de Investigação de Paternidade; 
 
a) se, ao tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido 
pai; 
 
b) rapto; 
 
c) relações sexuais no período da concepção; 
 
d) se existir escrito daquele a quem se atribui a paternidade, reconhecendo-
a, expressamente. 
 
 Não obstante a Constituição de 1988 ter equiparado todos os filhos, e 
proibido quaisquer designações discriminatórias, a Ação de InvestigAção 
28 
 
de Paternidade subsiste, com os mesmos fundamentos, previstos no artigo 
363 acima citado. 
 
 A ação proposta pelos Autores funda-se no inciso I do artigo 363 do 
Código Civil, isto é, concubinato da mãe com o suposto pai. 
 
 Vale transcrever a lição de Orlando Gomes (obra citada): 
 
"Se ao tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido 
pai, pode o filho demandar seu reconhecimento. O concubinato não se 
limita a ser, para esse efeito, uma união sexual prolongada, mas a 
convivência habitual, contínua, duradoura, estável, more uxório, com 
presumida fidelidade da mulher, e sem obstáculo a que se transforme em 
matrimônio". 
 
 Prossegue o renomado autor; 
 
"Não é unívoco, entretanto, o conceito de concubinato. Para ser pressuposto 
de admissibilidade, torna-se necessária a coincidência do concubinato com 
o período normal da concepção. Determina-se esse período, recorrendo-se à 
regra relativa à presunção de legitimidade para os filhos concebidos antes 
do casamento. Não se exige que o concubinato dure todo o tempo. Tal 
exigência permitiria que o abandono da concubina impedisse o filho de 
investigar a paternidade. 
Por seu valor probante, o concubinato não ‚ simples fundamento da Ação 
Investigatória, mas presunção de paternidade, embora sem valor absoluto. 
A comprovAção do fato de ter estado a mulher concubinada com o 
pretenso pai no período normal da concepçaÇão não ‚ bastante para firmar 
a paternidade, prova em contr rio pode ser produzida, infirmando-a." 
 
 Não se pode afirmar que Dona ....... estava concubinada com o Sr. 
...., e ao mesmo tempo, que o Sr. ... a visitava "rara e esporadicamente" a 
visitava. 
 
 Em se tratando de marido e mulher, rara e esporadicamente pode ter 
o significado de uma vez por semana, que, e em inumerosíssimos casos de 
relAção matrimonial, se trata de uma eternidade. 
 
 Passados mais de trinta anos do nascimento do primeiro filho, a 
prova e demonstrAção, para comprovar o concubinato, levando-se em 
conta que o acusado ‚ falecido e ao mesmo tempo, afastar a hipótese de que 
nas "raras e espor dicas" vezes o legítimo marido não manteve relações 
sexuais com a esposa, se não fantasiosas, no mínimo inverossímeis. 
29 
 
 
 Por estas razões a Ação Investigatória não merece guarida. 
 
2.2.1 Da "exceptio pluriumconcubentiam" 
 
 Entende a mais abalizada doutrina que um dos argumentos de defesa 
na Ação de Investigação de Paternidade funda-se, comumente, na "exceptio 
plurium concubentium", ou má conduta da mãe e impossibilidade física do 
pai do demandante. 
 
 A "exceptio plurium concubentium" consiste na assertiva de que, ao 
tempo da concepção, a mãe do investigante mantinha relações sexuais com 
outros homens, e, por esse motivo, é incerta a paternidade. 
 
 Provada a concomitância dessas relações, e não havendo, como não 
há, meio de determinar, com segurançaa, quem seja entre os que 
frequentavam a mulher, o pai do demandante, a ação deve ser julgada 
improcedente. 
 
 Não se admitindo, em nosso direito, a paternidade baseada em mera 
probalidade, se a mãe recebeu outros homens, ainda que também haja 
recebido o pretenso pai, decair o direito de Ação. 
 
 Assim se manifesta nossos tribunais; 
 
"INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - Requisitos essenciais. 
São condições sine quibus, non para que a Ação de Investigação de 
Paternidade seja julgada procedente, que o investigante prove de maneira 
indubitável: o concubinato de sua mãe com o investigado; a coincidência 
das relações sexuais de ambos com a sua concepção e a honestidade da 
própria mãe. Sem tais requisitos tão necessários, a Ação não pode 
prosperar. Decisão unânime. Ap. 13.242 - Bel‚m - 3ª C. - j. 2.10.87 - Rel. 
Des. Calistrato Alves de Mattos - vu." (RDC 45/261) . 
 
 E ainda, 
 
"INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - Requisitos - Um dos 
pressupostos do reconhecimento judicial da paternidade ‚ a coincidência 
entre as relações sexuais e à época da concepção. Em face da negativa do 
réu, cabe … autora o “nus da prova do fato. (TJ-SP - Ac. da 6ª Câm. Civ., 
Ap. 35.360-1 - Rel. Des. Macedo Bittencourt).(RJTJESP-LEX 124/200) . 
 
 E mais, 
30 
 
 
"'EXCEPTIO PLURIUM CONCUMBENTIUM - No direito potestativo 
que a pessoa tem de investigar seu "status familiae", h um EFEITO 
ATIVO, correspondendo-lhe um EFEITO PASSIVO, que submete o 
investigante a que esse direito se refere. É por causa desta submissão 
constrangedora que o direito … declaração da paternidade deve ser usado 
com cautela. Não h censura … liberdade sexual da mulher e … livre 
disposição do próprio corpo, mas h que ser responsável pelos efeitos da 
postura que adota em sociedade. Dessa responsabilidade faz parte a geração 
dos filhos, cujos pais não podem escolher por sorteio, preferências ou 
simpatias: o parentesco do filho que nasce deve ser demonstrado com as 
provas da relação sexual mantida pelo investigado com a mãe do 
investigante ao tempo da concepção. Provada a "exceptio plurium 
CONCUMBENTIUM", surge a perplexidade como obstáculo … 
declaração judicial da paternidade certa. Sentença confirmada. (TJ-RS - 
Ac. unân. da 8ª Câm.Civ. de 27.06.91 - Ap. 591.024.146 - Rel. Des. 
Clarindo Favretto)."(COAD-SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 35) . 
 
 Segundo afirmado pelos Autores, embora separados de fato, o Sr. .... 
comparecia "rara e esporadicamente" … residência da esposa. 
 
 Comparecia, também, o suposto pai, ...... Este sim, comparecia "rara 
e esporadicamente", pois, não era legítimo esposa de Da. ....., e possuía 
outras mulheres. 
 
 Resta, apurar se entre o comparecimento do marido e do amante, 
outros homens também não "compareciam" … residência da Sra. ...... Neste 
caso, h possibilidades de outros homens serem os pais legítimos dos 
Autores. 
 
 Equivale a dizer que, antes de se requerer exames no "de cujus" ou 
de seus parentes, a possibilidade de existência de outros homens, nas 
épocas em que os filhos foram concebidos deve ser apurada. 
 
2.2. Dos Filhos Adulterinos "a matre" 
 
 O Código Civil, artigo 358, combinado com o artigo 183, não 
admitia o reconhecimento dos filhos adulterinos e os incestuosos. 
 
 O Decreto-Lei nº 4.737, de 24/09/42, permitiu o reconhecimento dos 
filhos adulterinos, após o "desquite" do genitor ou mãe. 
 
31 
 
 A seguir, a Lei nº 883 de 21/10/49, permitiu o reconhecimento de 
filho adulterino, após a dissolução da sociedade conjugal, incluindo a 
hipótese de morte. 
 
 Depois, a Lei 7.250 de 14/11/84, que acrescentou ao artigo 1§ da Lei 
nº 883/49, o parágrafo 2§, permitiu o reconhecimento de filho adulterino, 
ainda na constância do casamento, desde que o cônjuge genitor estivesse 
separado de fato h mais de 5 anos contínuos. 
 Por fim, para afastar qualquer dúvida sobre o alcance da igualdade 
assegurada pela Constituição, a Lei nº 7.841 de 17/10/89, em seu artigo 1§, 
expressamente revogou o artigo 358 do Código Civil, que impedia o 
reconhecimento dos filhos incestuosos e adulterinos. 
 
 Deduz-se, portanto, que a legislação em vigor visa proibir as 
designações discrminatórias e de garantir os mesmos direitos dos filhos e 
permitir o reconhecimento espontâneo dos filhos adulterinos. 
 
 A proibição da investigação da paternidade, na constância do 
casamento, de filhos adulterinos, persiste, de vez que o artigo 1§ da Lei 
7.841/89 expressamente revogou o artigo 358 do Código Civil, mas não se 
referiu ao artigo 363 do Código Civil e ao artigo 1§ da Lei nº 883, segundo 
os quais a Ação para demandar o reconhecimento de suposto pai, só poder 
ocorrer após o término da sociedade conjugal. 
 
 Ainda sobre o reconhecimento forçado dos filhos adulterinos, Caio 
M rio da Silva Pereira, (Reconhecimento da Paternidade e Seus Efeitos, 3ª 
edição, Revista Forense), assim expressa o entendimento da doutrina: 
 
"Os tribunais, … vista destes termos, assentam que o pressuposto firmado 
pelo diploma de 1949 ‚ a dissolução da sociedade conjugal. E, em doutrina, 
a tese vem sustentada com sólidos argumentos, no sentido de que, antes de 
anulado o registro de filiação legítima, não é viável a Ação de Investigação 
de Paternidade. 
Questão, contudo, a atrair a atenção dos juristas ‚ a da faculdade de se fazer 
reconhecer o adulterino a matre. 
No sentido de que, vigorando em nosso direito a presunção de legitimidade 
dos filhos concebidos na constância do casamento (art. 337 do Código 
Civil) que repete a velha parêmia "pater is est quem nuptiae demonstrant", 
julgou fartamente que o adulterino a matre não tem Ação para investigar a 
paternidade, porque a sua concepção na vigência do casamento induz a 
presunção de que ‚ filho do marido de sua mãe". . 
 
 Prossegue ainda o ilustre civilista: 
32 
 
 
"O Supremo Tribunal Federal tem tão repetidamente cogitado da espécie 
que j considera jurisprudência sua apreciar a legitimidade ad causam do 
adulterino a matre em face de circunstâncias de fato, como a título 
exemplificativo apontamos alguns arestos: concepção do filho quando a 
genitora vivia em velho e público concubinato com homem solteiro que, no 
Registro Civil figura como pai; filho de concubina que, conquanto casada, 
estava separada de fato do marido h anos; etc." 
 
 A jurisprudência tem assim se manifestado: 
 
"Adulterinidade "a matre" - Ação Negatória - Separação efetiva do casal - 
prova - É de admitir-se a Investigatória de paternidade, mesmo em se 
tratando de adulterinidade "a matre", com dispensa de previa Ação 
Negatória, desde que o pai presumido tenha repudiado de forma inequívoca 
a paternidade, ou quando o casal esteja efetivamente separado, 
independentemente de estarem ou não os cônjuges sob o mesmo teto. (TJ-
MG - Ac. da 3ª Cam. Civ.publ. em 24.10.87 - Ap. 65.455 - Rel Des. S lvio 
Teixeira." (Coad-Seleçaäes Jurídicas 01/93, p. 33). 
 
"FILHO CONCEBIDO NA CONST¶NCIA DO CASAMENTO - 
CONFISSÇO DE ADULTÉRIO DA MULHER. 
 
Do mesmo modo que a lei defende o matrimônio com presunções de sua 
existência, também devem ser presumidos concebidos na constância do 
casamento aqueles filhos que forem na forma do art. 338 do Código Civil. 
 
A presunção de paternidade de filho concebido em constância do 
casamento só pode ser derrubada em casos específicos, não sendo admitida 
confissão em contrário da mulher ou prova de seu adultério. (Ap. Cível nº 
87.535-4 - TJ-MG, 28/05/92, Rel. Des. Alves de Melo) (COAD-Seleções 
Jurídicas01/93, p. 38)." 
 
 Em julgamento na Corte Superior, ilustre julgador proferiu o 
seguinte entendimento" 
 
"Na fase atual da evolução do Direito de Família, é injustificável o 
fetichismo de normas ultrapassadas em detrimento da verdade real, 
sobretudo quando em prejuízo de legítimos interesses do menor." 
 
 Em que pese o notável saber jurídico do Ilustre Julgador do Superior 
Tribunal de Justiça, não se pode com ele concordar. 
 
33 
 
 Ora, as normas jurídicas foram criadas e postas à disposição da 
sociedade para regular o comportamento humano. 
 
 Desta feita, no entendimento do ilustre julgador, nossos Códigos, 
Civil e de Processo Civil devem ser jogados no lixo. 
 
 Não se admite tal entendimento, principalmente daqueles que 
labutam no judiciário em prol da justiça. 
 
 A ciência jurídica sempre está acima de qualquer outra ciência, por 
mais exata que seja. Jamais estar a serviço de qualquer outra ciência, ao 
contrário, as demais, sim sempre estão a mercˆ da ciência jurídica. 
 
 De acordo com o pronunciamento acima transcrito, na hipótese de 
um aventureiro qualquer se julgar filho de Dom Pedro I, implica que todo o 
Poder Judiciário será colocado a sua disposição para determinar exames 
periciais em seus restos mortais a fim de ser apurada a verdade real ?. Com 
evidência, não. 
 
 As regras de prescritibilidade e demais normas jurídicas existem para 
fazer com que os atos jurídicos perfeitos e acabados prevaleçam para a 
tranqüilidade daqueles que o praticaram de boa-f‚ e concomitantemente 
para a praz social. 
 
 O mesmo se aplica ao caso em discussão, com um agravante, não se 
trata de proteger "interesses de menor". 
 
3. Da Ação de Petição de Herança 
 
 Improcede o pedido dos Autores de que lhes seja deferido "tudo 
aquilo que lhes ‚ de direito, ou seja, não só tudo aquilo que indevidamente 
foi deferido … R‚, bem como a todos os frutos e rendimentos havidos "a 
posteriori". 
 
 Por primeiro, porque os Autores não são herdeiros legítimos do 
suposto pai. 
 
 Por segundo, e mesmo que, remotissimamente, a Investigatória 
venha a ser julgada procedente, embora não acredita a R‚, a propriedade 
das ações recebidas, legitimamente do seu filho, ....., ‚ decorrente de posse 
justa, inturbável e de boa-fé, pois, o processo de inventário deste último, 
transcorreu sem quaisquer impugnações, empecilhos, recursos, culminando 
com o trânsito em julgado da partilha, nessas mesmas condições. 
34 
 
 
 Naquele tempo, era ela a única e legítima herdeira do "de cujus". 
 
 Desta forma, segundo abalizada doutrina e jurisprudência, os frutos 
recebidos pelo herdeiro legítimo, quando do encerramento do inventário, 
não deve nem pode ser deferido aos filhos reconhecidos judicialmente … 
posteriori. 
 
 Por último, a Ação de Petição de Herança tem por escopo declarar a 
condição de herdeiro daqueles que intentaram a Investigatória de 
paternidade do "de cujus". 
 
 Sendo assim, se ‚ que a condição de herdeiro ser atribuída aos 
Autores, deverão pleitear, em Ação própria e específica ao fim de que seja 
a partilha anulada, apesar de j consumada e trânsita em julgada. 
 
 Nesse sentido, colacionamos; 
 
"INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE E PETIÇÃO DE HERANÇÃP - 
REABERTURA DE INVENTÁRIO - PARTILHA TRANSITADA EM 
JULGADO - REIVINDICAÇÃO DE QUINHÇO - Se a Investigatória de 
paternidade, cumulada com Petição de herança, foi julgada procedente 
depois de transitada em julgado a partilha dos bens do indigitado pai, 
vedado ‚ ao reconhecido, simplesmente, postular a modificação da mesma. 
Somente através de Ação ordinária específica poder o interessado 
reivindicar de cada herdeiro o equivalente … sua quota na herança. (TJ-
MG - Ac. unân. da 4ª Câm. Civ; publ. em 25.10.84, Ap. 63.545 - Rel. Des. 
Vaz de Mello)." (COAD-SELEÇÕES JURÍDICAS 01/93, PAG. 35) . 
 
 Não tem procedência, portanto o pedido de herança postulado. 
 
 Como j foi dito, a propositura da Ação anulatória da partilha se faz 
necessária também com o objetivo de se apurar se os valores recebidos 
pelos pretensos herdeiros satisfez os quinhões hereditários, ou, até não 
foram superiores aos devidos. 
 
 É importante esclarecer que cada um dos pretendentes j recebeu, no 
cumprimento do testamento, em valores atualizados, importância acima de 
CR$.20 milhões de cruzeiros reais, ou, o equivalente a mais de US$.146 
mil dólares norte-americanos, perfazendo o total de mais de CR$.80 
milhões de cruzeiros reais ou US$.585 mil dólares norte-americanos. 
 
35 
 
 Computando o valor do imóvel recebido em doação do irmão do 
falecido, cada um recebeu mais de US$.166 mil dólares norte-americanos, 
ou, CR$.23 milhões de cruzeiros reais. 
 
 E não se pode alegar que tais valores foram recebidos porque ..... os 
reconhecia como filhos. É inverdade. 
 
 O mesmo ocorreu com outros filhos de seus amantes, os quais 
sempre ajudou, e nunca negou ajuda financeira e econômica, igualmente 
nos mesmos valores recebidos pelos Autores. 
 
 No caso dos Autores, com certeza, pretendem agora um 
reconhecimento paternal, porque sempre que necessitavam de ajuda 
financeira, sobre diversos pretextos, muitos dos quais, não tanto 
escrupulosos, recorriam a ....., e, com seu passamento, não mais têm onde 
buscar aquele "auxílio". 
 Literalmente, "a fonte secou ". 
 
 
4. Das Argumentações dos Autores 
 
4.1. No contexto geral, as argumentações expendidas pelos Autores não 
devem prosperar, pois carecem de fundamentos f ticos e legais a corroborar 
o pretendido, não só quanto …s preliminares alegadas, quanto ao mérito. 
 
 No tocante … Negatória de Paternidade, a carˆncia da Ação ‚ patente 
e cristalina. 
 
 Somente ao pai cabe o direito de contestar a paternidade, nos termos 
do artigo 344 combinado com o 340 do Código Civil. 
 
 Facultar aos Autores essa prerrogativa ‚ negar vigˆncia aos 
dispositivos supra-citados. 
 
4.2. Os Autores fazem afirmações vagas, sem conteúdo comprobatório, 
com intuito de lançaar dúvidas, não só em relAção … conduta da mãe, do 
próprio pai e de terceiros, ao afirmar que "a mãe dos autores veio a 
conhecer e travar relacionamento intenso e extra-conjugal com o falecido 
....., fato esse público e notório". 
 
4.3. Na Ação de InvestigAção de Paternidade, sob o fundamento do 
inciso I do artigo 363 do Código Civil, o concubinato da mãe com o 
36 
 
suposto pai deve ficar patenteado, a fim de afastar a presunção "pater is est 
quem nuptiae demonstrant". 
 
 Por outro lado, como admitir que a Sra. ..... veio manter 
relacionamento intenso e extra-conjugal com o pretenso pai, sendo que, 
conforme afirmado, o pai, Sr. ...., comparecia "rara e esporadicamente", e 
com a agravante de que o fato era público e notório ?. 
 
 Essas afirmações pecam pela incongruˆncia e incoerˆncia, 
revestindo-se numa afronta aos mais elementares princípios morais e 
tradicionais da família brasileira, com a agravante de que os próprios 
Autores ainda admitem que o pretenso pai mantinha "outros 
relacionamentos amorosos, com outras mulheres". 
 
 Como j foi dito, a apurAção dos fatos dever voltar … ‚poca das 
concepçaäes dos filhos, a fim de se apurar, se naquela ocasiÇão, em datas 
precisas, quem efetivamente concubitou com a mãe. 
 
 Não se deve descartar a hipótese de ter mantido relacionamento 
íntimo com outros homens, considerando que, mesmo casada e convivendo 
com o marido, mantinha relacionamento extra-conjugal com outro homem. 
 
 Se assim for, não ‚ de se olvidar faltar, neste triângulo amoroso, 
coadjuvado pelos Autores, mínimos escrúpulos de comportamento, 
relevando que o pretenso pai era solteiro, ou seja, não tinha a quem dar 
satisfações ou exemplos de conduta. 
 
 Contudo não se admite que o pai e os próprios Autores conviviam e 
conviveram pacificamente com essa situAção esdrúxula e amoral, exceto se 
dela se beneficiavam econ“mica e financeiramente, ou pretendem "in hoc 
tempore", tirar proveito econ“mico da família do suposto pai. 
 
4.4. Relativamente ao ser público e notório o relacionamento extra-
conjugal da mãe dos autores como suposto pai, ao contr rio do que 
entendem, devem ser provados. 
 
 Não basta a afirmAção de ser público e notório, para não 
necessitarem de prova e demonstrAção. 
 
"A circunstância do fato encontrar certa publicidade na imprensa não basta 
para tˆ-lo como notório, de maneira a dispensar a prova. Necess rio que seu 
conhecimento integre o comumente sabido, ao menos em determinado 
37 
 
estrato social, por parcela da populAção a que interesse (STJ, Resp. 
7.555/SP; v.u.; DJU 03/06/91) 
4.5. Por outro lado, se, efetivamente, o fato ‚ "público e notório e do 
conhecimento de toda a sociedade francana", como ‚ afirmado, 
seguramente este Juízo deve ter conhecimento "a priori" desses fatos. 
 
 Se assim for, compete-lhe julgar-se suspeito, na forma dos artigos 
134 e seguintes do Código de Processo Civil, declinando a competˆncia do 
feito para a Comarca de São Paulo, sob pena de nulidade de todo o 
processo. 
 
4.6. Quanto a afirmativa de que o Sr. ..... pretendia reconhecˆ-los como 
filhos legítimos, desconhece-se no seio familiar daquele, sua pretensão ao 
reconhecimento. 
 
 Trata-se de outra afirmAção incoerente e não condizente com a 
verdade, pois, se em vida havia impedimento legal, não ‚ pelo passamento 
do suposto pai que o impecilho desapareceria, ao contr rio, com a morte de 
um dos pais dos Autores, e assim dissolvida a sociedade conjugal, 
conforme entendimento jurisprudencial da mais Alta Corte, em se tratando 
de filhos adulterinos "a matre", estariam livres e desimpedidos ao 
reconhecimento judicial. 
 
 Muito ao contr rio, estando vivos seus pais legítimos e sem que a 
sociedade conjugal esteja dissolvida, a presunção legada do Direito 
Romano, ainda persiste, pois ‚ pai o marido da mãe, e a proibiçaÇão legal 
do reconhecimento de filho adulterino, como demonstrado, também 
subsiste. 
 
4.7. O pretenso pai, Sr. ....., na condição de solteiro, possuía outras 
mulheres, ali s, como ‚ do conhecimento dos próprios Autores e seus pais 
legítimos. 
 
 
 Assim, com certeza, por se tratar de pessoa e família de posse e 
abastada, outros "pretendentes e pretensos filhos", aparecerÇão e se 
apresentarÇão na condição de "filhos beneficiados", com excusos 
interesses em abocanhar parte dos bens deixados pelo falecido. 
 
4.8. Ressalte-se, os Autores não são os únicos a quem o Sr. ..... auxiliava 
e financiava. 
 
38 
 
 Na verdade, outros testamentos havia firmado, talvez, para atender a 
reclamos e exigências de outras amantes, porém, logo ao depois, os 
cancelava. 
 
 Este seu último testamento, ao que tudo indica, esqueceu de cancel -
lo, e, não interessando … família sua a anulAção, aos testamenteiros não se 
apresentavam outra alternativa senão a de cumpri-lo, razão pela qual, os 
Autores foram "agraciados" com vultosas importâncias. 
 
 Certamente, os Autores tˆm conhecimento de que no próprio 
testamento em questÇão, o falecido agraciou outra de sua amante, também 
com vultosa importância. 
 
 Independentemente desse fato, segundo o entendimento de Caio 
M rio da Silva Pereira (obra citada), 
 
 
"a lei refere-se, entÇão, ao escrito de que não traga em si mesmo a validade 
de reconhecimento formal, porém traduza uma confissão ou declarAção 
equivalente. Deve conter uma confissão verdadeira; qualquer que seja a 
forma que tenha se revestida. Mas h de ser inequívoco e preciso na 
identificAção do investigante, formal pela referˆncia … relAção em 
perspectiva, e s‚rio como emissão volitiva. Se a prova documental ‚ 
contraditória, a filiação não ‚ certa". 
 
4.9. Quanto ao imóvel doado pelo irmÇão do falecido, com certeza, pelo 
mesmo modo que este último os agraciou no testamento, o irmÇão fˆ-lo a 
pedido daquele. 
 Igualmente, não deve ser do desconhecimento dos Autores que 
outros filhos de "amantes" do "de cujus" também forma agraciados e 
beneficiados com bens móveis e imóveis, por aquele, em vida. 
 
 Sempre, em retribuiçaÇão …s benesses do concúbito de suas 
am sias. 
 
 É cediçao que não significa ser pai de todos. 
 
4.10. Provas indici rias não sustentam a procedˆncia da Ação. 
 
 E as provas trazidas aos autos nem sequer, pode-se afirmar, sejam 
indici rias. 
 
39 
 
 Como j demonstrado, o Sr. ....., a exemplo dos Autores, favoreceu, 
em vida, v rios outros filhos de suas amantes, e …s próprias am sias, com 
propriedade e ajuda financeira. 
 
 A propósito de provas indici rias, assim tˆm entendido nossos 
Tribunais: 
 
"PROVA INDICIµRIA - É suficiente a prova indici ria do fato constitutivo 
do direito do autor na Ação de investigAção de paternidade, desde que os 
indícios sejam fortes, veementes e bastantes para sedimentar o 
convencimento do juiz." (TJ-PR - Ac. unân, da 1ª Câm. Cív. de 01/04/86 - 
Ap. 1.677/85 - Rel. Des. Nunes do Nascimento) (COAD-Seleçaäes 
Jurídicas 01/93, p. 77)." 
 
"PROVA INDICIµRIA - Conforme jurisprudência deste Tribunal, nas 
ações de investigAção de paternidade ‚ permitida a prova indici ria, dada a 
própria natureza do processo. Todavia, um mínimo de prova h de existir, e 
os indícios hÇão de ser fortes e veementes. Na esp‚cie, tal não ocorre, 
deixando margem a muitas dúvidas. Daí a improcedˆncia da Ação. Recurso 
Improvido. (TJ-RS, ac. unân. da 6ª Câm. Civ., de 22/12/87, Ap. 
587.026.592 - Rel. Des. Adalberto Barros) (COAD-Seleçaäes Jurídicas 
01/93, p. 77)." 
 
 
5.ÿÿDas Provas Juntadas aos Autos 
 
5.1. Quanto …s narrativas de ajuda do suposto pai bem como de sua 
família aos Autores, por si só não provam a paternidade daquele em 
relAção a estes. 
 
 Os bens deixados pelo suposto pai e toda a ajuda financeira dada e 
legada, como bem afirmaram, são indícios, não se prestam a comprovar a 
paternidade. 
 
 Tudo pode muito bem se resumir em contribuiçaäes e favores do 
suposto pai, aos filhos da sua amante, em troca dos favores recebidos e 
compartilhados pelo mesmo leito. 
 
5.2. O suposto pai, solteiro convicto e abastado, não levava uma vida 
mon stica e idˆntica a de qualquer homem casado, com filhos para criar e 
educar. 
 
40 
 
 Ao contr rio, não revelava apego a bens materiais, não se importando 
em demonstrar ser pessoa abastada, muito pelo contr rio, não possuía bens 
móveis e imóveis próprios, não tendo apego … propriedade de bens dessa 
natureza. 
 
 Apesar do seu "modus vivendi", foi homem respons vel, íntegro, e, 
frise-se, jamais prejudicou ou causou danos a quem quer que seja. Primava 
pela irreverˆncia a bens materiais, não raras vezes, justificando essa 
despreocupAção com afirmações populescas: "não tenho filhos para 
sustentar"; "para quˆ guardar bens, não tenho herdeiros"; "dessa vida nada 
se leva". 
 
 Nessas condiçaäes, em vida, ao contr rio de outros irmÇãos, não 
tinha a menor preocupAção em economizar ou adquirir e guardar 
patrim“nio próprio. 
 
 
 De fato, quando do seu infausto passamento, veio constatar a família, 
não possuir, ....., quaisquer bens imóveis ou mesmo móveis, incluindo aí 
veículos, motos, barcos, semoventes, enfim, bens materiais significativos, e 
tampouco saldos financeiros em bancos expressivos, exceto, 
evidentemente, as ações de empresas das quais fazia parte e donde retirava 
seus proventos para sobrevivˆncia. 
 
5.3. O surgimento de veículo em nome de ....., mas na posse de um dos 
Autores, causa esp‚cie. 
 
 A família ignorava tal bem, razão pela qual não constou do 
invent rio. 
 
 Levando-se em conta o modo de vida de ......., diversas hipóteses se 
afiguram a justificar a existˆncia do veículo: 
 
1ª, efetivamente ..... pode ter adquirido o veículo, porém, deixando-o na 
posse do Autor. Hipótese remota em razão do seu "modus vivendi". 
Ademais, seguramente, teria comunicado a um dos familiares; 
 
2ª, pode ter adquirido o veículo e posteriormente alienado ao Autor, 
ficando a cargo deste a transferˆncia da documentAção junto ao órgÇão de 
trânsito, transferˆncia esta não realizada j com intuito de ser útil ao pedido 
ora feito; 
 
41 
 
3ª,ÿnão deve ser descartada, que o próprio Autor tenha adquirido o veículo 
em nome de ....., sem o conhecimento deste, e mantida

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