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Neurociência, Psicologia e Linguagem

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SAMPAIO, Thiago Oliveira da Motta; FRANÇA,	 Aniela Improta; MAIA, Marcus Antonio Rezende. Linguística, psicologia e neurociência: a união inescapável dessas três disciplinas. Revista Linguística / Revista do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Volume 11, número 1, junho de 2015, p. 230-251.
Antes do século XXI, muitas eram as dúvidas se algumas ciências tão distintas da Linguística poderiam aderir-se a esta e realizar pesquisas que trouxessem resultados construtivos para as áreas envolvidas. Com o passar dos anos, a mudança de pensamento na academia e o desenvolvimento de novas tecnologias tornou mais aceitável a interação de outros ramos da ciência com a Linguística, por exemplo a Neurociência e a Psicologia. Visto que os avanços científicos são cada vez maiores e frequentes, é necessário então debater e compreender a importância da interligação destas diferentes disciplinas na construção de novos conhecimentos. Desse modo, os autores Thiago Oliveira da Motta Sampaio, Aniela Improta França e Marcus Antonio Rezende Maia discutem, no artigo a ser resenhado, a história das três disciplinas já mencionadas e as suas interações durante a história.
O artigo é organizado de maneira cronológica onde os autores traçam uma linha do tempo definindo as conquistas alcançadas pela Neurociência, Psicologia e Linguística separadamente e também de maneira conjunta. O artigo inicia-se com o tópico de número 1, intitulado Introdução: o senso comum sobre a Linguística que explana sobre o preconceito ainda existente com as pesquisas - realizadas fora da academia - voltadas para o tema da Linguística, devido a concepção de que essas não são de todo cientificas. No entanto, o autor monstra que os caminhos seguidos por essas são diferentes dos esperados, aproximando-se das ciências sociais e biológicas. 
No segundo tópico, Sobre a divisão das ciências, o artigo mostra a divisão das áreas do conhecimento que ocorreu inicialmente na Grécia Antiga, através da classificação dos conhecimentos envolvidos no estudo e desenvolvimento da Filosofia. Porém, mesmo com o desmembramento da Filosofia em outras áreas, estas não deixaram de relacionar-se, estando sempre em comunicação entre si. A Linguística é um exemplo desse intercâmbio de conhecimento. Incialmente ela era voltada apenas para os aspectos práticos da linguagem, mas com o passar dos anos seu foco foi voltado para a construção do discurso e a língua se tornou seu objeto de estudo. Assim, com a evolução de outras ciências, essas também voltaram seu interesse para a Linguística e passaram a associar alguns estudos com essa disciplina. No próximo, O nascimento da Linguística: o estruturalismo europeu, a Linguística continua a ser abordada como ciência, mas a ênfase é dada aos estudos de Saussure como contribuições para o avanço da Linguística como ciência, e esta tendo por base o movimento estruturalista.
Nos dois tópicos seguintes, Mensurando os processos mentais: o nascimento da Psicologia Experimental e A Psicologia Behaviorista e a visão anti-mentalista da linguagem, a Psicologia é abordada, assim como seu vinculo com o estudo da linguagem. Assim, os autores trazem os primeiros momentos da Psicologia como ciência, com os experimentos de Wilhelm Wundt sobre a mente humana e a continuidade nos estudos com outros pesquisadores que irão utilizar diferentes métodos de pesquisa. No relacionamento da Psicologia e Linguística ocorre incialmente um afastamento, mas com a escola Behaviorista e os estudos de Skinner – detalhados no artigo - a linguagem passa a fazer parte das pesquisas psicológicas. 
O tópico seis, Relatividade Linguística: a língua pode moldar o conhecimento de mundo do falante? debate a importância da língua como construtora da visão de mundo do falante, citando estudos e teorias de alguns linguistas, como Edward Sapir e Boroditsky.
A parte seguinte, Reinvenção da Linguística como Ciência Cognitiva: a Linguística Gerativa trata da necessidade de determinação de uma Gramática Universal e da influencia dos estudos de linguagem realizados por Chomsky. Além disso, o tópico também traz as contribuições de Eric Lenneberg com relação ao desempenho linguístico da criança para a então chamada Teoria Gerativa.
No tópico intitulado Psicolinguística: o advento da Linguística Experimental o autor considera a construção da Psicolinguística como ciência, a teorias de George Miller que teve grande importância para o desenvolvimento dessa disciplina e outros pesquisadores que também ajudaram nessa expansão. No entanto, depois de algum tempo a Linguística e a Psicologia separaram-se e tomaram caminhos distintos por um certo período e o artigo traz os motivos históricos para essa dissociação momentânea. 
No nono e décimo capítulos, Dos modelos animais ao cérebro humano: como a tecnologia superou o desafio de observar o cérebro e A Neurociência da Linguagem nos século XX e XXI o artigo aborda a interferência positiva das tecnologias avançadas para observação do cérebro e dos seus processos nas pesquisas relacionadas aos processos linguísticos. Com essa evolução científica, a neurociência passa a associar-se a Linguística a partir do século XX, viabilizando então a criação da Neurociência da Linguagem e o seu estudo em indivíduos sadios sem a utilização de métodos invasivos. Assim, vários pesquisadores passam a focar seus estudos no monitoramento das operações mentais através de métodos eletrofisiológicos, como por exemplo Marta Kutas e Steven Hillyard, que são citados no décimo tópico. 
No penúltimo tópico, Discussão, os autores evidenciam os problemas indicados por outros autores com relação ao vínculo entre ciências tão distintas como a Linguística, a Neurociência e a Psicologia. No entanto, aqueles também trazem a hipótese de outro autor sobre o método mais viável para a realização de estudos que interliguem essas ciências de uma maneira que não haja perca de fidelidade a suas respectivas áreas. No último tópico intitulado Conclusão, os autores encerram o artigo com a concepção de que as três disciplinas devem continuar a interagir entre si, utilizando-se de diferentes abordagens que levem a melhor forma de produção de conhecimento.
A organização do artigo de maneira cronológica auxilia o leitor na compreensão do todo evitando uma falha no entendimento, visto que o enfoque da pesquisa é a identificação das interações ente as três ciências citadas ao longo da história. Além disso, a contextualização com respeito a cada uma das áreas do conhecimento que são abordadas no artigo também apoia no momento da leitura, principalmente para aqueles que não possuem conhecimentos acerca de alguma das disciplinas. Contudo, a organização dos tópicos não é clara. O excesso de divisões, em alguns momentos desnecessárias, atrapalha o leitor no momento de dar continuidade ao raciocínio desenvolvido anteriormente. 
Apesar de possuir um fator negativo em sua construção, a sua leitura do artigo acima resenhado ainda é importante e recomendada para determinados públicos. Leitores que buscam entender mais sobre a relação entre Psicologia, Linguística e Neurociência, principalmente aqueles que já possuem conhecimentos sobre uma dessas disciplinas e desejam obter uma visão geral sobre essas relações e os seus frutos; leitores que buscam bases para pesquisas que interliguem essas áreas, visto que relações passadas entre essas podem ajudam na construção de novas relações. Esses são alguns exemplos de públicos que farão bom uso das informações trazidas pelo artigo e que ajudam na construção de novos conhecimentos e no desenvolvimento das diversas ciências nele citadas.
Laura Lima Silva

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