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FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE Arno Wiese © Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB) W651f Wiese, Arno. Fundamentos da contabilidade / Arno Wiese. – Curitiba: Dtcom, 2017. 144 p. ISBN: 978-859-368-514-9 1. Contabilidade. 2. Administração financeira. 3. Fluxo de caixa. CDD 657 Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Arno Wiese Validação da Disciplina Douglas Bastos Rodrigues Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Visão geral da contabilidade ..................................................................................................7 02 Campo de atuação e usuários da Contabilidade .............................................................14 03 Finalidade da informação contábil e abrangência da Contabilidade ...........................21 04 Técnicas contábeis ................................................................................................................28 05 Princípios de Contabilidade ..................................................................................................36 06 O Patrimônio ...........................................................................................................................44 07 Bens e sua classificação. Direitos e obrigações patrimoniais ......................................52 08 Ativo e passivo ........................................................................................................................59 09 Diferença de patrimônio e patrimônio líquido ...................................................................65 10 Equações patrimoniais ..........................................................................................................71 11 Contas .......................................................................................................................................77 12 Teorias das contas .................................................................................................................83 13 Livros de registro da contabilidade .....................................................................................90 14 Métodos de Escrituração e Lançamentos .........................................................................96 15 Atos e fatos administrativos.............................................................................................. 103 16 Escrituração contábil .......................................................................................................... 109 17 Elaboração dos Razões Contábeis .................................................................................. 115 18 Balancete ............................................................................................................................... 123 19 Balanço patrimonial ............................................................................................................ 130 20 Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) ............................................................ 137 Visão geral da contabilidade Arno Wiese Introdução Você saberia dizer para que serve a Contabilidade? Ou ainda, saberia como aplicá-la em uma empresa? Nesta aula vamos estudar a história da Contabilidade, além e conhecer seu conceito, objetivo e objeto. Pronto para começar? Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o que é a Contabilidade; • compreender o objetivo da Contabilidade. 1 Introdução Para estudarmos Contabilidade precisamos definir, primeiramente, os princípios, regras de conduta e possíveis aplicações, que devem ser seguidos com o objetivo de padronizar procedi- mentos técnicos. (Ferreira, 2015). Mas quais são as atribuições destes profissionais da área con- tábil? Perceba que os contadores são responsáveis, principalmente, por fazer e registrar contas de uma pessoa ou até mesmo de uma organização. SAIBA MAIS! Você sabia que, em média, o contador tem 40 anos de idade e cerca de 65% dos profissionais são do sexo masculino? Ou ainda, que em torno de 70% estão na pro- fissão há mais de 15 anos, sendo suas principais queixas: falta de valorização pela sociedade, constantes mudanças na legislação e burocracia dos órgãos públicos. Estas e outras informações estão disponíveis no portal do Conselho Federal de Con- tabilidade em uma pesquisa realizada em 2013 sobre o perfil do profissional. Dis- ponível no link: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/12/ livro_perfil_2013_web2.pdf>. De acordo com Ferreira (2015), a Contabilidade é uma ciência, pois se baseia em um con- junto organizado e aprofundado de conhecimentos, sobre um determinado assunto, a partir de um método científico. Na Contabilidade, especificamente, estudamos o patrimônio do ponto de vista – 7 – TEMA 1 econômico e financeiro, além de técnicas de controle e análise dos elementos patrimoniais, assim como suas modificações ao longo do tempo. No entanto, ao contrário da Matemática, classificada como ciência exata, a Contabilidade é considerada uma ciência social, pois, para compararmos informações contábeis de uma mesma empresa, em diversos períodos, ou de empresas diferentes, num mesmo período, é preciso que haja uniformidade na adoção de regras e princípios. FIQUE ATENTO! A palavra Contabilidade quer dizer contar algo, computar ou calcular. Figura 1 – Contabilidade Fonte: Syda Productions/ Shutterstock.com Note que é responsabilidade dos contadores realizar os registros contábeis dos aconteci- mentos que alteram o patrimônio de uma organização. São estas informações que devem espe- lhar a realidade da empresa, permitindo, inclusive, comparações futuras de dados contábeis em períodos diferentes. Vale destacar ainda a possibilidade de comparar dados de empresas diferen- tes, normalmente, do mesmo ramo de negócios. No próximo tópico faremos uma abordagem breve sobre a história da Contabilidade. Acompanhe. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 8 – 2 Breve história da Contabilidade Desde os primórdios da civilização há registros de que o ser humano desenvolveu a capaci- dade de armazenar bens e, consequentemente, de controlá-los. De acordo com Padoveze (2016), há evidências históricas de registros contábeis nas antigas civilizações dos sumérios, babilônios, assírios, egípcios, hebreus, gregos etc. Em 1494, por exemplo, foi publicado na Itália o “Tractatus de Computis et Scripturis”, de autoria do frei Luca Pacioli, comumente citado como o pai da Contabilidade. Em seu tratado, Pacioli des- creve um método de escrituração contábil, chamado Método das Partidas Dobradas, sistematizando conceitos e o instrumental contábil para registro e controle de um patrimônio. Foi a partir do Método das Partidas Dobradas, por exemplo, que criou-se a figura do patrimônio líquido, que consiste na diferença entre a soma dos bens e direitos, e as obrigações de uma empresa. (Padoveze, 2016). Desta forma, observe que no início da Contabilidade o registro era feito em partidas simples, ou seja, bens e direitos eram contabilizados por meio de um inventáriopatrimonial, prática que ainda está em uso atualmente. Este método consiste, simplesmente, em contar os bens. Foi assim que surgiu o nome Contabilidade, a ciência de contar. Com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII, na era comercial da civilização, a ciência contábil ganhou ainda mais importância, recebendo o status imprescindível de regulamen- tar as relações da sociedade. Foi nesta época que a Contabilidade passou a ser vista como a Ciên- cia do Controle do Patrimônio, incorporando o conceito de contabilidade de custos, um ramo da Contabilidade que se ocupa em produzir informações gerenciais em prol da locação mais precisa dos custos aos produtos. Posteriormente, no final do século XIX e início do século XX, podemos observar a evolução da Contabilidade em direção aos conceitos gerenciais, abrangendo informa- ções fornecidas aos gestores, ou seja, ao público interno da empresa, responsável por organizar, planejar, dirigir e controlar as operações. SAIBA MAIS! As primeiras escritas contábeis remontam ao término da Era da Pedra Polida, quando o homem registrava desenhos e gravações. No entanto, quem fazia os controles, nesta época e durante vários séculos, eram os templos religiosos. Os sumérios, babilônicos e assírios faziam os registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam, aproximadamente, de 2,5 a 4,5 centímetros. Vamos agora analisar o conceito da Contabilidade. Você sabe como podemos defini-la? Con- fira a seguir. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 9 – 3 Conceito de Contabilidade Como já vimos, a contabilidade é a ciência de contar algum bem ou patrimônio. Para Ribeiro (2010), a Contabilidade é a ciência que possibilita, por meio de técnicas, o controle permanente do patrimônio das empresas e pessoas. Neste caso, é preciso levar em conta também a defi- nição deste autor para empresa: uma unidade de produção, resultante da combinação dos três fatores de produção (natureza, trabalho e capital) constituída para o desenvolvimento de uma ati- vidade econômica. Já patrimônio podemos definir como o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa (Padoveze, 2016). Podemos citar como exemplos de patrimônio: os bens e direitos, tais como: veículos, saldos em contas bancárias, estoques de mercadorias etc. Figura 2 – Estoques e patrimônio Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock.com FIQUE ATENTO! A finalidade da Contabilidade é fornecer informações sobre o patrimônio e a forma como ele se transforma, auxiliando o gestor e/ou proprietários da empresa nas to- madas de decisões. Assim, é importante perceber como a Contabilidade está presente na nossa vida cotidiana, considerando que as pessoas vivem em torno de suas propriedades e preocupam-se em consumir e adquirir novos bens e serviços, em prol de um futuro mais tranquilo. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 10 – 4 Objetivo da Contabilidade O objetivo da Contabilidade é fazer registros em livros contábeis de forma que qualquer pessoa, que conheça esta ciência, consiga entender. Para que isso aconteça, é necessária a exis- tência de um método padrão de registro. Dito de outra forma, o objetivo da contabilidade é o con- trole do patrimônio. Mas, como é feito este controle? É por meio da coleta, armazenamento e processamento das informações, originárias dos fatos, que podemos alterar o patrimônio num determinado período de tempo (Padoveze, 2016). Observe este exemplo: a conta créditos a receber muda, constantemente, em uma empresa, mas vamos supor que no final de um determinado ano ela apresentou o valor de R$ 50.600,00, e no final do ano seguinte o valor de R$ 42.000,00. Essa variação ocorrida nessa conta é uma alteração de patrimônio, que a Contabilidade acompanha fazendo os registros pertinentes, com posterior demonstração e análise do ocorrido. De acordo com Ferreira (2015), a Contabilidade tem a finalidade de fornecer aos seus usu- ários, que podem ser internos ou externos, informações úteis para o planejamento, controle e tomada de decisões. Isso quer dizer que a Contabilidade não faz apenas registros, mas produz relatórios que serão utilizados nas empresas. FIQUE ATENTO! Todo e qualquer registro contábil necessita, obrigatoriamente, de um documento confiável sobre a sua origem, podendo ser uma nota fiscal, emitida na compra ou na venda, um contrato, uma conta de energia elétrica etc. Figura 3 – Vender e comprar Fonte: ImageFlow / Shuterstock.com. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 11 – Por isso, grave bem: o principal objetivo da Contabilidade é prover informações para o plane- jamento e controle, fornecendo dados confiáveis referentes à situação patrimonial, econômica e financeira de uma organização. (SZUSTER et al, 2013). 5 Objeto da Contabilidade Há autores que falam em objetivo da Contabilidade e outros que se referem ao objeto da Contabilidade. Ferreira (2015), por exemplo, entende que o objeto é o assunto do qual a ciência se ocupa ou, dito de outra forma, aquilo que ela estuda. Para ele, o objeto ou assunto do qual a Con- tabilidade se ocupa é o patrimônio de uma entidade ou organização. Padoveze (2016), por sua vez, define o mesmo conceito de controle do patrimônio, mas entende que esse é o principal objetivo da Contabilidade, ou seja, a Contabilidade controla o patrimônio. Na avaliação deste autor, o patrimônio é o objeto da Contabilidade e o seu controle é o objetivo. Apesar destas visões diferentes, devemos ter em mente que a preocupação da Contabilidade é com o patrimônio das organizações e das pessoas, e que o controle deste patrimônio deve ser realizado de forma consistente e confiável. EXEMPLO Entre os inúmeros exemplos de patrimônios, podemos citar: uma fábrica, automó- vel, casa, depósitos bancários, padaria, ativo etc. Figura 4 – Fábrica Fonte: nrqemi / Shutterstock.com. Você deve ter notado que o objeto ou objetivo da Contabilidade são conceitos que se con- fundem e, ao final, querem dizer, praticamente a mesma coisa: controlar o patrimônio de uma entidade seja ela de fins lucrativos ou não. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 12 – EXEMPLO Vamos ver agora um exemplo de registro de capital de uma pequena empresa. Ima- gine que você queira abrir uma padaria. Suponha que para isso seja necessário um capital inicial de R$ 100 mil. Com este dinheiro serão feitas aquisições para que a padaria comece a funcionar. Você terá que comprar o ponto comercial, balcão, máquinas e equipamentos para produção de pães, além de geladeiras, mesas e ca- deira. Lembre-se também que é importante deixar um dinheiro no caixa para realizar compras de mercadorias. Confira a seguir um resumo da série de bens que serão ad- quiridos com os R$ 100 mil: ponto comercial: R$ 20 mil; balcão: R$ 5 mil; máquinas e equipamentos para produção: R$ 40 mil; geladeiras: R$ 10 mil; mesas e cadeiras: R$ 10 mil; dinheiro em caixa: R$ 15 mil. Desta forma, podemos dizer que o patrimônio inicial dessa padaria é a soma de todos os bens descritos, ou seja, R$ 100 mil. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer a história da Contabilidade, desde sua evolução até os dias atuais; • estudar o conceito de Contabilidade, assim como sua aplicação; • compreender o objetivo e o objeto da Contabilidade. Referências CONSELHO FEDERAL de Contabilidade. Pesquisa Perfil do Profissional da Contabilidade 2012/13. Brasília, 2013. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/12/ livro_perfil_2013_web2.pdf>. Acesso em: 29 jun 2017. ______. Procedimentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, 2013. Disponível em: <http://portalcfc. org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf>. Aceso em: 29 jun 2017. FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica.13 ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015. PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Básica. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2016. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. SZUSTER, Natan; et al. Contabilidade Geral. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2013. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 13 – Campo de atuação e usuários da Contabilidade Arno Wiese Introdução Para todos os ramos do conhecimento humano, existem áreas nas quais esses conhecimen- tos são aplicados, testados e colocados em funcionamento. Na prática, é onde se usa aquilo que a teoria estuda e propõe. Na Contabilidade não é diferente: ela também se estrutura para fornecer informações que serão utilizadas no mundo dos negócios. Você pode tentar imaginar vários tipos de organizações, como governos, empresas públicas, particulares, instituições sociais, clubes e associações – todas elas devem ser adequadamente organizadas e bem controladas para que possam atingir seus objetivos. Isso é feito pela Contabilidade, e é este o seu campo de aplicação. Nesta aula, conheceremos melhor o espaço de atuação da Contabilidade, além de entender quem são os seus usuários, a diferença entre as pessoas física e jurídica, sociedades anônimas, empre- sas de responsabilidade limitada (Ltda) e outros conceitos importantes da área. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer o campo de atuação da Contabilidade; • conhecer os principais usuários da Contabilidade. 1 Pessoas físicas e jurídicas Pessoa física é o ser humano natural. São os contadores, os administradores, os mecânicos, os médicos, as empregadas domésticas, os estudantes, os trabalhadores autônomos e assim por diante. Essas pessoas físicas também necessitam controlar as suas despesas, receitas e patrimô- nio – portanto, fazem uso da Contabilidade. Podemos dizer que as pessoas físicas agem sempre de maneira que as pessoas jurídicas funcionem. Os atos de administrar, gerir bens, acessar direitos e cumprir obrigações, além de con- duzir outras pessoas, fazem parte de seu cotidiano, e assim se atinge os objetivos propostos pela ciência contábil. Por outro lado, as pessoas jurídicas são instituições econômico-administrativas, com finali- dades sociais ou visando à obtenção de lucros. – 14 – TEMA 2 Figura 1 – Pessoas físicas Fonte: LANTERIA/Shutterstock.com EXEMPLO Imagine um patrimônio que não esteja sendo administrado – ocioso, paralisado, sem modificações patrimoniais, como um terreno sem uso ou uma fábrica paralisada. O patrimônio não está sofrendo alterações significativas e, portanto, o contabilista não teria trabalho a fazer. No entanto, se o proprietário desse patrimônio começa a geri-lo com a finalidade de gerar lucros, então o trabalho do contabilista começará a ter rele- vância (FERREIRA, 2015). As instituições com objetivos sociais são aquelas que têm por objetivo o bem-estar social da coletividade, como associações esportivas e recreativas ou hospitais beneficentes. Ainda podem ser incluídos como instituições sem fins lucrativos, mas não necessariamente beneficentes, as pessoas jurídicas de direito público, como os governos municipais, estaduais e federal, com suas autarquias e repartições públicas (VICECONTI; NEVES, 2014). Já as empresas são consideradas entidades com fins lucrativos. Elas desenvolvem os mais variados ramos de atividade, desde a agricultura, comércio e indústria a uma infinidade de presta- ções de serviços (RIBEIRO, 2010). Assim, podemos afirmar que os usuários da Contabilidade são todas as entidades que utili- zam as informações fornecidas por ela para controlar o seu patrimônio. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 15 – 2 Usuários externos e usuários secundários A Contabilidade, pela sua importância e dinâmica, comumente tem uma série de usuários interessados, como já vimos anteriormente, que dela se utilizam para interesses dos mais diversos. Existem, por exemplo, os usuários externos: são os acionistas não controladores da empresa, os credores de modo geral, os integrantes do mercado decapitais – como investidores em bolsas de valores –, as instituições financeiras, os fornecedores e assim por diante. FIQUE ATENTO! O campo de atuação da Contabilidade é vasto, envolvendo praticamente todas as atividades humanas. Os usuários da Contabilidade são todos aqueles que direta ou indiretamente se utilizam das informações fornecidas por ela, seja para acompa- nhar o desenvolvimento da entidade, tomar decisões, ou ainda conhecer garantias de cumprimento dos compromissos junto aos clientes, fornecedores, credores e fisco (RIBEIRO, 2010). Esses usuários têm particular interesse nas demonstrações contábeis que uma empresa elabora e publica, que são principalmente o balanço patrimonial e o demonstrativo de resultados do exercício. Esses demonstrativos são analisados profundamente pelos interessados em infor- mações que baseiam seus investimentos futuros. Isso é especialmente importante para as sociedade anônimas que tem ações negociadas nas bolsas de valores. Estes demonstrativos contêm informações preciosas para os investidores tomarem suas decisões e são aguardados com ansiedade quando o período de divulgação se aproxima – em geral, ao final de cada trimestre. SAIBA MAIS! O Portal do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) publica diversos informes, notícias e artigos falando sobre a legislação e o uso da Contabilidade. O material é voltado de profissionais a estudantes, entidades públicas ou privadas. Vale a pena navegar e obter mais informações no site da entidade: <www.cfc.org.br>. Já os usuários internos (também chamados de secundários por alguns autores) são os admi- nistradores das instituições, os acionistas controladores ou cotistas, no caso de uma empresa de responsabilidade limitada, os empregados, os gerentes e demais pessoas que se utilizam dos dados contábeis de uma organização. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 16 – 3 Usuários da informação contábil e seus interesses O campo de aplicação da Contabilidade inclui todas as atividades econômico- administrati- vas, como empresas, governos, associações e assim por diante, tenham elas o objetivo de lucro ou não (RIBEIRO, 2010). Assim, podemos afirmar que a aplicação da Contabilidade é muito ampla e está presente em todas as atividades exercidas pelo ser humano. Da mesma forma, os usuários da Contabilidade são os mais variados, incluindo adminis- tradores, investidores, governos, empregados, financiadores, sócios e acionistas das empresas, enfim: toda a sociedade, cada qual com seus próprios interesses em relação às informações levan- tadas, produzidas e fornecidas. Figura 2 – Administradores e informações contábeis Fonte: JL-Pfeifer/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! A Contabilidade é exercida com a finalidade de fornecer a seus usuários informa- ções úteis para o planejamento, controle, tomada de decisões e outras atividades importantes. Nesse sentido, os administradores e gerentes são os grandes usuários internos e necessitam destas informações contábeis para melhor desempenhar as funções de gestão do patrimônio, o que implica em planejamento, controle e tomada de decisões. Os proprietários de empresas (cotistas e acionistas controladores) têm interesse em acom- panhar o desempenho da organização porque visam à obtenção de lucros e dividendos, buscando formas de estimular o crescimento dos negócios. Ao mesmo tempo, os acionistas não controladores, como os investidores de bolsas de valo- res, querem que a empresa se valorize para receberem lucros, seja com os dividendos ou com a compra e venda de ações. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 17 – SAIBA MAIS! No mundo complexo das relações trabalhistas, notadamente nas grandes compa- nhias que possuem muitos colaboradores,os sindicatos têm particular interesse nas divulgações dos demonstrativos contábeis. Isso é feito para verificar a lucratividade da organização, com o objetivo de barganhar melhor participação nos lucros da em- presa empregadora. Figura 3 – Investidores: corretora de valores Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com Por fim, como nos lembra Ferreira (2015), os credores e os fornecedores querem saber a situação econômico-financeira da empresa para verificar a sua capacidade de honrar os compro- missos assumidos, e o governo busca estas informações para fiscalizar o recolhimento correto dos tributos. 4 Principais tipos de pessoas jurídicas – Ltda e S/A Quando as empresas são constituídas, todo o processo deve ser feito sob uma determinada condição legal, chamada de forma de constituição jurídica. A constituição jurídica mais comum é a sociedade por quotas de responsabilidade limitada (Ltda), quando são constituídas através de contrato social, e o capital social é dividido em quotas. Uma empresa, quando é constituída, deve ter e deve declarar certo valor para iniciar o negó- cio. Esse valor inicial chama-se capital social. Assim, o instrumento jurídico utilizado para uma empresa de responsabilidade limitada é o chamado contrato social, onde consta o nome dos sócios, o valor do capital que cada um inte- gralizou, quem vai gerenciar o negócio e quais são seus poderes, e ainda quem vai representar a empresa perante terceiros. Esse documento é registrado na junta comercial do Estado de locali- zação da empresa. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 18 – O valor total do capital social é dividido em quotas e cada sócio terá o número de quotas pro- porcionais ao valor do capital integralizado. Neste caso, a responsabilidade dos sócios quotistas é limitada ao valor do capital investido. Figura 4 – Ações na bolsa de valores Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com Nas sociedades anônimas, conhecidas pela sigla S/A ou S.A., ou ainda por companhia, o capital social é dividido em número de ações. Essas empresas são regidas por um estatuto social, que é o documento jurídico válido de constituição da sociedade. É um documento público. EXEMPLO Um determinado sócio investiu R$ 10 mil em uma empresa, e este é o valor das quotas que ele possui. Sua responsabilidade com os negócios está limitada a esse valor. Por isso, é comum credores exigirem a fiança ou o aval dos demais sócios e cônjuges antes de concederem novos créditos a empresas, justamente para ampa- rar a negociação. FIQUE ATENTO! As sociedades anônimas são consideradas de capital fechado quando suas ações não são negociadas em bolsas de valores, e de capital aberto quando são. No estatuto social – regido pela Lei 6404/1976 – constam todas as condições que vão reger a sociedade anônima, desde o nome dos sócios e as respectivas ações, o valor do capital social, a responsabilidade de cada sócio para gerir o negócio, a representação perante terceiros, a finali- dade da empresa e outros itens. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 19 – Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os usuários internos e externos da Contabilidade; • compreender o papel das pessoas físicas e jurídicas envolvidas com o estudo e aplica- ção da Contabilidade; • identificar os usuários das informações contábeis e seus interesses; • entender os principais tipos de pessoas jurídicas, que são as sociedades de responsa- bilidade limitada e as sociedades anônimas. Referências BRASIL. Lei 6404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações, 1976. Dis- ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 03 jul. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Brasília. Disponível em: <cfc.org.br>. Acesso em: 03 jul. 2017. FERREIRA, Ricardo José. Contabilidade Básica. 13 ed. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2015. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade Básica. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 20 – Finalidade da informação contábil e abrangência da Contabilidade Arno Wiese Introdução A Contabilidade é a linguagem dos negócios. Essa é uma frase atribuída ao grande investidor norte-americano Warren Buffett, que afirmou em certa ocasião que existem muitas maneiras de descrever o que acontece numa empresa – mas seja lá o que for dito, sempre se retorna à lingua- gem da Contabilidade (SZUSTER et al., 2013). É através da Contabilidade que se traçam objetivos e se avaliam resultados e desempenhos. Você já pensou como seria feita a análise financeira de uma empresa sem a Contabilidade? Ou então, como um gestor poderia calcular a sua capacidade de pagar dívidas ou de projetar lucro? Essas são questões importantes que serão esclarecidas nesta aula sobre a finalidade da informação contábil. Conheceremos melhor a abrangência da Conta- bilidade e a sua utilidade prática, além de levantar uma discussão muito relevante sobre como o usuário destas informações pode aplicar estas ferramentas na sua empresa ou organização. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender as principais finalidades das informações geradas pela Contabilidade; • compreender a importância da Contabilidade para a tomada de decisões nas organizações. 1 Importância da Contabilidade para as organizações A importância da Contabilidade – que é uma ciência social – para as organizações é bastante clara: todas necessitam ter um instrumento que controle as suas atividades e operações. Assim, por exemplo, se uma empresa vende uma mercadoria ao cliente, ela precisa registrar essa venda através da Contabilidade, de maneira simples e correta, com o objetivo de mensurar a transação e verificar, no futuro, se a mesma gerou resultados positivos e lucro (PADOVEZE, 2006). Se a empresa fez a aquisição de uma máquina industrial, também é preciso fazer o registro contábil dessa aquisição, posteriormente visualizando as despesas com manutenção e deprecia- ção (que é o processo de perda de valor ao longo do tempo). Assim, todas as transações devem ser corretamente registradas, demonstradas e, mais tarde, analisadas. – 21 – TEMA 3 FIQUE ATENTO! A importância da Contabilidade está na necessidade de se mensurar o lucro e ava- liar o retorno dos investimentos. Figura 1 – Resultados e lucro Fonte: rangizzz/Shutterstock.com Assim, de maneira geral, a Contabilidade tem enorme importância para as entidades com fins lucrativos – as empresas –, pois essas são consideradas investimentos e, por isso, necessitam de um controle econômico. O investidor deseja obter retorno financeiro, uma vez que um investimento pressupõe tam- bém um ganho. É a Contabilidade que irá demonstrar se o retorno foi satisfatório ou não, e é isso que atrai ou afasta os investidores, como nos explica Padoveze (2006). SAIBA MAIS! A história da área contábil é repleta de curiosidades. Uma delas diz respeito ao co- meço da Contabilidade, que se considera ter sido há cerca de 8 mil anos. Veja como os principais autores da área dividem a história da Contabilidade. • História Antiga, ou época da Contabilidade Empírica: vai de cerca de 8 mil anos atrás até 1202 de nossa era. • História Média, ou época da Sistematização da Contabilidade: de 1202 até 1494. • História Moderna, ou época da Literatura da Contabilidade: de 1494 a 1840. • História Contemporânea ou Científica da Contabilidade: de 1840 até os nossos dias. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 22 – SAIBA MAIS! Leia este artigo no portal do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR) parasaber mais detalhes sobre a história das ciências contábeis e seus períodos: < http://www.crcpr.org.br/new/content/curiosidades/index.php#3>O autor ainda nos lembra que as entidades sem fins lucrativos não são consideradas inves- timentos, pois não há um objetivo de lucro econômico, mas sim apenas a necessidade de obter receitas para cobrir os custos e continuar mantendo suas atividades. A Contabilidade também é útil e importante para essas entidades ao registrar adequadamente suas atividades e seu patrimônio. Assim, podemos concluir que a Contabilidade se constitui não apenas como um sistema de informação relevante para empresas, mas também serve como um tipo de prestação de contas para todos aqueles que têm interesse nessas informações. 2 Controle empresarial e processo de gestão O controle gerencial é determinante nos processos de gestão, e é difícil imaginar como uma empresa poderia ser gerida sem tais ferramentas. Não é possível gerenciar uma entidade, por mais simples que ela seja, sem um eficiente sistema de controle gerencial. As que fazem isso correm muito mais risco de não sobreviverem ao tempo. Figura 2 – Empresa industrial complexa Fonte: dotshock/Shutterstock.com Dessa forma, as empresas necessitam de um processo de controle permanente, denomi- nado processo de gestão. A Contabilidade participa de forma ativa nesse processo, mensurando as transações das atividades empresariais (PADOVEZE, 2006). FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 23 – Figura 3 – Pequena empresa comercial Fonte: MJTH/Shutterstock.com Ricardo Ferreira (2015) complementa, dizendo que a finalidade de manter a Contabilidade em uma entidade é para que ela forneça informações úteis para o planejamento, para o controle e para a tomada de decisões – o que, claro, a faz uma parte essencial do processo de gestão. É a Contabi- lidade que vai, por exemplo, levantar informações sobre receitas e despesas, disponibilizando dados de muitíssima importância aos gestores na hora de avaliar se o negócio está gerando resultados. FIQUE ATENTO! O processo de gestão pode definir atividades e operações dentro de uma entida- de, pois a Contabilidade não é apenas uma forma de controle, mas também uma ferramenta no planejamento e na tomada de decisões. O processo compreende as funções administrativas de planejar, executar e controlar – ou seja, o administrador, que é um gestor por excelência e tem acesso a essas ferramentas, deve usá-las para cumprir estas funções (PADOVEZE, 2006). O processo de gestão é, portanto, baseado nos dados e informações contábeis, que são um fundamento na tomada de decisões, como veremos a seguir. 3 Contabilidade, informação e tomada de decisão A Contabilidade produz informações através de seus relatórios, que servem de base para a tomada de decisões de vários públicos interessados. Os relatórios mais importantes são o balanço patrimonial (BP) e o demonstrativo de resultados do exercício (DRE). O BP espelha a realidade econômico-financeira da empresa, enquanto o DRE apresenta os resultados em um determinado período – ou seja, se a empresa deu lucro ou prejuízo. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 24 – É importante observar que a informação contábil mensura deforma econômica as transa- ções. Em outras palavras, tudo pode ser medido em valores monetários. É com a Contabilidade que iremos reunir e interpretar as transações de uma empresa, que em última análise, representam o seu valor econômico. EXEMPLO Além dos relatórios mais tradicionais da Contabilidade, que são o balanço patrimonial e o demonstrativo de resultados do exercício, existem vários outros, como o demons- trativo do fluxo de caixa (DFC), que mostra de forma mais precisa a situação financeira de curto prazo da empresa. Este relatório é importante aos credores e sócios porque implica diretamente na capacidade de pagamento dos compromissos. Assim, com base nessas informações fornecidas e detalhadas pela Contabilidade, os gesto- res e usuários internos e externos tomam suas decisões, buscando alternativas para solucionar uma questão ou um problema. Como lembra Padoveze (2016), isso é válido desde as decisões rotineiras, como por exemplo, registrar uma nota fiscal ou emitir um cheque, até as mais estratégi- cas sobre produção em escala ou grandes investimentos. Figura 4 – Decisões de produção Fonte: Rehan Qureshi/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Através da mensuração econômica e de seus sistemas de informações, a Contabili- dade consegue mostrar a empresa como um todo, pois atribui valor a tudo – desde um pequeno parafuso até o prédio de uma indústria, por exemplo (PADOVEZE, 2006). FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 25 – No entanto, o autor também ressalta que, para que a informação contábil seja aceita por todos dentro da empresa e sirva realmente de base para tomada de decisões, ela precisa ter outras qualidades, tais como: • trazer mais benefício do que custo para ser obtida; • ser compreensível; • ser útil para quem toma decisões; • possuir relevância e confiabilidade. Considerando essas qualidades, a informação contábil só faz sentido se realmente trouxer mais benefícios aos possíveis usuários do que os custos envolvidos na sua elaboração e assim possa realmente ser útil para a tomada de decisões. A elaboração de um relatório de faturamento passado para fazer projeções de vendas futu- ras, por exemplo, não será útil ao gestor na tomada de decisões se a busca por informações for algo demorado e caro, sem que traga uma perspectiva real de elevação correspondente nas ven- das futuras. SAIBA MAIS! É interessante imaginar como a Contabilidade pode ser aplicada (e compreendida de forma diferente) em diferentes áreas. Veja como se formou um grupo especial para discutir, por exemplo, a adequação de normas contábeis para clubes de fute- bol. Trata-se da informação contábil sendo usada e adaptada por diversos tipos de usuário: <http://cfc.org.br/destaque/grupo-discute-normas-contabeis-para-clubes- -de-futebol/>. As informações ainda devem ser relevantes e confiáveis, o que fará com que o usuário aceite essas informações da maneira como são apresentadas pela Contabilidade. Por fim, é importante destacar que as pessoas que vão utilizar as informações da Conta- bilidade também precisam estar aptas a entender o que os dados demonstram. Elas precisam compreender os conceitos e a aplicabilidade da Contabilidade para fazer um bom aproveitamento do material. EXEMPLO Você deve conhecer a atividade de uma farmácia e já deve ter efetuado compras em várias. Entretanto, sem um conhecimento da Contabilidade, será que você conseguiria interpretar o balanço patrimonial e demonstrativo de resultados do exercício de uma drogaria? (SZUSTER et al., 2013) Caso o usuário não tenha conhecimento o bastante sobre Contabilidade a ponto de compre- ender as informações que são colocadas à sua disposição, elas não terão utilidade alguma. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 26 – Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • analisar a abrangência da Contabilidade nas atividades humanas em geral; • compreender a importância das informações contábeis, em especial para as empresas; • entender como é realizado e qual é a finalidade do controle empresarial; • compreender o que representa o processo de gestão nas empresas; • saber de que modo a informação contábil é útil na tomada de decisões dentro das organizações. Referências CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO PARANÁ (CRCPR). Curiosidades - História da Contabilidade. Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/content/curiosidades/index.php#3>. Acesso: 5 jul. 2017. FERREIRA, Ricardo José. Contabilidade Básica. 13. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015. PADOVEZE, Clóvis Luiz. Introdução à Contabilidade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. SZUSTER, Natan; et al. Contabilidade Geral: introdução à contabilidade societária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013. VICECONTI, Paulo. NEVES, Silvériodas. Contabilidade Básica. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. WIGHTMAN, Joana. Grupo discute normas contábeis para clubes de futebol. Disponível em: <http://cfc.org.br/destaque/grupo-discute-normas-contabeis-para-clubes-de-futebol/>. Acesso: 5 jul. 2017. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 27 – Técnicas contábeis Arno Wiese Introdução As técnicas contábeis nada mais são do que vários procedimentos adotados para colocar em prática a teoria da Contabilidade e seus princípios. Em outras palavras, é o modo como o contabi- lista faz seu trabalho, que é registrar, controlar, expor, verificar a correção (ver se tudo foi registrado corretamente e ajustar, se for o caso) e interpretar o patrimônio e suas variações. Nesta aula, você conhecerá um pouco da dinâmica do ambiente da Contabilidade e será apresentado a algumas das técnicas mais relevantes da área. Também irá conhecer o papel da auditoria para o contador e para as empresas no dinâmico mundo dos negócios. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender as técnicas contábeis existentes; • compreender as diversas finalidades das técnicas contábeis. 1 Escrituração contábil A escrituração contábil é a técnica utilizada para registrar, mediante os lançamentos contá- beis, os atos e fatos que ocorrem em uma organização. Em outras palavras, é o registro nos livros contábeis daquilo que ocorre no dia a dia das empresas e que afetam ou possam vir a afetar o seu patrimônio. O registro de cada ação ou fato chama-se lançamento. Segundo Viceconti (2013), são elementos essenciais do lançamento contábil: • local e data do registro; • contas debitadas e creditadas; • histórico da operação; • valor da operação; • encerramento do lançamento. – 28 – TEMA 4 EXEMPLO Confira este exemplo de lançamento em livro contábil. Suponha que uma empresa adquiriu um veículo destinado à administração pelo valor de R$ 50 mil à vista, no dia 19 de junho de 201X da revendedora Alfa, conforme nota fiscal número 1000. Data : 19/06/201X Conta debitada: Veículos R$ 50.000,00 Conta creditada: Caixa R$ 50.000,00 A empresa adquirente vai fazer o seguinte lançamento em sua contabilidade: Local, 19 de junho de 201X Veículos a Caixa R$ 50.000,00 Compra de um veículo, conforme nota fiscal número 1000 da empresa Alfa. Figura 1 – Lançamentos contábeis Fonte: Maryna Pleshkun/Shutterstock.com A escrituração é outro conceito importante. Na realidade, o lançamento contábil é exata- mente o que antecede a escrituração: ambos os processos são muito parecidos, pois consistem no registro dos acontecimentos em livros da contabilidade. É a Contabilidade que separa esses dois processos. O lançamento obedece a um passo a passo para que o registro seja feito na forma, na ordem, em livros e contas corretos. Já a escrituração é o nome da técnica completa, incluindo a soma de todos os lançamentos que resultarão nos livros preenchidos da forma correta, assim como a legislação prevê. Também podemos dizer que a escrituração é o nome legal para o lançamento. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 29 – SAIBA MAIS! Os ensinamentos contábeis estão presos a uma didática construída e estruturada em meados do século passado. Por esse motivo, a terminologia muitas vezes pare- ce inadequada aos dias de hoje. Quando falamos em livros contábeis, por exemplo, devemos nos remeter ao século passado, em que estes registros eram feitos em livros de fato. No entanto, hoje as técnicas e instrumentos mais avançados per- mitem que o contador realize este serviço em computadores e softwares. Ainda assim, a terminologia antiga permanece. Atualmente os registros contábeis são feitos utilizando o método das partidas dobradas. Isto quer dizer que para cada débito, há um crédito correspondente, e vice-versa, sendo que a conta devedora representa a aplicação dos recursos (para onde os recursos estão sendo destinados) e a conta creditada representa a origem dos recursos (as fontes). FIQUE ATENTO! A escrituração contábil é a técnica utilizada para o registro dos fatos contábeis – ou seja, que alteram o patrimônio. É feita através dos lançamentos em livros específi- cos destinados ao registro. Agora que você conhece estas importantes ferramentas, vamos abordar também as demons- trações contábeis decorrentes – que são, justamente, resultantes dos lançamentos e da escrituração. 2 Demonstrações contábeis A demonstração contábil é a técnica que consiste em mostrar a situação financeira e patri- monial da entidade em determinada data, e as variações ocorridas durante um certo período. Segundo Ferreira (2015), os exemplos mais clássicos de demonstrações financeiras são o balanço patrimonial e a demonstração de resultados do exercício, os quais detalharemos a seguir. O balanço patrimonial (BP) é a demonstração contábil que tem o objetivo de expressar os elementos financeiros e patrimoniais de uma empresa, de forma ordenada. As aplicações de recur- sos (ativo) e as origens desses recursos (passivo) são agrupadas de modo a facilitar o conheci- mento e a análise dos dados da empresa. No balanço patrimonial, as contas do ativo são apresentadas na ordem decrescente de liqui- dez, enquanto as contas do passivo devem obedecer à ordem decrescente das exigibilidades (VICECONTI, 2013). FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 30 – Figura 2 – Custos e lucros Fonte: PixDeluxe/Shutterstock.com Importante lembrar que a liquidez é a capacidade de um ativo ser convertido em moeda cor- rente. Assim, quanto mais próximo um ativo estiver de se transformar em dinheiro, maior será sua liquidez. Um cheque, por exemplo, tem maior liquidez do que um veículo. FIQUE ATENTO! No balanço patrimonial, os elementos do patrimônio devem ser agrupados para facilitar o entendimento e a análise da situação financeira da empresa, e por isso devem ser apresentados por ordem decrescente de liquidez das contas do ativo, e por ordem decrescente de exigibilidades nas contas do passivo. EXEMPLO O exemplo de balanço patrimonial abaixo mostra como deve ser feita a inclusão de dados. Na coluna da esquerda, é possível identificar que a conta caixa da empresa possui mais liquidez que as duplicatas a receber e os imóveis, por exemplo. Já na coluna da direita, percebe-se os salários devem ser pagos antes dos financiamentos a longo prazo ou da retenção dos lucros dos sócios. Ativo Passivo Caixa Salários a pagar Bancos Duplicatas a pagar Duplicatas a receber Financiamentos a longo prazo Imóveis Lucros retidos FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 31 – Já o objetivo da demonstração de resultados do exercício (DRE) é fornecer o resultado líquido em um determinado período, decompondo-o em receitas e despesas. Ele é apresentado de forma vertical, começando pela receita bruta que a entidade teve com vendas e serviços no período em questão. Deste valor são diminuídas as eventuais devoluções de mercadorias e seus correspondentes custos, levando ao resultado bruto. Daí são deduzidas então as despesas operacionais, apurando-se o resultado do exercício do qual ainda será deduzida a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), um tributo federal. SAIBA MAIS! A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ou CSLL, foi instituída pela Lei nº 7.689, de 1988. Ela incide sobre o lucro líquido das empresas e é destinada à seguridade social. Você pode acessar a lei com mais detalhes sobre o tributo no link: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7689.htm> Feita a dedução dessa contribuição, obtém-se um novo resultado, do qual deve ser deduzido ainda o Imposto de Renda (IRPJ)e a participação nos lucros de acionistas e empregados. Chega-se assim ao resultado final, que é chamado de lucro ou prejuízo líquido do exercício (VICECONTI, 2013). O balanço patrimonial e o demonstrativo de resultados do exercício são os principais relató- rios ou demonstrações fornecidas pela Contabilidade e muito utilizados não apenas pela própria empresa, mas também pelos usuários externos de forma geral. Importante lembrar ainda que existem diversos outros formatos de demonstrações, como o demonstrativo de lucros ou prejuízos acumulados (DLPA), o demonstrativo das mutações do patrimônio líquido (DPML) e a demonstração dos fluxos de caixa (DFC). A seguir, vamos conhecer melhor uma importante prática de verificação das informações fornecidas pela Contabilidade: a auditoria. 3 Auditoria A auditoria é uma técnica contábil por meio da qual o auditor (interno ou externo) verifica se a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com as normas definidas pelo Conselho de Pronunciamentos Contábeis (CPC), um órgão vinculado ao Conselho Federal de Contabilidade. A auditoria também apura se as informações refletem efetivamente as transações realizadas e a situação patrimonial da empresa (FERREIRA, 2015). É importante saber que as companhias de capital aberto obrigatoriamente devem ser audita- das por auditores independentes externos, registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza as empresas com ações nas bolsas de valores. Como nos explica Ferreira (2015), esta auditoria independente tem como objetivo a emissão de um relatório, onde o auditor irá afirmar se as demonstrações contábeis traduzem de forma correta todos os aspectos impor- tantes e a situação do patrimônio da empresa. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 32 – Figura 3 – Auditor Fonte: Bacho/Shutterstock.com Por outro lado, as auditorias internas são realizadas por funcionários da empresa, que farão um relatório no qual informarão à administração o trabalho realizado, a conclusão obtida por eles e, se preciso, as recomendações e providências que devem ser tomadas para o aprimoramento do sistema contábil. Agora que sabemos como as demonstrações contábeis devem ser feitas e conhecemos o papel de uma auditoria que valide estas informações, entenderemos também como os dados produ- zidos pela Contabilidade podem ser analisados por empresas ou pessoas externas à organização. 4 Demonstrações contábeis e financeiras Elaborados os relatórios contábeis, o passo seguinte é fazer a sua análise. Afinal, para fins de administração, só faz sentido elaborar relatórios se eles forem realmente úteis para a empresa e usuários externos. A técnica empregada para a interpretação das informações contidas nas demonstrações contábeis chama-se análise das demonstrações contábeis ou análise de balanços. É através dela que é feita a decomposição, a comparação e a interpretação das informações fornecidas pela Contabilidade. A partir disso, pode-se efetuar a análise da lucratividade, da liquidez, os prazos de compras e de vendas e assim por diante. É possível também fazer a comparação da evolução de um ano para o outro, ou mesmo em relação às empresas concorrentes (FERREIRA, 2015). FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 33 – FIQUE ATENTO! A análise das demonstrações contábeis não é uma exigência legal. Como nos expli- ca Ferreira (2015), ela é feita a partir da necessidade de se obter informações mais adequadas sobre a situação econômico-financeira da empresa, e leva em consi- deração o processo de formação dos resultados (lucros ou prejuízos) e também a capacidade de pagamento das obrigações (fluxo de caixa). Figura 4 – Análise de relatórios Fonte: Kzenon/Shutterstock.com Tão importante – ou até mais – do que elaborar as demonstrações contábeis é fazer sua análise e interpretação corretas. Uma leitura errada ou superficial dos dados pode ter resultados catastróficos, mesmo que as informações tenham sido produzidas corretamente. Lembre-se que apenas a interpretação apurada destas demonstrações tornará possível identificar fraquezas e reforçar os pontos fortes da empresa. Fechamento Nesta aula você teve a oportunidade de: • conhecer a função da escrituração contábil; • compreender o que são demonstrações contábeis; • entender o papel da auditoria nas empresas; • saber a importância das análises das demonstrações financeiras. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 34 – Referências BRASIL. Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Institui contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L7689.htm>. Acesso: 7 jul. 2017. FERREIRA, Ricardo José. Contabilidade Básica. 13 ed. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2015. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. VICECONTI, Paulo. Contabilidade Básica. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 35 – Princípios de Contabilidade Arno Wiese Introdução Ao longo da evolução das necessidades de controle nas organizações, a Contabilidade foi se aperfeiçoando e criando instrumentos para o registro dos fatos que afetam o patrimônio. Mais quais são, afinal, os princípios que regem a Contabilidade em si, e como eles foram desenvolvidos? Neste aula, vamos aprender sobre estes princípios e também sobre como estas regras básicas sustentam toda a teoria contábil. Estudaremos a conceituação dos princípios, sua amplitude e a sua observância, analisando também o que dizem entidades como o Conselho Federal de Conta- bilidade (CFC) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender os princípios que regem a Contabilidade; • compreender o conceito e amplitude dos princípios de Contabilidade e o CPC. 1 Os princípios e sua observância A Contabilidade é uma ciência cujas atividades são essencialmente práticas. No decorrer dos anos, diversos critérios foram sendo desenvolvidos diante dos problemas que surgiam, e várias opções foram sendo aplicadas – tudo com o objetivo de controlar o patrimônio das entidades da melhor forma possível (PADOVEZE, 2016). Assim sendo, podemos afirmar que os princípios contábeis nada mais são do que estes critérios gerais, aceitos e utilizados pelos contadores em suas atividades. FIQUE ATENTO! Os princípios contábeis são a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência so- cial da Contabilidade, cujo objetivo é mensurar e controlar o patrimônio das entidades. Estes princípios foram definidos em 1993 pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) na Resolução n. 750, e depois alterados em 2010 pela resolução nº 1.282. Eventualmente, estas resoluções foram revogadas, sendo substituídas em 2011 pela Resolução do CFC n. 1.374, que contempla os procedimentos públicos e privados em uma única norma legal. – 36 – TEMA 5 Figura 1 – O contador Fonte: Gyorgy Barna/Shutterstock.com É crucial as entidades levarem em conta que a observância destes pontos é obrigatória, sob pena de multa e suspensão do exercício da profissão (FERREIRA, 2015). Atualmente, os princípios contábeis em vigor são esses: • entidade; • continuidade; • oportunidade; • registro pelo valor original; • competência; • prudência. É importante esclarecer de antemão que existe certo conflito entre o Conselho Federal de Contabilidade – órgão responsável pelas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) – e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). A prudência, por exemplo, é um princípio de Contabilidade para o CFC, mas não para o CPC. Isso porque, para o CPC, o princípio retira a condição de representação fidedigna dos registros con- tábeis, pois se tornou inconsistente com a neutralidade.Na interpretação do comitê, a prudência adota a alternativa de que resulta no menor valor para o ativo, e no maior valor para o passivo, e por isso tende a expor um valor menor que o real do patrimônio (FERREIRA, 2015). Mais adiante ire- mos analisar o princípio da prudência com profundidade, onde esclareceremos melhor este tópico. Para que você entenda estas diferenças, é importante esclarecer que o CPC é um comitê criado pelo próprio CFC em 2005, com a intenção de acompanhar a internacionalização das nor- mas contábeis e buscar mais convergência entre os países. Isso foi pensado para se reduzir os riscos nos investimentos internacionais, facilitando a comunicação dos negócios no exterior e favorecendo redução dos custos de captação feitos no exterior, por exemplo. O objetivo é gradati- vamente promover a uniformização universal das demonstrações contábeis. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 37 – SAIBA MAIS! No portal do CFC, você pode obter mais informações sobre o Comitê de Pronuncia- mentos Contábeis, entender seus objetivos e conhecer melhor a história do órgão. Fundado pela Resolução nº 1.055/2005, o CPC foi idealizado a partir do trabalho conjunto de várias entidades, como você pode conferir no link: <http://cfc.org.br/ tecnica/grupos-de-trabalho/cpc/>. Em seguida, vamos analisar cada um dos princípios contábeis relacionados pelo CFC, des- crevendo também seus conceitos e amplitude. 2 Conceituação e Amplitude Quando dizemos que os princípios contábeis são a essência das transações contábeis, esta- mos afirmando que eles devem se sobrepor a outros aspectos. Independente da forma jurídica, a Contabilidade deve sempre traduzir em primeiro lugar o efeito econômico de uma transação (FERREIRA, 2015). EXEMPLO Uma empresa adquire um veículo com financiamento bancário e alienação fiduciária (que é um modelo de garantia), ficando o carro em garantia do pagamento da dívida – mesmo que de posse direta da empresa. Apesar de tecnicamente o veículo ser do banco, ele é registrado no ativo da empresa compradora, que o utiliza normalmente. Desse modo, podemos dizer que prevalece a essência da transação sobre outros as- pectos formais e legais. Vamos conhecer agora os princípios contábeis em vigor. • Princípio da entidade Como já sabemos, o objeto ou assunto do qual a Contabilidade trata é o patrimônio (FERREIRA, 2015). No entanto, é preciso definir claramente qual patrimônio será objeto de orientação, controle e registros contábeis. Assim, quando se tratar de uma empresa, por exemplo, é indispensável reconhecer a diferença entre os patrimônios dos sócios e o da pessoa jurídica, pois cada uma tem direitos e obrigações legais próprios. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 38 – Figura 2 – Pessoa física Fonte: spaxiax/Shutterstock.com Uma eventual ação judicial trabalhista deve ser proposta pelo empregado contra a empresa, e não contra os sócios da empresa, embora legalmente os sócios atuem em nome da pessoa jurídica. • Princípio da continuidade Este princípio pressupõe que uma entidade continuará em operação no futuro e a men- suração do patrimônio deverá levar isso em conta, ou seja: a avaliação dos ativos e passivos considera que uma empresa ou entidade se manterá ao longo do tempo. Esse é um fato importante, porque a descontinuidade das operações normalmente tem efeito negativo sobre o patrimônio. Se uma empresa promove uma liquidação, por exemplo, é previsível que seus ativos se desvalorizem bastante, e imediatamente. FIQUE ATENTO! A não ser que existam dispositivos legais e contratuais, o que eventualmente acon- tece, ou caso existam evidências que apontem o contrário, deve-se presumir que a vida da entidade é contínua, e que ela desempenhará suas atividades por tempo indeterminado (FERREIRA, 2015). • Princípio da oportunidade O princípio da oportunidade é o que exige o registro de todas as variações sofridas pelo patrimônio, mesmo que sejam valores estimados. Evidentemente, deve-se buscar a inte- gridade (deixar os registros o mais confiáveis possível), mesmo que em algumas situa- ções isso seja bastante difícil. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 39 – EXEMPLO O registro da depreciação é a perda de valor de um bem ao longo do tempo, como uma máquina, um veículo ou um equipamento. Nem sempre se consegue determinar o va- lor exato desse prejuízo. Apesar disso, a depreciação deve ser registrada no momento – ou o mais próximo possível – em que ocorre a perda. Lembre-se que uma informação contábil divulgada fora do momento adequado ou que não seja confiável deixa de ser importante para os usuários interessados, o que pode inclusive prejudi- car a reputação da entidade e de seus profissionais. • Princípio do registro pelo valor original Este princípio determina que os itens que compõem o patrimônio devem ser registrados pelos seus valores originais e expressos em moeda nacional. Assim, por exemplo, se uma máquina é adquirida por um valor específico em reais (R$), é com este mesmo valor que ela deverá ser registrada. Existem fatores que poderão modificar o valor desse ativo no futuro, mas o ajuste é rea- lizado apenas quando estes fatos se concretizarem. Uma situação em que isso pode ocorrer é quando um bem é adquirido por uma empresa e, depois de certo tempo, é vendido por um valor diferente do registrado inicialmente. Figura 3 – Registro do valores Fonte: sergign/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 40 – • Princípio da competência Este princípio é aplicado na contabilização das receitas e despesas. Elas devem ser apropriadas nos seus respectivos meses de competência, ou seja: quando o fato eco- nômico aconteceu ou vier a acontecer, e não no mês de pagamento ou recebimento dos valores (PADOVEZE, 2016). Esse princípio também é conhecido como regime de competência de exercícios. Por exemplo: a empresa contrata uma apólice de seguros por um ano e, mesmo que ela pague o prêmio à vista, a despesa não poderá ser integralmente contabilizada já neste momento – mas apenas 1/12. Como a apólice do seguro cobre o período de 12 meses, cada mês terá a contabilização e apropriação somente de uma parte do valor do total. FIQUE ATENTO! O regime de competência de exercícios prevê que as receitas e despesas sejam contabilizadas quando efetivamente ocorrerem (momento econômico), e não quando pagas ou recebidas. A principal vantagem é que, assim, as alterações no patrimônio espelham adequadamente a realidade. • Princípio da prudência O princípio da prudência pressupõe usar certo grau de precaução em julgamentos que envolvam condições de incerteza. Isso atribui maior grau de confiabilidade no processo de avaliação e apresentação do patrimônio pela Contabilidade. SAIBA MAIS! No site do Conselho Federal de Contabilidade você pode obter mais informações sobre resoluções a respeito de cada um dos princípios contábeis. Acesse o link e confira: <http://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e- consideracoes/>. Consideremos a seguinte situação: a empresa está sofrendo um processo judicial e ainda não se sabe o desfecho. Em uma análise em casos semelhantes, chegou-se à conclusão que a empresa irá ganhar a questão – nesse caso, não há despesas a prever. Mas se a conclusão for o contrário, o contabilista terá mais incerteza sobre o quanto deve ser provisionado. É nesse tipo de caso em que deve prevalecer o princípio da prudência, que diz que o contabi- lista deve provisionar o valor mais provável de perda – porém, na dúvida, será melhor provisionar a possibilidade máxima de perda, evitando surpresas negativas no resultado da empresa. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 41 – Figura 4 – Ações judiciais e incerteza Fonte: Pixelbliss/Shutterstock.com Uma ação pode demorar para chegar a seu desfecho, e se não houverprudência, a empresa pode comemorar um balanço financeiro ilusório antes da decisão da Justiça. Fechamento Nesta aula você teve a oportunidade de: • entender o que são princípios contábeis e como eles devem ser observados e aplicados nos procedimentos contábeis das organizações; • compreender o que significa cada princípio contábil e suas particularidades; • conhecer melhor e diferenciar órgãos de controle, como o Conselho Federal de Conta- bilidade(CFC), e de orientação, como o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Dispo- nível em: <http://cfc.org.br/tecnica/grupos-de-trabalho/cpc/>. Acesso: 12 jul. 2017. ______. Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993. Dispõe sobre os Princípios Fundamen- tais de Contabilidade (PFC). Disponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_750.doc>. Acesso: 6 jul. 2017. ______. Resolução CFC nº 1055, de 7 de outubro de 2005. Cria o Comitê de Pronunciamento Con- tábeis (CPC) e dá outras providências. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ legislacao/cfc1055.htm>. Acesso: 6 jul. 2017. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 42 – ______. Resolução CFC nº 1282, de 28 de maio de 2010. Atualiza e consolida dispositivos da Reso- lução CFC n.º 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1282.doc>. Acesso: 6 jul. 2017. ______. Resolução CFC nº 1374, de 8 de dezembro de 2011. Dá nova redação à NBC TG ESTRU- TURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Fi- nanceiro. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao-cfc-1374-2011. htm>. Acesso: 6 jul. 2017. FERREIRA, Ricardo José. Contabilidade Básica. 13. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015. GIROTTO, Maristella. Revogação da Resolução n. 750/1993: contexto e considerações. Disponível em: <http://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/>. Acesso: 12 jul. 2017. PADOVEZE, Clóvis Luiz. Introdução à Contabilidade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 43 – O Patrimônio Arno Wiese Introdução O ser humano tem a capacidade de pensar e refletir sobre o que acontece tanto com ele quanto ao seu redor. Reflete, analisa e constrói ideias, conceitos e riquezas. Quando falamos em riquezas, nos vêm à mente a possibilidade de alguém ser rico, ou seja, ter muitos bens, ter um patrimônio expressivo. Nesta aula, vamos estudar o patrimônio, seus conceitos fundamentais, sua classificação, o que contabilmente constitui um patrimônio, os aspectos qualitativos e quantitativos e sua repre- sentação gráfica. Objetivos de aprendizagem Ao finalizar esta aula, você será capaz de: • compreender o conceito de patrimônio; • compreender os aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio e como isso pode ser representado graficamente. 1 Conceitos Fundamentais Muito se tem dito sobre o patrimônio, já que é objeto de estudo da contabilidade. Seu acú- mulo é o objetivo de um negócio bem-sucedido, e as mutações sofridas por ele, ao longo do tempo, devem ser controladas e registradas, e assim por diante. Mas o que é o patrimônio? Como vamos conceituá-lo, afinal? Segundo Ribeiro (2010, p. 15), “o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa, avaliado em moeda”. Já Padoveze (2016, p. 1) define como o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa (de uma entidade). São aqueles itens que a civilização convencionou chamar de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (característica de movimentado e ser tocado fisicamente), desejáveis etc. Temos ainda um terceiro conceito, o de Ferreira (2015, p. 37), que define o patrimônio como um “conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa, física ou jurídica, que possam ser avaliados em dinheiro”. – 44 – TEMA 6 Após ser definido, cabe ao contabilista as atividades de estudo, controle, exposição e demons- tração do patrimônio, de modo a poder informar a situação patrimonial de uma empresa em deter- minado momento, suas variações e as transações que o afetaram. (FERREIRA, 2015) FIQUE ATENTO! Quando avaliamos um patrimônio, temos de diminuir de seu valor o ônus que even- tualmente possa incidir sobre ele, como uma dívida contraída e ainda não paga. Figura 1 – Valor Fonte: Allstarsq/Shutterstock.com O patrimônio é composto por elementos positivos e negativos. Os bens e direitos são consi- derados positivos, pois formam o Ativo; já as obrigações são elementos negativos, pois diminuem o patrimônio, compondo o Passivo. Do ponto de vista contábil, mesmo quando as dívidas (obriga- ções) superam os bens e direitos, existe patrimônio. 2 Aspecto Qualitativo do Patrimônio Imagine que você seja proprietário de uma empresa e queira passar informações mais deta- lhadas sobre ela: o tamanho, o faturamento etc. Como vimos, você informará ao seu interlocutor que o Patrimônio da sua empresa é composto por: • bens; • direitos; • obrigações. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 45 – Porém, será possível avaliar o tamanho do Patrimônio somente com essas informações? Parece óbvio que não. Dessa forma, é necessário ressaltar dois aspectos fundamentais que a Contabilidade leva em consideração para poder representar adequadamente os elementos que compõe o patrimônio: o qualitativo e o quantitativo. (RIBEIRO, 2010). O aspecto qualitativo do patrimônio consiste em especificar, segundo a natureza de cada um, os Bens, como um carro; os Direitos, como as notas promissórias; e as Obrigações, o imposto a pagar, por exemplo. FIQUE ATENTO! É importante entendermos bem os aspectos qualitativos do patrimônio, que consis- tem de Bens (casa, dinheiro etc.); Direitos (notas promissórias a receber, faturas de cartão de crédito a receber etc.); e Obrigações (prestações de empréstimo a pagar, impostos a pagar etc.). Assim, o Patrimônio é representado pelos bens e também pelos direitos, que são igualmente considerados na avaliação das “riquezas”, pois, em determinado momento, deixamos os bens com outrem, o que caracteriza os valores a receber de terceiros. Se alguém tem um direito com um ter- ceiro, este tem uma obrigação para com ele, ou seja, quando nasce um direito para uma pessoa ou empresa, nasce também uma obrigação de terceiro para com essa pessoa ou empresa. (PADOVEZE, 2016). Dos bens e direitos, temos de deduzir as obrigações para alcançar o valor do Patrimônio. Dessa forma, com os elementos qualitativos que compõe o Patrimônio já especificados, segundo a natureza de cada um, podemos dizer que você está em melhores condições para tentar decifrar o tamanho da empresa. No entanto, essas informações ainda não são suficientes, pois algumas perguntas necessitam de respostas: Quanto dinheiro há em caixa? Quanto valem os veículos? E as máquinas? Qual é o valor dos compromissos a pagar? Enfim, qual é o valor do Patrimônio da empresa? (RIBEIRO, 2010). Daí surge a necessidade do segundo aspecto, o aspecto quantitativo do Patrimônio. 3 Aspecto quantitativo do Patrimônio O aspecto quantitativo pressupõe avaliar os Bens, os Direitos e as Obrigações e dar valor a eles, expressos em moeda, para que, assim, possamos conhecer o Patrimônio da empresa. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 46 – EXEMPLO A contabilidade da empresa X levantou o patrimônio da organização separando os itens do Ativo (Bens e Direitos) e do Passivo (Obrigações), especificando (aspecto qua- litativo), avaliando e mensurando (aspecto quantitativo), conforme tabela a seguir. Tabela 1 – Patrimônio da empresa X BENS: Dinheiro:R$ 10.000 Veículos: R$ 80.000 Máquinas: R$ 40.000 DIREITOS: Faturas do cartão a receber: R$ 8.000 Promissórias a receber: R$ 4.000 OBRIGAÇÕES: Empréstimos a pagar: R$ 12.000 Impostos a pagar: R$ 800 Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Agora, com base nas informações dos aspectos qualitativos e quantitativos, fica fácil avaliar o tamanho do Patrimônio da empresa, pois já se conhece o que e quanto a empresa possui em Bens, Direitos e Obrigações, definidos em valores monetários. SAIBA MAIS! Leia a reportagem sobre as maneiras de avaliar o patrimônio de uma empresa. Acesse: <http://exame.abril.com.br/pme/na-ponta-do-lapis/>. Considere, então, que o Patrimônio da empresa seja representado conforme tabela a seguir. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 47 – Tabela 2 – Patrimônio Dinheiro R$ 10.000 Empréstimos a pagar R$ 12.000 Veículos R$ 80.000 Impostos a pagar R$ 800 Máquinas R$ 40.000 Faturas a receber R$ 8.000 Promissórias a rec. R$ 4.000 Total......................... R$ 142.000 Total............................... R$ 12.800 Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Padoveze (2016, p. 5) afirma que “Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados elementos patrimoniais positivos, as obrigações, por serem de caráter restritivo, serão considera- das elementos patrimoniais negativos”. As informações sobre o Patrimônio calculado são comumente representadas graficamente pela Contabilidade, conforme trataremos a seguir. 4 Representação Gráfica do Patrimônio Até aqui, o Patrimônio foi representado como o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações. No entanto, para fins didáticos e facilitar a compreensão, foram desenvolvidos mecanismos para demonstrar graficamente sob a forma de um “T” grande, conforme a figura a seguir. Figura 2 – Gráfico de Patrimônio Fonte: elaborada pelo autor, 2017. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 48 – Como podemos observar, a figura gráfica tem dois lados: o esquerdo e o direito. Do lado esquerdo, são colocados os Bens e os Direitos, ou seja, os elementos positivos, os quais irão, mais adiante, compor as contas do Ativo do Balanço Patrimonial. Do lado direito, estão as Obrigações, ou seja, os elementos negativos, os quais irão, mais adiante, formar as contas do Passivo do Balanço Patrimonial. Tal nomenclatura foi definida pela Contabilidade, a qual atribuiu nomes aos componentes do Patrimônio dentro de uma lógica contábil que expressa isso. EXEMPLO Observe a disposição dos elementos no gráfico. À esquerda, acrescentamos os ele- mentos positivos representados pelos Bens e Direitos; à direita, os negativos represen- tados pelas Obrigações. Tabela 3 – Elementos do Patrimônio Elementos Positivos Elementos Negativos Bens • Caixa (dinheiro) • Estoques • Móveis e utensílios Obrigações • Duplicatas a pagar • Empréstimos a pagar • Impostos a pagar • Salários a pagar Direitos • Duplicatas a receber • Faturas cartão de crédito a receber Fonte: elaborada pelo autor, 2017. FIQUE ATENTO! Assim como, “sob o ponto de vista contábil, pode-se entender como Bens todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo” (RIBEIRO, 2010, p. 16), para Direitos podemos considerar todos os créditos que uma empresa tem a receber de alguém. Utilizamos essa representação por facilitar a visualização dos elementos positivos, mos- trando o que efetivamente a empresa possui (Bens e Direitos), também chamados de Ativos; e os negativos, o que ela deve (Obrigações) e tem a responsabilidade de pagar, denominados Passivos. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 49 – SAIBA MAIS! Você conhece o logotipo da Contabilidade? Trata-se de um bastão entrelaçado com duas serpentes, com duas asas (ou um elmo alado) na parte superior. Sua origem é associada ao mito de Mercúrio diante de duas serpentes que lutavam. Para os romanos, “o bastão expressava o poder; as duas serpentes, a sabedoria; as asas, a diligência; o elmo é emblemático de pensamentos elevados.” (CRC-SC, 2017) Figura 3 – Caduceu Fonte: Rob Wilson/Shutterstock.com Fechamento Esta aula discorreu sobre o que é e como é calculado e demonstrado o Patrimônio para fins contábeis, dentro do aspecto qualitativo e quantitativo. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os conceitos fundamentais em relação ao Patrimônio; • entender que o Patrimônio é composto por elementos positivos e negativos; • reconhecer os aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio; • entender como os elementos do Patrimônio podem ser representados graficamente. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 50 – Referências CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE SANTA CATARINA - CRC-SC. O caduceu. 2013. Dis- ponível em: <http://www.crcsc.org.br/institucional/historia-da-contabilidade#caduceu>. Acesso em: 10 jul. 2016. GRISOTTO, Raquel. 3 maneiras de calcular o valor de uma empresa. Exame.com.10 ago. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/na-ponta-do-lapis/>. Acesso em: 11 jul. 2017. FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 13. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015. PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE – 51 – Bens e sua classificação. Direitos e obrigações patrimoniais Arno Wiese Introdução Como você sabe, o patrimônio de uma entidade ou pessoa é composto pela diferença da soma entre Bens e Direitos com as Obrigações. No entanto, O que são Bens? E Bens Patrimoniais? E Direitos e Obrigações Patrimoniais? O que isso tudo significa na prática da Contabilidade? Nesta aula, você conhecerá um pouco mais sobre os Bens que alguém possui, os Direitos e as Obrigações e quais são as consequências e os reflexos na situação patrimonial. Objetivos de aprendizagem Ao finalizar esta aula, você será capaz de: • compreender e diferenciar os Bens patrimoniais; • compreender e diferenciar os Direitos e Obrigações patrimoniais. 1 Bens Existe uma infinidade de bens, pois eles dependem do interesse e da necessidade das pes- soas. Quando você entra num supermercado, encontra muitos objetos e mercadorias expostas para a venda, como carnes e enlatados. Se você entrar numa loja de departamentos, ocorre a mesma coisa, você encontrará, por exemplo, computadores e mesas. Se visitar uma grande indús- tria, além dos produtos em fabricação, também poderá observar os produtos acabados que se destinarão à venda e o respectivo material de embalagem. Após essas observações, podemos conceituar Bem como tudo o que satisfaça a uma neces- sidade humana (seja um objeto ou não) e que possa ser avaliado economicamente (precificado). EXEMPLO Há vários tipos de bens, como mercadorias, computadores, livros, cadeiras, mesas, terrenos, carros, imóveis etc. Eles podem ser utilizados no dia a dia, como é o caso de balcões, prateleiras, impressora fiscal etc.; podem ser trocados, como é o caso das mercadorias; ou podem ser consumidos, como é o caso de alimentos, papel de embalagem, café etc. – 52 – TEMA 7 Figura 1 – Bens: Atacado Fonte: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com Assim, sob o ponto de vista contábil, pode-se entender como Bens todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo, avaliados monetariamente. (RIBEIRO, 2010). Os Bens também podem ser classificados de diferentes maneiras, o que veremos no próximo tópico. FIQUE ATENTO! Em termos contábeis, só interessam os bens de natureza patrimonial (que podem ser avaliados em moeda). (FERREIRA, 2015) 2 Classificação dos Bens Assim como há diferentes tipos de bens, há diversas maneiras
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