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Pratica Civil IV - Aula XIII

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MM. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
 
 
Distribuição por urgência 
 
 
 
JOÃO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, não 
conformado com a decisão de fls. “...’, vem, por intermédio do seu procurador 
devidamente constituído, com fulcro no artigo 522 seguintes do Código de Processo Civil, 
tempestivamente, para interpor recurso de 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO LIMINAR 
 
Pugnando que o presente recurso seja recebido no seu efeito devolutivo e suspensivo, sem 
prejuízo do seu conhecimento e provimento. 
 
 
 
Local, data 
Nome do Advogado 
Nro. OAB/UF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO ORIGINÁRIO NRO. “...’ 
AGRAVANTE: JOÃO 
AGRAVADO: PEDRO 
 
RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO 
 
Colenda Câmara Cível, 
 
Doutos Juízes. 
 
1. DA TEMPESTIVIDADE 
 
Conforme se fez constar nos autos do processo originário nro. “...”, o agravante 
foi intimado em “...” e faz o protocolo da presente ação em “...”, estando, portanto, no 
prazo legal de 10 dias previsto em Lei. 
 
2. DO CABIMENTO 
 
Conforme o rol do artigo 1.015 do CPC, é cabível recurso de agravo de 
instrumento contra decisão interlocutória que verse sobre deferimento ou indeferimento 
de tutela de urgência. 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que 
versarem sobre: 
 
I - tutelas provisórias; 
 
[...] 
 
De outro giro, a decisão ora atacada versa sobre matéria que pode gerar dano de difícil 
reparação ao agravante, de modo que se faz valer o cabimento do presente recurso, na 
forma do artigo 522 do CPC. 
 
 
 
3. DA VERDADE DOS FATOS 
 
Trata-se de ação em que Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol profissional, 
residente no Rio de Janeiro/RJ move em face de João. 
Pedro é legítimo proprietário de um imóvel situado em Juiz de Fora/MG, celebrou, 
em 1º de outubro de 2012, e firmou contrato por escrito de locação do referido imóvel 
com João, brasileiro, solteiro, professor, pelo prazo de 48 (quarenta e oito) meses, ficando 
acordado que o valor do aluguel seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que, dentre outras 
obrigações, João não poderia lhe dar destinação diversa da residencial. Ofertou fiador 
idôneo. 
Após um ano de regular cumprimento da avença, o locatário passou a enfrentar 
dificuldades financeiras. Pedro, depois de quatro meses sem receber o que lhe era devido, 
ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis perante a 2ª Vara Cível da 
Comarca de Juiz de Fora/MG, requerendo, ainda, antecipação de tutela para que o 
réu/locatário fosse despejado liminarmente, uma vez que desejava alugar o mesmo imóvel 
para Francisco. O magistrado recebe a petição inicial, regularmente instruída e 
distribuída, e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 (setenta e duas) 
horas para João desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil 
reais). 
Contudo, tal decisão se mostra manifestamente equivocada, de modo que não há 
outra alternativa senão sua reforma, o que ora se pretende com o presente recurso. 
 
 
4. DA REFORMA DE DECISÃO 
Conforme a leitura de decisão do douto juiz, mostra-se equivocado o resultado de 
decisão. Na esteira do entendimento do codex processual, o credor tem o prazo de 15 dias 
para adimplir com sua obrigação, de modo que a decisão atacada não chegou sequer a 
ventilar tal hipóteses. 
Assim, podemos concluir que, devido a não unanimidade dos julgamentos a 
respeito do tema, temos que tentar, ao máximo, extrair do art. 273 do CPC, todos os 
requisitos autorizadores para a concessão de liminar, para que o julgador possa ver, 
claramente, que a concessão da tal medida não venha a prejudicar o locatário face ao 
interesse do locador, uma vez que, como vimos, o despejo liminar tem caráter satisfativo 
e o dano ao locatário pode ser irreparável. 
 
De outro giro, a referida decisão não encontra amparo legal, visto que lei de 
regência do caso em comento, notadamente a Lei 8.245 de 1991 não ampara tal decisão. 
Somente é possível o deferimento de medida liminar em ação de despejo quando 
o locador estiver desprovido de fiador, o que não se mostra no caso concreto. Logo, não 
há fundamento legal para o deferimento da medida liminar. 
O artigo 59 da lei de regência, em seu parágrafo terceiro prevê que seja dado prazo 
de 15 dias para o locatário adimplir com a obrigação, numa clara proteção ao negócio 
jurídico já celebrado. 
Desse modo, é direito do locatário ter o prazo estipulado em lei para cumprimento 
da medida, conforme previsão do artigo 62, II da Lei 8.245/1991, quando prevê que o 
débito pode ser pago no prazo da contestação, devidamente atualizado. 
Assim, o prazo de 72 horas para desocupação do imóvel se mostra totalmente 
equivocada. Por fim, há clara e evidente desproporção na fixação da multa diária. O 
contrato de locação mensal tem valor de R$ 3.000,00, contudo, o magistrado fixou a 
MULTA DIÁRIA em R$ 2.000,00, o que se mostra em clara desproporção, tornando-se 
verdadeira coação para a desocupação do imóvel. 
Desse modo, ante os fundamentos acima expostos, a decisão ora atacada merece 
reforma. 
 
5. DA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL 
 
Conforme o artigo 527, III do CPC, o desembargador relator pode conceder efeito 
suspensivo no agravo de instrumento. 
Do mesmo modo como acontece nos juízos ordinários, deverão estar presentes os 
requisitos de perigo de dano irreparável e fundamento relevante para o deferimento da 
decisão. 
No caso em comento, o dano irreparável bem como o fundamento encontram-se 
no direito À moradia do agravante, que está em vias de ser despejado do seu domicílio 
por força de decisão manifestamente ilegal. 
De outro giro, caso seja despejado será jogado ao relento da Rua, visto que não 
conseguirá de plano moradia digna para instalar-se novamente. Desse modo, requer o 
efeito suspensivo para a decisão agravada. 
 
6. DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
 
1. que o presente recurso seja recebido e encaminhado ao Tribunal ad quem; 
2. que seja concedida a antecipação dos efeitos de tutela para reforma total da decisão ora 
atacada; 
3. seja o presente recurso conhecido e provido para confirmar a antecipação de tutela; 
4. a intimação do agravado; 
 
Requer, por fim, a juntada das peças anexas, essenciais ao presente recurso, na forma do 
artigo 1.017 e incisos. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local, data 
Advogado 
OAB/UF

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