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LITERATURA DISCURSIVAS

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Prévia do material em texto

1 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
2 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obras Literárias 
1. (Fuvest 2020) Texto 1 
 
Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, 
todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. Só tinha uma 
preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para si e para a 
companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, ninguém compraria; 
as suas galinhas produziam muito e ele não comia um ovo, do que no entanto 
gostava imenso; vendia-os todos e contentava-se com os restos da comida 
dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma 
loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo 
baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha 
da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em 
mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, 
com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo 
de que ele não podia apoderar-se logo com as unhas. 
 
Aluísio Azevedo, O Cortiço. 
 
 
Texto 2 
 
(...) Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à Rua da 
Alfândega, sob a firma Palha & Cia. Era o negócio que este ia propor-lhe, 
naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. Apesar de 
fácil, Rubião recuou algum tempo. Pediam-lhe uns bons pares de contos de 
réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. Demais, os gastos 
particulares eram já grandes; o capital precisava do regime do bom juro e 
alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as carnes primitivas. O regime 
que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os 
algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de preço, direitos da 
alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia coisas 
extraordinárias, aconselhava o amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o 
dinheiro a caminho, multiplicá-lo. 
3 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
a) Como o contraste entre os trechos “já não era ambição, era uma moléstia 
nervosa, uma loucura, um desespero de acumular” e “não entendia de 
comércio, não lhe tinha inclinação”, respectivamente sobre as personagens 
João Romão e Rubião, reflete distintas linhas estéticas na prosa brasileira do 
fim do século XIX? 
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b) A partir das diferentes esferas sociais e práticas econômicas referidas nos 
fragmentos, trace um breve paralelo entre as trajetórias dos protagonistas nos 
dois romances. 
 
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2. (Fuvest 2020) Considere os seguintes trechos: 
 
(I) Era um pedreiro de Naim (...). O açoite dos intendentes rasgara-lhe a 
carne; depois a doença levara-lhe a força, como a geada seca a 
macieira. E agora, sem trabalho, com os filhos de sua filha a alimentar, 
procurava pedras raras nos montes – e gravava nelas nomes santos, 
sítios santos, para as vender no Templo aos fiéis. Em véspera de Páscoa, 
porém, viera um Rabi de Galileia cheio de cólera que lhe arrancara o 
seu pão!... 
 
 
 
4 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(II) (...) E nós tivemos de fugir, apupados¹ pelos mercadores ricos, que, bem 
encruzados nos seus tapetes de Babilônia, e com o seu lajedo bem pago, 
batiam palmas ao Rabi... Ah! Contra esses o Rabi nada podia dizer, eram ricos, 
tinham pago! (...) Mas eu fui expulso pelo Rabi, somente porque sou pobre! 
(III) (...) Bati no peito, desesperado. E a minha angústia toda era por Jesus 
ignorar esta desgraça, que, na violência do seu espiritualismo, suas mãos 
misericordiosas tinham involuntariamente criado, como a chuva benéfica por 
vezes, fazendo nascer a sementeira, quebra e mata uma flor isolada. 
 
1. Vaiados. 
 
Eça de Queirós, A relíquia. 
 
 
“Se quiséssemos recolher tudo o que já foi encontrado [da cruz de Cristo], 
daria para lotar um navio. O Evangelho conta que a cruz podia ser levada por 
um homem. Encher a Terra com tamanha quantidade de fragmentos de 
madeira que nem 300 homens aguentariam levar é uma desfaçatez”, já 
afirmava o teólogo francês Jean Calvino, profundamente cristão, em seu 
Tratado das Relíquias, publicado em 1543. A observação de Calvino continua 
viva cinco séculos depois. Os pedaços da chamada Vera Cruz, a cruz em que 
Jesus de Nazaré foi executado segundo a tradição cristã, são considerados 
relíquias de primeira categoria pela Igreja Católica, mas aparentemente são 
tão numerosos que dão a impressão de que Cristo foi um gigante crucificado 
em dois troncos de sequoias. 
 
Manuel Ansede, “Fragmentos da cruz de Cristo dariam para ´lotar um navio 
inteiro”. In: El país, Caderno “Ciência”. Março de 2016. Adaptado. 
 
 
 
 
 
 
 
5 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
a) Identifique as personagens que atuam como narradoras em cada um dos 
excertos de Eça de Queirós. 
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b) É possível afirmar que o romance A Relíquia endossa a perspectiva adotada 
por Manuel Ansede a respeito de elementos pertinentes à tradição cristã? 
Justifique. 
 
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3. (Fuvest 2020) O que eu precisava era ler um romance fantástico, um 
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criações absurdas, 
não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas 
complicadas. Infelizmente essas leituras já não me comovem. 
 
Graciliano Ramos, Angústia. 
 
 
Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o”, 
pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador-protagonista de Angústia, já não se 
comovecom a leitura de “histórias fáceis, sem almas complicadas” porque 
6 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção. 
b) prefere alienar‐se com narrativas épicas. 
c) é indiferente às histórias de fundo sentimental. 
d) está engajado na militância política. 
e) se afunda na negatividade própria do fracassado. 
 
4. (Fuvest 2020) Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de 
ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. 
Solilóquio doido, enervante. 
 
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro 
Angústia. 
Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto do público na 
medida em que compõe uma atmosfera 
 
a) dramática, ao representar as tensões de seu tempo. 
b) grotesca, ao eliminar a expressão individual. 
c) satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso. 
d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e mundo. 
e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira. 
 
5. (Fuvest 2020) Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se 
convenceram de que ela estava morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria 
enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, mas ela disse que não se pode fazer 
assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em que chegou da 
Formação, só um pouquinho mais magra. 
 
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do 
corpo. Eu perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor 
sofrimento, sem ela fazer uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é 
mistério, que nunca a gente pode saber essas coisas com certeza. Uns sofrem 
muito quando a alma se despega do corpo, outros morrem de repente sem 
sofrer. 
 
Helena Morley, Minha Vida de Menina. 
 
7 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
Perguntas 
 
Numa incerta hora fria 
perguntei ao fantasma 
que força nos prendia, 
ele a mim, que presumo 
estar livre de tudo 
eu a ele, gasoso, 
(...) 
 
No voo que desfere 
silente e melancólico, 
rumo da eternidade, 
ele apenas responde 
(se acaso é responder 
a mistérios, somar‐lhes 
um mistério mais alto): 
 
Amar, depois de perder. 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. 
 
 
As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar 
que 
a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem 
mineira. 
b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas 
existenciais. 
c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta 
especula o sentido filosófico da morte. 
d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta 
critica o ceticismo. 
e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças 
populares 
 
6. (Fuvest 2020) — Que farás se eu continuar a andar? — perguntou o 
Comissário. 
— Das duas, uma: ou te prendo ou te acompanho. Estou indeciso. A primeira 
repugna-me, nem é justa. A segunda hipótese agrada-me muito mais, mas não 
avisei na Base nem trouxe o sacador. 
8 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
(...) 
—Nunca me prenderias! 
— Achas que não? 
O Comissário deitou o cigarro fora. 
— Que vais fazer a Dolisie, João? 
Pela primeira vez, Sem Medo chamara-o pelo nome. 
 
Pepetela, Mayombe. 
 
 
a) Identifique o evento diretamente relacionado à mudança de tratamento entre 
Comissário e Sem Medo. 
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b) “Sem Medo” não é um apelido aleatório. Justifique a afirmação com base 
em elementos do desfecho do romance. 
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9 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
7. (Fuvest 2020) Cantiga de enganar 
 
(...) 
O mundo não tem sentido. 
O mundo e suas canções 
de timbre mais comovido 
estão calados, e a fala 
que de uma para outra sala 
ouvimos em certo instante 
é silêncio que faz eco 
e que volta a ser silêncio 
no negrume circundante. 
Silêncio: que quer dizer? 
Que diz a boca do mundo? 
Meu bem, o mundo é fechado, 
se não for antes vazio. 
O mundo é talvez: e é só. 
 
Talvez nem seja talvez. 
O mundo não vale a pena, 
mas a pena não existe. 
Meu bem, façamos de conta. 
De sofrer e de olvidar, 
de lembrar e de fruir, 
de escolher nossas lembranças 
e revertê‐las, acaso 
se lembrem demais em nós. 
Façamos, meu bem, de conta 
– mas a conta não existe – 
que é tudo como se fosse, 
ou que, se fora, não era. 
(...) 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. 
 
 
Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito 
maduro, já afastado das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me 
enganas, mundo, e não te engano a ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de 
enganar” apresenta a relação do eu com o mundo mediada 
10 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) pela música, que ressoa em canções líricas. 
b) pela cor, brilhante na claridade solar. 
c) pela afirmação de valores sólidos. 
d) pela memória, que corre fluida no tempo. 
e) pelo despropósito de um faz‐de‐conta. 
 
8. (Fuvest 2020) A certa personagem desvanecida 
 
Um soneto começo em vosso gabo*: 
Contemos esta regra por primeira, 
Já lá vão duas, e esta é a terceira, 
Já este quartetinho está no cabo. 
 
Na quinta torce agora a porca o rabo; 
A sexta vá também desta maneira: 
Na sétima entro já com grã** canseira, 
E saio dos quartetos muito brabo. 
 
Agora nos tercetos que direi? 
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais 
Gabando‐vos a vós, e eu fico um rei. 
 
Nesta vida um soneto já ditei; 
Se desta agora escapo, nunca mais: 
Louvado seja Deus, que o acabei. 
 
Gregório de Matos 
 
*louvor **grande 
 
 
Tipo zero 
 
 
Você é um tipo que não tem tipo 
Com todo tipo você se parece 
11 GABARITAGEO.C
 
 
 
E sendo um tipo que assimila tanto tipo 
Passou a ser um tipo que ninguém esquece 
 
Quando você penetra num salão 
E se mistura com a multidão 
Você se torna um tipo destacado 
Desconfiado todo mundo fica 
Que o seu tipo não se classifica 
Você passa a ser um tipo desclassificado 
 
Eu até hoje nunca vi nenhum 
Tipo vulgar tão fora do comum 
Que fosse um tipo tão observado 
Você ficou agora convencido 
Que o seu tipo já está batido 
Mas o seu tipo é o tipo do tipo esgotado 
 
Noel Rosa 
 
 
O soneto de Gregório de Matos e o samba de Noel Rosa, embora distantes na 
forma e no tempo, aproximam‐se por ironizarem 
a) o processo de composição do texto. 
b) a própria inferioridade ante o retratado. 
c) a singularidade de um caráter nulo. 
d) o sublime que se oculta na vulgaridade. 
e) a intolerância para com os gênios. 
 
9. (Fuvest 2020) Observe as seguintes capas que o artista Santa Rosa desenhou 
para o livro Angústia, de Graciliano Ramos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Comente o episódio figurado na capa de 1941, analisando a posição de Luís da 
Silva na cena. 
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
b) Comente o episódio figurado na capa de 1947, analisando a posição de Luís da 
Silva na cena. 
______________________________________________________________________
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10. (Fuvest 2019) Considere os seguintes trechos do romance A Relíquia. 
 
I. E agora, para que cada um esteja prevenido e possa fazer as orações que 
mais lhe calharem, devo dizer o que é a relíquia... 
(...) 
Esmagada, com um rouco gemido, a Titi aluiu* sobre o caixote, enlaçando-o 
nos braços trêmulos... Mas o Margaride coçava pensativamente o queixo 
austero, Justino sumira-se na profundidade dos seus colarinhos, e o ladino** 
Negrão escancarava para mim uma bocaça negra, de onde saía assombro e 
indignação! 
 
*desabou; ** espertalhão. 
13 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
II. (...) a Titi tomou o embrulho, fez mesura aos santos, colocou-o sobre o altar, 
devotamente desatou o nó do nastro* vermelho; depois, com o cuidado de 
quem teme magoar um corpo divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do 
papel pardo... Uma brancura de linho apareceu... 
*fita 
 
III. As relíquias eram valores! Tinham a qualidade onipotente de valores! 
Eça de Queirós, A Relíquia. 
 
a) As passagens acima são revelações de diferentes objetos, todos eles 
contemplados no romance como relíquias. Explicite a que objetos cada um 
dos trechos se refere. 
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b) No último parágrafo do romance, Teodorico reflete: “... houve um momento 
em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra 
com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao céu – cria, através da 
universal ilusão, ciências e religiões”. Qual dos três excertos melhor se aplica à 
reflexão de Teodorico? Justifique. 
 
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11. (Fuvest 2019) Leia os textos. 
 
– Eu acho que nós, bois, – Dançador diz, com baba – assim como os cachorros, 
as pedras, as árvores, somos pessoas soltas, com beiradas, começo e fim. O 
homem, não: o homem pode se ajuntar com as coisas, se encostar nelas, 
14 GABARITAGEO.C
 
 
 
crescer, mudar de forma e de jeito… O homem tem partes mágicas… São as 
 
 
 
 
 
 
mãos… Eu sei… 
 
João Guimarães Rosa, “Conversa de bois”. Sagarana. 
 
 
Um boi vê os homens 
 
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm 
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos 
de alguma coisa. Certamente falta-lhes 
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres 
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves, 
até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam 
nem o canto do ar nem os segredos do feno, 
como também parecem não enxergar o que é visível 
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes 
e no rasto da tristeza chegam à crueldade. 
(...) 
 
Carlos Drummond de Andrade, “Um boi vê os homens”. Claro enigma. 
 
 
a) Em ambos os textos, o assombro de quem vê decorre das avaliações 
contrastantes sobre quem é visto. Justifique essa afirmação com base em cada 
um dos textos. 
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15 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond valem-se de uma mesma figura de 
linguagem. Explicite essa figura e justifique sua resposta. 
 
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12. (Fuvest 2018) Leia o texto e responda ao que se pede. 
 
– É por isso que faço confiança nos angolanos. São uns confusionistas, mas 
todos esquecem as makas* e os rancores para salvar um companheiro em 
perigo. É esse o mérito do Movimento, ter conseguido o milagre de começar a 
transformar os homens. Mais uma geração e o angolano será um homem novo. 
O que é preciso é ação. 
Pepetela, Mayombe. 
 
 
*“makas”: questões, conflitos. 
 
a) A fala de Comandante Sem Medo alude a uma questão central do romance 
Mayombe: um objetivo político a ser conquistado por meio do Movimento. 
Qual é esse objetivo? 
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16 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) As “makas” e os “rancores” dos angolanos repercutem no modo como o 
romance é narrado? Explique. 
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13. (Fuvest 2018) Leia o texto e atenda ao que se pede. 
 
A MÁQUINA DO MUNDO 
 
E como eu palmilhasse vagamente 
uma estrada de Minas, pedregosa, 
e no fecho da tarde um sino rouco 
 
se misturasse ao som de meus sapatos 
que era pausado e seco; e aves pairassem 
no céu de chumbo, e suas formas pretas 
 
lentamente se fossem diluindo 
na escuridão maior, vinda dos montes 
e de meu próprio ser desenganado, 
 
a máquina do mundo se entreabriu 
para quem de a romper já se esquivava 
e só de o ter pensado se carpia.* 
 
(...) 
 
17 GABARITAGEO.C
 
 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. 
 
 
*carpir-se: lamentar-se. 
 
a) O ponto de vista do eu lírico em relação à “máquina do mundo” ilustra as 
principais características de Claro enigma? Justifique. 
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b) Transcreva o verso que sintetiza o evento sublime de que trata o texto. 
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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. 
 
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já 
se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só ruído compacto que enchia 
todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se* 
discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, 
gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de 
plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da 
vida, 3o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. 
 
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; 
fazendo compras. 
 
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha 
a começar a limpeza da casa. 
18 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem 
cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu? 
 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
 
 
* ensarilhar-se: emaranhar-se. 
** rezinga: resmungo. 
 
14. (Fuvest 2018) Uma característica do Naturalismo presente no texto é: 
a) forte apelo aos sentidos. 
b) idealização do espaço. 
c) exaltação da natureza. 
d) realce de aspectos raciais. 
e) ênfase nas individualidades. 
 
15. (Fuvest 2018) Constitui marca do registro informal da língua o trecho 
a) “mas um só ruído compacto” (ref. 1). 
b) “ouviam-se gargalhadas” (ref. 2). 
c) “o prazer animal de existir” (ref. 3). 
d) “gritou ela para baixo” (ref. 4). 
e) “bata na porta” (ref. 5). 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. 
 
Os bens e o sangue 
 
VIII 
 
(...) 
Ó filho pobre, e descorçoado*, e finito 
ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais 
com a faca, o formão, o couro... Ó tal como quiséramos 
para tristeza nossa e consumação das eras, 
19 GABARITAGEO.C
 
 
 
para o fim de tudo que foi grande! 
 
Ó desejado, 
ó poeta de uma poesia que se furta e se expande 
à maneira de um lago de pez** e resíduos letais... 
És nosso fim natural e somos teu adubo, 
tua explicação e tua mais singela virtude... 
Pois carecia que um de nós nos recusasse 
para melhor servir-nos. Face a face 
te contemplamos, e é teu esse primeiro 
e úmido beijo em nossa boca de barro e de sarro. 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. 
 
* “descorçoado”: assim como “desacorçoado”, é uma variante de uso popular da 
palavra “desacoroçoado”, que significa “desanimado”. 
** “pez”: piche. 
 
 
16. (Fuvest 2018) Considere as seguintes afirmações: 
 
I. Os familiares, que falam no poema, ironizam a condição frágil do poeta. 
II. O passado é uma maldição da qual o poeta, como revela o título do poema, 
não consegue se desvencilhar. 
III. O trecho “o fim de tudo que foi grande” remete à ruína das oligarquias, das 
quais Drummond é tributário. 
IV. A imagem de uma “poesia que se furta e se expande/à maneira de um lago 
de pez e resíduos letais...” sintetiza o pessimismo dos poemas de Claro enigma. 
 
Estão corretas: 
a) I e II, apenas. 
b) I, II e III, apenas. 
c) II e IV, apenas. 
d) I, III e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Observe a imagem e leia o texto, para responder à(s) questão(ões). 
 
 
 
 
20 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. 
Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às 
folhas em decomposição. 
[...] 
Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se 
moviam. 
A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, 
mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-
se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se 
individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do 
tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são 
menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a 
claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais 
sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, 
debatendo-se. Tal é a vida. 
[...] 
Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do 
gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde. 
 
Pepetela, Mayombe. 
 
17. (Fuvest 2017) Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo 
em Mayombe, as relações entre a árvore e a floresta, tal como concebidas e 
expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde 
à da personagem 
a) João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a 
21 GABARITAGEO.C
 
 
 
comunidade dos encortiçados. 
b) Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência 
junto aos pobres de Paris. 
c) Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade 
dos sertanejos, seus iguais e vizinhos. 
d) Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de 
politização. 
e) Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, 
na sua fase inicial, quando era o valentão do lugar. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Considere as imagens e o texto, para responder à(s) questão(ões). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II / São Francisco de Assis* 
 
Senhor, não mereço isto. 
Não creio em vós para vos amar. 
Trouxestes-me a São Francisco 
e me fazeis vosso escravo. 
 
Não entrarei, senhor, no templo, 
seu frontispício me basta. 
Vossas flores e querubins 
são matéria demuito amar. 
 
Dai-me, senhor, a só beleza 
destes ornatos. E não a alma. 
Pressente-se dor de homem, 
paralela à das cinco chagas. 
 
Mas entro e, senhor, me perco 
na rósea nave triunfal. 
Por que tanto baixar o céu? 
22 GABARITAGEO.C
 
 
 
por que esta nova cilada? 
 
 
 
 
 
 
Senhor, os púlpitos mudos 
entretanto me sorriem. 
Mais que vossa igreja, esta 
sabe a voz de me embalar. 
Perdão, senhor, por não amar-vos. 
 
Carlos Drummond de Andrade 
 
*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra 
a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012. 
 
18. (Fuvest 2017) Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das 
igrejas sob a estética do Barroco: 
 
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de 
modo que o público não possa escapar. 
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma 
reação forte de maravilhamento. 
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras 
coisas, a preeminência da Igreja. 
 
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa 
medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
19. (Fuvest 2016) Leia estes dois excertos das obras indicadas e responda ao 
que se pede. 
 
(...) Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo 
fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-
lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por 
23 GABARITAGEO.C
 
 
 
aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de 
 
 
 
disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma 
declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de 
namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, 
com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte 
estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de 
muitos anos. 
 
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. 
 
Na ocasião em que Léonie partia pelo braço do amante, acompanhada até o 
portão por um séquito de lavadeiras, a Rita, no pátio, beliscou a coxa de 
Jerônimo e soprou-lhe à meia voz: 
– Não lhe caia o queixo! ... 
O cavouqueiro teve um desdenhoso sacudir d’ombros. 
– Aquela pra cá nem pintada! 
E, para deixar bem patente as suas preferências, virou o pé do lado e bateu 
com o tamanco na canela da mulata. 
– Olha o bruto! ... queixou-se esta, levando a mão ao lugar da pancada. Sempre 
há de mostrar que é galego! 
 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
 
a) Embora os excertos pertençam a romances de diferentes estilos de época – um 
é romântico e outro, naturalista –, é bastante visível que, neles, o modo de 
representar as relações de caráter erótico apresenta várias semelhanças. Essa 
similaridade é sobretudo pontual, isto é, mais concentrada nesses excertos, ou, 
ao contrário, ela continua a ocorrer, ao longo dos romances? Explique 
resumidamente. 
 
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
24 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Em ambos os excertos, assim como no conjunto das obras a que pertencem, 
é notória a predisposição a retratar as personagens de origem portuguesa de 
um modo bastante peculiar, influenciado por uma determinada corrente de 
opinião, existente no contexto histórico-social dos períodos em que as obras 
foram escritas. Identifique esse modo de representar tais personagens e a 
corrente de opinião que o influencia. Explique sucintamente. 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 a) Aluísio Azevedo está vinculado ao movimento estético do Naturalismo que 
interpreta os contextos sociais e reações dos personagens a partir de uma visão 
cientificista e determinista. A frase “já não era ambição, era uma moléstia 
nervosa, uma loucura, um desespero de acumular” é ilustrativa dessa 
característica por associar o comportamento de João Romão a uma patologia 
que, no afã de enriquecer e obter status social, comete sucessivos atos imorais 
e antiéticos para consegui-lo. Machado de Assis adota procedimento distinto, 
através de recursos típicos do Realismo psicológico. Seus personagens 
circulam no contexto social marcados pela contradição entre aparência e 
essência, como Rubião que, apesar de não entender nada de comércio, mas 
sensível à vida fácil das elites e ao discurso de oportunistas, acaba por gastar 
toda a fortuna que herdara e enlouquece. 
 
b) João Romão, através dos mais escusos recursos e estratégias, consegue 
alcançar os seus objetivos, enriquecendo e tornando-se uma pessoa altamente 
respeitável na sociedade carioca. Rubião, herdeiro de uma fortuna 
considerável, acaba por ser vítima da sua ingenuidade e acaba pobre e louco. 
 
Resposta da questão 2: 
 a) Nos excertos I e III quem atua como narrador é o próprio Teodorico, 
narrador primeira pessoa. No excerto II, o pedreiro de Naim, que fora, no 
passado, trabalhador na construção de templos, mas, vítima de doença e 
velhice, se tornara vendedor de pedras entalhadas. 
 
b) A afirmação de Manuel Ansede é coerente com a perspectiva do romance A 
Relíquia, já que a grande quantidade de relíquias é incompatível com o 
tamanho de uma cruz que foi transportada por um único homem. Os 
episódios de Teodorico produzindo uma coroa de espinhos para apresentá-la à 
tia como objeto sagrado e a venda de pregos que teriam sustentado o corpo 
de Jesus na cruz comprovam a tese de que, frequentemente, as relíquias são 
objetos falsificados com intenção de obter dinheiro à custa da ingenuidade de 
quem as compra. 
 
 
26 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta da questão 3: [E] 
 
O romance “Angústia”, narrado pelo personagem principal, o funcionário 
público Luís da Silva, apresenta estrutura autobiográfica de um homem 
atormentado por acontecimentos do presente e lembranças confusas do 
passado, isolamento e complexo de inferioridade, que vai confessando, para si 
mesmo, a história de um amor mal resolvido e de um crime. De mestre-escola 
em propriedades rurais, mendigo na capital, revisor de jornal e até funcionário 
público, é marcado pelo fracasso a ponto de se sentir incapaz de vencer as 
adversidades que lhe vão surgindo. Assim, o relato traça o perfil psicológico de 
um indivíduo atormentado pela traição, pelo sentimento de perda e baixa 
autoestima, o que explica o fato de o personagem se ter tornado insensível ao 
sentimentalismo das “histórias fáceis, sem almas complicadas”, afundando-se 
na negatividade própria do fracassado, como mencionado em[E]. 
 
Resposta da questão 4: [A] 
 
A referência a romances escritos com o intuito de agradar ao público leitor 
alude aos folhetins românticos com cenários e personagens idealizados que 
não se coadunavam com a realidade dramática do momento histórico dos 
anos trinta no Brasil. Em “Angústia”, embora a narrativa se prenda à análise do 
mundo interior dos personagens, apresenta, paralelamente, o contexto sócio-
político em que vive cada um, representando as tensões daquele tempo, como 
se afirma em [A]. 
 
Resposta da questão 5: [C] 
 
Enquanto no texto I a personagem aborda a temática da morte como finitude 
da vida a partir da perda de Bella, uma negra agregada, o texto II reflete 
filosófica e metafisicamente sobre o mesmo tema, como transcrito em [C]. 
 
Resposta da questão 6: 
 a) O diálogo acontece entre Sem Medo e o Comissário depois que este ficar 
sabendo do encontro da noiva, Ondine, com André e decide sair da base para 
27 GABARITAGEO.C
 
 
 
ir tirar satisfação com ela em Dolisie, sem pedir autorização ao comandante. 
 
 
 
 
Sem Medo tenta impedi-lo de forma afetuosa por entender o estado 
emocional em que se encontrava, tratando-o pelo nome, João. 
 
b) Sem Medo é um guerrilheiro angolano que luta contra o colonialismo luso e 
morre em ação de combate de forma heroica, retardando o avanço das tropas 
portuguesas e, assim, permitir a fuga dos companheiros. Ao optar pelo 
sacrifício da própria vida, Sem Medo mostra a coragem do herói que leva até as 
últimas consequências a defesa dos ideais de libertação do povo angolano. 
 
Resposta da questão 7: [E] 
 
O poema “Cantiga de enganar” faz parte da obra “Claro enigma”, publicada em 
1951, momento histórico em que o mundo vivia sob o temor da Guerra Fria, 
mergulhado na angústia de uma possível guerra nuclear. Nesta sua 3ª fase, 
CDA volta-se para os temas metafísicos, refletindo sobre o sentido do amor, da 
poesia e da própria existência produzindo uma poesia mais complexa e 
erudita, voltada para o questionamento filosófico existencial. O excerto de 
“Cantiga de enganar” revela um eu lírico desiludido, “O mundo não vale o 
mundo,/ meu bem”, que rejeita certezas e crenças estabelecidas anteriormente 
para se relacionar com a realidade através da concepção absurda de que tudo 
é uma fantasia, um “faz-de-conta”, mencionada duplamente no final do 
excerto do enunciado: “Meu bem, façamos de conta”, “Façamos, meu bem, de 
conta”, “que é tudo como se fosse,/ou que, se fora, não era”. Assim, é correta a 
opção [E]. 
 
Resposta da questão 8: [C] 
 
No soneto de Gregório de Matos, o eu lírico mostra-se aliviado por ter 
concluído um poema de louvor a uma mulher “desvanecida” (vaidosa, mas sem 
graça) e que não seria merecedora de elogio. O samba de Noel Rosa ironiza 
também o caráter nulo de pessoa, que se torna singular exatamente pela 
ausência de qualquer tipo de qualidade. Assim, é correta a opção [C]. 
 
Resposta da questão 9: 
 
 a) A capa da segunda edição retrata o momento em que Luís da Silva se 
encontra com Marina, sua vizinha, separados por uma cerca que simbolizaria a 
28 GABARITAGEO.C
 
 
 
inviabilidade do relacionamento amoroso entre ambos. 
 
 
 
 
 
 
b) Na capa de 1947, a figura central é o rosto aterrorizado de Julião Tavares 
sendo estrangulado por alguém que não se vê. Luís da Silva, o assassino, é 
apenas representado por um braço, o que reforça a ação violenta de um 
homem em completa ausência de racionalidade e portador de sérios 
transtornos emocionais. 
 
Resposta da questão 10: 
 
 a) O texto I descreve o momento em que a tia de Teodorico se prepara para 
abrir o embrulho com a coroa de espinhos que, segundo o sobrinho, teria 
pertencido a Jesus crucificado. O texto II faz referência a uma camisa de Miss 
Mary, entregue por ela como lembrança dos momentos íntimos do casal. O 
texto III menciona outros objetos de importância menor, “fabricados” também 
por Teodorico Raposo. 
 
b) O texto II é o que mais se aproxima da reflexão de Teodorico sobre a sua 
incapacidade de ter continuado a mentir sobre a autenticidade das relíquias, 
fator essencial para a construção de dogmas religiosos ou conclusões 
científicas. O relato do comportamento da tia no momento em que 
desembrulhava com tanto cuidado e desvelo o que acreditava ser objeto 
divino leva Teodoro a concluir que, se tivesse reiterado a mentira com a devida 
convicção, todos acreditariam nele, pois as verdades são construídas, somente, 
a partir de fortes convicções. 
 
Resposta da questão 11: 
 
 a) Tanto o excerto de “Conversa de bois” como o de “Um boi vê os homens” 
transcrevem reflexões dos animais sobre a condição humana. No primeiro, o 
boi Dançador constata a supremacia do Homem sobre os irracionais pelo fato 
de ser provido de mãos: “O homem tem partes mágicas… São as mãos”. Já no 
segundo, as reflexões recaem sobre a natureza íntima do ser humano, 
desprovida de atributos essenciais que pudessem torná-lo mais sensível ao 
mundo que o rodeia:” Certamente falta-lhes/não sei que atributo essencial”, 
“não escutam/ nem o canto do ar nem os segredos do feno”. 
 
29 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond, por apresentarem conceitos 
elaborados por seres irracionais, valem-se da prosopopeia ou personificação, 
figura de linguagem pela qual o autor atribui características humanas a seres 
inanimados ou a animais. 
 
Resposta da questão 12: 
 
 a) O objetivo político do Comandante Sem Medo é a libertação de Angola da 
opressão colonialista, através da luta dos guerrilheiros do MPLA (Movimento 
Popular de Libertação de Angola) contra as tropas portuguesas. 
b) Sim, as “makas” e os “rancores” dos angolanos são perceptíveis nas falas dos 
diversos personagens, na exposição dos sentimentos e reflexões do grupo 
reveladores das contradições e conflitos que permeavam uma organização 
ideologicamente heterogênea. 
 
Resposta da questão 13: 
 
 a) Sim, nas três primeiras estrofes de “A máquina do mundo”, o eu lírico ilustra 
as principais características de “Claro enigma”, obra que inicia a sua terceira 
fase. Trata-se do momento em que o poeta abandona as certezas e esperanças 
da fase anterior para expressar a opressão e o esmagamento do ser face aos 
problemas sociais do final da Segunda Guerra Mundial. Versos como “a estrada 
é pedregosa”, “o sino possui um som rouco”, “o som dos sapatos do poeta é 
seco”, “fecho da tarde”, “céu de chumbo”, “escuridão maior” expressam a 
negatividade e o pessimismo do eu poético até o momento em que a 
necessidade de abertura, provoca a revelação. 
b) O verso que sintetiza o evento sublime no poema é: “a máquina do mundo 
se entreabriu“. (A ideia de Máquina do Mundo está associada ao sistema 
cósmico do mundo, ao modo como ele funciona e a tudo o que ele rege e 
congrega). 
 
Resposta da questão 14: [A] 
 
No romance naturalista, predominam descrições que enfatizam o instinto, o 
fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como 
elementos que compõem a personalidade humana, ou grupos humanos 
marginalizados, valorizando-se o coletivo, como acontece em “O Cortiço”. No 
excerto do enunciado, expressões como “ruído compacto”, “fermentação 
30 GABARITAGEO.C
 
 
 
sanguínea” e “mergulham os pés vigorosos na lama preta” traduzem sensações 
 
 
 
 
 
 
variadas (auditivas, olfativas, visuais e táteis) que pretendem mostrar o homem 
como produto de um conjunto de forças “naturais”, instintivas, que, em 
determinado meio, raça e momento, determinam comportamentos e 
situações específicos. Assim, é correta a opção [A]. 
 
Resposta da questão 15: [E] 
 
A opção [E] apresenta frase que denota registro informal da língua, pois o verbo 
“bater” deve ser acompanhado da preposição “a” para expressar ação de 
golpear a porta. Assim, a frase deveria ser substituída por bata à porta para 
atender às exigências da gramática normativa. 
 
Resposta da questão 16: [E] 
 
Neste excerto do poema “Os bens e o sangue”, a família do eu poéticodeserda 
o seu descendente de todos os bens materiais. Tal atitude permite deduzir a 
tensão entre o poeta e a família, principalmente por expressar o sentimento de 
desconforto e não-pertencimento ao olhar para o “vasto mundo” que o rodeia e 
também pela relação com sua cidade natal, já que se trata de um 
descendente de fazendeiros que abandona o universo rural e parte para a 
grande cidade. Isso contribui para o sentimento de pessimismo do eu lírico 
que se transmite também ao fazer poético: “poesia que se furta e se expande/à 
maneira de um lago de pez e resíduos letais...” Como todas as afirmações são 
verdadeiras, é correta a opção [E]. 
 
Resposta da questão 17: [D] 
 
É correta a opção [D], pois, da mesma forma que Mayombe, líder dos 
revoltosos, evolui politicamente sob o comando do MPLA, também Pedro Bala, 
líder do grupo de meninos de rua, sofre a mesma evolução ao optar pela luta 
revolucionária. 
 
Resposta da questão 18: [E] 
 
 
31 GABARITAGEO.C
 
 
 
 
 
 
 
 
Todas as proposições são verdadeiras. 
 
Resposta da questão 19: 
 
 a) Os romances vinculados ao Naturalismo apresentam enredos cujos 
personagens cedem irremediavelmente ao destino cego das ‘leis naturais’, 
assumindo a carnalidade do corpo no centro da narrativa. Assim, em “O 
cortiço”, a ideia determinista de raça e do meio na construção do 
temperamento das personagens é exemplificada na atração física de Jerônimo 
por Rita Baiana, e, na sequência, na degradação moral dos personagens. Já em 
“Memórias de um sargento de milícias”, a dinâmica da narrativa pretende 
revelar o cotidiano das classes médio-baixas da cidade do Rio de Janeiro com 
bastante humor e que envolvem situações tidas apenas como amorais. Ou seja, 
embora ambos os romances apresentem cenas eróticas, mas a temática é 
tratada de forma diferente pelos seus autores. 
 
b) O enredo de “Memórias de um sargento de milícias” decorre na época de D. 
João VI, quando a corte portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro fugindo de 
Napoleão Bonaparte, o que transformou o cotidiano dos habitantes do Rio. A 
chegada do Rei com a aristocracia portuguesa e os funcionários públicos, com 
toda a sua formalidade, contrastava com a vida simples do povo carioca, com 
sua vida simples e a sua malandragem sadia. O romance não tece crítica moral, 
apenas apresenta com muito humor o encontro dessas duas culturas tão 
diferentes e a estratégia de sobrevivência das classes populares. Já em “O 
cortiço” o emigrante português é visto sob a ótica da exploração de forma 
grosseira e animalesca, subordinado ao contexto cultural a que foi lançado. 
Trata-se de romance de cunho social, cujo enredo se situa no Rio de Janeiro do 
Segundo Império e tem como tema a ambição e a exploração do homem pelo 
próprio homem, em que o português explora o brasileiro, apresentado como 
ser inferior. 
 
 
 
 
32 GABARITAGEO.C

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