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Ana Luiza Bittencourt FILOSOFIA E ÉTICA Filosofia do Direito Observações importantes: Jusnaturalismo = baseado na ideia de direitos universais ou naturais = o fundamento do Direito está nas regras morais > ex.: a vida, enquanto um direito natural, deve ser respeitada em qualquer sociedade; Juspositivismo = baseado nas leis, no mundo jurídico > não está alinhada à moral > o que importa é apenas se a regra está no ordenamento jurídico, sem importar o conteúdo > esse raciocínio “caiu por terra” depois da 2ª guerra (o nazismo aconteceu dentro da lei) > considera o direito apenas aquilo que é posto pelo Estado Pós-positivismo = atual pensamento predominante = analisa o direito com enfoque nos princípios (resgata a necessidade de buscar valores dentro da ordem jurídica) > valores expressos em leis > PRINCIPIOLÓGICA Herbert Hart (1907 – 1992) - Jusfilósofo positivista; - O direito é um conjunto de regras > somente leve em consideração aquilo que é positivo; - Defendia: regras que culminem em sanções e que reparem ofensas + que estabeleça formas de criar direitos e obrigações + regras que criam tribunais para interpretar a lei + regras que ditam como o legislativo vai criar novas regras; - Regras primárias: regulam/determinam as condutas, impondo deveres e obrigações. Ex.: regras penais. - Regras secundárias: regulam a produção de outras regras, autorizando indivíduos a cria-las, extingui-las ou modifica-las > são as regras que determinam como serão criadas novas regras. Podem ser dividas em 3: • De mudança: modificam as regras primárias. Obs.: para mudar uma lei precisa ser através de outra lei de mesma hierarquia. Ex.: uma lei pode mudar a constituição? Não. Apenas a própria constituição pode mudar ela mesma (por meio de uma emenda constitucional). Se um decreto viola uma lei, para “derrubar” esse decreto, precisa de outro decreto. Existem leis que são contrárias à constituição e ainda existem, isso porque outra lei não a revogou > o que a constituição faz é tirar a aplicabilidade dela > essa lei torna-se letra morta (não serve para nada). • De adjudicação: atribuem competências para juízes decidirem acerca de regras primárias. Ex.: STF = julga processo em que há dúvidas na interpretação da constituição (guarda e interpreta a constituição) > não se trata de meios privados (esses são tratados pelos juízes). Daí surgem as súmulas. Obs.: Comarca – divisão do poder judiciário no Estado > pode corresponder a um só município, mas costuma englobar mais de um. • De reconhecimento: permitem identificar se as regras pertencem ao sistema jurídico > determinam o que uma lei precisa ter pra ser válida - Hard cases – casos difíceis = casos em que a lei não dá uma resposta concreta. Ex.: não existe nenhuma lei que fale sobre transfusão sanguínea de testemunha de jeová > não há uma lei para seguir conforme alguns casos específicos > a decisão precisa ser baseada na interpretação de outras leis > JURISPRUDÊNCIA conta muito > para Hart, os hard cases são resolvidos pela discricionariedade (liberdade) judicial > com isso, o juiz pode criar/inovar a solução no caso concreto > esse posicionamento é muito criticado depois. Ronald Dworkin (1931 – 2013) - Pós positivismo = trabalha a questão do valor no direito; - Principais obras: Levando os Direitos a sério; Uma questão de princípio; Império do Direito; Domínio da vida - Crítica ao positivismo jurídico (Hart) - Quem faz a lei não é o juiz > ele deve agir dentro da lei > ele deve buscar em princípios que já existem > “O juiz continua tendo o dever, mesmo nos casos difíceis, de descobrir quais são os direitos das partes, e não de inventar novos direitos retroativamente.” - O juiz positivista – crença em um modelo baseado somente em regras; e não em regras e princípios. Direito como Integridade Tríade: Legislativo, Judiciário e Sociedade - 3 virtudes políticas: • Justiça – distribuição correta dos bens; • Devido processo legal – procedimento correto > com contraditório e ampla defesa (caso não tiver esses dois últimos elementos, é um processo ilegal); • Integridade – contribui para a eficiência do Direito (princípios) = é o direito que dê resposta a todos os casos, mesmo que não esteja na lei > a solução será a interpretação baseada em princípios > não existe integridade no direito sem os princípios (o princípio seria aplicado quando não tem uma lei específica sobre o assunto). “A integridade protege contra a parcialidade, a fraude ou outras formas de corrupção oficial, por exemplo.” Regras Princípios Solução: tudo ou nada (subsunção) Solução: equilíbrio/ponderação Específicas – faça isso/não faça isso Gerais – envolve vários aspectos Baixo grau de abstração Alto grau de abstração Aplicação direta Aplicação depende de interpretação Mandado de determinação (aplica-se ou não) Mandado de otimização (busca-se o ótimo; o melhor) Obs.: um princípio não invalida o outro. Um princípio pode ir contra leis, e por isso essas leis não devem ser aplicadas. Não há hierarquia, formalmente falando, entre regras e princípios. Regras: aplicabilidade tudo ou nada; Princípios: dimensão de peso (hard cases), técnica da ponderação. Observações: - Geralmente existem leis que regulam a aplicação de princípios. Mas nem sempre é assim. - A regra não pode chocar com o princípio. Juiz Hércules – metáfora de Dworkin - Um juiz tem a árdua tarefa de sempre dar a melhor solução para todos os casos que vai julgar. Para isso, ele precisa gastar o máximo de tempo possível para julgar todos os casos (mas isso não ocorre na realidade). Isso se deve ao fato de que, com o tempo, sempre se acha a melhor solução > é preciso sempre BUSCAR a melhor solução para o caso concreto > mesmo em casos difíceis sempre há uma resposta correta pelos princípios e pelas regras. Robert Alexy (1945-) - O STF adota a visão dele; - Jusfilósofo alemão; - Principais obras: Teoria da Argumentação Jurídica; Teoria dos Direitos Fundamentais - Norma é gênero. Regras e princípios são espécies de norma > normas são constituídas por regras ou princípios. Diferença estrutural. - Regras – representam a ponta do iceberg > vemos só a ponta. Exemplos: • Art. 5º, LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado > o que não vemos nesse caso específico são princípios que “estão por baixo”: o princípio da presunção da inocência; o princípio do in dubio pro réu; o direito fundamental a não produção de provas contra si mesmo; o direito atribuído ao réu solto, ao investigado, ao acusado de qualquer processo. • Art. 5º, XI - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial > o que não vemos: conceito de casa: casa, quarto de hotel, garagem, escritório, trailer, veículo, barco); dia (cronológico ou natural). Obs.: a lei não prevalece sob os princípios = ambos são espécies de norma e têm importância igual para o direito. Algumas vezes se misturam. - Norma e enunciado normativo: a mesma norma pode ser expressa por meio de diferentes enunciados normativos. A norma é muito mais ampla que o enunciado normativo. Ex.: extradição = art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (quando manda alguém pro país de origem pra ser julgado por algum crime) > esse é o comando normativo, mas a norma é “não pode ter extradição, só se for naturalizado” / “o brasileiro nato nunca será extraditado” - Norma pode ser expressa sem a utilização de enunciado normativo > o direito não é somente aquiloque está escrito/na lei. Ex.: semáforo. Teoria de Robert Alexy - Regras – normas mais concretas, específicas > não tem uma ponderação a ser feita. - Conflito de regras – critério da validade. Uma regra se aplica ou não. - As regras podem ter sua satisfação em graus, em função dos princípios. Ex.: obrigação contratual e função social dos contratos (essa é a regra, mas temos exceções > um princípio pode relativizar uma regra. Se tenho um contrato eu tenho que cumprir, porém eu não preciso cumprir sempre > a regra de obrigação contratual é relativizada > o contrato tem um relevante valor da sociedade > nós (particulares) não podemos fazer um contrato contra a CF; contra o princípio da boa-fé; etc. - Princípios – normas mais abertas, abstratas, genéricas, normas de ponderação, conteúdo axiológico (relativo a valor > o princípio sempre vai trazer um valor) > valor da sociedade – CONTEÚDO VALORATIVO > valores variam de sociedade pra outra. - Os princípios são mandamentos de otimização (busca-se o ótimo) > devem ser aplicados da melhor forma possível no caso concreto, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. - Colisão de princípios – técnica da ponderação e princípio da proporcionalidade. A proporcionalidade subdivide-se em: • Adequação: buscar a otimização de uma posição em relação à outra > princípio A ou B é o mais adequado? • Necessidade: entre os dois meios seja escolhido o menos prejudicial; • Proporcionalidade em sentido estrito: preocupa-se com a ponderação > não ser exagerado > não pode anular o outro princípio = EQUILÍBRIO = adequação dos meios Direitos Fundamentais - Os direitos fundamentais devem ser tratados como princípios (devem ter o peso do princípio), mesmo que sejam regras > direito fundamental traduz valor. Logo, a colisão entre direitos fundamentais deve ser considerada como uma colisão de princípios. - Normas de direitos fundamentais são taxativamente previstas na Constituição??? Não > são tratados como princípios, são mais abertos > ele não precisa estar necessariamente positivado.
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