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2015 Metodologia do ensino de ginástica escolar Profa. Rafaela Liberali Profa. Simone Aparecida Pereira Vieira Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Profa. Rafaela Liberali Profa. Simone Aparecida Pereira Vieira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 796.41 L695m Liberali, Rafaela Metodologia do ensino de ginástica escolar/ Rafaela Liberali; Simone Aparecida Pereira Vieira. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 216 p. : il. ISBN 978-85-7830-937-4 1. Ginástica – Aptidão Física. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III apresentação Bem-vindo à disciplina Metodologia do Ensino da Ginástica Escolar. Esse é o nosso Livro Didático, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre a ginástica escolar, caracterizando o movimento humano e aprofundando o conhecimento sobre a ginástica no ambiente escolar, e proporcionar reflexão sobre outras perspectivas de sua aplicação no espaço educacional em geral. Ao longo da leitura deste Livro Didático, você irá adquirir conhecimento sobre os valores fundamentais que permitam ao profissional desenvolver atividades de ginástica na escola mediante um maior entendimento da criança na compreensão do seu movimento, do seu corpo, para que possa usá-lo com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade. Compreender a estrutura e o funcionamento corporal e a investigação do movimento humano, nas diversas técnicas e modalidades de ginástica escolar. Neste Livro Didático, você, futuro educador, encontrará condições para vivenciar, através da prática da ginástica, um meio de aprendizagem necessário para o desenvolvimento, aperfeiçoamento e compreensão, proporcionando consciência da sua manifestação pessoal e cultural, respeito, autoestima, valor integral, soberania, igualdade, subjetividade e empatia, de maneira ampla e com condições de ofertar à sociedade um trabalho educativo com qualidade. Desejo a você um bom trabalho e que aproveite ao máximo o estudo dos temas abordados nesta disciplina. Bons estudos e sucesso! Professora Rafaela Liberali Professora Simone Vieira IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR .............................................................1 TÓPICO 1 – CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA ..................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A GINÁSTICA .................................................................3 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................5 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................9 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................10 TÓPICO 2 – CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA ...................................................15 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................15 2 SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA: DA PRÉ-HISTÓRIA À IDADE MÉDIA ...............................................................................................................................15 3 SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA: DO RENASCIMENTO ATÉ ATUALMENTE ...........................................................................................................................33 4 INCLUSÃO DA GINÁSTICA ESCOLAR .....................................................................................48 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................55 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................59 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................60 UNIDADE 2 – PERSPECTIVAS TEÓRICAS E FISIOLÓGICAS SOBRE A GINÁSTICA ESCOLAR ............................................................................................65 TÓPICO 1 – A FISIOLOGIA DA GINÁSTICA ESCOLAR ...........................................................67 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................67 2 VALÊNCIAS FÍSICAS TRABALHADAS NA GINÁSTICA ...................................................67 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................106 TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO E MÉTODOS DA GINÁSTICA ESCOLAR ..........................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 GINÁSTICA CIRCENSE ...................................................................................................................109LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................150 suMário VIII UNIDADE 3 – METODOLOGIA DO ENSINO DE GINÁSTICA: NOVAS PERSPECTIVAS ..........................................................................................................153 TÓPICO 1 – GINÁSTICA PARA TODOS NO CONTEXTO ESCOLAR....................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155 2 OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DA GINÁSTICA ..........................................................................155 3 GINÁSTICA ESCOLAR (PRÉ-ESCOLA AO ENSINO MÉDIO) ..............................................159 4 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO DA GINÁSTICA NA ESCOLA ........................163 5 COMO DAR UMA AULA DE GINÁSTICA ESCOLAR? ...........................................................170 6 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E NA GINÁSTICA ................................175 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................180 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................183 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184 TÓPICO 2 – PESQUISA EM GINÁSTICA NA ESCOLA ..............................................................187 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................187 2 PESQUISA EM GINÁSTICA ...........................................................................................................187 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA OU SISTEMÁTICA .....................................................................187 2.2 PESQUISA DE CAMPO DESCRITIVA .......................................................................................188 2.3 PESQUISA DE CAMPO EXPERIMENTAL................................................................................190 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................197 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................199 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................200 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................203 1 UNIDADE 1 RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • diferenciar os conceitos de educação física e de ginástica e suas peculiaridades; • reconhecer, caracterizar e localizar a história da ginástica e sua inserção no ambiente escolar. Esta unidade está dividida em dois tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA TÓPICO 2 – CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, você verá que a ginástica está inserida no contexto da educação física. Faz parte como conteúdo e elementos fundamentais para serem trabalhados na educação física escolar. 2 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A GINÁSTICA A educação física, como qualquer outra disciplina, na escola, tem responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes, por meio de aulas educativas, com lugar para discussão e reflexão sobre cada situação ou fato ocorrido e, também, focar no desenvolvimento de várias práticas corporais além dos esportes, como a dança, a ginástica geral, jogos e lutas (GUIMARÃES et al., 2001). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998) da educação física, a ginástica está inserida dentro de um bloco de conteúdos denominado esportes, jogos, lutas e ginásticas. Segundo Brasil (1998, p. 70-71), As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água. Cabe ressaltar que são um conteúdo que tem uma relação privilegiada com o bloco conhecimentos sobre o corpo, pois nas atividades ginásticas esses conhecimentos se explicitam com bastante clareza. Atualmente, existem várias técnicas de ginástica que trabalham o corpo de modo diferente das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), visando à percepção do próprio corpo: ter consciência da respiração, perceber relaxamento e tensão dos músculos, sentir as articulações da coluna vertebral. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 4 O endereço on-line a seguir mostra os PCN e sua abordagem na educação física. Se você quiser saber mais sobre ginástica escolar, acesse os PCN (1998). <http://cptstatic.s3.amazonaws.com/pdf/cpt/pcn/volume-08-educacao-fisica.pdf>. DICAS A vida, nos grandes centros urbanos, impõe enormes restrições à atividade física espontânea da criança. Assim, a prática regular de atividade física na escola se torna uma necessidade para as crianças e uma fonte preciosa de saúde, que promove o melhor crescimento e desenvolvimento do praticante (BARROS NETO, 1997). Assim, a educação física, no cenário escolar, passou a ser identificada como componente curricular integrado ao projeto político-pedagógico da escola (KUNZ, 2001). Veja o vídeo no link a seguir que aborda uma reflexão e sensibilização sobre as aulas de educação física nas escolas. <https://www.youtube.com/watch?v=foVvpAvJ0LE>. DICAS Na próxima unidade, você acompanhará a trajetória da história da ginástica escolar e sua inserção na escola, construída de uma maneira clara para uma leitura tranquila. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA 5 Leia parte da entrevista com Débora Didonê, dada à Revista Nova Escola, sobre “Ginástica como faz de conta”. Em creches e pré-escolas, o trabalho corporal é acompanhado de muita brincadeira. Só assim ela faz sentido para os pequenos. Se quiser visualizar a entrevista na íntegra, veja o conteúdo disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/ginastica-faz- de-conta-423003.shtml>.Acesso em: 10 set. 2015. Entrevista: “Sou a dona Aranha! Vou pegar essas mosquinhas e prendê-las na minha teia!” Essa é a deixa da professora Camila Sandoval de Andrade para que a turminha de 1 e 2 anos corra e se remexa pela sala. Com um bicho feito de cordas nas mãos, ela brinca de pega-pega com os “insetos”. Quem é capturado acompanha a dona Aranha para onde ela for. Afinal, fica grudado em sua teia! As crianças da Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro, nem percebem que estão fazendo ginástica durante essa atividade. Mas, de que ela é divertida, eles não têm dúvida! Na Educação Infantil, a brincadeiraé o mais importante – inclusive durante as atividades corporais. Por meio de tarefas lúdicas, os pequenos experimentam diferentes maneiras de andar, correr, pular e se esticar, aprendendo inclusive a interagir com os colegas. Para os mais velhos, de três anos, Camila propõe uma variação da brincadeira. Ela forma uma roda com todos sentados no chão e, com um rolo de barbante na mão, aponta para alguém e fala: “Se eu fosse uma aranha, subiria até o céu”. Sua auxiliar vai desenrolando o fio até chegar à criança, que diz: “Eu iria até o fundo do mar...” e aponta para outro coleguinha. Assim, atravessando a roda de lá para cá, o barbante forma uma grande teia, fixada em diferentes pontos da sala. Cantarolando (leia a letra da música acima), a meninada engatinha por baixo da teia e passa entre os fios, dançando e se equilibrando. Assim, todos aprimoram a destreza nos movimentos. Cada um tem seu ritmo Durante as atividades, a professora faz avaliações individuais. Esse acompanhamento é essencial para conhecer cada um e respeitar seus limites. Sabe-se que com três meses o bebê sustenta a cabeça; com cinco vira o corpinho no berço; com seis já fica sentado; e com um ano começa a andar. Mas isso não é regra. “Quem não se encaixa nesse padrão não tem necessariamente um problema”, diz a professora de Educação Física Márcia Simão, de Florianópolis. Por isso, é importante saber se os pequenos moram em casa ou apartamento, se são levados para passear no parque ou se tiveram algum tipo de doença que possa ter afetado seu desenvolvimento. “Assim, o professor compreende as necessidades de cada um e pensa em estímulos para favorecer a evolução deles”, explica o médico Abelardo Bastos Pinto Júnior, da Sociedade Brasileira de Pediatria. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 6 Para observar a turma de três anos, a professora Adelir Pazetto Ferreira, do Núcleo de Educação Infantil Coqueiros, da rede municipal de Florianópolis, faz um convite. “Vamos dançar rock’n ‘roll?” (Leia a letra da música acima). Acompanhando a cantiga, todos formam uma roda, sacodem os braços, as pernas e a cabeça, giram sobre o próprio eixo, põem a mão na cintura e rebolam. Numa animação só, a turma levanta um dos braços e grita “hey!” para finalizar o remelexo. Apesar de acharem divertido, nem todos conseguem fazer os movimentos. “Alguns só observam antes de participar”, conta Adelir. Para encorajá-los, ela chama cada um pelo nome e mostra como se faz, só na curtição. A competição ensina O momento da brincadeira é ideal para incentivar o respeito entre os colegas, principalmente quando há a ideia de competição. “Eles precisam perceber que estão dando o seu melhor, independentemente de estarem numa competição”, explica a professora Sandra Santos da Silva Jacques. Ela costuma organizar circuitos com grupos de cinco anos no Colégio Miró, em Salvador. Numa das disputas que mais fazem sucesso, dois grupos, de pés descalços, têm de correr até o outro lado do corredor para colocar os sapatos antes do adversário. “Se alguém está muito lento, precisa ouvir gritos de estímulo e nunca vaias”, ensina Sandra. Na etapa em que é preciso carregar água num copo descartável de café, o desafio é aliar rapidez e equilíbrio. Divididos em duas filas adversárias, os pequenos levam o líquido até o outro lado da sala, o despejam em um recipiente e voltam correndo, dando a vez a outro colega. Sandra deixa que eles experimentem várias velocidades. Dessa forma, os alunos percebem que, quando correm muito, a água pode ser derrubada. “A prática adequada pede que o professor corrija sem apontar o erro como algo negativo”, afirma Carol Kolyniak, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Como cada um aprende de um jeito, é preciso modificar as formas de orientação. “Além de reproduzir um movimento feito pelo adulto, às vezes a criança precisa ouvir, passo a passo, como fazê-lo”, explica. Quando necessário, Camila, da Sá Pereira, dá uma orientação individualizada ao grupo de um a três anos. As crianças assistem a um vídeo com a música A Velha a Fiar, sobre uma confusão entre a senhora do título e diversos bichos - mosca, gato, cachorro, boi etc. Cantarolando, imitam os animais, aprimorando suas formas de expressão. Se ficam em dúvida no meio da brincadeira e perguntam: “Como se faz o boi?”, Camila logo relembra o gesto. Todos participam Observar a garotada brincando na hora do recreio é uma boa maneira de conhecer melhor o grupo. “Se alguém nunca topa participar de uma atividade, pode estar acontecendo uma exclusão pelos colegas”, alerta a professora Márcia, de Florianópolis. Além disso, tanto o educador quanto a família precisam TÓPICO 1 | CONCEITUAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS TERMOS EDUCAÇÃO FÍSICA E GINÁSTICA 7 informar quando uma criança se apresenta frequentemente triste e reclusa, para que ambos possam ajudá-la. A falta de estímulo ocorre também por dor ao repetir determinados movimentos. Para Kolyniak, o que causa mais problemas são as atividades de impacto, como correr e pular. “A orientação é alinhar o pé, o joelho e o quadril da criança. Se ela corre com o pé para fora, pode forçar o joelho para dentro”, explica. Para correr com conforto, o ideal é olhar para a frente e alternar os braços. É importante evitar a repetição de um só movimento na mesma aula e não permitir que os pequenos carreguem caixas e brinquedos que estejam acima de 10% do próprio peso. Com esses requisitos atendidos, a garotada terá um bom desenvolvimento muscular e motor e, acima de tudo, uma infância bem vivida. Inclusão Truques para não deixar ninguém de fora Carol Kolyniak propõe uma adaptação para que cegos participem da atividade da teia de aranha, desenvolvida na Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro. O professor pode pegar na mão da criança e ajudá-la a sentir os fios e se movimentar entre eles, bem como orientá-la a erguer a perna para pulá-los ou se abaixar para passar por baixo deles. Depois de algum tempo, ela ganha autonomia na atividade. A etapa do circuito com água, proposta no Colégio Miró, de Salvador, pode ser adaptada ao cadeirante. Se ele se movimenta bem com a cadeira, pode movê-la com uma mão e carregar o copo com a outra. Se isso não for possível, ele leva o copo e um colega empurra a cadeira. Mesmo nesse caso, a habilidade do equilíbrio é desenvolvida. O colega que empurra, por sua vez, precisa observar se a velocidade é adequada. Além disso, o trabalho conjunto pede o diálogo durante a brincadeira. Os dois interagem para encontrar a melhor fórmula de acelerar sem perder o equilíbrio. Brincadeira com movimento... - Aprimora gestos e ritmos corporais. - Estimula a descoberta dos limites do corpo. - Sensibiliza para o convívio com os colegas. O Elefante na Teia de Aranha Um elefante Se pendurou Numa teia de aranha Mas quando viu Que a teia resistiu Foi chamar outro elefante... UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 8 (Repetir a letra com dois elefantes, depois com três, sucessivamente, até alcançar o número de crianças da classe.) Eu Danço Rock’n’roll Eu danço rock’n’roll, Eu danço rock’n’roll, Assim é bem melhor, hey! (Dançar em círculo, girar no próprio eixo e bater uma palma.) Eu boto a mão direita dentro, Eu boto a mão direita fora, Eu boto a mão direita dentro E eu sacudo ela agora (Sacudir a mão dentro e fora do círculo. Repetir a letra e a dança com mão esquerda, pé direito, pé esquerdo, cabeça e bumbum.) 9 Neste tópico você viu que: • A educação física tem responsabilidade na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes. • A ginástica está inserida no PCN (1998) da Educação Física. • A ginástica está inserida em um bloco de conteúdos denominado esportes, jogos, lutas e exercícios físicos. RESUMO DO TÓPICO 1 10 Agora responda às questões a seguire teste seu conhecimento. Questão 1 – QUESTÃO 41 do Concurso da Educação Física, São Paulo. De acordo com Valter Bracht, parte da dificuldade para responder à questão “O que é educação física?” está relacionada com a maneira de interpretar a própria pergunta. Afinal, queremos saber o que acontece hoje, nas escolas, durante as aulas de educação física, analisando seus pontos positivos e negativos (situação real), ou queremos saber o que deveria acontecer nas aulas de educação física, preocupados com a garantia da qualidade de ensino (situação ideal). Acerca do texto acima, julgue os itens seguintes de acordo com as ideias de Valter Bracht. I- Manuel Sérgio adota a mesma posição de Valter Bracht diante dessa questão, ou seja, preocupa-se em analisar a situação real da educação física escolar brasileira, quando afirma que a superação da crise de identidade envolve a discussão epistemológica sobre a necessidade de se caminhar em direção a uma ciência da motricidade humana. II- A análise da educação física, como fenômeno, deve concentrar-se na questão sobre o que a educação física é (situação real), ou seja, identificar que tipo de atividades têm sido desenvolvidas nas aulas de educação física e questionar se essas atividades contribuem para a formação do tipo de homem que se deseja. III- A melhoria na qualidade de ensino de educação física escolar depende da realização de um programa de capacitação dos professores centrado na divulgação das novas técnicas e na atualização dos conhecimentos científicos acerca do funcionamento do corpo humano. IV- A análise da educação física como fenômeno requer, em um primeiro momento, o distanciamento da questão sobre o que a educação física deveria ser (situação ideal), ou seja, não existe atualmente uma teoria capaz de revolucionar a educação física e resolver o problema da falta de reconhecimento social. Estão certos apenas os itens: a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/11081246/735504f24f36/ sesisp_013_13.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. AUTOATIVIDADE 11 Questão 2 – QUESTÃO 42 do Concurso da Educação Física, São Paulo. João Paulo Medina, em seu livro A educação física cuida do corpo... e “mente”, adota os princípios da teoria de Paulo Freire para distinguir três graus de consciência das pessoas em relação às possibilidades de interpretar e atuar no mundo. O primeiro nível de consciência, intransitiva, caracteriza aqueles indivíduos que vivem sintonizados no atendimento básico de suas necessidades biológicas de sobrevivência, permanecendo completamente alheios às questões de ordem política e social. O segundo nível de consciência, transitiva ingênua, caracteriza os indivíduos que buscam entender a realidade política que os cerca, mas adotam interpretações simplistas dos problemas, próprias do senso comum, que se baseia na experiência e nos preconceitos, apesar de estarem conscientes de que o jogo político interfere na nossa existência, procuram participar dele de forma a garantir a defesa de seus interesses pessoais. O terceiro nível de consciência, transitiva crítica, caracteriza os indivíduos que se reconhecem como sujeitos de seus próprios atos, adotando uma postura crítica em relação às estruturas de poder e às injustiças sociais, mostrando-se dispostos a lutar pela transformação da realidade em prol do bem comum. De fato, uma distinção clara entre os três níveis de consciência é quase sempre impossível de fazer. Há pessoas que podem assumir posturas críticas em determinadas situações e ingênuas em outras. Mas a caracterização de cada nível de consciência serve de referencial para entendermos a posição que temos diante da realidade. De acordo com as ideias de João Paulo Medina, assinale a opção correta: a) A conquista de níveis de consciência mais lúcida, capazes de permitir que o indivíduo entenda e se posicione diante dos condicionamentos políticos e sociais, depende da capacidade de se estabelecer um diálogo entre as pessoas, pautado em atitudes de amor, humildade, esperança e confiança, paralelo à disposição das pessoas para servir e dar testemunho. b) Em vez de fazer parte de um projeto pedagógico a ser construído em cada situação concreta, as verdadeiras propostas práticas de trabalho em educação física devem contemplar informações técnicas e científicas sobre a melhor maneira de alcançar determinados objetivos, ou seja, em vez de dialogar sobre os valores e objetivos que todos os participantes do processo aceitam conscientemente, a instrumentação do professor depende da capacidade de apresentar uma série de exercícios ou um método de treinamento. c) Considerando que as questões políticas exerçam influência sobre a maneira de ser de cada indivíduo, elas devem ficar ausentes das preocupações pedagógicas. De acordo com Moacir Gadotti, o educador deve ser capaz de separar o ato pedagógico do ato político, mesmo sabendo que existe uma dimensão pedagógica da ação política e uma dimensão política da ação pedagógica. 12 d) Para ser legítima, a ação pedagógica da educação física tem de, necessariamente, ser um projeto pautado em conteúdos nos quais o professor possui larga experiência e nas atividades que ele gosta muito de fazer. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/11081246/735504f24f36/ sesisp_013_13.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 3 – QUESTÃO 52 do Concurso da Educação Física, São Paulo. João Batista Freire, ao discutir se a educação física deveria se dedicar à educação do movimento, à educação pelo movimento ou à educação para o movimento, termina por afirmar que, na sua opinião, a educação física deve ser, na verdade, educação de corpo inteiro. De acordo com as teorias de João Batista Freire, assinale a opção correta. a) A educação física não deve ser entendida como uma educação do movimento, pois seus objetivos curriculares não estão relacionados diretamente com a aquisição de habilidades motoras ou o desenvolvimento da destreza corporal. b) Como a sociedade atual enfatiza acentuadamente a dimensão do fazer, a educação física deve contribuir para desenvolver a aptidão corporal das crianças, preparando-as adequadamente para corresponder às exigências e interesses do mercado de trabalho. c) A educação física deve-se afirmar como uma educação pelo movimento, considerando que as experiências corporais podem servir de base para outras aquisições mais elaboradas, que envolvem aspectos intelectuais, emocionais e sociais. d) A educação física centrada na educação para o movimento, dirigida para o corpo em uma dimensão predominantemente biológica, aproxima-se da perspectiva humanista, pois a pessoa, vista como sujeito, está no foco da ação pedagógica. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/11081246/735504f24f36/ sesisp_013_13.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 4 – QUESTÃO 1 do Concurso da Educação Física, Pernambuco. De acordo com os PCN da Educação Física, ao final do Ensino Fundamental os alunos devem ser capazes de: I - Adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência. II- Treinar para competições, de forma que alcancem o alto nível para representar o país em competições internacionais. III - Conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que existem em diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são produzidos. 13 IV - Reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais, relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da saúde coletiva. V - Participar de treinamentos esportivos, reconhecendo o esporte como um fenômeno social que tem suas vertentes voltadas para a performance. Estão de acordo com os PCN as afirmações: a) I, IV e V. b) II, III e IV. c) II, IIIe V. d) III, IV e V. e) I, III e IV. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/22815197/a6a68fa9654d/ pv_professor_de_educacao_fisica.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 5 – QUESTÃO 2 do Concurso da Educação Física, Pernambuco. No trabalho pedagógico com a Educação Física a partir da perspectiva pedagógica proposta pelos PCN, três aspectos devem ser levados em consideração: a) Princípio da progressão social; o movimento como meio e fim da educação física; a matriz biológica. b) Princípio da inclusão; as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais e procedimentais); os temas transversais. c) Fases do movimento motor; dimensão da aptidão física; os temas sociais. d) Blocos de conteúdo; a educação psicomotora; as abordagens críticas. e) Ensino do mundo da cultura; as dimensões sociais do esporte; o projeto político pedagógico. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/22815197/a6a68fa9654d/ pv_professor_de_educacao_fisica.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 6 – QUESTÃO 3 do Concurso da Educação Física, Pernambuco. De acordo com os PCN, é tarefa da educação física escolar, EXCETO: a) Garantir o acesso dos alunos às práticas da cultural corporal. b) Contribuir para a construção de um estilo pessoal. c) Oferecer instrumentos para que os alunos sejam capazes de apreciar os conteúdos criticamente. d) Abordar os conteúdos de forma aleatória, tendo em vista que os alunos trazem consigo poucas experiências relativas ao conhecimento sistematizado. 14 e) Oportunizar aos alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/22815197/a6a68fa9654d/ pv_professor_de_educacao_fisica.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 7 - QUESTÃO 13 do concurso da educação física, Pernambuco. A partir da promulgação da Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a educação física caracteriza-se: a) Como componente curricular. b) Como matéria biológica. c) Como atividade física, esportiva e recreativa. d) Como ensino do corpo e da mente. e) Como disciplina extracurricular. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/22815197/a6a68fa9654d/ pv_professor_de_educacao_fisica.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. Questão 8 - QUESTÃO 15 do Concurso da Educação Física, Pernambuco. A educação física trata, na escola, de uma área denominada: a) Cultura corporal. b) Aptidão física. c) Cultura humana. d) Prática esportiva generalizada. e) Educação, esporte e lazer. Fonte: Disponível em: <https://site.pciconcursos.com.br/provas/22815197/a6a68fa9654d/ pv_professor_de_educacao_fisica.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015. 15 TÓPICO 2 CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico você entenderá a trajetória histórica da ginástica até os dias atuais e sua inserção no ambiente escolar. Iniciaremos contando a história desde os primórdios da civilização e como ela vem acompanhando a evolução da sociedade, principalmente no ambiente escolar. A ginástica, para Ramos (1982, p.15), “vem da Pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta- se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea”. 2 SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA: DA PRÉ-HISTÓRIA À IDADE MÉDIA A palavra ginástica, de acordo com Ayoub (2003), advém do grego Gymnastiké, que significa a arte de fortificar o corpo e dar-lhe agilidade. Esse termo reflete as perspectivas historicamente direcionadas à prática da ginástica pelo homem ao longo da história. Para Ramos (1982), a ginástica era entendida como a prática do exercício físico, que na pré-história tinha papel relevante para sua sobrevivência, expressando principalmente a necessidade vital de atacar e defender-se, possuindo o caráter utilitário, sendo transmitido através das gerações. Podemos observar, nas figuras a seguir, que a ginástica na Pré-história se tratava de uma exercitação espontânea e ocasional, que possuía um caráter natural, utilitário, guerreiro, ritualístico e recreativo e objetivava a luta pela vida, os ritos e cultos, a preparação para a guerra, as ações competitivas entre tribos e as práticas recreativas (OLIVEIRA & NUNOMURA, 2012). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 16 FIGURA 1 – HOMENS PRÉ-HISTÓRICOS EM ATITUDES DE ATAQUE E DEFESA FONTE: Disponível em: <http://i.ytimg.com/vi/OXzt_1w0qF4/hqdefault.jpg>. Acesso em: 10 set. 2015. FIGURA 2 – HOMENS PRÉ-HISTÓRICOS EM ATITUDES DE ATAQUE E DEFESA FONTE: Disponível em: <https://sites.google.com/site/historiaeducacaofisica/_/ rsrc/1380599367754home/pre_historia_1%5B1%5D.jpg?height=371&width=398>. Acesso em: 10 set. 2015. Veja o vídeo no link a seguir que mostra a atividade física na Pré-história.<https:// www.youtube.com/watch?v=C13_sm3qw6k>. DICAS TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 17 O exercício físico utilitário e sistematizado de forma rudimentar era transmitido de uma geração a outra, por meios dos jogos, rituais e festividades (PARRA, SANTANA, LIMA, 2010). Na Antiguidade, Ramos (1982) cita que a prática de exercícios ocupou um lugar de destaque nas civilizações orientais e do novo mundo. Egípcios, assírios, babilônios, hititas, persas, chineses, japoneses e os índios pré-colombianos utilizavam a ginástica como objeto de culto, recreação e preparação guerreira. Na China, mais ou menos 3000 a.C., um imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo, pregava os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas, além do caráter guerreiro (COSTA, 1998). FIGURA 3 – MILITARES CHINESES PRATICAVAM UM JOGO QUE NA VERDADE ERA UM TREINO MILITAR FONTE: Disponível em: <http://img.historiadigital.org/2014/04/Futebol-Historia- Tsu-Chu.jpg> Acesso em: 10 set. 2015. Na Índia, os exercícios físicos eram tidos, no começo do primeiro milênio, como uma doutrina por causa das "leis de Manu", uma espécie de código civil, político, social e religioso. Eram indispensáveis às necessidades militares, além do caráter fisiológico. Buda atribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana (no budismo, estado de ausência total de sofrimento). A yoga tem suas origens na mesma época, retratando os exercícios ginásticos no livro Yajur Veda, que, além de um aprofundamento da Medicina, ensinava manobras massoterápicas e técnicas de respirar (COSTA, 1998). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 18 FIGURA 4 – EXERCÍCIOS GINÁSTICOS NO LIVRO "YAJUR VEDA, YOGA” FONTE: Disponível em: <http://www.nucleosattva.com.br/servicos_arquivos/aula01. jpg>.Acesso em: 10 set. 2015. Veja os vídeos nos links a seguir que mostram a história da yoga. <https://www.youtube.com/watch?v=3DFVOvCWzN0>. <https://www.youtube.com/watch?v=s_15soE_eHU>. DICAS No Japão, a educação física era quase sempre ligada aos fundamentos médico-higiênicos, fisiológicos, morais, religiosos e guerreiros. A civilização japonesa também tem sua história ligada ao mar devido à posição geográfica, além das práticas guerreiras feudais, os samurais (COSTA, 1998). TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 19 FIGURA 5 – SAMURAIS, ELITE GUERREIRA DO JAPÃO FEUDAL FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_6VNuFjuhuQM/SoQozx8rk_I/ AAAAAAAAABg/LJQGxc62kbE/s320/OgAAALhWrUhNUCrd7mqW4YZRHVzwguYxHm gHV6RcTM3x8ISdycfrDPN3PReOm7mSwSQ78PraP4pQSbxkuCoQDNLNPNgAm1T1 UKHmrg-ufZkTawJ_Z6R_ONpUto1o.jpg>.Acesso em: 11 set. 2015. FIGURA 6 – SAMURAIS, ELITE GUERREIRA DO JAPÃO FEUDAL FONTE: Disponível em: <http://www.ipcdigital.com/wp-content/uploads/2015/07/ photo_04-596x384-custom.jpg>. Acesso em: 11 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 20 Veja os vídeos nos linksa seguir que mostram os samurais, sua história e costumes. <https://www.youtube.com/watch?v=0Z0EybcIwmQ>. <https://www.youtube.com/watch?v=rg0cUXcB7y4>. <https://www.youtube.com/watch?v=gb_sPe02Gug>. DICAS No Egito, dentre os costumes existiam os exercícios gímnicos, revelados nas pinturas das paredes das tumbas, em que era valorizado o que se conhece hoje como qualidades físicas, tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam, embora de forma rudimentar, materiais de apoio, como troncos de árvores, pesos e lanças (COSTA, 1998). FIGURA 7 – EXERCÍCIOS GÍMNICOS REVELADOS NAS PINTURAS DAS PAREDES DAS TUMBAS FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_QZXB-LgPkaA/S5mZ8XZzmXI/ AAAAAAAAAFA/7oKnJWwvdEY/s320/image013.jpg>.Acesso em: 11 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 21 FIGURA 8 – EXERCÍCIOS GÍMNICOS NAS PINTURAS DAS PAREDES DAS TUMBAS FONTE: Disponível em: <http://esquizofia.files.wordpress.com/2011/08/egyptian- painting-in-the-british-museum.jpg>. Acesso em: 11 set. 2015. A civilização da Grécia, através da sua cultura, marcou e desenvolveu a educação física, por meio de nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles e Hipócrates, que contribuíram atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo e alma através das atividades corporais e da música (GOMES, 2010). Os gregos valorizavam não só a ginástica pedagógica, mas também a popular e a militar. Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo, entre outros, são uma herança desse povo. As atividades sociais e físicas eram uma prática até a velhice, lotando os estádios destinados a isso (COSTA, 1998). FIGURA 9 – HOMENS EM PREPARAÇÃO GUERREIRA FONTE: Disponível em: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ ABAAAfhSEAB-6.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 22 FIGURA 10 – HOMENS EM PREPARAÇÃO GUERREIRA FONTE: Disponível em: <http://historiablog.files.wordpress.com/2009/09/ancientgames. jpeg>.Acesso em: 14 set. 2015. Veja os vídeos nos links a seguir que mostram a simulação de jogos na Grécia e a vida dos atletas. <https://www.youtube.com/watch?v=2yl0JmXm2RM>. DICAS Na Grécia antiga, para Platão e Aristóteles, a ginástica: FIGURA 11 – GINÁSTICA PARA PLATÃO E ARISTÓTELES Plano educacional = jovens praticariam a ginástca entre os 7 a 16 anos. Entre 17 a 20 tinham treinamento para exercícios militares. O ginasta era um teórico e o pedotribia um prático. Formação do corpo antes do espírito. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 23 Há pouco mais de 15 séculos, no ano de 393, o imperador bizantino Teodósio I, o Grande, varria do mapa a maior competição atlética do planeta, os Jogos Olímpicos. Celebrados desde 776 a.C. às margens do rio Alfeu e dedicados aos deuses gregos, os Jogos, que congregavam cidadãos dos diversos estados do mundo helênico, entraram na temida lista de "cultos pagãos" e tiveram sua realização sumariamente proibida pelo soberano cristão (VEJA, 1896). O infausto decreto foi apenas mais uma das estocadas forasteiras no destino livre da Grécia, berço da civilização e da cultura ocidental. Assolada por guerras, desvirtuada por invasores, molestada por celerados, a nação de Aristóteles, Sócrates e Platão só se desgarraria do jugo estrangeiro neste século, quando a Guerra de Independência de 1821 libertou a Grécia do Império Otomano. Com a liberdade, porém, veio o desafio de recuperar um país quebrado e desmoralizado pela milenar submissão, tarefa hercúlea, como os gregos vêm dolorosamente percebendo ao longo das últimas décadas (VEJA, 1896). FIGURA 12 – O RENASCIMENTO DA FESTA DOS ESPORTES: OS GREGOS E SEUS CONVIDADOS PARTICIPAM DA CERIMÔNIA DE ABERTURA, ENTRE OS DIAS 6 E 15 DE ABRIL DE 1896 FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/olimpiada-1896/_img/imagens_ edicao/capa1.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 24 FIGURA 13 – A EMOCIONANTE PROVA DOS 100 METROS RASOS: DISPUTA PACÍFICA ENTRE NAÇÕES FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/olimpiada-1896/_img/ imagens_edicao/capa2.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. Veja os vídeos nos links a seguir que mostram a história das Olimpíadas. <https://www.youtube.com/watch?v=xa10pWiWk8g>. <https://www.youtube.com/watch?v=oBeIwFExTS0>. <https://www.youtube.com/watch?v=V2XYVI4A3bA>. DICAS Em Atenas (1896) participaram das provas 295 atletas de 13 países, esses números foram se multiplicando em uma escala geométrica até alcançar os números atuais, identificando os Jogos Olímpicos com a condição de um megaevento. Um megaevento se caracteriza por seu caráter temporal, sua capacidade de atrair um grande número de participantes de diversas nacionalidades e também por chamar a atenção dos meios de comunicação com ressonância global (RUBIO, 2005). Há 60 anos os Jogos Olímpicos deixaram de ser um evento europeu. Durante esse período os Jogos de Verão percorreram a Oceania (duas vezes), a América do Norte (quatro vezes), a Ásia (três vezes) e a Europa (seis vezes) e espera-se que eles possam chegar à África e à América Latina (RUBIO, 2005). TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 25 Em 1985, Fernando Brochado, na época presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, decidiu mudar o nome da ginástica olímpica para ginástica artística, referindo-se àquela ginástica praticada nos grandes equipamentos (seis eventos para o masculino e quatro eventos para o feminino), estabelecendo como modalidades olímpicas as seguintes manifestações esportivas de ginástica: a ginástica artística masculina, a ginástica artística feminina, a ginástica rítmica desportiva, o trampolim acrobático e a ginástica aeróbica. Desse modo, o termo ginástica olímpica estaria se referindo a qualquer uma dessas cinco manifestações esportivas da ginástica (NUNOMURA, NISTA-PICCOLO, EUNEGI, 2004). Atualmente, as competições oficiais envolvem seis provas masculinas e quatro femininas, são elas: FIGURA 14 – PROVAS OLÍMPICAS DA GINÁSTICA Provas masculinas Solo Solo Cavalo com alças Paralelas simétricas Paralelas assimétricas Trave de equilíbrioArgola Salto Salto Barra Provas femininas FONTE: Nunomura, Nista-Piccolo, Eunegi, (2004) A ginástica olímpica, modalidade esportiva mais antiga e popular do programa olímpico, se distingue pela grande variedade de movimentos dinâmicos ou estáticos, de difícil coordenação, executados em condições especiais: nos aparelhos, onde o nível dos ginastas é avaliado por um grupo de juízes, conforme os critérios de dificuldade do programa, a composição e a qualidade de execução (JOÃO & FERNANDES FILHO, 1996). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 26 FIGURA 15 – GINASTAS OLÍMPICOS DE ANTIGAMENTE FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/f/f8/Gym_combination_2.JPG/250px-Gym_ combination_2.JPG>. Acesso em: 14 set. 2015. FIGURA 16 – GINASTAS OLÍMPICOS DE ANTIGAMENTE FONTE: Disponível em: <http://www.rio2016.com/sites/default/files/imagecache/ switcher_960x620_rounded_corners/cioc-albert_meyer_pho10002988.ori_.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 27 FIGURA 17 – GINASTAS OLÍMPICOS DE ANTIGAMENTE FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ thumb/5/53/Weingartner.jpg/160px-Weingartner.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. FIGURA 18 – GINASTAS OLÍMPICOS DE ANTIGAMENTE FONTE: Disponível em: <http://www.medalhabrasil.com.br/wp-content/uploads/2012/04/ historia_ginastica_03.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 28 FIGURA 19 – GINASTAS OLÍMPICOS 2015 FONTE: Disponível em: <http://news.portalbraganca.com.br/wp-content/uploads/2015/07/ ginastica-r%C3%ADtmica-1024x681.jpeg>.Acesso em: 14 set. 2015. FIGURA 20 – GINASTAS OLÍMPICOS 2015 FONTE: Disponível em: <http://news.portalbraganca.com.br/wp-content/uploads/2015/07/ Gin%C3%A1stica.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 29 Esta unidade trouxe um pouco sobre a história dos Jogos Olímpicos. Na próxima unidade você saberá especificamente as características de cada modalidade da ginástica artística. ESTUDOS FU TUROS A derrota militar da Grécia para Roma não impediu a invasão cultural grega nos romanos, que combatiam a nudez na ginástica. Sendo assim, a atividade física era destinada às práticas militares. A célebre frase "mens sana in corpore sano", de Juvenal, vem desse período romano (COSTA, 1998). A queda do Império Romano foi muito negativa para a educação física, principalmente com a ascensão do cristianismo, que perdurou por toda a Idade Média. O culto ao corpo era um verdadeiro pecado. Também foi chamado, por alguns autores, de "Idade das Trevas" (COSTA, 1998). Nesse momento da história, a ginástica teve um momento de decadência. Passam a existir apenas exercícios físicos, lutas e justas, com objetivos voltados para os dogmas da Igreja, sofrendo forte influência da inflexibilidade do cristianismo dominante, acarretando a concepção de corpo como instrumento do pecado, de modo que, quanto menos ativo, melhor (BERTONI, PEREIRA & PALMA, s/d.). A ginástica ou exercício físico era, nesta época, privilégio da nobreza. Desse modo, defenderiam a pátria e participariam de jogos como os Torneios de Justas aqueles que tivessem títulos de nobreza. E quanto à plebe, seus torneios populares originados na Grécia Antiga foram banidos pela Igreja, restando apenas manifestações de canto e danças (BERTONI, PEREIRA e PALMA, s/d.). Veja os vídeos nos links que mostram a simulação das justas medievales. <https://www.youtube.com/watch?v=FcOnpOCcFQU>. <https://www.youtube.com/watch?v=aZEoWtHglgg>. DICAS UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 30 A preparação militar para as Cruzadas era feita por meio de: FIGURA 21 – TREINAMENTO PARA AS CRUZADAS 4 - Marchas e corridas a pé 3 - O manejo do arco e flecha 2 - Esgrima1 - Treinamento dos cavaleiros FONTES: 1) <https://pixabay.com/pt/knight-cavalo-armadura-idadem%C3%A9dia-2651812/> 2)<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/Jagiellonian_Ms.Germ. Quart.16_(Gladiatoria)_09v_-_Longsword_in_armor.jpg>. 3)<http://3.bp.blogspot.com/-oxm3dXSxgKM/TVggcPYQxjI/AAAAAAAADTk/ m6OVbMHWq18/s1600/agincourt_archer.jpg>. 4) <https://idademedia.files.wordpress.com/2012/08/paliodisiena2acidademedieval.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015.> Na Idade Média houve um desenvolvimento da acrobacia, pois se apresentavam nos castelos feudais, palácios reais e nas cidades, acrobatas e equilibristas. Estes, sem dúvida, tiveram influência no desenvolvimento de técnicas de exercícios ginásticos nos períodos posteriores, principalmente com relação aos aparelhos de grande porte (OLIVEIRA e NUNOMURA, 2012). Leia a seguir os outros jogos populares da Idade Média. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 31 UNI UNI Você sabia que um dos jogos mais populares na Idade Média era a "soule", antepassado do futebol? Até os padres, após a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule". Esse jogo consistia em atingir com a bola de couro ou de madeira com os punhos, com os pés ou com bastões curvos, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido pela equipe contrária. Havia “soules” entre povoados vizinhos. A vitória consistia em levar a bola até a praça do povoado adversário. Cada partida era disputada por duas equipes, mas só uma pessoa a vencia, o que explica a violência. Um documento de 1374 afirma que era preciso tomar a bola, não importava como: “o soule permitia socos, pontapés, golpes violentos à vontade”. A prática exigia, portanto, bom preparo físico. FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/na_idade_ media_a_igreja_condena_o_esporte_imprimir.html>. Acesso em: 15 set. 2015. Outro esporte em voga na Idade Média era o jogo da pela, ancestral do tênis moderno. Os praticantes eram essencialmente aristocratas. Em seus primórdios, consistia em lançar uma bola de couro ou lã, chamada de pela, com a palma da mão; daí o nome original em francês – jeu de paume (jogo de palma). FIGURA 22 – JOGO DA “SOULE” FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/img/na_idade_ media_a_igreja_condena_o_esporte_4__2012-07-26202714.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 32 Por volta do fim do século XV, a palma da mão foi substituída pela raquete ou pelo bastão. No século XV e no início do XVI, o jogo passou a ser realizado em uma quadra coberta de 25 a 30 metros de comprimento por 8 a 10 metros de largura. As partidas eram geralmente disputadas por dois jogadores, cada um procurando impedir o adversário de recuperar a bola e devolvê-la. O número de participantes, porém, podia chegar a quatro, seis ou até oito. FONTE: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/na_idade_media_a_igreja_ condena_o_esporte_imprimir.html>. Acesso em: 15 set. 2015. FIGURA 23 – JOGO DA PELA FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/ reportagens/ img/na_idade_media_a_igreja_condena_o_ esporte_1__2012-07-26202509.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. FIGURA 24 – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO JOGO DA PELA, ANCESTRAL DO TÊNIS, SURGIDO NO SÉCULO XIII Fonte: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/ reportagens/img/na_idade_media_a_igreja_condena_o_ esporte_2__2012-07-26202531.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 33 FIGURA 25 – ACROBACIAS DA IDADE MÉDIA FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/6/67/Tiepolo,_Giovanni_Battista_-_Pulcinella_and_the_ Tumblers_-_1797.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. Agora vamos entrar em nova fase da história, com o surgimento novamente da ginástica e sua valorização. ESTUDOS FU TUROS 3 SÍNTESE DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA: DO RENASCIMENTO ATÉ ATUALMENTE Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa que foi um importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Foi o primeiro movimento cultural motivado pela burguesia e teve seu início na Europa, na região de Florença, na Itália e, posteriormente, passou por Alemanha, Inglaterra e Países Baixos. No Renascimento a ginástica ressurgiu em vários países, recuperando o corpo macerado pelas guerras, pelos jejuns prolongados e pelos descuidos impostos pela religião, que considerava a prática corporal uma fonte de luxúria e de pecados (OLIVEIRA e NUNOMURA, 2012). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 34 Durante o Renascimento houve o resgate da importância dos cuidados com o corpo, ressurgindo o ideal pedagógico, em que a prática de exercícios físicos e de jogos deveria ser considerada na formação dos jovens, por isso, necessários nas escolas, mesmo que ainda sem uma finalidade didática e metodologia sistematizada de cultura corporal do movimento (PEREIRA, 2007). Simbolicamente, a partir de 1453, o exercício físico na Idade Moderna, quando da tomada de Constantinopla pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de educação, com contribuição de vários pedagogos, para a evolução do conhecimento da educação física com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica, levando à sistematização da ginástica (PAOLIELLO, 2011). O corpo e a beleza física foram celebrados na arte renascentista. A mulher, antes ligada ao pecado, reapareceu, seminua e deslumbrante, em O Nascimento de Vênus, tela de Sandro Boticelli, pintadaem 1485 (MATOS, GENTILE e FALZETTA, 2004). FIGURA 26 – O NASCIMENTO DE VÊNUS, TELA DE SANDRO BOTICELLI FONTE: Disponível em: <http://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/historia-arte/ imgs/idmod/Botticelli_08.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. Michelangelo Buonarroti enfatizou a beleza do corpo masculino em Davi, escultura florentina, em 1504, e na imagem de Adão, pintada no teto da Capela Sistina entre 1508 e 1512. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 35 FIGURA 27 – DAVI DE MICHELANGELO BUONARROTI FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-FkBnrqdTX44/UZ_ IjDtahfI/AAAAAAAAADw/_fSd3pevOEk/s1600/davi+(1).jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. Leonardo da Vinci foi o maior dos “artistas-anatomistas” do Renascimento. Encheu vários cadernos com anotações e desenhos sobre o funcionamento de órgãos, ossos e músculos, que estudava dissecando cadáveres. Reproduzida à exaustão, uma das ilustrações dos diários, o Homem Vitruviano (1490), expressa o equilíbrio e as proporções da figura masculina (MATOS; GENTILE; FALZETTA, 2004). FIGURA 28 – HOMEM VITRUVIANO, DE LEONARDO DA VINCI FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/6/67/Tiepolo,_Giovanni_Battista_-_Pulcinella_and_the_ Tumblers_-_1797.jpg>. Acesso em: 14 set. 2015. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 36 O guerreiro rude deu lugar a um novo padrão masculino. Esse ideal de diversidade se manteve nos séculos seguintes, nos círculos de elite, reforçando a necessidade dos exercícios físicos. Até por volta do século XVIII acreditava-se que o corpo era apenas o resultado de uma herança genética, mas aos poucos, com o crescimento das cidades e o surgimento de novas ocupações, o físico passou a ser mais exigido. Por motivos de saúde, de higiene e de necessidade para o trabalho cada vez mais repetitivo e especializado (eram os primeiros sinais da Revolução Industrial), a prática de exercícios deveria ser estendida para a maioria da população e não se restringir ao esporte de elite. Assim, entra o corpo no século XIX (MATOS, GENTILE e FALZETTA, 2004). Com a evolução do conhecimento da prática de exercícios físicos, foram publicadas obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica de execução. Os jogos populares, as danças folclóricas e o atletismo eram as formas mais comuns de exercícios físicos nesse período (OLIVEIRA e NUNOMURA, 2012). Atualmente, as competições estão em alta, exigindo ao máximo a capacidade física dos atletas, com a superação de limites, quebra de recordes, vitória a todo custo. Os esportes de massa surgiram com uma série de transformações na vida urbana. A Inglaterra – cenário de mudanças desde a Revolução Industrial – foi também o berço dos esportes coletivos, tendo como origem as atividades praticadas em colégios e universidades. São elas (MATOS, GENTILE e FALZETTA, 2004): FIGURA 29 – ESPORTES COLETIVOS COM INÍCIO NA INGLATERRA Competições de barcos a remo, 1829, ano do primeiro desafio entre Oxford e Cambridge. Futebol ganhou regulamento unificado (1843) - as regras de Cambridge - e 20 anos depois passou ao controle de uma associação nacional. Boxe adotou em 1867 normas propostas pelo marquês de Queensberry. Em 1880, os ingleses fundaram uma Associação Atlética Amadora. FONTE: Matos, Gentile e Falzetta, (2004) TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 37 Rapidamente, as inovações se espalharam pelo mundo. Em 1892, o barão francês Pierre de Coubertin propôs a reedição dos Jogos Olímpicos. Em sua opinião, a "exportação de atletas" seria o "comércio livre" do futuro e um instrumento para a paz mundial. Quatro anos depois, o rei da Grécia, Jorge I, abriu os primeiros jogos da era contemporânea (MATOS, GENTILE e FALZETTA, 2004). Determinados modelos, especialmente os métodos ginásticos europeus do século XIX, constituídos a partir das diversas formas de se pensar os exercícios físicos em países da Europa, como Dinamarca, Áustria, Alemanha, França, Suécia e Inglaterra, construíram a ginástica contemporânea. Pode-se dizer que o movimento ginástico europeu é fruto do pensamento científico da época, que desejava atribuir um caráter de utilidade aos exercícios físicos, com princípios de ordem e disciplina, contribuindo assim para o afastamento da ginástica de seu núcleo primordial: o divertimento. Neste contexto, houve uma tentativa de negação das práticas populares de artistas de rua, de circo, acrobatas, entre outros, que apresentavam a ginástica como espetáculo, trazendo o corpo como centro de entretenimento (OLIVEIRA, 2007). Quatro principais escolas, a Escola Alemã, a Escola Sueca, a Escola Francesa, serviram de suporte para o surgimento dos principais métodos ginásticos, o que resultou nos três grandes movimentos ginásticos da Europa: o Movimento do Oeste na França, o Movimento do Centro na Alemanha, Áustria e Suíça e o Movimento do Norte, englobando os países da Escandinávia. E a Escola Inglesa, que se voltou para as atividades desportivas (SOUZA, 1997). A Escola Alemã era de caráter extremamente nacionalista, com o objetivo de preparar os corpos para a defesa da pátria, criando um forte espírito nacionalista para atingir a unidade, com homens e mulheres fortes, robustos e saudáveis, apoiando-se nas ciências biológicas, para desenvolver seus métodos (DODÔ e REIS, 2014). Em 1760, inspirado nas doutrinas pedagógicas de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e John Locke (1632-1704), Johann Bernard Basedow (1723-1790) iniciou um processo de estruturação, denominado Método Alemão, que posteriormente atingiu o ápice com os trabalhos de Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759- 1839), Adolph Spiess (1810-1854) e Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852) (DODÔ e REIS, 2014). Guts-Muths foi considerado o pai da ginástica pedagógica. Para ele, deveria ser organizada pelo Estado e ministrada todos os dias e para todos. Spiess preocupou-se com a inserção da ginástica nas escolas e procurou colocá- la no mesmo plano das demais disciplinas escolares. Jahn, principal responsável pela disseminação do método entre a população, trouxe ao seu sistema o caráter militarista e extremamente patriótico, chegando a criar termos próprios, como, por exemplo, a palavra Turnen, que significa ginástica (DODÔ e REIS, 2014). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 38 Em um manual de ginástica escrito por Guts Muths, ele reconhece a importância da fisiologia como base para a elaboração do que chama de ‘‘verdadeira teoria da ginástica’’. Ele cita que uma verdadeira teoria da ginástica deveria ser elaborada baseada em princípios fisiológicos e a prática de cada exercício regulada pelas qualidades físicas de cada indivíduo, mas tal perfeição não é esperada desse trabalho, feito somente pela genuína experiência de oito anos de prática, que me convenceram de que a ginástica é necessária à educação’. (GUTS MUTHS, 1928, p. 12-13 apud QUITZAU, 2015, p. 113). Veja a seguir que a divisão dos jogos aqui exposta representa as duas classes de exercícios apresentadas por Guts Muths em seu manual de jogos. Dentro das duas classes há ainda outras subdivisões. FIGURA 30 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS POR GUTS Tabela 1 Elementos constituintes da ginástica de Guts Muths Exercícios ginásticos Trabalhos manuais Jogosa Saltar Carpintaria De movimento sentados ou de descanso Correr Torneiro Arremessar Jardinagem Lutar Encadernação Escalar Equilibrar Levantar e carregar; exercícios para as costas; pular corda e arco Banhar-se; nadar exercícios de enrijecimento Leitura e declamação Exercício dos sentidos Fonte: Guts Muths (1928) e Guts Muths (1959). a A divisão dos jogos aqui exposta representa as duas classes de exercícios apresentados por Guts Muths em seu manual de jogos. Dentro das duas classes há ainda outras subdivisões. FONTE: Quitzau (2015) Veja os vídeos nos links a seguir que mostram a ginástica alemã: <https://www.youtube.com/watch?v=00vhq4RjQIM>.<https://www.youtube.com/watch?v=1iIwMdZecPo>. DICAS TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 39 FIGURA 31 – GINÁSTICA DE RODA ALEMÃ FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_mIt4N029Eso/S8iIrAXojlI/ AAAAAAAAABw/3L6SvCjWy7w/s1600/NiceKnickers!.jpg>. Acesso em: 17 set. 2015. FIGURA 32 – GINÁSTICA ALEMÃ FONTE: Disponível em: <http://www2.brasilalemanha.com.br/1824_antes_arquivos/ image010.jpg>. Acesaso em: 17 set. 2015. A Escola Alemã resultou na modalidade competitiva atual Ginástica Artística e “foi a base para a estruturação da “Ginástica Moderna”, que é a atual Ginástica Rítmica”. (FIORIN, 2002, p. 27 apud DODÔ e REIS, 2014). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 40 A Escola Sueca foi idealizada por Pehr Henrick Ling (1776-1839) e possuía um caráter não acentuadamente militar, mas sim “pedagógico” e “social”, com a finalidade de extirpar os vícios da sociedade, em especial o alcoolismo, regenerar a população, gerando indivíduos fortes que pudessem ser úteis à pátria, como soldados ou trabalhadores civis (SOARES, 2004). Levando em consideração os princípios estabelecidos dentro das ciências biológicas, Ling criou exercícios livres sem aparelhos, de execução fácil e estética, além de saltos no cavalo, cambalhotas, jogos ginásticos, patinação e esgrima. Tudo associado a cantos alegres e disciplina militar (RAMOS, 1982). Uma sessão de exercícios livres era composta da seguinte forma (DODÔ e REIS, 2014): 1º - Exercícios de ordem. 2º - Exercícios de pernas ou movimentos preparatórios formando uma pequena série. 3º - Extensão da coluna vertebral. 4º - Suspensões simples e fáceis. 5º- Equilíbrio. 6º - Passo ginástico ou marcha. 7º - Movimentos dos músculos dorsais. 8º - Movimentos dos músculos abdominais. 9º - Movimentos laterais de tronco. 10º - Movimentos de pernas. 11º - Suspensões mais intensas que as do nº 4. 12º - Marchas ou movimentos de pernas, executados mais rapidamente que os outros para preparar saltos. 13º - Saltos. 14º - Movimentos de pernas. 15º - Movimentos respiratórios. FIGURA 33 – GINÁSTICA SUECA FONTE: Disponível em: <http://ginasticasueca.zip.net/images/calistenia.jpg>. Acesso em: 17 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 41 FIGURA 34 – GINÁSTICA SUECA Fonte: Disponível em: <http://www.parkour.pt/site/artigos/parkour/_georges_ hebert/mn.jpg>. Acesso em: 17 set. 2015. Veja os vídeos nos links a seguir que mostram a ginástica sueca. <https://www.youtube.com/watch?v=dsNLap2jqfM>. <https://www.youtube.com/watch?v=kg3Iu5zv_JM>. DICAS “A extensão do movimento não ficou na Suécia, estendeu-se com entusiasmo por todo o mundo, principalmente aos demais países nórdicos – Dinamarca, Noruega e Finlândia” (RAMOS, 1982, p. 211). Na Dinamarca, o Método Sueco foi chamado de Ginástica Racional, por ser fundamentado e consciente de seu objetivo. Entretanto, foi considerado inapto para as necessidades e interesses da juventude dinamarquesa, por ser composto por posições rígidas. Surge, então, a Ginástica Básica Dinamarquesa, idealizada por Niels Bukh, uma Ginástica de Movimento. Assim como Ling, Bukh preocupou-se muito com a postura. Os exercícios deveriam ser diferentes para homens e mulheres e voltados para a correção de defeitos posturais oriundos do trabalho (DODÔ e REIS, 2014). Seguindo os métodos de Ling, a escola dinamarquesa difundiu a ginástica na escola e a prática pela população, porém aos poucos foi criando um novo método, pois não estavam satisfeitos com a sistematização dos exercícios. Para os dinamarqueses, o instrutor de ginástica não deveria somente sistematizar os exercícios e sim conduzir um trabalho de forma que o aluno fosse consciente UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 42 do objetivo da atividade. A ginástica dinamarquesa valorizava os movimentos naturais e sua utilização como instrumento educativo (STANQUEVISCH, 2004). Alguns exercícios propostos por Bukh (DODÔ e REIS, 2014): 1º - extensão lateral das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, com as mãos apoiadas no solo. 2º - separação e extensão das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, apoiando as mãos no solo. 3º - flexão unilateral lenta e profunda dos joelhos, em posição vertical com as pernas abertas e em colaboração com um companheiro. 4º - torsão do tronco com movimento unilateral de braço para fora em posição vertical com o tronco inclinado para a frente, as pernas abertas e os braços flexionados horizontalmente à altura dos ombros. Também inspirada na Ginástica Sueca de Ling, temos a Calistenia, que é uma série de exercícios ginásticos localizados, com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos, que pode integrar perfeitamente qualquer sistema ginástico. Objetivando melhorar a forma física da população, foi introduzida nas escolas americanas em 1860 por Dio Lewis. Os exercícios calistênicos foram divididos em oito grupos: de braços e pernas; para a região póstero-superior do tronco (parte superior da espádua); para a região póstero-inferior do tronco (parte inferior da espádua); para a região lateral do tronco (laterais); de equilíbrio; gerais de ombros e espáduas (Wood) ou gerais de espáduas e ombros (Skartrom); Saltos e corridas (Skarstrom) ou sufocantes (Wood) (DODÔ e REIS, 2014). FIGURA 35 – GINÁSTICA DINAMARQUESA FONTE: Disponível em: <http://s.glbimg.com/po/tt/f/original/2012/08/01/imagem17. jpg>.Acesso em: 17 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 43 FIGURA 36 – GINÁSTICA DINAMARQUESA FONTE: Disponível em: <http://gazetaweb.globo.com/Fotos/Noticias/030810acrobacias. jpg>.Acesso em: 17 set. 2015. Veja os vídeos através dos links a seguir que mostram a ginástica dinamarquesa. <https://www.youtube.com/watch?v=2Ggw4LBd-gs>. <https://www.youtube.com/watch?v=rIF-fHdt2oQ>. DICAS A Escola Francesa teve como principais representantes o Método Francês desenvolvido por D. Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848), George Demeny (1850-1917) e o Método Natural pensado por Hébert (1875-1957) (RAMOS, 1982). A contribuição de Amoros, um militar que dá início a um trabalho de ginástica com o objetivo de educação moral dos seus alunos, tinha como ideia principal afastar a prática por entretenimento e buscar fundamentá-la em exercícios severos, rigorosos e de exigências acrobáticas (STANQUEVISCH, 2004). Demeny, discordando do método sueco de Ling, propôs exercícios ginásticos completos, arredondados e contínuos (RAMOS, 1982). Voltou-se para a saúde da mulher, combatendo hábitos elegantes, tais como cintas, salto alto, porta-seios; condenava os meios de sustentação artificiais (DODÔ e REIS, 2014). UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 44 “O método (francês) para alcançar os seus objetivos preconiza sete formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios educativos, exercícios mímicos, aplicações, desportos individuais e coletivos”. (RAMOS, 1982, p. 222). Abordava exercícios de marcha, corrida, salto, lançamentos, lutas, esgrima, utilização de pesos e halteres, ginástica de aparelhos, remo, ciclismo, natação e salvamento e desportos coletivos. Para Hébert, o avanço da tecnologia e o aumento da utilização das máquinas nos trabalhos afastavam o homem da vida natural, fazendo com que perdesse a sua virilidade. Assim, sistematizou um método baseado na vivência do homem primitivo para aplicá-lo na sociedade moderna, propondo o seu método naturalista, ou seja, uma educação física completa e utilitária, por meio de exercícios naturais completos e sintéticos, contrapondo-se aos mecanismos analíticos observados anteriormente nos métodos de Amoros e Demeny. De modo que ele sistematiza seu método pela classificação de oito grupos de exercícios distintos: “o trepar, o levantar, o lançar, a defesa natural (pelo boxe e pela luta), a natação, a marcha, a corrida e o salto”. (AZEVEDO,1960, p. 129 apud PERDOMO, 2011, p. 23). FIGURA 37 – GINÁSTICA FRANCESA FONTE: Disponível em: <http://irmaosol.files.wordpress.com/2008/10/ginastica- gondomar.jpg>.Acesso em: 17 set. 2015. TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 45 FIGURA 38 – GINÁSTICA FRANCESA FONTE: Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd174/ginastica-para-todos-nas- escolas-de-lavras-06.jpg>. Acesso em: 17 set. 2015. Veja os vídeos através dos links a seguir que mostram a ginástica francesa. <https://www.youtube.com/watch?v=r8vJYmFznDc>. <https://www.youtube.com/watch?v=w9qiqfhI09Q>. DICAS A Escola Inglesa tem o foco no esporte. O esporte moderno nasce na Inglaterra (século XIX). Foi institucionalizado com regras precisas e formas definidas. A ginástica era pouco difundida, o esporte foi considerado o grande meio para promover a educação, através de jogos esportivos: organização, regras, técnicas e padrões de conduta. Os ingleses integraram técnicas antigas do esporte oferecendo ao mundo vários esportes, como: atletismo, futebol, rúgbi, tênis, boxe, natação, patinagem desportiva. Thomas Arnold criou o esporte propriamente dito e o introduziu nas escolas. Estabeleceu regras e formas precisas de organização para as associações desportivas, os clubes universitários, e confiou a sua organização aos alunos. O esporte tinha características educacionais e socializantes, como a cooperação, a perseverança, a tomada de iniciativa, o respeito às regras e ao adversário. UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 46 FIGURA 39 – GINÁSTICA NA ESCOLA INGLESA FONTE: Disponível em: <http://colegiobeneditopereiracardoso.zip.net/images/es.png>. Acesso em: 17 set. 2015. Veja os vídeos através dos links a seguir que mostram a ginástica Inglesa. <https://www.youtube.com/watch?v=kssHIOAk_nw>. <https://www.youtube.com/watch?v=wczfYypwifw>. DICAS Nesse percurso histórico e com a sistematização da ginástica e de suas modalidades, foram criadas federações e confederações que passaram a regulamentar e organizar a prática competitiva, fornecendo maior significado a definições, conceitos e finalidades (RAMOS, 1982). Para a melhor compreensão do universo da ginástica nesse contexto atual, faz-se necessário analisar sua estrutura organizacional em nível mundial. A Federação Internacional de Ginástica (FIG) é a organização mais antiga e com maior abrangência internacional na área da ginástica. Está subordinada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), sendo responsável pelas modalidades gímnicas que são competidas nos Jogos Olímpicos. É, portanto, a Federação com maior poder e influência na ginástica mundial (PAOLIELLO, 2011). TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 47 Visite a página da Federação Internacional de Ginástica (FIG). <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. DICAS A FIG é um órgão que tem como objetivo orientar, regulamentar, controlar, difundir e promover eventos na área da ginástica. Tem sua origem nas Federações Europeias de Ginástica (Fédérations Européennes de Gymnastique – FEG), estabelecidas em 23 de julho de 1881 em Bruxelas – Bélgica, com a participação da França, Bélgica e Holanda. Apesar de reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional desde 1896, a FEG só participou como Federação Oficial de Ginástica Artística nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908 (PAOLIELLO, 2011). A FIG valida sete modalidades de ginástica: FIGURA 40 – MODALIDADES DE GINÁSTICA Ginástica Artística feminina Ginástica para Todos Ginástica Artística masculina Ginástica Aeróbica Esportiva Ginástica Acrobática Trampolim GinásticaRítmica FONTE: PAOLIELLO, (2011) UNIDADE 1 | RESGATANDO AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E A GINÁSTICA NO AMBIENTE ESCOLAR 48 A Ginástica para Todos (GPT) é a única modalidade não competitiva. De acordo com a Confederação Brasileira de Ginástica (2006), a GPT é uma modalidade bastante abrangente. Está fundamentada nas ações gímnicas, integrando vários tipos de manifestações e elementos da cultura corporal, tais como danças, expressões folclóricas, jogos, entre outros, expressos através de atividades livres e criativas (OLIVEIRA, 2007). A GPT é uma ferramenta importante na educação, pela multiplicidade das possibilidades de expressão, universalidade de gestos e facilidade de incorporação de processos formativos e educacionais (OLIVEIRA, 2007). Segue um resumo de cada momento histórico da ginástica: FIGURA 41 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DA GINÁSTICA EM CADA PERÍODO HISTÓRICO Característica utilitária Pré-história Idade ContemporâneaIdade ModernaIdade MédiaAntiguidade Primeiras sistematizações dos exercícios fisícos/ginástica Preocupação com a educação; Exercícios ao ar livre Preparação militar Educação corporal, estética e características guerreiras. Praticas corporais Grécia e Roma FONTE: Oliveira, (2007). 4 INCLUSÃO DA GINÁSTICA ESCOLAR Em 1808, com a vinda da família real portuguesa, inicia-se um precário investimento na educação, organizada em educação popular e pública, em que o governo imperial, através do Ato Adicional de 1834, acrescentou na Lei da Educação Elementar, de 1827, uma estrutura educacional dividida em três níveis: instrução primária, secundária e ensino superior, competindo às assembleias provinciais e aos seus governos executivos a responsabilidade sobre os dois primeiros níveis de instrução, e ao governo imperial a estruturação do ensino superior (GOIS JÚNIOR e BATISTA, 2010). O Colégio Pedro II, fundado em 1837, com o objetivo de oferecer uma formação diferenciada à elite carioca do século XIX, introduz no ensino público fluminense as práticas da ginástica, que diferenciaram com uma formação moderna que incluía em seu currículo saberes desconhecidos dos outros colégios, como a música, desenho e a própria ginástica. O aluno formado pelo colégio recebia o título de bacharel em Letras, e poderia ingressar em qualquer curso superior do país (GOIS JÚNIOR e BATISTA, 2010). TÓPICO 2 | CONHECENDO A HISTÓRIA DA GINÁSTICA 49 Em São Paulo, a partir de 1835, iniciou-se o ideário de construção de uma Escola Normal, que teria o objetivo de formar o professorado paulista para a instrução primária na província. Contudo, apenas em 1843 apresentou-se à Assembleia paulista o projeto para sua criação, que foi aprovada através da Lei n° 34, de 1846 (GOIS JÚNIOR e BATISTA, 2010). A partir daí, no Brasil império, em 1851, a Lei de nº 630 incluiu a ginástica nos currículos escolares. Rui Barbosa foi um dos primeiros defensores das práticas ginásticas dentro da escola, em 1882, e já nessa época ele ressaltava a importância do cunho social, intelectual e moral da ginástica (DORNELLES, 2007). Preconizava a obrigatoriedade da educação física nas escolas primárias e secundárias, praticada quatro vezes por semana durante 30 minutos (GOMES, 2010). No entanto, é apenas a partir da década de 1920 que vários Estados da Federação começam a realizar suas reformas educacionais e incluem a educação física, com o nome mais frequente de ginástica. (BETTI, 1991). Historicamente, a ginástica aparece nos currículos escolares brasileiros marcada por princípios eugênicos, higiênicos e morais, ditados pelas regras dos militares e da classe médica. Pelo modo de se fazer educação física nas escolas e através dele é que se buscava moldar o homem desejado pela e para a sociedade naquele período (NASCIMENTO et al., 2013). O Brasil teve influência do Sistema Francês de ginástica, que tinha como pressuposto o lado físico (movimentos coordenados, ritmados e coreografados do corpo), para uma formação ética (disciplina), social (resistência às adversidades das guerras) e higiênicas (aumento da força e saúde corporal) (XAVIER e ALMEIDA, 2012). A educação física escolar, sob as orientações metodológicas da escola francesa, era baseada em exercícios calistênicos: movimentos repetitivos que trabalhavam, de forma isolada, membros superiores e inferiores. O professor
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