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Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel O Sistema Nervoso Central é composto pelo telencéfalo, tronco cerebral, cerebelo e medula. Além disso, o SNC é recoberto por três membranas de tecido conjuntivo, que são as meninges, que ficam entre o osso e o cérebro. As meninges têm como função proteger o SNC, e realizam algumas trocas metabólicas entre os vasos e o cérebro, apesar de não serem uma barreira hematoencefálica. Há uma meninge mais externa, bem aderida ao osso, que é a Dura-Máter. Ela é um pouco mais espessa e dura. Abaixo da Dura-Máter, há a meninge Aracnoide. Bem aderida ao cérebro, há a meninge Pia-Máter. Entre as meninges há espaços, sendo esses: O espaço existente acima da Dura-Máter é denominado espaço extradural ou espaço epidural. Entre a Dura-Máter e a Aracnoide há o espaço subdural. Entre a Aracnoide e a Pia-Máter há o espaço subaracnoide. Entre a Pia-Máter e o cérebro o espaço subpial. É mais raro de ocorrer alguma situação patológica nesse local. No espaço subdural há o líquor, que é um liquido cefalorraquidiano, sendo produzido no plexo coróide (principalmente nos ventrículos laterais). O líquor é um líquido estéril (tem algumas células de defesa), e é importante no metabolismo do SNC, fazendo a drenagem de algumas substâncias, já que o SNC não possui um sistema linfático. O líquor é desencadeado em uma vênula, em uma cisterna, e cai na circulação venosa, voltando para o coração, sendo filtrado e assim por diante. O cérebro fica suspenso em uma espécie de capa de líquido (líquor), o que faz com que alguns traumas mecânicos sejam amenizados, já que naturalmente o cérebro já não entra em contato com uma superfície óssea. Além disso, esse líquido também ajuda a diminuir o peso do cérebro (que pesa por si só por volta de 1,5 kg). Nos espaços extradural, subdural e subaracnoide há vasos, em algumas situações veias e em outras artérias. No espaço subaracnoide passam o líquor e também vasos, tendo algumas das principais artérias nesse local. Transcrição – Aula 4 (P1) Parte 1 Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Avaliação Clínica Imagine que, na emergência do hospital, chega um paciente com um quadro de cefaleia, febre, náuseas e vômitos. A primeira hipótese diagnóstica não é uma meningite, mas sim Covid-19 e viroses, por serem mais frequentes. Para fazer o diagnóstico correto da meningite e, principalmente, para saber o agente patológico, é necessário realizar o exame de punção lombar. O agente patológico pode ser viral (mais comum), bacteriano (mais grave), fúngico, que entra em contato direto com a meninge. Na punção lombar, o paciente fica em decúbito lateral, utilizando um acesso pelas costas mais ou menos a nível de L3/L4/L5 e a agulha entra no espaço subaracnoide, recolhendo um pouco do líquor para avaliação. Os vasos presentes no espaço subaracnoide eventualmente podem formar um aneurisma, que forma uma falsa luz na parede e vai crescendo. Em casos principalmente de hipertensão arterial, esse aneurisma pode estourar e levar sangue diretamente em contato com o espaço subaracnoide (até mesmo uma gota de sangue), que causa uma irritação/inflamação das meninges ali presentes. Nas situações como nas meningites e hemorragias subaracnoides há a inflamação das meninges, levando a aparecer um sinal característico de que há uma inflamação presente. OBS: uma hemorragia subaracnoide pode não ser uma meningite, pode ser um AVC hemorrágico, por exemplo, em que não há febre. Sinais Meníngeos o São observados somente quando há inflamação das meninges. » SINAL DE BRUDZINSKI: Técnica: paciente em decúbito dorsal, com a cabeça e os membros totalmente em repouso no leito. Realiza-se uma flexão passiva da cabeça (o examinador que faz o movimento), com o intuito do queixo do paciente encostar no próprio tórax. Quando há inflamação da meninge, quanto mais ela é estirada, mais o paciente sente dor. Com isso, ele vai tentar evitar essa dor, fazendo uma resistência ao movimento e gerando uma rigidez da nuca. Isso impede que o queixo do paciente encoste no tórax. Além disso, com o mesmo intuito de evitar a dor, o paciente também pode fletir as pernas. OBS: é interessante o examinador colocar uma das mãos na nuca e colocar a outra ou no ombro do paciente ou no tórax do paciente. Isso porque, quando se realiza o movimento, pelo paciente sentir dor, ele pode levantar o tórax no intuito de evitar que o examinador faça o movimento. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel » SINAL DE KERNING: Técnica: com o paciente totalmente em decúbito dorsal, o examinador coloca o joelho em um ângulo de 90º e, com uma das mãos trava-se o joelho e com a outra segura-se por trás do calcanhar do paciente, levantando o calcanhar. É necessário testar as duas pernas (é bilateral). O paciente que NÃO tem inflamação meníngea irá conseguir realizar todo o movimento normalmente, até esticar totalmente a perna. Já o paciente que possui uma irritação meníngea não irá deixar o examinador completar o movimento, irá ter uma rigidez. Em alguns casos o paciente irá fazer uma fácies de dor ao realizar o movimento e pode também fletir o pescoço ou a outra perna, com o intuito de diminuir a distensão realizada. » SINAL DE LASEGUE: Esse sinal é como se fosse uma variação do sinal de Kerning. Técnica: com o paciente em decúbito dorsal e com o joelho totalmente esticado, o examinador coloca uma das mãos no joelho e a outra no pé, levantando a perna do paciente. É necessário testar as duas pernas (é bilateral). De 0 a 30º, nenhum paciente sente dor, todos conseguem levantar a perna, inclusive os pacientes com irritação meníngea. De 30° a 70º, se o paciente sentir dor ou aplicar uma resistência na perna, é o sinal de Lasegue positivo, o paciente tem a doença. Acima de 70º, todos os pacientes sentem dor ou desconforto, inclusive aqueles que não possuem a doença. OBS: o paciente com meningite tem que sentir uma piora da cefaleia. Dores na parte posterior da perna ou da coxa, um joelho que não se estica, não representam um sinal de Lasegue. Se é um problema neurológico, o paciente irá sentir dor nas costas e, no caso da meningite, uma piora da cefaleia. O sinal de Lasegue e o sinal de Kerning podem estar presentes unilateralmente na hérnia de disco na região lombar. Quando se tem um disco intervertebral lombar que sai do lugar e acaba fazendo uma compressão de uma raiz nervosa, há dor, e consequentemente um sinal de Lasegue unilateral ao lado que a hérnia está presente. Além disso, um paciente com hérnia de disco não chegará à emergência com cefaleia, vômitos e náuseas, mas sim com quadros de lombalgia que irradia em faixa para uma das pernas, em um local específico (onde está a raiz nervosa) da perna. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Chan Tiel Uma hérnia de disco pode sair para um dos lados (dificilmente sai para o meio), para um lado de menor pressão, fazendo a compressão da raiz que estaria saindo nesse local. Com o passar dos anos, o disco irá se desgastar. Pacientes que pegam muito peso, que fazem atividades braçais, podem ter um prejuízo maior nesses quadros. O disco intervertebral, na imagem, faz uma compressão da raiz de L5. Isso faz com que o paciente sinta uma dor irradiada, podendo ter perda da sensibilidade no território de L5. - o território de L5 envolve: raiz de L4, raiz de L5 e raiz de S1, que compõem o nervo ciático. Está na face lateroposterior do glúteo, lateral da coxa, lateroposterior da panturrilha e região lateral do pé. Esse paciente, na imagem, tem o sinal de Lasegue positivo à esquerda. Então, a hérnia estáà esquerda.
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