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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS - 1ª AULA

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DIREITO CIVIL III – Prof.ª JANE ASSEF
 1ª AULA 
 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
O contrato nada mais é do que um ACORDO DE VONTADES de natureza patrimonial. Não necessita ser feito em papel. Podendo ser firmado verbalmente, por exemplo.
CONCEITO DE CONTRATO – É O ACORDO DE VONTADES QUE TEM POR FIM CRIAR, MODIFICAR OU EXTINGUIR DIREITOS.
Constitui fonte de obrigação e o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral.
É um NEGÓCIO JURÍDICO.
NÃO tem FORMA ESPECIAL, exceto quando a LEI exigir.
NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO: É um NEGÓCIO JURÍDICO e não um ato jurídico.
E qual a DIFERENÇA de Negócio Jurídico para Ato Jurídico?
No NEGÓCIO JURÍDICO escolhemos os efeitos.
No ATO JURÍDICO, não se escolhem os efeitos que serão produzidos.
O contrato é um NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL. Pressupõe um ACORDO DE VONTADES. 
Em REGRA, o NEGÓCIO JURÍDICO é BILATERAL (contratos), MAS pode haver negócio jurídico unilateral (ex. Testamento).
PERGUNTA: Casamento é um ato jurídico ou um negócio jurídico? 
Há uma divergência doutrinária. O entendimento majoritário é ATO JURÍDICO estritu sensu. Pois, embora se possam escolher algumas coisas (regime de comunhão de bem, por exemplo), essa é uma escolha muito reduzida. Algumas pessoas vêem o casamento como um CONTRATO. 
CONDIÇÕES DE VALIDADE DO CONTRATO:
A)DE ORDEM GERAL (ART. 104 DO CCB): a)capacidade do agente;
 b)objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
 c)forma prescrita ou não defesa em lei.
B)DE ORDEM ESPECIAL: consentimento recíproco (acordo de vontades).
 
CONTRATO é um negócio jurídico bilateral.
CLASSIFICAÇÃO: 
UNILATERAL: prestação para uma das partes. Exemplo: doação de um bem.
BILATERAL: Contrato de compra e venda.
PLURILATERAL: Contrato Sinalagmático: a prestação de uma das partes é causa da prestação de outra parte. CAUSALIDADE DAS PRESTAÇÕES. Exemplo, contrato de compra e venda. Um tem a obrigação de entregar um bem e o outro, entregar o preço. 
CONCLUSÃO: Todo CONTRATO BILATERAL é sinalagmático. 
PERGUNTA: Contrato de Doação com Encargo (prestação, um ônus colocado é Unilateral ou Bilateral? 
É um contrato Unilateral Imperfeito. Repare que a DOAÇÃO é algo unilateral (depende de liberalidade).
EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (Exceptio non adimpleti contractus).
Exceção é uma defesa. É eu alegar em minha defesa que não vou cumprir minha parte no contrato, porque a outra parte não foi cumprida. Isso ocorre nos contratos BILATERAIS ou seja, que ambas as partes possuem algum tipo de prestação. Art 476 do CC: “Nos contratos BILATERAIS nenhum dos contratantes, antes de cumprir a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.
PRIMEIRO EFEITO: Em que tipo de contrato cabe alegação de Exceção de Contrato não Cumprido ? No contrato Bilateral ou Sinalagmático. 
PERGUNTA: Em um contrato UNILATERAL cabe Exceção de Contrato não cumprido? NÃO! Por força do Art. 476 do CCB.
SEGUNDO EFEITO: O contrato bilateral tem uma cláusula resolutória tácita (implícita).
Significa que, se uma das partes não cumpre a sua obrigação, o contrato encontra-se resolvido.(término do contrato).
 2ª Aula
 PRINCÍPIOS GERAIS DOS CONTRATOS	
1.PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE:
Liberdade das partes de estipular o que melhor lhes convier.
Baseia-se na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, uma vez que as partes possuem a faculdade ou não de celebrar ou não contratos, sem interferência estatal.
Obs: a liberdade de contratar encontra-se hoje mitigada, pois a vida em sociedade obriga o indivíduo a realizar contratos de toda espécie como por exemplo, de fornecimento de bens ou serviços públicos(energia, telefone, água, transportes; licenciamento de um veículo está associado a celebração do seguro obrigatório.
1.1 FORMAS DISTINTAS DE SE APRESENTAR:
a)	Liberdade de contratar: É a faculdade de realizar ou não determinado contrato; se refere a possibilidade de realizar ou não um negócio.
b)	Liberdade contratual: É a possibilidade de estabelecer o conteúdo do contrato; importa na fixação das modalidades de sua realização.
1.1.1	. Liberdade de contratar:
Tem sido mantida em termos gerais, sofrendo restrições em virtude da ordem pública, que representa a projeção do interesse social nas relações.
1.1.1. Liberdade contratual:
Permite a criação de contratos atípicos (não regulamentados pelo direito vigente), importando na possibilidade de derrogar as normas supletivas ou dispositivas, dando um conteúdo próprio e autônomo ao instrumento lavrado.
Tem sofrido amplas restrições, especialmente no tocante à faculdade de fixar o conteúdo do contrato (liberdade contratual), pois muitos contratos são hoje contratos de adesão.
1.1.3. LIMITAÇÃO À LIBERDADE DE CONTRATAR - EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE:
a) Ordem pública: 
A Lei de ordem pública fixa, no direito privado, as bases jurídicas fundamentais sobre as quais repousa a moral da sociedade.
Toda a vez que o interesse individual colidir com o da sociedade, o desta última prevalecerá - "ius publicum privatorum pactis derrogare non potest" - os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre particulares.
b) Os bons costumes: 
Bons costumes são hábitos baseados na tradição e não na lei, o princípio da autonomia da vontade esbarra nas regras morais não reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo social.
1.2. POLÊMICAS SOBRE O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE E O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA
1.2.1. Princípio da autonomia privada: Substitui o antigo princípio da autonomia da vontade. Autores que sustentam isso: Renan Lotufo, Fernando Noronha e Francisco Amaral.
1.2.2. Razões pelas quais se fala em autonomia privada:
a) A autonomia não é da vontade, é da pessoa. (Tendência da personalização do direito privado);
b) A vontade está em crise, surgindo outros elementos na formação do contrato, a saber:
b.1-Imposição de cláusulas pela lei e pelo Estado – Dirigismo Contratual;
b.2-Condutas de comportamento impostas pelo meio social (sede de consumir);
b.3-Exploração dos meios de marketing;
b.4-Fatores políticos.
1.2.2. Razões pelas quais se fala em autonomia privada:
c) Prevalecem os contratos de adesão que são maioria no mercado. Orlando Gomes, quanto aos contratos padronizados, apresenta alguns conceitos:
c.1) Contrato de adesão: situação em que há imposição de cláusula com um monopólio a favor do estipulante;
c.2) Contrato por adesão: imposição de cláusulas contratuais sem que haja monopólio;
c.3) Contrato normativo: – conteúdo imposto pela lei, gerando contrato de adesão.
Ex.: contrato individual de trabalho, convenção coletiva de trabalho.
2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
A liberdade contratual encontra-se cerceada pela percepção de ordem pública, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer. A noção de ordem pública e respeito aos bons costumes constituem freios e limites a liberdade contratual.
3.PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO
De acordo com esse princípio, basta para a implementação do contrato, o acordo de vontades.
O contrato resulta do consenso, independentemente da entrega da coisa.
OBS1: A compra e venda, por exemplo, quando pura tornar-se perfeita e obrigatória, desde que acordem no preço e objeto(art.482 do CC). O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto constituem outro momento, a do cumprimento das obrigações assumidas pelos contratantes. ART.481 DO CCB.
OBS2: A regra é serem consensuais. Alguns, entretanto, são reais porque só se aperfeiçoam com aentrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades. Ex: contratos de depósito (só se realizam depois do consenso e da entrega do bem ao depositário).
4.PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA
2.1. Noções
O sentido literal da linguagem não deve prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes.
Considera a ética e a boa conduta das partes, deste as tratativas até a execução completa das obrigações.
Busca-se a proteção da confiança, exigindo-se que as partes atuem de acordo com os padrões usuais.
A regra de boa-fé objetiva configura-se como cláusula geral.
2.2. BOA-FÉ OBJETIVA:
O intérprete parte de padrão de conduta comum, do homem médio, naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos.
Traduz-se de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e conhecidos.
Por exemplo, como no caso do empregador para com o empregado. 
2.2.1. A boa-fé objetiva pode ser encontrada:
Art. 113, CC – negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé objetiva;
Art. 187, CC – aquele que desrespeita a boa-fé objetiva comete abuso de direito, que gera responsabilidade objetiva – Enunciado 37, CJF;
Art. 422, CC – a boa-fé objetiva deverá estar presente em todas as fases contratuais.
2.3. BOA-FÉ SUBJETIVA:
O manifestante de vontade crê que sua continua é a correta, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio.
Para ele há um estado de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado.
2.4. DEVERES ANEXOS – INERENTES A QUALQUER NEGÓCIO: 
Dever de cuidado em relação à outra parte;
Dever de cooperação ou colaboração;
Dever de respeito à confiança;
Dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do negócio;
Dever de lealdade;
Dever de agir conforme a equidade, a razoabilidade e a “boa razão”.
O desrespeito a um dever anexo gera a violação positiva do contrato – espécie de inadimplemento, independentemente de culpa – gera a responsabilidade objetiva. Enunciado 21, CJF.
5.PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS (FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS).
Este princípio reflete a força que tem o contrato na vinculação das partes, que são obrigadas ao cumprimento do pacto. Embora o princípio da autonomia da vontade estabeleça que ninguém é obrigado a contratar, uma vez, entretanto, efetivado o acordo de vontades e sendo o contrato válido e eficaz, as partes são obrigadas a cumpri-lo. Este princípio decorre de dois pontos básicos: 
a) a segurança jurídica dos negócios que representa uma função social dos contratos. Se o descumprimento dos contratos fosse livre de qualquer coerção, as relações de negócios se transformariam em desordem e insegurança. 
b) a intangibilidade ou imutabilidade do contrato O contrato faz lei entre as partes. A intangibilidade do contrato faz com que as partes sejam obrigadas a respeitá-lo, ( pacta sunt servanda), não podendo ser alterado de forma unilateral. 
Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado-Art. 389 do Código Civil
Pacta sunt servanda: é o Princípio da Força Obrigatória, segundo o qual o contrato obriga as partes nos limites da lei.
É uma regra que versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse, tangenciando a imutabilidade. A expressão significa “os pactos devem ser cumpridos”.
Na pacta sunt servanda o acordo de vontade faz lei entre as partes.
Decorre desse princípio a intangibilidade do contrato.
OBS: A exceção ao princípio da obrigatoriedade dos contratos está prevista na lei. 
O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não foram possíveis evitar ou impedir. Art. 393 do Código Civil.
6. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS
A regra geral é que o contrato só ata aqueles que dele participaram.
Seus efeitos não podem nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros.
Este princípio não se aplica tão-somente às partes, mas também em relação ao objeto.
O contrato não produz efeito em relação a terceiros, a não ser nos casos previstos em lei.
4.1. Exceções: 
Há obrigações que estendem seus efeitos a terceiros. São efeitos externos. Tal é o caso das estipulações em favor de terceiro (arts. 436 a 438), assim como as convenções coletivas de trabalho e fideicomisso constituído inter vivos.
7. PRINCÍPIO DA REVISÃO DOS CONTRATOS (PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL) OU DA ONEROSIDADE EXCESSIVA
Por este princípio, diante de determinadas circunstâncias, um dos contratantes, através do Poder Judiciário, tem a possibilidade de alterar o contrato independente da vontade do outro. Assim, podemos dizer que o princípio da onerosidade excessiva se contrapõe ao princípio da obrigatoriedade dos contratos.
ONEROSIDADE EXCESSIVA: desequilíbrio por fato superveniente e imprevisível.
A revisão ou onerosidade excessiva dos contratos tem por base a ideia de que ao se contratar, imagina-se que as condições básicas futuras durante o período de execução do contrato, permaneçam razoavelmente semelhantes às condições iniciais do momento da avença, de modo a não tornar sua execução excessivamente onerosa para uma das partes. Esta teoria é também conhecida como REBUS SIC STANTIBUS, que presume nos contratos cumulativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação fática, a exemplo de uma catástrofe, guerra e outros motivos de força maior. No passado, embora cautelosamente, o Judiciário já aplicava esta teoria. Hoje o Código Civil reservou uma seção específica com três artigos tratando da revisão dos contratos por onerosidade excessiva. No artigo 478 tem-se a essência deste princípio. 
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. A possibilidade da revisão dos contratos tem por objetivo manter o equilíbrio contratual de modo a permanecer efetivamente o acordo de vontade inicial das partes. Art. 478 CCB.
ONEROSIDADE EXCESSIVA E ALTERAÇÃO DA BASE OBJETIVA: Esta permite a intervenção judicial ainda quando inexistente a imprevisibilidade e a vantagem excessiva para o credor; está fundada no exame das condições concretas, objetivas, do negócio (CDC art. 6º, V).
8. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL
Preponderância de interesses coletivos sobre individuais, distribuição dos benefícios dos contratos;
“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”
 FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
O Código Civil de 2002 adotou o princípio da socialidade que reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém do valor fundamental da pessoa humana.
Nesse sentido, dispõe o art.421 do CCB:
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”
A função social pode ser enfocada sob dois aspectos: um individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus próprios interesses e outro público que é o interesse da coletividade sobre o contrato.
Serve para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar.
TJ/PR:
“1. Os contratos de financiamento habitacional devem cumprir com sua função social. A função social do contrato é princípio constitucional que se instrumentaliza nas normasdo Código de Defesa do Consumidor, nucleadas nos princípios do equilíbrio nas relações de consumo e da boa-fé objetiva.
Emerge de princípios constitucionais, entre os quais o da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III da Constituição Federal).
 3ª Aula
 FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
 
O CONTRATO RESULTA DE DUAS MANIFESTAÇÕES DE VONTADE: A PROPOSTA (OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO) e a ACEITAÇÃO. 
 PROPOSTA = OFERTA, POLICITAÇÃO, OBLAÇÃO.
PESSOAS = POLICITANTE (é o proponente)
 = OBLATO (é quem recebe a proposta) 
A PROPOSTA DÁ INÍCIO À FORMAÇÃO DO CONTRATO.
NÃO DEPENDE EM REGRA, DE FORMA ESPECIAL.
A PROPOSTA É ANTECEDIDA DE UMA FASE: NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES (FASE DA PUNTUAÇÃO). NESSES PERÍODO/FASE, AS PARTES NÃO SE OBRIGAM. NÃO RESPONDEM POR PERDAS E DANOS.
A RESPONSABILIDADE POR PERDAS E DANOS SÓ OCORRERÁ SE FICAR DEMONSTRADA A DELIBERADA INTENÇÃO, COM A FALSA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE, DE CAUSAR DANO AO OUTRO CONTRATANTE (POR EXEMPLO, PERDA DE UM OUTRO NEGÓCIO OU REALIZAÇÃO DE DESPESAS).
FUNDAMENTO PARA O PEDIDO DE PERDAS E DANOS DA PARTE LESADA É A PRÁTICA DE UM ILÍCITO CIVIL (ART. 186 DO CCB).
CARACTERÍSTICAS DA PROPOSTA:
A)DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE FEITA PELO PROPONENTE;
B)TEM FORÇA VINCULANTE EM RELAÇÃO AO PROPONENTE, O ART. 427 DO CCB EXPRESSA QUE A PROPOSTA DO CONTRATO OBRIGA O PROPONENTE.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
NÃO OBRIGA O PROPONENTE (SE CONTIVER CLÁUSULA EXPRESSA A RESPEITO), É QUANDO O PRÓPRIO PROPONENTE DECLARA QUE NÃO É DEFINITIVA E SE RESERVA O DIREITO DE RETIRÁ-LA.
EM RAZÃO DA NATUREZA DO NEGÓCIO, É O CASO DAS CHAMADAS PROPOSTAS ABERTAS AO PÚBLICO, QUE SE CONSIDERAM LIMITADAS AO ESTOQUE EXISTENTE. 
E, POR ÚLTIMO, EM RAZÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO (MENCIONADAS NO ART. 428 DO CC). O DISPOSITIVO DECLARA QUE A PROPOSTA DEIXA DE SER OBRIGATÓRIA:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
EXPLICAÇÃO AOS INCISOS ACIMA ELENCADOS:
I – É QUANDO O SOLICITADO RESPONDE QUE IRÁ ESTUDAR A PROPOSTA FEITA POR SEU INTERLOCUTOR, PODERÁ ESTE RETIRÁ-LA.
CONSIDERA-SE TAMBÉM “PRESENTE” A PESSOA QUE CONTRATA POR TELEFONE OU POR MEIO DE COMUNICAÇÃO SEMELHANTE.
ENTÃO, “PRESENTE” É AQUELE QUE CONVERSA DIRETAMENTE COM O POLICITANTE (PROPONENTE), MESMO QUE POR ALGUM OUTRO MEIO MAIS MODERNO DE COMUNICAÇÃO A DISTÂNCIA, E NÃO SÓ POR TELEFONE, E AINDA QUE OS INTERLOCUTORES ESTEJAM EM CIDADES, ESTADOS OU PAÍSES DIFERENTES.
II – TRATA-SE DA OFERTA ENVIADA, POR CORRETOR OU CORRESPONDÊNCIA, A PESSOA AUSENTE. O PRAZO SUFICIENTE PARA A RESPOSTA VARIA CONFORME AS CIRCUNSTÂNCIAS. É O NECESSÁRIO OU RAZOÁVEL PARA QUE CHEGUE AO CONHECIMENTO DO PROPONENTE E DENOMINA-SE PRAZO MORAL.
ENTRE MORADORES PRÓXIMOS, NÃO DEVE SER MUITO LONGO.
III – SE FOI FIXADO PRAZO PARA A RESPOSTA, O PROPONENTE TERÁ DE ESPERAR PELO SEU TÉRMINO. ESGOTADO, SEM RESPOSTA, ESTARÁ ESTE LIBERADO.
IV – É FACULTADO AO POLICITANTE RETRATAR-SE, RETIRANDO A PROPOSTA FORMULADA, DESDE QUE TAL MANIFESTAÇÃO OCORRA ANTES DE SEU RECEBIMENTO PELO SOLICITADO, OU SIMULTANEAMENTE A ELE. POR EXEMPLO: ANTES QUE O MENSAGEIRO ENTREGUE A PROPOSTA AO OUTRO CONTRATANTE, O OFERTANTE ENTENDE-SE DIRETAMENTE COM ELE, POR ALGUM MEIO MAIS RÁPIDO DE COMUNICAÇÃO, RETRATANDO-SE. NESSE CASO, A PROPOSTA, NÃO CHEGOU A EXISTIR JURIDICAMENTE, PORQUE FOI RETIRADA A TEMPO.
C) A PROPOSTA DEVE CONTER TODOS OS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO PROPOSTO (agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita e não proibida pela lei). 
DA OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI Nº 8.078/90)
O CDC REGULAMENTA, NOS ARTS. 30 A 35, A PROPOSTA NOS CONTRATOS QUE ENVOLVEM RELAÇÃO DE CONSUMO.
A PROPOSTA DEVE SER SÉRIA, CLARA E PRECISA, ALÉM DE DEFINITIVA, COMO TAMBÉM EXIGE O CCB.
NO ENTANTO, NO CDC, A OFERTA É MAIS AMPLA, POIS NORMALMENTE DIRIGE-SE A PESSOAS INDETERMINADAS. 
CONTRATOS POR CORRESPONDÊNCIA :
Para contratos feitos quando as partes são ausentes, usam-se duas teorias: 
Teoria da Cognição ou Informação - É o efetivo conhecimento das partes. O proponente toma conhecimento da aceitação; 
Teoria da Agnição ou da Declaração - Se dá quando o aceitante emite a aceitação. Existem três orientações: 
Teoria da declaração propriamente dita: Quando o aceitante formula a resposta, quer escrevendo, quer redigindo o telegrama, criando assim o vínculo; 
Teoria da expedição ou transmissão da resposta: Quando da expedição ou transmissão da resposta; 
Teoria da receptação: Quando a resposta chega às mãos do policitante (proponente). 
No Brasil adota-se a Teoria da Agnição ou Declaração, na modalidade expedição (dá-se quando o aceitante emite a aceitação).
Exceções à Teoria da Expedição 
Quando o aceitante se retrata eficazmente (art. 1085 C.C); 
Quando o proponente se compromete a esperar a resposta; 
Quando ela não chegar no prazo convencionado. 
 DA OFERTA
Art. 30 - Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31 - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Acrescentado pela L-011.989-2009).
Art. 32 - Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único - Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.
Art. 33 - Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Acrescentado pela L-011.800-2008).
Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Art. 35 - Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia e eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
NO TOCANTE AOS EFEITOS HÁ DIFERENÇAS NO CDC E NO CCB:
NO CDC: DÁ ENSEJO À EXECUÇÃO ESPECÍFICA (ARTS. 35, I, e 84, parágrafo 1º), consistindo opção exclusiva do consumidor a resolução em perdas e danos. Além de poder preferir a execução específica(Art. 35, I), O CONSUMIDOR PODE OPTAR POR, EM SEU LUGAR, “ACEITAR OUTRO PRODUTO OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EQUIVALENTE” (II) OU, AINDA, POR “RESCINDIR O CONTRATO, COM DIREITO À RESTITUIÇÃO DE QUANTIA EVENTUALMENTE ANTECIPADA, MONETARIAMENTE ATUALIZADA, E AS PERDAS E DANOS” (III). 
O ART. 34 DO CDC, ESTABELECE SOLIDARIEDADE ENTRE FORNECEDOR E SEUS PREPOSTOS OU REPREENTANTES AUTÔNOMOS.
NO CCB: A RECUSA INDEVIDA DE DAR CUMPRIMENTO À PROPOSTA RESOLVE-SE EM PERDAS E DANOS. (ART. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar).
 A ACEITAÇÃO
-É A CONCORDÂNCIA COM OS TERMOS DA PROPOSTA. É MANIFESTAÇÃO DE VONTADE IMPRESCINDÍVEL PARA QUE SE REPUTE CONCLUÍDO O CONTRATO.
- A ACEITAÇÃO DEVE SER PURA E SIMPLES.
OBS. SE APRESENTADA FORA DO PRAZO, COM ADIÇÕES, RESTRIÇÕES OU MODIFICAÇÕES, IMPORTARÁ NOVA PROPOSTA (ART. 431), DENOMINADA CONTRAPROPOSTA. PODENDO SER EXPRESSA OU TÁCITA (ART. 432).
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
EXPRESSA – decorre da declaração do aceitante, manifestando a sua anuência;
TÁCITA – decorre da conduta, reveladora do consentimento do aceitante.
O ART. 432 DO CC MENCIONA DUAS HIPÓTESES DE ACEITAÇÃO TÁCITA: 
a)	quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa;
b)	quando o proponente a tiver dispensado. Se por exemplo, um fornecedor costuma remeter os seus produtos a determinado comerciante, e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe comercial. Se o comerciante, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de novas remessas, nas mesmas bases anteriores.
Exemplo da situação descrita na letra b: um turista que remete um fax a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa, reputar-se-á concluído o contrato.
HIPÓTESES EM QUE A ACEITAÇÃO NÃO TEM FORÇA VINCULANTE:
a)quando chegar tarde ao conhecimento do proponente – caso em que este deverá avisar o aceitante, sob pena de pagar perdas e danos (Art. 430);
b)se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. (Art. 433).
CONTRATOS ENTRE AUSENTES:
ENTRE PRESENTES, OS CONTRATOS REPUTAM-SE CONCLUÍDOS NO MOMENTO DA ACEITAÇÃO.
ENTRE AUSENTES, POR CORRESPONDÊNCIA (carta, telegrama, fax, etc.) OU INTERMEDIÁRIO, A RESPOSTA LEVA ALGUM TEMPO PARA CHEGAR AO CONHECIMENTO DO PROPONENTE E PASSA POR TRÊS FASES:
1)PARA A TEORIA DA INFORMAÇÃO (OU DA COGNIÇÃO), É O DA CHEGADA DA RESPOSTA AO CONHECIMENTO DO POLICITANTE, QUE SE INTEIRA DE SEU TEOR.
2)PARA A DA DECLARAÇÃO (OU DA AGNIÇÃO), SUBDIVIDE-SE EM TRÊS:
a)da declaração propriamente dita;
b)da expedição;
c)da recepção.
a)PARA A TEORIA DA DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA – O MOMENTO DA CONCLUSÃO COINCIDE COM O DA REDAÇÃO DA CORRESPONDÊNCIA (NÃO PODE SER ACEITA, PORQUE O CONSENTIMENTO AINDA PERMANECE RESTRITO AO ÂMBITO DO ACEITANTE, QUE PODE DESTRUIR A MENSAGEM EM VEZ DE REMETÊ-LA).
b)PARA A TEORIA DA EXPEDIÇÃO – NÃO BASTA A REDAÇÃO DA RESPOSTA, SENDO NECESSÁRIO QUE TENHA SIDO EXPEDIDA, ISTO É, SAÍDO DO ALCANCE DO OBLATO (destinatário da oferta).
c)PARA A TEORIA DA RECEPÇÃO, EXIGE-SE: QUE, ALÉM DE ESCRITA E EXPEDIDA, A RESPOSTA TENHA SIDO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO.
Obs. A Teoria da Recepção distingue-se da Teoria da Informação porque a Teoria da Informação exige não só a entrega da correspondência ao proponente, como também que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor.
O ART. 434 DO CCB acolheu expressamente a TEORIA DA EXPEDIÇÃO, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. 
ENTRETANTO, estabeleceu três exceções:
a)	no caso de haver retratação do aceitante;
b)	se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta;
c)	se ela não chegar no prazo convencionado.
Nesse caso, ao permitir a retratação da aceitação, na verdade filiou-se à TEORIA DA RECEPÇÃO (ALÉM DE ESCRITA E EXPEDIDA, A RESPOSTA TENHA SIDO ENTREGUE AO DESTINATÁRIO).
 LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO:
Segundo dispõe o Art. 435 do CCB: “reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”.
A LICC--, Art. 9º, parágrafo 2º, também estatui que a “obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no LUGAR em que residir o PROPONENTE.”
IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO:
Resolve-se a obrigação quando se torna impossível o seu cumprimento (Art. 106, CCB), uma vez que ninguém pode fazer o impossível. A resolução só ocorre, porém, se a impossibilidade for absoluta, isto é, alcançar todas as pessoas.
**REVISÃO SOBRE O ASSUNTO: FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (AULA DO DIA 09/02/2015 – 3ª Aula)
A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE:
A manifestação da vontade é o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se processa inicialmente na mente das pessoas. É o momento subjetivo, psicológico, representado pela própria formação do querer.
O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da declaração. Somente nessa fase ela se torna conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas.
O CONTRATO É UM ACORDO DE VONTADES QUE TEM POR FIM CRIAR, MODIFICAR OU EXTINGUIR DIREITOS.
Constitui o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral. A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111). Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca.
Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença.
Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita, que se infere da conduta do agente.
O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (CC, art. 111), e, também, quando a lei o autorizar.
 ATENÇÃO!
A manifestação da vontade é expressa quando se revela através do propósito deliberado, de uma das partes, de externar o seu pensamento em determinado sentido. Pode-se revelar através da palavra, escrita ou oral, como ainda por meio de gestos.
O consentimento é tácito quando provém de atos do agente, incompatíveis com a decisão contrária. Por exemplo: Se, num contrato de doação, o donatário de um automóvel, sem declarar que o aceita toma posse do veículo, há que se entender que aceitou a liberalidade.
CUIDADO! Não se deve confundir consentimento tácito com efeito vinculativo do silêncio, pois este, não sendo nem afirmação nem negação, não pode ser considerado como manifestação tácita do querer. Por conseguinte, a expressão corrente, sendo a qual quem cala consente, não apresenta foros de juridicidade, pois, em rigor, quem cala não diz coisa nenhuma.
O CONTRATO RESULTA DE DUAS MANIFESTAÇÕES DE VONTADE: A PROPOSTA E A ACEITAÇÃO.
 
A proposta, também chamada de OFERTA, POLICITAÇÃO ou OBLAÇÃO, dá início à formação do contrato e não depende, em regra, de forma especial.
Nem sempre, no entanto, o contrato nasce instantaneamente de uma proposta seguida de uma imediata aceitação.
Na maior parte dos casos a oferta é antecedida de uma fase, às vezes prolongada, de negociações preliminares caracterizada por sondagens, conversações, estudos e debates (tractatus, trattative), também denominada FASE DA PUNTUAÇÃO.
Na fase da Puntuação como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responderpor perdas e danos. Mesmo quando surge um projeto ou minuta, ainda assim não há vinculação das pessoas.
Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente, levando-o, por exemplo, a perder outro negócio ou realizando despesas.
O fundamento para o pedido de perdas e danos da parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento contratual, mas a prática de um ilícito civil (CC, art. 186).
Embora as negociações preliminares não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais: os deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de sigilo.
A violação desses deveres durante o transcurso das negociações é que gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato.
Essa responsabilidade ocorre no campo da culpa contratual, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro etc. e depois recuar, causando-lhe dano.
Pode-se afirmar que, mesmo com a redação insuficiente do aludido art. 422 do CC, nela estão compreendidas as tratativas preliminares, antecedentes do contrato, que podem acarretar a responsabilidade pré-contratual.
O princípio da boa-fé, durante as tratativas preliminares, é fonte de deveres de esclarecimento, situação que surge seguidamente quando uma das partes dispõe de superioridade de informações ou de conhecimentos técnicos, que devem ser repassados amplamente e de forma compreensível à contraparte, para que esta possa decidir com suficiente conhecimento de causa. Também surgem, nas tratativas, deveres de lealdade, decorrentes da simples aproximação precontratual. Censura-se, assim, quem abandona inesperadamente as negociações já em adiantado estágio, depois de criar na outra parte a expectativa da celebração de um contrato para o qual se preparou e efetuou despesas, ou em função do qual perdeu outras oportunidades. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé.
 A PROPOSTA
 Nem toda iniciativa ou manifestação de vontade no sentido de dar vida a um contrato é oferta em sentido técnico, mas só a declaração de vontade dirigida por uma parte à outra com a intenção de provocar uma adesão do destinatário à proposta. A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas, não estando mais sujeita a estudos ou discussões, mas dirigindo-se à outra parte para que a aceite ou não, sendo, portanto, um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento da formação contratual.
 Pode-se dizer, então, que PROPOSTA, OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO "é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”. Representa ela o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo em uma declaração de vontade definitiva. Distingue-se nesse ponto das negociações preliminares, que não têm esse caráter e não passam de estudos e sondagens, sem força obrigatória.
A proposta, ao contrário, cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando-o à realização de projetos e às vezes de despesas e à cessação de alguma atividade. Por isso, vincula o policitante, que responde por todas essas consequências, se injustificadamente retirar-se do negócio.
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, co	mo preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. Deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente (CC, art. 427)-FORÇA VINCULANTE DA OFERTA.
Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente.
O art. 429 do novo Código Civil declara que "a oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos". 
Acrescenta o parágrafo único que "pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada". A oferta aberta ao público vale como proposta obrigatória, pois, contém todos os elementos essenciais do contrato.
Há negócios, com efeito, em que a oferta, pela sua natureza, é aberta. Deixa de ser obrigatória se o policitante tiver a natural faculdade de mantê-la ou não. Neste caso, haverá apenas a potencialidade do contrato, que estará formado se até a sua aceitação ela ainda estiver vigente.
Dispõe o art. 427 do Código Civil:
"A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso".
PORTANTO, A PROPOSTA VINCULA O PROPONENTE.
Tal regra se firma na necessidade de assegurar a estabilidade das relações sociais. Com efeito, quem formula uma proposta de negócio provoca uma legítima expectativa junto à pessoa a quem a endereçou. De maneira que a possibilidade de retirar arbitrariamente a oferta representaria uma fonte de insegurança, capaz de causar prejuízo ao outro contratante, que, de boa fé, acreditou na seriedade da proposição a ele apresentada. Por isso, a lei impõe ao policitante o dever de manter sua proposta, sujeitando-o às perdas e danos em caso de inadimplemento.
A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o muitas vezes, como já dito, a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividade etc.
A lei abre, entretanto, várias exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram, todavia, a morte ou a interdição do policitante.
Nesses dois casos, respondem, respectivamente, os herdeiros e o curador do incapaz pelas consequências jurídicas do ato. Com efeito, a morte intercorrente não desfaz a promessa, que se insere como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação.
Estes somente poderão retratar-se na forma do art. 428, IV, do novo diploma. O princípio, como adverte Sílvio Venosa(*), evidentemente não se aplica a uma proposta de obrigação personalíssima.
A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o muitas vezes como já dito, a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividade etc.
 ACEITAÇÃO (estudar pra prova)
É a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato.
A aceitação consiste, portanto, "na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida".
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação deve ser pura e simples.
Se apresentada "fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta" (CC, art. 431), comumente denominada contraproposta.
Como a proposta perde a força obrigatória depois de esgotado o prazo concedido pelo proponente, a posterior manifestaçãodo solicitado ou oblato também não obriga o último, pois não temos aceitação e, sim, 
nova proposta. O mesmo se pode dizer quando este não aceita a oferta integralmente, introduzindo-lhe restrições ou modificações.
A aceitação pode ser expressa ou tácita. A expressa decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a tácita, de sua conduta, reveladora do consentimento.
O art.432 do Código Civil menciona duas hipóteses de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa: 
A)quando "o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa"; 
Isso ocorre, por exemplo, quando um comerciante remete habitualmente sua produção ao varejista que a recebe, vende e reembolsa o fornecedor.
Se o comerciante, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa, nas mesmas bases das anteriores.
Costuma-se mencionar, como exemplo também a hipótese do turista que remete um fax a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa, reputar-se-á concluído o contrato. (dando a possibilidade do reclamante optar por perdas e danos)
B) quando o proponente tiver dispensado a aceitação e a recusa não chegar a tempo.
 LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO
Dispõe o art. 435 do Código Civil:
"Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto".
Optou o legislador, pois, pelo local em que a proposta foi feita. 
Todavia, prescreve o art. 9º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil – LINDB que:
 "a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente".
Tal dispositivo aplica-se aos casos em que os contratantes residem em países diferentes e assumiu maior importância com o recrudescimento dos contratos formados pela Internet.
Denota-se que o legislador preferiu a uniformização de critérios, levando em conta o local em que o impulso inicial teve origem.
Ressalve-se que, dentro da autonomia da vontade, podem as partes eleger o foro competente (foro de eleição) e a lei aplicável à espécie.

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