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1 Amaríntia Rezende – Clínica Médica de Grandes Animais 1 PRINCIPAIS AFECÇÕES PODAIS CONSEQUÊNCIAS A dor faz com que o animal reduza a locomoção, e ingestão de água e alimentos. Claudicação. Afecção que mais causa prejuízo. O termo casco compreende a cápsula ou estojo córneo (epiderme), a derme ou subcutâneo (coxim digital) e demais componentes (falange distal, parte da falange média, sesamóide distal, bolsa podotroclear, ligamentos e a parte terminal dos tendões extensores e flexores). TECIDO CÓRNEO – NUTRIDA PELA DERME ANATOMIA Bovinos: mais peno no membro pélvico no dedo lateral. Escore de claudicação: escore 1 a 5 Genética, ambiente, nutrição, fatores infecciosos estão relacionados a problemas de casco. DOENÇAS DIGITAIS BOVINOS Infecciosas: Dermatite digital, dermatite interdigital e fegmão interdigital Metabólicas: laminite e suas sequelas: úlceras de sola, úlcera de pinça e doença da linha branca. Etiologia incerta ou secundária: hiperplasia interdigital, pododermatite séptica, fissuras horizontais e verticais, pododermatite do paradígito e erosão de talão. DERMATITE DIGITAL ETIOLOGIA Dermatite digital papilomatosa (DDP), verruga de casco, dermatite verrucosa. Lesão na parte posterior do espaço interdigital – talões. Úlceras, vermelhidão, inflamação, na transição entre a pele e o casco Fase inicial: aspecto erosivo Progressão: forma proliferativa 2 Amaríntia Rezende – Clínica Médica de Grandes Animais 1 Etiologia: multifatorial, envolvimento de bactérias Treponema sp, umidade e falta de higiene. Pode ter associação de outras bactérias (Fusobacterium necrophorum). Prevenção: Eliminação no foco da lesão de bactérias que sobrevivem na umidade, debridar a ferida, contato com cascos de outros animais. DERMATITE INTERDIGITAL Diferente forma clínica do mesmo complexo DD (diferente localização) Associada a erosão de talão (Garcia et al., 2007). Etiologia: Dichelobacter nodosus, Fusobacterium necrophorum, Treponema sp TRATAMENTO DERMATITES Limpeza com água e sabão. Solução de oxitetraciclina a 20% ou penicilina benzatina tópica. Limpeza diária com ferida aberta, ou bandagem com troca semanal. Spray de tetraciclina Pedilúvio – casco de molho em soluções antisépticas Oxitetraciclina IM - lesões moderadas ou intensas Curetagem/casqueamento – remoção de tecidos necróticos Cirurgia – remoção de tecidos hiperplásicos. NECROBACILOSE INTERDIGITAL Flegmão interdigital Processo inflamatório agudo difuso da pele interdigital Fusobacterium Necrophorum (oportunistas) Fatores predisponentes: foco de entrada da lesão para o subcutâneo: complexo dermatite digital, traumatismo, unhas abertas (genético), umidade, sujidades, deficiência de Zinco. TRATAMENTO Pedilúvio- permanganato de potássio Antibiótico sistêmico (enrofloxacino, oxitetraciclina, florfenicol, ceftiofur) Antiinflamatório- Fenilbutazona Antibiótico tópico e bandagem LAMINITE Inflamação das lâminas do casco – processo geralmente difuso Asséptica: sem envolvimento de endotoxinas, pressão excessiva sobre o casco, sobrepeso, lesão traumática. Menos comum em bovinos. Séptica: transtornos metabólicos que levam a “sepse” (endotoxinas = PAMP’S e DAMP’S). A endotoxina funciona como mediador inflamatório. Sequelas da laminite: úlcera de sola, úlcera de pinça e doença da linha branca. Pode ser decorrente de processos como endometrite, metrite, acidose ruminal. As lâminas do casco possuem uma circulação delicada, as lâminas são ricas em pequenos capilares. Os capilares possuem maior estase de sangue e geralmente as toxinas ficam acumuladas, causando inflamação. PATOGENIA – LAMINITE SÉPTICA Teoria da histamina (1996): Animal que consome uma dieta rica em carboidratos, aumentando a produção de ácido lático, causando queda do Ph ruminal. A acidez causa morte de bactérias gram negativas, que acarreta a produção de histamina. A histamina gera inflamação, gera vasocontrição/dilatação, destruição da lâmina, altera o tecido córneo, causando laminite. 3 Amaríntia Rezende – Clínica Médica de Grandes Animais 1 Teoria das endotoxinas e LPS: (2000) (lipopolissacarídeos bacterianos) complementa a teoria da histamina. O LPS como a endotoxina que chega nas lâminas no casco e provoca inflamação. Teoria dos PAMPS (padrões moleculares associados aos patógenos) e DAMPS (padrões moleculares associados ao dano do tecido): PAMPS: LPS, fragmentos das bactérias DAMPS: Histamina, interleucina, citocinas pró inflamatórias, imunocomplexos, etc. CONSEQUÊNCIAS Edema causa descolamento do tecido córneo, causando rotação e afundamento da falange distal. LAMINITE DOS BOVINOS Tem etiologia multifatorial com fatores de risco inerentes a modernização da pecuária leiteira. Produzir mais envolve comer mais à + acidose ruminal à + liberação e absorção de endotoxina. Dependendo do grau da lesão: aguda, crônica e subclínica. Aguda: Lâminas do casco difusamente inflamadas à animal escore 4 ou 5 de claudicação (“pisa em ovos”). Mais de um casco – principalmente pélvicos (pode acometer os 4 membros). Relutância extrema em movimentar, mais tempo em decúbito. Casos estremos pode ocorrer Exungulação (perda do estojo córneo), choque neurogênico (dor). Grande objetivo – evitar o descolamento das lâminas. Crônica: Já passou da fase aguda: Já houve afundamento ou rotação da falange distal (Raio X), há descolamento e necrose das lâminas (dor passa). Completa deformação do casco – crescimento desordenado. Cascos bizarros, talão escorrido. Ainda muito claudicante – pela própria deformidade. Objetivo – dar conforto e esperar o casco crescer (casqueamento). Subclínica (lesões de hiperconsumo) – Quando o animal não teve inflamação difusa grave o suficiente para entrar na dorma aguda. Inflamação foi mais discreta à não suficiente para edema difuso de lâminas e rotação/ afundamento de falange. Existe, porém, a fragilização do casco e lesões secundárias à úlcera de pinça, úlcera de sola, doença da linha branca. Objetivo: interromper a produção de endotoxinas (corrigir dieta ou tratar a doença primaria. TRATAMENTO Laminite aguda: Fenilbutazona nos primeiro 5 fias, trocar para um AINE. Associar a outro analgésico. Cama alta. Ambiente reduzido. Crescimento do casco é em média 0,5cm por mês. ÚLCERA DE SOLA Lesão circunscrita – junção da sola com o talão Novilhas são mais predispostas, e vacas com cetose (coxim menos desenvolvido). Maior tempo em estação, muito tempo em pé. Casqueamento inadequado Animais obesos. ÚLCERA DE PINÇA Semelhante a úlcera de sola Tem rotação da terceira falange DOENÇA DA LINHA BRANCA Separação da união sola-muralha Penetração de corpos estranhos e fezes pode gerar abcessos e fístulas. Devido a fragilidade do casco com laminite 4 Amaríntia Rezende – Clínica Médica de Grandes Animais 1 TRATAMENTO DAS SEQUELAS Debridamento da lesão Uso de antissépticos e antibióticos tópicos Bandagem (trocas semanais) Pode usar em alguns casos tamancos na unha saudável contralateral – remover o peso da unha doente. PROFILAXIA Alimentação com ao menos 1,5 a 2% de peso vivo de volumoso Uso de reguladores de Ph na alimentação Piso pouco abrasivo: sem degraus, emborrachado Evitar locomoção excessiva de vacas pesadas Casqueamento profilático. HIPERPLASIA INTERDIGITAL Fibroma interdigital, gabarro, limax, tiloma, pododermatite vegetante, granuloma interdigital. Proliferação da pele do espaço interdigital (espessamento da epiderme- acantose). Reposta a um estímulotraumático crônico. Possível predisposição racial (raça gir). Defeito ungular dos dedos causa irritação crônica da pele, pedra, pasto mais duro. Claudicação leve – fase inicial (grau 2 a 3) Claudicação grave – (grau 4 a 5). Úlceras. Diagnóstico: inspeção. TRATAMENTO Retirada da tumoração e correção da deformação angular Antimicrobiano tópico Sulfato de cobre Bandagem PODODERMATITE SÉPTICA Broca, podridão do casco, abscesso de sola, pododermatite necrosante. Inflamação séptica difusa ou localizada do cório geralmente acompanhada de necrose ou abscesso solear, causada por penetração de corpos estranhos. Desgastes, perfuração da sola, entrada de corpos estranha causa entrada de bactérias anaeróbias (Fusobacterium e Dichelobacter). Predisponentes: amolecimento de sola, laminite crônica, ambiente com presença de corpos estranhos. COMPLICAÇÕES Evolução para artrite séptica, osteíte. TRATAMENTO Retirada e debridamento cirúrgico- Rineta e estilete cego, remover todo o tecido córneo necrosado. Mesmo que o cório fique exposto, fazer bandagem compressiva Utilização de antibióticos tópicos e sistêmicos Se não remover a infecção pode ascender ou tétano. Casos mais graves: amputação EROSÃO DE TALÃO Correlacionada com a dermatite digital Causa perda irregular do tecido córneo do talão e da sola, faz formação de sulcos. Pode causar descolamento do talão e exposição do cório. Tratamento: debridamento, bandagem e casqueamento corretivo. 5 Amaríntia Rezende – Clínica Médica de Grandes Animais 1 PODODERMATITE DO PARADÍGITO Traumas (degraus, tocos, pasto sujo) Bandagens compressivas garroteadas. Tratamento: bandagem e retirada cirúrgica do paradígito. FISSURA VERTICAL DA MURALHA Gado de corte, animais pesados Clima seco deixa o casco seco e quebradiço, ou má nutrição Tecido córneo de má qualidade Tratamento: bandagem e casqueamento. FISSURA HORIZONTAL DA MURALHA Interrupção da formação de tecido córneo Episódios infecciosos, febre, endotoxemia (metrite, mastite), laminite Derivado de períodos de estresse metabólico. Periodo pós parto Tratamento: casqueamento corretivo TRATAMENTOS Casqueamento corretivo Pedilúvios Bandagens Tamancos Cirúrgico Debridamento de lesões Amputação
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