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AD2 Literatura 2021 1 11

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR
AD1 – 2021.1 - prazo final de entrega: 16 de maio
Coordenadora(o): Anna Carolina C. de A. da Matta Machado
Aluno(a): Maria Cláudia Pereira Sales 
 Marcela Gomes Fernandes de Oliveira
Matrícula: 18212080189
 
 18212080307
Polo: Belford Roxo
Orientações
 Preste atenção aos enunciados das 4 (quatro) questões e responda a partir de
reflexão com clareza, coerência, dialogando com o conteúdo estudado (aspectos
teórico-metodológicos da disciplina) e com posicionamento próprio e crítico acerca
das questões lançadas nesta AD2 (relativa às Aulas 08 a 23).
 Esta avaliação a distância pode ser realizada individualmente ou em dupla,
necessariamente de estudantes do mesmo polo, tal como na AD1. Neste caso é
essencial que ambos os estudantes enviem o mesmo arquivo, com nome e matrícula
da dupla. 
 Atenção às citações das fontes consultadas. 
1ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Retome a leitura da Aula 8 e faça uma relação dos conceitos e ideias centrais
explorados nesta aula. Em seguida, leia, com atenção, o poema “Lição de biologia”, e
escreva um comentário sobre este texto, destacando que características permitem que
ele seja um exemplo de texto literário.
Eu plantei um pé de amor
no fundo da minha vida
a semente foi brotando
primeiro criou raiz
da raiz nasceu o broto
do broto nasceu o caule
do caule nasceu o galho
do galho nasceu a folha
da folha nasceu a flor
e da flor nasceu o fruto
e o fruto que era verde
depressa ficou maduro
e com ele eu fiz um doce
que eu dei pra você provar
que eu dei pra você querer
que eu dei pra você gostar.
Fonte: Dezenove poemas desengonçados, de Ricardo Azevedo, Editora Ática. 
A aula 8 faz a abordagem de diferentes textos sobre o mesmo tema "O tempo".
Em seguida nos convida a analisar os textos abordados, nos fazendo analisar suas
semelhanças e diferenças de 5 textos, nos quais os três primeiros procuram argumentar,
defender certas opiniões e oferecer informações. Porém nos textos 4 e 5 ocorre outro tipo
de abordagem, sendo exemplos característicos de texto literário.
Podemos observar nesta aula a natureza, especificidades e características do texto literário.
Destacando pontos como a singularidade, subjetividade, função poética, conotação. Tendo
uma verdade própria do autor o chamado "verossimilhança".
Ao analisar o poema apresentado podemos afirmar que trata-se de um texto literário, pois
possui características acimas citadas como sentido conotativo "Eu plantei um pé de amor
no fundo da minha vida". Além da utilização de figuras de linguagem e presenças de
elementos que detonam múltiplos significados e emoções, podemos citar neste exemplo o
fruto que nasceu da semente do amor , que amadureceu virou doce provocando uma série
de emoções e expressividade, trazendo a sensibilidade que o autor quer transmitir ao
leitor, sendo um texto rico de simbologia e beleza artística . Essas características citadas
estão presentes no texto literário.
2ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Na perspectiva da formação do leitor, é muito importante ter contato, nos dias de
hoje, com produção de conteúdo relacionada a esta temática nas redes sociais e
plataformas como YouTube, Podcast, Blog, Instagram. 
Pesquise e indique 2 (duas) referências que poderiam ser válidas para a formação
de um educador. Vamos reunir e postar no fórum da disciplina algumas destas
indicações dos estudantes. 
1) Nome do canal/perfil:
Plataforma:
Endereço@:
Breve descrição e justificativa da escolha:
1) Nome do canal :Grupo Companhia das letras/ Projeto Prática de Leitura nas
Escolas
Plataforma:
Youtube
https://m.youtube.com/watch?v=ZI6orBj0aO0&feature=emb_title
Com estreia oficialmente em 2019 este projeto visa a reflexão sobre a leitura
levando os docentes a repensarem suas práticas como leitores e em sala de aula .
A escolha se dá por este projeto trazer sugestões de como organizar o trabalho de
leitura na escola como um ambiente leitor de verdade, pois é através dessa prática que
se constroem cidadãos, ampliando sua visão de mundo e construindo novas
possibilidades para exercerem seu papel na sociedade.
2) Nome do canal/perfil:
Plataforma:
Endereço@:
Breve descrição e justificativa da escolha:
Perfil: Portas abertas para o mundo da leitura
Plataforma: Site Nova Escola
Endereço @: https://novaescola.org.br/conteudo/7998/portas-abertas-para-o-
mundo-da-leitura
Portas abertas para o mundo da leitura conta com um acervo acessível e atividades
bem articuladas, as crianças e os adolescentes tomam gosto e se apropriam dessa
prática social.
Minha escolha foi baseada em todo estudo da disciplina até aqui, para que
formemos leitores é necessário que além do gosto desenvolvam o hábito pela leitura.
https://novaescola.org.br/conteudo/7998/portas-abertas-para-o-mundo-da-leitura
https://novaescola.org.br/conteudo/7998/portas-abertas-para-o-mundo-da-leitura
https://m.youtube.com/watch?v=ZI6orBj0aO0&feature=emb_title
Através de atividades bem articuladas é mais fácil a produção do sentido do que leem e
consequentemente leitores se formam.
3ª Questão: (valor: 3,0 pontos)
Quando levamos o teatro para a criança, somos apenas aqueles que
estão abrindo o caminho, o caminho que vai do sonho à realidade.
Estamos criando, através da arte e a partir do maravilhoso, a
oportunidade do menino sentir que a vida pode ser bonita, feia,
misteriosa, clara, escura, feita de sonhos e realidades. (Maria
Clara Machado)
Leia este trecho de “O Cavalinho Azul”, obra de Maria Clara Machado, encenado
no Teatro Tablado no Rio de Janeiro pela primeira vez maio de 1960. Retome o estudo
da Aula 17, e faça uma pesquisa, se quiser, para ampliar seu entendimento sobre este
tipo de texto. Faça um resumo explicando com suas palavras o que caracteriza o gênero
dramático. 
(...)
4.ª CENA
VELHO
Foi assim que conheci Vicente. Uns achavam que ele era um
menino mentiroso porque inventava coisas; via cavalos azuis,
circos enormes, campinas verdes; achava que um vagabundo
como eu era Deus, imaginem vocês.
Outros achavam que ele era louquinho. Cá para mim, acho
que ele nem era mentiroso, nem louco. Apenas via as coisas
diferentes e acreditava mesmo no que via. Só sei que ele
andou pelo mundo atrás de seu cavalo. Será que encontrou?
Vamos ver por onde ele anda agora. Depois de muito
caminhar chegou primeiro a um circo numa cidade pequena
perto da cidade dele. (O velho puxa a pequena arquibancada.) Os donos deste circo são
aqueles três músicos que vêm ali (O velho volta ao tamborete. Os músicos entram com
suas cadeiras, solenemente. Um gordo e alto, o segundo alto e magro, e o terceiro,
baixinho. O gordo leva um violino, o alto leva um piano, e o baixinho, um contrabaixo,
que vão buscar fora de cena depois de colocarem as cadeiras no fundo da cena. Estes
instrumentos são feitos de madeira compensada, bem leves para serem carregados e a
música é tocada nos bastidores enquanto os músicos de cena apenas pretendem que
tocam como em instrumentos de brinquedo. O gordo abre a portinhola de seu violino
que só tem a utilidade de guardar dinheiro, e retira uma flauta. Os três começam a tocar
a música n.º 5A, enquanto chega a meninazinha que cumprimenta os velhos e senta na
arquibancada. Os velhos usam fraque e cartola, barbas postiças e pedaços de cabelos
saindo das cartolas.)
VELHO
Estes velhos alugaram um palhaço para fazer graça enquanto eles tocavam e ganhavam
dinheiro.
(Tambor forte para a chegada do palhaço.)
PALHAÇO
Caro público! Boa tarde, bom dia e boa noite! Este é o nosso grande circo americano!
Boa tarde, bom dia e boa noite! Os melhores (Acentuando.)trapezistas do mundo vão
voar por este teto! Cinco elefantes vermelhos, domesticados, educados, amestrados,
vão cantar! Cantar, caro público, cantar com voz de elefantes! Um cachorro chamado
Doly vai tocar violino... Tocar violino, caro público, com pata de cachorro... Um gato
vai cantar... Um gato cantor, caro públicos com voz de barítono... Uma foca bailarina e
uma bailarina gente vão dançar ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, caro público, em
cima de cinco cavalos... cinco cavalos, caro público... Um homem que engole fogo e
cospe gelo, cospe gelo, caro público. (Ouve-se um tambor forte. Segue-se grande
silêncio.)
PALHAÇO
Tudo por cinco cruzeiros!
(O palhaço passa pela arquibancada esperando quem pague, enquanto os músicos
terminam a valsinha. A menina se levanta e tira de uma bolsinha cinco cruzeiros, que
entrega ao palhaço; este leva o dinheiro para o gordo, que abre a portinhola de seu
violino e guarda o dinheiro.)
E, para começar, o grande palhaço, o mais engraçado do mundo, vai fazer um número
de corda bamba. Este palhaço sou eu e aqui está a corda bamba.
(O palhaço estica no chão uma corda, abre um guarda-chuva mirim e começa a fingir
que se equilibra no clássico número. Os músicos acompanham o número. A menina
bate palmas.)
PALHAÇO
Muito obrigado! Muito obrigado, caro público! E agora o grande palhaço do grande...
(Neste momento entra Vicente; o palhaço faz uma pausa para olhá-lo, depois do grande
circo americano vai fazer o número de contorcionismo. (Vicente, entusiasmado,
começa a bater palmas. O palhaço fica nervoso com tanto entusiasmo e desanda a fazer
uma série de números e evoluções, sempre com Vicente e a menina batendo palmas,
até que, exausto, se senta no chão.)
VICENTE
(Aproximando-se.) Grande palhaço do grande circo americano, quer fazer o favor de
me dizer se o meu cavalo azul está aqui?
PALHAÇO
O quê? Um cavalo azul? Nunca vi. (Põe-se de pé. Os músicos também.)
VICENTE
Com um rabo enorme, branco!
PALHAÇO
Isto existe? Um cavalo azul?
VICENTE
O meu. É lindo. Dança, canta e voa.
PALHAÇO
(Correndo para os músicos.) Cavalo azul... Cavalo azul... Deve ser mentira... Deixa de
bobagem, menino. Não vê que estou trabalhando? Não atrapalhe meu número contando
coisas (meio em dúvida) que não existem... Sai daí. (Num canto, desconfiado.) Cavalo
azul!
(Vicente sobe na arquibancada, os músicos tocam um acorde esquisito, o palhaço
presta atenção e corre para Vicente.)
PALHAÇO
Se quiser assistir, tem que pagar.
VICENTE
Mas eu não tenho dinheiro.
(…)
Resumo: 
Gênero dramático são textos literários feitos com o intuito de serem encenados ou
dramatizados. Não existe um narrador para narrar a ação e o enredo vai sendo
apresentado através das falas dos personagens, representadas por atores que vivenciam
os acontecimentos.
São características do gênero dramático: texto em forma de diálogo; dividido em atos e
cena; presença das rubricas – descrição do espaço e/ou da situação de cada ato;
sequência da ação dramática geralmente constituída de exposição, conflito,
complicação, climas e desfecho. O gênero dramático se divide em subgêneros que são;
auto, comédia, tragédia, tragicomédia e farsa.
O texto literário possui uma estrutura facilitadora da dramatização, fornece elementos
auxiliadores da representação.
4ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Leia o texto “Palavra boa é bicho solto”, publicado na Revista Emília1e imagine
que você tenha de redigir uma carta para essa Revista se posicionando criticamente
sobre o texto, elegendo algum trecho para comentar. Escreva um texto de até 15 linhas
explorando sua visão e interpretação. 
Palavra boa é bicho solto
POR KIARA TERRA | 27 DE ABRIL DE 2021 | FORMAÇÃO DE LEITORES |
Écom alegria, artigo raro nesses tempos, mas tão imprescindível quanto respirar, comer e abraçar as
pessoas que digo: acesso importa.
Acesso. Por via fluvial, por via aérea, por chão de terra vermelha ou asfalto que já dizimou qualquer
possibilidade de árvore. Acesso. Nem que seja pela fresta ou pela desajeitada festa que seja.
Por que ali do outro lado tem gente. E tem quem esteja na força bruta e linda das experiências iniciais. E
sempre haverá. É imperativo a gente nascer, crescer e buscar viabilidade nesse mundo. E não conheço
viabilidade maior e mais vinculadora do que encontrar um eixo narrativo para si. Eu explico. A
percepção acachapante de se perceber parte de uma narrativa. É forte e faz querer seguir adiante.
E as possibilidades da palavra fazer esse elo são muitas. Palavra falada, cantada, narrada com corpo ou
só voz, palavra brincada, comida como receita ajeitada, como quadrinha, trava língua improvisada como
repente regular com ou sem métrica solta ou escolhida a dedo e virtuose. Palavra em registro histórico
ou palavra dos grandes mestres dos terreiros e quintais. Palavras de tantas sonoridades ressoando em
tantos corpos de uma malha rompida e refeita de tessitura complexa como são as palavras faladas no
Brasil.
Até que a menina saiba cantar sua folha frase, do relato presente no emocionante trabalho de pesquisa
de Estela Caputo. Há de estar mergulhada nelas as palavras e as histórias. Mas preciso alertar você que
lê. Há uma selvageria misteriosa que rege a aderência das palavras ao corpo, ao intelecto ao coração de
cada um de nós.
Não é toda história, palavra ou música que adere em cada corpo. Como uma bromélia não se hospeda
em qualquer árvore. Por isso a vastidão de possibilidades importa. Importa também a terra fértil do
1 Disponível em: Palavra boa é bicho solto | Revista Emília (revistaemilia.com.br) . Acesso em: maio, 2021
https://revistaemilia.com.br/categorias/formacao-de-leitores/
https://revistaemilia.com.br/author/kiara-terra/
https://revistaemilia.com.br/palavra-boa-e-bicho-solto/
tempo e dos sentidos construídos coletivamente no terreiro onde se planta palavra, se cultiva silêncios,
se refaz no tempo o espaço de palavra florescer.
Diante de olhos pequenos, ávidos, imaginações abertas é uma alegria incandescente quando uma
história vira um livro. Essa carta de amor que se pode morar nela. É uma força que adultos desenham,
escrevem e juntos consolidam o espaço da literatura para a infância. Para a juventude também e para a
vida adulta por que até depois de existir ainda seremos as histórias. É essencial que se preserve cada
etapa da criação literária os debates a noção de que escrever e ilustrar para criança é algo cuja
complexidade deve ser preservada como floresta vasta e absolutamente viva.
Volto agora ao começo. Acesso importa. Ao livro. Às histórias. E é nessa intersecção que nascem
minhas perguntas. O livro ilustrado para a infância é nesse momento, ou a maior parte dele escrito no
sudeste. Ainda que muitos pesquisadores circulem até outros territórios e teçam escutas e pesquisas
preciosas, são suas as narrativas a respeito do que ouviram ou é seu o projeto gráfico as escolhas as
parcerias os direitos sobre a obra.
Lembro muito pouco de conhecer o nome das fontes. História narrada por José Maria de tal cidade. Foto
não lembro de nenhuma.
As histórias têm um refúgio chamado tradição oral, uma fonte energeticamente tão consistente como
magma que circula no centro da terra como sangue nas veias como pertencimento líquido para onde
sempre podemos voltar mas, vejo aí um perigo. A invisibilidade. Quem são as comunidades? As
pessoas? As fontes? Se o samba bebeu dos terreiros, quais foram? O que protege seus direitos autorais?
O que nessa lógica da propriedade privada sobre o patrimônio intelectual preserva os donos, guardiões
da oralidade?
Talvez seja romântico pensar que são encantados e desprovidos dessas necessidades capitalistas. Vivem
no sagrado Brasil Profundo. Que possam ganhar a superfície do reconhecimento material e sejam
erguidos ao status de mestres, como vi uma vez serem os criadores Nordestinos repentistas,
xilogravuristas etantos outros em uma bonita Bienal do Ceará em um tempo não tão distante.
Percebo que há dois pesos e duas medidas: o direito à propriedade intelectual no livro publicado e a
terra livre da oralidade. Quem dera todos tivessem nome e direitos. Percebo por que circulo entre esses
universos há quase 24 anos como narradora e escritora. E nesse tempo que me emociono, agora já quase
um quarto de século, vi muita gente corajosa cruzando estradas, rios, atravessando verdades, despindo
saberes, calando diante do desconhecido com malas grandes e pequenas trabalhos consistentes outros
mais frágeis (para usar as palavras do meu bonito amigo Giuliano Tierno que para falar de trabalhos
ainda com muito a descobrir chamou de frágil e achei a coisa mais bonita de se dizer quando como a
gente olha para um bebê prematuro e ao chamar de frágil já pressupõe que sua força não tarda a vir).
E confesso que já vi com surpresa livros primorosos se esvaziarem de sentido diante de contextos os
tornavam estrangeiros demais. Já vi narradores muito atrapalhados cujas escolhas eu não faria serem
absolutamente amados por experimentarem um grau de abertura ao seu público que me desconcertou. Já
vi narradores virtuosos milimetricamente intimistas e os admirei, já experimentei ser chamada de Mick
Jagger das crianças (por um jornalista de verdade, daqueles raros) quando contei histórias em uma
virada cultural para um mar de crianças, ah que alegria me deu esse título! Já vi narradores se acharem
sacerdotes e agirem no retalho a palavra dos outros narradores como crítica especializada, já vi
escritores com a ilusão de que poderiam chancelar ou não os narradores sobre como e se contariam suas
histórias. Já vi gente reduzir a vastidão de alcance de um livro e uma história a limitante juridiquês.
Quem em sã consciência agiria para enfraquecer o mercado editorial já tão atacado? Já vi gente a pleno
pulmão, braços cheios de livros variados para tentar fazer chegar algum livro como uma bromélia nova
para uma árvore solitária. Já vi professores emocionados por ter acesso ao livro. Já viajei com bagagem
demais e voltei com menos objetos, menos livros, menos certezas e mais daquela substância viva e
irrevogável chamada escuta.
Que gente bonita se dispõe a correr quilômetros para fazer chegar palavra. Que gente bonita chama pra
perto todo tipo de história em festivais, escolas, bibliotecas, praças públicas. Que gente bonita canta
toda noite de festa as coisas que não podemos esquecer. Quem dera soubéssemos sempre a origem e
seus nomes e seus rostos para dar crédito. Quem dera não dependessem dos pesquisadores do sudeste
para serem reescritos.
Do outro lado do livro há crianças, infâncias, contextos, perguntas e experiências que carecem de
palavras diversas e farta. Narradores diversos e vastos. Professores diversos com seus corpos e
entendimentos únicos. Um desafio gigantesco num país de proporção continental uma tessitura de
saberes maravilhosamente complexa. E sonho o dia que esses saberes feitos de palavra e gente sejam tão
reconhecidos remunerados e creditados.
E hoje, só hoje gostaria de experimentar a sensação de que escritores, ilustradores, narradores,
professores, editores, mestres artesãos da palavra e das músicas, comunidades ribeirinhas, indígenas,
quilombolas, caiçaras, bibliotecários, agentes de leitura, articuladores culturais pertencessem a um pacto
único de amor pelas palavras e pelas infâncias e pelo direito a fabular. Palavra boa é bicho solto.
 
Imagem: acervo de Kiara Terra
Belford Roxo, 15 de Maio de 2021
Caríssima equipe da Revista Emília
Venho por meio desta parabenizá-la pelo excelente texto, "Palavra Boa é bicho solto",
especificamente no trecho que cita "E as possibilidades das palavras...complexa como
são as palavras faladas no Brasil."
Dando destaque não só a diversidade de textos, como a diversidade linguística que
ocorre em nosso rico Brasil. A partir deste trecho podemos valorizar nossa cultura e
língua materna, destacando as variações linguísticas que fazem parte da identidade do
indivíduo, seu modo de falar e cultura. E o quanto essa valorização é importante para a
produção do sentido sobe o que se lê. No trecho "Que gente bonita se dispõe a correr
quilômetros para fazer chegar palavra.", despertou uma reflexão profunda do quão é
injusto ver suas origens linguísticas serem negadas e desvalorizadas, uma vez que,
nosso país é constituído de misturas; mistura de raças, crenças, culturas e línguas. Não
podemos valorizar uma determinada região em detrimento de outra, e em relação a
literatura esse prejuízo se dá quando um povo não se reconhece na fala, não se
identifica. Perde sua identidade, sua representatividade. Partindo deste pressuposto
salientamos a importância da valorização da língua regional, onde os sujeitos se
reconheçam e se identifiquem em suas diversas culturas.
Um abraço 
Maria Cláudia e Marcela Gomes
Referência Bibliográfica
"A EDUCAÇÃO E A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA - Brasil Escola"
https://m.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/educacao/a-educacao-diversidade-
linguistica.htm
COELHO, L. M. Texto literário: elementos singularizantes. In: CAPELLO, C. et. al.
Literatura na Formação do Leitor. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008. v.2 p.7-19.
_______________. Elementos do drama. In: CAPELLO, C. et. al. Literatura na Formação
do Leitor. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008. v.2 p.137-154.
https://m.youtube.com/watch?v=ZI6orBj0aO0&feature=emb_title
GUIMARãES, Leandro. "Gênero dramático"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-dramatico.htm. Acesso em 14 de maio de
2021.
 “Nova Escola: Portas abertas para o mundo da leitura”
https://novaescola.org.br/conteudo/7998/portas-abertas-para-o-mundo-da-leitura
"Texto Literário: saiba o que é, como é sua estrutura e mais!"
https://www.stoodi.com.br/blog/portugues/texto-literario-o-que-e/
https://m.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/educacao/a-educacao-diversidade-linguistica.htm
https://m.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/educacao/a-educacao-diversidade-linguistica.htm
https://novaescola.org.br/conteudo/7998/portas-abertas-para-o-mundo-da-leitura
https://www.stoodi.com.br/blog/portugues/texto-literario-o-que-e/
https://m.youtube.com/watch?v=ZI6orBj0aO0&feature=emb_title
	Portas abertas para o mundo da leitura conta com um acervo acessível e atividades bem articuladas, as crianças e os adolescentes tomam gosto e se apropriam dessa prática social.
	Palavra boa é bicho solto
	“Nova Escola: Portas abertas para o mundo da leitura”

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